You are on page 1of 21

UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

RODRIGO KIRCHNER ROCHA

ENFERMEIRO DE COMBATE/TATICO:
UMA ESPECIALIDADE EMERGENTE

SÃO PAULO
2007
RODRIGO KIRCHNER ROCHA

ENFERMEIRO DE COMBATE/TATICO:
UMA ESPECIALIDADE EMERGENTE

Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado como
exigência parcial para
obtenção de titulo de
Graduação do Curso de
Enfermagem, da
Universidade Anhembi
Morumbi.

Orientadora: Profª. Rosana Chami Gentil

SÃO PAULO
2007
K65e Kirchner, Rodrigo Rocha.
Enfermeiro de combate/tático: uma especialidade
emergente/ Rodrigo Kirchner Rocha. – 2007.
20f. : il.; 30 cm.

Orientador: Rosana Chami Gentil

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em


Enfermagem) – Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2007.
Bibliografia: f. 18.

1. Enfermagem. 2. Medicina de Combate. 3. Medicina Tática.


I. Título.

CDD 610.73
Epígrafe

Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do
céu:

Há tempo para nascer, e tempo para morrer;

Tempo para plantar, e tempo para arrancar o que se plantou;

Tempo para matar, e tempo de curar;

Tempo para derribar, e tempo para edificar;

Tempo de chorar, e tempo de rir;

Tempo de prantear, e tempo de saltar de alegria;

Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras;

Tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;

Tempo de buscar, e tempo de perder;

Tempo de guardar, e tempo de deitar fora;

Tempo de rasgar, e tempo de coser;

Tempo de estar calado, e tempo de falar;

Tempo de amar, e tempo de aborrecer;

Tempo de guerra, e tempo de paz.

ECLESIASTES, 3; 1à 8

"E também ouvi a voz do senhor, dizendo,


Quem devo eu mandar, e quem irá por nós?
Então disse eu, Aqui estou; mande a mim."

ISAIAS, 6:8
Resumo

Os Socorristas de Combate operam em um ambiente muito diferente dos


serviços de emergência tradicionais, eles prestam atendimento, quando não há
ambulância, resgate aéromédico ou pronto socorro.
O ambiente que caracteriza as operações de combate e táticas
apresentam condições desgastantes e perigosas, com troca de tiros,
explosivos, etc., desta forma, modificando as prioridades, bem como o enfoque
do atendimento de emergência.
Este trabalho tem o objetivo de analisar através de revisão de literatura,
publicações referentes à inserção do enfermeiro de combate/tático no mundo e
identificar a formação e treinamento necessário para o enfermeiro de
combate/tático no Brasil e as transformações ocorridas em sua atuação.
Trata-se de um estudo de revisão de literatura considerando materiais
localizados nas bases de dados bibliográficos LILACS, SCIELO e BDENF,
usando como expressão de pesquisa os unitermos “Medicina de combate” e
“medicina tática”, com recorte temporal de 1997 à 2007.
Foi procedida a leitura e inclusão dentro das seguintes áreas temáticas:
“Historia do APH Militar” e “O Enfermeiro de Combate/Tático”.
No Brasil quase sempre os próprios integrantes das equipes especiais
com pouco ou nenhum treinamento de APH acabam prestando precariamente
o atendimento no local, o Enfermeiro de Combate/Tático poderá integrar
grupos de operações especiais das policias e das forças armadas, evitando-se
assim a difícil escolha entre arriscar a própria vida e salvar um “operador” ferido
através do treinamento adequado.
Abstract

The Combat Medics operate in an environment very different from the


traditional emergency services, they provide care, when there is no ambulance,
aero medic rescue or emergency room.
The environment that characterized the operations of combat and tactics
have stressful and dangerous conditions, with exchange of shots, explosives
and so on. Thus changing priorities and the focus of care emergency.
This work is intended to look through review of literature, publications
relating to the inclusion of tactical/combat-nurse in the world and identify the
training and training necessary for the tactical/combat-nurse in Brazil and the
changes in his performance.
This is a study of the review of literature recital materials located in
databases bibliographic LILACS, SCIELO and BDENF, using as an expression
search the unitermos "Combat Medicine" and "Tactical Medicine" with cut time
from 1997 to 2007.
It was proceeded the reading and inclusion in the following subject areas:
"the PHLS Military History" and "Combat / Tactical Nurse."
In Brazil almost always themselves members of the special teams with
little or no training in PHLS end precariously providing the service on the spot.
Combat / Tactical Nurse can integrate groups of special operations of the police
and armed forces, thereby avoiding the difficult choice between risking their
lives and save an "operator" cut through the appropriate training.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 6

2. OBJETIVO ..................................................................................................... 8

2.1. Objetivo Geral

2.2. Objetivo Específico

3. MATERIAL E MÉTODO................................................................................. 9

3.1. Tipo de Estudo

3.2. Método de Obtenção do Material

3.3. Período

3.4. Analise dos Materiais

4. RESULTADOS............................................................................................. 11

4.1. História do atendimento Pré-Hospitalar Militar

4.2. Formação e Treinamento do Enfermeiro de Combate/Tático

4.3. Proposta de Formação para o enfermeiro de Combate/Tático no


Brasil

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 17

REFERÊNCIAS................................................................................................ 18

ANEXOS .......................................................................................................... 19
6

1. INTRODUÇÃO

O Atendimento de combate não é apenas “primeiros socorros”, ou


qualquer outro termo eufemistico para, "mantenha-os vivos ate o médico
chegar”, os Socorristas de Combate são treinados não apenas para atender,
mas para ser a única resposta em casos de obstetrícia, desastre de massa,
cirurgia, farmacologia, ortopedia, nutrição e quando não há ambulância,
resgate aéromedico, posto de saúde ou pronto socorro, os princípios básicos
da medicina de combate não podem ser igualados aos outros tipos de
atendimento pré-hospitalar (COMBAT MEDICINE, 2005).

O médico tático1 opera em um ambiente muito diferente dos serviços


de emergência medica tradicional. Troca de tiros, risco de ataque de armas
químicas e explosivos, condições desgastantes e perigosas, todas essas
situações caracterizam as operações táticas, desta forma, modificando as
prioridades, bem como o enfoque do atendimento de emergência. Guerras e
outras operações táticas ocorrem em todas as partes do mundo, e em todas as
condições possíveis. Temperaturas extremas são comuns, assim como a
exposição prolongada aos elementos da natureza, como o calor, frio, lama e o
vento do clima temperado dos ambientes de montanha, selva, deserto e pólos.
Além disso, as operações contínuas podem durar 24, 48, 72 horas ou mais,
sem a possibilidade de dormir, expondo o operador2 a um cansaço físico
extremo. As operações policiais podem ter um tempo prolongado sob
condições similares (DE LORENZO, PORTER, 1999).

O Brasil gasta 10% do PIB com problemas de saúde provenientes da


violência, são mais de R$ 15 bilhões por ano. O professor de Cirurgia do
Trauma da Faculdade de Medicina da USP, Renato Sérgio Poggetti, refere que
a falta de preparo pode dificultar o atendimento ao traumatizado. Segundo ele,
estatísticas revelam que no Brasil cerca de 30% das mortes são resultados de
um atendimento ineficaz, quando em paises desenvolvidos esse índice não
ultrapassa 2%.

1
Segundo Mc Devitt (2002), o termo “médico” se refere a todo o pessoal tático de campo que exerça a atividade de
socorrista, incluindo enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem das equipes de saúde dos grupos de operações
especiais Militares e Policiais.
2
Ibid. O termo “operador” se refere ao membro da unidade tática.
7

Mas as causas externas de morte, também denominadas de


“trauma”, não param por ai. Mais do que no transito, os brasileiros
são vitimas das armas de fogo, das facadas, das brigas, isto é, das
chamadas violências interpessoais. No país, estas são as principais
causas externas de morte, principalmente nas grandes metrópoles.
As estatísticas revelam que quanto menos desenvolvida uma região,
mais morte por homicídios ela terá. Basta comparar: enquanto na
Europa Ocidental o suicídio é a principal causa de morte por trauma
(28,1%), no Brasil são os homicídios, que atingem 27,8% dos óbitos.
O índice aumenta em regiões consideradas extremamente violentas,
como Recife (PE), onde os homicídios representam mais de 61%
das causas das mortes por causas externas. O próprio Ministério da
Justiça divulgou que 50% dos homicídios cometidos no País
concentram-se em 27 municípios, a maioria capitais. Além de matar,
a violência ainda deixa um rastro de sequelados, que perdem suas
vidas produtivas e representam um enorme custo social. Dados da
Organização Mundial da Saúde demonstram que cerca de 2% da
população mundial esta incapacitada em decorrência da violência. O
próprio Ministério da Saúde aponta que 800 mil pessoas sofrem de
algum tipo de trauma por ano, e mais de 150 mil delas morrem.
Segundo o Instituto Sou da Paz, na capital paulista, por exemplo, há
seis bolsões de violência, todos eles localizados na periferia, neles, a
taxa de homicídio é maior do que 100 por 100 mil habitantes
(MOURA, 2006).

Nesse cenário, as armas de fogo se destacam como geradoras de


grande morbimortalidade, no Brasil, um dos aspectos mais preocupantes e
dramáticos desse quadro contemporâneo da violência, é a mortalidade por
armas de fogo, que apresenta incremento ao longo das ultimas décadas e
atinge, sobre tudo, adolescentes e jovens do sexo masculino que vivem em
áreas metropolitanas densamente povoadas como as periferias dos grandes
centros urbanos. Em 2003 40% dos óbitos por causas externas ocorreram
devido a homicídios (51 mil óbitos), dentre os homicídios, 70% ou 36 mil óbitos
tiveram como instrumento a arma de fogo. Preocupante também é o fato de
que as mortes por arma de fogo, no Brasil, apresentam expressivo
envolvimento de adolescentes e jovens como autores e vitimas (PERES, 2004).

Desta forma a realização desse estudo pretende agregar um corpo de


conhecimento teórico que compreende a historia e a formação do enfermeiro
de combate/tático, como uma contribuição teórica para formação do enfermeiro
de combate/tático no Brasil.
8

2. OBJETIVOS

2.1. Geral

Analisar através de revisão de literatura, publicações referentes à


inserção do enfermeiro de combate/tático no mundo.

2.2. Específico

Identificar a formação e treinamento necessário para o enfermeiro de


combate/tático no Brasil e as transformações ocorridas em sua atuação.
9

3. MATERIAL E MÉTODO

3.1 Tipo de Estudo

Trata-se de um estudo de revisão de literatura considerando materiais


localizados nas bases de dados bibliográficos LILACS, SCIELO e BDENF,
usando como expressão de pesquisa os unitermos “Medicina de combate” e
“Medicina tática”.

3.2 Método de obtenção do material

Outros materiais foram obtidos por meio de pesquisa não estruturada em


bibliotecas locais com consulta a livros-texto consagrados e em sites dos
principais órgãos associados na área de medicina de combate e medicina
tática.

3.3 Período

Os limites estabelecidos ou critérios de inclusão estabelecidos foram:

a) recorte temporal de 1997 a 2007, b) idioma: português e inglês, c) tipo de


publicação: artigo cientifico.
10

3.4 Analise dos Materiais

A analise dos materiais foi procedida inicialmente pela leitura critica dos
resumos obtidos via pesquisa bibliográfica nas referidas bases de dados
bibliográficos. De acordo com a pertinência do resumo com o tema da
pesquisa, foi feita a recuperação eletrônica do material completo. Após foi
procedida a leitura e sua inclusão dentro de áreas temáticas previamente
estabelecidas. Estas áreas temáticas são: “Historia do APH militar”, “O
Enfermeiro de Combate/tático”.
11

4. RESULTADOS

Tratando-se especificamente do ambiente pré-hospitalar, muito se tem


falado e publicado a respeito, porém, na América latina, a diferença entre o
atendimento ao traumatizado no campo de batalha e no trauma civil urbano
esta cada vez menor, com o aumento de ataques por grupos terroristas como
as Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia (FARC), e especialmente no
Brasil por facções criminosas aliadas ao narcotráfico, como o Primeiro
Comando da Capital (PCC) em São Paulo, e o Comando Vermelho (CV) no Rio
de Janeiro, que, por varias vezes lançaram mão do emprego de explosivos,
granadas, fuzis e táticas de guerrilha, tornaram a população civil vulnerável a
situações tradicionalmente enfrentadas apenas por soldados em uma guerra.

4.1. História do Atendimento Pré-Hospitalar Militar

O exercito nem sempre prestou assistência médica durante os


combates. Durante a maior parte da historia, os soldados feridos eram
abandonados à própria sorte ou dependiam da compaixão dos companheiros
para receber atendimento. Uma notável exceção foi o Império Romano, que
estabeleceu um sistema de saúde militar com hospitais (valetudinária) nos
postos permanentes de fronteira, providenciando atendimento institucionalizado
aos seus soldados. Contudo, quando o Império caiu, a idéia de um exercito
responsável pela saúde de seus soldados ficou perdida por séculos, o
atendimento em campo de batalha reapareceu nos primeiros estados nacionais
modernos da Europa, quando os exércitos da França pós-revolucionária
organizaram um sistema de atendimento pré-hospitalar que incluía uma
unidade de carregadores de padiola (bracardiers) para remover os feridos do
campo de batalha e a ambulância voadora ou ambulance volante, do Barão
Dominique Jean Larrey, para transportar os cirurgiões para frente de batalha e
as vitimas para a retaguarda (PHTLS, 2004).
12

A origem do atendimento tático de emergência moderno se deu por volta


de 1792, e também pelo trabalho do Barão Dominique Jean Larrey, cirurgião
geral do exercito de Napoleão. Além do desenvolvimento dos princípios da
triagem de campo moderna, Larrey desenvolveu um grupo para tratar e
evacuar baixas durante a batalha. Em Konigsberg, Larrey liderou pessoalmente
as ambulâncias volantes3 no campo de batalha (SZTAJNKRYCER, BÁEZ,
EBERLEIN, 2005).

O pai da triagem moderna é o Barão Dominique Jean Larre, um cirurgião


do exercito de Napoleão. Seu sistema de atender primeiro os soldados mais
necessitados de cuidado, independentemente da patente, permanece uma
doutrina básica ate hoje. Na guerra civil americana, John Wilson observou que
o cuidado aos outros poderia ser expandido se o cuidado para aqueles com
ferimentos provavelmente fatais fosse adiado. (DE LORENZO, PORTER,
1999).

Infortuitamente, esta abordagem inovadora não foi adotada nos Estados


Unidos, e em 1862, aproximadamente 3000 soldados feridos foram deixados
sem tratamento por três dias durante a segunda batalha de Bull Run
(SZTAJNKRYCER, BÁEZ, EBERLEIN, 2005).

O início da Guerra Civil Americana mostrou claramente que nenhum dos


exércitos estava preparado para tratar adequadamente as vitimas de combate,
“O destino dos feridos esta nas mãos de quem faz o primeiro curativo”. A
necessidade absoluta de atendimento pré-hospitalar feita por pessoal treinado,
no âmbito militar, foi reconhecida por todos durante a Primeira Guerra Mundial
(PHTLS, 2004).

Na primeira guerra mundial, a triagem começou a assemelhar-se a


métodos modernos quando as ambulâncias motorizadas eram mandadas à
hospitais apropriados por pontos de distribuição. A segunda guerra mundial
trouxe avanços significativos na sobrevivência, pelo menos em parte por uma
melhor triagem. Nas guerras de Koréia e Vietnã houveram refinamentos

3
Ambulâncias Voadoras (aviões) que levavam os médicos ate o front de batalha para realizar cirurgias e traziam
feridos para os hospitais.
13

adicionais na triagem no campo de batalha e uma queda importante na


mortalidade. A rápida evacuação do campo de batalha para os hospitais de
campo foi percebida como um fator chave (DE LORENZO, PORTER, 1999).

Na guerra do Vietnam, o conceito de atendimento de baixas sob


fogo, evacuação rápida e reanimação, aliada a triagem apropriada, ajudou a
reduzir a taxa de mortalidade para 1%, abaixo dos 4.7% da segunda guerra
mundial. Apesar de ambos os avanços no atendimento militar de baixas e o
desenvolvimento das unidades táticas policiais, pouco foi feito sobre o
atendimento médico sob fogo no cenário civil. (SZTAJNKRYCER, BÁEZ,
EBERLEIN, 2005).

4.2. Formação e Treinamento do Enfermeiro de Combate/Tático

Segundo HARGREAVES (2000) o Médico Tático deve possuir perfil para


esse tipo de atuação. Deve ser uma pessoa com bom equilíbrio emocional,
paciente, em boas condições de saúde, ágil, excelente capacidade de
concentração, coordenação motora, analise de informações e extremamente
disciplinado, capaz de agir sob stress e que tenha capacidade de trabalhar em
equipe. Para o mesmo autor o treinamento do médico tático inclui cursos de
emergência como Suporte Básico de Vida (BLS), Suporte Avançado de Vida
(ACLS), Suporte de Vida no Trauma Pré Hospitalar (PHTLS), Suporte
Avançado de Vida no Trauma (ATLS), Suporte Avançado de Vida em Pediatria
(PALS) e outros cursos tais como, tiro defensivo, ações táticas, operações
aeromédicas, defesa pessoal e comunicações de emergência, como currículo
básico.

O principal curso ministrado na Escola de Guerra JFK no Fort Bragg,


Carolina do Norte é o curso de sargento médico das forças especiais. Este
curso é dividido em dois segmentos, no primeiro, de “Médico de Combate de
Operações Especiais”, com duração de 24 semanas, fornece o treinamento
básico de “trauma do combate” para o pessoal médico de combate das Forças
14

Especiais (F.E.) inclui, anatomia, fisiologia, farmacologia, e o curso “Advanced


Trauma Life Support” (ATLS), e treinamento de Técnico de Emergências
Médicas - Paramédico (EMT-P). O segundo segmento do curso é o de “Medico
de Combate em Operações Especiais Avançado”, que em 20 semanas
abrange anatomia e fisiologia, farmacologia, doenças infecciosas, traumas e
cuidados (BUTLER, 2002).

McDevitt, (2002) acredita que para operações policiais é mais fácil


transformar um médico em um “operador” da SWAT4 do que um “operador” da
SWAT em um médico pela simples razão de que o médico tem em sua mente
que o atendimento ao ferido é sua primeira prioridade. Para operações
militares, a primeira prioridade do medico deve ser a segurança da equipe e o
cumprimento da missão, podendo ser necessário, por exemplo, deixar de lado
interesses médicos e adicionar poder de fogo à situação para atingir esses
objetivos.

Em um estudo da SWAT, grupos operando nas 200 maiores áreas


metropolitanas dos EUA, 69% dos comandantes das unidades indicaram que o
atendimento dos feridos foi conduzido por equipes de APH civis em “stand-by”
em uma localização segura. Em 94% dos casos, as equipes de APH não
tinham treinamento especializado e por isso não estavam aptos a entrar na
chamada “zona quente”. Durante a tragédia de Columbine, os operadores
táticos foram forçados a retirar as vitimas para uma localização mais segura
para triagem e tratamento pelo APH. O Suporte Médico Tático de Emergência
(TEMS) tem sido definido como “Suporte medico pré-hospitalar para equipes
táticas durante treinamento e operações especiais”. O primeiro curso formal de
TEMS foi criado em 1989, e co-patrocinado pelo departamento de policia de
Los Angeles e a Associação Nacional de Oficiais Táticos, desde aquela época,
houve um enorme crescimento nesse campo, incluindo o desenvolvimento pelo
Departamento de Defesa, do Programa de Suporte Médico para Operações
Táticas Contra Narcóticos (Counter Narcotics Tactical Operations Medical
Support Program - CONTOMS), inúmeros cursos de TEMS particulares em
nível nacional e internacional, e o desenvolvimento do técnico de emergências

4
Special Weapons and Tactics: “Armas e Táticas Especiais” unidade de elite da polícia Americana.
15

medicas - tático (EMT-T), se tornou um aspecto integrado de alguns sistemas


de emergência medica. (SZTAJNKRYCER, BÁEZ, EBERLEIN, 2005).

4.3. Proposta de Formação e Treinamento para o Enfermeiro de


Combate/Tático para o Brasil

É de conhecimento publico que os serviços de saúde, em particular os


de atendimento pré-hospitalar não proporcionam aos seus profissionais,
treinamento e condições de trabalho para executar esse tipo de serviço, tão
pouco o Estado possui hoje estrutura para viabilizar esse tipo de profissional,
que em vista da realidade hoje vivida nos grandes centros torna-se tão
necessário.

A maioria das 51 mil mortes por ano decorrentes de confrontos armados


ocorre no local do trauma ou próximo ao mesmo, antes de as vitimas chegarem
a uma unidade hospitalar devidamente hierarquizada pelo SUS.

Pessoal não oriundo da área da saúde, quase sempre os próprios


integrantes dessas equipes Policiais e Militares, com pouco ou nenhum
treinamento acaba prestando atendimento precário no local do confronto ou
próximo à linha de frente, expondo-se a riscos de ordem biológica, física,
psicológica e as vitimas quando sobrevivem, são transportadas aos hospitais,
para dar continuidade ao tratamento.

Pode-se evitar a difícil escolha entre arriscar a própria vida e salvar um


policial ferido através do treinamento adequado para operar neste tipo de
ambiente.

No Brasil o Enfermeiro de Combate/Tático poderá integrar além de


grupos de operações especiais das policias, como o Grupo Especial de
Resgate (GER), Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE), Comando de
Operações Especiais (COE), Batalhão de Operações Especiais (BOPE), etc.,
16

grupos de operações especiais das forças armadas como o GRUMEC


(Grupamento de Mergulhadores de Combate), BFE (Batalhão de Forças
Especiais), COMANDOS e PARASAR. , considero importante a
complementação da capacitação deste profissional com cursos de: Explosivos,
Mergulho, Paraquedismo, e Sobrevivência na Selva/deserto e mar, tornando-o
um profissional polivalente e aumentando assim sua capacidade de atuação.

Também, deve estar capacitado a, realizar triagem de desastre de


massa, tratar e evacuar baixas de combate quer sejam de sua própria equipe
ou de civis envolvidos nas operações, prescrever medicamentos, acessar e
gerenciar emergências de trauma e procedimentos de maior complexidade,
auxiliar o médico em procedimentos cirúrgicos de pequeno porte, ter uma visão
geral sobre o planejamento de operações de suporte de saúde.

Em uma operação militar/policial o Enfermeiro de Combate/Tático pode


desempenhar mais de uma função, em um grupo de Operações Especiais todo
o homem deve ser treinado, no mínimo, em outras duas especialidades
básicas, por exemplo, além de cuidar dos feridos e tratar os doentes, deve
saber também regular fogo de artilharia e utilizar explosivos para minar
estradas e pontes.

Pode-se considerar que a maior fonte de satisfação no trabalho do


enfermeiro em unidade de atendimento pré-hospitalar concentra-se no fato de
que as suas intervenções auxiliam e são decisivas na manutenção da vida
humana.
17

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos resultados desse estudo, conclui-se que é de suma


importância para o enfermeiro saber a dimensão do seu campo de atuação,
bem como os riscos a ele agregados, este saber compreende o conhecimento
quanto à atividade de APH no âmbito policial/militar.

A realização desse estudo permitiu agregar um corpo de conhecimento


teórico que compreende a historia e a formação do enfermeiro de
combate/tático, que se estende à capacidade que o enfermeiro deve ter para
que possa reconhecer seu campo de atuação, bem como o conhecimento
sobre as intervenções pertinentes, desta forma há maior probabilidade de
dispensar uma assistência mais efetiva e com maior nível de qualidade.

O Principal resultado do estudo foi uma contribuição teórica para


formação e treinamento do enfermeiro de combate/tático, contudo, torna-se
necessário a realização de maior investigação, sob a forma de treinamento e
aplicação em pratica para comprovação dos pressupostos teóricos
apresentados como resultado da pesquisa bibliográfica.
18

REFERENCIAS

ATENDIMENTO Pré-hospitalar ao Traumatizado: básico e avançado. Tradução


de Renato Sergio Poggetti... et al. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, 1ª
reimpressão da 5ª edição. p. 382 – 418.

BUTLER, Frank K. Medical Support of Special Operations In: Pandolf, Kent B.


Burr, Robert E. Medical Aspects of Harsh Environments vol.2 chap.37 Borden
Institute USA: 2002.

COMBAT MEDICINE: The Dark Side of War, Disponível em:


<http://www.medicalcorps.org>. Acesso em: 5 maio. 2007.

DE LORENZO Robert A, PORTER, Robert S. Tactical Emergency Care:


Military and Operational Out-of-Hospital Medicine. Brady Prentice Hall. USA:
1999. 384 p.

HARGREAVES, Luiz Henrique H. Medicina Tática de Emergência In:


TIMERMAN, Sergio. et al. Suporte Básico e Avançado de Vida em Emergência
Câmara dos Deputados, Centro de Documentação e Informação, Coordenação
de Publicações, p. 458 – 477. Brasília: 2000.

MCDEVITT, Ian. Tactical Medicine: An Introduction to Law Enforcement


Emergency Care. Paladin press USA: 2002. 98 p.

MOURA, Aline. Trauma, uma questão de saúde publica. Revista da Associação


Paulista de Medicina (APM). São Paulo: Fevereiro de 2006.

PERES, Maria Fernando T. (coord.) et al, Mortalidade por Armas de Fogo no


Brasil: 1991 – 2000. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

SZTAJNKRYCER, Matthew D., BÁEZ, Amado A., EBERLEIN, Christopher M.:


Resident and Faculty Involvement in Tactical Emergency Medical Support. The
Internet Journal of Rescue and Disaster Medicine. USA: 2005. Volume 5 Nº. 1.
Disponível em: <http://www.ispub.com>. Acesso em 5 maio. 2007.
19

ANEXO A –

Atendimento de campo, Dia “D” 2ª Guerra Mundial. Fonte: www.archivesnormandie39-45.org

Atendimento em hospital de campanha, Guerra do Iraque. Fonte: www.nursingspectrum.com

You might also like