Professional Documents
Culture Documents
Psiquiatria:
Crueldade, Tortura,
Eugenia e Dano Cerebral
Spirit: Você entende que deve ser por isso que os estudos
da OMS mostraram que os pacientes nos Estados Unidos são
mais propensos à uma esquizofrenia de longo curso em
relação aos pacientes de países pobres onde não estão
sendo prescritos neurolépticos pelo resto da vida dessas
pessoas?
Whitaker: Penso que seguramente essa é resposta correta.
O que acontece, no curso natural daqueles diagnosticados
com esquizofrenia, numa boa porcentagem, se não tratados
com as drogas, é que eles melhoram ou se recuperam.
Durante o estudo da OMS, só 16 por cento de pacientes em
países subdesenvolvidos são mantidos sob uso de drogas,
ainda assim eles tiveram aproximadamente 65 por cento na
categoria dos melhores resultados. Até em nossos próprios
estudos, se você reportasse aos tempos quando eram
tentadas alternativas sem o uso de medicamentos, você
veria mais de 50 por cento de bons resultados em follow-ups
de dois anos a de três anos.
Se você examinar para o espectro natural das pessoas
diagnosticadas com esquizofrenia ou desordem esquizo-
afetiva, e se você não os tratasse com drogas, algo ao redor
de pelo menos 50 por cento, após um período de seis meses
a um ano, se recuperaria e continuaria com suas vidas. Mas
o que acontece uma vez que você os põe sob estas drogas, e
os mantém sob essas drogas, você os empurra para uma
cronicidade vitalícia! Eu acredito que existe acachapante
evidência que mostra que é isto que realmente acontece. É
por isso que a Organização de Saúde Mundial encontrou esta
diferença nos resultados - crônicos nos Estados Unidos
contra muitas pessoas que se recuperam nos países mais
pobres.
Spirit: Seu livro documenta como essas drogas funciona ao
induzir uma patologia no cérebro corrompendo um
neurotransmissor, a dopamina. Atualmente o retrato que a
psiquiatria apresenta ao público seria de que aquelas drogas
anti-psicóticas realmente funcionam como “cura” à psicose,
ou funcionam ao harmonizar uma química cerebral
desorganizada. Você ficou surpreso com a amplitude de tais
pretensões?
Whitaker: Enquanto eu estava fazendo a pesquisa, poderia
haver essas constantes surpresas, de maneira que eu não
podia acreditar no que eu estava encontrando. Essa é uma
delas, e isso é absolutamente assombroso. Ainda me
assombra. É fraude médica – essa é a única maneira de se
descrever isso.
A história, como você disse, era que eles sabiam que essas
drogas bloqueavam a atividade da dopamina, e de forma
muito profunda. Então eles construíram a hipótese de que as
pessoas com esquizofrenia deveriam ter dopamina demais
em seu cérebro para ficar assim; e então ao bloquearem
esse neurotransmissor, nós estaríamos ajudando a
“equilibrar” a química do cérebro. Isto é a história que está
ainda sendo divulgada, de que os neurolépticos são “como
insulina para diabete.” Assim se construiu tal história, e você
pode ler isto em livros de ensino médico nos anos 80. De
maneira interessante, entretanto, ao mesmo tempo em que
isso estava sendo dito, nos anos 80, toda a evidência
mostrava exatamente o oposto. A evidência demonstrava
que antes dos medicamentos, as pessoas com esquizofrenia
não tinham uma química anormal da dopamina.
Então os medicamentos neurolépticos bloqueiam o sistema
da dopamina - em outras palavras, eles estão criando uma
anormalidade neste importante neurotransmissor. Em
resposta, o cérebro tenta lidar com aquele bloqueio de duas
maneiras. Inicialmente, ele tenta liberar mais dopamina, e
em seguida o cérebro começa a destruir a sua habilidade de
fazer isto. Então ele cria de fato mais receptores de
dopamina. Então se você olhar para o cérebro de uma
pessoa que tem estado sob uso de neurolépticos, eles tem
muito mais receptores de dopamina que o normal.
Você realmente está criando o muito problema - muitos
receptores de dopamina - que seria a explicação de como se
iniciaria a esquizofrenia. Seu cérebro agora fica hipersensível
à dopamina - em outras palavras, fica anormal. Nós já
tínhamos descoberto por volta de 1979 como o seu cérebro,
quando criava estes receptores extras de dopamina,
realmente se tornava mais vulnerável para a psicose. Então
em 1979 nós realmente tínhamos uma boa noção, na
literatura de pesquisa, de que esta história toda de que as
drogas normalizaram a química cerebral era uma mentira; e
nós também já sabíamos que nós estávamos colocando o
cérebro para fora de seu modo normal de funcionar, e que
isso levaria à uma maior vulnerabilidade para a psicose.
Fonte:
http://www.umaoutravisao.com.br/madinamerica.htm
-------