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Manuela Ferreira Leite Ao I
Manuela Ferreira Leite Ao I
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DAVID
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Ah, estou espa antada, foi uma entrrevista tão política, pensava
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ue...", ouvi mal
desliguei o gra
avador. Maanuela conttinuava surpreendida a.
Enco ontrei-a no
o seu gab binete, cassaco azul, blusa às flores, pa ara lá de uma
mon ntanha de papéis
p e dossiês
d abeertos sobree a secretá
ária. Mas não quis que
q a
fotoggrafassem "naquele caos". Como a conh heço há muito,
m não mme surpreendi.
É um ma mulherr de ordem m e arrummo, mudám mos de sala. Falado ora, houve dois
brevves dedos de converrsa, não no os víamos há mais ded um ano o. Também m não
fique
ei surpresaa, sei que é comunicaativa. Mas e o país, saberá?
s Saberá que esta
mulhher que a televisão lhe mostra a de rostoo fechado e por vezzes zangad da, é
afecctuosa, gossta de com municar, ama
a a orde
em, praticaa o rigor ssobre toda
as as
coisaas e traballha muito?
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ou absolutaamente coonvicta de que está melhor e não
n há nin nguém, me esmo
de fora,
f que não o en ntenda: o PSD tem um objecctivo, as pessoas estão e
motivadas, esttá bastante
e mais cre
edibilizado do que esstava. Tantto assim é que
a forrma como encaram todas as iniciativas e propostas do PSD D, é própria de
quemm receia o PSD...
Eles
s, quem?
As oposições,
o mas muito
o especialm
mente o go
overno...
Há mais
m opos
sições e allgumas es
stão dentrro do PSD
D...
O que se passa no partido é afinal aquilo que toda a vida se passou: um partido
em que existem pessoas diferentes, cada um com as suas ideias e com
aspectos próprios de perspectivar a política. Toda a vida o PSD foi assim e
agora também é. Há uma ou outra pessoa que tem a sua ideia própria, mas
não considero que haja "oposições" dentro do PSD.
Evocou há pouco os três anos de poder do PSD. Que sobra hoje deles?
Se voltasse atrás faria o mesmo?
Lembro-me quando era ministra das Finanças de uma luta tão titânica que me
levou até a ter de prestar declarações à Assembleia da República! Foi quando
escolhi o director-geral das contribuições e impostos. Tratava-se de uma óptica
completamente diferente da que até à data tinha imperado nas escolhas dos
directores-gerais, sempre pessoas da máquina e da casa. Mas fui buscar
alguém à actividade privada, com um ordenado muito acima dos níveis
praticados até aí. E, no entanto, hoje percebe-se que foi uma escolha que
marcou: alterou completa e radicalmente a máquina fiscal - o que é uma coisa
importantíssima.
Já que falamos desse tempo: foi ministra da Educação, com Cavaco e das
Finanças, com Durão. Peço um photomaton do que foi despachar com um
e com outro.
Diferente, como?
Uma relação mais familiar, mais íntima. Mas quem conhece o Prof. Cavaco
Silva e me conhece a mim, sabe que em nada esse aspecto influenciou, ou
influencia, a minha relação com o Presidente.
Já estava à espera dessa mas guardado está o bocado: "Cavaco-
Presidente" fica para o fim. Falávamos de escolhas, falemos de decisão.
Como é o seu processo de decisão, como parte para ele? Solitariamente
ou em equipa?
Vetar Santana Lopes ou qualquer outra proposta que fosse feita - e vetei várias
propostas que me foram feitas em relação às autárquicas - tinha de ter um
fundamento que não fosse apenas político e sucede que em relação a ele seria
apenas político... porque ele discordou de mim e eu discordei dele. Esse
argumento não o utilizarei nunca! Considero que a candidatura dele é a melhor
em relação à Câmara de Lisboa.
Ganhadora?
Recuso que tenha sido uma imposição. A distrital propõe, não impõe. E
assumo que, perante a proposta, a aceitei e considero que é o melhor
candidato a Lisboa.
Ah, não sou capaz de qualificar mas é uma relação sempre muito cordial. Devo
dizer-lhe que nunca tive nenhuma razão de queixa do Pedro Santana Lopes
mas há aqui um ponto: mesmo que eu tivesse razões de queixa, as minhas
escolhas políticas não são influenciadas por problemas de natureza pessoal.
Tento sempre que as relações de natureza política não sejam influenciadas por
razões pessoais. Ou alguém estava à espera que eu tivesse vetado Luís Filipe
Menezes para a Câmara de Gaia? Sempre achei que ele deveria concorrer a
Gaia.
Mas vetou Marques Mendes na Europa.
Não, não preferi porque não fiz comparações. Escolhi. E há muito que tinha
escolhido o Paulo Rangel. Estava escolhido, não fiz exclusão de ninguém.
Cruz? Não tem sido cruz nenhuma! Estou bastante empenhada, muito
motivada e até lhe digo mais: estou muito entusiasmada! Nós queremos ganhar
as eleições e tenho dificuldade em imaginar outra coisa. Se por qualquer
motivo esse cenário não se verificar, continuo a considerar que o Paulo Rangel
é um excelente candidato, que foi o que melhor resultado conseguia obter e,
repito, o que dá uma imagem de renovação do partido.
Em que sentido?
Para mim teve uma enorme influência no facto de ter escolhido este partido e
não outro, a figura do seu primeiro líder. Sá Carneiro, que era um social-
democrata, exerceu uma imensa influência em mim. Identifiquei-me muito com
ele, aprendi muito com ele, foi um exemplo. E mantém-se hoje uma referência.
Como o Prof. Cavaco Silva.
Falando na política no feminino. O cliché aponta-a para Thatcher.
Parecem-lhe poucas, mas são o fulcro da decisão. É a opção que tem de ser
feita. Ou se orienta o país da forma como ele tem estado a ser orientado nos
últimos anos - um modelo absolutamente esgotado! - ou se muda de modelo.
Parece-lhe pouco mas é muito. O meu modelo é não apostar mais na despesa
pública, o que inclui investimento e consumo público mas no sector privado:
exportações e investimento privado, interno ou externo. É um modelo
completamente diferente.
Não condeno tudo, evidentemente. Na vida nunca se condena tudo. Acho que
a reforma que foi feita na Segurança Social, por exemplo, podia ter ido mais
longe - como todas as coisas podem sempre ir mais longe - mas não condeno
uma reforma que contribuiu para a sustentabilidade da Segurança Social.
Embora tenha fortes dúvidas de que a política que está a ser seguida no
combate à crise não esteja a deteriorar o equilíbrio da Segurança Social que foi
feito à custa de uma reforma que considerei correcta.
Discorda das medidas contra a crise?
Não! Com certeza que são necessárias. Considero no entanto que muitas
delas estão mal orientadas, e que outras não estão a ser concretizadas.
Anuncia-se e eu concordo com o anúncio. Depois, quando vou ver se estão a
ser concretizadas, na prática, não estão. Por exemplo quando se abrem linhas
de crédito para apoiar as empresas, é bom que se saiba quais são as
empresas que dizem estar a ser apoiadas por uma linha de crédito aberta pelos
bancos para resolverem o seu problema.
Não é por falta de eu já ter falado tanto dela! E falei porque sendo a justiça um
pilar do Estado de Direito, está totalmente descredibilizada. Existe um
sentimento de impunidade na sociedade portuguesa, que é crítico, que não
ajuda a este sentimento de vivermos num Estado de Direito - o que é mau para
a democracia. E também tenho dito muitas vezes que considero que o maior
constrangimento ao crescimento económico do país neste momento é o
sistema de justiça. Não é susceptível de criar o ambiente necessário para que
muitos dos investidores invistam, e muito menos é atractivo para o investidor
estrangeiro. Este sistema de justiça está verdadeiramente a restringir a nossa
potencialidade de crescimento económico. Se não for resolvido, com
dificuldade cresceremos.
Quando este governo tomou posse, concordei com muitas das medidas
anunciadas por esta ministra da Educação. Parecia-me alguém bem
intencionado e com ideias certas para a educação.
Dê-me duas, três razões que ditem uma preferência no voto no PSD
liderado por si e não no PS de Sócrates?
Um: o facto de considerar que, tal como tenho insistido, há aqui uma política de
verdade. Detesto política de fantasias. Dois: não faço promessas que nunca
pensarei executar. Três: acredito que o projecto do PSD para o país é aquele
que conduzirá ao seu crescimento e ao bom combate contra a crise. O PS já
provou o contrário.
Vale, vale: o país não queria, nem mais um segundo, o PSD a governá-lo.
Não quis o Dr. Jorge Sampaio. Alguém que claramente defende a estabilidade
governativa mas que derrubou uma maioria absoluta no Parlamento. Julgo que
é caso único na democracia.
Aquela que é. Total abertura para, caso haja essa necessidade, ouvir as
preocupações ou inquietações dos diferentes partidos. Admito que haja
determinados pontos a partir dos quais já só reste aos partidos políticos
recorrer ao Presidente. Mas nunca me aconteceu pedir uma audiência especial
ao Presidente da República, seja por que motivo for. Nunca pedi.
Peço desculpa, mas discordo absolutamente de que não havendo uma maioria
absoluta, haja uma crise política.
E como é que um governo minoritário, seja ele de quem for, faz aprovar o
próximo orçamento?
Estou a dizer que o PSD soube sempre estar à altura das suas
responsabilidades de opositor responsável e a relembrar que por isso mesmo
nunca um Orçamento Geral do Estado ficou por aprovar por culpa do PSD.
Uma maioria absoluta é boa ou má, consoante o uso que dela se faz. Há
exemplos negativíssimos desta maioria absoluta e, como esta, prefiro não a ter.
Não é portanto pelo facto de existir uma maioria absoluta que o país daí
beneficia. O país não beneficia de uma maioria absoluta que não ouve
ninguém, que dispensa qualquer contributo e não melhora por ouvir os outros.
Da mesma forma que considero que houve governos minoritários que
cumpriram e deixaram boa memória - foi o caso do primeiro governo do Prof.
Cavaco Silva - e houve más experiências como foram os seis anos do Eng.
Guterres, em que não foi pela ausência de maioria absoluta que não foram
feitas outras coisas no país. E o governo governou durante seis anos, não
foram dois nem três. O que me recuso taxativamente a admitir é que só se
pode governar com maioria absoluta e que sem ela, não há forma de governo.
Não é verdade. Os dois exemplos que citei contradizem isso.
O Presidente não parece pensar assim. Não apelou ele já duas vezes a
Ponto final: não está portanto disponível para uma coligação com
Sócrates?
Detesta-o?
Não se trata disso. É muito difícil sentar a uma mesma mesa duas pessoas que
têm projectos tão diferentes para Portugal, achando eu que o país deve seguir
um determinado rumo e considerando ele que deve seguir outro. Tenho dito
muitas vezes que os interesses do país nem sempre estão acima dos
interesses de outra natureza - coisa para mim absolutamente inaceitável! - e
portanto acho que são cenários que não contemplo, nem contempla o Engº
Sócrates. Somos duas pessoas completamente diferentes, temos projectos
opostos para o país.
Não. Repito: não gosto de trabalhar sobre cenários. Só lhe digo que vou às
eleições para as ganhar. E que não deixarei de ser responsável para assumir o
governo do país e resolver os seus problemas da forma mais adequada.
Não estou a ver que o Presidente da República intervenha até esse ponto.
Detesta mentir, nem sequer sei se sabe mentir por isso vai ver-se aflita
agora: há quanto tempo não fala com o seu amigo Aníbal?
Desde a última vez que tive uma audiência na Presidência da República, que
foi para a marcação das eleições europeias. E fi-lo de uma forma institucional.
E já viu que chatice que é para si o país não acreditar nisso?
Paciência. Tenho pena porque, durante os dez anos em que foi primeiro-
ministro, eu sei - e ele também sabe - que nunca na vida peguei no telefone
para lhe falar.
Sim, sempre fui a sua casa, sempre falei ao telefone com ele mas nunca
enquanto foi primeiro-ministro ou agora que é Presidente. Enquanto esteve em
S. Bento só liguei para lá em três ocasiões excepcionais: no Natal, nos anos da
Maria e nos dele. Nem nunca fui lá a casa sem ser convidada.
http://www.ionline.pt/content/3708-manuela-ferreira-leite-so-liguei-cavaco-nos-anos-da-maria-e-dele