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Antnio Torrado
escreveu e Cristina Malaquias ilustrou
At parecia que a descoberta lhes trouxera novas foras, porque voltaram a correr desalmadamente, esquecidos do cansao, da fraqueza, de tudo. Mas tanta correria acaba por esfalfar o corao e as pernas at dos mais premiados corredores olmpicos. Quando pararam, ensopados de suor, o que levava a pasta debaixo do brao, depois de engolir vrias vezes em seco, disse: Com este tesouro que achei vou saber como ser rico. O outro protestou: Mas fomos ns dois que achmos. O recheio da pasta pertence a ambos. Isso querias tu disse o primeiro vagabundo, apertando ainda mais a pasta de encontro ao corpo. A pasta minha. nossa... minha... nossa... Nisto ouviram uma voz gritar-lhes: Eh, pessoal! Para onde levam vocs essa pasta do senhor doutor? Era um latago, fardado de motorista. No se lhe via o carro, mas, em tamanho e cilindrada, havia de condizer com ele. O homenzarro tinha aparecido de surpresa, vindo de uma cancela do mesmo lado do porto da tal quinta. O vagabundo que segurava a pasta ficou em pnico: Agora que estamos tramados. L se vai a nossa pasta. Ai agora j nossa? riu o outro. Presta tu contas dela, que eu no tenho nada a ver com isso. E desamparou-o s mos do motorista. 2
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De pouco lhe valeu, porque o gigante justiceiro tratou da sade ao que chamara a pasta a si e ainda lhe sobrou tempo para dar outra sova ao que se desligara da questo. Depois afastou-se gloriosamente, com a pasta recuperada debaixo do brao, enquanto os dois vagabundos saboreavam o p da estrada. Que grande coa que ns levmos dizia um deles, no interessa qual. O outro, qualquer que ele fosse, concordou...
FIM
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