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E em Fevereiro....

Destroços de humanos, estirados, acoplados no âmago de uma Quarta-feira.


Os risos apopléticos viram-se substituídos pela despedida; madorna enrustida
nos soluços de mais um ano que se inicia longe dos ermos lúgubres e
claustrofóbicos rotineiros...
As ruas continuavam as mesmas, o asfalto, custosamente posto, estava
cumprindo seu papel de simplesmente existir como pista. Já o sinaleiro, imoto,
concentrava seus esforços, outrora respeitáveis. Mas, inutilmente apagava e
acendia seus faroletes, pedindo que passassem ou prosseguissem. Seus apelos
eram vãos aos olhos apoteóticos e aos frenéticos movimentos daqueles que
pisoteavam seu companheiro de trabalho.
O ar era invisivelmente mutilado por estrondoso retumbar, contínuo e deveras
análogo, e tanto que mãos e pés pendiam involuntariamente tamanhas
respostas de freqüência em campo aberto.
Lágrimas de quem fica, lágrimas de quem vai Ter que esperar um próximo
ano. Alguns felizes, outros nem tanto, acabam por compor um cenário
exclusivo de miséria associada à fartura de um movimento cultural nada
elitizado.
Mercenários, doutores, beócios, sábios e analfabetos cruzam-se e tocam-se no
mesmo palco onde todos são felizes dançarinos.
Espumas sórdidas lançam esperanças de não se sabe ao certo o quê. Trocam-se
olhares, sorrisos e prossegue-se... Tudo vale a pena.
Destroços de humanos após o após. O sinaleiro retoma sua função que durante
algum tempo deixou de existir. Seu colega asfalto torna a ser atropelado
constantemente, sem ressentimentos.
Já aqueles prosaicos foliões que relutam; “estressam” seus agonizantes
segundos com verdadeiras torrentes. Mas vencidos pelo cansaço e necessidade
abandonam seus postos e retornam, Trocam a fantasia do sim pelo uniforme
contínuo do não. E assim se faz novamente , sempre na esperança de que no
próximo ano, eternize-se aquele momento onde brancos, pardos e negros,
juntam-se numa eufórica miscigenação apocalíptica, sem contas em débito e
sem necessidades em primeira instância. Bem, por essas e por outras, até logo
seu carnaval. Até o ano que vem!

Oribes Neto

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