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MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA – MG
GRUPO DE TRABALHO N° 4
Autores:
Orientador
Uberlândia – MG
2004
Agradecimentos
Ao Cel. Jayme Pinto Jorge Filho, nosso orientador, pela paciência e carinho com que nos
Aos membros da ADESG, que pacientemente nos auxiliaram na elaboração e revisão deste
À Superintendência de Ensino e todos que nos forneceram informações, pela boa vontade.
-2-
Educação é a transmissão da civilização.
-3-
Resumo
Desde os anos 90 a reforma educacional vem sendo implantada obedecendo a vetores comuns
legislação nacional determina que a oferta gratuita do ensino público seja compartilhada entre
Fundamental e Médio.
Pelos dados do Censo Demográfico de 2000, existe no Brasil quase um milhão e meio de
crianças de 7 a 14 anos sem matrícula e/ou evadidas das escolas. Essa legião de crianças
excluídas das salas-de-aula representaria 5,5% dos brasileiros nessa faixa etária. A taxas de
evasão escolar variam de região para região conforme perfil da população e recursos
estão evadidas do ensino fundamental em nossa região fornece subsídios para mudanças desse
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Índice
Introdução ................................................................................................................................12
Financiamento .......................................................................................................20
Objetivos ..................................................................................................................................22
Hipótese ...................................................................................................................................23
Metodologia .............................................................................................................................24
Resultados ................................................................................................................................26
5
Indicadores de exclusão da escola ..................................................................................35
Discussão .................................................................................................................................47
Propostas .........................................................................................................................51
Conclusão .................................................................................................................................55
Referências ...............................................................................................................................57
Anexos
6
Índice de Figuras e Quadros
Figura 1: Número de crianças e adolescentes que não frequentavam a escola, segundo a idade
...................................................................................................................................................37
...................................................................................................................................................42
7
Figura 12: Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências. Matemática
...................................................................................................................................................45
Portuguesa ................................................................................................................................46
Quadro 1: Ensino Fundamental: matrícula efetiva por tipo e nível de ensino, segundo a
8
Índice de Tabelas
Tabela 1. Gastos públicos com educação. Comparação em termos percentuais do PIB .........26
Tabela 3. Educação Fundamental: matrícula efetiva em março e incremento anual, por rede
Tabela 8. Dados do censo escolar sobre o município de Uberlândia, MG desde 1997 ...........35
9
Siglas e Abreviaturas
Art. Artigo
Valorização do Magistério
MG Minas Gerais
10
SAEB Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Básico
11
Introdução
O presente estudo foi realizado pelo Grupo de Trabalho 4 (GT4) como trabalho final do X
Estes são interesses e aspirações que subsistem por longo tempo como a democracia, o
geográfico do País a fim de construir uma das nações mais prósperas e respeitadas do
mundo”. No entender da ESG, a educação constitui uma das áreas estratégicas de ação no
Brasil.
É nessa ótica que este trabalho se propõe a analisar o ensino fundamental de Uberlândia. A
12
Ensino Fundamental, seus principais indicadores, regulamentações e problemas, são lançadas
bases para análises mais minuciosas em nossa microrregião. O conhecimento das disposições
que regulamentam o ensino, cria sustentáculos para críticas oportunas ao sistema educacional
vigente.
Perspectivas históricas
educação como direito de todos foi assegurada na Constituição Federal como direito subjetivo
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
( ... ) a própria declaração desse direito (à educação), pelo menos no que diz respeito à
verdadeiramente inovadores.
13
Ao analisarmos dados estatísticos dos últimos 20 anos temos que a ampliação do acesso à
escola, política implementada nesse período, levou a quedas das taxas de exclusão escolar
(Abicail, 2002).
anos que não freqüentavam escola (excluídos da escola) beirava os 7,6 milhões, representando
33% do total nessa faixa de idade. O Censo de 1991 revelou que entre 1980 e 1991 houve
uma diminuição sensível no número absoluto dos não-freqüentes no grupo de 7 a 14 anos, que
baixou de quase 7,6 milhões em 1980 para cerca de 5,7 milhões em 1991 (Ribeiro, 2000).
particularmente na faixa de 7 a 14 anos. Por outro lado, os mesmos números que atestam o
progresso realizado, também denunciam tudo o que, em 1991, ainda estava por se conquistar.
do grupo de 7 a 14 anos: 10,8% aos 7 anos e 16,9% aos 14 anos (Beltrão & Alves, 2004).
Apesar de todos os avanços verificados nos 16 anos decorridos desde o Censo de 1980 até a
Contagem 1996, no grupo de 7 a 14 anos as taxas de exclusão da escola iniciavam com 10,8%
aos 7 anos, atingindo o ponto mínimo de 6,6% aos 10 anos, subindo novamente a partir daí
até atingir a taxa de 16,9% aos 14 anos; taxas ainda muito altas. Mesmo reconhecidos todos
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Segundo dados levantados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
que se não houver uma mudança no atual cenário, cerca de 41% dos estudantes brasileiros
acordo com os dados do Censo Demográfico de 2000, existe no Brasil quase um milhão e
meio de crianças de 7 a 14 anos sem matrícula e/ou evadidas das escolas (INEP, 2003). Essa
legião de crianças excluídas das salas-de-aula representaria 5,5% dos brasileiros nessa faixa
Uma alegoria que bem expressa a apreensão dos profissionais da educação básica brasileira é
Professores e alunos terão de ser exímios nas pedagogias das ausências, ou seja, na
Municipalização do Ensino
Desde os anos noventa, uma reforma educacional vem sendo implantada obedecendo a
vetores comuns às demais políticas sociais públicas, como a saúde e previdência social.
direção aos governos subnacionais. Nos dias atuais, a maior parte das vagas da primeira etapa
15
do Ensino Fundamental é oferecida pelo poder público municipal (64,58%), resultado do
Desde 1995, com a ênfase política de descentralização, a função do governo federal no ensino
fundamental passou a ser redistributiva e supletiva. Pelos dados oficiais, esta visa a
crescente déficit dos governos e suas consequentes políticas de controle, os programas sociais
dos tributos em favor da esfera municipal, que ampliou sua capacidade de investimento (Di
Por exemplo, em Minas Gerais, segundo dados da Secretaria Regional de Ensino, desde 1998,
houve redução de 11% das matrículas no ensino fundamental, não totalmente compensada
pelo aumento de 23% no ensino médio e de 19% na pré-escola. Entre as medidas e fatores que
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Desigualdade social
Uma das principais mazelas da sociedade brasileira é a desigualdade social, que se manifesta
(Produto Interno Bruto) nacional, por exemplo, o Sudeste contribui com 58, 25% e o Norte
com 4, 45% (Ramos, 2001). As taxas de evasão escolar variam de região para região
(INEP/MEC, 2001). É uma proporção razoável, mas insuficiente diante do atraso de décadas
17
Caracterização do Sistema Educacional brasileiro
Dispositivos legais.
claramente dispostos no art. 1º da Constituição Federal e seus objetivos, no art. 3º. O art.º 6
O sistema educacional brasileiro está organizado em dois grandes níveis: a Educação Básica e
escola), Ensino fundamental (com oito anos de duração) e Ensino Médio de, no mínimo, 3
18
posteriores”. Esta lei desencadeou um amplo processo de municipalização do ensino
prazo para execução dos planos decenais patrocinados pelo Banco Mundial, Unicef e Unesco,
em associação a governos de países como a China, Índia, Paquistão e Brasil, dentre outros,
A reforma da educação em curso é parte de um projeto maior para adequar o ensino brasileiro
nacionais de avaliação.
Quanto à legislação, o artigo 208 da Constituição Federal tornou direito público subjetivo do
cidadão e obrigação do Estado oferecer educação fundamental. O Artigo 211 da referida carta
governo:
1
BRASIL. Lei n.º. 9394, de 20 de dezembro de 1996. 19
§1º A União organizará o sistema federal de ensino e os Territórios, financiará as
infantil.(...)
A legislação nacional determina que a oferta gratuita do ensino público seja compartilhada
entre as três esferas de governo, atribuindo aos municípios a responsabilidade pelo Ensino
Diretrizes e Bases da Educação (1996) e as metas plurianuais fixadas na Lei 10172 do Plano
Nacional de Educação.
Financiamento.
Em 1996 foi aprovada a Emenda Constitucional n.º 14 que criou o Fundo de Manutenção e
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Constituiu-se na principal iniciativa do governo para tornar viável a estratégia de dar
seus municípios passou a ser proporcional ao número de alunos matriculados nas escolas de
cada rede de ensino. Dos 25% que a Constituição obriga os estados a investir em educação,
O Fundo definiu também um gasto mínimo por aluno/ano. Estados mais pobres, que não
2001).
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Objetivos
Minas Gerais (MG) e discutir quanto a políticas públicas e estratégias de governo para
diminuir a exclusão escolar. Antes de apresentar considerações acerca das políticas públicas é
crianças que estão evadidas do ensino fundamental fornece subsídios para mudanças desse
cenário.
Qual é a taxa da exclusão escolar em Uberlândia- MG? Ela condiz com os números
22
Hipótese
literatura, que a taxa de exclusão escolar em Uberlândia encontra-se entre 4,16% e 5,5%
estratégias de governo não são satisfatórias para arrebanhar estas crianças excluídas da escola.
23
Metodologia
Para desenvolvimento do estudo tem-se que por excluídos da escola entendem-se todos
freqüentado no passado ou não (Ferraro, 2000). Dessa forma, busca-se aprofundar o aspecto
relacionado com a questão da exclusão da escola ou, dito de forma positiva, com a questão da
Obviamente, não há maneira de se avaliar, com base nas estatísticas disponibilizadas pelos
Este foi um estudo descritivo transversal, realizado através da análise de dados fornecidos
Ensino Básico (SAEB/MEC), além dos fornecidos pela Secretaria Municipal de Educação,
24
Para a análise política, foi dada ênfase às políticas de âmbito e implementação local.
Desportos), o projeto do Plano Municipal entre outros documentos legais. Uma política de
programa “Toda Criança na Escola”. Este programa constitui-se numa ampla mobilização dos
ainda estavam fora das salas de aula. Em 1992, 18,2% das crianças entre 7 e 14 anos não
estavam na escola. Após sua implementação houve queda para os números mostrados
O INEP realiza, a cada dois anos, uma avaliação da qualidade da educação básica, mediante a
Educação Básica) fornece dados sobre o desempenho dos estudantes de todas as regiões e
unidades da Federação, das redes pública e privada e das áreas urbanas e rurais. Desta forma,
este sistema teve grande valor para esta análise pois os dados foram cruzados com os
público em Uberlândia. Para esta análise ser completa, apenas dados quantitativos não são
25
Resultados
A tabela abaixo mostra a distribuição dos recursos públicos pelos diferentes níveis de ensino,
Tabela 1
Fundamental Superior
Médio
diversos
países
26
Nome SRE* Rede 1ª à 4ª série 5ª à 8ª série Total
Quadro 1: Ensino Fundamental: matrícula efetiva por tipo e nível de ensino, segundo a
Fonte: SSE/APC/CPRO.
27
Especificação Dependência N.º de Ensino Fundamental
Administrativa estabelecimentos
1ª à 4ª série 5ª à 8ª série Total
28
Quadro 2: Ensino Fundamental: número de estabelecimentos de ensino, matrícula efetiva por
Fonte: SSE/AS/SPL/DPRO.
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Tabela 2
Estadual 69 80 95
Federal 1 1 1
Uberlândia
Municipal 101 51 102
Particular 80 33 83
Federal 3 5 5
Fonte: SSE/APC/CPRO
Nota: a coluna total não é o somatório das demais colunas; pois um estabelecimento pode
30
Observa-se na tabela abaixo a privatização progressiva do ensino e a queda no número de
Tabela 3
Educação Fundamental: matrícula efetiva em março e incremento anual, por rede de ensino,
Rede de Ensino
anual%
Incremento
efetivada
Matrícula
anual%
Incremento
efetivada
Matrícula
anual%
Incremento
efetivada
Matrícula
anual%
Incremento
efetivada
Matrícula
anual%
Incremento
1993 2907 ### 2465090 ### 723115 ### 191924 ### 3383036 ###
1994 2200 -24,32 2470809 0,23 795439 10,00 195504 1,87 3463952 2,39
1995 2013 -8,50 2503090 1,31 805662 1,29 207692 6,23 3518457 1,57
1996 2655 31,89 2550290 1,89 842912 4,62 210922 1,56 3606779 2,51
1997 2705 1,88 2558189 0,31 910650 8,04 200863 -4,77 3672407 1,82
1998 2251 -16,78 2161575 -15,50 1495983 64,28 197744 -1,55 3857553 5,04
1999 3108 38,07 2062693 -4,57 1505666 0,65 201780 2,04 3773247 -2,19
2000 3138 0,97 1916245 -7,10 1507484 0,12 203657 0,93 3630524 -3,78
2001 3086 -1,66 1822179 -4,91 1492667 -0,98 213405 4,79 3531337 -2,73
2002 2978 -3,50 1810226 -0,66 1487744 -0,33 220027 3,10 3520975 -0,29
31
Tabela 4
Série
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
Ano
Rede estadual
Tabela 5
Série
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
Ano
Rede municipal
32
Minas Gerais, com 4.921.999 estudantes, possui a segunda maior rede de educação básica do
país. A maior parte desses alunos encontra-se matriculada no ensino fundamental (70%) e no
ensino médio (19%). Investir em educação em Minas significa dar atenção a quase 1/3 da
população mineira.
A rede pública possui 4.457.869 alunos (90,57%), dos quais 58% encontram-se na rede
estadual e 41% nas redes municipais. Dos 2.595.481 estudantes da rede estadual, 67% estão
Tabela 6
Língua portuguesa
Matemática
33
Tabela 7
Língua portuguesa
Matemática
34
Tabela 8
Segundo dados desta Pesquisa, em 2001 a sociedade brasileira tinha uma dívida social com
35
ainda, “de 1996 para 2001, o percentual de crianças de 7 a 14 anos de idade fora da escola
Quanto à taxa de escolarização líquida, o Censo Escolar/2002 revelou que contamos com
35.233.996 alunos no ensino fundamental, enquanto que no ensino médio chegaram somente
8.783.737, revelando ao poder público que é preciso assumir como prioridade a ampliação do
36
Figura 1: Número de crianças e adolescentes que não frequentavam a escola, segundo a
idade.
37
Figura 2: Frequencia à escola entre as pessoas de 4 a 17 anos, segundo a idade.
38
Tabela 9
Unidades Federais
% de % de crianças
brasileira de 7 a 14 anos
39
Norte:
Crianças (7 a 14):
2.506.985
Fora: 279.765
Percentual:
11,16% Nordeste:
Crianças (7 a 14):
8.615.463
Fora: 614.861
Percentual: 7,14%
Centro-Oeste:
Crianças (7 a 14):
1.865.190
Fora: 83.188
Percentual: 4,46% Sudeste:
Crianças (7 a 14):
10.433.510
Fora: 385.948
Percentual: 3,70%
Sul:
Crianças (7 a 14):
3.757.069
Fora: 131.881
Percentual: 3,51%
Figura 3: Mapa da exclusão escolar no Brasil.
Fonte: IBGE/2000, citado em INEP: Mapa do Analfabetismo no Brasil. Brasília, 2003, pag.6.
Espírito Santo:
Minas Gerais: Crianças (7 a 14):
Crianças (7 a 14): 487.757
2.789.444 Fora: 27.145
Fora: 116.050 Per: 5,57%
Per: 4,16%
São Paulo:
Crianças (7 a
14): 5.262.155
Fora: 168.730 Rio de Janeiro:
Per: 3,21% Crianças (7 a 14):
1.904.154
Fora: 74.023
Per: 3,89%
Fonte: IBGE/2000, citado em INEP: Mapa do Analfabetismo no Brasil. Brasília, 2003, pag.6.
40
De acordo com o INEP/MEC, o Brasil tem 27.188.217 crianças entre 7 a 14 anos. Destas,
As escolas do setor público atendem 45,8 milhões de alunos na educação básica – infantil,
O Estado de Minas Gerais perdeu a posição histórica de primeiro colocado no País, passando
à quarta colocação pelos dados do SAEB/2001. Essa piora relativa se fez acompanhar de algo
relação à sua própria performance de quatro anos atrás. Examinando o setor público, verifica-
se que o sistema municipal tem desempenho mais baixo que o sistema estadual e as escolas da
41
Em 2001, 59% dos estudantes da 4ª série do ensino fundamental estavam nos níveis crítico e
muito crítico. Em 2003 este percentual caiu muito pouco para 55%.
42
Figura 7: Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências. Matemática.
43
Figura 10: Construção de competências e desenvolvimento de habilidades de leitura de textos
44
Figura 11: Construção de competências e desenvolvimento de habilidades na resolução de
45
Figura 13: Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências. Língua
Portuguesa.
46
Discussão
para garantir o valor mínimo por estudante, este foi fixado arbritariamente em R$ 415,00.
Esse valor equivale apenas a 1/3 do custo de um estudante na cidade de Uberlândia, como
Os dados para avaliação do ensino, além de restritos, são meramente quantitativos. É preciso
adequadas de ensino. O importante é averiguar se, aos alunos ( ... ) está garantido o
Além da importância que assume a obtenção desses dados para a elaboração do planejamento
do atendimento e avaliação das ações implantadas, eles também são essenciais para que se
com clareza e precisão sua população escolar, bem como aquela que ainda não teve acesso à
47
escola, de tal forma que essas informações possam evidenciar suas reais necessidades
parcela significativa da população que obriga crianças ao trabalho infantil. Segundo dados do
Os dados mostraram que, por maiores que tenham sidos os avanços, o não-acesso à escola,
Análise política
Para iniciar a análise política, convém conceituar alguns termos. Política é a arte de organizar
e governar um Estado e de dirigir suas ações internas e externas em busca do Bem Comum.
Do dever do Estado.
seguindo-se pelo direito à educação e dever de educar no Título III. Embora o dever da
família preceda, na ordem da escrita, ao do Estado (art. 2º), em momento algum se pode
48
suprimir qualquer das partes na afirmação do direito à educação escolar vinculada ao mundo
A Constituição Federal estabelece que o ensino público deve ser gratuito em todos os níveis.
em alguns níveis do sistema educativo (línguas e informática, por exemplo) deixa abertos
espaços que são rapidamente preenchidos pela iniciativa privada (Di Pierro, 2001). A opção
de uma parcela significativa da população pela rede particular de ensino, geralmente aquela
com condição de pagar, representa outra face da política educacional e compõe o quadro de
segregação social.
Nada mais atual e forte do que firmar posição no sentido de que à educação pública cabe:
Os problemas de financiamento.
A redução de recursos para a educação tem sido dramática, conforme relata o próprio
Tribunal de Contas da União. Entre 1996 e 1999, houve uma queda de R$ 1,4 bilhão no
49
orçamento federal. Os gastos federais seguem a tendência de decrescimento: R$ 6,1 bilhões
em 1995, R$ 5,6 bilhões em 1996; R$ 5,3 bilhões em 1997, R$ 4,8 bilhões em 1998 e R$ 5,5
bilhões em 1999 (Abicalil, 2002). Há que considerar que o patamar brasileiro de investimento
de recursos resultantes de impostos de 18% para a União e de 25% para estados e municípios
A qualidade do ensino.
Segundo o SAEB, hoje, 59% das crianças matriculadas na 4ª série do ensino fundamental não
50
Propostas
Qualidade do ensino.
viabilização de uma educação de qualidade, como direito da população, que impõe aos
Prieto, 2002).
pesado por parte do governo garante a qualidade e eficácia do processo de educação (Abicalil,
2002).
participação social. Mas para que o processo seja eficaz, o Estado não pode negar seu papel
regulador no sistema. Também faz-se necessário estreitar a articulação do nível local, regional
A gestão democrática das escolas, com participação e decisão colegiada dos diversos
segmentos escolares em conselhos eleitos por seus pares com função deliberativa e de
51
controle social (Abicalil, 2002), leva a envolvimento dos diversos atores deste segmento, em
Exclusão escolar.
Para Aranha (2001), a inclusão escolar “prevê intervenções decisivas e incisivas, em ambos
Para que a inclusão social e escolar seja construída, Aranha (2001) “adota como objetivo
o número, o tamanho e a localização das escolas públicas, seus contornos e conhecer suas
Segundo Prieto, 2002, “Tal conjunto de informações deve ser base para a organização de
propostas de intervenção, que devem prever formação continuada para todos os profissionais
52
O aprimoramento das políticas públicas no campo social depende de que elas sejam
ensino se configuram como uma política de atendimento ou uma mera prestação de serviços?
matricular as crianças que ainda estavam fora das salas de aula. Em 1992, 18,2% das crianças
entre 7 e 14 anos não estavam na escola. Em 1999, apenas 4% não estavam matriculadas, o
53
Programa de Aceleração da Aprendizagem
evasão escolar secundária às altas taxas de repetência. Ele permite ao aluno avançar mais
rapidamente nos estudos até alcançar a série compatível com a sua idade. Cerca de 1,2 milhão
de sete milhões de estudantes fora da faixa etária, matriculados nas escolas de educação
básica. A taxa de promoção, que mede o número de alunos que passou de série, aumentou de
64,5%, em 1995, para 72,7%, em 1997. No mesmo período, a repetência caiu de 30,2% para
23,4% dos alunos e a taxa de abandono da escola baixou de 5,3% para 3,9%.
54
Conclusão
O esforço público por um sistema de educação eficaz deve ser um mecanismo de pressão
necessária à lógica de redução do Estado, do direito mínimo. Ao apostar numa outra educação
politicamente sólidas. O que se espera conquistar é uma educação de qualidade, que garanta a
A ampla divulgação das estatísticas educacionais exerce papel essencial para a necessária
fora de sala de aula, a sociedade brasileira precisa saber. Um milhão e quinhentas mil crianças
estão com seu futuro comprometido. Um contingente maior ainda sofre com a falta de
Brasil, ainda haver graves e centrais problemas educacionais. Ao serem olhados os dados dos
Estados mais ricos da Federação, os números são ainda mais injustificáveis. Por fim, é preciso
enfatizar que os problemas educacionais são problemas de todos, da Nação, dos Estados, dos
aprendendo devem ser partilhados. Se houver sucesso, esse será de todos, se houver fracasso,
democratização na sociedade.
56
Referências
http://www.pedagogia.pro.br/escola%20plural.htm
pp-5-(13).
de 2004.
Senado, 1988.
1996.
57
COMITÊ NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS. Plano Nacional de
2003.
Escola”: a fragilidade das estatísticas oficiais. R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 83, n.
uma análise das tendências nas políticas públicas de educação de jovens e adultos.
GADOTTI, M. Escola Cidadã, Cidade Educadora: Projetos e práticas em processo. São Paulo,
www.dhescbrasil.org.br.
IBGE, 2001. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD. 1992, 2001
http://www.planalto.gov.br/publi_04/colecao/CP_06.HTM
PRIETO, R. G. A construção de políticas públicas de educação para todos. In: Marina Silveira
Palhares e Simone Marins. (Org.) Escola Inclusiva. São Carlos: EdUFSCar – Editora
cultura. In Boletim Técnico do Senac, vol. 29, n. 2, Rio de Janeiro, pp. 19-27,
maio/agosto 2003.
rj.org.br/docs/EDUCAÇÃO%20NO%20BRASIL.doc
http://www.educacao.mg.gov.br/inicial.html
59
ANEXO: Média custo aluno por SRE.
60