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O E-COMMERCE E SEUS FUTUROS PROFISSIONAIS

* Por Alessando Gil

Certa ocasião, ministrei uma palestra sobre e-commerce aos alunos do curso de
Publicidade e Propaganda de uma conceituada universidade do Brasil, e aconteceu mais
ou menos o que eu já esperava: o tema era completamente desconhecido. Fiquei me
perguntando o porquê disso. Não sei se as instituições de ensino ainda não se adaptaram
às novas oportunidades de mercado, ou ainda não enxergam as novas profissões. Porém,
talvez, nós (indústria da Internet) não estejamos fazendo nossa “lição de casa”, em
divulgar, tão pouco, a importância que a web vem ganhando para as empresas..

O e-commerce nunca viveu uma fase tão boa quanto a que vive agora. Entre 2005 e
2007, 20 milhões de brasileiros saíram da linha da pobreza e entraram no que
chamamos de “Classe C”, segundo dados do Instituto de Pesquisa Ipsos. Com o
aumento do poder aquisitivo, os integrantes da classe C podem consumir produtos e
serviços que antes lhes seriam inviáveis, como viagens, TV a cabo e diversos
eletrônicos. Muitos já conquistaram seus PCs, e até mesmo notebooks. Ao mesmo
tempo, o acesso à banda larga tem se tornado mais acessível a cada dia. É exatamente
o que faltava para a solidificação do e-commerce no Brasil.

Por outro lado, as vantagens de comprar pela Internet são inúmeras, como lojas que
praticam preços mais baixos nas suas lojas virtuais do que nas próprias lojas físicas;
parcelamento da compra no cartão de crédito; maior variedade de produtos; comparação
de preços entre diferentes marcas e lojas, além de frete grátis como cortesia. Essas
ações estimulam o consumidor a preferir o e-commerce. Além disso, trabalhamos mais,
temos menos tempo para nos divertir, precisamos fazer várias coisas ao mesmo tempo.
Por que perder ainda mais tempo nas compras, se podemos fazê-las de casa,
rapidamente?

Muitas redes já perceberam esse bom momento para o varejo eletrônico; as que já estão
inseridas no e-commerce buscam incrementar seus sites, e as que ainda não estão,
correm contra o tempo.

Colocado tudo isso, volto à questão dos universitários. Recebi alguns e-mails do tipo:
"Gostaria de fazer uma pós-graduação em e-commerce, mas aparentemente esse curso
só existe na Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire). Por acaso não conhece alguma
mais perto? (risos). Ou apenas uma Pós em Marketing já seria o suficiente para entrar
nesse segmento? Caso sim, qual universidade recomendaria para fazer uma pós-
graduação?". E fiquei me perguntando como ajudar este futuro profissional, que deseja
se qualificar e não sabe como e nem onde, (e nem eu mesmo sei)? O conselho padrão
foi: "Leia a respeito", e indiquei alguns livros, que por sinal são raros.

Por que será que o tema e-commerce não é tratado com a devida importância que
merece? Acho que deveríamos oferecer mais, formar decentemente essa multidão de
jovens que vêm entrando no mercado de trabalho ano após ano, e encontra cada vez
O E-COMMERCE E SEUS FUTUROS PROFISSIONAIS

mais dificuldades de colocação profissional. Enquanto sofremos com a falta de pessoas


qualificadas, vejo profissionais de Internet e e-commerce sendo disputados a peso de
ouro pelas companhias, o Brasil é mesmo o país das contradições. Vale a pena pensar...

*Alessandro Gil é diretor de marketing da Ikeda (www.ikeda.com.br), empresa de


tecnologia especializada em soluções de e-commerce.

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