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Elmer assassinou o avô por envenenamento em Nova York, em 1882. Sabia que o testamento deixava-o com a maior parte dos bens do
avô, e desconfiava que o velho, que voltara a casar-se, pudesse alterar o testamento e deixá-lo sem nada. Seu crime foi descoberto e
Elmer foi condenado a alguns anos de prisão. As tias de Elmer (que seriam as herdeiras se Elmer tivesse morrido antes do avô)
processaram o inventariante do espólio, exigindo que o patrimônio ficasse com elas, e não com Elmer. A lei de sucessões de Nova York
não afirmava nada explicitamente sobre se uma pessoa citada em um testamento poderia herdar, segundo seus termos, se houvesse
assassinado o testador.O advogado de Elmer argumentou que, por não ter violado a lei de sucessões, o testamento era válido e Elmer
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princípio de que "ninguém pode beneficiar-se de sua própria torpeza", decidiu, em detrimento da
própria lei (regra) testamentária, que o neto não poderia receber a herança do avô pelo torpe fato
de haver assassinado este.
Por outro lado, para Klaus Günter, existe uma diferenciação entre os discursos de
justificação, realizados pelo Poder Legislativo quando da positivação da norma jurídica, e os
discursos de aplicação, endereçados ao intérprete, principalmente ao Poder Judiciário.
tinha direito à herança. Declarou que, se o tribunal se pronunciasse favoravelmente às tias de Elmer, estaria alterando o testamento e
substituindo o direito por suas próprias convicções morais. O juiz Gray, partindo do postulado que a lei deve ser interpretada
literalmente, e que ela não continha exceções para os assassinos, votou favoravelmente a Elmer. O juiz Earl, cujo voto foi seguido pela
maioria, afirmou que a interpretação dos textos legais não deve ser feita de um modo isolado, mas dentro do contexto dos chamados
princípios gerais do direito (general principles of law). Na sua fundamentação, ele afirmou: "Todas as leis, bem como todos os contratos,
podem ser controladas em sua operação e efeitos por princípios gerais e fundamentais do direito consuetudinário. A ninguém será
permitido aproveitar-se da sua própria fraude ou tirar partido da sua injustiça, ou fundar demanda alguma sobre sua própria iniqüidade ou
adquirir propriedade por seu próprio crime."
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clássicos e sistemáticos de interpretação (evitar o non liquet), operando-se numa interpretação
contingencial em que todos os envolvidos se comprometem a respeitar o seu resultado,
resguardando-se dos inconformismos autoritários (solução orientada às especificidades do
problema).
6.2.4- Comunidade Aberta dos Intérpretes da Constituição (Peter Häberle) : A
interpretação da Constituição não deve ficar restrita às instâncias oficiais, mas numa perspectiva
pública e republicana, no sentido que, todo membro da comunidade política que vive a norma,
acaba por interpretá-la. Ou seja, todos os indivíduos são co-autores das normas que são feitas
em seu nome (interpretação constitucional antecipada), sendo os criadores e, ao mesmo tempo,
destinatários da Constituição (processo circular de legitimidade democrática).
6.2.5- Hermenêutico Concretizador (Gadamer) : Ao resgatar o sentido positivo de
preconceito (pré-compreensão com alguma dosagem de ‘irracionalismo’) do intérprete como
inserido num ambiente institucional histórico, a interpretação deve ser realizada sob o enfoque da
própria Constituição e não pelos critérios individuais do que seja justo (interpretar é aplicar).
6.2.6- Científico-Espiritual (Rudolf Smend): Defende a Constituição como um
instrumento dinâmico e permanente de integração, construindo e preservando a unidade social.
Porém, sem subverter a letra e o espírito da Constituição para alcançar, a qualquer custo, esse
objetivo.
6.2.7- Normativo Estruturante (Friedrich Müller): Resgata a hermenêutica filosófica
(Heidegger/Gadamer) para defender que os preceitos jurídicos estão imbricados na realidade a
qual buscam regular para concretizar a Constituição, podem até mesmo transcender o teor literal
da norma.
6.2.8- Comparação Constitucional (Peter Häberle): Ao considerar os métodos
clássicos de interpretação propostos por Savigny (lógico, gramatical, histórico e sistemático),
acrescenta a comparação com método autêntico de interpretação constitucional, principalmente
pela atual comunicação de fontes entre os sistemas/famílias do direito (Civil Law – Common Law).
Para tanto, importante é a transcendência de contexto para evitar mecanicismos quanto ao
tempo e ao espaço.
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Revista Jus Vigilantibus, Quarta-feira, 2 de julho de 2008. Hermenêutica jurídica: mente, cérebro e “prejuízo”. Atahualpa
Fernandez e Marly Fernandez
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6.3.6- Princípio da filtragem constitucional: estabelece que, no advento de
uma nova Constituição, todo ordenamento infraconstitucional deve ser chamado a apresentar-se
para realizar o juízo de compatibilidade (filtragem= fenômeno da recepção ou não-recepção).
6.3.7- Princípio da concordância prática ou da harmonização (Konrad
Hesse): Indica ao intérprete que, diante de colisões de princípios constitucionalmente protegidos,
seja adotada uma solução que venha a garantir a realização de todos e, simultaneamente, não
venha negar qualquer deles. Assim critica a açodada ponderação de bens que realiza um princípio
e sacrifica outro.
6.3.8- Princípio da eficácia integradora (Rudolf Smend): Na esteira do
método científico-espiritual orienta o intérprete a construir soluções privilegiando os princípios
constitucionais que favoreçam a manutenção da coesão sociopolítica.
6.3.9- Bloco de Constitucionalidade (Vigoritini / Louis Favoreu/ Loïc Philip:
A expressão bloco de constitucionalidade, bloc de constitucionnalité dos franceses ou bloque de
la constitucionalidad dos espanhóis, teve origem na doutrina administrativista francesa, com a
criação inicial do que se chamou de "bloco da legalidade", ou, como designou HAURIOU, o "bloco
legal". O leading case que marcou a definição do bloco de constitucionalidade foi a decisão do
Conselho Constitucional da França, de 16 de julho de 1971, que estabeleceu as bases do valor
jurídico do Preâmbulo da Constituição de 1958, o qual inclui em seu texto o respeito tanto à
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, como também ao Preâmbulo da
Constituição de 1946 (que continha uma declaração de direitos econômicos e sociais). Este, por
sua vez, faz referência aos princípios fundamentais reconhecidos pelas leis da República. Ou seja,
tudo estava integrado à Constituição Francesa. A decisão revela a existência não apenas da
Constituição de 1958 em si, mas, sim, de um "bloco" de normas e princípios materialmente
constitucionais. A partir de 1971 o Conselho Constitucional, usando do seu poder de
interpretação, passou a recriar, incessantemente, a Constituição. Recriar a Constituição significa
ampliar os seus domínios, expandir seus horizontes, encarando-a como um sistema aberto de
regras e princípios permeável a valores jurídicos suprapositivos, onde a idéia de justiça e de plena
concretização dos direitos fundamentais têm um papel de significativa relevância. A compreensão
do que seja o bloco de constitucionalidade permite um reencontro entre o direito e a ética, a
partir da perspectiva de que a releitura de princípios, e a incorporação de outros, dá à
Constituição uma nova dimensão, valorizando a dignidade da pessoa humana, a solidariedade, a
paz, a justiça e a igualdade. O bloco de constitucionalidade é maior que a própria Constituição na
medida em que aumenta significativamente as disposições dotadas de densidade constitucional,
inserindo-se, nesse contexto, "toda uma série de regras ou de princípios que modificam a
natureza dos direitos e liberdades" (LOUIS FAVOREU e LOÏC PHILIP, ob. cit., pág. 249). Em síntese,
"as possibilidades de extensão do bloco de constitucionalidade são doravante praticamente
ilimitadas" (idem, pág. 249). O conceito de bloco de constitucionalidade não se limita às
disposições singulares do direito constitucional escrito. De um lado, essa idéia abrange todos os
princípios constantes do texto constitucional. Por outro, esse conceito abarca, igualmente, todos
os princípios derivados da Constituição enquanto unidade, tais como o princípio da democracia, o
princípio federativo, o princípio da federação, o princípio do Estado de Direito, o princípio da
ordem democrática e liberal e o princípio do estado social, além do preâmbulo da Carta, os
princípios gerais próprios do sistema adotado e, inclusive, princípios suprapositivos imanentes à
própria ordem jurídica.
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Ex. O STF manteve a constitucionalidade do art. 7º, § 2º, da Lei 8.906/94, ao
suspender a eficácia da expressão ‘ou desacato’.
b) sem redução de texto: Diante de uma norma que possui várias interpretações
possíveis, declara-se qual/quais é/são compatível/eis com a constituição, não sendo possível
retirar qualquer expressão, confere-se à norma uma determinada interpretação para manter a
constitucionalidade.
Ex. O STF manteve a constitucionalidade da EC 52/2006 somente se fosse
interpretada, respeitando o princípio da anualidade (art.16, CR/88), ou seja, desde que a extinção
da ‘verticalização partidária’ se desse no pleito de 2010 e não no pleito de 2006. (Notas-se que
não houve qualquer alteração gramatical da Emenda).
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