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UNIVERSIDADE FEDERAL DO Rio DE JANEIRO ESCOLA DE ENGENHARIA [DEPARTAMENTO DE HIDRAULICA E SANEAMENTO DISCIPLINA RECURSOS HIDRICOS Prof. Cesar Augusto Lourenco Fitho DIMENSIONAMENTO DE UM APROVEITAMENTO HIDRELETRICO Em uma localidade, de carater residencial, servida por uma pequena usin térmica, prevé- ze instalacdo de Industrias e aumento de populacao. A usina térmica sera desativada apos cmplantagao de um aproveitamento hidrelétrico que atendera projecio da demanda. Estudos estatisticos prevém que, 10 anos apés 0 inicio do funcionamento do aproveitamento hdreletrico, a demanda de energia, anual do mercado, sera de 30,0 x 10° kWh € 0 fator de carga fe = 0,50, O fator de reserva f, = 1,20 sera adotado para a usina Nas proximidades desse mercado consumidor existe um rio, que apresenta uma corredeira com cerea de 3.500,00m de extensao ¢ desnivel de 50,00m. Estudos hidrolégicos do curso d’gua, abrangendo um periodo de 20 anos. indicam, para 0 Sho mais seco, a vazdo minima de 14,0m:/s, a meédia de 99,0m?/s e a maxima de 340,0m2/s. No local escolhido para a tomada d'égua os niveis d’égua, nas ocasides de vazao iuinima e maxima, foram 858,00m e 863,70m e, no local de devolugdo da agua ao rio, de 807,80m e 813,30m, respectivamente. No local da tomada d'agua o talvegue esta na cota 855,18m. ‘Sao dados: 1. Planta do trecho do rio a ser aproveitado, com curvas de nivel espacadas de 5,00m, na escala 1:20090, na qual esta indicado 0 arranjo geral do aproveitamento (Fig. 1). 2. Perfil esquematico do aproveitamento (Fig, 2). 3. Demanda de energia no décimo ano da previsio. 25,7 x 105 kWh 4, Fator de carga f= 0,50 3. Fator de reserva f= 1,20 6. Extensso da corredeira 3500,00m 7. Altura topografica da queda 48,0m 8. Vazdo minima 12,0m?/s 9. Vazdo média 96,0m%/s 10. Cota do NA. no local previsto para a tomada d’agua: com vazéo minima 856,00m. com vaz4o maxima 861,70m. 11, Tirantes d’agua no Jocal escolhido para a tomada d’sgua: com vazao minima 0,82m com vazdo maxima 6,52m 12. Cota do NA. no local previsto para a devolugao da agua ao rio: com vazdo minima 807,50m com vazao maxima 812,30m Pede-se: 1- 0 tipo de aproveitamento. 2+ Arranjo geral do aproveitamento. 3+ Vaabes de projeto. 4- Dimensionamento das diversas estruturas hidrdulicas componentes. 5- As poténcias, média, maxima ¢ instalada, do aproveitamento. 6- Os rendimentos, hidréulico e total, do aproveitamento. Solugéo: 1- Determinacao do tipo de aproveitamento Conhecida a demanda de energia do mercado em um ano, é possivel determinar a poténcia média que deve ter o aproveitamento. A poténcia média em kW sera obtida dividindo-se a energia consumida em um ano pelo numero de horas, ou seja: 25,7x10° = =2940kW (Demanda Média) = D,, 24 x 365 A poténcia natural de um curso d’agua, em um estiréo, € diretamente proporcional a0 produto da vazo pela altura bruta de queda. Altura bruta de queda é o desnivel entre o nivel d’égua no local da tomada d’égua € o nivel d’agua no local da devolucéo ao curso d'agua. Sendo Pn a poténcia natural do curso d’égua, Q a vazio em m/s, e Hb a altura bruta da queda, em metros, teremos. P,=1Q x Hp (kilogrametros/s) A poténcia nos bornes dos alternadores sera igual @ poténcia natural multiplicada pelo produto do rendimento hidréulico do sistema pelo rendimento mecanico-elétrico do conjunto turbina-alternador. P=yQ x Hy x 1, em kilogrametros/s sendo n o rendimento total. PeyQx Hyxn ou TREN 75 ou P=9,81 QHyn em kW em cavalos vapor. = nw. Mew Admitindo o rendimento r = 0,75, teremos a formula pratica, em primeira aproximagéo para determinar a poténcia de uma queda d’agua: 12%) .075=100H, cavalos vapor ‘ou 7,35 QH, em kW Aplicando esta formula podemos determinar a poténcia que o rio pode fornecer com a vazio minima em primeira aproximagao: Pain = 10 x 12 x 48 = 5760 CV ’ que convertida em kilowatts: Pain = 5760 x 0.735 = 4240 kW (Poténcia minima). Comparando essa poténcia com a poténcia média que o centro consumidor necesita, de 2940 kw, verifica-se que € maior; portanto 0 aproveitamento pode ser praticamente a fio- d’agua. A poténcia que calculamos, de 2940 kw, é a poténcia constante - durante todo o ano que corresponde a mesma energia anual que 0 centro consumiu a partir da variacéo de demanda que se dé continuamente durante o dia; essa poténcia constante é designada por Demanda Média. O rio pode atender a demanda média sem necessitar de regularizagao de vaz8o, pois Pain > Dn. A demanda de energia do centro consumidor é variével durante o dia, Ha ocasides em que a demanda ¢ inferior a demanda média ¢ outras em que é superior. O aproveitamento de energia deve ser projetado de tal modo que possa atender aos momentos em que se da o maximo de demanda, isto é, A ponta de carga, Nestas ocasiées a poténcia a ser fornecida atinge o maior valor: é a Poténcia Maxima. A diferenca entre a poténcia maxima e a poténcia média depende do tipo de consumidor. Sendo os consumidores predominantemente residenciais, a diferenca é grande, pois durante o dia 0 consumo é muito pequeno ¢ ao cair da noite atinge o ponto maximo com todas as residéncias iluninadas e as ruas também. Noc centros precominante industriais a diferenca € muito menor, pois durante o dia as fabricas esto trabalhando e nestas horas 0 consumo € muito maior do que no outro caso. Nos centros residenciais o fator de carga, que é relagdo entre a poténcia média ¢ a maxima, ¢ pequenio, em torno de 0,30. Quanto mais predominam as industrias mais o fator de carga se aproxima de 1. No nosso caso foi fixado em 0,50. P média Spams 7 050 P maxima ‘c Foi calculado que a poténcia média correspondente 4 demanda de energia seria: Pa = 2.940 kW; logo a poténcia maxima seria: = 5880kW (correspondedemanda maxima) A poténcia que o rio pode fornecer com a vazéo minima ¢: Pain = 4240 kWe P max Portanto, o rio ndo atende as ocasides de ponta de carga. & necessério uma acumulagao disria (pondage), que pode ser realizada na camara de carga, como veremos adiante. it to hi do a3 ut) Estudando a planta do rio, verifica-se que a montante da corredeira hé uma curva e um estirdo com menor declividade; é um local bom para construir a tomada d'agua (ponto 1 da Fig. 1). Logo apés, no ponto 10, se situard a barragem. A jusante © rio apresenta uma declividade mais suave; é um local adequado para a devolucao das aguas turbinadas. A usina pode ser locada no ponto 6, sendo ligada ao rio pelo canal de fuga 7 € pelo canal de restituicdo 9. Acima da curva de nivel 855,00m o terreno ¢ mais piano, o que permitira a aducdo em conduto livre 3, no final da qual sera construida a cAmara de carga, que também funcionara como reservatério de regularizacdo didria, no local indicado com o ntimero 4. Entre a camara de carga e a usina no ponto 5, esto os condutos forcados, que ligam a camara de carga as turbinas, na usina. A fig. 2 apresenta o perfil esquematico do aproveitamento. 3- Vagbes de projeto ‘A vazio maxima necesséria para atender ao momento de demanda maxima, que sera a vazo do projeto dos condutos forados, é: Pru. como Py = 5880 x 136 10H, 000CV (pois ICV =0,735kw ¢ 1kW=1,36CV) maior que vazdo minima do rio (12,00m%/). Havendo possibilidade de acumulagao diéria na camara de carga, para atender as pontas de descarga, a adugdo pode ser calculada para a poténcia média, que corresponde a vazdo de: 4000 nes =832 m’/s. 10x 48 Obs : Pass = f.Paur =0,50 Pay, = 0,50 x 8000 = 4.000CV Para as estruturas a montante da camara de carga, a descarga de projeto é: Ques = 8,32 m/s; para as estruturas a jusante da camara de carga é: Qaax = 16,6 m/s Havendo uma variagao de nivel d’agua de 5,70m no local escolhido para a construgio da tomada d'agua, sera necessério projetar uma estrutura transversal so curso d’agua, que garanta maior permanéncia de niveis durante o ano, Para esse efeito deve ser projetada uma barragem mével, a jusante da tomada, formada por pilares, comportas e soleira, que Permita 0 escoamento do excesso de agua, isto é da agua a mais da que for desviada para a adugéo. Como esse excesso é varidvel, € necessario que a secedo transversal por onde |

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