You are on page 1of 1

O guardador de rebanhos

Eu nunca guardei rebanhos,


Mas como se os guardasse.
Minha alma como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mo das Estaes
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pr de sol
Para a nossa imaginao,
Quando esfria no fundo da plancie
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza sossego
Porque natural e justa
E o que deve estar na alma
Quando j pensa que existe
E as mos colhem flores sem ela dar por isso.
Como um rudo de chocalhos
Para alm da curva da estrada,
Os meus pensamentos so contentes.
S tenho pena de saber que eles so contentes,
Porque, se o no soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
No tenho ambies nem desejos
Ser poeta no uma ambio minha
a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo s vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
s porque sinto o que escrevo ao pr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mo por cima da luz
E corre um silncio pela erva fora.

You might also like