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O livro contém 15 poemas de cordel e mais dois poemas muito conhecidos de Patativa
do Assaré: Cante Lá, que Eu Canto Cá, poema que serviu de titulo para sua mais
conhecida coletânea e A Terra é natura, poema em que defende a idéia de que a terra
deveria ser repartida para todos, ou seja, a reforma agrária.
A literatura de cordel é assim chamada pela forma como eram vendidos estes poemas
em folhetos, pendurados em cordões nas feiras e praças nas cidades de interior do
nordeste brasileiro. A tradição dessas publicações populares, geralmente em versos,
vem da Europa.
O poeta de cordel usa sempre estrofes de versos regulares e os esquemas de rimas fios.
É comum que usem a redondilha ou versos decassílabos.
O cordel funcionou por bastante tempo, nas pequenas cidades, como uma espécie de
imprensa popular. Nos folhetos narrativos apareciam sempre historias dos
acontecimentos mais recentes, bem como a historia as historias locais dos
acontecimentos familiares, escândalos, misturados a velhos mitos do sertão e lendas que
se formavam. Muitos personagens históricos marcantes no nordeste transformaram-se
em cordéis clássicos, como Lampião, padre Cícero e Raquel de Queiroz.
Também é pelo cordel que o sertanejo faz o gracejo, brincando com uma historia
popular ou um personagem caricato. Ainda hoje o cordel segue também estes modelos
narrativos, inventando, porém, novas possibilidades.
No poema “A Triste Partida” narra, em quadros de dramático sofrimento, a migração de
uma família sertaneja para São Paulo; a dor de deixar tudo para trás, a esperança de
voltar ao sertão. O comovente quadro lembra imediatamente outros dos romances da
seca dos anos trinta, como a família do Chico Bento, em O Quinze, de Rachel de
Queiroz. O poema contém, ao todo, dezenove estrofes regulares (octetos) em métrica de
redondilha menor, ou seja, cinco sílabas poéticas.
Observem também à interlocução, quando o poeta escreve – Veja meu caro leitor, a
maldade que é – numa atitude de aproximação do leitor, aproximando-o da postura do
cantador, que sempre “conversa” com a platéia ouvinte, tentando convence-la de uma
idéia.
é desgraçado o carneiro
(...)
Daí em diante a historia se reverte e João dá uma surra na mulher e depois na sogra com
tal violência, que ambas fogem correndo. Ele, por afirmar ainda mais a autoridade, vai
atrás das e manda que voltem para lhe preparar à refeição, pois estava com fome. Então
João pega gosto pela fama de valente e passa a brigar por esporte em toda oportunidade.
no grupo de lampião
Nesse poema, “O Meu livro”, o eu-lírico se denomina Chico Braúna, poeta iletrado que
demonstra que sabedoria e conhecimento são diferentes. Ele comenta, ao longo do
poema, que a natureza lhe ensina muitas coisas que o homem, às vezes, envaidecido
pelos conhecimentos que tem ou, distraído pelas distrações da modernidade, não
percebe.