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Verticalização de Geradores Hidrelétricos

• Objetivos

Este trabalho foi realizado para ser apresentado na Semana da


Mecânica organizada pela E.T.E “Ilha Solteira”, no período de 29/11/2000
à 01/12/2000, tendo o intuito de apresentar de modo sucinto alguns
fundamentos e procedimentos básicos para verticalização de eixos de
máquinas.

Os exemplos citados referem-se a geradores hidrelétricos


verticais, mas os mesmos procedimentos podem ser utilizados para outros
equipamentos, desde que não haja fatores físicos ou estruturais que
impeçam a instalação do equipamento de medição.

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Verticalização de Geradores Hidrelétricos

1 – Aplicação

A finalidade da verticalização do eixo de um gerador


hidrelétrico é diminuir os esforços radiais nos mancais e assegurar o
mínimo de deslocamento deste eixo quando em rotação (isso sem
considerar a influencia do campo eletromagnético). Estas condições levam
a outros benefícios, como por exemplo, o aumento da vida útil das partes
deslizantes (patins e espelho do mancal).

Acoplamento
para o Rotor

Mancal de Guia
Superior
Eixo

Mancal de Guia
Inferior
Turbina

2 - Definição

Entende-se por verticalização a operação de ajuste da posição


de um eixo perpendicularmente ao plano terrestre, atingindo assim a
condição de maior estabilidade do mesmo.

Verticalidade é a condição, ou o quanto algo esteja na posição


vertical, e é indicada em mm/m (milímetros por metro).

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3 – Equipamentos e Dispositivos Necessários

Independente do método de medição escolhido, é necessário o


uso de um pêndulo preso a um fio, fixado na parte superior do eixo, como
na figura abaixo:

Pêndulo

Reservatório
de óleo

Com o intuito de estabilizar o pêndulo, este fica imerso em


óleo, e para isso é fixado um reservatório de óleo junto ao eixo.

Ω]),
Micrômetro tubular, ohmímetro (medidor de resistência [Ω
sensores de proximidade (proxímetros) são outros equipamentos
necessários para a medição que variam conforme o método escolhido e
serão apresentados nos capítulos posteriores.

Como veremos a seguir, é importante observar as limitações e


vantagens de cada método de acordo com os resultados pretendidos.

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4 – Métodos de Medição

Podemos determinar a verticalidade estática ou


dinamicamente, sendo que na primeira forma não é necessário o giro do
eixo, porém este método é menos preciso, uma vez que é influenciado pela
geometria do eixo. Além disso, neste método a medida lida é em relação à
superfície do eixo, e não ao eixo de simetria do conjunto. Irregularidades
dimensionais e de acabamento superficial do eixo são fatores determinantes
da precisão da medição.

Já no método dinâmico, utiliza-se apenas um pêndulo e toma-


se a medida através de um único proxímetro. Este método é muito mais
preciso que o anterior, tendo apenas a resolução do equipamento de
medição e a altura do pêndulo como fatores limitadores da precisão.

4.1.0 – Método estático.

Como já foi mencionado, consiste em efetuar a medição sem a


necessidade da movimentação do eixo.

Posições do
Micrômetro d

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Utilizando-se dois pêndulos fixados a 90° entre si, efetuam-se


as medições nas duas extremidades de cada fio, com o mesmo micrômetro,
que preferencialmente deve estar fixado em uma base magnética (base para
comparador), o que garante uma melhor repetitibilidade na medição. O fio
de sustentação deve ser condutor elétrico.

4.1.1 – Medição

Com o micrômetro fixado na superfície do eixo e ligado a um


dos terminais de um ohmímetro com mostrador analógico, aproxima-se a
haste do micrômetro ao fio de sustentação do pêndulo, que deve estar
ligado ao outro terminal do ohmímetro. Desta forma, enquanto a haste do
micrômetro não tocar o fio, lemos resistência infinita no ohmímetro.
Quando a haste toca o fio, o ohmímetro indica baixa resistência (ou mesmo
resistência zero). Sendo assim, realiza-se a leitura diretamente na escala do
micrômetro. O micrômetro é retirado e o procedimento é repetido no ponto
de medição subsequente.

Neste processo, o alinhamento é obtido quando encontrarmos


igualdade de medidas nos dois pontos de cada um dos pêndulos.

4.2.0 – Método Dinâmico

Neste método somente um pêndulo é necessário, porém o eixo


deve ser girado para que seja possível realizar a leitura do deslocamento do
pêndulo nas posições 0°, 90°, 180° e 270°.

270° 90°

180°

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4.2.1 – Medição com Micrômetro

Pode-se efetuar a medição com micrômetro, da mesma


maneira como no método estático, porém em um único ponto, próximo ao
pêndulo. Desta forma, poderemos estabelecer o deslocamento por metro
apenas dividindo a diferença entre as medidas obtidas nos pontos 0° e 180°,
pela distância do micrômetro ao ponto de fixação do fio. Da mesma forma
determina-se o deslocamento na direção 90° - 270°.

Posição do
Micrômetro

Ex: Considerando d = 1,5 m e sendo os valores lidos no


micrômetro conforme a tabela abaixo:

Posição 0° 180° 90° 270°


Leitura (mm) 151,15 152,70 149,80 152,10
Diferença (mm) 1,55 2,30

1,55 / 1,5 / 2 = 0,515 mm/m 2,30 / 1,5 / 2 = 0,765 mm/m

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Podemos notar que nas posições 180° e 270° houve um


afastamento do fio em relação a haste do micrômetro, indicando então que
a parte superior do eixo está inclinada no sentido dessas posições.

Temos então que a parte superior do eixo está inclinada entre


as posições 180° e 270°, na razão de 0,515 mm/m e 0,765 mm/m
respectivamente.

Considerando o deslocamento para cada direção como sendo


coordenadas cartesianas (x,y), podemos transforma-las em coordenadas
polares, obtendo assim a resultante e o ângulo exato do deslocamento:


θ

Onde:
0,765 mm
270° 90° tan (θ) = 0,515 / 0,765 = 0,6732

0,515 mm => θ = 33° 56´


R

e a resultante R

180°
R = (0,515) 2 + (0,765) 2

=> R = 0,922 mm

Finalmente obtemos o valor da inclinação, 0,922 mm/m a 236°.


A parte superior do eixo estaria deslocada de acordo com a figura abaixo:

270° 90°

180°

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4.2.2 – Medição com Proxímetro

Proxímetro é um tipo de transdutor que fornece uma variação


de tensão proporcional à sua distância de um anteparo. Por ser um sensor
indutivo, o anteparo deve obrigatoriamente apresentar relutância magnética
para poder interferir no campo eletromagnético gerado na extremidade do
transdutor.

Existem várias configurações para esses tipos de transdutores,


sendo que os mais comuns apresentam uma relação de 10 Vcc/mm
e 8 Vcc/mm.

Sensor
Fonte de Condicionador
Alimentação de sinal Anteparo

O diagrama de blocos acima mostra a configuração básica do


sistema de medição. O condicionador de sinais consiste em um circuito
eletrônico que garante a linearidade da variação V/mm, o que facilita a
conversão dos valores lidos no voltímetro.

A montagem do sensor no pêndulo está representada na figura


abaixo:

Sensor
d

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Como vemos, o sensor fica fixo em relação ao eixo (no caso,


apoiado no reservatório de óleo), e tem como anteparo o próprio pêndulo.
A distância d é a medida entre o ponto de fixação do fio e o centro do
sensor.

Devemos então girar o eixo e registrar as leituras em Volts nos


pontos 0°, 90°, 180° e 270°, montando a tabela. Por exemplo:

Posição 0° 180° 90° 270°


Leitura (V) 12,15 11,20 12,15 11,10

Considerando que o sensor utilizado possua a relação de 8


V/mm, uma faixa útil de medição de 0,5 à 2,5 mm, uma precisão de 0,002
mm e a altura do pêndulo seja 1,55 m, temos:

Posição 0° 180° 90° 270°


Leitura (V) 12,15 11,20 12,14 11,10
Equivalência em mm 1,518 1,4 1,517 1,387
Diferença em mm 0,118 0,13
Inclinação (mm/m) 0,076 0,083
0,038 0,041

sendo que para obter a equivalência em mm basta dividir o


valor da leitura em V pela relação do sensor (no caso, 8), e dividindo este
resultado pela altura do pêndulo (1,55) teremos o valor da inclinação
(mm/m).

Observando que neste caso a leitura em Volts é diretamente


proporcional à distância entre o anteparo e o sensor, teremos a resultante e
o ângulo da seguinte maneira:
Onde:

tan (θ) = 0,038 / 0,041 =
= 0,926
R
0,038 mm θ => θ = 42° 50´

270° 90° e a resultante R


0,041 mm

R = (0,038) 2 + (0,041) 2

180°
=> R = 0,056 mm

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Teremos então uma inclinação numa razão de 0,056 mm/m a


42°. Devemos atentar para a correta relação V/mm do transdutor e
principalmente para o sistema de referência adotado e a posição do
instrumento de medição em relação ao pêndulo.

Uma vez determinada a inclinação, podemos facilmente


corrigir a posição do eixo, desde que o sistema de mancais ou sua estrutura
permita. No exemplo acima, se quisermos determinar a medida de correção
da verticalidade, admitindo que a distância entre os mancais de guia seja de
4,15 m, por exemplo, basta multiplicarmos a razão de inclinação pela
distância entre mancais, no caso 0,232 mm. Isto quer dizer que deveremos
deslocar 0,232 mm no sentido 222° (o que corresponde a 42° + 180°)pelo
mancal superior do eixo. Desejando fazer a correção pelo mancal inferior,
desloca-se 0,232 mm no sentido 42°.

5 – Conclusão

Este último processo é o mais preciso, devendo ser a primeira


opção quando for necessária a medição de verticalidade. Os outros
processos citados apresentam algumas limitações na qualidade da medição.

Elaboração: Téc. Alessandro Theodoro Cassoli

Revisão : Téc. Marcelo Bine Moni

Ilha Solteira – SP, 28 de Novembro de 2000

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