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Um protesto? Uma afirmao?

Na arena, qual tela, numa contenda entre a esptula e o pincel pela contnua
justaposio de matizes, Taveira da Cruz, mima-nos com a sua cor e com a sua experincia da
realidade.
O artista foge ao idealismo enquanto repudia o simbolismo, numa espcie de protesto
ao subjetivismo que caracteriza grande parte do espao da arte contempornea, assumindo
cumplicidade com o ido movimento naturalista da transio do sculo XIX para o XX, com um
revivalismo conservador.
Se bem analisadas, as pinturas expostas, demonstram que esta ressurgncia no
denota todavia sinais de fundamentalismo, nem pretende apoiar-se numa argumentao
assente na decadncia do presente. Mostram, isso sim, um trabalho que se adivinha alicerado
em vrios tipos de herana, de correntes havidas desde aquele movimento, iniciado pelo
eminente escritor francs mile Zola, mas que encontrou traduo nas artes fidalgas.
Na verdade, o ttulo da exposio visa mais prestar homenagem ao naturalismo do que
propriamente traduzir uma identificao plena da pintura exposta com os quadros dos
naturalistas, j que no aparente paisagismo lhes falta o realismo (caracterstica daquele
movimento literrio e artstico). Pois bem, precisamente nesta ausncia que Taveira da Cruz
se revela na sua pintura singular, pois empresta s suas imagens uma textura cromtica, que
sendo acesa no pormenor se atenua na harmonia do conjunto, permitindo-nos ler a forma
como os seus olhos fotografam a natureza.
No se trata portanto, de um paisagista naturalista nem impressionista, pois ao invs
da indagao do real e da luz, incute um cunho pessoal natureza que pinta.
Vejo-a como uma exposio dissemelhante, no como um protesto ao expressionismo,
mas como uma afirmao individualista onde se notam apontamentos de progressividade
perante estilos herdados do passado da arte.
Convido-vos a desfrutar no sbado 25 de outubro a partir das 16 horas (com a
presena do saxofonista Lourenzo).

Afonso Pinho Ferreira

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