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CENTRO DE FORMAÇÃO DA CASA DO

PROFESSOR
BRAGA
Ano lectivo 2009/2010

ACÇÃO DE FORMAÇÃO

“ Ler e Escrever na Era 2.0: Contributos das


Ferramentas digitais”

Formadores: Ádila Faria e Paulo Faria


Formanda: Maria José Morais Silva
Calendarização: 8 sessões (9/11/2009 a 11/01/2010)
INTRODUÇÃO

A aprendizagem é um processo de descoberta em que cada um de nós deverá ser o


seu próprio descobridor, coisa que os outros não poderão fazer por nós.

Foi partindo deste princípio, no qual alicerço toda a minha actividade docente, que,
mais uma vez, procurei formação e me inscrevi na acção em destaque, da qual tomei
conhecimento real através de um amigo. Na verdade, longe de saber da sua
existência na Casa do Professor, o nome dos formadores e a sua dinâmica em
comunidades/redes sociais ligadas à Web 2.0 já me eram familiares. Foi durante um
período áureo da minha vida pessoal (licença de maternidade) que, da
janela/computador com vista para o mundo, descobri um sítio - mi-lp.net - que me
cativou pela quantidade e qualidade de projectos no âmbito da Língua portuguesa.

Nessa altura, entrei em todas as viagens que me eram proporcionadas, absorvendo e


anotando tudo o que podia… Na descrição das actividades, dinamizadas pelos vários
membros, as ferramentas/recursos apontados, as competências digitais evidenciadas
e as competências multidisciplinares subjacentes espicaçavam a minha vontade de
conhecer e de saber. Todavia, pensava sempre que o ideal seria uma formação
concreta nesta área que tanto me aliciava e, no meu caso, ainda numa fase tão
embrionária, digo até de iliteracia informacional.

Nesta perspectiva, esta oficina de formação foi uma benesse e, com certeza, que as
lacunas sentidas na minha formação profissional e na minha prática, ao nível da
produção de conteúdos, concepção de estratégias de dinamização na aula e práticas
metodológicas, se hão-de desvanecer paulatinamente. Esta demanda inicial já me
abriu caminhos e horizontes que procurarei explicitar de seguida, tendo o cuidado de
refrear o entusiasmo advindo desta experiência única, não só devido à sua natureza,
mas também às suas implicações/consequências: criação e aplicação no terreno do
PILP (Plano Interactivo de Língua Portuguesa) no âmbito da leccionação da disciplina a
alunos de 7º ano da Escola Básica Integrada Arnoso Santa Maria .

Desta feita, estruturarei esta exposição, com base numa visão e vivência da
professora-aprendiz (auto-denominação intemporal e nem sempre entendida, nesta
actividade que desempenho). Assim, de forma tripartida, atendendo ao(s) local(ais)
onde experimentei e experienciei todo o processo, surgirá a dinâmica implícita e
explicita relativa à formação, bem como uma metalinguagem do domínio
digital/tecnológico, metodologias e actividades/trabalhos. Enfim, os elementos
constituintes do processo começado na Casa do Professor a 9 de Novembro e aí
finalizado a 11 de Janeiro, para ser prosseguido na escola onde trabalho, bem como
no meu domicílio.

Finalmente, surgirá a visão/reflexão pessoal dos acontecimentos, que, em jeito de


conclusão, pretende, breviter et simpliciter, tocar e fixar aspectos dominantes, que
podem ser encarados como pontos atingidos ou menos atingidos, bem como fazer
uma avaliação de forma mais explícita, já que em todo o documento emerge a
apreciação/avaliação de aspectos em análise.

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I

(…) A diferenciação pedagógica, o interesse e a motivação, os métodos activos ou os


modelos de aprendizagem centrados no aluno foram inventados para educar melhor
as crianças, todas as crianças, e não para servir de pretexto (e de desculpa) `nossa
incapacidade para as instruirmos.

António Nóvoa, Evidentemente, Porto, ASA, 2005, p. 15

De maneira a estruturar e organizar a exposição, esta irá assentar em 3 pontos de


referência:

1- Situação inicial;
2- Caminhos apontados e seguidos;
3- Ensinamentos.

As palavras-chave, ou, numa linguagem world-wide-web, as tags/ etiquetas hão-de


funcionar como fio de Ariadne, além de refrear e controlar os meus pensamentos e
consequentes registos.

1- Situação inicial…

…Na Casa do Professor


Desejo de aprender e colmatar uma lacuna pessoal numa sociedade de informação em
que há uma reconhecida e comprovada influência tecnológica a que a educação não
pode ficar indiferente.

Não foram, pois, os créditos o valor que mais alto se “alevantou”, nem é pelo número
que me rejo, “nada do que é humano me é indiferente”, mas sim um saber fazer, uma
experiência vivida para ser partilhada. Este investimento pessoal/profissional
enquadra-se no reconhecimento dos contributos das ferramentas digitais numa escola
de competências, afastando passadas atitudes de resistência, de renitência, ansiedade

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e até cepticismo (Teresa Almeida d’Eça, “Integrar ou não as novas tecnologias, eis a
questão!”).

Expectativa na concretização de um objectivo bem definido: prática docente assente


em materiais e técnicas da Era 2.0 para facilitar aprendizagens e para as tornar
significativas.

… Na escola
Existência de uma realidade – desenvolvimento das competências essencias: Ler e
Escrever – que a professora pode e deve patrocinar e desenvolver em ambiente
educacional, já que todas as salas de aula assim o possibilitam.

Criação de dinâmicas concretas, localizadas e participadas, num contexto de


escolarização de massas (acesso da educação a todos e de sucesso para todos) em
que se procura ir ao encontro e dar resposta a necessidades específicas e
aprendizagens sui generis como o caso do Ruben Rodrigues (aluno/doente oncológico
com Plano de Estudos Individual) , bem como a dificuldade em motivar alunos em
início de ciclo (7º ano), que insistem em manter, na generalidade, pouca motivação e
empenho na sua aprendizagem. Daí ter recorrido à maior aplicação da Web 2.0: o
blogue. Este lançaria/desenharia as “coordenadas” para um projecto comum e
estratégico, no âmbito de uma nova prática curricular, na superação de dificuldades
nos domínios da leitura e da escrita, intitulado PILP - Plano Interactivo de Língua
Portuguesa.

Este Plano explicitado e contextualizado no primeiro texto aí arquivado, longe do


arquivo morto, apela à interactividade, à partilha e à autoria, durante os três anos do
3º Ciclo. Daí que se tenha apresentado aos alunos este ambiente virtual de
aprendizagem interactiva como o passaporte/blogue pessoal de acesso gratuito para
uma viagem que todos, sem excepção, conseguem fazer, com empenho e trabalho,
em jeito de portefólio digital. Há também o envolvimento na descoberta e conquista,
através de ferramentas e linguagens digitais motivadoras, num saber autêntico,
encarado como uma vivência, com emoção e sentimento, em que os conhecimentos
daí advindos, descobertos por cada aluno individualmente, influenciam o seu
comportamento (visão de Carl Rogers).

… No domicílio
Investimento em horas de intentos e inventos num conjunto de aplicações apontadas
pelos formadores na Casa do professor, em que, como pontos dominantes deste agir
se referem:
- o desfasamento entre tempo cronológico (aparentemente promissor e produtivo,
ainda que exíguo) e psicológico (rápido devido à intensidade, ao significado dos
momentos de aprendizagem significativa);
- a aplicação de conhecimentos, a inscrição em determinadas aplicações, as
tentativas e os erros;
- o entusiasmo e a vontade de tudo experimentar e experiênciar, o que se tornava,
algumas vezes, incompatível com as solicitações pessoais.

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2 - Caminhos apontados e seguidos…

…Na Casa do Professor


Plataforma de Aprendizagem NING (lerescreverweb)
Criada pelos formadores, foi o primeiro compromisso assumido no domínio da Web
2.0, onde as palavras de ordem para todos os envolvidos eram e são interactividade;
intercâmbio; internautas/formadores e formandos; inteligência colectiva...

Ponto de partida, de encontro, de arquivo (trabalhos dos elementos registados e


referências bibliográficas adjuvantes) e porto de abrigo nesta odisseia em que o
prefixo inter é elo de ligação e chave de acesso e sucesso para os cibernautas
implicados que sinalizam a sua presença em página própria, nas mensagens de
divulgação, reflexão, cooperação e de salvação trocadas, postadas e nos links dos
seus blogues.

Destaco, ainda, a apresentação personalizada proposta pelos formadores no início da


acção; as suas oportunas exposições/explicações, além dos desafios propostos que
marcaram a atenção e cuidado pessoal dos dois timoneiros numa prática em que a
diversidade de suportes digitais era , à partida, sedutora e ,à chegada, confirmada.

Web 2.0
Mosaico de aplicações da 2ª geração Web; sociedade da comunicação, mas também
sociedade-espectáculo.

Polivalência das ferramentas/instrumentos a usar para fins bem delineados e sempre


(re)ajustados à meta pretendida e que tem vindo a ser referenciada. Este manancial
de recursos desafiava formandos para sessões presenciais de trabalho autónomo e
conjunto, mas era nas sessões não presenciais (escola e domicílio) que era explorado,
surgindo, por consequência as vitórias e os entraves, as dúvidas e os pedidos de
auxílio que os verbos postar e comentar transmitiam online.

Neste repositorium, saliento, desde já, o blogue criado, à luz do portefólio digital
realizado pelo formador e seus alunos e intitulado Língua Portuguesa -Projecto de
Intervenção no domínio da Língua Portuguesa dos alunos da Escola Básica Integrada
de Vila Cova – Barcelos. Surge como estratégia promotora de competências da Língua
Portuguesa e competências digitais que como uma bússola orienta quer a mim como
formanda/professora, quer os seus alunos de 7º ano.

Neste domínio, antecipando a última parte desta exposição-reflexão, atrever-me-ia a


dizer que os conteúdos e metodologias evidenciados nas vinte e cinco horas de
formação presenciais, devidamente guardadas na Plataforma de Aprendizagem Ning,
se enquadram numa óptica de non multa, sed multum. Ainda que esta afirmação
pareça algo contraditória, atendendo à infinitude e amplitude dos novos artefactos a
que nos deram acesso, considero que deve ser interpretada metaforicamente, numa
linguagem de Web 2.0, como um link, ou melhor, hipertexto que nos leva às
inumeráveis horas de cuidados dos formandos quer na escola, quer em casa, sempre
filiados à base de trabalho – plataforma de aprendizagem – e seus formadores
inovadores.

Parafraseando o poeta, numa viagem, aventura, “o que importa é partir…” , há que


ousar e, depois, só no usar, neste caso, é que se vai construindo, isto é, vai-se
aprender a aprender. É aqui que queremos chegar…

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Metalinguagem
Tags; hiperligação/link, URL; HTML; redimensionar imagem; full; feed; e-book; share,
embed; post, avatar… eis algumas das palavras que, ao longo das oito sessões
presenciais, deixaram de ser estranhas para mim e fazem parte, agora, da minha
bagagem para poder seguir, nesta viagem, mais auto-confiante e autónoma.

… Na escola

PILP – Blogue-mãe
(http://lerescrevernet.blogspot.com/)

Projecto numa fase iniciática, que aguarda a inscrição/blogue de todos os 44 alunos de


Língua Portuguesa do 7º ano para que se concretize na plenitude a almejada e
registada interactividade.

Até ao momento da conclusão da Oficina de Formação, encontram-se 5 propostas de


trabalho. Nelas, o recurso a YouTube; Tikatok, Slidehare, Bubblesnaps, Bubll.us,
marca o início de um projecto que ansiava há muito e acredito ser frutífero. Considero
este todo, que “é mais que a soma das partes”, como resultado do “contributo das
ferramentas digitais” apresentadas com cariz orientador, fundamentação teórico-
prática e profissionalismo.
No caso dos alunos, julgo que para além das competências essenciais de Língua
Portuguesa, também podemos falar de competências multidisciplinares, transversais e
sociais, que constam do Projecto Curricular de Turma.

Pode dizer-se que o mês de Janeiro marcará a operacionalização de desafios propostos


de acordo com a planificação da disciplina e com as dificuldades diagnosticadas até ao
momento, o que se concretizará quer nas aulas de Língua Portuguesa, quer nas de
Apoio pedagógico Acrescido e também de Estudo Acompanhado. Na leccionação,
recorrer-se-á, nas primeiras aulas do segundo período, à última actividade aí proposta
que funcionará como ponto de orientação docente, mas acima de tudo como chamada
de atenção, motivação e familiarização dos alunos com esta nova estratégia de
dinamização que considero no âmbito de uma pedagogia diferenciada e vem ao
encontro dos 28 Planos de Recuperação resultantes da avaliação do primeiro período.
A diversidade de caminhos, apontados pela professora aos vários alunos, tem como
finalidade a escolha por parte de cada um deles e respectivo envolvimento, no sentido
de alcançar objectivos bem definidos. A implicação dos mesmos neste projecto, “in
vivo” e não in vitro, fazem deles os principais aliados e dinamizadores e determinam a
evolução deste processo.

Na planificação de etapas, considerei três, de acordo com os anos de escolaridade do


3º ciclo. Desta feita, no 7º ano, aparecem como metas: criação do blogue por parte de
cada aluno e aprendizagem dos modos de o “manter vivo”; uso, em algumas aulas,
para incentivar à prática, para guiar o estudo e para desenvolver a autonomia e
criatividade. Nesta fase de iniciação, em termos de ferramentas, opto pelo Bubbl.us,
para aulas de Oficina de escrita e para prática de modelos de escrita como o resumo,
enquanto o VoiceThread, Toondoo, Tikatok e /ou Issuu serão utilizados nas
biobibliografias e antologia poética (3º período). Posteriormente, nas planificações dos
anos vindouros, o PILP constará das mesmas e será suporte e rampa de lançamento
de algumas viagens do saber, do saber-fazer e, também, do ser, dando suporte a uma
nova prática curricular.

A existência da hiperligação deste blogue no blogue da Biblioteca da escola, numa


óptica de mini-globalização, para já, almeja, a médio e longo prazo, cativar alunos da

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escola e professores. Dai o investimento meios/recursos cativantes, sendo a escrita
colaborativa e os fóruns de leitura actividades a propor.

Arquivos e Materiais de leccionação


Calaméo; Vuvox; Slideshare; Google docs; Photobuchet

A enumeração que a seguir se explana apresenta o material que me auxilia na


leccionação, o que reduziu a quantidade de papéis e afins acarretados na pasta, e
ainda resolveu alguns esquecimentos, pois com um simples clique acedo aos recursos
que pretendo para a aula.

Calaméo - Arquivo de 2 peças de teatro, uma correspondente ao 1º período “Nuno


escapa á Gipe A” e a outra, “A Loucura e O Amor”, a representar dia 14 de Fevereiro.
Todos os documentos inerentes à disciplina de Teatro, a partir de Janeiro de 2010,
terão este suporte digital, sendo enviados para o e-mail de cada um dos alunos. Nesta
disciplina, evitar-se-ão as fotocópias.

Vuvox – Arquivo de imagens, nomeadamente, as advindas das representações


teatrais. Trabalho que ainda não está feito, apontando-se o final do ano como data
provável de arquivo. Todavia, no blogue da biblioteca da escola já existem algumas.

Slideshare – Arquivo de documentos e todos os PowerPoints que tinha como recursos


didácticos, relacionados com conteúdos de Língua Portuguesa, Formação cívica e
Estudo Acompanhado, bem como trabalhos de alunos que são exemplificativos de
determinadas práticas e temáticas relacionadas com a disciplina .

Googledocs – Todos os registos inerentes ao plano individual de estudos do aluno


Ruben Rodrigues, 7º C. Todo o Conselho de Turma, desta forma, terá acesso aos
mesmos, não havendo necessidade da Directora de Turma, que sou eu, os enviar para
os e-mails de cada um dos professores que o constituem.

Photobuchet – A criação de um postal de Natal, juntamente com o aluno Ruben


Rodrigues, internado no IPO, direccionado ao Plantel do FCP, já que, por pedido da
Directora de Turma, ofereceram ao dito aluno, adepto incondicional e incontestável,
uma camisola assinada por todos os jogadores.
Este recurso vem também abrir portas ao dito aluno que, quando está em contacto
com a sala de aula, o faz via Skype.

… No domicílio
Tikatoc – A prenda de Natal dos meus sobrinhos, com idades compreendidas entre os
5 e 10, foi a descoberta/divulgação desta aplicação. Entusiasmados e com a apreensão
rápida de todo o processo de confecção, começaram a fazer um e-book aproveitando
desenhos que já tinham feito e dando largas à criatividade e imaginação na história
escrita.

Photobuchet – Os postais de Natal enviados este ano foram todos digitais, tendo
utilizado este suporte magnífico e a explorar, posteriormente, no domínio do arquivo e
efeitos de fotografias da família e amigos, quando a disponibilidade para estes fins
aumentar.

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Passo a enumerar elementos constituintes desta aventura de ler e escrever numa
geração web: a leitura de alguns textos do Manual de Ferramentas da Web 2.0
para Professores que se encontra na Plataforma de Aprendizagem Ning; as dúvidas
resultantes das iniciativas e tentativas de inscrição e exploração de aplicações
constantes no quadro de recursos Web 2.0 e a passagem inexorável do tempo,
aquando da navegação cibernauta, em paralelo com disponibilidade limitada por
circunstâncias pessoais.

3- Ensinamentos…

…Na Casa do Professor

Qualidade e diversidade dos materiais didácticos colocados ao dispor, destacando a


dimensão pragmática.
Disponibilidade e prontidão dos formadores, bússola orientadora imprescindível numa
dinâmica em que o modus faciendi é factor dominante.
Esclarecimento de conceitos e partilha de inseguranças e (des)crenças, considerados
contributos humanos para ferramentas digitais.
Aceitação do(s) desafio(s), com alguns tremores e temores, mas, sem dúvida, com
muito entusiasmo pessoal, já que iria de encontro a expectativas criadas, além da
convicção de que com os formadores em questão e com os colegas de formação a
partilha, as dúvidas e a vontade seriam ingredientes na concretização de uma
necessidade/desejo.

… Na escola
Incentivo para o trabalho com metodologia de projecto, com sistematicidade,
coordenando actividades, procurando, através do PILP, demonstrar que os meios não
valem por si sós, mas pelos fins a que dão acesso.

As novas tecnologias são instrumento cognitivo que está a condicionar a educação,


mas o seu valor depende de quem dirige esse instrumento pedagógico e cognitivo.

Nesta sociedade da velocidade, da rapidez e da informação, TIC é a sigla do momento


em não tenho dúvidas que vem ajudar e melhorar a educação, já que potencia a
aventura de aprender. Porém, nunca esqueço que é a educação a que transforma a
informação em conhecimento. Nesta linha de pensamento, posso afirmar que, através
destes “contributos: ferramentas digitais”, o paradigma da educação é um paradigma
pessoal, já que a aprendizagem centra-se no aluno e só assim é que há construção,
isto é, aprendizagem significativa.

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II

“Não ensines nada, pois ainda tens tudo que aprender.”

Fernando Pessoa

Na formação de professores, julgo que a fundamentação tecnológica e investigadora


torna-se o alicerce para que a acção pedagógica seja eficiente, isto é, elabore práticas
didácticas.

Segundo Bruner, “a educação é um processo de constante invenção” e é nesta linha


que esta oficina se situa, indo ao encontro de uma nova relação com saber e da
reinvenção de currículos. Presto, desde já, tributo a uma acção que foi e será
contributo incontestável na composição de novos e inovadores modelos didácticos
com características de investigação e de pragmatismo numa situação de ensino-
aprendizagem, tal como ficou comprovado ao longo das 8 sessões presenciais através
dos materiais que formadores e formandos iam apresentando. Desta feita, destronam-
se esquemas e acções quotidianas que, com o uso e abuso podem levar à monotonia,
evidenciando a ressonância da inovação, como foi visto, ouvido e sentido, no
entusiasmo, na informação e na ponderação emergentes. Profissionalismo e partilha
de experiências motivadoras e enriquecedoras eram os requisitos e foram,
simultaneamente, expectativas e evidências.

No que concerne à produção de materiais, à dedicação e interesse manifestados ao


longo de toda a implementação deste projecto, no âmbito da sala de aula, sinto que o
balanço é positivo e a receptividade manifestada pelos alunos parece ser um bom
sinal, ainda que algo intermitente da parte de alguns, da boa sementeira que augura
bons frutos. No trabalho presencial, apenas, até ao momento da elaboração desta
reflexão, me falta a apresentação oral do trabalho desenvolvido. Julgo não me ser
adversa, atendendo que tenho como coadjuvantes a profícua e já referenciada
dinâmica (elaboração de materiais, selecção de técnicas e respectiva fundamentação),
além da oportunidade de comunicar com pessoas com as quais partilho afinidades no
domínio do contexto escolar que todos vivenciamos.

Quanto à assiduidade e à participação, pelas evidências, cumpri o meu dever de


assistir a todas as aulas e a minha missão de procurar contribuir sempre da melhor
forma para o diálogo, exposições, reflexões e debate. Penso que agora é momento
certo para, finalmente, responder , de forma indirecta, à questão proposta pelos
formadores no Fórum de discussão da Plataforma de Aprendizagem Ning : Imagina o
mundo sem Internet?. Para a minha resposta muito contribuiu o facto de ter
estado, na fase final do decurso desta acção, uma semana sem Internet. Assim, surge
a resposta: Depois de aceder a este mundo, (re)conhecendo algumas das suas

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características e potencialidades que entram na nossa prática quotidiana, quando esse
acesso é vedado sinto insatisfação, impotência e uma certa nostalgia de um
“paraíso”de informação e diversão perdido. A pergunta dos formadores remete-me
para o mito de Pandora, sendo, neste caso, o mundo aquele que protagoniza a
abertura da caixa, entenda-se, Internet. A partir daqui é irreversível, já não podemos
fechá-la, ou melhor, fazer de conta que não existe, mesmo que nos digam que não lhe
devemos “tocar”.

Quanto ao trabalho não presencial, as energias, o entusiasmo, a criatividade e a


paixão naquilo em que me empenho foram marcos de um ensino-aprenizagem virado
para a descoberta e esperançado numa escola que não se veicule à aprendizagem do
“ autoclismo” – enche a cabeça dos meninos com conteúdos e saberes que não são
mobilizados, mas só servem para despejar no teste de avaliação/ no exame medidor
de sabedoria ( continua a ser o instrumento ditador na avaliação).

Apesar de surgir como acção para áreas específicas é indubitável a sua


transversalidade, comungando, assim, com a matéria com que trabalha: a Língua
Portuguesa na escrita e na leitura.

A flexibilidade e adaptabilidade reveladas pelos formadores em situações pontuais,


bem como dos colegas em geral, foi mais um factor que se adicionou a um ambiente
de trabalho propício à formação total, lembrando a concepção de educação com a qual
me identifico: educação é um processo de humanização, já que se constrói um ser
total, um saber conhecer, um saber julgar, um saber construir conhecimento…

Saliento a pressão resultante de limitações de ordem temporal e algumas dúvidas que


nem sempre era possível resolver, na totalidade, já que as solicitações dos formandos
direccionadas aos formadores eram muitas. Desta feita, realço a necessidade de esta
acção ser continuada (outra Oficina de 25h – nível dois), acreditando que todos os
formandos se inscreveriam de novo.

Pelo expostos, poder-me-ia encaminhar para a indicação da minha própria avaliação,


que julgo ler-se entre linhas. Como de leitura e escrita se tratou e trata, vinculo-a na
leitura de factos, de dados, de palavras, de gestos e de partilhas.

A título conclusivo, considero que o que atrás escrevi corrobora o princípio que me
move e que retomo, remetendo, de forma circular, à introdução de todo este trabalho.
Trata-se de uma contínua aprendizagem e receptividade perante a melhoria do meu
papel de educadora empenhada e implicada, ainda que consciente e algo
inconformada com tempos em que o que mais importa é o chegar, os resultados finais,
os produtos, as evidências mensuráveis. Uma excelência a atingir sem olhar os meios,
sem os valorizar, sem os valorar com peso e medida, mas sim com pressas e bem
(co)medidos.

De maneira a transmitir o meu testemunho, num contexto de incentivo a este tipo de


trabalhos e acreditando que por este caminho desenvolvemos competências, acabo
parafraseando um autor, Bergson, com o intuito de realçar o ponto nevrálgico que é o
processo:
“Não ouçam o que eles dizem, vejam o que eles fazem”.

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11 de Janeiro de 2010

A Formanda,
Maria José Morais Silva

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