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O Universo dos Direitos Reais 1.1 Relagiio das Pessoas com as Coisas Na convivéncia e realidade social, existe uma infinidade de bens ¢ coi: nossa volta. Nem sempre a doutrina logra atingir unanimidade nos conc de bens e coisas. Lembremos do que foi dito em nosso Direito Civil: parte g Capitulo 16: sem que isso represente verdade definitiva, entendemos por tudo o que nos possa proporcionar utilidade. Em visio leiga, nao j € tudo 0 que pode corresponder a nossos desejos. Na compreensao j bem deve ser considerado tudo o que tem valor pecuniario ou axioldgico. N sentido, bem é uma utilidade, quer econémica, quer no econ6mica (filosé psicolégica ou social). Nesse aspecto, bem é espécie de coisa, embora os tei sejam, por vezes, utilizados indiferentemente. Assim, amor, patria, honra, por exemplo, sao bens. O valor axioldgico qt thes atribui nao se amolda ao vocdbulo coisa, Perde totalmente o sentido fi fico, social e, por que nao dizer, jurfdico, se denominarmnos coisa 0s elevado lores de amor, patria e honra, Desse modo, pelo sentido linguistico e vernac é preciso entender que bein ¢ espécie de coisa. Se 0 at, 0 maz, 0s tios, o univ. enfim, so entidades, nem sempre apropridveis, reserva-se o termo coisas pa bens que, sem dtivida, também representando utilidade para o homem, pe por ele ser apropriados. Nesse diapasio, sem que com isso possamos contrat doutrina com compreensao diversa, concluimos que todos os bens sao coisas, nem todas as coisas sfio bens. Como dissemos ao iniciar o estudo do direito civil, a palavra bem deriv bonum, felicidade, bem-estar. A palavra coisa tem sentido mais extenso, + 2 biveno cit + venoss preendendo tanto os bens que podem ser apropriados, como aqueles objetos que no o podem. Em razdo dessa origem etimologica, existem bens juridicamente considerados que nao podem ser denominados coisas, porque stia apropriagio pelo homem segue regime de ordem mais morale filos6fica do que juridica, como corte, por exemplo, com a honra, a liberdade, o nome da pessoa natural. Séo eles chamados direitos da personalidade, os quais seriam sumamente restringidos em sua compreensio, se denominados coisas. Muitos doutrinadores apresentam- vises mais sofisticadas desses termos, coisa e bem, 0 que acarreta certa dificuldade de compreensio, mormente ao Giante, nada que possa ter repercusséo maior em termos préticos. Como temos enfaticamente apontado a intimeros leitores que, com a facilidade do correio ele- trOnico nos questionam exatamente sobre essa diferenciaciio, nesse tema, como em outros, néio hé que complicar aquilo ples, endo traz , por via de consequéncia, o professor ¢ debrucar mais profundamente naquilo que verdadeiramente tos juridicos com repercussées efetivas na vida social. O tema é antes filos6fico do que jurfdico e assim deve ser compreendido. ‘Ao encetarmos o estudo dos direitos reais ou direito das coisas, importa, prin- cipalmente, definir seu objeto, pois somente pode ser ob} aquilo que pode ser apropriado. Coisa pode ser entendida como unicamente os bens corpéreos, como faz 0 direito alemiéo, porém pode abranger tanto os objetos cor- éreos como os incorpéreos, conforme adota nossa doutrina. Nosso Cédigo no define os dois termos, daf maior confusio em sua con- ceituacio. O Cédigo portugués, no ode ser objeto de relagées ju bens as coisas que podem ser objeto de di Portanto, os bens que podem part patriménio, juridicamente consid te estudo nos inte- essam. Por vezes, apenas o caso concreto pode dar a nogdo. Assim sendo, a 4gua im bem, em principio inapropriavel pela pessoa; porém, a 4gua do mar ida, para se tornar potével, torna-se possivel de integrar patriménio e relacao jurfdica. Como sempre en! ia do Direito nao se compraz com afirmacées peremptérias. Assim como nao existem direitos absolutos, nao ha conceituagées juridicas absolutas. ora reafirmamos. © podem integrar Nossa legislagao inclina-se por tratar indiferentemente ambas as nogGes; as coisa é género e bem é espécie, ou vice-versa. O termo bens, que serve de ‘0 Livro Il da parte geral.do ficacdo extensa, in: luindo coisas, bens e respect Na parte especial, 0 Cédigo, tanto o antigo como o atual, trata do que deno- mina Direito das Coisas, dedicando-se excl (Univers dos Dieor Rea 3 No direito das obrigagées, vimos que o objeto das relagoes juridicas é um dar, fazer ou nao fazer. O objeto dessa relacio juridica é uma prestagdo de parte do devedor, em prol do eredor; uma atividade ou conduta, conjunto de atos mais ‘menos extensos. Vimos também que essa obrigagio pode servir de veiculo, a fim de que o credor venha fazer privel. O contrato no a propriedade, constituindo-se, porém, na principal ou que mais ocorre na prética. Ora, uma ver, fixado que o objeto de uma obrigacio pode ser uma coisa, ou sej bem economicamente apreciivel e apropridvel, importa agora desvincularmo-nos dessa relagdo pessoal credor-devedor, que faz parte do direito obrigacional, para debrugarmo-nos nessa relagdo que liga a pessoa As coisas. Pois bem. Se existe possibilidade de ligacio estreita adentramos, sem dtivida, no campo dos direito 3s. No momento em que o homem re a pessoa e a coi Portanto, dos direi tivo passa a apropriar-se de e utensflios, surge a nog&o de coisa, de bem apropridvel. A partir daf entende o hhomem que pode e deve defender aquilo de que se apropriow ou fab indo que intrusos invadam o espaco em que habita, ou se apro} iza. Essa nogio psicol6gica, e portanto subjetiva, embasa, desde 0s primérdios, os denominados direitos reais, ou direito das coisas (terminologia que tecnicamente se equivale). Os sujeitos de direito, as pessoas, travam contato em sua existéncia com niimero mais ou menos amplo de bens e coisas. Ha bens que se sabe inaproprié- veis, de forma geral, como 0 ar, 0 mar, 0s bens piiblicos. H4, no entanto, coisas assiveis de apropriagio. Hé coisas que estdo ligadas por um nexo juridico e psicoldgico as pessoas que Ihe esto préximas, ¢ assim integram seus respect atriménios, Do maltrapilho que guarda miseros bens em sua choupana ao mais abastado, que se cerca de valores sofisticados, existe essa nogio psicolégica de apropriagao, a qual emergiré no mundo juri A generalidade das coisas existentes serd absolutament ‘a maioria das peisoas. No entanto, pode ocorrer que deter coloque uma pessoa até entio estranha em relagio direta com a coisa ligada psicologicamente a outro sujeito. #0 caso do vizinho que invade e edifica em terreno alheio; do lardpio que se apropria da coisa de outrem. Nessas ‘6es, cujos exemplos podem variar &-< to determinado passam a ser col até entdo absolutamente estranhos a de senhoria, ou senhoridade como dizem os que devemos aqui nos ocupar. Reside nessa singela descrigdo toda a grandeza dos acotrem os doutos na tentativa de explicar sua natureza ju subjetivo, o direito de senhoria é poder outorgado a um, iferente, para ie ou na berlinda por terceiros senhor-coisa, & dessa relagac , de poder, de dominus, reais, para qual 4 Dieeko Cl + Vense um objeto. O objeto é a base sobre a qual se assenta o direito subjetivo, desen- volvendo o poder de fruigéo da pessoa com o contato das coisas que nos cercam no mundo exterior. Nesse raciocinio, o objeto do direito pode recair sobre coisas corpéreas ou incorpéreas, como um imével, no primeiro caso, ¢ os produtos do intelecto (direitos de autor, de invengéo, pot exemplo), no segundo. 0 direito das coisas estuda precipuamente essa rela¢do de senhoridade, de poder, de titularidade, esse diteito subjetivo que liga a pessoa as coisas; o di- reito de propriedade, o mais amy i patrimonial, e os demais ‘em seu maior ou menor dos esses di Ambito, decotrentes de modalidade de direito subjetivo, dizem-se erga omnes, ou seja, devem ser respeitados por todos, perante todos, nocdo A qual retorne. remos. A preposicao-erga nao significa oposicéo ou confronto, como seria a pas lavra contra, tambéan latina, mas dé a ideia de respeito perante todos. A nogao de confronto néo integra a compreensio do direi © confronto social ao direito de propriedade, e seus consectérios, é pat e excepcional; se, por hipdtese, tornar-se regra, traduz um segmento social desajustado. Cabendo ao Estado ¢ ao Direito corrigi-lo. Os direitos reais regulam as relagées juridicas relativas as coisas aproprid- veis pelos sujeitos de direito, Essa nog psicol6gica de senhoria necessita de regulamentacao juridica para adequar a sociedade aos anseios e necessidades individuais. Como as coisas apropridveis so finitas, cabe ao Estado regular sua apropriagio ¢ utilizagdo. Relacionado com o conceito maior de propriedade, o direito real é 0 que mais recebe reflexos hist6ricos e politicos nas diversas épocas nos diversos Estados, isto é, altera-se no espago e no tempo. Amplitude da senhoria sobre os bens sera de maior ou menor grau de acor- do com a orientagao politico-estrutural de cada Estado no curso de sua respectiva histéria. Isto porque, com frequéncia cada vez maior nas conjunturas atuais, Estado intervém, com maior ou menor intensidade, para regular e der de utilizagdo das coisas pelas pessoas. O Direito recepciona de fc Permanente o conflito social em torno da luta pelas coisas, uma populacéo mundial crescente desdguam nos t enfocar a propriedade, os demais direitos reais ¢ a século, como se fez.nas décadas passadas. Hoje, a protegdo absoluta da proprie. dade cede lugar a sua protegao social, sem que com isso se coloquem & margem da Lei e do Direito os seculares principios resguardadores do dominio. E esse 0 sentido que a Constituicao Federal de 1988 procurou dar e do qual ndo pode fugit © diteito privado. 1.2 Direitos Reais e Direitos Pessoais Cumpre agora distend do das obrigacées (Direico ci ‘tratos, Cap. 1, seco 1.3). A id 108 a compreensio dessa distingfo jé feita no estu- eoria geral das obrigagdes e teoria geral dos con- basica & que o direito pessoal une dois ou mais O Univers doe Dice Rels 5 sujeitos, enquanto os direitos reais raduzem relago juridica entre uma coisa, ou conjunto de coisas, e um ou mais sujeitos, pessoas naturais ou juridicas. © exemplo mais adequado de direito pessoal é a obrigagio, ¢ 0 exemplo compreensivel, completo e acabado de direito real 6 a propriedade. Advirta-se, porém, que em qualquer ramo do Direito nunca hé que se divisar compartimento estanque ou antagonismo: interpenetram-se o direito public e o direito privado, bem come o terceiro género, denominado mais recentemente de direito social. Com maior razéo, nao se mostram isolados os campos do direito privado, tanto nos direitos pessoais, como nos direitos reais. O Direito é organismo complexo, vivo e completo, que somente encontra homogeneidade na integragao de todos (08 seus ramos e prineipios. Relembremos, agora com maior profundidade, 0 que foi dito acerca das di- ferencas mais marcantes entre os direitos reais (tus in re) e os direitos pessoais (Gus ad rem): 1. Odireito real ¢ exercido ¢ recai diretamente sobre a coisa, sobre um objeto basicamente corpéreo, embora nio se afaste a nogdo de realida- de sobre bens imateriais, enquanto o diteito obrigacional tem como ob- Jeto relagées humanas. Sob esse aspecto, embora essa nogdo deva ser aprimorada, afitma-se ser o direito real absoluto, exclusivo, exercitavel erga omnes. Por outro lado, o direito obrigacional é relativo. A presta- Ho & 0 objeto do diteito pessoal ou obrigacional, somente podendo ser exigida do devedor. O direito real caracteriza-se pela ineréncia ou aderéncia do titular & coisa, 2. Como consequéncia desse poder de senhoria sobre a co real no comporta mais do que um titular. Advertimos de que essa assertiva no conflita com a nogao de condomnio, em que a propriedade continua a ser exclusiva, mas com varios titulares. O sujei- de direito real exerce seu poder sobre a res, a coisa objeto de de forma direta e imediata, sem intermedidtios. O direito traz a nogao primeira de um sujeito ativo (um credor), um lica pessoal. Nesse aspecto, € atributivo, porque at enquanto o dire Pelo que se percebe, portanto, o direito real concede 0 ozo ¢ fru gio de bens. O direito obrigacional concede um direito a uma ou mais prestagSes, a serem cumpridas por uma ou mais pessoas. O direito real define ineréncia ou aderéncia da coisa ao titular, expresso que serve para caractetizar 0 que comumente chamamos de soberania, poder ou senhoria sobre a coisa. 6 Dieato cht + Venoea 4, E dito, em geral, que a obrigagio 6 por natureza essencialmente van- i asce para eumprir fungdo social e juridica, mas se extingue ‘uma vez.cumprido seu papel, com o adimplemento. O direito real teria sentido mais extenso de permanéncia, de inconsumibilidade. No entan- to, essa afirmacio somente pode ser vista do ponto de vista aparente dois fenémenos. Hé direitos reas limitados no tempo, como su. cede, por exemplo, no usufruto; e ha obrigacées sem limite de tempo, como ocorre nas obrigagées negativas. O que se permite coneluir € que de crédito sio preponderantemente transittios, enquanto is, preponderantemente permanentes, guardam caracte- xstica basica de inconsuntibilidade e durabilidade de maior ou menor ‘extensio temporal roldrio do cardter absoluto do di- buscar o objeto de sew direito al nao possui tal caracteris- quando recorre & execucao forcada, tem apenas a garantia geral do patriménio do devedor, nao podendo escolher, como regra, determinados bens para garantir a sa- tisfagdo de seu crédito, Odi direito de le perseguicao, direito de sequela ou rento dos direitos reais “significa que o direito segue indo-a, acompankando-a, podendo fazer-se valer seja isdo em que a coisa se encontre” (Moreira e Fraga, 1970- direito de sequela traduz-se tanto em uma apreensio ‘material da coisa por terceiros como também em apreensio juridica, Em ambas as situagdes, o-titular de direito real pode reivindicar a coisa. A reivindicacao é a forma processual mais clara, embora nio-a ‘inica, pela qual o direito de sequela concretiza-se direito de perseguir a coisa, amplo na forma mais completa to real que é a propriedade, tam na execugio do bem hipotecado, objeto de sua garantia, independen- temente de no mais pertencer ao primitivo titular que constituiu a hipoteca.* spe conto de compra e venda de bens méveis ~ Pactoadjeto de reserva de dominio Auséncia ‘dc transferéncia da propriedade dos bens & empresa compradora Valdene Aparceida da ‘ME, mas apenas da pos © ajustefirmado arte do negério ju. De rigor reforma (O Unters doe Dien Rens 7 termo sequela pretende destacar 0 aspecto dindmico do direito real, apresentando- externo. If, cont licagdo dindmica do fenémeno, faz Jembrar também o direito de ineréncia, dominio ou senhoria sobre a 2 Consequéncia do direito de sequela é o fato de o direito real ser ne- cessariamente individualizado. O objeto do direito real deve set indi- doutro modo no hé como exercer a 4 prestagdo pode ter como objeto género, quantidade e qualidade, coi- mente a completa individualizagéo do ito real permite a perseguigao, a sequela. Questo fundamental, muito debatida pela doutrina mais antiga, diz xespeito ao niimero limitado de direitos reais. Os direitos reais no sao ‘numerosos ao infinto, porque, em sintes, so fnitos os bens disponfveis © apropriaveis pelo homem. A regta enunciada & que os direitos reais vidualizado no nascedouro, x da decisio. Recuso provido, rejeitadas as preliminares” (LISP Al 0054489-70.2012.8.26.0000, ‘Contrato de compra e venda de bem mével -Direit pessoal - O ajustefirmado entre 05 _pelantese ocoapelado Albertino io eonfere aqueleso direito de sequela ou jus persequendi uma vez que aio est previsto nas hipStesestaxativas do at. 1.225, do CAdigo Civil Improcedéncia da a ‘dos autores. Recurso impravido" trazem consigo os atributos da aderéncia, ambulatoriedade e sequela, fusperse- hipoteedrio que merece ser reconhecido nes tos, razko pel Justga. Improvimento do ‘Marco Aurdlio Bezerra de “Penhora ~ Execusio dor hipotecirio —Pedido de informasio sobre ~ Descabimento ~ Inexisténcia de impedimento ria para exercer, se foro caso, seu dreito de pre- 150 desprovido" (TJSP — AI 7.198.496-4, 26-3.2006, 23% CAmara de DiteitoPrivaco lenco & facilmente enunciével. Por outro lado, os direitos obrigacionais so em niimero ili- itado, porque as facetas do relacionamento pessoal séo infinitas. Os direitos pessoais apresentam-se, destarte, como nimero indeterminado. As necessidades sociais esto sempre a exigir criagdo de novas férmulas i para atendé-las. lemos lembrar também, como elemento distintivo, que somente os tos reais podem ser objeto de usucapiso, nfo existindo possibili- le dessa modalidade de aquisigao nos direitos de . pido (ou a usucapiao como prefere o Cédigo Civil de 2 forma de aquisicao de propriedade. Porém, nem todos os séo passivels dessa aquisicao: somente 0 serdo a propriedade e os di- reitos reais de gozo ou fruicéo que permitam a utilizacio em favor de uum titular. Como consequéncia, tanto a propriedade material poderd ser objeto de usucapio, como 0 gozo de direitos de dominio imaterial (0 de uso de linha telef6nica e situagdes assemell por exemplo, Nao ¢ a concessao da linha que se apropria, mas o di de uso, o qual pode ser turbado por terceiros. A questo tem a ve situagoes especiais que admitem apropriagio. Nesse sentido, o Cédigo argentino, em disposi¢éo actescida redagéo original do art. 2.311, referentes ds coisas sGo aplicdveis @ energia e ds Jorgas naturais suscettveis de apropriagéo.” Se, de um lado, nao se pode qualificar a energia na qual se coloca a linha telef6nica e situacdes assemelhadas) como coisa sem desvirtuar seu conceito, é, no entanto, um bem regido pelos mesmos se coloca a Jurisprudéncia do Superior ‘Tri Jurisprudéncia do STJ acothe enter no sentido de que o direito de utilizagdo de linha telefonica, que se exerce sobre a coisa, cuja tradigéo se efetivou, se apresenta como daqueles que ensejam extingdo por desuso e, por consequéncia, sua aquisigdo pela posse durante o tempo que a lei prevé como sufici fc nto haurido na douwtrina aquisitiva da propriedade)” (Recurso Especi do Sul, Rel. Min. Waldemar Zveiter)> iva do veiculo — Usucapido ordi ‘questo relativa 8 aqusigho da ( Unieno dos Dies Reis 9 snte & posse e propriedade de linha telef6nica tinha sentido ee et surdatmente representa um bem de diel aqusido, , 0 cidadao esperava anos por sua linha telefonica. Havia até modalidade informal de Bolsa de Telefones. A si ni felizmente, inserindo o Brasil, ao menos no setor de telecomunicacSes, no nivel de Primeiro Mundo. egocialo qu seria matsadn por exeonata, tempo mals do que stents pa pobitar a Alena do bem a trots de af Recaro de apelago eonhesde emprovo” (TIGO Aer ‘dio 200893826079, 10-8-2011, Rel. Des. Gilberto “Usueapitio ~ Bem mével ~ Nao hé possbilidade de veiculo ests ‘ante as repartigoes de trnsto, sem que tenha ocorrdo processo regula ‘Ant8nio Benedito Ribeiro Pinto). 10. bireto cil + veosn tos reais 4 energia. Se nem toda modal ria a nao admisso de seu con De toda essa diferenciago, recordemos m: que nao existem compartimentos estanques no Direito. Como foi dito, direitos reais e direitos mmpletam-se para formar o universo harménico 05, como as obrigagées com eficdcia real e as ladas por nés em Direito civil: teoria geral das obri- tratos, que se situam em zona transitéria entre um e Hé direitos reais que servem precipuamente para garan- ‘como ocorre com o penhor e a hipoteca. Esse aspecto de direito subjetivo nos ideia de coisas corpéreas, embora mesmo no Direito antigo nao deixasse de exis- tira nogao dé idade sobre direitos. A compreensio mais intensa emergente ito real € essa tiularidade, senhoria, poder imediato do homem sobre a coisa. Esse ent obrigagdes propter rem, e: ak geral dos c ‘0 compartiment direitos obrigacior tos reais foi originalmente ligado & nsformagées nas economias a tendiem a desprender-se do conceito exclusi- Ha bens que, embora materia, refogem ao émbito dos direitos reais, como ceorre com 0 corpo humano, A primeira vista, repulsa ao conceito moral que partes do corpo humano tenham valor patrimonial. Seu contetido deve ser visto ivamente sob prismando patrimonial, considerando-se ineficaz negécio jt. ridieo oneroso que os tenha como objeto. E prin Deve existir mitigagio necesséria quando se cuida de partes do corpo huma dele separadas sem ofensa ou prejulzo & integridade do organismo, ou a princ?. pios morais, como o leite materno, o cabelo eo sangue, elementos regenerdveis, Esse principio € consagrado no 405 direitos da personalidade (art. 13), De qualquer modo, devem se! 08 atos de disposicao de partes do corps Permanente da integridade fisica, ou que conteariem a lei, a ordem piblica e os bons costumes. Deve-se ter em mente a lei regulamentadora entre nos da retirada € dos transplantes de Srgios e partes de cadaver (Lei n° 5.479, de 10 de agosto de 1968), que, no artigo 9, § 2°, traz a ideia aqui exposta, quando se trata de doador vivo de érgaos: onente e corresponda a uma necessi- ispensdvel, para o paciente receptor.” 1.3 Divagagées Doutrindrias Acerca da Natureza dos Direitos Reais Em matéria tdo rica de detalhes e importancia, inevitdvel que no curso da his- téria tenham surgido, e continuem a surgir, muitas teorias para explicar a n: reza jurfdica dos direitos reais. Refoge ao Ambito proposto nesta obra que enun ciemos longa série contrastante de opinides juridicas, nem sempre com efeito prético eficaz. No entanto, é importante que tomemos conhecimento das linhas mestras de pensamento que alicercam-a problemética dos direitos reais. Importa que se explique esse relacionamento da pessoa com a coisa. Quaiguer que seja a corrente adotada, cumpre nao esquecermos ser o direito real projegao da prépria personalidade sobre a coisa. Essa posico, que se prende 20 diteito subjetivo, pode ser denominada de personalista ou cléssica, porque explica o direito real como direito absoluto, Nao se olvide, porém; e nunca se escapou dessa evidéncia no curso da histéria, que a projegio juridiea da pessoa sobre a coisa deve ter sempre em mira o aspecto da dignidade e do desenvolvi- mento do homem na comunidade social. Daf percebemos representar esse direito tum absolutismo técnico e ndo um absolutismo real. O direito essencialmente ab- luto seria sua prépria negacéo, por excluir a vida em comunidade e por tornar invidvel a sociedade. 0 titular de um direito real, que projeta um direito seu sobre a coisa, deve relacionar-se, ainda que contra sua vontade, com outras pessoas na sociedade. Isto tem muito a ver com o que serd examinado a respeito do aspecto erga omnes, € a teoria, admitindo que toda sociedade passivo da relagéo de direito didatico de compreensio da ma- ‘a que se justifiea Nesse esquema, sao um bem de vida as pessoas. F na estrutura dessa relagao juri a natureza de cada direito e, consequentemente, do direito re ito. abstengo de toda a sociedade de na um de terceiros sobre determ anos a essa ‘No havendo interesse al priedade, eles so, na verdad Sobre tal aspecto, podemos dizer que também as relagSes obrigaci protegidas, uma vez que, como regra, terceiros do se imiscuem em relacSes obri- is contra terceiros 12. iro cl = ences Daf entdo a afirmagio da existéncia de sujeici le sujeicéo passiva universal, a qual lev conta o aspecto meramente eventual da reli juriica, Conclunios, cade ace “direito real & um direito absolut a (0, por oposigéio aos direitos relativas. sug ttl funda em rosie ests, endo na denote de ue 0 passivo estd individualmente vineulado por uma relagd de direito” (Ascenséo, 1987:59) es A conceituacéo de direi direito real, porque existem di sonalidade. No direito real peret ibsoluto nao ¢ identificativa exclusivamente do os reais nfo absolutes, como os direitos da per s e-se claramente uma ligacto, afetapdo da coisa a pessoa, o que dé o carder substancial a essa categoria, Essa afoonte coon: aspecto de direito subjetivo no direito real, ae Desse modo, percebemos que o ordenamento it . z protege certos direitos subjeti eante teres, como forma de hamoniar a convene Stl, Toes oe Itca do concsito de propriedade. A orientacio polita do Tstado coms ate oy menor liberdade individual, com maior ou menor igualdede social, ditaré o Ambito os subjeivos com relatos coisas Porno, na eta do eitos reais, mesmo porque, em nosso oF senescent Qu resting seu uso e gozo, ou sj, 0 ditto subjetivo, Nese sentido, o dritos ‘eas em um sistema Hberalindividualisaserdo diversos daguees de um sistema socal-intervencionista. Esse enquadramento, como vimos, ¢ histrico e espacial raria no tempo e no espaco. Evidentemente, a jurisprudéncia reeebe e responde di, retamente & posigdoestrutural histétca dos direitos reais. Desea amplitle meso cumenor do diteito subjetivo decore a tue juridia dtada pelo Estado, co Pee O contetido dos 'os reais € complexo, porque ora aparece como um po- cdo titular sobre a coisa, ora estampa uma faculdade para exercita esse poder sob o prisma da tutela j Afinal, .Afinal, sempre impor A ‘ai relaeonado,levandoseem conta a harmonizagao soca” *” emisco No plano processual, o direito real : , 0 direito real concretiza-se fundamentalm a reivindicatéria. Nessa agi c remo de im Tirealatiria. Nessa agio existem dois pedidos: o de reconhecimento de tm Sater cate de entrega da coisa indevidamente em poder de terceiro. O aspecto € mais palpavel da Propriedade & protegido pelas agbes possesorias, que lca limitam-se ao invéluero, & embalagem, ao aspecto exterior ¢ no a0 contetido, seu interior, exame dedicado & propriedade Unione dor Dieter Rens 13 propriamente dita. Por essa razo veremos que nem sempre 0 proprietério ou 0 possuidor ostensivo seré protegido na agdo possesséria. Mas a agio reivindica- t6ria 6 instrumento exclusivo do proprietirio que exerce seu direito de sequela. ias entre Direitos Reais e Direitos Pessoais 1.4 Situagées Intermed Existem varias situagdes na vida negocial que deixam o intérprete e o estu- dioso perplexos diante de aparente interpenetragio conceitual de direito real ¢ direito pessoal. No entanto, esses casos duvidosos, como sustentamos, no tém caracteristicas suficientes para gerar uma terceira categoria, um terceiro género. Hipétese marcante dessa situagio é 0 denominado ius ad rem, direito & coi- sa. Trata-se-de denominagio técnica para designar direito pessoal estampado na obrigagéo de entregar certas coisas para transfer 0 d¢ it reais sobre elas. Em tiltima andlise, hd um direito subjetivo de obter a posse, um ireito & posse que no se confunde com a posse propriamente dita. Para esse Gesiderato o ordenamento processual coloca & disposicio da parte a pretensio da obrigacio de dar, conforme examinamos na parte geral de obrigagées. Ali expuse- ‘mos que a palpitante-diivida na execucao das obrigagées de dar coisa certa reside na possibilidade da execugao in natura. Nas obrigagdes de dar coisa certa levamos em consideracio que antes da tradigéo dos méveis e do registro dos iméveis ainda no existe transmissao da propriedade. A dtivida é conclur se restard ao credor, na recusa da entrega pelo devedor, tao somente o pedido de indenizacio por perdas e danos, ou se ha possibilidade de obrigar 0 devedor a entregar a quer hipétese, Direito nao pode tolerar a injusta recusa. Se a cois retida esté na posse e patrimdnio do devedor, ndo ha razéo para a recalctrancia, e deve o ordenamento munir o credor de.armas para havé-la ott reavitla, Esse é ‘ chamado ius ad rem aqui mencionado. Se, por outro lado, a execugéo in natura impossibilita-se porque a coisa nfio mais pertence ao devedor, porque se perdeu ‘ou est com terceiros de boa-f, a solugao cai na vala comum das perdas e danos. Como afirmamos, somente se pode tolher a execugéo para a entrega da propria coisa, substituindo-se por perdas e danos, quando ela se tornar impossivel, ou juri- dicamente inconveniente. Esse é 0 sentido dado pelos arts. 621 ss do CPC, quando se cuida da execugao para entrega de coisa certa, permitindo e obrigando sempre que possivel a execucio in natura. No entanto, como a ago nao versa sobre o do- Iinio, que até entdo inexiste, é pessoal e nao real, porque se pede o cumprimento de obrigacao. Destarte, nessa situagio de ius ad rem, no hd que se ver categoria interme- didria, a meio caminho entre o direito pessoal o direito real. Lembre-se sempre do que enfatizamos: nfo ha compartimentos estanques no Direito, e o direito pessoal, com muita frequéncia, é meio idéneo, instrum ento que serve de ponte para a aquisi¢ao de direito real. 14 izes i = Vesa Pelas mesmas razées sao repudiados os chamados direitos reais in faciendo. A sistematica do direito real no admite que se vincule pessoa a determina. do comportamento positivo. A questo que surge nas serviddes, como se vers, dentro do real, porque o que se onera, no caso, 60 imével, e nao seu titular. O faze @ uma pessoa decorre sempre de uma obrigacdo ¢ nao de um direito real. 1.4.1 Obrigagées Propter Rem Nas obrigagées reais ou reipersecutérias, os pontos de contato entre os dois compartimentos do Direito so mais numerosos, como estudamos nas obriga: goes em geral (Direito civil: teoria geral das obrigagées eteoria geral : Cap, 4, na qual deve ser estudada a matéria). Vimos que existem sitwagbes nas quais o proprietario é por vezes sujeito de obrigacées apenas porque é proprieté- quer pessoa que o suceda assumird essa obrigagao. Em- obrigagées ndo se desvinculam totalmente do direito elemento obrigacional ¢ fornecido pelo contetido pessoal e de seus dessa obriga que a lei desempenha fator decisivo ou ides das obrigagées propter rem, porque nascem elas ope legis. A rotulacio bem explica 0 contetido dessa obrigagéo: propter rem, ob rem ou reipersecutéria. Trata-se, pois, de obrigacio relacionada com a res, a coisa? nato Sartorell ~ gus eesgoto~ Debico~Imposibilidede de responsbilizagko do proprie- natureza pessoal - Precedentes~ 1 ~ Tratese 0 Universo des Deas Reis 15 igagi direito real, como um pmo essa obrigacio apresenta-se sempre ligada a um direito real, 2 Sceasri, soa natreza fen a meio amtho ene o ditto obrgacional eo dire to real, embora sua execugao prenda-se ao primeiro aspecto. Como concluimos no estudo anterior sobre o insttuto, a intima da obtigacio propter rem I: determinada pessoa, em face de certo direito real, esta “obrigada”, juridicamente falando, mas essa obrigacio materializa-se e mostra-se diferente “Agravo regimental ~ Aco de cobranca Cotas condominiais - Obrigagio propter rem — Decisio agravada ~ Manutencao ~ 1 ~O adquirente de im6vel em eondomini responde pelascocas condom en to, pra mir de ino pope, sina qu mteriore aque, fe regresso contra o antigo proprietiio. 2 ~ Agravo Regimental improvido" 0.408 ~ (2011/0093161-3), 269-2011, Rel Min. Sidnel Benet) 25 —Responsablilidade do ‘enna al coco erode esr conta sate sug inproceeneopediolal ojo ro rosrcnento Jedespss pg oats coon feenc ini ad ‘oda ca” Conran sme roe cn on so ae sae Conominia,o adgiene do novel mere no cso de aden espe lsc en Gaze neni aida qo dena ase endo bem raed o code ego 9 foro can, port doafo dpa, Pecedent to THE/W Regio: A #2008 90008652 57 D Prudente, 6* Turma, DJ de 13-8-2007, pg. 81 ~ III ~ De acordo com 0 cextrai dos autos & que o autor pagou a tal ques objeto da presente ‘Honorétios advocaticios pela parte ree 2 causa, de acordo com 0 art. 55, 16 Drea Ctl + Yenoen cia obrigacdo erga omnes do diteito real, porque diz respeito a um tinico sujeito, apresentando todos 0s caracteristicos de obrigacio. A propriedade deve ser res, Peitada por todos, mas o vizinho, em face do muro limitrofe, no apenas deve respeitar a propriedade confinante, como também concorrer para 2s despesas de conservagdo desse bem. A doutrina longe esté da unanimidade a respeito da neta, ‘eza jurdica do fenémeno. A nosso ver, em conclui Edmundo Gatti (19842110), ara quem as obrigagdes reais s4o “obrigagdes legais, estabelecidas por normas que, principalmente, sdo de or. dem piblica, eujo sentido € 0 de estabelecerrestriges e limites legais« cada lum dos direitos reise cui fungio consist, portanto, em determinar, negati, Yamente, 0 contetido normal de cada um dos direitos reais” No entanto, essa faceta do instituto néo transforma a obrigacéo.em direito eal no se pode dizer que o direito do credor seja direito rea, pois asituagdo woo fam o significado funcional de realizar em beneficio dele a afetagto de uma cola, Continua a ser mero credor, numa obrigago cujo sujeito passive € mediatamonns determinado (Ascenso, 1987:63), Gomo exemplos de obrigagdes reipersecut6rias, mencionamos: a obrigagéo Go.cond6mino em concorres, na proporcao de sua parte, para as despesas decree Servactio ou diviséo da coisa (art. 1.315); 0 mesmo cardter tem as despeses de condominios em edificios ou similares; a obtigaciio de o proprietirio eenfinars roceder com 0 proprietirio lim{trofe & demarcacio entre dois prédios, a avivers ‘Gr rumos apagados e a renovar marcos destruidos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas (art, 1.297); a Obrigacio de indole negativa de proibigdo, na servidao, do dono do piéiie on Yente de embaracar o uso legitimo da serviddo. Essas obrigactes podem desoncey {G2 comunhéo ou copropriedade, do dieito de vizinhanca, do ustilruto, deren, {ito ¢ da posse. No Ambito do diteito administrativo, tém esse eardter as alley infligidas a veiculos automotores decorrentes de infragdes de transite 1.4.2 Onus.Reais EiDiteito cv: teoria geral das obrigayées e teora geral dos contrats, seco 42. divemos oportunidade de conceituar énus real como gravame que recs! sola luna coisa, restringindo o direito do titular de direito real. Vimos ser bastents see revgtida a dstingo entre énus real e obrigacéo real. Apontamos, contude, BiG go Gnas teal a responsabilidade ¢limitada ao bem onerado, a0 valor deste, seat sato na obrigacio propter rem o devedor responde com seu pattimonio em, Seral, sem limite. O Snus desaparece, esvaindo-se seu objeto. Por cutie In $feins da obrigacdo reipersecut6ria podem permanecer, enquanto nfo stain ‘ainda que desaparecida a coisa. Apontamos como diferenca que o énus react apresenta sempre como obrigagéo positiva, enquanto a obripacso. eal Pode surgir como obrigacio negativa. 0 Uaivero or Dien Rene 17 A doutrina discute se esses énus sto direitos reais. Nosso direito positive néo se refere expressamente aos nus reais. Emprega, porém, o termo em vitias oportunidades, no titulo relativo aos direitos reais sobre cosas alheias. Mesto lagées que admitem positivamente o instituto, persiste certa diivida. A palavra énus tem varias acepedes no Direito, No entanto, a compreensio de 6mus eal deve ser reservada ao direito cujo contetido é “poder exigir a entrega, tinica a que for tular de determinado dito real de * (Ascenso, 1987:63). Nesse diapasio, é colocada como Onus real a cons- Stlgas de rena sobre bo imbvel no Codigo de 1916 (art. 1426 a L431), No Cédigo de 2002, a constituicdo de renda é exclusivamente tum contrato, sem reflexos de direito real (arts. 803 a 813). Néo se trata, porém, de categoria autd- ‘noma em nosso dieito, nao podendo ser generalizado 0 énus real como direito real. A consttuigao de renda, entre nds, estava estruturada como direito real no CSdigo de 1916, sem que a lei mencionasse a terminologia em exame. Os arts 1.424 a 1.429 do estatuto anterior disciplinavam a constituigdo de renda-no capitulo dos contratos, mas o art. 1.431 transformava a avenca em direito real, Femetendo aos arts. 749 a 754, Cuida-se de exemplo tipo de onus real, pelo qual o proprietério do imével se obriga a pagar prestagdes periédicas de soma determinada. A importancia prética-era restrita em razdo do desuso do instituto da constituicao de renda como direito real. 1.4.3 Obrigagées com Hficdcia Real E principio bésico que somente a lei pode criar direito real. Nossa legisla- a ee eet eel re registradas no cartério imobilidrio, ganhando eficécia que transcende o direito ._Lembremos do que foi estudado em nosso livro Direito civil: teoria geral es €teoria geral dos contratos (seqio 4.3). Assim era na revogada Lei do Inquilinato (Lei n* 6.649/79,.art. 25), assim é na lei inquilindria atual (Lei nf 8.245/91).5 Nos termos do art. 33 da vigente lei, 0 contrato de locagio, com 5 peravo de in 0 em pagamento. Direito de 5 “hgravo de instruments. Adjucicaslo compulséia. Consignaglo em pag preferéneia do locatério na aquisigio do imével,~ Pedi da rovasio da transferéncia de propriedade dos imévels a tercero, pressiposto legal para oexerc o direito de preferéncia. inteligéncia do art. 33 da Lel Aademais, sob um exame pesfunctoro, de 18 eto Cont + voese Imobiliério é medida necesséra apen: hhaver o iméve alienado 7-9-2012, Rel. Min. Marco Buzzi) aantecipada ~ Imével - Locacio ~ Direito de preferén: nga ~ Registro do contrato ~ Desnecessidade de preferéncia para compra do = No caso dos autos o inqulino fo! ‘conclude pela sua impos. (STI~EDGL-RESp 886.583 OUniene dor Dior Reis 19 © registro imobilidrio, permite que o locatério oponha seu direito de preferéncia na aquisicdo do imével locado erga omnes, isto é, perante qualquer adquirente da coisa locada. Outro exemplo € 0 do compromisso de compra e venda, que, uma ‘vez inscrito no registro imobiliério, faz. com que o compromissdrio goze de direito real, habilitando-o & adjudicagdo compuls6ria (art. 1.417 do Cédigo). ‘Trata-se de opgio do legislador. Quando este entende que determinada rela- fo obrigacional merece tratamento de maior protegao, transforma-a em direito real, concede eficécia real a uma relagdo obrigacional. De qualquer for- ‘ma, tal sittagao-deve ser vista como exceg&o a regra geral dos efeitos pessoais das relagbes obrigacionais. Efeitos do Direito Real 2.1 Denominacdo: Direito das Coisas. Direitos Reais J apontamos que o Livro II de nosso Cédigo Civil de 1916 inicia-se sob o titulo “Do Direito das Coisas”. No Cédigo de 2002, a matéria esta colocada no Livro © vocdbulo reais decorre de res, rei, que si obsta que se denomine indiferentemente este sob uma ou outra denominacao. Ni sma, nada impede que se utilize das duas expressbes, consagradas pela doutrina nacional e estrangeira, Advertimos que decorre da palavra latina res toda terminologia basica deste ramo do Diteito Civil: reivindicagio, acdo reivindicatéria, aco real, obrigacio real ou reipersecutéria etc. Nada impede, portanto, que tais termos sejam usados indiferentemente. 2.2 Direito Real e Eficacia Erga Omnes renagem a tradi¢ao, como ja ace- ito algum estri- Apenas para melhor entendimento didatico, e em be reafirma-se que os direitos reais sdo absolutos. Esse absol namos, tem sentido exclusivamente téenico. Nao se admite 22 Dire Git» Venes famente absoluto, sob pena de se negar a propria existéncia do Direito, ¢ em especial dos direitos subjetivos. Aponta com clareza José de Oliveira Ascensio (1987:56) que o caréter absolu- {0 dos direitos reais deve ser visto em paralelo com os chamados direitos relativos Destarte, a dtica desloca-se para a devida conceituagao dos direitos ditos relatives, Lembre-se do que dissemos, no capitulo introdutdrio, acerca da diferenciacio dos direitos reais e dos diteitos pessoais ou obrigacionais. A relacao juridica dos diel. {es obrigacionais ¢ pessoal, porque af se estabelece um vinculo fundamental entre ‘pessoas, basicamente entre credor e devedor. O vineulo do direito real estabelece “se primordialmente entre um senhor titular ea coisa. Nao se exelua, porém, como examinamos, toda uma série de relagbes envolvendo pessoas no direito real Afinl, 0 Direito somente existe para os seres humanos, para a sociedade. No entanto, ae. lagio jurdica, que 6 baluatte da relagéo obrigacionale, portato, pessoa, é figura perfeitamente delineada e delimitada. A relacio juridica pessoal, salvo exceyoes ue sempre confirmam a regra, Iimita-se aos sujeitos nela envolvidos. A relagie do ‘tedor é exclusivamente com seu devedor. Por outro lado, hi outros direitos também tratados como absolutos que no sto reais, como os direitos da personalidade, cuja operosidade subjetiva é diversa da dos direitos No entanto, existem direitos que néo se assentam sobre relagdo juridica per- feitamente delineada, ao menos no nascedouro. A relagdo desses direitos com os Fespectivostitulares ¢ absoluta, porque assim estabelece a ordem juridica, prescin. indo de qualquer relagdo com outro sujeito, Essa é a razdo pela qual so referidos como erga omnes os direitos reais, perante todos, em face de todos, nfo no sentido de que podem ser impostos contra qualquer pessoa, mas no sentido de que podem Ser epestos ou qpostas perante quem os ameace ou deles se aproprie. Essa relacao de oposigao ou aposigéo do direito real € caracteristica sua, mas néo integra 2 respectiva origem ditada pelo ordenamento juridico, Nessa ordem de raciocinio, jusifica-se o direito do proprietério de reivindicar a coisa de quem quer que dela se aproprie, bastando provar ser proprietdrio, © Ucular do direito real, portanto, impée-se perante o terceiro, porque na realida. de opde ou apée seu direito de forma absoluta, E, Sustentar que 0 absolutismo do direito real mater elemento estranho sua origem. Daf por que o detentor da coisa di bein ao dono, pouco importando que o tenha adquirido de boa ou {esse aspecto irrelevante ao proprietério, Ele tem direito & coisa ps apenas isso, Basta provar a propriedade. Nesse aspecto reside o al direito real. ‘A ineréncia ¢ afetagio a coisa sao predicados dos direitos reais. Esse signifi cado, se bem apropriado para o diteto de propriedade,diteito real mais amplo, fambém se aplica, com a devida mitigagao, aos outros direitos desse campo, dee, | ‘fetes do Dire Real 23, tos reais limitados, como, por exemplo, aos direitos reais de garantia (hipoteca, penhor e anticrese), em que se supera 0 conceito estritamente material. Sob tais premissas, afirma-se que o direito real diz respeito a estética patri- ‘monial, enquanto o direito pessoal ou obrigacional liga-se & dinamica patrimo- nial (Moreira e Carlos, 1970-1971:13). 2.3 Ages Reais Ago real tipica ¢ aquela na qual o titular reivindica a coisa. O conceito & de diteito material, e 0 processo to somente a considera, nao a define. Basica- ‘mente, nessa aco 0 autor pede que se reconheca seu direito real (pretenso de eclaracao) juntamente com a entrega da coisa indevidamente em poder de ter- ceiro, Desse modo, 0 efeito declarativo (presente em qualquer sentenea) da ago reivindicat6ria julgada procedente é 0 reconhecimento do direito real. Acrescen- temos que toda acdo, seja ela finalisticamente condenatéria, seja constitutiva, declaratério fundamental. Por outro Jado, na ago pessoal, o credor demonstra 0 vinculo pessoal ou obrigacional que 0 une ao devedor por meio de contrato, ato ilicito, negécio juri- dico unilateral etc. O efeito dectaratério fundamental em qualquer aco pessoal é © econhecimento dessa ligagdo. Desse reconhecimento adviré a condenagio em perdas e danos, rescisao do contrato, obrigacdo de fazer ou nao fazer etc. Na agio real, abstrai-se, em regra, qualquer afetacdo pessoal do réu & coisa. ‘Na ago pessoal, essa afetacao pessoal 4 relagao juridica é essencial. O devedor aga porque se comprometeu no contrato ou por ato ilicto, prometeu recompen- sa, geriu negécio alheio, firmou titulo de crédito etc. Importante notar que, se for cumulado & ago reivindicatéria pedido de perdas e danos, este decorre de ato ilicito e refoge a estritamente real do pedido principal. Essa pretensio decorrente da ilicitude € pessoal, tanto ‘que pode ser versada autonomamente contra 0 causador do dano & coisa, 0 qual pode nao ser o terceiro contra quem é dirigida a reivindicagao. As ages reais visam precipuamente tomar operacional a disciplina da pro- priedade e dos direitos reais limitados, cuja definicéo fundamental vem na par- te final do art, 1.228 do Cédigo Civil. Permite-se ao proprietério reaver seus bens do poder de quem quer que injustamente os possua ou detenha. Sem elas, © direito real deixaria de cumprir seu papel catalisador e centralizador do mun- is uma vez se faz. em prol da pacifica icos que negaram de forma quase abso- a0 que parece, definitivamente superados, 0 lesse teor, 0s direitos reais servem para manter convivéncia. Mesmo nos regi luta a propriedade privada, conceito nao deixou de exist ‘status patrimonial. 24 Deka ci + venosa 2.4 Classificagao dos Direitos Reais \Vetrias so as classificagdes doutrindrias dos direitos reais que facilitam seu estudo, A primeira e mais importante distingue os direits reais sobre a prépria coisa e sobre coisa alheia. Essa diviséio obedece A possi laridade do diteto real, tomnando limitado o direito de propriedade. Propriedade, condominio, propriedade horizontal sto direitos reais sobre coisa prépri n reitos sobre coisa alheia, usufruto, uso, habitacdo, enfiteuse, servioes, Penhor, anticrese. Nestes iltimos, perante o titular ativo e ostensivo do ditcito se coloca 0 proprietério da coisa, Os direitos reais sobre coisa alheia, por sua vez, dividem-se em direitos de 020 @ de garantia. Sao de gozo ou fruigao os que conferem ao titular faculdades de uso, atividade e participagao efetiva sobre a coisa. Nessa categoria, esto o usufruto, © uso, a habitagao e as serviddes positivas. Nos direitos resis de garan tia, o respectivo titular extrai modalidade de seguranca para o eumprimento de obrigaeio. A garantia esté relacionada com uma obrigagdo, que fica colocada © principal. A garantia é acesséria. No entanto, na pureza origindria ituto, no penhor, por exemplo, cede-se parcela de fruicéo ao titular da garantia, com a transferéncia da posse do bem. Os direitos reais de ozo estiio ‘egulados pelos arts. 678 ss, enquanto os direitos reais de garantia so disciplina. ios pelos ars. 766 s5 no Cédigo anterior. No Cédigo em vigor, com introdugio de ‘novos institutos, hé uma nova divisdo. Outra diviséo a ser mencionada ¢ a dos direitos reais principais e acessérios, cujanogio é a da légica da teoria geral. Sio principais os direitos reais auténo, ‘mos, que ndo dependem de qualquer outro, destacando-se os direitos reais sobre coisa prépria e coisa alheia jé citados. A hipoteca, o penhor e a anticrese. bem Como as serviddes, so acessorios, pressupondo a existéncia de outro dieito real, De todas as classificagdes, no podemos esquecer ser a propriedade o direito zeal mais amplo, Dela decorrerdo os outros direitos reais qualitativa e quanti. tativamente inenos amplos. Por essa razo, o Cédigo Civil de 1916 apresentou

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