OCAMPO-Entrevista Inicial - Cap 2 PDF

You might also like

You are on page 1of 17
Capitulo I A entrevista inicial Maria L. S. de 04 Maria B. Garci Liberdade para expor seus problems comesande por onde pre- ferir e incluindo 0 que desgjar. Isto &, quando permite que campo psicolégico configurado pelo entie te se estruture em fungdo de velores dor e vistador intervém a fim de: a) assinalar alguns vetores yuando o entrevistado no sabe como comegar ou continuar. Estas da angistia para asseguspr 0 cumprimento dos objetives da ‘entrevista; c) indagar acerca de aspectos da cond espontencamente, 2c 1a informagio do paciente ¢ que sdo consid das de especial impor gilidades e verbaiizagies Em termos gerais, recomendamos comegar corn up nica diretiva no primeira momento da entrevista dente 4 apresentaco ISO precesto psivadi ivremente 0 motivo de sua consulta. Finalmente, no wltimo ‘momento desta primeira entrevista, devemos, fergesamente, ado- ar uma técnica ditetiva para poder “preencher” nossas “lacu- nas”. Esta ordem recomendada firnciona como um guia, e cada psiedlogo deve aprender qual é, em cada caso, o momento opor- luno em que deve manter a atitude adotada ou mudii-la, para falar ou calar ¢ escutar Para recomendar esta técnica de entrevista semidirigida Jevamos em conta duas razSes: a primeira € que devemos co- nliecer exaustivamente 0 paciente, e a segunda responde & neces- sidade de extraic da entrevista certos dados que nos permitam formular hipdteses, planejar a bateria de testes ¢, posterior- ‘mente, interpretar com maior precisiio os dados dos testes e da entrevista final. A correlagao entre o que o paciente (¢ seus pais) mostra na primeira entrevista, o que aparece nos testes € © que surge na entrevista de devolugaio, oferece wm importan- te material diagnéstico ¢ prognéstico, 10s do processo psicodiagndstico, mas os testes (¢ nos referimos parti vente aos testes piojetivos) apresentam certas vantagens que os tornam insubstituiveis e imprescindi- eis, Mencionaremos entte elas sua padronizasdo, caracteris- fica que da ao diagndstico uma maior margem de segucanga, a exploragaio de outros tipos cle conduta que nfio podem ser inves- tigadas na entrevista clinica (por exemplo, a conduta gréfica) € que podem muito bem constituir o reduto dos aspectos mais patolégicos do paciente, ocultos atris de uma boa capacidade izagio, atese, os testes constituem, para nés, instrumentos, fundamentais. Ja esclarecemos que nos referimos aos testes pro- vos, Histes apresentam estimulos ambiguos mas definidos (Pranchas, perguntas, ete,). Operam de acordo com instrugdes que sio verbalizagées controladas e detinidas que transmitem, 20 paciente 0 tipo ce conduta que esperamos dele neste momen- A entrerisin inital i y to ante este estimulo, A maica tio. Fazer perguntas ¢ receber colaboram anibos os integrantes c Me comum, Tembém a entrevista se i enguadrada dentro d incluimos em nossa tégnica a interpreiagio. mos diante de uma situagio de blogueio, ni brecimento de nosso dl relagdo a0 que tal blo 108 mais informagdes € mobilizar o paciente Wexpretar a entrev amos para os testes. Ai in © paciente estabelece com o psicélogo, lratransferéncia, a classe de vinculo 4 om suas relagdes iene, os aspectas patolézicos e adaptativos, 0 diagndstice € o progndstico. formagio eevemos precisar quais gem corporal de suas roupas, seus gestos, sua mant i quieto.ou de mover-se, seu semb! 2°) Considerar o q baiza e com que ritmo. Com 2 _._.___.._. Oprocestopsicadiagndstico ¢ as eneas projetias mite através de sua maneira de falar quando nos solicita a con- sulla (geralmente por telefone}. Avaliar as caracteristicas de iguagem: 1 elareza ou confusio com que se expressa, a preferéneia por termos equivocos, imprecisos ou ambiguos, a Ltilizago do tom de voz que pode entorpecer a comunicagio «8 ponto de no se entender 0 que diz, ainda quando fale com uma linguagem precisa e adequada. Quanto ae conteido das verbalizagdes, é importante levar em conta quais os aspectos de sua vida que escolhe para comecat a falar, quais os aspectos a fere preferencialmente, quais os que provocam blo- queios, ansiedades, etc., isto é, tuclo que indica um desvio em nle anteriormente. Aquilo que expressa como motivo manifesto de sua consulta pode manter-se, anu- Se, empliar-se ou restringir-se durante o resto desta primeica entrevista ou do processo e constitui outro dado importante, Por outro lado, o paciente inciui em sua verbatizagiio os tres tempos de sua vida: passado, presente e futuro, dados que serao «depois confrontados com sua produgdo, por exemplo, no teste de Phillipson. E importante que nem o paciente nem o psicé- Jogo tentem restringir-se a um ou dois destes momentos vitais. Isto € ti) para apreciar a capacidade de insight do paciente cont referéncia a unit seu passado com seu presente e seu fult- 10, Promovido pelo psicdlogo (que, por exemplo, recorre per- sistentemente 2 perguntas do tipo: 0 que aconteceu antes? Acon- teceu-Ihe algo similar quando era pequeno? De que vocé gos- tava de brincar quando era ctianga?) ou trazido espontanca- mente pelo paciente, a persisténcia na evocagao clo pussado pode converter-se em uma fuga defensiva que evita ter insight com o que esté ocorrendo no “aqui e agora comigo”. Podemos diagnosticar da mesma forma a fuga em diregao ao futuro. A atitude mais produtiva € centrar-se no presente e a pattir dai procurat integrar o passado e o futuro do paciente. Deste modo poderemos também apreciar a plasticidade com que conta para entrar e sair de cada seqiiéncia temporal sem angustiar-se de- ais. Isto ¢ por si s6 um elemento indicador de boa capacidade de integragdo ¢, como tal, cle bom prognéstico. Na enttevi inicial devemos extrair certas h seqiiéacia tempo- ral: como foi, & ¢ ser 0 paci .0 que foi extraido dos testes ¢ da entrevista le devolugio, ratificada stia linguagem no-verbal (roupas, gestos, efc.). O que eapres- sando verbalmente é algo r que as verbulizagses. Tul contionto pode infor coeréncia ou discrepancia entre 0 subjacente, Poderiamos exer ium paciente pode estar nos explicando com seus fracassos intelectuais © avomp: rivs com geslos claramente sfetidos. Num cas paciente pensa que est4 avontecendo com ele & 0 que nds pen samos. O diagnéstico seri baseado no grau de coerSneia ow ia entre os dados obtidos na prisneia entre testes ena entrevista de devolugio, I interessante cony ‘caracterist nidades to diferentes. 4°) Planejar a bateria de testes mais act fa quanto a a) + elementos a utilizar (quantidade © qualidade dos testes eseo- thidos); 8) seqiéncia (ordem de aplicagio), ¢ c) ro de entrevistas que calculamos para a escolhidos). duzir ao minimo a possibilidade de bloqueios ot © criar uni eligna preperatério favorivel 4 aplicagtio de testes. 6°) Ao longo de toda a entrevista & importante eaptar 0 que 0 paciente nos tansfere eo que isto nos provoca. Refe- rimo-nos aqui aos aspectos transferenci ransferen- ciais do vinculo. E importante também poder captar que tipo ast _-0 processa psicod inculo o paciente procura estabelecer com o psicdlogo: se procura seduzi-lo, confimdi-lo, eviti-lo, manter-se a distancia, depender excessivamente dele, etc., porque isto indica de que maueira especifica sente seu contato com ele (come perigoso, invasor, maternal, etc,), Contratransferencialmente surge no psicdlogo certos sentimentos e fantasias de importancia vital para a compreensio do caso, que permitem determinar 0 tipo de vineulo objetal que opera como modelo interno inconsciente no paciente, 72) Na entrevista inicial com os pais do paciente ¢ impor- tante detectar também qual é 0 vinculo que une 0 casal, 0 viai- culo entre el Iho, o de cada um deles com easal com 0 psicélogo. Ou € 0 que procuram indu- zit-nos a estabelecer com isente e ainda desconhecido {o que dizem dele), que pode facilitar ou perturbar a tarefa pos- terior. Por isso pode set util, em alguns casos, trabalhiar com a técnica de Meltzer, que vé primeiro o filho e depois os puis. 8:) Avaliar a capacidade dos pais de elaboragao da situ go diagnéstica atual ¢ potencial. 1 interessante observar se amibos — ou um ¢, nese’ caso, qual deles — podem promover, colaborar ou, pelo menos, accitar as experiéneias de mudanga do filho caso este comece uma terapia. E importante detectar a capacidade dos pais de aceiti-las na medida, qualidade e momento em que se déem, pois disso depende muitas vezes 0 comego e, especialinente, a continuidade de um tratamento. Ja que nos referimos & entrevista com os pais, queremos larecer que a presensa de ambos é imprescindivel. Considera- mos a crianea como emergente de um grupo familiar e pode- ‘mos entendé-la melhor se vemos o casal parental, Entendemos que € mais produtivo romper o esterestipo segundo o qual a revista com a mie se impde somente pelo estreito vinculo que se estabelece entre ela ¢ 0 filho. Isto é certo e plenamente ilido nos os meses de vida da crianga. Mas, na histé- tia do filho, © pai desempenha freqiientemente um papel to sua sintomatologia atual e a problemitica su cessidade de 5 > Bes para pondente, E evidente que ofillo Eo ‘Nao gatantir a presenga de tem a ver com isso, Por ponsabilidade ¢ ad ‘mar tudo isto apenas & mic sign ponsabilidade do psicélogo. Dado que o em nenhum momento prévio do proceso que informagao (por exemplo, necess reeebé-la ¢, conitudo, ele pode ser o m elemento muito impor vel por iLcomo projetado no marido, en ispecto que ficou revista pela auséncia deste, enfient res dificuldades. Pode acontecer que o aspecto disso depositaio no a sao a0 tratamento. A mae se mostrar’, por exemplo, reveptiva, Colaboradora e complacente, nias, em seguida, poderd rach nalizar: “Meu masidlo no quer” Deste moda no wm um aspecto de resistéy este grupo fam I i esse aspecto inchufdo nas entrevistas, provo~ ica. Em relago a ago da culpa dizem: nui-la. Por outto lado, se pensamos que a devolucio rmagio procura certos beneficios psic te A mie ¢ niio ao casal? E fregt devide a uma consulta pelos file acabem reconhecen- doa (0 ¢ 0 procurein, 8 situar no ponto logo. Entendemos que a presenga do pai e da spensavel por varias razies. A aa obsetvacio in situ de como sao, que papéis desempenha cada um deles em relagao ao outro, em relagio a0 ‘Vamos agora mudar de perspectiva e de vista do psi mie Ihe € lidade de uma psicoter le corretor do que 0 outro diz, Se a a tetjogo de cmergentes que e: des de detectar vicios ¢ corrigi-los. Por outro lado, a presenga © perigo de aceitar 0 ausente como “bode ex- como depositiio de todo © ro pai 6 tratd-lo como tereciro ex modo, negar 0 complexo edipiano, que é um dos nt cos da compreensiio de cada caso. Isto estimula ciumes ¢ tiva- protesto por le outra, ata- mndstico ou a terapia (interrompem, negam-se- a pagar 0 estipulado, interferem constantemente, etc.). Acaba- 26... 0 pracesso psicodiagnastica eas teenicas projetivas -identificou projetivamente com o filho em seus aspectos negadores da realidade (a separago) e que, pela culpa de ter conseguido concretizar suas fantasias edipianas e pela dor fen te a essa perda real, trata de junti-tos, seja mediante tentativas efetuadas diretamente por ele ou transferidas a outros (neste caso, 0 psicdlogo). Se desejam vir juntos as entrevistas, tere~ mos um caso em que a tecnica no sera diferente do que foi dito anteriormente. Se, pelo contrivio, desejam vir separada- mente, temos de respeita-los. Pode acontecer também que de~ sejem vir separados e com seus respectivos novos companhei- 108, Neste caso, a realidade se mostra mediante esses dois ca- sais alvais que representam (cada um dos pais da crianga) dois aspectos irceversivelmente dissociados. Deveros. também advertir 0 psicdlogo a tespeito de scus impulsos contratios aos de unit 0 casal, Referimo-nos aos casos em que, contratrans- ferencialmente, sente que néo “sintoniza” bem com o:casal, que “essa mulher no é para esse homem"” ou vice-versa. Se atua* o que eles Ihe transferiram, procurari conseguir uma separagio pedindo, explicitamente, que venham separados, ou manipulande 2 dindmica da entrevista de tal maneira que se acentuem os pontos de divergéncia entre 0 casal, em.vez de efetuar um balango justo dos aspectos divergentes e conver= gentes que realmente existem. Outro tema a ser considerado ¢ que mereceria um desen- volvimento muito mais amplo do que podemos realizar aqui © dos filhos adotivos. Segundo nossa experiéneia, geralmente sto as mies que esto dispostas a pedit a consulta e iniciar 0 nsmitindo a sensagio de que tudo deve transpare- cer © minimo possivel. O psicdlogo deve procurar fuzer com ‘que venham ambos os pais pelas razdes jd expostas e, além disso, * O terme awagao ser cout} empregando-se at mente i agi sem i deM. LS. de Ocas A entrevista inicind 2 porque necesita investigar elementos esse: espeito da adogio (ndo se se lo ter filhos, ndo estar sé agora a1 fa mn ds mol inconscientes que taibgm deve serinvestigndns). dos que devem ser tevadtos em co “mente a situagak Quando a adogao nao foi esclareeida, cent ‘s40 como motivo teal e subjacente da consulta, stm desvalo- Fizar 0 que tragam comy motivo di mesma. Talos os jam mais oa menos graves, deen. ua solugho, da elaboragio prévia, por parte dos py de sua condigio de pais de fils adotivos, Por isso, recouen- damos que, no momento em que surgie s informagiie de ho € adotivo, o psicdlogo se dedique a claborar este por de uryéncia com os pais. Devers esclarecé-los s que o lho deve saber a verdade porque teu di dizé-lo nao constitui, como eles eréem, vm dano, conttario, um bem que a prépria criangs pode estar re do inconscientemente através de outros conilitas (roub rese, problemas de aprendiza oblemas de condutn Pensamos: tuaciio do Filho adotivo co meno que ¢ fonte de possiygis contitos, que pode chexs em si mesma um conilito, de acordo com a forma com que os pais manipulam ¢ elaboram esta situago. Geralmente, & indis- numas entrevistas do ca na qual lose Bleger, Temas de psteol lo) 280 processo psleodiagndstco e as tecnicos proetivas quer destruir as fantasias que alimentaram durante anos, tirar~ Ihes 0 filho, em summa, castigé-los. Mas tudo isso esta relacio- nado com as fanlasias anteriores, concomitantes ¢ posteriores a adogio, O fato de o fillio set ou nfo adotivo é to essencial & identidade que a solugio de todos os conflitos em torno dessa situago tem primazia sobre as outras. Por isso, continuar 0 processo psicodiagnéstico centrade no motivo trazido pelos is € algo assim como cair numa armadilha, Seja qual for 0 caminko de abordagem do caso, entcontrar-nos-emos, no fan- do, com o problema centrado na propria identidude. Se os pais, apesar da intervengio terapéutica, ainda resistem a esclarecer is erionga (eles devem assumit esta responsabilidade), devemos adverti-los a respeito das dificuldades que surgirao no trabalho psicodiagndstico com a crianga, no (anto durante a aplicagio dos testes, mas na entrevista de devolugdo. Nesse momento deveremos dar nossa opinigo verdadeira a respeito do que vcor- re com ela, Se aceitamos previamente o limite imposto pelos pais no sentido de nio incluir a verdade (a adogo), deixare- mos de laclo ou omitiremos por completo uma tematica que, sem diivida, deve ter aparecido no material e que, se o ego da otianga é suficientemente forte, deveriamos incluir na devolu= silo, Se aceitamos a limitagzo imposta pelos pais, estabelece- ‘mos.com eles uma alianga baseada no engano ¢ na impostura, cenganamos ¢ decepcionamos a crianga e podemos até transmi- tir-lhe a sensago de que é um doente que desconfia dé todos, ocultando-lhe que, inconscientemente, ela percebeu algo real € objetivo (sua adosao) ¢ 0 conflito surge por causa dessa rea~ lidade. Entrar no jogo des pais significa também dar-Ihes um pseudo-alivio, j4 que perceberam certos sintomas do filho © consultaram psicélogo. Aparentemente, eles cumpriram seu lever ¢ nds cumprimos 0 nosso. Mas o filho € duplamenie enganadlo, ¢, por isso, nifo seria estranho que sua sintomatelo- gia se agravasse. E interessante registrar em que momento os pais comuni- cam esta informagao: se surge espontaneamente, se deixam que A-entvesist 29 seja percebida de alyuma forma (lacunas mnémi pergunia a respeito da gravidez € do patio, ex culposa acompanhada de verbalizagdes incomp| permitem suspeitar) ou se a escondem até @ cela surge 86 na entrevista de dev f que 0 psiedlogo Thes ests expl Jo endo como um dado de bam a em relagio ude ao psicdlogo até 0 momento ean que 0 5 rani como um bom contitiente com quem se pede campus verdade, E a expressiio de um impulso reparador Em outros casos, os pais esperum que 0 psicblogo una pergunta direta, Esta pode surgir g cepsiio inconsciente do psiedlogo ou de da pressos pelo fillio no mater exemplo, 0 caso em que uma menina tinha desenhado ura casa e duas arvores de eada lado, Como aparecian) 1 mentos tecorrentes & alusio de ter dois easais de pais © milia muito grande, formulou-se aos pais uma per © estes reyponderam que, de até o final, nfo poclemos deixar de inclui-la de forms d 99) Outro ponto importante que deve ser inv primeira entrevista ¢ 0 motivo da consulta. Reton 08 conceitos expressos em outro traballie ness0! No motivo da consulta deve-se discrin entre motivo manifesto e motivo latente. motivo manifesto é 0 siatoma que BO sam «0 processo psicodiognéstico eas ects projetinas pode resolvé-lo sozinho e resolve pedir ajuda. Em alguns ea 505 0 receptor do sinal de alarma é um terceizo (parente, amigo, pediatta, etc.), que ¢ quem soticita a consulta ou mobiliza o paciente a fazé-lo, Este dado nos indica por si s6 um arau menor de insight com releréncia & propria doenga, Na maioria dos cases 0 motive manifesto é, dentro de um mimero mais ou menos extenso de sintomas que afligem o paciente, ou aqueles gue convivem com ele, © menos ansiégeno, o mais inecue, 0 Inais ficil e conveniente de ser dito ao psicdlogo, a quem, ge- ralmente, acaba de conhecer: Este, por seu lado, enquanto es- cuta e pensa sobre 0 caso, pode elaborar algumas hipoteses a respeito do verdadeiro motivo que traz o paciente (ou seus pais) & consults, Geralmente 0 motivo ¢ outro, mais sério e mais relevante do que o invocado em primeiro ugar, Denominamo- lo motivo latente, subjacente ou profiurdo da consulta Outro elemento diagnéstico ¢ prognéstico importante & 0 ‘momento em que o paciente toma consciéncia (se puder) desse ‘motivo mais profundo, Se o faz durante o pracesso psicodiag- ndstico, o progndstico é melhor. Deve-se esclarecer se é possi- vel ou nao incluir esta informagdo na entrevista de devolugaio. Caso ela seja incluida, a reagao do paciente sera outro elemen- to importante: se recebe a informagaio e a aceita como possivel, © prognéstico é melhor. Se se nega totalmente a reconhecé-la como prépria, eabe pensar que as resistencias so muito fortes ©, portanto, o prognéstico nio & muito favoravel. Esta discrepincia surge como cénseqiiéncia de um pro- cesso de dissociagao intrapsiquica que ocorreu no paciente. E importante que aquilo que foi dissociado intrapsiquicamente pelo paciente no seja também dissociado pelo psicdlogo no material recolhido € no informe final. Como veremos mais esta & uma das razdes pelas quais nos parece impres- cindivel a devolugdo de informagio: € a oportunidade que se da a0 paciente para gue integre o que aparece dissociado entre ‘o manifesto ¢ 0 Jatente. Em certos grupos familiares, o grau de dissociagio ¢ tal que 0 membro que tmzem & consulta é 0 Jou se este no @.preacupa nemo fiz sot it menos doente, ficando assim ocutto o verdadeito foco do pro- bblema, a menos que o psicdlogo possa deteci esta situagao. Por isso, € importante saber se o sintoma do € egossintintico ou egodistOuico grupo familiar. Saber piimeira se © pa (@ (0u 0 que veio por sty conta) sente gu © paciente € seu deve-se investigar se € devido & sua patologia espec Gio do conflito ¢ dos sentimentos dolorosos cm tuada e mais resistente 4 methosa, quanto mai os sentimentos de culpa, ansiedade, repressao, ete Alito mobitiza no paciente e que funcionam como respo por esta dissociagio. Una atitude recomendavel para 0 psicdlago ¢ a de tar o paciente, mas nao fi ele the transmite: O paciente conta sua Centra o ponto de urgéncia de seus prob ce menos ansidgeno. Esta atitade ingénua, € no fundo de pres igamento, impediu muitas vezes o psicélogo de escutare jul- gar com liberdade, Diante de um dado que “niio encaixa” com © esquema inicial do caso, surpreende aparente incoeréicia, Por exemplo: sé a hishé sinistra, esforsai-se~d para achar todo tipo de (ranstosnns, tesco como certo que ficou uma sivel diagnosticar que esta crianga apresenta w ‘mental sceitivel, apesar de todos 0s males qu também aconiecer o con! sentado como um simples de aprendizagem, 0 processo psicadio stico eas técnicas projetivas se a investigar a dificuldade pedagégica, climinando a possi- bilidade de existéncia de outros conflitos que podem ser mais, sérios. Tomemos como exemplo o caso de um jover que foi trazido para a consulta porque ndo podia estudar sozinho; mas, nna entrevista inicial, surgiu a seguinte informagao: cle gostava de passear nu e de se encostar na mae cada vez que o fazia, Se © psicdlogo nao centra estes itimos dados come ponto de maior gravidade ¢ urgéncia do caso € se restsinge ao primeiro ‘blema, cai na mesma atitude nezadora dos pais ¢ reduz. a0 minimo as possibilidades de ajuda efetiva ao paciente. As ve- 2zes, sto os pais ou o paciente que dissociam e negam impor- Lancia ao que € mais grave. O proprio psiedlogo, influenciado pela primeira aproximagao do paciente ou de seus pais, se fecha a qualquer outra informagio que nao coincida com a do comego da entrevista € minimiza ou nega francamente a rele- vaneia dos dados que vio surgindo a medida que o processo wanga, O momento e a forma como emergem os aspectos mais doentes fazein parte da dindmica do caso, e deve-se pres- lar muita atengao a eles. Analisarcmos em seguida outro aspecto relacionado ao motivo da consulta, Trata-se de investigar se o paciente funcio- na come tercciro excluido ou incluido em relagio a0 motivo do inicio do proceso psicodiagnéstico. E comum acontecer que 0s pais de uma otianga ou de um adolescente niio esclare- gam a0 paciente o motivo pelo qual o levam a um psicdlogo, Neste caso, trata-se 0 paciente como terceiro excluido. Se Ihe esclarecem 0 motivo, funciona como terceito incluico, mas & preciso observar até que ponto os pais (ou quem intervéi como encaminhante) o fazem participar desta informagio. Bi alguns casos comunicam-lhe um motivo real, mas nao aquele {que mais os preocupa, Para que tenham tomado esta decisao, devem existir certas fantasias a respeito do que ocorreria se lhe contassem toda a verdade. Ditiamos, ent&o, que estes pais trans- , mitiram ao filho © motivo manifesto mas ocultaram 0 motivo profimdo. Em outros casos, em face da recomendagiio do psi- gagdes, ete., que na realidade cou {ant 0s seus conilitos illo gostava cle dis 68 esportes masculinos come o futebol, comi irmao gémeo ¢ era muito apegado A mie. No fa que 0 estavami Lrazen- nibidora cias que sobrevém se 0 psicélogo no modifica proceso sein tetificagdes, Em primero ly No exemplo, deveriamos nos centrar 1 caso de perturbagio « dade sext aque recaiui na orslidade do paciente, #m seguiido lugar, complica-se a tarefa de es terial reco! trola melhor © motivo apresentaclo por quem 0 jemlemente, percebe a incongruénicia ou o engano e 6 msmnite ou projeta no material que nos com a doente surgiram sentimentos de surpresa, do que todos os seus aman is tragos homossexuais, que provoca BL opmeesso psicodiagnstic ¢ as icenicas projetivas petizoso, no qual finge estar investigando uma coisa mas, sor- tatciramente, explora outta socialmente rejeitada e sanciona- da, Quando trabalha, por exemplo, com © material dos testes, deve, por un lado, estudar como aparece o motivo apresenta- do pelos puis (oralidade), pois tera de falar sobre isso com a crianga e com os pais na entrevista final, Por outro lado, deve- © que realmente preocupa os pais e também a cerianga. Esta situagao introduz novas variéveis, torna 0 pano- rama confuso e produz uma sensagao de estar trabalhando “em, duas pontas”. Se os pais aceitam ¢ reconhecem o motivo real da consulta ¢ 0 transmitem fielmente ao psicélogo ¢ ao filho, © panorama que se abre ao psioélogo é mais coetente. criam-se diftculdades muito sérias qua ‘dlogo deve dar sta opinido profissional na entrevista de devolugao, Neste momento pode optar por néio falar, entran~ do assim em cumplicidade com os pais ¢, em titima instin com a patologia; pode manter uma atitude ambigua, sem calar totalmente nem falar claro, ou dizer a verdade, na medida.em que a forga egdica dos pais € do paciente o permitam. Em quarto lugar, 0 destino de uma possivel terapia fitue a, caso seja necessiiria, € muito diferente conforme tenha ha- vido esse clima de ocultamento e distorgdes ou de lranqueza dosadla durante 0 processo psicodiagnéstico. Indubitavelmente, esse elima pode ter criado uma relagao transferencial peculiar com o psicélogo que realizou a tarefa, Na medida em que este vinculo esteja viciado, predispde o paciente a trabalhar com a fantasia de que a mesma experiéncia se repetiré com 0 futuro ‘crapeuta. Em muitos dos casos em que o paciente se perde na issagem do psicodiagndstico para a terapia, este Foi um dos ‘ores decisivos. Por todas estas razSes recomendamos especificamente de- incicéncia ou discrepancia entre o motivo manifes- to e omotivo [atente da consulta, 0 grau de aceitagdo, por parte dos pais e do paciente, daquele que se revela ser 6 ponto de maior urgéncia assim como a possibilidade do paciente, e de seus pais, de conseguir um insight. Sem divvida, esti que 0 motivo da consulta € 0 elemento ger que emerge na primeira entrevista (o trabalho referimo-nos 4 impor ansiedade dentro do processo’. nsinitir ao psic }Ogeno. Em outros casos verbal quando 08 pais se mostram preox rético mas, apesar de ineluirem 0 tsa passivo, que busca o isolamento, que brinear sozinho, nao dao sinais de que isto seja una proocupa- 85 por outre lado, or grow de inrev ua porque supdern tnt n (oma. Alguas pais relatam com muita ansie a0 psicdlogo, parece pouce relev: pensar que u carga de rma Jeve mas q 08 pais nif to consciéncia ou que ni se atrevem a en © cua transcendéncia se expressa através da Relataremos um caso para mostrar isso mais detalhada- mente, Jorge é una crianga de nove anos, que é levada por sua mde 20 Hospital de Clinicas porque tem certas dificuldades na escola: confunde 0 “M” € 0 “N”,0“S"€0"C”, 0 “We 0B” {Jo apareceu nenhum outro dado como motivo da const ie a admissio e nem ao se realizar a primeira entrevista mie, Antes de prosseguir com a supervisio do material dos testes da inde ¢ da crianga, detivemo-nos em algumas ques- (es: E esta a maneira pela qual comumente uma mie encara um problema de aprendizagem tio simples como este? Por que nfo recorreu a uma professora particular? O que haverd por ildade escolar que justifique a mobilizagdo de anga para aceitar 0 proceso psicodiagnéstico, geral- mente desconhecido e, portanto, ansidgeno? Como resposta cabe pensar na existéncia de algum outro problema tio mais sério quanto mais minimizado foi o motivo a consu is categoricamente negado, para manter afas- tada nsiedade persecutotia que sua emergéncia mo- bilizaria. Continuando com a supervisio do caso, descobrimos gue a erianga havia softido uma cranioestenose, em raziio da qual foi operada wos seis meses ¢ esteve hospitalizada durante “um ano ¢ meio, Aos seis anos fez uma amigdalectomia, Nessas oportunidades, nada the foi explicaco, nem antes, nem duran- te, nem depois das intervengdes. A isto somava-se a inten ansiedade da mée,por fantasias de morte durante a gravidez © parto deste filho e pela morte real de varios familiares. Mae filho compartilhavam da fantasia de que este havia sido par- cialmente esvaziado na primeira operagao, de que linha sido transformado em um mictocéfalo (isto € visto com clareza nos griticos da mae e do filho) e de que, dai, era torpe, incapaz, im- potente. Desta perspectiva, pudemos compreender 0 sintoma razido para a consulta como expressio do alto nivel de exi- géncia e a margem de erro minima permitida pela mae a0 ( ros de ortografia bastante comuns) ante seu constaite te temor da realizagio de tais Fantasias de castragéo em todos d A entrevista inicial i a7 08 niveis, a0 wesmo tempo que uma espéc permanente de reassegureimento de que sua cab bom. Pedia-nos, indiretamente, que re 10 a sua ¢ tirissemos stas incdgnitas, Est pois, do ponto de vista do mais dente, au era mais patologico, por medo de entr ista adaptative, por outro lado, 16 fe sentida, mas nio conse de que fossem submetidos a ue, nde seus pais faz com que diminua 9 nivel de ansiedade (qualquer que se atureza) ¢ Fique cologo, que devera diseri Uiffculdades conduta cujos elementos lutentes alarmani 0 ego do pi mente seus pais, poderia mobil 0 tip ansiedade e culpa, o que, por sua vez, condicionatia outro «de manejo téenieo desde o camege dio process sito de informagio mais Os primeinas sinais di yeu recom, 10 pleta, Os pais transmitem a histéi Por seu lado, o psi © fazem, 0 que esquece! teriormente, com a maior fidel elementos nao-verbais do eno) ande volume de Um 8 Opracesso, nistico e as tec as proj averiguar, desde o principio, cue fantasias, que con- io da vida, da siiide e da doenga tm os pais ¢/ou o pa- nte; 0 conhecimento destes esquemas referenciais permite vompreencler mellior 0 caso e evitar a emergencia de ansieda- des confusionais ou persecutérias. Conhecendo estes esque- mas poderemos, por exemplo, entender melhor por que estes pais pensaram que o filho esté doente, como deveria estar para que eles o considerassem curado € o que deveria fazer 0 tera- peula para consegui-lo, Muitas: vezes esses dados’ permitem prever intercupgées do tratamento (confusio por parte clos pais, entre uma “fuga” na saiide ou deira satide mental, ou crenga de que um acesso de firia é um maior indicador de doenga do que o acesso de asma anterior 120 tratamiento). Ao mesmo tempo, o esclarecimento destes pontos perm te a0 psicdlogo determinar se 0s préprios pais necessitarao de sisténcia psicoldgica ou ndo, ¢, caso a necessitem, qual a téc- ica mais apropriada (terapia profunda individual de um dos dois, terapia de casal, grupo de pais, terapia familiar, ctc.). Outro elemento digno de ser levado em conta quando se tra- ja com a técnica de entrevista livre é a seqiiéncia de aspectos do fillo que os pais véo mostrando ou dos aspectos de si que o paciente adulto vai mostrando. Quando se trata de pais que vie- 1am por seu filho (erianga ou adolescente), podemos registrar alternativas distintas: um mostra os aspectos sadios do filho e 10 08 mais doentes, ¢ isto se mantém ao longo da primeira entrevista e de todo © processo. Os papéis se alternam, ¢ quando m dos dois mostra algo sadio 0 outro mostra um aspecto doen- te. Ambos mostram 0 mesmo, s6 0 sadio ou s6 0 doent, E possivel, também, que a énfase vA passando, ao longo da entrevista, do mais sadio ao mais doente ou vice-versa. Como, neste sentido, o psicologo owtorga aos pais a mais ampla liber- dade, tem direito a considerar tal sequéncia como significativa Aen ital 39 um pelos aspectos mi ‘indo paulatinamente 0 preparam o psicélogo para reccber gradu geno. Além disso, pode-se dizer que adotam protetora © menos devastad em relagio a'seus praptios aspectos wosticar a possibilidade de uma boa claboragao depressiv: ausiedade, com 0 que se pode prever também uma colabor S40 positiva com o psiedlogo durante o processo psicodiagnds- tico © com 0 terapeuta, se a crianga necessitar de Pode ocorrer que os pais mostrem exclusivamente 06 as- pectos positivos do um ponto em que o psicélaga se pergunte a ra em Ihando ¢ que esta atitude no pressupde a invalidagao do que funciona bem, O que é m casos come estes € consegu tos mais doentes do que devem integrar com o positivo, sobret vista. Como é evidente, estes pais necessitam uma dose excessiva de culpa persecutéria probabilidade de cait alternativamente em ipais objetivos do psicodiagndstice: mos tvar-Ihes uma imagem mais completa possivel do Em outros casos, 2 seqiiéncia esco! -m primeito os aspectos mais doentes e depois, oca como um indicador do desejo de deposiiar no psivdlogo, de -ma rpida e maciga, 0 mais ansidgeno, para prosse re 40 7 0 processo psicadiagnéstico eas téen projetivas ' Vista com maior trangiilidade ¢ soltura. Em muitos casos, este recurso evacualivo serve para os pais estimarem 0 poder do 6logo como continente da doenga do filho. E algo assim ‘como um desafio ao ego do psicdlogo, que se vé, desde 0 co- meso, crivado por relatos muito angustiados. Nesta dinamiva podemos prever dificuldades na entrevista de devolugao, ja que estes pais dificitmente poderdo tolerar o insight dos aspectos ‘mais doentes do filho. Assim como nos referimos antes ao caso dos pais que idea- encontramos também 0 caso oposto, o daqueles .eguuem resgatar siada de positivo e tratam-no co- luos que Ihes serve para no assumir seus jos aspectos doentes e a culpa pela doenga do casos 2 de informagio também é difieil pois os pais néo toleram a incluso de aspectos sadios € adaptativos do Filho devido & culpa que isto Ihes suscitaria, A culpa ea ansic- dade concomnitantes seriam de tipo depressivo, sentimentos esses que estes pais no suportam. E muito frustrante trabalhar com pais assim em psicodiagnéstico ou em psicoterapia, ja que se eles ndo recebem a assisténcia terapéutica para que hajat um mudanga positiva, resistirdo sempre a admitir a melhora © os progresses do filho. © psicologo espera que ambos os pais, indlistiritamente, ragam, associando livremente, aspectos positivos ¢ negativos que formem uma imugem do filho, que se completa & medica que a entrevista vai transcotrendo. Esta expectativa nem sem- pre se reuliza. Da-se 0 caso de pais com papéis francamente comtrérios (a0 complementares, que so os mais proximos & normatidade). Um dos pais assume o papel de advogado de defesa e o outro de acusadr do filho, Um relata algo positive € 0 outro imediatamente associa algo negativo que invalida 0 que foi relatado antes. Suponhamos, por exemplo, que a mie ciiga: “E muito ordeiro” ¢ o pai acrescente: “Sim, mas ontem dei xou tudo jogado, seu quarto estava desarrumado.” Em alguns casos, cada um destes dois papéis ¢ fixo ¢ desempenhado por papéis mbidveis © que 0 que esses f a Fungo que det cia de ambos os pu Nao toleram estar guém que mostra ever dem concorder com o que véemn e, as vezes, muito valor pare eles, rela ow indiveta, Na ei nportando quem os no suportam cue o que va in com dificuldades para entende: permanentemente contraditérias. vista final com a fantasia de que, por dois tinha razio. Quando percebem que o partido de ninguén aliviar-se ow acordo com o easo. O quando conseguem wm insight do tipo de casalque e quando nfo se seniem recriminados por isso, q veendem que entender-se um com o outro Ihes pe der melhor o filho. N&o weserva de sentimentos depressivas que se mo , Saber-se-t qual dos rilar-se, de itago, ma tem 0 que o psicdloge diz como encoberta, surge quando: ma reprovagiio B06 ido secebe as admoestagdes do casal parental, representado entiio pelo psicdlogo stro, Por est: tante abster-se de entrar n saulorizar fianeamente davel € mostrar aguilo que 08 erras de ca recomendavel ent propdem ae psicdloy 7 ~ = -.0 processo psicadiagy twem um casal ¢ que o terceiro é o filho, a quem se deve dar énfase em tudo o que se fala, Outra dificuldade que pode se apresentar ja desde a primei- ra entrevista deriva da semelhanga entre # patologia do filho © a de um de seus pais. Neste, uma reagdo defensive comum po- de sera de diminuir a importéncia de tal patologia reforgando isto com racionalizagao do tipo: “Eu era igual quando peque- No, © ayora estou bem.” Os dados que apontam para esta pato- togia nfo aparecem como motivo manifesto ow nao se Ihes di primazia. E 0 psicélogo que deve capli-los, perguntar.mais exaustivamente sobre isso e unir os dados de filho com o ma- verbal e pré-verbal do pai, da mie ou de ambos (gestos de contrariedade, netvosismo, desejos de it embora, verborra- gia invasiva ov moderagio extrema e todo tipo de tentativas de convencer 0 psicdlogo de que é melhor no perguntar mais a respeito daquilo), E muito importante, entio, que o psivdlogo, nao se submeta a tais imposigdes para poder obter todo o mate- tial necessirio, sem se aliar & patologia do grupo familia, arcan- do com todas as conseqiiéncias que este papel waz consigo, As dificuldades assinaladas, e muitas outras que no podem er esgotad capitulo, surgem das caracteristicas psico- dinamicas do paciente ou do grupo familiar que nos consulta, © das do proprio psicélogo. Este deve se ocupar, desde 0 pri- meiro momento, om discriminar identidades dentro do grupo familiar que © consulta. E muito importante que estabelega quais ¢ de que tipo ¢ intensidade sao as identificagées proj vas que cada pai faz. com o filho ¢ este com eles. Deve estu- dar, em cada caso, asprobabilidades que tem de estabelecer uma alianga terapéutica sadia entre seus aspectos mais sérios, reparadores ¢ madutos e os dos pais. Se, ao contrario, se esla~ belecer uma alianga entre seus aspectos mais infantis e os dos pais, so poucas us suas probabilidades de fazer um bom diag- 10slico € prever com corregio © prognéstica do caso, assim como de planificar uma terapia adequada para ele. Quanto me~ nos experiéneia fiver € quanto menos claborados estiverem as A entrevista seus conflitos pessoa) mec: minvi acentuadamente a compreeasto do caso ¢ us possibili- dades repuratétias da devel A ansiedade desermpenha um pape isso, assim como tanibém_o geau de matsidade akcangado pelos aspectos infantis do psiddlogo e dos pais do paciente. Se © psicélogo mantém uma subm: pais internos, pode permitir-se pouca liberdade de pensemento ede acdo diante do casal que o consulta, Fender’ a exer disserem, a aceitar'o enquadramento que eles f ficil ov impossivel colocar-thes Isto significa confi para pensar de forma adequada sobre o caso. siedade no psicsloge e“iem sem ‘em seu beneficio. A ansiedade funciona nele como um sinal de alarme ante tn emergente num determinado mi sicdlogo se deixa imvadir pela ansiedade, perde capacidade de discrimina- neorte em atnuagdes, etc. Sua capacidade de penetracie no oulro fiacassa on toma Tumo que nada tem a vet com o ponto de wgéncia que deter- minou o surgimento do alerma. A ansiedacle pode favorecer inibir as pos: , escat, rete, claborar hipéteses, integrar dados e cfetu: boa sintese e Posterior devoluciio, Por isso consideramos oportuno destacat a impor ido interior do psicd suas possibilidades reparatérias em relagio a seus pi aspectos infantis e a seus pais internos. Se este aspecty & ravel, & bem possivel que possa tomar un © pais, interferindo em seu proprio trabatho, até o ponto de se i 0 processo psicodiagnéstica ¢ us técnicas projetivas (ornar uma barreira impenetrivel na comunicagao. Esta difi- culdade é transmitida mais através da forma do que através do conteddo daquilo que se diz. Este whimo é mais bem controlado do que um tom de voz cortante, seco, agressivo e indiferente, Além da ansiedade, a culpa desempenha um papel prepon- deranie tanto nos pais e no paciente quanto no psicologo. Quanto maior a ansiedade que detectamos na entrevista, mn: na dizendo: “Que terei feito de ertado?” independentemente a quantidade ¢ da qualidade da culpa, quase sempre aparece nos pais a fantasia de irreparabilidade, quando se enfrentam com uma historia mais real que inclui seus aspectos amerosos ¢ destrutivos. Enfrentar-se com suua qualidade de pais no per- Feitos di, ¢ se 0 psiedlogo nfo 0 compreende, pode aparecer como figura censora que os castigaré como a filhos surpreen- didos em falta. Esta dor nem sempre é elaborada Favoravel- amente; para alguns pais 0 fracasso de sua onipoténcia é algo {Go intoleravel que preferem evitar ou suspender a consulta, Se aansiedade e a culpa forem encaradas adequadamente desde a primeira entrevista, assegurar-se-4 uma maior garantia da qua- lidade do trabalho diagnéstico do psicélogo e, sobretudo, dei- terreno bem preparado para a entrevista devolutiva e para a elaboragio de wm plano terapéutico correto, se necessério. Bibliografia Aberastury, An ria y técnica del psicoandlisis de nittos Buenos Aires, Paidés, 1969. Abt, L. E,, “The Analysis‘of Siructaral Clinical Interview", J. Clin. Paychol., 5, 1949, ‘La situacién analitica como campo dinamico”, Rew IN, 1, 196)-62. Blogcr, José, “La entrevista psicoldgica”, ead. n° 4, Dpto. de Psicol Univ. Nac. de Buenos Aises. sta inci, Paidds, 1971 1 S., yo» lor mec Nuhoum, C,, Liendretien psyehianigi Ocampo, M. L. §. de ¢ Gareia Arzen ta y su relucion con Ja devo! Capitulo HT Entrevistas para a aplicagio de testes

You might also like