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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS.) ACORDAO Recurso Eleitoral n° 1126-86.2013.6.13.0069 69" Zona Eleitoral de Carangola Recorrentes: Partido do Movimento Democratico Brasileiro - PMDB; Paulo César de Carvalho Pettersen, candidato a Prefeito, nao eleito; Coligagao Carangola Para Carangolenses Recorridos: Luiz Cézar Soares Ricardo, eleito Prefeito; Flavio Dias Queiroz, eleito Vice-Prefeito Relator: Juiz Mauricio Pinto Ferreira Recurso Eleitoral, Representacao. Art. 30-A da Lei n? 9.504/97. Prefeito e Vice-Preteito eleitos. Arrecadagao e gastos ilicitos de recursos. Improcedéncia Juntada de documentos objetivando questionar a vetacidade da declaragao de bens apresentada pelo primeiro recorrido, Inadmissibilidade, Documentos nao so novos a teor do art, 397, do CPC. Inovagao recursal. Tese da insuficiéncia do patriménio do candidato nao abordada na inicial como causa de pedir. Preliminar. Coisa_Julgada. Reieitada. O julgamento das contas nao vincula o exame acerca de eventuais ilicitos cometidos na arrecadagao ou nos gastos em campanha, vez que distintos seus objetos e finalidades. Merito 1. Utilzagdo de recursos préprios em espécie nao informados Justica Eleitoral. Inexisténcia de vicios. A declaragao de bens apresentadas no momento do registro de candidatura nao indica de maneira precisa a situagao econémica do candidato, mas apenas seus bens Patrimoniais, conceito que nao se confunde com o de renda. Doagio de recursos proprios limitada ao valor de gastos previamente fixado pelo partido. Obtencao de empréstimo para saldar divida_ de campanha. Contabilizagao como recursos préprios (art, 26, § 2%, Resolugao 23.376/2012/TSE). 2. Suposta desproporcionalidade dos gastos com combustiveis apresentados pelos recorridos nao comprovada. 3. Falta de contabilizaco de despesas com producao de videos de campanha distribuidos em DVDs. Omissao nao comprovada. Gastos informados na prestacao de contas. Mauricio Pinto Fed Juiz TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS (Continuagao do Acérdao de n°1126-86.2012.6.13.0069) Auséncia de provas acerca do maior custo do trabalho, em razo de sua alta complexidade. 4. Despesas com agua e servigos de telefone do comité eleitoral. Gastos com agua quitados por eleitor (art. 27, da Lei n° 9,504/97). Valores das despesas nao mencionados na declaragdo acostada aos autos. Despesas com servigos de telefone contabilizadas por valor estimado. Iregularidades de pouca expresso juridica para ensejar a cassagéo de diploma dos recorridos. Recyrso a que se nega provimento. al Regional Eleitoral de Minas 1 de coisa julgada e, por maioria, io voto do Relator, vencidos os ACORDAM os Julzes do Tri Gerais, a unanimidade, em rejeitar a prelir negar provimento ao recurso, nos ten Juizes Virgilio de Almeida Barreto e Alber Belo Horizont fe setembro de 2013. Mh Juiz Wuneeeraes Relator af . TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS Sessio de 10.9.2013 Recurso Eleitoral n° 1126-86.2013.6.13.0069 Zona Eleitoral: 69%, de Carangola Recorrentes: Partido do Movimento Democrético Brasileiro - PMDB -; Paulo César de Carvalho Pettersen, candidato a Prefeito, nao eleito; Collgagéo Carangola para Carangolenses Recorridos: Luiz Cézar Soares Ricardo, candidato a Prefeito, eleito; Flavio Dias Queiroz, candidato a Vice-Prefeito, elelto Relator: Juiz Mauricio Pinto Ferreira RELATORIO © JUIZ MAURICIO PINTO FERREIRA - Trata-se de recurso interposto pelo PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO - PMDB -, PAULO CESAR DE CARVALHO PETTERSEN, candidato a Prefeito, no eleito, e COLIGAGAO CARANGOLA PARA CARANGOLENSES em face da sentenga que julgou Improcedentes pedidos por eles formulados na representaco por arrecadagao e gastos ilicitos de recursos em campana eleitoral (art. 30-A da Lei no 9.504/1997). Na inicial, foram apontadas as seguintes irregularidades: 1) utilizagao de recursos préprios, em espécie, ndo informados pelo candidato na declaragéo de bens apresentada a Justica Eleitoral; 2) no foram declaradas despesas com gua relativas ao funcionamento de comité eleltoral; 3) excessivo gasto com combustivel - na ordem de R$12.707,16; 4) despesas com telefone néo contabilizadas; 5) auséncia de langamento de despesas com filmagens e edicéo de videos. Em suas razées (fis. 316/335), os recorrentes alegam que os Recurso Eleitoral n? 1126-86.2012.6.13.0069 1 ds Mauricio Pinty/FeNeira Juiz Refator es recorridos infringiram 0 disposto no art. 30-A da Lei n° 9.504/1997, pois comprovados 0s gastos ilicitos de recursos, sobretudo o Investimento da quantia de R$61.613,78 (sessenta e um mil seiscentos e treze reais e setenta e cito centavos), em dinheiro, pelo primeiro recorrido em sua campanha eleitoral, recursos estes que ndo constavam da declaracdo de bens apresentada & Justica Eleitoral por ocasi8o do pedido de registro de candidatura. Sustentam ter havido utilizago de recursos em montante superior ao real patriménio do primeiro recorrido, juntando novos documentos com o intuito de comprovar a falsidade da declaracéo citada, uma vez que alguns dos bens informados & Justiga Eleitoral, teriam sido alienados ainda em 2010. Dizem que os recorridos ndo comprovaram a origem dos recursos, pois no fizeram prova do alegado empréstimo e o documento referente & venda de veiculo fora por eles fabricado, para ser utilizado como defesa no processo, visto que a data de assinatura de venda do veiculo é posterior ao ajuizamento da asio. Acrescentam que, mesmo em sendo admitido o alegado empréstimo, resta sem comprovacéo 0 valor restante de R$40.000,00 (quarenta mil reais), cuja origem nem sequer foi comprovada por testemunha ou qualquer outro meio. Asseveram que persistem as irregularidades concernentes & auséncia de declarag3o de gastos com dgua e telefone e com a produgdo de videos contidos em DVDs e a0 excessivo gasto com combustiveis. Requerem, por fim, 0 provimento do recurso, a fim de que sejam cassados os diplomas e declarados inelegiveis os recorridos, nos termos do art. 19, I, *j", da Lei Complementar n° 64/1990. LUIZ CEZAR SOARES RICARDO apresentou contrarrazées as fis. 348/381. Suscita a preliminar de coisa julgada, em irtude do julgamento de mérito pela regularidade da prestaglo de contas, e prejudiciais de mérito, em Recurso Eleitoral n? 1126-86.2012.6.13.0069 2 ds Mauricio Pinto Fletkira Juiz Relatdr TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS que ressalta a impossibilidade de serem juntados novos documentos com o recurso, apés regular instrugio do feito, como pretendem os recorrentes, sob pena de ofensa ao devido processo legal, e aponta inovacdo recursal, concernente a tese acerca da falsidade da declaragéo de bens apresentada com o pedido de registro de candidatura. No mérito, sustenta que a utilizago de recursos préprios ocorreu de forma regular, inclusive com trénsito pela conta bancéria especifica, sallentando que competia aos recorrentes comprovarem que tais recursos provieram de captagSo ilicita, énus do qual nao se desincumbiram e procuram transferi-lo aos recorridos. Frisa que a declaragio de bens apresentada a Justiga Eleitoral ndo se presta a indicar a real situag3o econémica do candidato, mas somente apresenta seus bens patrimoniais. Assim no haveria preocupagdo em fazer correta avaliag&o do patriménio por corretores ou profissionais do ramo. Salienta que a Resolugéo n° 23.376/2012/TSE considera como bem estimavel em dinheiro aquele integrante do patriménio do candidato em momento anterior ao pedido de registro de sua candidatura. Acresce que a doac3o de recursos pelo proprio candidato esté sujeita apenas ao limite de gastos estabelecido pelo partido. Afirma que possufa rendimentos suficientes e passivels de serem aplicados em sua campanha eleitoral, por ser advogado, conhecido empresario da regio e ex-prefeito, além de ser proprietario de imével em regio privilegiada nesta Capital e de um posto de combustiveis, esclarecendo que o valor empregado em campanha representa apenas 14,95% do seu patriménio. No tocante aos bens relacionados na declarago apresentada & Justica Eleitoral, argumenta ser possivel inserir nesse documento nao apenas bens registrados em cartério de iméveis, como também aqueles que o candidato Possui, por meio de qualquer documento ptiblico ou particular, razéo pela qual Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 3 os Mauricio Pinto F: Juiz Relator TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS. consta de sua declaragéo 0 imével situado em Belo Horizonte, por ele readquirido, como demonstrariam os documentos apresentados. Frisa que, a0 contrério do afirmado pelos recorrentes, pertence a ele propriedade do sitio listado na declaragao. Nega a existéncia de irregularidades quanto aos demais pontos alegados pelos recorrentes. Os gastos com combustiveis seriam proporcionais & extens3o do municipio e aquém dos valores empregados por candidatos de cidades vizinhas. A produg&o e gravacéo de videos de campanha teriam sido no préprio comité eleltoral, de forma amadora, pelos préprios prestadores de servigos de campanha. Sobre as despesas com dgua e telefone do comité de campanha, esclarece que a primeira foi custeada por um eleitor, em apoio a sua candidatura. J4 0 custo com servigos de telefonia foi estimado na prestaco de contas em R$600,00 (seiscentos reais), valor correspondente ao acréscimo havido com o uso do telefone durante a campanha eleitoral. Em suas contrarrazdes (fis. 400/433), FLAVIO DIAS QUEIROZ reproduz os argumentos expendidos por Luiz Cézar Soares Ricardo. A Procuradoria Regional Eleitoral manifestou-se pela rejeicio das preliminares e, no mérito, pelo provimento do recurso (fis. 442/460). E, em sintese, o relatério. voToO © JUIZ MAURICIO PINTO FERREIRA - Recurso préprio e tempestivo, dele conheco. Dos documentos apresentados com o recurso. Luiz Cézar Soares Ricardo e Flavio Dias Queiroz sustentam que nao podem ser admitidos os documentos apresentados pelos recorridos, pois tals documentos poderiam ter sido obtidos antes mesmo do ajuizamento da Recurso Eleitoral no 1126-86.2012.6, 13,0069 4 ds TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS representagao. Somado a Isso, dizem que os recorrentes também inovaram em suas razées recursais, apresentando tese nao suscitada na inicial - falsidade da declaracao de bens apresentada pelo primeiro recorrido & Justiga eleitoral. De fato, os recorrentes acostaram alguns documentos ao recurso, com objetivo de refutar as informagdes constantes da declaragéo de bens apresentada por Luiz César Soares Ricardo, por eles reputada falsa, buscando, com isso, demonstrar que o primeiro recorrido nao teria lastro patrimonial suficiente para empregar recursos préprios em sua campanha eleitoral. Razo assiste aos recorridos, pois os documentos néo sao novos a teor do art. 397 do Cédigo Civil, tampouco foi debatida em 12 instdncia a Insuficiéncia do patriménio de Luiz Cézar Soares Ricardo, ao contrério daquilo por ele informado & Justica Eleitoral, razo pela qual seria falsa a declaracao. Cumpre observar que os recorrentes introduziram no corpo da inicial a relagdo de bens do primeiro recorrido para demonstrar que no foi declarada a existéncia de dinheiro em espécie. No entanto, em nenhum momento, trouxe & baila questionamentos acerca dos bens ali indicados. Por tais razdes, deixo de apreciar a alegacio apresentada apenas na fase recursal e os documentos apresentados com o recurso, mas os mantenho Nos autos. INDEFERIMENTO DE JUNTADA DE DOCUMENTO © JUIZ MAURICIO PINTO FERREIRA - Sr. Presidente, recebi no meu gabinete uma peticlo que foi dita pelo Dr. Francisco Galvo, requerendo a juntada da cépia do Imposto de Renda dos recorridos Luiz César Soares e Flévio Dias Queiroz. Eu indeferi essa juntada hoje por dois motivos: primeiro porque as declaragdes no so documentos novos. Séo declaragdes dos anos de 2011 e 2012, que poderiam ter sido juntadas a qualquer momento. E 0 segundo motivo Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 5 ds ) Mauricio Pinto Ferreira Tae TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS 6 que as declaraces gozam de sigilo fiscal e o proceso € piiblico. E por tais razBes indeferi essa juntada. Hd também aqui juntada de documentos feitos em contrarrazées pelos recorrentes, da qual também no estou conhecendo. PRELIMINAR E MERITO © JUIZ MAURICIO PINTO FERREIRA - PRELIMINAR. Coisa julgada. No entender dos recorridas, a aprovagao das contas de campanha pela Justica Eleitoral constitui julgamento de mérito, que reconhece a legalidade da arrecadacao e a licitude dos gastos realizados, e no apenas formal. Logo, em vista da existéncia de coisa julgada, deve o feito ser julgado extinto, sem resoluco de mérito, com suporte no art. 267 do CPC. © exame de eventuais ilicitos cometidos na arrecadacao ou nos gastos em campanha néo esté adstrito ao julgamento das contas, uma vez que distintos seus objetos e finalidades. Ademais, é de se frisar que a coisa julgada caracteriza-se pela reprodugdo de agao jé decidida, consideradas idénticas aces que apresentem triplice identidade - fatos, causa de pedir e partes -, 0 que, no caso, néo se verifica. Diante do exposto, rejeito a preliminar. MERITO. A representagdo ajuizada pelo Partido do Movimento Democratic Brasileiro, Paulo César de Carvalho Pettersen, candidato a Prefeito, nao eleito, Coligacéo Carangola para Carangolenses aponta condutas dos recorridos, Luiz Cézar Soares Ricardo e Flavio Dias Queiroz, que estariam em desacordo com as normas referentes & arrecadagio e gastos de recurso em campanha. Sao elas: 1) Recurso Eleitoral n? 1126-86.2012.6.13.0069 6 ds Mauricio Pi Juiz Reidtor TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS utilizaggo de recursos préprios, em espécie, do candidato nao declarados no registro de candidatura; 2) auséncia de declaracio da despesa com conta de Agua do comité eleitoral; 3) excessive gasto com combustiveis; 4) despesas com Servicos de telefonia fixa nao declaradas; e 5) gastos com confec¢3o e producdo de videos contidos em DVDs de campanha, Sustentam os recorrentes que Lulz Carlos Cézar Ricardo utilizou recursos proprios em sua campanha eleitoral, no montante de R$61.613,78 (sessenta e um mil seiscentos e treze reais e setenta e oito centavos), mas no ha registro de recursos em espécie na declaragéo de bens apresentada pelo candidato a Justica Eleitoral. Afirmam que esse valor representa 50% dos valores empregados na campanha eleitoral do recorrido. ‘Ao requerer o registro de sua candidatura ao cargo de Prefeito, o primeiro recorrido declarou um patriménio total de R$412.000,00 (quatrocentos e doze mil reais), Em sua prestacéo de contas, informou haver empregado recursos préprios em campanha, na ordem de R$52.850,00 (cinquenta e dois mil e oitocentos e cinquenta reais) - porque devem ser excluidos, para o fim aqui pretendido, os recursos empregados pelo candidato a Vice-Prefeito (fis. 22/23). De fato, ndo constam da declaragéo de bens apresentada & Justica Eleitoral recursos em espécie. Oportuno destacar ndo haver ilicito na utilizago de recursos préprios pelos candidatos em sua campanha eleitoral, mesmo que compreendam a totalidade da arrecadacéo destinada @ campanha. Nesse caso, deve ser observado o valor maximo de gastos informado pelo partido politico e ndo o percentual de 10% dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior eleigio. Essa é a exata dicgio do art. 23, § 1°, II, da Lei n° 9.504/1997: Art. 23. Pessoas fisicas poderdo fazer doacées em dinheiro ou estimaveis em dinheiro para campanhas eleitorais, obedecido 0 disposto nesta Lei. § 1° As doagies e contribuicdes de que trata este artigo ficam limitadas: Recurso Eleitoral n® 1126-86.2012.6.13,0069 7 ds Mauricio Pinto Juiz Rel aS, gs 8 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS {ino caso em que o candidate uiize recursos pp, a0 valor maximo de gan eae pao tu part, ha fome deta Com efeito, tendo em vista o patriménio informado pelo primeiro recorrente - R$412.000,00 (quatrocentos e doze mil reais) fl. 15 -, nao had que falar em auséncia de lastro financeiro para a utilizaco de recursos préprios pelo primeiro recorrido. Desse modo, 0 fato de n&o terem sido arrolados recursos em espécle na declarag3o apresentada pelo candidato néo revela a existéncia de fraudes ou irregularidades, uma vez que a declaracéo de bens compreende apenas a situag3o patrimonial do candidato, sem precisar sua situagao econémica. Nesse sentido, manifestou-se a Corte deste Tribunal: Recursos Eleitorais. Ago de Impugnacéo de Mandato Eletivo. Art. 14, §10, da Constituigo da Repdblica. Abuso de poder econémico, corrupcéo @ fraude. Procedéncia do pedido. Determinagio da posse temporaria do Presidente da Camara Municipal no cargo. Realizacao de novas eleigies. Mérito 9 econémi 4 I itoral iscrepan 1 larack ef istnci fc claracao. nS Ejetoral no in: Maneir mo de renda. Demonstraczo de jos ui SE ie alocados & sua campanha eleitoral. Respelto aos limites estabelecidos no art. 23, § 19, If, da Lei n° 9.504/97, e 17, § 19, Ill, da Resolugso TSE n° 22.715/2008. A utilizagio de recursos préprios do candidate limita-se, ‘apenas, 20 maximo de gastos previamente fixado pelo partido, e nBo ao teto de doacdes (10% do rendimento bruto do doador), Precedentes do TSE (CTA1258, Rel. Min. José Augusto Delgado) e desta Corte (RE328/200S, Rel. Juiz Oscar Dias Corréa Jinior). Questo, ademais, que no foi abordada na sentenca recorrida, nem trazida como causa de pedir na inicial. (...) Recursos aos quais se dé provimento para reformar a sentenca de 1° grau e afastar a sancéo de cassacéo dos diplomas, determinando o imediato retorno dos recorrentes as cargos de Prefeito e Vice-Prefeito, respectivamente, do Municipio de Ipatinga, caso nfo se encontrem impedidos por outros motivos. RECURSO DO PARTIDO VERDE Prejudicado em raz8o do provimento dos recursos dos candidates impugnados. Recutso Eleitoral n? 1126-86.2012.6,13.0069 8 ds TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS. (Recurso Eleitoral n?_7415, rel. designado Juiz Renato Martins Prates, DIEMG de 30/07/2009). (9.n.) Demais disso, consoante frisou o MM. Juiz Eleitoral: (...) Cumpre deixar consignado que o representado ¢ sécio de um posto de gasolina o que faz presumir que tenha uma boa renda mensal. Some- se 2 isso 0 comprovado empréstimo declarado pela testemunha inquirida estes autos, no importe de R$ 20.000,00, somado a alienagao de veiculo no importe de R$ 10.500. Tais elementos so suficientes para atestar a compatibilidade dos gastos realizados pelo representado em sua campanha eleitoral Em relagéo ao empréstimo contraido pelo primeiro recorrido, ao contrério do alegado pelos recorrentes, tais valores devem ser contabilizados como recursos préprios, porque, como ficou claro no depoimento do mutuante ‘em Julzo, tratou-se de empréstimo e néo de doacdo. Em tal caso, deve ser adotado 0 procedimento previsto no art. 26, § 2°, da Resolugéo n° 23.376/2012/TSE, segundo o qual “Os empréstimos contraidos pela pessoa fisica do candidato sero considerados doagao de recursos proprios se aplicado na campanha eleitoral". Quanto a alienac&o do veiculo, a data constante da “autorizacdo para transferéncia do veiculo” (fl. 230) néo infirma a realizacéo do negécio juridico, Porquanto, como é cedigo, em se tratando de bem mével, a transferénda da propriedade opera-se com a simples tradico. Insta destacar que as questées felativas & eventual insuficiéncia do patriménio do recorrido, suscitadas no recurso, em virtude da alienacéo de alguns dos bens citados na declaracdo por ele apresentada a Justica Eleitoral, revelam tese nova, pois néo constam da inicial como causa de pedir e tampouco foram abordadas na sentenca. Apontam ainda os recorrentes como indicative de gastos ilicitos a excessiva despesa com combustiveis. Argumentam que, consideradas as dimensées da cidade de Carangola, Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 9 ds Mauricio Pint Ferreira Juiz Refator TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS seria demasiado o dispéndio de R$ 12.707,16 com essa rubrica e que a quantia seria desproporcional em relado ao nimero de vefculos utilizados - 5 (cinco) -, indicios de que veiculos utilizados por candidatos ao cargo de Vereador foram abastecidos com recursos da campanha majoritaria. Em defesa, os recorridos rechagam o reputado excesso, pois consideram regular 0 gasto com combustiveis, em virtude da extens3o da drea da cidade de Carangola, que possui muitos bairros e vasta zona rural. Acrescentam que em municipios vizinhos - como Fervedouro, Espera Feliz, Mirai - as despesas com combustiveis foram superiores a0 apontado em sua prestaco de contas. Entretanto, os recorrentes ndo lograram éxito em comprovar a aventada desproporcionalidade dos gastos. As provas coligidas aos autos néo demonstram que a despesa com combustiveis apresentadas pelos recorridos superou demasiadamente aquelas realizadas por outros candidatos, em situagdo andloga. Também quanto & auséncia de declaragéo de gastos com confecgo e produgo de videos distribuidos em DVDs durante a campanha eleitoral, inexiste lastro probatério que aponte tal omissao. Ao contrério, constam da prestagéo de contas a aquisiggo das midias e a despesa com a producdo de videos, Se o trabalho demandava, pela sua envergadura, custo maior do que aquele declarado, como alegam os recorrentes, isso no comprovaram. Consoante salientou o d. Promotor Eleitoral: Com efeito, no se preocupou a parte autora em trazer aos autos nem sequer um ‘exemplar do mencionado CD, de modo que se pudesse aferir se 0 nivel de complexidade do trabalho de confeccdo do material publicitario impedia que fosse realizado por amadores, como alegado pelos representados. No tocante & falta de contabilizagSo de gastos com agua e telefone do Recurso Eleitoral n? 1126-86.2012.6.13.0068 10 ds Mauricio Pin ira Juiz Relator TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS comité de campanha dos recorridos, defendem os recorrentes que ficou demonstrada a omisséo em relacéo a tais despesas e que o Juiz Eleitoral, por equivoco, deixou de aplicar as sangées cabiveis por nao vislumbrar proporcionalidade entre a conduta e as sancées requeridas. Alegam, contudo, que no ha nos autos comprovantes de gastos, por isso ndo se poderia presumir que tais despesas ndo comprometeram a lisura da campanha, sem saber quais seriam esses valores. Para os recortidos, ndo hd irregularidade em tais gastos. As despesas com agua, do Unico comité eleitoral, teriam sido quitadas por um eleitor, em apoio a suas candidaturas, conforme permissivo constante do art. 27 da Lei n° 9.504/1997, por isso n&o foram contabilizadas. J4 os gastos com servicos telefénicos constaram da prestaggo de contas, com valor estimado em R$ 600,00 (seiscentos reais), pois a linha telefénica fora emprestada do primeiro recorrido transferida para 0 comité de campanha. De fato, 0 preceptivo legal invocado permite ao eleitor efetuar gastos no sujeitos & contabilizago até o limite de 1.000 (mil) UFIRs, em apoio a candidato de sua preferéncia. Embora os recorridos aleguem que as despesas com agua do comité eleitoral foram quitadas por eleitor, no consta da declaraco de fis. 180 0 montante desses gastos. Desse modo, no obstante as irregularidades verificadas quanto a essas despesas - a referente aos servicos de telefonia, porque escriturada com base em valor estimado; a de agua do comité eleitoral, porque nao informados 0s valores dos gastos -, tais vicios nao séo capazes de ensejar a cassacéo de diploma dos recorridos, porque, mesmo néo tendo sido apurados os valores, ¢ ordinario concluir que nao apresentam vulto suficiente para tisnar a lisura da campanha eleitoral dos recorridos. De se registrar que, para incidéncia do art. 30-A da Lei n® 9.504/1997, Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 u ds Mauricio Pipio Ferreira Juiz Relator TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS faz-se necessdrio demonstrar a relevancia Juridica do ilicito praticado pelo candidato. Significagdo que ndo possuem as irregularidades na contabilizagao de despesas com agua € servicos de telefone de um comité eleitoral. ds Nesse sentido: RECURSO ESPECIAL ELEITORAL, ELEICOES 2006. _SENADOR. REPRESENTACAO. ARRECADACKO E GASTO ILICITO DE CAMPANHA. OCORRENCIA, SANGAQ. PROPORCIONALIDADE. 41, Nos termos do art. 30-A da Lei 9.504/97, qualquer partido politico ou coligacdo (ou, ainda, o Ministério Publico Eleitoral, segundo a jurisprudéncia do TSE) poderd ajuizar representacdo para apurar condutas em desacordo com as normas relativas 4 arrecadacdo e despesas de recursos de campana. 2. Na espécie, 0 candidato recorrido arrecadou recursos antes da abertura da conta bancéria especifica de campanha, bem como foi ~ no minimo conivente com 0 uso de CNP) falso em material de propaganda eleitoral, além de nao ter contabilizado em sua prestacéo de contas despesas com banners, minidoors e cartazes, 3. Para a aplicacSo da sancdo de cassacdo do diploma pela pratica de arrecadagéo e gastos ifctos de recursos de campanha néo basta a ocorréncia da ilegalidade. Além da compravacao do ilicito, deve-se exeminar a relevancia do ato contrério & legislacao ante 0 contexto da Campanha do candidato, Precedentes, 4. Na bip6tese dos autos, no abstante o cardter repravavel das condutas de responsabilidade do recorrido, verifica-se aue o mantante comprovado i onstitul parcel ificacso contexto hi ni ng_qual_se_arrecadou 1,336.50 etive fonal mas citas pratica ride ne 0. ai eitoral, raz0 lal xa de aplicar a sancéo do § 20 do art. 20-A da Lei 9504/97. (TSE. REspe n° 31784-45, Relatora designada Min. Fatima Nancy ‘Andrighi, DIE de 10/5/2012). (g.n.) Face ao exposto, nego provimento ao recurso. E 0 voto. PEDIDO DE VISTA © JUIZ VIRGILIO DE ALMEIDA BARRETO - Sr. Presidente, peco vista dos autos para melhor analisar os fatos. Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 12 Mauricio Pinto Fer Juiz Relator TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS. Sess&o de 10.9.2013 EXTRATO DA ATA Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 Relator: Juiz Mauricio Pinto Ferreira Recorrentes: Partido do Movimento Democratico Brasileiro - PMDB -; Paulo César de Carvalho Pettersen, candidato a Prefeito, nao eleito; Coligacéo Carangola para Carangolenses Advogados: Dra. Ana Carolina Diniz de Matos; Dr. Ramon Diniz Tocafundo; Dra. Isabelle Maria Gomes Fagundes de Sé; Dr. Matheus Silva Campos Ferreira; Dr. André Luiz Martins Leite; Dr. Reinaldo Ximenes Carneiro; Dr. Anténio Lopes Neto; Dra. Cléudia Periard Pressato Carneiro; Dr. Ricardo Ferreira Barouch; Dra. ‘Ana Luisa de Navatro Moreira; Dra. Paula de Rezende Marques; Dr. Aloysio Fernandes Ximenes Carneiro; Dr. Wederson Advincula Siqueira Recorrido: Luiz Cézar Soares Ricardo, candidato a Prefeito, eleito Advogados: Dr, Latuffe Nagib Sacre; Dr. Francisco Galvao de Carvalho Recorrido: Flavio Dias Queiroz, candidato a Vice-Prefeito, eleito Advogados: Dra, Claudiana Carlos de Oliveira; Dr. Sérgio Augusto Santos Rodrigues; Dra. Mary Ane Anunciagéo; Dr. Alex da Silva Alvarenga; Dr. Latuffe Nagib Sacre Defesa oral: Dr. Wederson Advincula Siqueira; Dr. Reinaldo Ximenes Carneiro; Dr. Francisco Galvao de Carvalho; Dr. Sérgio Augusto Santos Rodrigues Deciso: O Tribunal rejeitou a preliminar de coisa julgada & unanimidade. No mérito, pediu vista o Juiz Virgilio de Almeida Barreto, apés votarem o Relator e a Juiza Alice de Souza Birchal negando provimento ao recurso. Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 B ds Mauricio Pinto Fe ‘Juiz Relator TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS Presidéncia do Exmo. Sr. Des. Anténio Carlos Cruvinel. Presentes os Srs. Des. Geraldo Augusto de Almeida, em substituiggo ao Des. Wander Marotta, e Juizes Mauricio Pinto Ferreira, Alice de Souza Birchal, Virgilio de Almeida Barreto (Substituto), Alberto Diniz Jinior e Maria Edna Fagundes Veloso (Substituta) e o Dr. Eduardo Morato Fonseca, Procurador Regional Eleitoral. Recurso Eleitoral n? 1126-86.2012.6.13.0069 14 ds Mauricio Pinto Ferreira Juiz Relator TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS Sess&o de 19.9.2013 VOTO DIVERGENTE © JUIZ VIRGILIO DE ALMEIDA BARRETO - Apés refletir detidamente sobre a questo posta nos autos, peco vénias ao |. Relator para divergir de seu judicioso voto. Os representantes sustentam que o investigado Lulz Cézar Ricardo declarou ter investido R$61.613,78 em sua campanha eleitoral e que na declaraco de bens por ele apresentada no consta informac3o de que possuisse dinhelro em espécie. Afirmam que o investimento dele em sua campanha eleitoral corresponde a mais de 50% dos gastos de campanha e que tal valor ndo fol previamente declarado & Justica Eleitoral, sendo, portanto, impossivel desvendar sua origem. Aduzem, ainda, que os representados nao declararam despesas com dgua e telefone e que o gasto com combustivel, no Importe de R$12.707,16, é excessivo para uma pequena cidade do Interior. Por fim, narram que 0s investigados n&o declararam os gastos com a confecgio de CD utilizado na campanha. Estabelece 0 art. 30-A da Lei das Eleigdes: Art. 30-A. Qualquer partido politico ou coligago podera representar & Justica Eleitoral relatando fatos e indicando provas e pedir a abertura de investigacdo judicial para apurat condutas em desacordo com as normas desta Lei, relativas & arrecadacéo e gastos de recursos. § 19 Na apuragio de que trata este artigo, aplicar-se-d 0 procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990, rho que couber. § 20 Comprovados captacdo ou gastos ilicitos de recursos, para fins eleitorais, seré negado diploma ao candidate, ou cassado, se Jé houver sido outorgado, Inicialmente, cumpre registrar que a conduta apurada /jnesta representacdo nao se confunde com a do processo de prestacao de contag, cujo Recurso Eleltoral n? 1126-86.2012.6.13,0069 45 ds Madkitio Pinto Ferreira Juiz Relator TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERA cerne & a andlise contabil da campanha eleitoral. A representacdo por captacdo ilicita de recursos objetiva desnudar a realidade de campanhas capciosas que, desenvolvidas sob a interferéncia indevida do poder econémico, sirvam a interesses escusos. Assim, um mesmo fato, suficiente para ensejar a desaprovagéo das contas, n&o acarreta automaticamente a condenag3o por arrecadagio ilicita de recursos. Traco essas breves consideragdes para concluir que a representacdo Por captacio ilicita de recursos é sede adequada para realizar instrugio probatéria exauriente, com observancia do contraditério e ampla defesa, objetivando desvendar, sob a Gtica da higidez da campanha, 0 que a prestaco das contas anunciou. No dizer sempre preciso de José Jairo Gomes, “o objetivo central dessa regra & fazer com que as campanhas politicas se desenvolvam e sejam financiadas de forma escorreita e transparente, dentro dos parémetros legais”. Por oportuno, trago & baila concluséo do douto Juiz Benjamin Rabello, na oportunidade do julgamento do RE 8528, "0 que o art. 30-A repudia é 0 comportamento malicioso daqueles que, por motivos escusos e talvez nunca conhecidos integralmente, valham-se de ardis destinados a camuflar a realidade de sua campanha”. Nestes autos, como naquele caso, 9 que cabe indagar € st o ELEITO AGIU DELIBERADAMENTE PARA CAMUFLAR A ORIGEM DOS RECURSOS DE CAMPANHA OBTIDOS. Pois bem. Em primeiro lugar, esclareco que o fato do candidato ter realizado doacéo, enquanto pessoa fisica, a candidato ou partido, deve ser apurado com base no art. 23 da Lei das Eleigdes, em aco propria, e n&o rende ensejo & sua cassagao. * In Direito Eleitoral, Belo Horizonte: Ed. Del Rey, 2008. p. 384 Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 16 ds TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS. ‘A uma, porque ha expressa previsio legal sobre a possibilidade de o candidato realizar doacéo a si mesmo se valendo da limitacao referente ao valor maximo de gastos estabelecido pelo seu partido. E 0 que se extrai do disposto no art. 23, §19, II, da Lei das Eleigdes: Art. 23, Pessoas fisicas poderdo fazer doagées em dinheiro ou estimaveis em dinheiro para campanhas eleitorais, obedecido o disposto nesta Lei. § 1° As doacées e contribuicées de que trata este artigo ficam limitadas: T= no caso de pessoa fisica, a dez por cento dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior a elelcio; IL- no caso em que o candidato utilize recursos préprios, ao valor maximo de gastos estabelecido pelo seu partido, na forma desta Lel. (destaquel) Assim, havendo norma especifica disciplinando a matéria, resta afastado 0 limite estabelecido pelo art. 23 ao candidato que doa recursos sua prépria campanha. A duas, porque a inobservancia do limite de doaco prevista na lei das Eleigdes dé ensejo a instauraco de representacao por doacSo acima do limite legal, com base no art. 23, §1°, I, da Lei das Eleicdes, sujeitando os infratores a0 pagamento de multa no valor de cinco a dez vezes a quantia do excesso, nos termos do §3° do mesmo dispositive. E sé. A ago prevista no art, 23 da Lei das Eleicgdes no se dirige a discutir cassac3o de diploma, mandato ou registro. Resta, portanto, analisar a questo referente existéncia de lastro sobre a requiaridade das doacées realizadas pelo candidate e sobre a licitude da origem desses valores. Registro no terem sido arrolados recursos em espécie na declaracao de bens apresentada pelo candidato no registro de candidaturas, 0 que indica, a0 menos indiciariamente, a existéncia do famigerado caixa dois. Ressalto que ndo adentrarei na questéo da propriedade dos bens declarados - uma vez que n&o conheco de documentos acostades ao recurso, em afronta ao art. 397 do CPC. Contudo, como bem destacou o nobre Procurador Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 2 ds Mauricio PintEbrroira Juiz Relftor \y TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS Regional Eleitoral, “ainda que todos os bens declarados sejam efetivamente de propriedade de Luiz Cézar - totalizando patriménio de aproximadamente R$400.000,00-, hé que ser comprovada a licitude da origem dos valores doados", le sobressai tos & oO ido Luiz icardo_ndo_compr regularidade_na rele realizada_& sua campanha. Cumpre registrar que sobre 0 candidato recairia toda a obrigacdo de demonstrar a origem |icita dos recursos, apresentando as razdes de convencimento e documentos habeis para prova do alegado (CPC, art. 332 e 333), sofrendo o énus de ter suas alegacdes como no provadas. A simples alegago de ser bem sucedido empresério nZo o desincumbe do énus de comprovar os rendimentos aferidos com seus negécios. Ademais, extrai-se dos autos gravissima conduta do 1° recorrido, a0 se esforcar para ocultar a origem dos recursos de campanha arrecadados, havendo - também - gravissima ofensa ao bem juridico protegido, Fica a questo: por que ndo houve o devido registro da transferéncia de valores, de sua conta pessoal ou da pessoa juridica pela qual responde, para a conta bancéria da campanha eleitoral, com o fito de demonstrar a licitude da origem dos recursos doados? A forma de controle de dinheiro na campanha é 0 transito em conta corrente. Quando 0 candidato nio observa essa exigéncia, ele adota informalidade que impede o controle pela Justica Eleitoral. Como bem destacou 0 douto Procurador Regional Eleitoral: (..) ndo é sem razo que a Resolugdo TSE n° 23,376/2012, em seu art. 28, inciso III’, estabelece a obrigatoriedade de abertura de conta bancéria de'campanha. As entradas de receitas e também de despesas, ainda que Art. 2° A arrecadagdo de recursos de qualquer natureza a realizagio de gastos de campanha por partidos pollticos, candidatos e comités financeiros deverdo observar os seguintes requisites: IM ~ comprovagdo da abertura de conta bancéria especifica destinada a registrar a movimentagdo financeira de campanba, Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13,0069 18 &s Mauricio Pinto Juiz Relat Ns 4 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS relativas a recursos do préprio candidato e, sobretudo quando envolvem valores de grande monta, devem transitar por essa conta para fins de se conferir minima transparéncia 3s movimentagdes financeiras da campanha.(...) Por todo 0 exposto, em virtude da auséncia de lastro dos valores doados e utilizados pelo 1° recorrido em sua campanha eleitoral e do descaso deste com suas contas de campanha, reconhecer a gravidade da conduta & medida que se impée. Por fim, no que se refere as despesas com agua e telefone, houve comprovadamente sua omisso, na prestagdo de contas dos recorridos. Essa irregularidade, por si sé, ndo conduziria a conclus&o no sentido de ter havido, em sua campanha eleitoral, a formagao de “caixa 2” para fins de recebimento de recursos ilicitos. Contudo, & auséncia de comprovacdo da regularidade da doacéo de recursos préprios para a campanha, representa mais um indicio de fraude. Conclusao Destarte, dou provimento ao recurso para reformar a sentenga e decretar a cassagio do registro dos candidatos recorridos, a teor do disposto no § 20 do art, 30-A da Lei 9.504/1997. E como voto. © JUIZ ALBERTO DINIZ JUNIOR - O art. 30A, em seu § 2°, diz que se foram comprovados captacao ou gastos ilicitos para fins eleltorais seré negado diploma ao candidato ou cassado se jé houver sido outorgado. © caso sob julgamento traz um aspecto muito interessante a revelar realmente a existéncia de algo muito esquisito na prestacio de contas ou naqueles valores que transitaram pela prestago de contas do Sr. Luiz Cézar Ricardo, Hd uma diferenca, segundo a representacéo, de R$61.613,78. Documentos nos autos, &s fis. 22 e 23, demonstram que os valores de recurso préprio que foram liberados pelo candidato & sua campanha revelam um valor Recurso Eleitoral n® 1126-86.2012.6.13.0069 19 ds Mauricio Pinto Fe Juiz Relator TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS. inclusive maior do que esse que est aqui de R$61.613,78. A concluséo a que chegou o Magistrado de 1? insténcia, e a essa conclusao ele teve 0 apoio em parecer da Procuradoria Regional Eleitoral aqui, é no sentido de que os bens que foram por ele declarados dariam a ele, candidato, autoridade de dizer que por sua conta passaram R$61.000.00, e provavelmente que ele teria lastro financeiro em razo dos bens que tem para bancar esses valores que foram deciarados na sua campanha, Quando essa situagéo fol questionada, e 0 eminente Juiz Virgilio no aceita que, até pela regra do art. 397, documentos que foram apresentados nas raz6es de recurso pelo recorrente, pelo partido, ha ali dois documentos que acho que o Tribunal Regional Eleitoral deve acaté-los como documentos legitimos, apesar de serem juntados com as razées de recurso, que séo documentos publicos que, a toda a evidéncia, erga omnes, provam aquilo que 0 cidadao tem ou deixa de ter sob seu dominio no registro imobilidrio. © fato é que de dois bens que foram declarados por esse cidadao, 0 Sr. Luiz Cézar Ricardo, um nao existe no registro imobi jdrio € nem sequer também ele fez a prova se n&o de dominio, pelo menos de posse, prova fatica através de algum recibo ou algum documento correlato a respeito de sua propriedade do imével. O outro jé havia vendido desde 2010. Nas contrarrazées ao recurso, ele também junta documentos e disse que recomprou esse imével, dessa feita, transferindo-o a um parente que adquiriu esse imével, n&o sei se irmao ou irma, dizendo que pagou de volta o imével. Sao recibos que esto no processo a fl. 387 dos autos, falando que recomprou o imével. Sé que esté em nome de um posto de gasolina do qual é sécio, Nao existe prova de propriedade desses iméveis pés-registro de candidatura, E mais ainda, se féssemos analisar 08 outros documentos, ele vem fazendo prova 4 fi, 242, através do depoimento de um cidadao por nome Sebastidio Costa da Silva de que havia feito com esse cldaddo miituo federaticio Ihe sendo emprestado R$20.000,00 em duas parcelas Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13,0069 2 ds Mauricio Pinto Juiz Relat TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS de R$10.000,00 para custear a campanha, sem também nenhuma prova no processo sobre isso, e a prova é exclusivamente testemunhal, a teor do art. 401 do CPC, nao se admite prova exclusivamente testemunhal em contratos cujo valor exceda 0 décuplo do saldrio-minimo. Aqui séo R$20.000,00. No hd o indicio de prova de que dita o art. 402. O suporte no Direito Eleitoral ¢ do Cédigo de Processo Civil. Entdo, toda a estrutura de prova neste processo sob julgamento de que transitou na campanha desse cidadao mais de R$60.000,00 sem a origem de gastos revela algo muito grave neste processo. E 0 art. 30-A de que trata a lei no fala de fato potencial. O bem juridico protegido aqui é a higidez do pleito, a higidez da prestacdo de contas. Essa é a regra de direito substantivo aqui nesse caso. Sao por esses pequenos adminiculos, Sr. Presidente, que eu pedindo a maxima vénia ao eminente Relator, estou acompanhando a divergéncia na sua conclusdo final. E como voto. PEDIDO DE VISTA © DESEMBARGADOR GERALDO AUGUSTO - Sr. Presidente, diante da divergéncia, estou pedindo vista para a préxima quinta-feira. Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 21\ ‘Mauricio Pit Juiz Relplor ds ferreira Sessio de 19.9.2013 EXTRATO DA ATA Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 Relator: Juiz Mauricio Pinto Ferreira Recorrentes: Partido do Movimento Democrético Brasileiro - PMDB -; Paulo César de Carvalho Pettersen, Candidato a Prefeito, n&o eleito; Coligacdo Carangola para Carangolenses Advogados: Dra. Ana Carolina Diniz de Matos; Dr. Ramon Diniz Tocafundo; Dra. Isabelle Maria Gomes Fagundes de Sd; Dr. Matheus Silva Campos Ferreira; Dr. André Luiz Martins Leite; Dr. Reinaldo Ximenes Carneiro; Dr. Anténio Lopes Neto Dra. Cldudia Periard Pressato Carnelro; Dr. Ricardo Ferreira Barouch; Dra. Ana Luisa de Navarro Moreira; Ora. Paula de Rezende Marques; Dr. Aloysio Fernandes Ximenes Carneiro; Dr. Wederson Advincula Siqueira Recorrido: Luiz Cézar Soares Ricardo, candidato a Prefeito, eleito Advogados: Dr. Latuffe Nagib Sacre; Dr. Francisco Galvao de Carvalho Recorrido: Flavio Dias Queiroz, candidato a Vice-Prefeito, eleito Advogados: Dra. Claudiana Carlos de Olivei ; Or. Sérgio Augusto Santos Rodrigues; Dra. Mary Ane Anunciag&o; Dr. Alex da Silva Alvarenga; Or. Latuffe Nagib Sacre Assisténcia ao julgamento: Ora. Ana Luisa de Navarro Moreira; Dr. Aloysio Fernandes Ximenes Carneiro; Dr. Alex da Silva Alvarenga. Decisao: © Tribunal rejeitou a preliminar de coisa julgada & unanimidade e, no mérito, negaram provimento ao recurso o Relator e a Juiza Alice de Souza Birchal e deram-lhe provimento os Juizes Virgilio de Almeida Barreto e Alberto Diniz Junior, Pediu vista o Desembargador Geraldo Augusto de Almeida. Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6,13.0069 2 ds Mauricio Pinto Ferreira Juiz Relator TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS Presidéncia do Exmo. Sr. Des. Anténio Carlos Cruvinel. Presentes os Srs. Des. Geraldo Augusto de Almeida, em substituiggo ao Des. Wander Marotta, e Juizes Mauricio Pinto Ferreira, Virgilio de Almeida Barreto (Substituto), Alberto Diniz Jénlor e Maria Edna Fagundes Veloso e o Dr. Eduardo Morato Fonseca, Procurador Regional Eleitoral. Esteve ausente a este julgamento, por motivo justificado, a Juiza Alice de Souza Birchal. Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 2B ds Mauricio Pinto Juiz Relator ira TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GE) Sessdo de 26.9.2013 VOTO DE VISTA © DESEMBARGADOR GERALDO AUGUSTO - MERITO: Em sesséo de 19/9/2013, pedi vista dos autos para melhor exame da matéria de mérito do recurso, apés a divergéncia instaurada pelo Juiz Virgilio de Almeida Barreto, acompanhado pelo Juiz Alberto Diniz Junior, que dava provimento ao apelo interposto por Paulo César de Carvalho Pettersen, PMDB e Coligac&o Carangola para Carangolenses, e, portanto, cassava os diplomas de Prefeito e Vice-Prefeito dos recorridos, Luiz Cézar Soares Ricardo e Flavio Dias Queiroz, com fundamento no art. 30-A, § 2°, da Lei n° 9.504/1997, pela pratica de arrecadacdo e gastos ilicitos de recursos de campanha. € bom lembrar que, caso prevalega a cassacéo dos diplomas dos recorridos pelo Colegiado deste Tribunal, eles ficardo inelegiveis por 8 (oito) anos, nos termos do art. 19, inciso 1, alinea °j", da Lei Complementar n° 64/1990, a contar da eleico que disputaram. Penso no ser 0 caso, todavia, conclusdo essa a que cheguei apés compulsar detidamente os autos, Ponho-me de acordo com o Relator, assim, com a Juiza Alice de Souza Birchal, concluindo pela corregdo da sentenga que julgou improcedentes os pedidos da representago. © que pude observar, ao compulsar os autos, foi que os recorrentes tentaram extrair da prestacdo de contas dos recorridos algumas irregularidades e, téo somente com base nisso, ajuizaram a ago prevista no art. 30-A da Lei n® 9.504/1997, n&o demonstrando ou comprovando, todavia, nenhuma ilicitude na arrecadac4o ou no gasto de recursos de campanha capaz de ensejar sancdo tao grave quanto a prevista no § 2° do referido artigo. Recurso Eleitoral n? 1126-86.2012.6.13.0069 24 ds Mauricio Pint Ferreira Juiz Relator TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS Embora estejam intimamente ligados, 0 procedimento de prestacao de contas e a representag&o por captagio ou gasto ilicito de recursos sao instrumentos diversos, no se podendo confundi-los: enquanto no primeiro a Justiga Eleitoral exerce 0 seu papel fiscalizador da regularidade das contas de campanha, no ambito de sua competéncia administrativa, na ago prevista no art. 30-A da Lei das Elelgées, sob o rito do art. 22 da Lei Complementar no 64/1990, hd um processo contencioso, de natureza jurisdicional. € bom lembrar, ainda, que a deciséo proferida na prestagdo de contas, ainda que de desaprovacao das contas, nao é, e nunca sera, um titulo executivo judicial capaz de ensejar uma cassagao de diploma nos moldes do art. 30-A, § 29, da Lei n® 9.504/1997. © que nao se duvida é que 9s indicios de captacao ou gasto ilicito de recursos séo, muitas das vezes, extraidos das prestagdes de contas dos candidatos, por meio nao sé da escorreita anélise das contas pela Justica Eleitoral, com seus métodos de circularizagéo de dados, mas também pela fiscalizac3o constante dos procedimentos, que so publicos, por parte dos adversarios politicos dos prdprios candidatos. Verificando-se indicios, os préprios candidatos adversérios ou mesmo o Ministério Publico ajuizam a aco prépria em face do candidato suspeito de ilicitudes financeiras em sua campanha, recaindo sobre os representantes 0 énus de comprovar as ilicitudes por quaisquer provas que requererem, conforme permite o rito do art. 22 da LC n° 64/1990. No caso dos autos, a aco foi proposta pelos candidatos a Prefeito e Vice-Prefeito, tendo como causas de pedir as seguintes irregularidades, Incidentes, segundo os representantes, sobre a movimentagio financeira de campanha dos representados, relativa as eleices de 2012: 1) UTILIZAGAO DE RECURSOS PROPRIOS, EM ESPECIE, NAO INFORMADOS PELO CANDIDATO NA DECLARACAO DE BENS A JUSTICA ELEITORAL: Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 25 ds Mauricio Pintb Fe rei Juiz Relator TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS Segundo os recorrentes, Luiz Cézar Soares Ricardo, em seu registro de candidatura para o cargo de Prefeito, declarou um patriménio total de R$412.000,00 (quatrocentos e doze mil reais), mas informou, em sua prestagao de contas, haver empregado recursos préprios em sua campanha no montante de R$61.613,78 (sessenta e um mil seiscentos e treze reais e setenta e oito centavos), incongruéndia essa que denotaria omissdo de recursos. Em primeiro lugar, assim como consignou o eminente Relator em seu voto, & preciso deixar claro que, dos R$61.613,78 de recursos préprios em espécie injetados na campanha dos candidatos Luiz Cézar Soares Ricardo e Flavio Dias Queiroz, R$52.850,00 (cinquenta e dois mil oitocentos e cinquenta reais) é que foram efetivamente doados por Lulz Cézar Soares Ricardo, conforme “Demonstrative de Recursos Arrecadados’ de fis. 22-24, tendo o restante sido doado por Flavio Dias Queiroz, Portanto, se os recorrentes questionam uma incompatibilidade entre 0 patriménio de Luiz Cézar Soares Ricardo e os recursos em espécie por ele doados para sua campanha eleitoral, é bom que se restrinjam ao valor especificado nos autos. De fato, quando da sua declaragdo de bens apresentada & Justica Eleitoral para fins de registro de candidatura, Luiz Cézar Soares Ricardo, candidato a Prefeito, nao fez constar a existéncia de recursos em espécie, 0 que se infere da fl, 15. No entanto, o fato no constitul irregularidade nem mesmo para efeito de prestacao de contas, pois a auséncia de declaragdo de recursos em espécie no momento do registro no significa que 0 candidato nao aufira renda de alguma forma, sendo perfeitamente licito que venha a utilizar parte desses recursos em sua campanha. Por outro lado, cumpre destacar nao haver dbice, seja proveniente de lei, seja de resolucao, a utilizagao, pelo candidato, de recursos préprios em sua campanha eleitoral, desde que ele observe o valor maximo de gastos estabelecido pelo seu partido politico, conforme dispée o art. 23, § 19, inciso II, Recurso Eleitoral n? 1126-86.2012.6.13.0069 6 ds Mauricio Finto Ferreira Relator TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS da Lei n° 9,504/1997. No caso dos autos, esse limite era de R$200.000,00 {duzentos mil), 0 que se infere da fi. 15. Além disso, importante salientar que, quando o candidato declara, em sua prestacdo de contas, que os recursos sdo seus e os doa para sua campanha, cabe a ele observar as regras do art. 23, § 4°, incisos I e II, da Lei n® 9.504/1997°, que, aliés, foram observadas pelo recorrido: houve, sim, o devido _perpasse dos valores pela conta bancaria_especifica de campanha, com a devida identificacso do doador, o que se infere das fis. 106-116, inexistindo vedagao & forma de doagao utilizada, ou seja, o depésito de valores em espécie. A sentenca recorrida, portanto, estd absolutamente correta quanto a andlise da questo, utilizando-se dos bem lancados fundamentos de fis. 275-276. Assim, como registrado pelo Relator, em seu voto, deve-se ter em mente que “o fato de no terem sido arrolados recursos em espécie na declaragao apresentada pelo candidato (quando de seu registro de candidatura) nao revela a existéncia de fraudes ou irregularidades, vez que a declaracao de bens compreende apenas a situagSo patrimonial do candidato, sem precisar sua situagdo econémica". Em relac&o ao empréstimo contraido pelo candidat, ora recorrido, para saldar divida de campanha, nao assiste razéo aos recorrentes, ao alegarem (fl. 321) tratar-se de outra irregularidade nas contas apresentadas a Justica Eleitoral: os empréstimos contraidos pela pessoa fisica do candidato, nos 3 Art. 23. Pessoas fisicas poderso fazer doacées em dinheiro ou estimaveis em dinheiro para campanhas eleitorais, obedecido 0 disposto nesta Lei. om) § 4° As doagtes de recursos financeiros somente poderdo ser efetuadas na conta mencionada no art. 22 desta Lei por meio de: 1- cheques cruzados e nominais ou transferéncia eletrénica de depésitos; IL - depésitos em espécie devidamente identificadas até o limite fixado no inciso I do § 1° deste artigo. Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 2” ds Mauricio Pint Ferreira Juiz Relator TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS expressos termos do art. 26, § 2°, da Resolugdo n° 23.376/2012/TSE*, devem ser considerados como recursos préprios, se aplicados na campanha eleitoral, assim tendo sido feito no caso dos autos, 2) EXCESSIVO GASTO COM COMBUSTIVEL NA ORDEM DE R$12.707,16: No que se refere aos gastos alegadamente excessivos com combustiveis, na ordem de R$12.707,16 (doze mil setecentos e sete reais e dezesseis centavos), vé-se que os recorrentes simplesmente cogitaram da llicitude dos valores, no apresentando nem mesmo indicios do alegado. © fato & que os recorridos declararam em sua prestacdo de contas haverem efetuado os gastos em suas campanhas, tendo utilizado cinco ve(culos, argumentando ser extenso o territério da cidade de Carangola, que possui muitos bairros e vasta zona rural. Os recorrentes, por sua vez, restringiram-se a especulagées, chegando ao ponto de continuar indagando (fl. 333), em grau recursal, acerca de uma suposta desproporcao entre o volume de combustivel declarado e 0 pequeno numero de veiculos utilizados na campanha majoritdria, indicando um possivel financiamento de veiculos de outros candidatos, possivelmente candidatos a elei¢&o proporcional, Ora, com a devida vénia, a representago com fundamento no art. 30- ‘A da Lei das Eleigdes, regida pelo rito do art. 22 da Lei Complementar n° 64/1990, é uma ago séria, com consequéncias severas, nao se prestando a esse tipo de ilago sem um minimo de prova do alegado. “ Art. 26. As doacdes entre candidatos, comités financeiros ¢ partidos politicos deveréo ser realizadas mediante recibo eleitoral e n&o esto sujeitas aos limites fixados nos incisos I ¢ II do art. 25 desta resolucéo. Ge) § 2° Os empréstimos contraides pela pessoa fisica do candidato sero considerados doagio de recursos préprios se aplicados na campanha eleitoral. Recurso Eleitoral n® 1126-86.2012.6,13.0069 26 ds Mauricio Pinto Juiz Relator ira 3) NAO CONTABILIZACGAO DE DESPESAS COM FILMAGENS E EDICAO DE VIDEOS DE CAMPANHA DISTRIBUIDOS EM DVDs: Os recorrentes alegaram (fis. 333-334) que os recorridos nao teriam declarado gastos com a confeccdo e a produggo de videos contidos em milhares de OVOs que foram distribuidos em sua campanha eleitoral. Entretanto, tais despesas constam da prestacdo de contas dos recorrides, na forma de aquisiggo de midias e produgéo de videos, no tendo os recorrentes comprovado suas alegacies no sentido de que o trabalho realizado teria demandado custo maior do que o informado pelos candidatos. 4) NAO DECLARACAO DE DESPESAS COM 0 FUNCIONAMENTO DE COMITE ELEITORAL, COMO GASTOS COM AGUA E TELEFONE: Os recorrentes alegaram (fis. 330-331) que néo houve contabilizacdo, na prestag3o de contas dos candidatos ora recorridos, de despesas com o funcionamento de seu comité eleitoral, a exemplo de gastos com agua e telefone, em afronta ao disposto no art. 26, inciso VI, da Lei n° 9.504/1997°. Compulsando-se as cépias dos documentos extraidos da prestagéo de contas dos candidatos, vé-se que os gastos com servicos telefénicos constaram da prestacéo de contas na forma de valores estimados, no montante de R$600,00 (seiscentos reais), pols a linha telefénica fora emprestada pelo primeiro recorrido e transferida para 0 seu comité de campanha, Constata-se, por outro lado, ndo se haverem deciarado gastos com gua e telefone realizados durante a campanha eleitoral. Os recorridos, 5 Art. 26. So considerados gastos eleitorais, sujeitos a registro e aos limites fixados nesta Lei Go) VI - despesas de instalagio, organi eleicies; \G80 e funcionamento de Comités © servicos necessarios as Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 29 ds Mauricio PintolFerreira Juiz Relator ‘TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERA entretanto, alegaram que os gastos com agua haviam sido pagos por eleitor, no limite de 1.000 (mil) UFIRs permitido pelo art. 27 da Lei das Elelgdes®, tendo sido apresentada, no bojo da presente representacdo, a declaracdo de fis. 180, firmada pelo aludido eleitor, reconhecendo os gastos. Todavia, a declaragéo néo velo acompanhada de nenhuma comprovacéo dos valores referentes as despesas, a exemplo de contas de dgua relativas a0 perfodo de funcionamento do comité, nfo se podendo concluir encontrarem-se de acordo com 0 que dispde 0 art. 27 da Lei n° 9.504/1997. Sobre 0 fato, faco remisséo & fl. 277 da sentenga, que bem 0 analisou, segundo 0 juizos de proporcionalidade e razoabilldade: ..) Quanto as despesas com Sgua e telefone, realmente tais despesas no restaram efetivamente comprovadas nestes autos, haja vista no terem 08 representados jungide aos autos todes os comprovantes de pagamento respectivos. A simples deciaragio de apoiador da campanha que arcou com 0 pagamento da despesa de agua nao é suficiente para comprovar 0 ‘montante, 0 pagamento o valor despendido, data vénia. Competia aos, Fepresentados comprovar efetivamente tais gastos em sua prestacdo de contas, o que néo ocorreu. Contudo, com a devida vénia ao entendimento defendido pelos Fepresentantes, 0 reconhecimento do ilicto eleltoral, que possui tS0 severas reprimendas, no pode se resumir a uma interpretacéo meramente gramatical da norma em comento. Embora néo se exija que @ ilicto influa potenciaimente no resultado da elelcSo, certo & que a norma exige uma interpretacSo segundo @ qual haja desproporcionalidade na arrecadagdo e gastos de campanha que viole a transparéncia da campanha, 0 que no ocorrey no caso presente. No caso ora em andlise, no se pode presumir que os gastos sob tais, rubricas sejam de tal monta que influam efetivamente no custo final da ‘campanha de modo a violar a transparéncia e a lisura da campanha dos representados. ‘A Jurisprudéncia tem se orientado no sentido de que, Inexistinde mé-fé do ‘candidate, deve-se aplicar os _principios da razoabilidade proporcionalidade (relevancia juridica). Assim, a sancdo de cassacdo do diploma deve ser proporcionai 8 gravidade da conduta ea lesdo a0 bem juridico protegido pela norma. (...) Deve-se apenas ressalvar que, durante 0 procedimento de prestacéo © art. 27. Quaiquer eleitor poder realizar gastos, em apoio a candidato de sua preferéncia, até a quantia equivalente a um mil UFIR, nao sujeitos a contabilizac3o, desde que n&o reembolsados. Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 320 ds Mauricio Pin Ferreira Juiz Retator TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS de contas, 0 candidato nao foi intimado para dar explicagées acerca da auséncia de contabilizacdo de gastos com agua e telefone de seu comité eleitoral, o que se infere dos relatérios técnicos de fis. 118-119 e 150-152. Verdade € que, se era naquela oportunidade que se deveriam efetivamente comprovar os referidos gastos, caso o candidato fosse incitado a fazé-lo e isso nfo ocorresse, 2 consequéncia seria, conforme penso, uma ressalva em sua prestagdo de contas, considerada toda a movimentagéo financeira de campanha. E caso essa omissao indicasse, de alguma forma, ilicitude de recursos e gastos de campanha, a representago com fundamento no art. 30-A deveria ter sido instruida com tais indicios, comprovando-se, ao final, com todos os instruments que o rito do art. 22 da Lei Complementar n° 64/1990 proporciona a real ilicitude da origem dos recursos, algo que passou longe dos presentes autos. Assim, 0 conjunto dos fatos e das provas, constantes dos autos, & insuficiente para se comprovar e se convencer de ter havido 0 alegado abuso de poder econémico, consubstanciado no alegado descumprimento dos dispositivos relativos a arrecadacao e utilizacdo de recursos de campanha eleitoral. Pelas razées expostas, acompanho o Relator e nego provimento ao recurso, E como voto. Recurso Eleitoral n? 1126-86.2012.6,13.0069 34 ds Mauricio Pinto F Juiz Relator TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS Sess&o de 26.9.2013 EXTRATO DA ATA Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 Relator: Juiz Mauricio Pinto Ferreira Recorrentes: Partido do Movimento Democratico Brasileiro - PMDB -; Paulo César de Carvalho Pettersen, candidato a Prefeito, néo Eleito; Coligacéo Carangola para Carangolenses Advogados: Dra. Ana Carolina Diniz de Matos; Dr. Ramon Diniz Tocafundo; Dra. Isabelle Maria Gomes Fagundes de Sa; Dr. Matheus Silva Campos Ferreira; Dr. André Luiz Martins Leite; Dr. Reinaldo Ximenes Carneiro; Dr. Anténio Lopes Neto; Dra. Cldudia Periard Pressato Carneiro; Dr. Ricardo Ferreira Barouch; Dra. ‘Ana Luisa de Navarro Moreira; Dra. Paula de Rezende Marques; Dr. Aloysio Fernandes Ximenes Carneiro; Dr. Wederson Advincula Siqueira Recorrido: Luiz Cézar Soares Ricardo, candidato a Prefeito, eleito Advogados: Dr. Latuffe Nagib Sacre; Dr. Francisco Galvao de Carvalho Recorrido: Flavio Dias Queiroz, candidato a Vice-Prefeito, eleito Advogados: Dra. Claudiana Carlos de Oliveira; Or. Sérgio Augusto Santos Rodrigues; Dra. Mary Ane Anunciacao; Dr. Alex da Silva Alvarenga; Dr. Latuffe Nagib Sacre Deciséo: O Tribunal, 4 unanimidade, rejeitou a preliminar de coisa julgada e, por maioria, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator, vencidos 0s Juizes Virgilio de Almeida Barreto e Alberto Diniz Junior. Presidéncia do Exmo. Sr. Des. Anténio Carlos Cruvinel. Presentes os Srs. Des. Geraldo Augusto de Almeida, em substituigdo ao Des. Wander Marotta, e Juizes Mauricio Pinto Ferreira, Alice de Souza Birchal, Virgilio de Almeida Barreto Recurso Eleitoral n° 1126-86.2012.6.13.0069 2 ds ‘Mauricio Pinto F Juiz Relat (Substituto), Alberto Diniz Junior e Maria Edna Fagundes Veloso e o Dr. Eduardo Morato Fonseca, Procurador Regional Eleitoral. Recurso Eleitoral no 1126-86.2012.6.13.0069 33, Mauricio Pinto\ Juiz Relat ds reira TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAI: COORDENADORIA DE ORGANIZACAO DE SESSOES Secdo de Revisdo e Publicacéo de Acérdaos- SERPA CERTIDAO [Certifico e dou fé que o r. Acorddo fol publicado no] Diério da Justica Eletrénico - DIE - (www.tre-| Mg.jus.br) na data de 07/10/2013, iniciando-se o| Prazo processual no primeiro dia util seguinte, nos| ltermos da Lei n° 11.419/2006, art. 4°, § 4°. Belo| Horizonte, 07/10/20, Seco de Revisdo e Publicagdo de Acérdaos- SERPA/COS REMESSA SS Remeto, nesta data, os presentes autos 8 SACOM Em 07/10/2013. Seco de Revisdo e Publicagdo de Acérddos - SERPA/ cos

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