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ter CCSOCONC*="EDS EMMANUEL KANT eae ad X eo OBSERVACOES SOBRE O SENTIMENTO DO BELO E DO SUBLIME ENSAIO SOBRE AS DOENGAS MENTAIS gosto saja capaz de foncionar como instincia que norma- lisa os comportamentes sociais. Com isso, o enfoque sobre 1 relagio entre caso e regra no & considerado a partir do (que &rigofosamente morse, tmposco, do que é define Juridicamente, mas eonforme o ajuste que cada individuo petfer diane do que &socialmente esperado del. Os arti- ficios ¢ as convengées sociais, bo discutidos no séeulo “XVII, recebem aqui sua versio kantina, Mais importante ‘que isso, porém, ¢ 0 fato de Kant ter aberio, nesses dois textos, um horizonte no qual a tematizagdo da aparéncia ‘equer uma erie. Se, por um exercicio de andlise, trans ‘pusermos 0 encaminhamento que esses quests sustitaram 1a Kant no terreno antropolégieo para o que, na Critica da razio pura, costumou-s interpreter como resrilo & episte- rmologia, veremos que, entre esses dois planos, 8 distncia 'bom menor do que poderia parceer & peimeira vista, A ‘uni-os, pode-se evocar um adigio do préprio Kant, quando afiema que 0 Esclarecimento &a época da ertica. 18 PRIMEIRA SECAO Dos DIFERENTES onsETOS DO SENTIMENTO DO SUBLIME E DO BELO As diferentes sensagées de contentamento ou des- gosto epousam menos sobre a qualidade das coisas extemes, ‘que as suscitam, do que sobre 0 sentimento proprio a eda homiem, de ser por elas sensibilizado com prazer ou desprazer. Provém dal as satisbes de alguns homens por faqula de que outros tain asco, a psixdo amoross, que freqientemente éum enigma para todos, ou mesmoa intense ‘epugnineta que alguém sente por algo de todo indiferente 1 outa pessoa, O campo de otservepdes dessas particula- indes do natueza 2] humana estendo-se a perder de vista, fe oculta ainda descoberta (So agradivels quant Inst vas. Aqui lango meu cllar, mais de observador do que de flit, apnts sole slats pnts que ptecem presen. tavse edie felevants nessa seen. Visto que um tromem 36 se sente feliz na medida fem que satisf2z uma inclinapdo, certamente do & pouce {sinned sata fini. Engen, nn (Gina cougar rch sfossysansonetion chan ve ot ‘Seen por an 9 | EY coisa o sentimento que o habilita a gorar de grandes satis- fags, sm pata sso carecet de talenos excepsionas. Gente corpilenta, para quom o autor mals espirisuoso & o proprio ‘ozinhelre para quem as obras do gosto refinado encon- ttam-se na prépria adoga, ler, nas obscenidades comuns © ‘em um graeejo inconvenient, slegria to intensa quanto aquela da qual tanto se orgullam pessoas de nobre sent mento. Um homem acomededo, que ama a. leitura dos livres porque 0 indvz a0 sono; o negociante, a quem todas ‘as atisfagSes parecom tiviais,exesto aquela de que goza tum homem astute quando ealeula os seus gonlos, aquele ‘que ama out sexof3/ apenas enquanto o toma ent 28, ‘olsis do que se pode desfrutar, 0 amante da casa, cus ‘resas seam masens, como as de Domiciano, ou animals elvagens, coma de A... : todos estes tim um sentimento ‘que, sua mancira, os torna apios a gozar de saisarbes, sem que invejem a5 de oueos ou sequerfagam idsia dela, ‘Aqui porém, no dispersarel neahuma atengio a isso, Hi’ ainda um senimento de espécie mais refinada, assim quae Iifeado, quer porque se pode desfruts-lo mais demorad- ‘mente sem stciedade extentagio, quer poraie, pot 2 dizerpressupde uma sensibilidade* da alma, que igual- lente @ orne apla a movimentes virtuosos, quer porque Indica talents e qualidades do entendimento, como que ext ‘oposigdo Squelesprincitas sentiments, que podem o2er- rer mesmo na completa auséneia de persamerto. O que} Ti pnt tr th gd to ri Se ane ee ere at et (Sta, es iad at lee ge {Sips tian, irs moo te Tee pone to ees de atl renee as Sin ents 2, Bente entre Kona go) 2 Batten inte pelt, ptnnee eon pe tn hte lasso da et is Coen mee tn ra 1 Satie vs Se ei eg Tete nce 0 esejo considerar & um aspecto desse sentimenio. Exclvo ‘aqui, todavia, a inctinagdo que se liga a visGes elevades do entendimento, © 0 enlevo de que um Kepler era caper, 0 qual, pelo que nos relata Bayle, ndo trocaria nenhuma d= Stas descaberias por um prneipado. Esse sentimento & por demais tefinado para fazer parte dof) presente projeto, que se restringiré Aquela espécie que mesmo as alas mais comuns si0 capazes de seni © sentimento refinado, que ora queremas conside- rar, é sobretudo de duplaespécie: sentimento do subline & do belo. A comoeio produida por ambos é agradiva, ‘ties degundo.maneits bem diferentes. A visia de uma ‘oreheta,eajoeeumes novados se elevamn cima das nuvens, 8 desergdo de via tempestade furiosa au a earacterizagSo fo informa, em Milton, provosam stisagto, porém com, ssombro; em conirapartida, a vista de um prado flosida, ‘ales com regatos sinuosos, com rebanhos pastando, a des- crigdo do Blisio, ou 0 que conta Homero do cintirio de Véius, também despertam uma sensagio agradivel, que porém & alegre e jovial. Assim, para que limpressio poss se produzit em nds cont gs ter um senhmento do subline; bom desfraareorietamente da timo, de um sontimenia. de, belo. Grandes carralhos e sombras igladas num bosque sugrado sto sublimes;taples de flores, pequenas eeteas de arbusto ¢ vores tala /5 em figura sto beles. A noite] subline, o dia, belo, Na ealma quictude de uma noite de veto, quando a luz trémuta ds estrelas rompe a escuridao 4s noite que abeige ume lus soli, elas que possuem ‘um sentimento do sublime serio pouco a pouco desperta~ dss para o mais allo sertimento de arizade, de desprezo 230 mundo, de eteridade O dia resplandecenteinfunde um Ferver ativo eum sentimento de jovialidade. © sublime comove [rir], 0 belo extinula (reit). O rosto de um Totem que experimentaintegraimente 0 sentimento do sublime & sri, por vez risidoe perpexo. Bm eontrapar- ‘ida, inensa cnsaedo do belo anuneie-se por uma inadiante ua BARA Oe ee satisfagdo nos olos, por tragos soridentes e, freqUente- ‘mento, por uma perceptive jovalidade, © sublime, por a vex, possu oul fell. Seu sentimento & por vezes acom- ppanhado de certo assombro ou também de melancoia, em Alguns cases apenas de uma ealma admiragzo e, nautos, do ‘uma beleze que atinge uma dimensio sublime. O primsiro deles denomino subline 6 terrivl, 0 segundo, nobre,c 0 terceiro, magnifica. A sido profunda ¢ sublime, mat de ‘manelra tertivel *. Daf as vastas (1) extensBes deserts, ‘como o colossal deserio de Chama, na Tati, propicia- fem sempre a ocasio de povoslas de sombras medonhas, duendes © fantasmas. P81 ® necessério ao sublime sex sompre grande, 0 belo também pode ser pequena, © sublime precisa ser simples [einftig},o belo pods ser adornado ¢ amanecirado. Una altura elevada € to eublime quanto uma profunde in a on is ent on rac ces ms "aio btn ong, wee tao eee rained sm eo enter mee ple ea aoe {Sie ge adolf ie fp seam client aan pce soi dois ing pecpnanacna som este SS Celvveasdngs poptorsp yt meee tone \depressio, 86 que est acompanha uma sensago de assom~ tro, iquela deadmirago; por ese motivoa primeim sensagio pode fer a do sublime verivel, a segunda, do sublime habre, Como nos reporia Hasselquist *, 2 vista de uma Pirdiide egipcia comove muito mais gue qualquer deses- 0 que dela possamos imaginar, porém sua consirugio & Simples e nobre. A igreja de Sho Pedro, em Roma, é mag nifies, Nese projelo, grande e simples, beleza ~ 0 outo, (0s mostiens ele —'6 120 profusa que o sentimento do sublime af atua no limite, 9] € © objeto & denominado rmagaifico. Um arsenal deve ser nobre e simples, um pali- ‘fo residencial magnifico, e 0 de vero, belo ¢ amaneirado ‘Uma longa duracto € sublime. Caso pertnga «um tempo passado, ¢ nobre; atevista nua futuro imprevisvel, possuiré em si qualquer coisa do tersvel. Uma constugio Femanescente da antiguidade remota é digna de veneragio, 1 dosrisho de Haller” sobre a eteridadevindourainfunde 1 doce assombeo, a da eternidade passada uma infexivel admicagto. islet onal Ser . ‘ ‘Ti ag, asian en 19 ot 8.087 S.A ie wine a poe so 2

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