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Pesca on 2 seh EN CONSELHO FEDERAL ¥ COMISSAO NACIONAL DE RELAGOES INSTITUCIONAIS DO CONSELHO FEDERAL DA OAB EXMO. SR. PRESIDENTE DO CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - OPHIR CAVALCANTE JUNIOR GQ oven or Asvonees dsr Cconselno Fed PROPOSICAO 2010.19.07379-01 . ANA 18/10/2010 15:17:00 RICARDO BACELAR PAIVA, advogado inscrito na OAB CE sob 0 nimero14408, membro da Comisso Nacional de Relagdes Institucionais do Conselho Federal da OAB, Secretério Geral Adjunto e Corregedor Geral da OAB CE, Presidente da Comissio de Direitos Culturais do Ceara, vem, a presenga de V. Exa,, requerer seja a proposigao em epigrafe apreciada pelo Pleno do Conselho Federal da OAB, nos termos que se seguem: 1. O PLAGIO NAS INSTITUICOES DE ENSINO As ferramentas tecnolégicas da informatica e 0 advento da internet proporcionam acesso irrestrito a muitos bancos de dados, oficiais e particulares, informag6es diversas e noticias em tempo real de todas as partes do mundo. Nao se pode olvidar a importincia do uso da rede mundial de computadores, que auxilia na pesquisa, ensino, na vida piblica, na iniciativa privada e em, praticamente, todos os ramos de atividade. Contudo, algumas distorges advindas desta facilidade de acesso eletrnico muito nos preocupam. Em especial, merece destaque o crescimento ph 1 @AB CONSELHO FEDERAL COMISSAO NACIONAL DE RELAGOES INSTITUCIONAIS DO CONSELHO FEDERAL DA OAB desenfreado da pratica do pligio nas universidades brasileiras e escolas de ensino médio. Com a praticidade de copiar ¢ colar textos pelo computador, muitos alunos formatam seus trabalhos e monografias, apropriando-se de obras de outros autores, sem os créditos devidos, cometendo graves ilicitos e, por fim, intitulando-se, falsamente, criadores de obras criadas pelo espirito de terceiros. Tao nociva pratica é observada em todos os niveis do ensino escolar. Na verdade, muitos alunos dos ensinos médio e superior nao fazem m: pesquisa, copiam e colam textos de outras pessoas. ‘Além da pritica ilegal de apropriar-se da obra de terceiros sem autorizagao e sem a referéncia devida, 0 procedimento nefasto infecciona a pesquisa, produzindo danos irreparéveis. Muitos de nossos alunos nao sabem escrever, nao sabem compor um texto, elaborar uma idéia original e, pior de tudo: nao aprendem a pensar e desenvolver o senso critico. A explicagao é simples. Diante de tarefa de pesquisa, nao Iéem sobre 0 assunto, nao raciocinam, nao exteriorizam um pensamento, n&o exercitam a formatagio da idéia sistematicamente. Nao pensam a matéria estudada, apenas copiam e colam texto de terceiros da internet, 0 que € grave, sem os créditos devidos. ‘A desonestidade moral ¢ intelectual disseminou-se de tal forma, que alguns alunos traduzem monografias inteiras de outros idiomas por ferramentas cletrénicas ¢ intitulam-se autores dos trabalhos. Alguns estudantes chegam a0 absurdo de comprar monografias de terceiros para colocar seu nome na autoria. p & @ab CONSELHO FEDERAL COMISSAO NACIONAL DE RELAGGES INSTITUCIONAIS DO CONSELHO FEDERAL DA OAB A propagagiio desta pritica dé-se as claras e muitas universidades, com excegdes, nflo adotam politicas contundentes de conscientizagao do grande mal que assola a educago brasileira. Muitas instituigdes ndo tém estrutura para verificar suas monografias com mais rigor, identificando plégios cometidos pelos discentes. Limitam-se, somente, a algumas aulas de metodologia cientifica que tratam de regras da ABNT e nelas pincelam normas de citagao de textos. A realidade da educagtio no Brasil, além das dificuldades conhecidas relacionadas falta de investimento adequado, qualificagtio dos professores € escolas sem estrutura, apresenta um inimigo oculto: 0 uso indiscriminado da tecnologia que pode privar 0 aluno de pensar. © aluno que nfo pensa, nao sabe escolher. Além disso, absorve 0 comportamento deplordvel de pegar para si o que nfio Ihe pertence, ¢ a falsa idéin de que o dinheiro tudo compra, paradigmas que podem acompanhar- Ihe pelo resto da vida. Em algumas publicagées sobre o tema, identifica-se importante ferramenta tecnoldgica criada para coibir tais distorgdes, podendo ser utilizada em larga escala em nossas universidades e escolas: softwares de busca de similaridade na internet e em banco de dados. Estes softwares, de desenvolvedores de diversas partes do mundo, fazem a leitura eletronica do texto da monografia do aluno. Em seguida, realizam rastreamento comparativo em varios sites de busca na internet ¢ em bases de dados, verificando se 0 aluno copiou uma frase ou um pardgrafo, por exemplo. Assim, a ferramenta identifica a base de dados e 0 texto copiado. ip h- HX 4 @AB CONSELHO FEDERAL ‘COMISSAO NACIONAL DE RELACOES INSTITUCIONAIS DO CONSELHO FEDERAL DA OAB Entretanto, o programa no € absoluto. Para aferir se houve ou nao pligio, € necessiria a formagdo de uma comissao que avalie os resultados obtidos no programa de forma objetiva, aferindo a gravidade das cépias encontradas. Politicas publicas de conscientizagio do problema e procedimentos internos nas instituigdes de ensino so fundamentais para o combate ao pligio e ao decréscimo do nivel de aproveitamento do ensino. De que adiantam verbas para a educacio e bons professores, se os alunos nfio escrevem e nfio aprendem? Assim, pois, existe uma tecnologia de facil implementago para minimizar © pligio nas instituig6es de ensino, devendo ser adotada em larga escala. Podemos combater o problema de forma efetiva. 2. COMERCIO ILEGAL DE MONOGRAFIAS Passamos a uma segunda abordagem do problema relacionado ao comércio ilegal de monografias. Proliferam-se sites na internet que disponibilizam monografias ¢ trabalhos prontos, comercializados abertamente para os alunos. Muitas obras oferecidas neste “mercado ilegal” pertencem a terceiros de boa-fé, Ou scja, quem “vende”! trabalhos cujos textos pertencem a terceiros € co-autor dos crimes de violagdo de direitos autorais e, muitas vezes, incita os estudantes a pritica criminosa.”* * pautoria de obra intelectual ndo se vende, conforme a Lei 9.610/98, Os direitos morals s80 inaliendveis. * Cédigo Penal, art. 184 — Violar direitos de autor e os que Ihe so conexos. pi : @aB CONSELHO FEDERAL COMISSAO NACIONAL DE RELAGOES INSTITUCIONAIS DO CONSELHO FEDERAL DA OAB HA, ainda, a tese segundo a qual depositar trabalho na universidade para conclusio de curso, que nao seja de autoria prépria, configura apresentagio de documento falso. Causa espanto a estrutura apresentada nestes sites, com atendimento “on line”, pagamento com cartées de crédito, filiais em varios estados do pais e servico de senha para navegar por conteddo privado dos sites. Disponibiliza-se este “servigo” abertamente, como se licito fosse, em outros meios, clasificados, jornais, revistas e e-mails, para desvirtuar nossos jovens.> Trata-se, enfim, de um mal silencioso que passa a fazer patte do convivio escolar e académico explicitamente. O nivel de um pais também se mede pela qualidade de sua producio intelectual. 3. REQUERIMENTOS Sendo assim, por ser assunto relevante em matéria de propriedade intelectual e educago, REQUER 0 propositor seja enviada, através de oficio circular, com cépia destas razdes, RECOMENDACAO do Conselho Federal da OAB a todas as instituigdes de ensino superior do pafs, para que utilizem softwares de busca de similaridade na internet e em banco de dados em suas atividades, e que adotem politicas de conscientizagao ¢ informagao sobre a propriedade intelectual, visando coibir o pligio nas atividades académicas. * Ressalte-se: os profissionais que apenas adéquam os trabalhos dos alunos as normas da ABNT praticam atividade licita, f ipa 5 @aB CONSELHO FEDERAL ‘COMISSAO NACIONAL DE RELACOES INSTITUCIONAIS DO CONSELHO FEDERAL DA OAB REQUER, ainda, como suporte institucional, que se envie a recomendago, com cépia das razdes: a) Aos Presidentes das seccionais da OAB de todo o territério nacional; b) ao Ministro da Educagao da Repiblica Federativa do Brasil; ¢) ao Ministro da Ciéncia e Tecnologia da Republica Federativa do Brasil; 4) Ao Ministro da Cultura da Repiblica Federativa do Brasil; ©) Ao Conselho Federal de Educagaio do Brasil; 1) A Coordenagio de Aperfeigoamento de Pessoal de Nivel Superior — CAPES; g) Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico ¢ Tecnolégico — CNPq; h) A Presidéncia da Associagio Nacional de Dirigentes das Instituigdes Federais de Ensino Superior; i) A Presidéncia da Associagao Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais; No que toca ao ensino médio, REQUER ao Ministro da Educagio da Republica Federativa do Brasil providéncias ¢ adogdo de medidas para prevengdo € combate ao plagio nas escolas. Quanto a0 assunto relacionado ao comércio ilegal de monografias, REQUER sejam oficiados 0 Ministro da Justiga, para que acione a Policia Federal, ao Procurador Geral da Republica e aos Procuradores Gerais de Justiga pt 6 Sab CONSELHO FEDERAL ‘COMISSAO NACIONAL DE RELACOES INSTITUCIONAIS DO CONSELHO FEDERAL DA OAB. dos Estados da Federagio, requerendo as autoridades providéncias, visando coibir 0 comércio ilegal de monografias no pais, com averiguagio através de rigorosas investigagdes e medidas exemplares de responsabilizagéio conforme as normas legais vigentes. Brasilia, 18 de outubro de 2010. —~ RIQARDO BACELAR PAIVA MEMBRO DA COMISSAO NACIOAAL DE RELAGOES — DO CONSELHO FEDERAL DA OAB SECRETARIO GERAL ADIUNTO DA OABICE- CORREGEDOR GERAL DA OAB CE PRESENTE DA COMISSAO DE CULTURA DA OAB CE INFORMACOES - RICARDO BACELAR (85) 32647176/99874074 ricardo@ricardobacelar.com.br : Rieardo Bacelar Paiva - Membro da Comissio Nacional de Relagdes Institucionais do Conselho Federal da OAB. Assunto: Proposta de adogiio de medidas para prevengdo do pligio nas Instituigdes de Er do comércio ilegal de monografias. Relator: Conselheiro Federal Jose Norberto Lopes Campelo (PI). RELATORIO Tratam os autos de proposigdes formuladas pelo ilustre advogado Ricardo Bacelar Paiva, membro da Comissfio Nacional de Relagdes Institucionais do Conselho Federal, Sccretério Geral-Adjunto e Corregedor-Geral da Seccional do Cearé, onde preside a Comissio de Direitos Culturais, com as quais pugna pela mobilizagao da Entidade em favor da adogio de medidas preventivas ¢ de combate ao pligio e ao comércio de monografias no Pais. O proponente discorre sobre as distorgdes advindas da liberdade de acesso & rede mundial, que, sem olvidar a sua importancia, facilita “a pritica do pligio nas universidades brasileiras e escolas de ensino médio”. Afirma que o “procedimento nefasto infecciona a pesquisa, produzindo anos irreparaveis. Muitos de nossos alunos ndo sabem escrever, nfo sabem compor um texto, elaborar uma idéia original e, pior de tudo: no aprendem a pensar e desenvolver 0 senso ctitico”. Ex’, em busca de solugdes, discorre, ainda, sobre a implementagio, nas instituigdes de ensino, de “softwares de busca de similaridade na internet e em banco de dados”, com registro da necessidade de instalagio de comissdes destinadas A avaliagio dos resultados obtidos. No tocante ao comércio ilegal de monografias, aponta a realidade dos s que oferecem “trabalhos prontos, comercializados abertamente para os alunos”. A Comissio Nacional de Relagdes Institucionais do Conselho Federal da OAB reconheceu a relevancia das matérias e decidiu sugerir a sua discussao perante 0 Conselho Pleno, cabendo-me a relatoria por designagtio do Presidente, a quem o documento foi originalmente encaminhado. Eo relatério voto Os temas versados neste proceso tém impacto evidente no ensino brasileiro, considerando, sobretudo, seu carter educador para as geragGes futuras. : — @ z Crdem dos Advogadtes be Brasit fenselhe Feoral Brn DH O debate é urgente e de relevineia evidente, concordando esta relatoria com a certeza, afirmada no expediente, de que “o nivel um pais também se mede pela qualidade de sua produgao intelectual”, As instituigdes brasileiras, os centros de pesquisa, permite 0 plagio em franca permissividade; na universidade, também na pés-gradugdio, e no ensino médio. A compra e venda de monografias, como mercadorias prontas, nao obstante a feigao criminal da pritica hoje explicita, aftonta a legislago brasileira, que determina serem inaliendveis e irrenunciaveis os direitos do autor (Lei n. 9.610, de 1998). Os problemas ora denunciados, além das divagagdes quanto aos seus aspectos éticos, contribuem para extirpar o debate e o pensamento critico do alunado que, nesse cessita de reeducagio. Pelo resgate da idoneidade do ensino nacional, pelo despertar dos alunos ¢ professores, acolho na integra as razGes expostas pelo proponente, que adoto como fundamentos para decidir. Diante do exposto, somadas as doutas contribuigdes colhidas em plenario, voto pelo acatamento das proposigdes formuladas, no sentido de que 0 Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil envie recomendagdo, por meio de oficio, a todas as instituigdes de ensino superior do Pafs, para que, nos seus exatos termos, “utilizem sofiwares de busca de similaridade na internet e em banco de dados em suas atividades, ¢ que adotem politicas de conscientizagdo ¢ informagdo sobre a propriedade intelectual, visando coibir 0 pligio nas atividades académicas”. Voto, ainda, pelo encaminhamento de oficio aos Presidentes dos Conselhos Seccionais da OAB e a todas as autoridades citadas As fls. 07 ¢ 08 dos autos, para 0 atendimento das finalidades propostas, acrescentando a indicago de oferecimento de representagdo ao Ministério Publico, visando A promogio das agdes cabiveis contra os sitios mantidos na internet, com oferta de trabalhos cientificos prontos. Brasilia, 19 de outubro de 2010. Wlnle CoA, Jos€ Norberto Lopes Oknipelo Conselheiro Federal - Relator z Orde dos Aidwogdes do Brasil Fomselhe Foderal Bate 7% Proposicio 2010.19.07379-01 Origem: Ricardo Bacelar Paiva - Membro da Comissio Nacional de Relagdes Institucionais do Conselho Federal da OAB. Assunto: Proposta de adogiio de medidas para prevengao do pligio nas Instituigdes de Ensino ¢ do comércio ilegal de monografias. Relator: Conselheiro Federal Jose Norberto Lopes Campelo (PI). EMENTA N.34_/2010/COP. Pligio nas instituigdes de ensino. Coméroio _ilegal de monografias. Propriedade intelectual. Educagdo. Providéncias de combate, prevengio, conscientizagio informagio. Softwares de busca de similaridade na internet © em banco de dados. Recomendagdes. Representagdo. M Pablico. Acérdao: Vistos, relatados e discutidos os autos do proceso em referéncia, acordam os membros do Conselho Pleno do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, por unanimidade, em acolher o voto do Relator, parte integrante deste Brasilia, 19 de outubro de 2010. ublers then Seq Conselheiro Federal - Relator CERTIDAO Cetifico que o tat Processo fo} pub! 9 no dodiand JA. Mop. G Brasilia, J2/ A / 9. Pauln N° 22 spf, 2d rented 200 Didrio da justica 38 mo ars CRCUNSCRIGKO UDICLARIA DE CEILANDIA 1 TRIBUNAL DO JOKE DE CEILANDIA pustmeeaarese | pocesaur un dion mica 4 Dn en bf Cu emi -MARCILEA GUNARAES CORREA CANTARENO rene CLAUSE SATE en aes, oH ra ea Wowie midair: enfe eee aes es ‘SS ita FP {IRCLNSCRIGRO JUDICIARIA DO PARANOA ‘VARAS CRIMINAIS DO PARANOA 2 VARA CRIMINAL DO PARANOA a atl hn | DiRETORIA Sas ae la ites cus a carn CCRCUNSCEIGAO FUDICARIA DE SAMAMBATA CORCUNSCRICAD JUDICIARIA DE SKO SERASTIAO. eae crnruns Da CIRCUNSCRIGAO \VABA CRIMINAL E TRIBUNAL DO JOR! DE SAO SUDICIARUA DE SAMAMBATA oe {VARA CRIMINAL E 00S DELITOS DE TRANSITO aoe ‘be SAAMI z i 4

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