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conta 4 Globalizagao Econémica © fenomeno da glo ‘como a transformagio da economia mundial de paises independentes para cegrada e interdependent ‘o que é global se espalha, atinge as culturas e gera influencias izagao pode, em poucas palavras, ser caracterizado ‘uma economia bal em nivel local ‘A globalizagdo econémica tem trés abordagens: a globalizacao da producto, do comércio e das financas. onde o que antes era local atinge nivel 14.1, GLOBALIZAGAO DA PRODUGAO Com o liberalismo, as empresas irdo se instalar nos paises que Thes propot- cionem mao de obra mais barata ou um melhor acesso a matérias-primas, Com iminuem os custos de produgao, concentrando toda ou grande parte da producio naquele pais. Surgem asm Cabe a diferenciagao entre emp forme abordagem dle Maria Auxiliadora de Carvalho ¢ César Roberto Leite da Silva (2000, p. 246), ctando Paul Hirst: ~ As empresas multinacionais preservam base de origem nacional estio sujeitas a regulagao e ao controle procedentes do pats de origem; € ~ As empresas transnacionais tem capi ide cionalizada e, no minimo, potencialmente inclinado a localizar-se teiramente livre, sem icago nacional especifica, com uma administragao interna- ¢ reloca se em qualquer lugar do mundo para obter retornos mais seguros ou mais altos. cawwus te 3 Capitle 14 — Gotsizeto 14.2. GLOBALIZACAO DO COMERCIO © comércio livre leva ao mercado global por inexistirem barreiras. Tender, portanto, a um mercado de concorrencia perfeita, em que imuimeros serio 05 fomecedores, que nao encontrario barreiras para sets prodiitos. E inuimeros sero 0s consumidores porque, nao havendo barreiras as importacbes, poderao ser atingidos pelos fornecedores. 14,3. GLOBALIZACAO DAS FINANGAS ‘As financas se movem na velocidade da informatica, em que o capital in- no pais (capital produtivo ou 0 especulativo) pode fugit ao menor >. causando danos muitas vezes graves a esse pais, desestabilizando a moeda nacional, As crises recentes no mercado mundial foram facilitadas pela ata volatilidade dos capitais que correm o mundo em busca dos melhores retomos em termos de rentabilidade e seguranga 14.4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA GLOBALIZACAO {As vantagens da globalizagao sao as do livre comercio, so os efeitos dina rmicos da integracao mundial, com a melhor alocagao dos fatores produtivos. ‘Uma desvantagem € 0 alto grau de interdependéncia ~ onde uma crise em um pais distante, que nao tenha maiores relagdes com os outros paises, acaba refletindo nestes ltimos. 0 caso da crise na Turquia em 2002/2003 que trouxe problemas para a economia brasileira, apesar de as relagdes comerciais entre os dois paises serem infimas. COutra desvantagem é a alta instabilidade dos fhurxos financeiros que podem ser cortados se houver algum risco de perda de rentabilidade ou de confianca no pats Integracao Regional Neste capitulo sao abordados a teoria ¢ os principais blocos de integragio ‘econdmica existentes, com destaque para a Unido Europeia. Por sua relevancia, sob o ponto de vista brasileiro, 0 Mercosul sera analisado separadamente no capitulo seguinte ‘A Unio Europeia é 0 mais antigo dos atuais blocos econdmicos, Analisan- do-se suas origens, descobre-se que a integragio economica teve ratzes mais, fortemente vinculadas a desejos de paz do que a interesses econdmicos pro- priamente ditos. 7-1. ORIGENS CCansados das atrocidades de duas guerras mundiais, alguns patses europeus comecaram a discutir formas de evitarem futuros contlitos bélicos.* Além do 0S, 0$ POVOS DAS NAGOES UNIDAS,RESOLYIDOS a preserve as gages vedouts do agelo da gers, g8e, por dus vers, no espace da nse ia oune Trumansade creator» os diets fadarenas do home, a did ferem paz unscomes outs, come bons vienhes, eur as ns fores para mantert aac de prntpios x isitctodosmetodes, ques foe mpeg un meni interacial pars promover ‘progres econ sold ods os pots. RESOLVEMOS CONJUGAR NOSSOS ESFORGOS PARA A CONSECUCAO DESSES OBFETIVOS, CAMPUS, Pte 2-Ceptuo T— gc temor de novas guerras, havia a guerra fria, que colocava de um lado os EUA e do outro, a extinta URSS. Esta bipolarizagao acabava por reduzir a influencia curopeia em nivel mundial. Buscando eriarlagos que dificultassem futuros conflitos e que aumentassem seu poder de influencia no mundo bipolarizado, comegaram a surgit movi- ‘mentos europeus de integracdo. O primeiro deles foi a constituicao, em 1948, de um bloco formado por Belgica, Holanda e Luxemburgo, o BENELUX.’ Em 1952, os objetivos de se usar a integracao regional como instrumento para a ‘paz ficaram mais evidentes coma criagao da Comunidade Europeia do Carvao edo Aco (CECA). ‘A CECA surgiu como aplicagao da Declaragio Schuman, Em 9 de maio de 1950/0 ministro francés dos Negocios Estrangetros, Robert Schuman, apresen- tou um plano que pretendia unir fortemente os paises europeus, Pela proposta Franca e Alemanka iriam submeter suas produgdes de aco e ferro (principais rmateriais da induistria de guerra) a um orgio composto de forma paritatia por representantes dos dois paises, a que se deu o nome de Alta Autoridade. Com a implementacao do plano, a producio conjunta de carvao ¢ de aco eliminow ou, ao menos, diminuiu sensivelmente as desconfiancas reciprocas dos dois paises, que possutam secular oposicdo.* Passou a haver integragdo nao s6 na a soa I eagbesEcondicsInteraconsls— Rotini ELSEVIER producio daqueles bens, mas também no comércio, tendo em vista alive cir culagio implementada intrabloco. Coin o passar do tempo e com os objetivos politicos de paz alcancados, os passos seguintes na integracao foram no sentido de se aprofundarem os obje- tivos econdmicos propriamente ditos, como analisaremos no topico relativo a Unio Europeia, 1.2. ESTAGIOS DE INTEGRAGAO Quando dois ou mais paises decidem integrar suas economias, podem fazé-lo ‘com mais superficialidade, como, por exemplo, somente eliminando entre si os, impostos aduaneiros, ou de forma mais profunda, como no caso de se unificar monetiria, passando a se usar uma tinica e mesma moeda. Existem assim varios camente dois sistemas de classificagdo, O mais tradicional foi criado, nos anos 1960, pelo economista hungaro Bela Balassa? e se baseia em cinco estagios de imtegragao! ‘rea (ou zona) unio aduat ‘mercado comum, 4) unido econdmica 5¢) integragao econdmica total is de integracao econdmica, agrupados em basi- outro sistema de classi estigios: 1) tea (ou zona) de livre comércio alo utlizado pela doutrina possui apenas quatro 29) unio aduaneira 34) mercado comum, 4) unido econdmica e monetaria cAMPUS Parte 2~ Capital T— terial (Os ués primeiros estagios sio comuns nos dois sistemas de classificagao. ‘Assim, nfo ha maiores dificuldades em se classficarem o Mercosul e o Pacto Andino como unides aduaneiras, eo NAFTA (North American Free Trade Area), como area de livre comércio, O problema consiste em se categorizarem os blocos que passaram do estdgio de mercado comum, ou, para ser mais exato, o dnico bloco nesta situagao: a Unido Europela, Para os autores que wtilizam o segundo sistema d icagdo, nao ha divergencia de que o estagio do bloco europea € 0 de Unio Economica e Monetiti Entretanto, para os autores que utilizam o primeiro sistema de classificagao,* ha divergencia de interpretacio. Ha autores que situam a Unido Europeia no estigio de Integracdo Econdmica To gracao total, tendo em vista, por exemplo, que nem todos os patses izam a moeda vnica, 7 assim como hi os que consideram nao have Area de Livre Comércio (ou Zona de Livre Comércio) Da leitura do § 8* do art. XXIV do GATT, pode-se extrair o conceito de area de livre comércio: acordos firmados entre dois adas as barreiras tarifarias e nao tariférias sobre o substancial do comércio reciproco, ‘mais paises por meio do ART. XXIV — APLICACAO TERRITORIAL - TRAFICO FRONTEIRICO — UNIOES ADUANEIRAS E ZONAS DE LIVRE COMERCIO Fara fins de pica do presente Ard: (@ entendese po cs quaisos die Tomy EE eages cond donas —Roio ie ELSEVIER, Nao ha nas normas da Organizacao Mundial do Comércio a definigao do que seja “substancialmente todo © comércio”, ou seja, nao ha um percentual rminimo de comércio livre a partir do qual se possa considerar que dois paises formam uma area de livre comercio. Em relagao a esse ponto, existem algumas formas de abordagem, Hi autores que consideram que “a maioria” das trocas comerciais deve ser considerada como superior a 85% do comércio.* Por outro lado, ha aqueles que entendlem que nao se deve m também qualitativamente. Por exemplo, para os que defendem uma aborda- gem qualitativa, a area de livre comércio somente se configuraria se todos os setores importantes estivessem incluidos na liberalizacao. De nada adiantaria ‘uma liberalizacao de 90% do comércio, se dela fosse excluido, por exemplo, o setor agricola ou o setor textil” Outro ponto de discussto importante ¢ a lista de artigos presente na alinea b transerita, As barreiras previstas nos arts. X IV, XV e XX do GATT 1947 foram expressamente permitidas no comércio intrabloco." A discussao gira cm tomo da natureza desta lista: ela € exaustiva ou meramente exemplificativa? A resposta € determinante para que saibamos se outras barreiras sio permi- tidas no comércio intrabloco. Por exemplo, o GATT permite barreiras nos casos de: (a) protegao a industria nascente (art. XVIID); (b) promogao da seguranga nacional (art. XD); € (©) defesa come Em consulta a0 ant. XXIY, vé-se que os arts, XVIII, XI, VI-e XIX nao foram listados. Logo, & primeira vista, 05 trés casos citados nao poderiam ser invocades para eriagdo de barreiras intrabloco. Esta é a questdo principal: se a lista do art. XXIV for cexaustiva, as trés situacdes nao podem ser invocadas intrabloco. Se a lista for ralizagio apenas quantitativament CAMPUS. Parte 2 Capitulo T— ner0 apna ‘meramente exemplificativa, nao haveria impedimento para criaco das barreiras intrabloco baseadas nas trés situagOes. Existem duas correntes para responder & questao levantada: 1D Paraa primeira, a lista de excegdes prevista no art. XXIV € exaustiva, iva. E, portanto, nenhuma outra barreira poderia set utiizada intrabloco além daquelas expressamente citadas. Esta cor rente se baseia no fato de que, por ser uma lista de excegdes a regra geral, cla nfo poderia ser meramente exemplificativa. Nao poderia ser interpretada extensivamente, Esta € a posigdo br lusive 2) Para a segunda, a lista do art. XXIV ¢ exemplificativa, podendo ser adotadas barreiras previstas em outros artigos do GATT além daqueles expressamente citados. Para reforcar esta corrente, seus defensores exemplificam que, apesar de o art, XXI do GATT (que preve barteiras visando a seguranca nacional) nao estar expressamente citado, a maior parte dos paises concorda que ele pode ser invocado no comércio intrabloco. Na OMC, essa discussio permanece em aberto, sem se privilegiar qualquer das correntes. Entretanto, mesmo os paises que seguem a primeira corrente concordam que o art. XI pode ser invocado intrabloco, por entenderem que tudo nao passou de um erro de redacio, Nas palavras de Prazeres (2008, p. 203) De fato, ¢ intrigante, a primeira vista, perceber que o art. XX, por exemplo, esti listado no dispositivo em andlise fart. XXIV}, mas 0 art. XXI nao. A rigor, isso significaria que os membros do acordo regional podem manter obsticulos necessérios para protegerasauide humana, animal ou veget XX), mas nto poderiam adatar barreiras necessérias para garantir a seguranca nacional (art Aautora resgata o histérico da negociacao do GATT e, citando James Ma conclui que a falta de indicacao do art, XXI no rol doart. XXIV se deu por falha nha incorporacao dos artigos da Carta de Havana para o texto do GATT. E, para reforcar o entendimento, relembra que o art. XXI dispde, em outras palavras, que “nenbuma disposicao do presente acordo devera ser interpretada como impedindo qualquer pais de tomar as medidas que julgue necessérias para sua seguranca.” Nao poderia entdo o art. XXIV vedar a imposigao de barreiras para promogao da seguranca nacional, fale requirement Stic vase Comoe Aaa Econdnics Internacional — Raskin ir ELSEVIER Em relagaio as medidas de defesa comercial (antidumping, compensatorias € salvaguardas), previstas nos ats. VI e XIX do GATT, foi analisado, no capitulo anterior, que boa parte da doutrina entende que nao podem ser utilizadas entre membros de um acordo regional. Também os paises possuem interpretagoes divergentes, frisando-se que nao ha posicao fechada na OMC. Encontram-se, 's posigoes sobre salvaguardas:"” as salvaguardas até poderiam ser w ‘mas somente no periodo de transigio do acordo regi -adas intrabloco, 4i, Para 0 Japdo, o uso de salvaguardas intrabloco poderia acontecer a qualquer tempo, baseando-se nos seguintes fatos: (a) 0 Acordo Sobre Salvaguardas in a natureza destas é nao discriminat6ria, ou seja, devem ser utilizadas contra as importagdes originarias de todos ‘os paises da OMC, o que inclui obviamente as dos parceiros regionais; € (b) as salvaguardas possuem efeitos semelhantes aos gerados pelas arreiras previstas nos arts. XL e XII do GATT, listados no art. XXIV, (© desenho a seguir apresenta as caracteristicas gerais da area de livre comér- cio criada entre 0s paises A e B: 0 substancial do comeércio intrabloco livre de barreiras e, em relacio a terceiros paises, diferentes politicas comerciais, que implicam, entre outras coisas, diferentes aliquotas de imposto de importacao. ow @lt Artigo XXIV do GATT art. XXIV do GATT, além de conceituar a area de livre comércio (ea unio aduaneira), possui outras disposigoes relativas aos acordos regionais. Em pri- ‘meiro lugar, foi por meio do § 4° que se reconheceu o direito de formacao dos blocos comerciais, permitindo, consequentemente, que os beneficios criados regionalmente nio sejam estendidos para 0s pafsesextrabloco, Em outras pala- por exemplo,operado de transis se eres de novembro de 199, no da vigtca do “radadeAringto 2 3/12/190, 7 CAMPUS rte 2 capitate 7 egons vras, os membros de um bloco comercial nao precisam cumprir a Cliusula da 'Nacio Mais Favorecida (art. I do GATT) em relagao aos paises nao membros, ‘ART. XXIV — APLICACAO TERRITORIAL — TRAFICO FRONTEIRICO — UNIOES ADUANEIRAS E ZONAS DE LIVRE COMERCIO 4s artes Conratantesrconhecem que ¢ recomendavel aumentar a liberdade do ‘comércio desenvolvendo, através de acordos as econoias ds pales partic ilitar o comércio entre os territérios constitutivas e nio opor obsticulos ‘20 comércio de outras Partes Contratantes com esses territrios. Oestimulo aos blocos comerciais decorre do fato de que é mais facil ibe © comércio mundial gradualmente, a partir da integracao entre dois ou mais lanea entre todos os signatatios iberalizar 0 comércio “comendo pelas beiradas”, A permissio de criagao dos blocos comerciais divide as opinides dos liberas, Opensamento dominante, que inclusive levow a criagio do art, XXIV, f sem a obrigacao de estender os beneficios para todos os signatirios do GAl 05 patses-membros se sentiriam mais estimulados para concederem as vanta: ens aos parceiros do bloco comercial. E essa liberalizagao regional, gerando economias mais abertas e eficientes, seria primeiro passo para a liberalizacao do comércio em nivel mundial Por outro lado, ha os liberais que consideram que a permissio para nio se estenderem os beneficios aos paises extrabloco acaba frustrando os ideais do livre comércio. Alegam que, se nao houvesse o direito de se criarem blocos regionais, a liberalizacdo seria generalizada. A verdade € que ambas as posigbes sio razoaveis. Se € correto afirmar que 4 existéncia de blocos comerciais frustra © sonho da liberaliza¢ao mundial, também hd razao em se dizer que, sem os blocos, poucos ou nenhum pais se sentiriaestimulado a derrubar barreira, E certo que muitas barreiras comerciais extensio do benelicio para os paises extrabloco, oral us See Pos Canes RetgSe conden Interncionsi— foi luz ELSEVIER idependentemente de haver criticas dos tedricos, 0 GATT, como vimos, autoriza e até stimula a criagto dos blocos comerciais. Mas ha Para que um bloco comercial seja “autorizado” a existir (o que gera ben para seus membros, que poderdo negociar beneficios regionalment regras devem ser observadas, No § 48, ¢imposta a condicao de que o bloco comercial deve ser criado para b >. E imposta uma aliquota de imposto de importago tal que: b= (b+ tarifa sobre b) € c= (c+ tarifa sobre c) Como b > ¢, por hipstese, entao b’> ¢. Para ver o que acontece quando ha desvio de comércio, devemos consi- derar que: a>boce e>b Peary stiermaseconanst |B FelagesEcondmics Internacional fst ur ELSEVIER (Ou seja, na 2 linha da tabela, c’ € 0 menor dos valores. Na terceia linha da tabela, b é 0 menor dos valores, como fizemos no exemplo numérico entre Brasil, Italia e Alemanha, Quando havia a aliquota cobrada dos paises Be C, antes de criar a area de livre comércio, qual era o ganho do Brasil (Governo + consumidor)? Goyverno = c'~¢, que € 0 tributo calculado sobre c. Consumidor = a~c’, que € a economia que 0 consumidor tem a0 nao pagar o valor a do seu pais e pagar o valor c. Ganho total: (¢’~¢) + (ac) =a-c ‘Ap6s a criacdo da area de livre comércio com o pais B, qual é 0 ganho do Brasil (Governo + consumidor)? Governo = 0 (nao estara cobrando imposto do produto do pais B) Consumidor = a~b, que ¢ a economia que o consumidor tem a0 nao pagar 0 valor a do seu pais e pagar o valor b. Ganho total: (0) + (@—b) =a—b Antes da are aser (a—b). ‘Como, por hipsteseinicial, b> c, entdo (a—b) < (a~0),ouseja, 0 ganhoapés a ctiagao da drea de livre comércio é menor do que o ganho antes da criagao. Em outras palavras, o Brasil teve uma perda com a criagao do bloco comercial, ire comeércio, 6 ganho era (a~c). ApOs a criagao, passou BLOCOS COMERCIAIS ALALC (Associagao Latino-Americana de Livre Comércio) Ral Prebisch apresentou, no ambito da CEPAL, 0 “Modelo de Subs das Importacoes”, abordado no topico 2.2.5. Das ideias pregad: surgit'a ALALC em 1960, formada por Argentina, Bolivia, Br bia, Equador, Mexico, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. loco tinha os objetivos propostos pelo economista: aumentar 0 tamanho do mercado consumidor, para gerar ganhos de escala, restringir a entrada de produtos estrangeitos similares, aproveitar as vantagens comparativas de cada pats e gerar complementaridade industrial Havia o objetivo expresso de se criar uma area de livre comércio em um ‘prazo maximo de 12 (doze) anos. Um dos instrumentos para isso era. a Cliusula eae Pate 2 Capitale 7 — nero Rpm da Nagao Mais Favorecida (NMF), andloga a definida no GATT, ou seja, todo € qualquer beneficio feito a um pais, membro da ALALC ou nao, deveria ser estendido aos demais membros do bloco. Era, no entanto, uma época conturbada, quando varios paises passavam por problemas internos graves. Era a época do surgimento de algumas ditaduras no Continente, Inflagdo alta e tecnologia defasada também atrapalhavam o proceso de integracdo. A ALALC tendia a fracassar. Ainda foi feita uma tentativa de manté-la, aumentando de 12 para 20 anos o prazo para a conformacio da area de livre comércio, mas as dificuldades do continente sepultaram o bloco. Em 1980, surgiu: a ALADI com adaptacoes pereebidas como necessarias 7.5.2. ALADI (Associacio Latino-Americana de Integragao) Em agosto de 1980, foi assinado o novo Tratado de Montevidéu, substituindo- se a ALALC pela ALADI. Os paises signatérios da ALADI sto os mesmos da ALALC, além de Cuba, que aderiu no ano de 1999, Dispoe o art. 1* do Tratado de Montevideu: “Esse processo de integracao tera como objetivo, a longo prazo, o estabelecimento, em forma gradual e pro- sressiva, de um mercado comum isa primeira diferenga: enquanto a ALALC pretendia atingir 0 nivel de érea de livre comércio, a ALADI pretende atingit 0 nivel de mercado comum, De acordo com 0 art. 4# do Tratado de Montevideu, os paises-membros, visando atingir o nivel de mercado comum, estabeleceram uma area de prefe rencias econdmicas, composta por uma preferéncia tariféria regional acordos de alcance regional e por acordos de alcance parci Por preferencia tarffria regional, compreende-se que as barreir sobre as importagdes de paises da ALADI serio sempi sobre paises de fora do bloco. Por este mecanismo estao previstas reducdes tarifarias considerando-se o nivel de desenvolvimento dos paises comerciantes, (0s quais foram assim classificados: Grupo 1 ~ paises de menor desenvolvimento econdmico relativo: Bolivia, Equador e Paraguai; Grupo 2— paises de desenvolvimento intermediario: Chile, Colombia, Cuba, Peru, Uruguai e Venezuela; Grupo 3 — paises de maior desenvolvimento economico relative: Ar- sgentina, Brasil e México, identes inferiores as incidentes ie Tam 2 Sti Pree Concoe Regs zo ELSEVIER Posteriormente, Paraguai e Bolivia (considerados mediterraneos) receberam ‘um tratamento ainda mais favorecido como se pode ver na tabelaa seguir. Note que esses dois paises tém um tratamento diferenciado quando exportam, mas continuam a ter 0 tratamento de Grupo 1 quando importam, Agindo como cexportadores, ganharam benelicios adicionais; agindo como importadores, nto, Eiparncer] 6 Grips Medternese = Se " if iepran 20 12 é 24 [ono 2 28 20 12 34 (ees faxes 28 20. 4 Para exemplificar: quando o Brasil (Grupo 3) importa da Bolivia (Mediter- neo), a tarifa sofre uma reducao de 48%, Quando 0 Chile (Grupo 2) importa do México (Grupo 3), a redugo ¢ de apenas 12%.!* s outros instrumentos da ALADI sio os acordos de alcance regional e os acordos de alcance parcial. De acordo com o art. 6° do tratado, “os acordos de aleance regional sio aqueles do: sm todos os paises-membros.” Osacordos de aleance parcial” sio sub-blocos, em que os benelicios neles concedidos nao precisam ser estendidos para os demais paises da ALADI. Essa flexibilizagdo™ da Clausula da Nagio Mais Favorecida € a principal enga da ALADI em relagao & extinta ALALC, tendo sido permitida por haver a consciencia de que € mais facil comecar a integracio com dois ou CAMPUS trés paises do que com doze. Autorizada a criagdo dos acordos de aleance parcial, exigiase to somente que eles estivessem abertos 4 entrada dos outros membros da ALADI, para que houvesse uma “multilateralizacto progressiva" Jevando a convergencia* e consequente implementagao da amp ma. Os acordos de alcance parcial podem ser de cinco tipos: comercias, de complementacio econdmica, agropecusrios, de promocao do comércio ou otras modalidades definidas pelos paises, as quais levario em conta, entre outros fatores, a cooperacao cien ica e tecnologica, a promocio do turismo €. preservacao do meio ambiente. © Mercosul foi registrado na ALADI como 0 décimo oit de Complementagao Economica, tecnicamente referenciado como ACE Né 18.” fo Acordo de Alcance Parc 7.5.2.1. Regime de Origem Como 0 Brasil iria reconhecer que uma mercadoria tem o Equador como pais de origem e assim reduzir em 48% o imposto de importagao? E o Equa- dor, como iria reconhecer a mercadoria como sendo brasileira para reduzir ‘0 imposto de importagao em 8%? A resposta consta no regime de origem da ALADI, consolidado pela Resolucio n* 252 do Comité de Representantes, de agosto de 1999, Por esse regime, sto consideradas originarias de um pais as mercadorias que ‘cumprirem um dos seguintes critérios ger i. que sejam colhidas, apanhadas ou egralmente produzidas no pais; ii, que recebam no pats uma nova individualidade, caracterizada esta pela mudanga na posigdo NALADUSH. A NALADI é a Nomenclatura a ALADI, baseada no Sistema Harmonizado (SH),* da mesma forma que a NCM ¢ a Nomenclatura Comum do Mercosut, baseada no SH; aque as mercadorias resultem de operacoes de industrializagao,realiza- das no territ6rio de um pais participante,utilizando materiais origina ros dos patses participantes do acordo ¢ de terceiros paises, quando © valor CIF porto de destino ou CIF porto maritimo dos materiais 1 350, de 27 dea de 1992 aaa ON FelagbsEcondicasInteraconas Sodio Lut ELSEVIER originarios de terceiros paises nao exceda 50 (cinquenta) por cento do valor FOB de exportacao dessas mercadorias. Em outras palavras, para que o pats da ALADI seja considerado como o pats de origem, ele deve ser responsavel por mais de 50% do produto final exportado.”* Para os paises de menor desenvolvimento econdmico dor, Paraguai e Bolivia), as exigéncias sio menores, ou seja, ganham © direito de serem considerados o pats de origem do produto, se res- ponderem por, pelo menos, 40% do produto exportado para o parceiro da ALAD) Alem de critérios gerais, ha alguns produtos que devem observar critérios especificos para que sejam considerados originarios de um pais da ALADL [Nao 0s iremos analisar por serem espectficos demais e fugirem ao escopo deste livro, Apenas para exemplificar uma das centenas de mercadorias nesta situa- ‘cio: manteigas somente sio consideradas originrias de um pats da ALADI se, alem de cumprirem um dos critérios gerais anteriormente descritos, tiverem sido produzidas com leite originario do bloco. ‘A Resolugao n® 252 indica ainda: “Para que as mercadorias originarias se beneficiem dos tratamentos preferenciais, as mesmas devem ter sido expedidas diretamente do pais exportador para o pais importador.” A Portaria SECEX n° 10, de 24 de maio de 2010, dispde sobre a emissio brasileira do Certificado de Origem ~ ALADI,o qual deve ser apresentado nas transacdes intrabloco para obtengao do tratamento preferencial: II Certficado de Origen — ALAI — document preencido pelo exprtadore emo por enidades

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