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Notas sobre 0 Projeto de Lei acercado contrato de Factoring Fabricio Vasconcelos de Oliveira * RESUMO O presente artigo analisa as principais disposicSes da Emenda/Substitutivo do Senado (EMS) n ° 3615/2000, ora em tramite na Camara dos Deputados, o qual versa sobre o contrato de factoring. ABSTRACT The present article analyzes the main provisions of the Amendment/Substitute for the Senate (EMS) no. 3615/2000, now under discussion at the Chamber of Deputies, which deals with the contract of factoring, PALAVRAS CHAVEprojeto de lei,regulamentagao, factoring. KEY WORDS Design of a law, regulation, factoring. SUMARIO: 1.Introdugao - 2. Tramitago do Projeto de Lei - 3. Anélise dos principais dispositivos — 4. Conclusao ~ 5. Referéncias. 1.Introdugaio © factoring 6 um contrato atipico. Contratos atipicos séo aqueles que no s&o disciplinados expressamente em lei. Mister atentar que nao hé nenhuma iregularidade na prética desta modalidade contratual, a rigor, © artigo 425 do Cédigo Civil prevé expressamente essa modalidade contratual ‘Doutor @ Mestre em Direito pela Universidade Federal do Pard/UFPa; Especialista em Direlto elo Centro de Extens&o Universitaria de Sao Paulo/CEU-SP: professor Adjunto IV de Direito Empresarial na Universidade Federal do Paré/UFPa; professor titular de Direito Empresarial na Universidade da Amazénia/UNAMA; professor de Direito Empresarial no Centro Universitario do Para/CESUPA, professor de Direito Empresarial na Escola Superior de Magistratura do Tribunal de Justica do Estado do Pard; Procurador Fundacional/Autarquico do Estado do Para, autor de obras juridicas de autoria propria e em co autoria; membro de bancas examinadoras de concursos plblicos e de bancas do exame da Ordem dos Advogados do BrasilOAB. ao dispér que @ licito as partes estipular contratos atipicos desde que observadas as normas gerais nele fixadas. Contudo, devido ao grande volume de operagées de factoring realizadas no Brasil, existe um Projeto de Lei tramitando no Congresso Nacional que visa regulamentar o referido contrato, tornando-o um contrato tipico. presente artigo apresenta os mais importantes dispositivos do Projeto de Lei do factoring. 2, Tramitagdo do Projeto de Lei No ano de 2000 foi apresentado,na Camara dos Deputados, o Projeto de Lei n® 3.615, de autoria do Deputado Joao Herrmann Neto. Ocorre que, no mesmo ano de 2000, também foi proposto o Projeto de Lei n? 3.896, de autoria do Deputado Celso Russomanno, o qual foi apensadoao Projeto de Lei n® 3.615/2000. Analisado, na Camara dos Deputados, o Projeto de Lei tramitou e teve sua redacao final aprovada no ano de 2007. Remetido ao Senado Federal com a denominagao Projeto de Lei da Camara (PLC) n® 13, de 2007, 0 Projeto foi distribuido 4 Comissao de Constituigao, Justi¢a e Cidadania e 4 Comissao de Assuntos Econémicos. Na Comisso de Constituigao, Justiga e Cidadania o PLC recebeu parecer pela constitucionalidade e juridicidade e, no mérito, pela aprovagao, com duas emendas de redagao (a primeira emenda da suprime um erro de digitagao contido no § 22 do art. 2° do Projeto e substitui a expresséo “elou" por “ou” no mesmo dispositive, enquanto a segunda suprime a expresso “pelo Poder Executivo" do inciso Il do § 22 do art. 15 do Projeto, que prevé pena de multa para o caso de “embarago & fiscalizagdo pelo Poder Executivo’). Contudo, na Comisséo de Assuntos Econémicos o PLC 13/2007 recebeu um substitutivo, da lavra do Senador AntonioCarlos Junior, com grandes alteragdes ao texto original.O Substitutivo foi aprovado pelo Senado Federal e foi expedido o Oficio SF n° 1627, de 09 de agosto de 2010, comunicando a Camara dos Deputados que o Senado Federal aprovou, em Tevisao, substitutivo ao Projeto de Lei apresentado pela Camara. © substitutivo tramita hoje na Camara sob a designacdo Emenda/Substitutivo do Senado (EMS) n ° 3615/2000, que possui a seguinte ementa: “Substitutivo do Senado ao Projeto de Lei da Camara n° 13, de 2007 (PL n° 3.615, de 2000, na Casa de origem), que Dispée sobre as operagées de fomento mercantil - factoring, ¢ da outras providéncias, Substitua-se o Projeto pelo seguinte: Disp6e sobre o fomento empresarial e altera a Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995”, 3. Analise dos principals dispositivos A prior, a Emenda/Substitutivo do Senado (EMS) n ° 3615/2000 determina que o contrato de factoring também pode ser chamado, indistintamente, de fomento empresarial, fomento mercantil, fomento comercial ou faturizagao (artigo 1°, pardgrafo Unico). As express6es fomento mercantil, fomento comercial e faturizagao ja eram largamente utilizadas pelos estudiosos do assunto como sinénimos de factoring, porém, 0 Projeto inovou com a ‘expressdo fomento empresarial, que se trata de sugest&o do relator para adequar a denominagéo do instituto ao Cédigo Civil. AEMS n ° 3615/2000°conceitua 0 factoringcomo 0 contrato através do qual uma parte transmite a outra, total ou parcialmente, a titulo oneroso, créditos decorrentes de suas atividades empresariais (artigo 2°, caput). O contrato de fomento mercantil poderd prever, ainda, a prestagao de 2No ensejo, transcrevemos trecho do Parecer da Comissao de Assuntos Econémices do ‘Senado Federal “Ainda preliminarmente, esclarecemos que propomos a alterago da principal denominaggo do institute, de fomento mercantil para fomento empresatial. O sentido dessa alteracao terminolégica ¢ atualizar e conferir preciso juridico-econémica & denominagao, uma ‘vez que 0 Cédigo Civil de 2002 unificou as abrigagées civis e comerciais, o factoringdestina- ‘se 20 fomento da atividade de qualquer empresa, comercial ou de prestago de serviges, razdo pela qual a expresso “fomento mercanti” ou “comercial” tomou-se excessivamente restritiva’ 50 texto integral da Emenda/Substitutive do Senado (EMS) n ° 3615/2000 esta transcrito em anexo a esse presente estudo, servigos relacionados a atividade empresarial, tais como assessoria sobre 0 processo produtivo ou mercadolégico, avaliagio e selecdo de clientes ou fornecedores,andlise © gestéo de créditos e acompanhamento de contas a pagar e a receber (artigo 2°, paragrafo tnico). Esse conceito merece uma analise mais detalhada. O elemento que mais atrai atengdo no fomento empresarial é, inegavelmente, a aquisigao remunerada de créditos por parte do faturizador, ou seja, ele adquire um titulo de crédito ou um contrato de propriedade do cliente e, no dia do vencimento o faturizador ira cobrar 0 crédito da terceira pessoa/devedor indicado no titulo. Porém, acertadamente,a EMS n ° 3615/2000 dispde que o factoring no se esgota com a transferéncia remunerada de créditos, podendo haver, também, a prestagao de servigos por parte do seu operador. Com isso, identifica-se que o fomento empresarial é um contrato complexo, composto por dois elementos caracteristicos: a aquisigéo remunerada de créditos e a Possibilidade de prestagao de servigos por parte do operador ao seu cliente. Nas operag6es de aquisigao de créditos, o faturizador é Temunerado pelo fator, expresso largamente utilizada pelos operadores de factoring. O fator consiste na diferenca entre o valor nominal do crédito e 0 Valor pago pelo faturizador ao faturizado (artigo 7°), ou seja, o faturizador paga ao faturizado um valor menor que o valor de face do titulo de crédito que adquiriu e, assim, quando receber do devedor o valor de face do titulo, sera Temunerado pela diferenga entre 0 que pagou ao seu cliente e 0 que recebeu do devedor. Projeto versa expressamente sobre uma das questées mais polémicasacerca da faturizagao: se os clientes do faturizador podem ser cobrados por ele em caso de inadimpléncia do devedor ou nao. Ao dispor que “8s operagbes realizadas com titulos de crédito aplicam-se as normas de transmissao previstas nas respectivas leis especificas” (artigo 6 °, caput), a Emenda/Substitutive do Senado n® 3615/2000 determina que 0 faturizador e o faturizado podem convencionar o que considerarem mais adequado para o caso conereto. Explicamos: 0 Projeto permite que as partes transfiram o crédito do modo que melhor Ihes aprouver, com (endosso tradicional) ou sem (cessio de créditos) a vinculagao do cliente ao pagamento. O Projeto de Lei retoma ainda o tema no artigo 8 °, dispondo que o faturizado é responsavel pela veracidade, legitimidade ¢ legalidade do crédito transmitido ao faturizador, ®, caso 0 contrato de fomento empresarial ou seu aditivo 0 preveja, pelo Pagamento no caso de inadimplemento da obrigagao pelo devedor principal. Desse modo, o faturizado e o faturizador definiréo, no caso concreto, sé 0 faturizado podera ou nao ser cobrado pelo faturizador caso o terceiro, devedor do titulo de crédito transferido, nao honre o pagamento na data convencionada. Em caso afirmativo, a tendéncia é que o fator cobrado seja menor do que quando nao hé a vinculagao do oliente ao pagamento. No ensejo, 0 faturizador nao € obrigado a adquirir todos os créditos oferecidos pelo cliente. Estabelecido 0 contrato de fomento empresarial, os documentos para a transmissdo dos créditos seréo apresentados pelo faturizado @ aprovag&o do faturizador, que devolvera aqueles que nao aprovar (artigo 5 °, caput). Assim, a sociedade de fomento mercantil poder recusar eréditos que considere de dificil ou impossivel recebimento. Os créditos aprovados serao relacionados em aditivo contratual proprio, que explicitaré o nome dos devedores, o valor nominal dos créditos e seu vencimento, a remuneragao do faturizador e outras especificidades da operagao(artigo 5°, paragrafo Unico). Ao lado da aquisicao remunerada de créditos, néo podemos olvidar que a sociedade de fomento empresarial também pode prestar servigos no interesse do faturizado. Nesses casos, ele também terd direito a uma remuneragao. Ao prestar um servigo, o faturizador sera remunerado pelo prego Teferente a prestagdo de servigo (artigo 7°).0s servigos prestados seréo relacionados em aditivo contratual proprio que explicitaré 0 nome dos devedores, a remuneragao do faturizador e outras especificidades da operagéio (artigo 5 °, paragrato tinico). ‘S40 partes no contrato 0 faturizado (cliente) e o faturizador (operador do fomento empresarial). O faturizado sera um empresério individual ou sociedade empresaria(artigo 10, § 2 °). No ensejo, entendemos que empresas individuais de responsabilidade limitada - EIRELI (criadas através da Lei n° 12.441, de 11 de julho de 2011, que alterou 0 Cédigo Civil) também podem ser faturizadas. © Projeto silencia sobre o assunto (e nem poderia ser diferente, pois tais pessoas juridicas s6 surgiram no ordenamento juridico no ano de 2011), mas ndo vemos impedimento a que elas sejam clientes das sociedades de fomento empresarial. O faturizador deveré ser uma pessoa juridica, sociedade de fomento empresarial(artigo 10, caput). Fica a critério do faturizador a escolha do tipo societério que ser adotado no caso concreto (sociedade limitada, andnima, dentre outras). E as empresas individuais de responsabllidade limitadatambém podem ser faturizadoras? Como 4 informado, 0 Projeto silencia sobre o assunto, pois tais pessoas juridicas sé surgiram no ordenamento juridico no ano de 2011. Parece-nos que a intengao do legislador foi determinar que somente pessoas juridicas podem ser faturizadores @ as EIRELI também sao pessoas juridicas. Desse modo, entendemos que as faturizadoras também podem adotar personalidade juridica de empresas individuais de responsabilidade limitada. A sociedade de fomento empresarialse registra no Registro PUblico de Empresarios, a cargo das Juntas Comerciais(artigo 10, § 1°) e terd ‘como objeto social exclusivo a atividade de fomento empresarial(artigo 10, § 2°), Em seu nome empresarial deveré constara expresso fomento empresarial, fomento mercantil, fomento comercial, faturizagdo ou factoring (artigo 11) Aspecto importante sobre 0 Projeto é que ele também enfrenta diretamente a questéo de o fomento empresarial nao ser exclusive de instituigses financeiras. A EMS n ° 3615/2000deixa claro que 0 factoringnao é um contrato bancario e proibe que conste no nome empresarial do faturizador ou em qualquer texto de divulgagao de suas atividades, as expressées “banco”, “financeiro”, “financiamento", “empréstimo”, ‘investimento” ou qualquer outra que possa sugerir a pratica de atividade privativa de instituigao financeira(artigo 1). Nao sendo instituigao financeira, 6 vedado @ sociedade de fomento empresarialoaptar depésitos do piblico em geral por instrumentos privativos de instituig6es financeiras, executar operagoes com créditos nao decorrentes das legitimas atividades empresariais do faturizado, executar outras operagées de cardter privativo de instituig6es financeiras epraticar operagées de fomento empresarial tendo como faturizada qualquer entidade da administragao publica indireta da Unido, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municipios(artigo 12). A preocupagao do legistador em delxar claro que o fomento mercantil nao € um contrato bancério 6 tamanha que A EMS n °? 3615/2000prevé como tipo penal o fato de faturizadores realizarem atividades proprias de bancos. Assim, configuram crimes punidos com pena de recluséo multa a captagao de depésito por instrumento privative de instituigses financeiras e a pratica de operagdo privativa de instituic&o financeira por sociedade de fomento empresarial (artigos 19 6 20). Finalmente, as operagées de fomento empresarial reger-se-do pelas disposigées pactuadas em contrato escrito, respeitadas as disposigtes. legais, e 0 cumprimento das obrigagdes decorrentes do contrato poder ser garantido por fianga, outras formas de caugao real ou fidejusséria ou cessao fiducidria de créditos (artigos 3° 4°). 4..Concluséo A Emenda/Substitutivo do Senado (EMS) n ° 3615/2000 tramita na Camara dos Deputados desde o ano de 2010. Nossa opiniao € que ela oferece um conjunto de regras que Tespeita o melhor entendimento dos estudiosos acerca do que é 0 factoring e como ele funciona. ‘Ao lado disso, a aprovagao de uma lei especifica acerca do tema ira afastar uma visao pejorativa que parcela da sociedade ainda possui em relagao ao fomento empresarial. 5. Referéncias BRASIL, Gédigo Civil. Disponivel em: http:/www.planalto.gov.br. Acesso em: 22jul 2014. ___, EmendalSubstitutivo do Senado (EMS) n ° 3615/2000. Disponivel em: inttp:ww2.camara.leg.br/. Acesso em: 22jul 2014, DONINI, Antonio Carlos. Factoring. Rio de janeiro: Forense, 2002. LEITE, Luiz Lemos. Factoring no Brasil. 10 ed. Sao Paulo: Atlas, 2005. OLIVEIRA, Fabricio Vasconcelos de. Factoring e desconto bancario: um estudo comparativo. Leme: BH, 2006. Anexo ‘Substitutivo do Senado ao Projeto de Lei da Camara n° 13, de 2007 (PL n° 3.615, de 2000, na Casa de origem)que “Dispde sobre as operagdes de fomento mercantil_- factoring, e da outras providéncias". Substitua-se o Projeto pelo seguinte: Dispe sobre o fomento empresarial altera a Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995. © Congresso Nacional decreta: Art. 1° Esta Lel disciplina o contrato de fomento empresarial e as sociedades de fomento empresarial. Pardgrafo unico. Para os fins desta Lei, séo sindnimas as express6es “fomento empresarial, “fomento mercantil’, “fomento comercial’, “faturizacao" e factoring’. CAPITULO | DO CONTRATO DE FOMENTO EMPRESARIAL, Art. 2° Contrato de fomento empresarial é aquele pelo qual uma parte transmite & outra, total ou parciaimente, a titulo oneroso, créditos decorrentes de suas atividades empresariais. Fatégrafo Unico. O contrato de fomento empresarial podera prever, ainda, a prestagio de servigos relacionados 4 atividade empresarial, tais como: |—assessoria sobre o proceso produtivo ou mercadolégico; |I~ avaliagao e selegdo de clientes ou formecedores; lll - andlise e gestéo de créditos; IV ~ acompanhamento de contas a pagar e a receber. Art. 3° As operagdes de fomento empresarial reger-se-Go pelas disposi¢Ses pactuadas em contrato escrito, observado o disposto nesta Lei Art. 4° © cumprimento das obrigacées decorrentes do contrato de fomento empresarial Poderd ser garantido por fianga, outras formas de caucdo real ou fidejussoria ou cessao fiduclaria de créditos. Att. 5° Estabelecido © contrato de fomento empresarial, os documentos para a transmisséo dos créditos serao apresentados pelo faturizado & aprovacao do faturizador, que devolvera aqueles que no aprovar. Paragrafo unico. Os créditos aprovados sero relacionados em aditivo contratual Préprio, que explicitaré o nome dos devedores, o valor nominal dos créditos @ seu vencimento, a remuneragao do faturizador e outras especificidades da operacdo, além da discriminagao, se for 0 caso, de servicos prestados na forma do pardgrafo tnico do art. 2° desta Lei Art. 6° As operagdes de fomento empresarial realizadas com titulos de crédito aplicam- Se as normas de transmissao previstas nas respectivas leis especificas, § 1° Caso a legislagao especifica preveja transmissao por endosso, esse deverd ser langado em preto, sem prejuizo dos demais requisitos previstos em lei, devendo o faturizador preencher seu nome se o titulo trouxer endosso em branco, § 2° Se no houver norma especifica sobre a forma de transmissdo do crédito, aplicam-se as regras de cessao previstas no Cédigo Civil, servindo 0 contrato de fomento empresarial, juntamente com o respective aditivo contratual, como instrumento particular de cesséo. Ar. 7° A remuneragao da operacao de fomento empresarial consiste na diferenca entre 0 valor nominal do crédito € o valor pago pelo faturizador e pode ser acrescida do valor referente & prestagdo de servico previsto no paragrafo unico do art. 2° desia Lei, Art. 8° O faturizado é responsavel pela veracidade, legitimidade e legalidade do crédito transmitido ao faturizador e, se houver previsao no contrato de fomento empresarial ou em seu aditivo, pelo pagamento no caso de inadimplemento da obrigagdo pelo devedor principal. ‘Art. 9° No caso de operagao no mercado internacional, o faturizador, como cessionario de crédito @ exportagao, & responsavel pelo cumprimento das normas cambiais previstas na legislagao especifica e em sua regulamentagao, CAPITULO II DAS SOCIEDADES DE FOMENTO EMPRESARIAL Ar. 10. A atividade de fomento empresarial sera praticada pelas sociedades de fomento empresarial que cumpram o disposto nesta Lei, sem prejulzo das operacées. Praticadas por instituig6es financeiras autorizadas a funcionar no Pals, que se regeréo por legislagdo € regulamentagao préprias. § 1° A sociedade de fomento empresarial é empresaria e somente poderd atividades apés inscrigao no Registro Publico de Empresas, iclar suas § 2° A sociedade de fomento empresarial tera como objeto social exclusivo a atividade de fomento empresarial e somente poderd realizar as operagSes previstas nesta Lei com empresérios ou sociedades empresérias inscritos no Registro Publico de Empresas, Art. 11. © nome empresarial da sociedade de fomento empresarial conterd a expressdo “fomento empresarial’, “fomento mercanti’, “fomento comercial’ ‘Faturizacao” ou “factoring’, e nele, assim como em qualquer texto de divuigagao dé suas atividades, nao poderdo constar_as expresses “banco’, “financeiro” “financiamento”, ‘empréstimo’, “investimento” ou qualquer outra que possa sugerir a rética de atividade privativa de instituigao financeira, Art. 12. & vedado a sociedade de fomento empresarial: | ~ captar depésitos do puiblico em geral por instrumentos privativos de instituigées financeiras; I — executar operagdes com créditos n&o decorrentes das legitimas atividades empresariais do faturizado; Ill — executar outras operagées de cardter privativo de instituig6es financeiras; e IV = praticar operagdes de fomento empresarial tendo como faturizada qualquer entidade da administragao publica indireta da Unido, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municipios, Art. 13. Sem prejuizo de outras restricdes previstas na legislagao, @ sociedade de fomento empresarial nao podera ter como administrador ou controlador, de fato ou de direito: | ~ pessoa condenada em sentenca penal transitada em juigado por crime previsto nesta Lei ou por crime contra o patriménio, a economia popular, o sistema financeiro nacional ou a ordem econémica, enquanto perduratem os efeitos da condenago; ou |= pessoa contra a qual haja indicios veementes de ter cometido crime previsto nesta Lei, Art. 14. A sociedade de fomento empresarial devera, na forma do regulamento, gozar de capacidade econémico-financeira para 0 exercfcio de suas atividades. § 1° Previamente ao arquivamento de seu ato de constituigéo, os fundadores da Sociedade de fomento empresarial deveréo apresentar, na forma do regulamento, documentagéo comprobatéria da capacidade econdmico-financeira da sociedade a sé formar ao érgdo ou entidade a que serefere 0 § 6° do art. 16 desta Lei, que decidira no Prazo improrrogavel de 30 (trinta) dias, contado da apresentagéo, depois do qual, sem manifestagao, ficara tacitamente reconhecida a capacidade econémico-financeira da sociedade a se formar. § 2° Caso sobrevenha decisdio contréria a comprovagSo da capacidade econémico- financeira para a constituicao de sociedade de fomento empresarial ja posta em funcionamento com base no reconhecimento tAcito previsto no § 1° deste artigo, sera concedido prazo de, no minimo, 30 (trinta) dias para a sociedade se adequar, sob ena de fechamento do estabelecimento. Art. 15. Do pedido de arquivamento do ato de constituigso de sociedade de fomento empresarial deveré constar, sem prejulzo de outros requisites previstos na legislacdo: \ = declaragao dos administradores e dos controladores de néo estarem impedidos de exercer sua administragao ou controle; e ll - prova do reconhecimento da capacidade econémico-financeira ou certidéo de decurso do prazo previsto no § 1° do art. 14 desta Lel, § 1° Alternativamente ao requisite do inciso Il do caputdeste artigo, a documentagso prevista no § 1° do art. 14 podera ser apresentada diretamente a0 RegistroPublico de Empresas, que a remeterd ao drgdo ou entidade a que se refere 0 § 6° do art, 18 desta Lei, no prazo de 5 (cinco) dias. § 2° Na hipétese do § 1° deste artigo, 0 registro ficaré sobrestado até 0 término do Prazo previsto no § 1° do art. 14, apés 0 qual o arquivamento ser concluido, respeitados os demais requisitos previstos em lei, ou, na hipétese de o érgao ou a entidade a que se refere o § 6° do art. 16 comunicar ao Registro Pablico de Empresas © néo cumprimento des requisitos legais, © arquivamento sobrestado sera negado e a documentac&o devolvida ao apresentante, § 3° O Registro Publico de Empresas, ao teceber o pedido de arquivamento do ato de Censtituigao ou de alteracdo que contenha acréscimo, substitulggo de administrador out alteragao no controle de sociedade de fomento empresarial, dara ciencia do fate so Orgao a que se refere o § 6° do art. 16 desta Lei, Art 16. Sem prejuizo da responsabilidade criminal, a sociedade de fomento mercantit getara sujeita, na forma do regulamento, garantidos o contraditério e a ampla defesa, ‘as seguintes sangSes administrativas Por descumprimento da legislagdo em vigor: Hag werencia, com estipulagao, se for 0 caso, de prazo para a corresdo da itregularidade; muita, graduada de acordo com a gravidade da infragdo © a cepacidade gconémica do infrator, nos casos de reincidéncia especifica, descumprimento do prazo estipulado com base no inciso | ou embarago a fiscalizacdo: Ill = fechamento do estabelecimento, no caso de reincidéncia especifica em infragéo anteriormente punida com mutta, ou por descumprimento dos requisitos Previstos nos arts. 13 e 14 desta Lei, § 1°A multa no excederé o maior destes valores: | R$ 200.000,00 (duzentos mil reais); | ~ 50% (cinquenta por cento) do valor da operagao irregular. Ill ~ 3 (trés) vezes o montante da vantagem econémica obtida ou da perda evitada em decorréncia do ilcito. § 2° No caso de fechamento do estabelecimento, aplicar-se-do, no que couberem, os efeitos previstos na legislagao para a exting&o da autorizagao para funcionar, e seus administradores ficar&o proibidos de exercer fungao de administrador em qualquer Sociedade de fomento empresarial, pelo prazo de 2 (dois) anos. § 3° A pena de fechamento do estabelecimento por descumprimento dos requisitos previstos nos arts. 13 e 14 desta Lei sera precedida de concess4o de prazo de, no tinimo, 30 (trinta) dias para adequagao. § 4° Quaisquer pessoas naturals cu juridicas que atuem, em descumprimento eos termos desta Lei, como sociedade de fomento empresarial, bem como seus diretores e administradores, estaréo sujeitas as sangses administrativas previstas neste artigo, § 5 Serdo considerados, na aplicaggo de penalidades previstas nesta Lei, o arrependimento eficaz @ 0 arrependimento posterior ou a circunstancla de qualquer Pessoa, espontaneamente, confessar ilicito ou prestar informagées relativas 4 sua materialidade, § 6° A fiscalizagao e a aplicagao das penalidades previstas neste artigo serdo feitas Por érgao ou entidade designada pelo Poder Executivo, que, caso tome conhecimento de infragao tipficada como crime, dar conhecimento ao Ministérlo Publico, para que promova a acdo penal, Art. 17, Se 0 interesse piiblico permitr, 0 procedimento administrative instaurade para 2 apuracao de infragdes aos dispositivos desta Lei podera ser suspenso, a oritério da autoridade fiscalizadora, em qualquer fase, se o investigado ou acusado assinar termo ‘de compromisso, obrigando-se a: | = cessar a prética de atividades ou de atos considerados ilicitos pelo érgao fiscalizador; {I~ cortigir as irregularidades apontadas, indenizando os prejulzos. § 1° © compromisso a que se refere 0 caput ndo importaré confissao quanto & matéria de fato, nem reconhecimento de llicitude da conduta analisada, § 2° 0 termo de compromisso discriminard o prazo para cumprimento das obrigagées ‘eventualmente assumidas e constituira titulo executivo extrajudicial. § 3° N&o cumpridas as obrigagées no prazo, terd continuidade o procedimento ‘administrativo anteriormente suspenso, para a aplicagdo das penalidades cabiveis. CAPITULO Ill DAS DISPOSICOES PENAIS Simulago de operagao de fomento empresarial At 18. Apresentar erécito para faturizagéo que néo seja decorrente de sua atividade ‘empresarial, que seja fraudulento ou que saiba ser indevido: Pena ~ reclusdo, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mutta, Faraarafo unico, Nas mesmas penas incorre o representante do faturizador que conclu a operagso mesmo sabendo tratar-se de simulagdo nos termos do caput dente, attigo, Captagso de depésito por instrumento privativo de instituigées financeiras Art. 18. Captar, como representante da sociedade de fomento empresarial, depésito ¢e publico em geral por instrumento privativo de instituigdes financeitas: Pena ~ recluséo, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Paragrafo tinico. Se resulta prejuizo ao depositante: Pena - reclusdio, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e muita, Pratica de operagao privativa de instituicao financeira por sociedade de fomento ‘empresarial Art, 20. Conceder empréstimo, realizar financiamento ou praticar, como representante ga Sociedade de fomento empresarial, outra operagao privativa de instituic&o finanoeira: Pena — reclusao, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, ¢ multa. Ait 21. As penas previstas nesta Lel aplicam-se aos sécios, diretores, gerentes, administradores e conselheiros, de fato ou de direito, do faturizador ou do faturizado, 72 medida de sua culpabilidade, sem prejuizo das penas previstas para os crimes de “lavagem’ ou ocultagao de bens, direitos e valores, Paragrafo Unico, As penas aplicam-se @ quem exerga de fato a atividade de fomento empresarial An, 22. As condutas previstas neste Capitulo constituem crimes contra a ordem Econdmicofinancelra, devendo a age penal ser promovida pelo Ministerio Publico Federal, perante a Justica Federal, Pardgrafo Unico, Aplica-se, no que eouber, o procedimento criminal previsto para os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional CAPITULO IV : DAS DISPOSIGOES TRIBUTARIAS Art. 23. O érgao ou entidade designado pelo Poder Executivo para realizar a Fscalzagao das sociedades de fomento empresarial custearé’ 28 despecee Necessérias ao seu funcionamento com os recursos provenientes de. | —receitas de taxa decorrente do exercicio de seu poder de policia; {I~ outras dotagdes que the forem consignadas no orgamento federal § 10 A taxa prevista no inciso | do caput deste artigo, cobrada da sociedade de fomento empresarial na forma do § 2° deste artigo, tera: | como fato gerador, 0 exercicio regular do poder de policia: woucome base de célculo, o patriménio liquide da sociedade de fomento empresarial apurado no exercicio imediatamente anterior ao do recolhimento; Ill = periodicidade anual; e IV prazo de recolhimento até 15 de julho de cada exercicio, § 2% A taxa prevista no inciso I do caput deste artigo terd o seguinte valor, em reais, 6m funcao do patriménio liquido da sociedade de fomento empresarial: FBO eT OO, (rezentos reais), se o patriménioliquido for menor ou igual @ RS 2.500.000,00 (dois milhdes e quinhentos mil reais); Be 5 36i50.00 (quatrocentos e cinquenta reais), se o patriménio iquido for maior que R$ 2.500.000,00 (doismihées © quinhentos mil reais) menor que RS 5.000.000,01 (cinco mithdes de reais e um centavo): Ill ~ RS 675,00 (seiscentos € setenta e cinco reais), se o patriménio liquido for maior Gus RS 5.000.000,00 (cinco milhdes de reais) e menor que RS 10.000.000,01 (dez milhdes de reais e um centavo); Wy Bo 200,00 (novecentos reals), seo patriménio liquido for maior que RS 10.000.000,00 (dez milhdes de reais) e menor que RS 20.000.000,01 (vinte milhes de reais e um centavo); Jee. 200.00 (mite duzentos reais), se opatriménio liquido for maior que RS 20.000.000,00 (vinte milhées de reais) e menor que R$ 40.000.000.01 (quarenta milhdes de reais e um centavo); NERS 1.920.00 (mil, novecentos e vinte reais), se o patriménio iquido for maior que RS 40.000.000,00(quarenta_milhées de reais) © menor que RE 80,000.000.01 (citenta milhdes de reais e um centavo); VII~ RS 2.880,00 (dois mil, oitocentes e oltenta reais), se o patriménio liquido for malor que RS 80.000.000,00(citenta miihées de reais) + menor que RS 180.000.0000 (cento e sessenta mithdes de reais e um centavo); Vill ~ R§ 3.840,00 (trés mil, oitocentos quarenta reais), se o patriménio liquide for maior que RS 160.000.000,00(cento e sessenta milhdes de reais) © menor que RS 320.000.000,01 (trezentos e vinte milhdes de reais @ um centavo): IX RE 4.800,00 (quatro mil ¢ oitocentas reais), se o patriménio liquido for maior que RS 320.000.000,00 (trezentos evinte milhdes de reais) e menor que RS 840.000.000,01 (seiscentos e quarenta milhdes de reais e um centavo); X= RS 5 400,00 (cinco mil e quatrocentos reais), se o patriménio liquido for maior que R$ 640.000.000,00 (seiscentos @ quarenta milhdes de reais). § 3° Aplicam-se as taxas devidas & nao recolhidas até 0 prazo previsto no inciso IV do § 1° deste artigo as penalidades e demais acréscimos previstos na legislagao tributaria federal Art. 24, As pessoas juridicas que exercem as atividades constantes do art, 2° desta Lei 880 obrigadas @ apuragdo do Imposto sobre a Renda das Pessoas Juridicas pelo iucro feal, observado o disposto nos arts, 25 a 28 desta Lei, Pardgrafo Unico. Estéo também obrigadas ao disposto no caput deste artigo as essoas juridicas que explorem as atividades de securitiza¢do de eréditos, Art, 25. O § 1° do art. 15 @ 0 art. 20 da Lei n® 9.249, de 26 de dezembro de 1996, assem a vigorar com a seguinte redagdo, revogando-se a alinea d do inciso Ill do § 4° do art. 15: "AML 15. § 1°. li. 4) (Revogado) IV ~ 45% (quarenta e cinco por cento), para as atividades defomentoempresarial e de securitizagao de créditos, w” (NR) (At. 20, A base de célculo da Contribuigso Social sobre o Lucro Liquldo (CSL), devida pelas pessoas juridicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem 08 arts. 27 @ 29 a 34 da Lei? 8.981, de 1995, e pelas pessoas juridicas desobrigadas Ge escrituragto contabil, corresponderd a 12% (doze por cento) da receita bruta, na forma definida na legislagao vigente, auferida em cada més do ano-calendatio, exceto Para as pessoas juridicas que exergam as atividades a que se referem os incisos ll ¢ Vv gos 1° do art. 15 desta Lei, culo percentual correspondera a 32% (tinta e dois por cento), (NR) Jeg, Aletnativamente ao cisposto no art. 51 da Lei n® 8.981, de 20 de janeiro de 1996, 0 lucro arbitrado da pessoa juridica que exercer asatividades relacinedne oo art. 2. ou no pardgrafo Unico do art. 24 desta Lei, para fins de imposto de renda‘¢ de Contribuigéo Social sobre © Luero Liquido (CSLL), quando nao conhecida a resets bruta, poderd ser determinado aplicando-se 0 percentual de 10% (dez por cento) sobre © montante dos valores creditados no Periodo em conta de depésito ou de investimento mantida em instituigbes financeiras, acrescido dos valores mantidoe cons tercsiros. Att. 27. As pessoas juridicas a que se refere o art. 2° ou o pardgrafo Unico do art 24 desta Lei sujeitam-se: Ena ineidéncia cumulativa da Contribulgdo para o PIS/Pasep e da Contibuigéo para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) a aliquota de 0,65% (sesserta ¢ rcs Centésimos por cento) © de 4% (quatro por cento), respectivamente: e l= @ incidéncia da CSLL @ aliquota de 15% (quinze por cento) Af, 28. A receita bruta e © faturamento do faturizador corresponderéo a sua remunerago, tal como definida no art. 7° desta Lei, sem prelulzo das exclustec previstas em lei, CAPITULO V DAS DISPOSIGOES FINAIS Art, 29, Nao esto sujeitas as disposigdes desta Lei 5 a8 Companhias Securitizadoras de Créditos Imobllidrios = Lei n® 9.814, de 20 de novembro de 1997; U1 ~ a8 Companhias Securitizadoras de Dirsitos Creditérios do Agronegdcio — Lei n® 11,076, de 30 de dezembro de 2004: ¢ {Il ~ os Fundos de Investimento em Direitos Creditérios disciplinades pelo Conselho Monetério Nacional (CMN).. Ar. 30. A cobranga da taxa revista no inciso | do art. 23 desta Lei ocorrera no cxercicio seguints 20 do inicio das atividades de fiscalizagao a cargo do orgao ou entidade designada pelo Poder Executivo, Art 31. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oltenta) clas apés a deta de sua Publicagdo, exceto em relagao aos arts. 14 a 17, que entrargio em vigor 120 (cento & vinte) dias apés sua regulamentacao. Senado Federal, em 09 de agosto de 2010. Senador José Sarney Presidente do Senado Federal

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