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Contextualizar conceitos como 0 de Romanizagio, rever © mode- lo que indica a sobreposigo do dominador ao dominado, explorar estudos de caso com base na cultura material local, significa, portan- to, uma possibilidade de se entender o Império Romano no como uma estrutura portadora de superioridade técnica ¢ cultural, civiliza- dora, mas com uma organizagao politica constituida por generais, sol- dados, homens, mulheres, jovens, velhos, escravos, livres, libertos, ri- cos ou pobres, enfim, sujeitos dos mais longinquos rincées do territorio conquistado pelos romanos. Sentir essa diversidade implica a busca de modelos interpretativos que permitam expressar e reconstruir as vozes dissonantes de sujeitos que, de alguma maneira, participaram desse momento historico. Mais do que adotar modelos canénicos, essa pers- peetiva favorece a fluidez das relagdes embebidas de tonalidades que se modificam ¢ transformam a partir do olhar do estudioso. Por fim, caberia ressaltar que, em vez de definir uma tinica directo para tal império, procurei discutir suas “facetas”. Embora haja um grande debate em torno da questo, um espaco como o propiciado por esta publicacao permite que essas idéias sejam compartilhadas. Este constante dialogo propicia uma reflexao mais ampla na qual se enfatiza a pluralidade a partir de uma critica social que nao isenta nossa sociedade contemporanea. Agradecimentos Gostaria de agradecer aos seguintes colegas pelo didlogo em diferentes mo- rmentos: Rafael Benthien, Marionilde Brepohl, André Leonardo Chevitarese, An- dréa Doré, Lourdes Conde Feitosa, Pedro Paulo Abreu Funafi, Sian Jones, L Filipe Silvério Lima, Ana Paula Martins e Glaydson José da Silva. Institue! mente, devo mencionar meus agradecimentos a Fundagio de Amparo & Pesquisa do Estado de S20 Paulo (Fapesp) (pelo apoio financeiro durante o mestrado doutorado), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnol6 pelo apoio financeiro em 2005 e 2006, respect eventos no exterior e a Universidade Federal do lade pelas idéias restringe-se & autora. vamente, para a participagio Parana (UFPR). A responsabil IMPERIUM ET ORBIS: CONCEITOS E DEFINIGOES COM BASE NAS FONTES TARDO-ANTIGAS OCIDENTAIS (SECULOS IV-VII) RENAN FRIGHETTO Universidade Federal do Parané Bolsista CNPq anvo nos referimos & idéia de Império num recorte espa- o-temporal que engloba o que denominamos “Mundo Classico” — ou seja, num Ambito geogrifico situado a volta do Mediterraneo en- tre o século V a.C. € 0 século II d.C. — de imediato pensamos no modelo que, de acordo com José Manuel Roldan, atingiu © patamar de “tema de alcance universal”: estamos fa ar 1no,' que na opiniao de Isidoro de Sevilha foi a Gnica entidade pi ¢ institucional classica que merecia ser denominada com este termo.” E bem provavel que bispo hispalense tenha utilizado para tanto as afirmagdes de Cicero? que indica no seu famoso De Legibus, auténtico Cf, J. M. Roldan Hervis. “De la Repiblica al Imperio”. In: J. M. Roldan, J. M. yma. El Imperio Romano (Siglos - ientos, ademas de complicados, han mt histrica hasta ser convertidos en orquestacion de un tema idoro de Sevilha e Cicero €apresentada de 1. "Unité et diversté du mélange des genres et des tons chez «quelques écrivains iatins de la fin du IVe sicle: Ausone, Ambroise, Amimien”. In: Chris- tianisme et formes littéraires de VAntiquité tardive en Occident. Vandoeuvres-Genéve, 1976, p.427, "I. .]la diversté des valeurs esthétiques et des genres de style s'avére encore 148, RENAN FRIGHETTO IMPERIUM ET ORBIS 149 compéndio de teoria politica romana voltado aqueles uiris que al vam seguir a vida publica em meados do ferengas entre os regia potestas, caracte nisticas em que o poder de cu tempos de Alexandre Magno, poderes delegados pelo populus e pelo senatus romanos aos magistra~ republicanas mais rele- vantes, a que ganhou projecio e destaque politico no universo roma- no foi, indubitavelmente, o Consulado, portadora do poder de mando militar, 0 Imperium: sendo este exercido por um dos cnsules que, na 6tica de Varrao, € denominado Imperator.’ Portanto, podemos observar uma importante diferenga entre duma concessio legada pelo Senado e pelo pove de Roma. As- © sistema romano, junto ao qual integrava- © poder de Imperium, aproximava-se em termos te6ricos da basileia los pensadores gregos do século IV a.C., especialmente por tes € Plato,* em que os melhores e mais bem preparados cida- ‘dios exerceriam as tarefas de governo em prol de toda a comunidade politica romana. Porém as construgdes teéricas, na maioria dos casos, acabam por fazer-nos esquecer as diferengas entre a idealizacao almejada e a re dade vivenciada pelos acontecimentos e fatos cotidianos. Seguindo 1a de pensamento veri adinamica das intricadas relagoes de natureza politica no mundo romano cla acabou prevalecendo diante das sug: - formuladas, por exemplo, no. De fato a acao individual de certos lideres politicos ¢ o apoio de seus respectivos partidérios, aliada a uma forte influéncia das formas politicas desenvolvidas nas monarquias helenisticas com as quais Roma ‘entrou em contato direto, terminou por levar personagens que alcan- garam 0 consulado, casos de Caio Mario, Pompeu, César, Marco An- i deres dle carater pessoal ¢ ‘Um desenvolvimento paul ma década do século Il a.C. e todo o século I a.C. fundamentado, em grande parte, no poder de Imperizen concedido & magistratura consu- Tare que passou a ter uma vinculagao com caracteristicas personalistas exclusivistas. Ou seja, os legiondrios devotavam a sua confianga em seu cOnsul, atendiam a'sua conclamagao e, reconhecendo sua autori- dade, aclamavam-no Imperator. Este parece ser 0 caso apresentado pelo proprio César em seu famoso discurso perante os legionarios da x que dew origem & guerra civil contra Pompeu. Seu tigas ¢ injirias que lhe foram dirigidas, propagadas por ticos, com o objetivo de denegrir a sua honra diante consules magisterue populi nec erunt icreuerit populusue iussert ex urbe exeundo fue negarse en redondo a hacerlo, pues no tenfan por costumbre — ‘outros exemplos podem ser observados eyes estos més como mapistrados que ‘como monareas. Sin embargo, el origen de este modelo politico-ideolbgico se encu yaenel mundo griggoen el marco dela criss de fen cuyoescenatio se intents dar solucionesfilomonarqucas por parte de latén, AriseGteles, enofonte Isdcraes, haciendo ‘una lara distincién entre a realezay la tirana yconsiderando la basileia como la mejor politea|. 150 RENAN FRIGHETTO direta a Pompeu descrever débil por aceitar aq ea grandeza do que chamou nossa atengio, a sua causa e estes, de forma tax ‘A continuagio, aspect de seus legionarios, m em brado undni lidade da principal in: da metade do séc icdo politica republicana romana na segun- paz de impedir a aclamatio quele momento, nao possuia a ‘reer a magistratura consular. Entdo, podemos dizer que o exerci poder de Imperium passava a ter importincia vital para todos os pretendentes que almejavam al- cangar 0 poder de cunho pessoal, aspecto este que sera consolidado com o advento de Otaviano e a instauragao do principado como siste- ‘ma politico hibri (0 a0 poder de cunho pessoal como nedor dos s da época republicana romana.'* mani ria de Otaviano sobre Marco Antonio e Cl . restabeleceu-se a unidade pol especial acento sobre as regides que agi greco-latina |. Hidalgo “espacio de agregac instaurada pela vitéria de Augusto! é apresentada por Técito como decorréncia do “cansago das discérdias civis” que levaram aquele a ebus cognitis, Caesar apud milites IMPERIUM ET ORBIS 151 “aceitar o nome de princeps e seu poder™."* Ora, observamos com esta informagio do relato de Ticito que o termo imperium assumia, a partir dores de civilizas e bumanitas, num sentido de exercicio do poder rea zado em prol dos membros que compunham a comunidade de todo 0 orbe romano." Ou seja, 0 conceito de imperium ganhou, a és o mais ampla que a de “mando lo como poder delegado pela ‘ceps para que lizasse a sua defesa in foto, tanto em relacao aos assuntos intern é peito as ameagas externas. Nesse sentido todas as eampa levadas a cabo dentro e fora dos limites do universo greco yam a ter importancia vital para a credil tas do princeps almente, defender os interesses da aristocracia senatorial em matéria administrativa, além de ter uma postura acorce com a ima- gem do bom governante detentor da clementia e da mentada na co ses, o que fazia de ra lores, o optimus.’ Augustum cessere, qui cuncta 152 RENAN FRIGHETTO Esta perspectiva idealizadora da fi que nos passa uma fal: volta do legitinsus princeps. Temos exemplos significativos nos reina- dos de Aaron 0 Pio e Cémodo de problemas com tentativas de usurpagdes!” e no reinado de Marco Aurélio dificuldades defensivas em relagZo aos povos limitrofes da Germania e da Mauritania Tingita- na.” Podemos observar, dessa forma, ralelamente a const teGricae idealizadora dum Imperium centralizado no poder do princeps ¢ tendente & universalizagio, surgem ao longo do século Il d.C. pers- pectivas opostas representadas pela paulatina regionalizagio dos po- iticos, visivel nas varias tentativas de usurpagao do poder imperial no ambito das prouincias imperiais ¢ também do ja percept vel esgotamento do sistema politico da ciuitas elassica e helenistica.” mista e Gélia vide Wl. Cap. ite usgue in Gi istae Heemunduci et Quadi Suebi ique cum Victualis Osi BessiCobotes Roxolani Bastamae Alani Peacini Costoboct J*s Aur. Vie. De Caes., 16: mo y la esperanza “Fstructuras de gobierno local ena Antighedad IMPERIUM ET ORBIS| 153 Esta transformagio no panorama politico-institucional do. mundo ‘Fomano, com evidentes conseqiiéncias na forma e no niimero daqueles ‘que foram aclamados por suas legides e passaram a condigio de deten- tores do poder de imperium, ¢ denominada pela his i erise do século III”, embora tal definigao, na oj Bravo, mereca andlise mais pormenorizada em termos region: qualquer forma, baseando-nos na realidade politica romana de finais do século II d.C.-inicio do século III d.C., parece-nos incontestavel lade do poder do princeps e a sua disseminacio a varios em varias regides do mundo romano Talvez a mais significativa, entendida por nds como caracteristica inerente a esse momento de transicdo que definimos por Antiguidade Tardia, foi a perspectiva ideologica que envolvia a construgao da ima- gem do imperador numa dimensio sagrada. Concepgio ideol6gica ue, indubitavelmente, ja vinha sendo paulatinamente construida desde ia e que encontra um claro exemy tativa hist6rica de Herodiano sobre o imperator Marco Aur ‘no, que passou 4 Hist6ria com o nome Heliogabalo.®* Segundo Ramén en €poca tardorromana:Paisaje urbano, paisaje ru TI Congreso de Est ceromanos da p Helios prego por ser como cle de natutera soli finden eal ino que todos los sitrapas vecinos y los reyes birbaros cada dios con afin de dstinguirse. No se ve ua que representa dios hecha por la mano del hombre, ome las de griegos sargo, una enorme piera, redonda por la hase y terminada en mente bordadasen oro y lcolorido de una corona de piedras preciosa lucia en so cabeza. Alcombinarse en su persona belleza fis, juventud y gracia en el vest era posible 154 RENAN FRIGHE © Teja, com certeza a partir do reinado de século IIL, observamos um “cambio ideol6gico-politico mas importante [. . .] la afirmacién del caracter divino del poder imperial” * Podemos pensar que tanto o desenvolvimento como a consolidagao desta “nova” ideologia politica amparada na concepgio sagrada da figura do impera- dor nos primérdios da Antiguidade Tardia tinha como principal moti- vacao a grande conturbacao interna existente no mundo romano no periodo que denominamos como “Anarquia militar”, cronologicamente balizada emtre a morte de Alexandre Severo (235) ¢ a ascensio de Dj cleciano (284), quando de facto o imperium, entendido como o poder exercido pelos romanos, fragmentou-se de forma extraordindria.” Ora, diante dum quadro politico propenso & fragmentagao do poder impe rial centralizador, essa tendéncia ideolégica de divinizacao da figura do Imperator passow a ser vista como a derradeira saida encontrada pelo poder imperial romano para solucionar os graves problemas p ticos que assolavam 0 Império Romano no século IIL, além de propor- cionar um evidente fortalecimento da imagem do imperator como detentor de poderes sagrados que deram forgas suficientes para a tare- fa de reunificagao dos territ6rios imperiais ¢ de sua auctoritas.2* Este seria o caso do tetrarca Maximiano, “Augusto minor” de Diocleciano nos territ6rios ocidentais e que é nomeado ao lado deste como “fun- dador do Império” 2” além de receber e agregar ao seu nome 0 epiteto Herculius a0 passo que Diocleciano era denominado como Lovius.”* iocleciano, em finais dy ialen la corte del Imperio Romano Tardio”. In: Emperadores, ‘obispos, monies y mujeres. Protagonistas del Cristianismo antiguo. Madsi, 1999, p. 43. teressante a descricdo do Imperador Maximino (235-238) oferecida pelo relato de lul.Cap. Max. Duo, [,4: “|. .] Maximinus senior sub Alexandro imperatore enituit militare autem sub Severo coepit. Hic de vico Thraciae vicino barbaris, barbaro etiam patre et matre genitus, quorum alter ¢ Gothia, alter ex Alanis genitus esse «ur. Et patti quidem nomen Micea, matri Ababa fuissedicitur. Sed haee nomina 1us primis temporibus ipse prodidit, postea vero, ubi ad imperium venit, occuli ne utroque parente barbaro genitus imperator esse videretur |." onde a sua caracteriza¢ao como birbaro de nascimento e de habitos demonstra uma mudan segundo lilio Capitolino, na propria perspectiva de poder/império que, a partir daqy \contrava-se em mos de barbaros ao invés de romanos. Portanto, de forma ida dos Dois Maxtminos indica-nos que a fragmentacio do poder mperial devia-s, sobretudo, a0 ingresso dos “barbaros” na condicao de imperatores ® Este tema foi desenvalvido, de forma mai por R. Frighetto, “Algunas consideraciones sobre las construcciones te6ricas. ..", pp. 300-04. ® Mam, Pan, Max.s1,5: [| Reuera enim, sacratissime imperator, merito quiuis te ‘uumgue fratrem Romani imperi dixeritconditores[. . J” ® Mam. Pan. Max., XI,6:“[...] ucenim omnia commoda caelo terraque part diuersorum numinum ope nobis prouenire uideantur summis tamen ancroribusmanant, Toue rectore caeli et Hercule pacatore terrarum, sie omnibus pulcherrimis rebus, etiam ‘quecalioran dacth geconter, Dincietiones initium feck, wretibine eMfeceumt, ..J°: IMPERIUM ET ORBIS 155 recordar que Mamertino, autor do panegirico em honra de de 289, redige sua laudatio logo apés a vitoria militar do da Pars Occidentalis sobre 0 usurpador Cardusio na Gdlia, Juma analogia simbolica bem proxima ao relato mitolégico © qual Jipiter iniciou sua luta contra os gigantes ¢ contou ‘apoio de Hercules para vencé-los. Um paralelismo logico que ¢ uma visio hierérquica entre 0s Augustos — Diocleciano condigdo superior, apresentado como “Jupiter” ¢ Maximiano seu mais proximo ajudante, definido como “Hercules” nos a ambos como representantes das dignidades cel 12? Além disso, detalhe de grande significado no Panegirico, a in- dio de que tanto Maximiano como Diocleciano eram conside- “fundadores do Império” os vinculavam diretamente a figura ‘Augusto, acentuando o carter de ambos como restauradores da ¢ da unidade interna do mundo romano. Ao fim e ao cabo, a ir da tetrarquia ¢ ao longo do século IV, a propaganda imperial pre acentuara o retorno ao passado dos tempos do principado, ideal de restauracao politica e social desejado mas impossivel de aleangado ja que as estruturas politicas e sociais diferiam significa- tivamente entre os tempos do principado e do dominado.” Contudo podemos afirmar, sem diivida, que em termos ideol6gicos o reforgo e recuperacio de tradigdes passadas legitimava, de forma incontestavel, aquelas “novas” realidades politicas que favoreciam as perspectivas sacras ¢ tendentes 4 centralizagao politica. Processo politico este que encontrava reflexo no Ambito religioso e que podemos traduzir no fortalecimento dos cultos monoteistas € mistéricos de procedé: helenistica, como os cultos a Heliogdbalo e a Mitra, que podem expli- car como 6 Cristianismo, também ele religido monotefsta € mistérica helenistica, atingiu a condigio de religio licita e, posteriormente, de religiao oficial do mundo imperial romano." Para além da aproximagao entre os conceitos de imperium e sacratio também chama a atengio que uma significativa parcela das fontes tardo-antigas analisadas neste estudo desvinculam conceito de impe- rium da nogao de territorialidade. Existem alguns dados que podem » Mam. Pan, Max.V.2: este tema ef. M. J. Rodriguez nJ. Fontaine. “Unité et diversi du melange. ..",p. 435," ions cukurlles du grand slogan étrarchique etconstantinien | raduisait et appuyait tout la fos un ideal de restauration om pales Tétrarques et adopté de maniére diverse par les dynasties, ‘quileue succédérent |. 1" “Tema amplamenteanalisado por R. Frighetto.“Algunas consideraciones sobre las etieraccloaes wseicas. ..“, pp. 303-04. 156 RENAN FRIGHET’ ser de grande relevancia para que poss como 0 fato das referéncias de carater geoge: mundo romano com as realidades “barbaras imperivm.* Em seu lugar surg ogo de universo entendido na perspectiva de orbis, de mundo eivilizado que jé a partir de finais do século IV sera também associado a idéia de Christianitas que, de acordo com Mar- rou, forjara a construgdo daquilo que no medievo se definira como “Cristandade”.” Perspectiva que parece bem delineada pelo relato histérico de Paulo Ordsio, inclusive se analisarmos sua tendéncia de aglutinar e reconhecer a heranca da tradi¢ao cultural e politica do mundo classico, em particular 0 romano, como elemento essencial ‘ompreendermos como foi forjado 0 conceito de Christianitas. ites geogrficos dessa “Cristandade” nos tempos de Ordsio ain- da eram imperceptiveis, levando-o quase sempre a posicionar as fron- teiras do universo cristio onde o exercicio do poder levado a cabo pelos romanos fazia-se presente. Logo, no relato orosiano, ha uma aproximagao entre os conceitos de orbis/ciuilitas romanorum com 0 de Christianitas, que passa a ter um significado mais universalista, passo que o conceito de im:perium, embora integrado a nogao de ci lizagdo, apareca mais restrito 3 idéia de . Talvez, por esse motivo, Ordsio refira-se a uma “conspiracao” levada a cabo s contra 0 “poder adquirido pelos romanos”, jum alcangado pelos romanos nos tempos de Caio I a.C.) gerou uma reagao dos “barbaros”." Notamos assim que Orésio relaciona 0 exercicio do imperium aos romanos, auténticos portadores da ciuilitas ante os “barharos” sendo, por isso, 0s tinicos a poderem ser designados imperatores.® Nesse caso Orésio segue de forma incontestavel o pensamento historiogeafico pagio cl sico que via no exercicio e na renovagao do imperium pelos romanos a forma mais eficaz de levar a ciuilitas romana aqueles que a desco- le moyen age: lisation chrétienne [ Or Hist. Ads: Pas tenha uma diretavinculagio.como pensamento.de Paulo Ordsio. IMPERIUM ET ORBIS 157 nheciam.® E mesmo a restauracio da unidade e da autoridade impe- rial na segunda metade do sécuio IIT foi entendida pelo pagio Flavio Vopisco, um do: Augusta tedigida na sep metade do sécul por certo, pela aplicago efetiva do imperium to poder de ea: ico. E interessante observarmos que a idéia de imperium expressada tanto no relato de Ordsio como nos autores da Historia Augusta surge como sinénimo de unidade politica num periodo mar- cado pelo processo de paulatina desagregagao da autoridade imperial nos territ6rios ocidentais do mundo romano. Sinal inequivoco dum cavam na idealizacao do passado imperial romano a t lugao dos graves problemas vivenciados em seu tempo. problemas de usurpagdes do poder das andangas das popu- Paulo Ordsio como tentativa de “re obra teodosiana”," iltimo periodo de unidade efetiva da autoridade imperial em todo 0 orbis romanorum. Se analisarmos algumas fontes histéricas posteriores ao proceso ios da Pars Occidentalis do orbis las que denominamos como mo- narquias romani io de ideias,c a que sofreram algumas revisdes do pensamento cristo dos séculos IV e V. Como bem apontou em seu momento Arnaldo Momi “onovo nao pode esquecer-se do velho”, acentuando o extraordi poder da tradigao” que serve de apoio para legitimar “novos” poderes. lode exemplo podemosdestacar a de pontam na mesma diresao de Ord «do Imperador Adriano de impl nas Historiae adversus pagans VII, 34 2006,p.36. “Eta del tapasso fra storiografiaanticaestoriografia, 158 RENAN FRIGHETTO Como exemplo dessa continuidade no campo do pensamento pi co da Antiguidade Tardia surgem dois grandes pensadores e historia- dores hispano-visigodos, Joao de Biclaro e Isidoro de Sevilha, que re- forgam algumas idéias relativas ao conceit de imperium, Observa- mos que ambos acentuam a vinculagao, ja presente em Paulo Oré: entre inperium/ciuilitas/Christianitas num momento em que 0 Cri nismo niceno j aparecia claramente definido como ideologia do po- der régio na Hispania do século VIL. Como afirmamos recentemente, “somente no momen- to da conversio a fé niceista, que ocorre no caso visigodo no III Con- cilio de Toledo de $89, as monarquias romano-germanicas ocidentais passaram a usufruir todas as prerrogativas ideologicas do cristianismo niceno para buscarem reforgar as bases do seu poder politico e insti- tucional”."“ Ao referit-se 4 conversio do monarea hispano-visigodo Recaredo (587-601) neste III Concilio toledano, a crénica de Joao de Biclaro estabelece um paralelo entre o imperio exercido pelo soberano ea sua conversio a catholicam fidem que trouxe a unidade e a paz para toda a Hispania." Descrigio esta que encontra eco nas Historias de Isidoro de Sevilha quando o bispo hispalense nos apresenta o perfil dos soberanos Leovigildo (569-586) ¢ de seu filho Recaredo: o pri- meiro, dada a sua condicao de herético ariano, aparece como irreligioso conquistador mediante 0 uso da forca das armas; j4 Recaredo surge no relato como 0 soberano que ampliou seu imperium pela forga da fé e da paz." Portanto era condigio sine qua non para o exercicio do imperium pelos monarcas hispano-visigodos seu vinculo politico-reli- gioso a0 cristianismo niceno, elemento primordial para a insergio do reino hispano-visigodo de Toledo no ambito da antiga ciuilitas classi- a greco-latina, definida desde o século V também como ciuilitas cris 18. Vale recordar que o abandono de ancestrais praticas heréticas, no caso visigodo 0 cristianismo ariano, eliminava a tradicional imputa- Gao de pertenca a barbarie, sendo este um sinal a mais na vinculagao do bindmio ciuilitas/christianitas. Além do ja mencionado exemplo de Recaredo, a crénica de Joao de Biclaro faz. uma segunda vinculagao entre imperium/christianitas no caso do “imperador dos persas defen- sor da fé de Cristo”, que de acordo com o relato do cronista “abando- “CLR, Frighetto, ‘Da Antguidade Clissica Made Média, .,p, 162 in Biel. Chron., a.587,5: “[. | quam imperio converti ad catholicam fidem facit gentemque omnium Gothorum et Suevorum ad unitatem et pacem [. Jed, Hist.Goth,, 52:"[...] namaueille inreligiosus et bello promprissimus, hic fide pius et pace pracclarans,ille rmoram artibus gentis imperium dilatans, hic gloriosus ‘cadem gentem fidei trapheo sublimans [. |” IMPERIUM ET ORBIS 159 nou o veneno da heresia e restituiu a paz com a igreja”,® versio que foi mantida pela crénica franca de Fredegario no século VIL Esta relacio entre império e cristandade aparece igualmente na epistola enviada pelo rei hispano-visigodo Sisebuto (612-621) ao rei dos Jombardos Adaloaldo, na qual o primeiro reforga que 0 império € a az que os visigodos gozam deve-se, sobretudo, 4 condigio de or- thodoxi christian possuida por aqueles.'* Ou seja, para todos 0s casos mencionados pelas fontes hispano-visigodas, o exercicio do poder ré- gio — aqui definido pelo termo fmperium — tinha como contrapartida obrigatoria a fidelidade ao Cristianismo professado em Nicéia e reco- nhecido pelos bispos hispano-visigodos no III Concilio de Toledo.” Conclusies parciais Buscamos ao longo deste estudo apresentar o desenvolvimento do conceito imperium tanto nas fontes classicas latinas como nalgumas das fontes tardo-antigas ocidentais de maior destaque em nossas pes- quisas. Depreendemos dessa investigagao historica que o conceito de império sofren variegadas mutagdes a partir da sua inclusao no rol de ‘caracteristicas do poder de cunho pessoal desde a época classica, sendo por esse motivo atributo essencial para o exercicio do poder do princeps romano. Ao fim ¢ ao cabo o poder imperial estava associado ao efetivo controle do mando militar através de um dos mais importantes signi ficativos simbolos da auctoritas do princeps, a aclamatio imperit, acla- ‘macio das forcas legionarias sem a qual nenhum pretendente ao poder supremo, que traduzimos por império, poderia manter-se. Neste caso © imperium apatecia, claramente, como forma de exercicio do poder © Toan. Bicl. Chron., .590,2: “In is ergo temporibus, quibus omnipotens Deus prostrato ueternosae haeresis ueneno pacem sua restitut ecciesiae, imperator Persarum ‘suscep Fidem et pacem eum Mauricio imperatore firmat Tred. Chron.,1X: “Fo anno uxor Anaulfiimperatores Persarum, nomine Caesara, uuirum relinguens [ -)* “© Sigh. Epis. VIII, Ad Adual: juam sidereus fulgorcordafidelium comrusca ‘aueta pace eatholicorum Domino com ‘modante Gothorum uigee imper Conc III Tol.,a.589, “Item fidei confessio episcoporum, presbyterorum Gothicae gents qui infra subscribserunt ate autem universo vet cconcilio arque iubente, unus episcoporum catholicorum ad episcopos et religiosos vel maiores natu ex Ihaerese Arriana conversos ciusmodialloquutione exorsus est dicens |. | Licet hoc quod fraternitas arque paternitas vestra a nobis cupit audire vel fier, iam olim conversionis nostrae tempore egerimus, quando sicutigloriosissimum dominum nostrum Recaredum regem ad Dei ccclesiam transivimus, et perfidiam Arrianam cum omnibus supprestitionibus ‘suis anathematizavimus pariter et abiecimus[...]”. 160 RENAN FRIGHETTO militar pragmético ¢ efetivo que terminou por gerar um poder de ca réter pessoal materializado na figura do princeps a partir de Augusto. ‘Mas no decorrer do principado, principalmente a partir de finais do século 1d.C., verificamos que oconceito de imrperium comecou a ganhar Rovos contornos que o tornaram mais universalista, Um primeiro exem- plo dessa ampliagao conceitual pode ser observado na elaboragao tebrica do consensus universorum a.volta da figura do optimus princeps em que © poder efetivo do imperium ganhava 0 aval das principais instituigdes politicas romanas, 0 senado e 0 popualus, além do reconhecimento descen- dente das divindades greco-romanas. O elemento que denota a novida- de, nesse caso, relaciona-se & concepgdo sagrada que comega a permear © conceito de imperium, pois j em pleno século I d.C. 0 imperator & apresentado pelas fontes como o escolhido pelos deuses para exercer 0 seu poder, Um preceito de forte tradigao helenistica que pode ser inter- pretado como sinal inequivoco do enfraquecimento do poder imperi centralizado, especialmente a partir do reinado de Marco Aurélio. Essa incorporacao efetiva de principios sagrados ao conceito de imperium pode ser entendida como passagem ao “novo”, transito para algo ao mesmo tempo incomum no passado romano e vinculado a sua tradigaio, que podemos definir temporalmente como Antiguidade Tardia, Ou seja, da fragmentagao do imperium dos romanos em tempos da dinastia dos Severos e da conseqiiente “anarquia militar”, entre finais do século II d.C. até a sexta década do século IM, reabilitou-se a forca do imperium, do poder exercido pelos romanos, com base na potentia militar que tender a unidade, a centralizagao e & universalida- de acompanhadas por uma ideologia imperial construida sobre bases solidamente sagradas ¢ amparadas num monoteismo solar e pagio. Isso pode explicar-nos a renouatio imperii promovida por Aureliano, Diocleciano e Maximiano em finais do século III, renovagio que levow em conta as mazelas sofridas ao longo de quase meio século de confron- tages internas ¢ que culminou com a implantagao, por curto espaco de tempo, do sistema tetrarquico. Embora fossem evidentes as dificul- dades da implantagao dum imperium exercido por um tinico princeps num orbis tao amplo e diversificado, exemplos como os de Constantino e de Teodésio sao significativos para podermos analisar com maior detalhe que as tentativas de centralizacdo a volta de um tinico princeps detentor do imperium esbarravam na forca das aristocracias senatoriais de origem romana tendentes a fragmentaco ¢ a autonomia regional. Esta intricada realidade politica, que distancia 0 conceito de impe- rium duma efetiva unidade territorial, pode servir de caminho para compreendermos a separagio conceitual entre imperium e territorium. IMPERIUM ET ORBIS 161 As fontes tardo-antigas apresentam o paralelo entre orbis e tervitorium, Sobre os quais se estabelece a civilizacao, a ciuilitas greco-latina. Ora, a partir do exercicio efetivo do poder romano sobre uma determinada férea, provincia ou regio, esta passava a integrar 0 universo da ci zagio romana. O interessante ¢ que da perspectiva das fontes tardo- ntigas cristas dos séculos IV e V esta construgdo conceitual a volta da idéia da ciuilitas passou a ganhar outra denominacao, a christianitas, conceito que sera bastante difundido ao longo da Idade Média. Ou seja, na construgio conceitual e teérica dos autores cristéos da Anti- guidade Tardia a christianitas aparece como substituta natural da Giuilitas clissica, sendo necessario aos detentores do poder efetivo, desde finais do século IV ja convertidos de maneira inequivoca ao Cristia- nismo, aparecerem como portadores do imperium christianorum, ele- varem-se como defensores dos cristios. Ha, contudo, uma distingio {que sera bem marcada em especial pelos autores hispano-visigodos de finais do século VI e primérdios do século VII, do reconhecimento do Cristianismo niceno como elemento portador da legitimidade do po- der de imperium aos reis, Assim notamos que a construcio ideolégica sobre a legitimidade do poder soberano e a sua insercao no universo ivilizado passava, necessariamente, pela aceitacao € conversio aos preceitos defendidos no Coneilio de Nicéia. Portanto podemos dizer que o conceito de imperium manteve-se vivo na Antiguidade Tardia tendo sofrido algumas modificagées com relagio a sua origem classica provocadas por novidades ideol6gicas gue tiveram na paulatina ascensio de tendéncias politicas centralizado- ras, sagradas e universalistas sua razao mais eloqiiente. Bibliografia ARCE, J. Espaiia entre el mundo antiguo y el mundo medieval. Madi: Taurus, 1988, —. “La transformacién en Hispania en época tardorromana: Paisaje urbano, paisaje rural”, In: De la Antigiiedad al Medievo (siglos IV-VITI). III Congreso de Estudios Medievales. Avila: Fundacién Sancher-Albornoz, 1993, pp. 227-49. BRAVO, G, “Para un nuevo debate sobre la crisis del s. Ill (en Hispania), al hilo de un estudio reciente”, In: Gerién, 16, Madri: Universidad Complutense de Madrid, 1998, pp. 493-500. BURNS, J. H. “Théories politiques grecques et romaines”. In: J. Ménard (org,) Histoire de la pensée politique medievale 350-1450. Paris: RU, 1. Madri: Universidad Complutense de Madrid, 2004, pp. 273-90. DIAZ MARTINEZ, P. C. “Estructuras de gobiert uped “ojozonoo1UO}N 9p YzzeAL) OLUDAULY OPO] OEP AUIS Nbe SOULE seonyod sejsugiayard se) ompuorssrar opis9jo1 op ogsia ep sv. -01998 sapepue|nonsed seiuode wis ednsoand as wigqures owo: ¥ opeisg ap ovzes ap sounay wa OExayas BUIN 2p ONquIY ou -oxdsop Soden opues0aa ‘sousspow 9 soStue annua ovseuxo1d) auadns seuade ou oanezeduros 0530j89 Je “WISSt EpULY TAX 998 op YOR “p66 eURUIEES episiannug souomypg seouewejes “oad ofpg jap sown] so2uutTound jod vpursedoug. ‘syawao ZAnopiaow 68 xd 9 va1a7 anu ovSeppa e opueadeur sou! +(soouigqy steruoJo> sopdwi] sou OUL9AOB a1qos OLXa[JaI e fost 1d oniowesuad op 0 ‘ojdure sieur ewiar umn ap sojnsde o1 OWA 9 ‘OESURUOP ap seiBornISA Ua sepANquID sagsuay ap 9 Ou -¥9408 ap seUIZ0§ 91q0s SoMuaUIEUORISOd ap IndV SONNY rpouony mje yesouo%s ey ossed “8-65 "ld “Oz61 “wHRSED ORNS AX On2O"PeHY ina jap ofp p auouanag — aponoipowonyy Pipes ausunsnine "HOI vouy SBE “dd ‘soc ‘pupeny op asuornjdwsos pepisiasiupy supeyy “XI soley woe Stpungor esp ew ouon fp ompamy pes) Pt, "V ‘ONVZOT 5 ouomuoy oud ‘VIHA V18q QOIVAIE “30€- £67 “4d “cone Srey sour sey 1p va wounds pf oumased fo a0 rUcIsH 1 eocg *MopINN 217 980f =u oud -) sspse, pepansaury jeniua rp stupa souo!2anasu09 Se 23908 SeUOISEI9pIuOD Seuny, — “LE-S7 dd “9907 “PUEDE YI PEPISIDAIU — CORON soungoaaig soipetsy ap oamnsuy soary soumng “pf SO) neg 2p SEP ‘IIA soUrSod snsuaqpe oruorsiy] vu osopo3], 9p wOBUM Y — echt 8d “po0z “PatuanypousaES ascvrenos NaIHINAg purse op SiH] Wo opuEIOMOG VUVA TEVAVY sped apepysiasnay) WAIT “WY soTaYD SOOIMIAl SOMAMNT SON OOLLITOd O.LNAWVSNAd ON aSVa WOOD SONYAGOW d SOOLLNV AULNA SODOTYIC ‘ONWAAOD WOd 4¢ VIONYGNYd YIOLXA

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