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MoRLON | Presorto , bob | | | | eabesnmanesonunaonr ean Antropologia lade, ela se preocupa em icamente o ser humano em sua totalidade, o que Ihe confere um nhecer © homem enquanto elemento inte- grante de grupos organizados. b) Ciéncia Hum: todo: sua hist gem etc volta-se especificamente para o homem como um suas crengas, usos ¢ costumes, filosofia, lingua- eressa-se pelo conhecimento psicossomatico do ho- Ao. Relaciona-se, assim, com as chamadas ciéncias bioldgicas e culturais; as primeiras visando ao ser fisico e as segundas, ao ser cultural. 1.1 Conceituagao Hoebel e Frost (198: definem a antropologia como “a ciéncia da hum: ‘uma ciéncia superior social e comportam: artes ¢ no empenho do antropélogo de 1a dimensao biolégica, enquanto antropologi do sociacultural, enquantd antropologia social e/ou antropologia enquanto antropologia flaséfica, ou seja, quando se empei ‘Osponder @ indagaco¢o que é o homem> 10 de outras areas do saber, da colaboragac a Pode-se afirmar que hi seu lugar entre as ciénci tural fisica do homem e do seu proceso Essa postura marcowe limitou os estudos antropolégicos por largo tempo, pr vilegiando a antropometria ciéncia que trata das mensuragdes do homem f6 e do ser vivo. A Antropologia xi hecime © que tora suas expectativas muito mais abrangentes. Desst Torma, uma conceituagio adefine como a ciéncia que estuda o homem, suas produgées e seu comportamento. O seu interesse esta no homem como um todo ~ ser biolégico revelar os fatos da natureza e da cultura. na em todos os seus aspectos, no espago juica. Busca também a_ © no tempo, pa compreensio da 1.2 Objeto de Estudo A Antropologia como ciéncia do biolégico e do cultural rem seu objeto de estudo definido: 0 homem e suas obras. Segundo Beals e Hoijer (1968: ‘no homem como membro do rein homem ‘seus problemas se centram, por um lado, {imal ¢, por outro, no comportamento do iedade". © objeto da antropologia et es, formulando principio: 40 antropélogo a tarefa de proceder a general c ‘Sociedades e culturas humanas. Exemplo: o estudo do homem fssil, suas mudancas evolutivas, sua anatomia ¢ suas produgies culturais, yarativo em busca Toda investigagéo antrapologica vale-se do método co’ de respostas para uma infinidade de porqués, na cen | ' { : i i i t bianas, duas regides muico distanciadas geograficamente. Na auséncia de um laboratério experimental, 0 antropélogo langa mao da isa de campo, que lhe fornece os dados desejados e permite testar as hi- adas na observacdo de estudados por Curt Nimuendaji; os Guarani, estudados por Egon Schaden; os Esquimés, pesquisados por Franz Boas; ¢ 08 Samoanos, investi- sgados por Margaret Mead, 1.3 Objetivo da Antropologia Hoebel e Frost (1981:3-4) afirmam que a “antropologia fixa como seu ob- jetivo 0 estudo da humanidade como um todo...” ¢ nenhuma outra ciéncia pes- quisa sistematicamente todas as manifescagdes do ser humano e da humana de maneira to unificada E um objetivo extremamente amplo, visando ao homem como expresséo global - biopsicocultural -, isto é 0 homem como ser assim, a compre- 1.4 Divisdes e Campo da Antropologia A Antropologia, sendo a ciéncia da humanidade e da cultura, tem um campo de investigacao extremamente vasto: abrange, no espaco, toda a terra habitada; ‘no tempo, pelo menos dois milhdes de anos e todas as otganizadas. falmente a | Reunizo 50,1954, e S50 Paulo, Antropoogia,publiada 1985, ou sea, deve ser ‘ca do homem, ica, seus daz populacoes hu- assim as Ciencias Biol6gicas e Naturais, imamente da Zoologia, da Anatomia, da Fisiologia, da Sero- {ogos, estudo) Humana és do conhecimento das formas fésseis do passado, intermediérias jatas € 0 homem moderno. entre 0s pri SOMATOLOGIA. A Somatologia descreve variedades existentes do homen rengas sexuai ANTROPOMETRIA. A Anttopometria (anthropos, homem; metria, medica) usa as técnicas de medigao, procedimento quantitativo que fornece medidas do corpo humano (cranio, ossos etc.), elaboradas por ientos especiais, En- tte eles 0 antropémetro, largamente utilizado. ESTUDOS COMPARATIVOS DO CRESCIMENTO. Recentemente, ‘6logos ampliaram seu campo de estudo, no sentido de conhecer as diferencas _grupais relacionadas aos indices de crescimento e a outros aspectos correlatos: alimentacao, exer 1.4.2. Antropologia Cultural Campo mais amplo da ciéncia antropologica. Abrange o estudo do homem como ser cultural, isto é fazedor de cultura. Investiga as cuituras humanas no Tempo € no espacs, suas origens e desenvolvimento, suas semelhancas e dife- l i i i ‘ ~ clas como “primitivas” ou ai © seginent: cengas. Tem foco de intetesse voltado para 0 conhecimento do comportamento cultural humano, adquirido por aprendizado, analisai vodas-as suas “Gimensses, Como ciét ia social, seu objetivo bisico con no “problema da re- adas de comportament iment Rumano. Todas as sociedades antropologo culcural. Se essa a0 ARQUEOLOGIA. A Arqueoloy de estudo as culturas do passadc senvolveram formas CUItUfaIS, representando fases da humanidade nao registra- das em documentos escritos. Trata-se da ten ‘por meio da busca de vestigios ¢ restos m: destruigao através do tempo. Cabe ao arquedlogo dese das para o trabalho de escavacao e coleta de m tado, possibilitaré @ reconstrugio dos fatos do passado. 1e, devidamente incerpre- ‘A Arqueologia, por sua vez, divide-se em: a) Arqueologia Cle (Egito, Gréci Arqueolégica: trata dos pri populagdes extintas (culturas do Pale fa: tenta reconstruir as antigas civilizagées letradas lesopotamia, Etriiria etc.) érdios da ETNOGRAFIA. A Etnografia (é¢hnos, povo; graphein, escrever) consiste em tum dos ramos da ciéncia da cultura que se preocupa com a descricio das socie- sades humanas, Lévi-Strauss (1967:14) define-2 de modo mais preciso e obj vo. Para ele, a Etnografia te na observacio e andlise de grupos hui iderados em sua particularidade (freqiientemente escolhidos, por icas e praticas, mas que no sé préndem de modo algum & nai quisa, entre aqueles que mais diferem do nosso), ¢ visando & fiel quanto possivel, da vida de cada um del © objeto de estudo da Etnografia centra-se nas culturas simples, conhe- fas. Sdo as chamadas sociedades de linhagem 10S que se opdem as sociedades complexas 3¢ em foco de atengao do et reresse no estudo de sociedades rurais, As as. S40 grupos fi 6 Antropotags = Masonic Revi sociedades simples encontram-se, ainda hoje, espalhadas pela Tetra, cada uma desenvolvendo uma cultura especifica. Algumas ji desapareceram; outras esto contato com 0 mundo exterior, em processo de mudanga; poucas se con 5 sta sos tbs mrcontao permanente © 38, regrados & sociedade nacional (D. ura (0 exndgrafo & 0 especialista dedicado ao conhecimento exaustivo da ¢ : cultu- material e imateridl dos grupos. Observa e descreve, analisa e reconstit ras, Trata-se de um investigador de campo dedicado a coleta do material referente a todos os aspectos culturais passiveis de ser observados e dascritos ~ primeiro passo da pesquisa antropologica. Relaciona-se intimamente com a tal forma que 0 pesquisador deve ser, 20 mesmo tempo, etnégrafo e etndlogo. ETNOLOGIA. A Etnologia (éhnos, povo; logos, estudo) & outro ramo da cigncia da cultura, cujos pesquisadores utilizam 0s dados coletados ¢ ofereci- dos peto exnégrafo. Eminentemente comparativa, preocupa-se com a anise, incerpretagio e a comparagio entre as mais variadas culcuras existentes, consi- derando suas semelhancas e diferencas. Enfatiza as inter-relag6es de homem ¢ meio ambiente, individuo e cultura, na tentativa de compreender a operosidade © 2 mudanga das mesmas Segundo Lévi-Strauss (1967-396), “Etnografia, Etnologia ¢ Antropologia no constituem ts disciplinas diferentes ou trés concepgdes diferentes dos mesmos estudos. Sao, de fato, trés etapas ou trés momentos de a mesma esquisa, © a preferéncia por este ou aqueles destes termos exprime somente tma atencfopredominantevotada par um po de pesquisa que nfo podeia nunca ser exclusivo dos dois outros.” LINGUISTICA. De todos os ramos da Antropologia Cultural, a Lingiiistica é ‘© mais auto-suficiente, em fungio da independéncia que envolve o seu conheci- mento. A linguagem é um meio de comunicagao e também um instrumento de Pensamento. A grande diversidade de linguas acompanha a grande variedade de culturas, cada uma delas com suas formas e estruturas bisicas definidas. FOLCLORE. E um dos campos de investigacio da Antropologia Cultural, indo-se como o estudo da cultura espontinea dos grupos humanos rurais ou urbanizados. & uma ciéncia socicantropolégica, uma vez que se dedica a0 estudo de determinacis aspectos da cultura humana. Preocup2-se com 0s fatos da cultura material e espi gue, originados espontaneamente, permanecem ro seio do povo, tendo detern nada fungi. O folclore, sendo uma disciplina auténoma, tem seus préprios métodos e wéenicas de pesquisa cientifica. Estuda os feriémenos em sua dimensio espacial ¢ temporal. Mesmo gozando desta autonomia, éconsiderado ramo da Antropo- logia, pela identidade de interesses (o homem e a cultura) desses dois campos de conhecimento. Exemplos: folguedos populares, dangas, artesanato, linguagem, bes etc. imentagio, can- ANTROPOLOGIA SOCIAL. Estudo dos processos culturais e da estrutura social, seu interesse estd centrado na sociedade e nas insticuigges, O ancropdlo- g0 social é aquele que, levando em conta as diferencas exiscentes entre grupos humanos, Se em conhecer as relagSes sociais que as regem. Cada as- © farm 3 0 religioso, 0 jutidico ~ 86 pode ser compreendido se estudado em relacZo aos demais, com parte de uum conjurnto integrado Lucy Mair (1972:14) afirma que cabe a0 antropélogo soci talidade das relacdes que agem entre as pessoas na unidade s 0s, NES SO-as diretamence relevances a determinado problema” Ista ignite jue uma Sociedade deve ser observada ¢ estudada como um todo, a partir de suas instituic6es, chegando-se at a sua éstrutura e organlzacdo, As diferencas entre 0 “soci ‘observar a to- € 0 “cultural” ndo sio tio substanciais, mas seu contetido implica tendéncias tedricas préprias. Enquanto os ingleses se acham mais voltados para a Antropologia Social, os americanos dio preferéncia 4 Antropologia Cultural CULTURA E PERSONALIDADE. As inter-relagées entre cultura e perso- Salidade constituem aspecto que abre & andlise anttopolégica um novo campo de investigacdo. O individuo nao é visto como um simples receptor e portador de cultura, mas como um agente de mudanca cultural, desempenhando papel dinamico e inovador, Ele incorpora, através do processo de endoculturacdo (veja item 2.5.4), ca- ticas préprias do grupo em que vive, adquirindo uma personalidade bi. Sica. Como participante de uma sociedade e de uma cultura, a pessoa € portado. ‘2 de caracteres constitucionais (biopsicolégicos) e de experiencia sociocultural PrOprios. Iso Ihe confere um tipo de personalidade que vai determinar ages e Feagdes, pensamentos ¢ sentimentos, enfim, o seu comportamento na busca de melhor adaptagio aos valores socioculturais do grupo. ract Individuo, sociedace e cultura so trés aspectos inter-relacionados, indis- Pensiveis na andlise do comportamento humano. 1.5 Ciéncias Afins A Ancropologia, embora auténoma, relaciona-se com oucras cando experiéncias e conhecimentos, 4 Fisiologia, a Embr , i a Quimica ¢ a Fisica vém oferecendo indispensavel contribuicao aos estudos antropolégicos na busca da compreensio dos problemas comuns a todas essas dis reve de aguardar 0 a, & Biologia, ia para que se pudesse desenvolver. Pode-se afirmar que, somente apés os conhecimentos da célula e da evolucdo terem sido formulados e aplica- dos ao homem, & que a Ancropologia se sistematizou e progrediu como ciéncia do homem. Mantém relagées interdisciplinares mais intimas com as ciéncias que cen- tram seu interesse especificamente no estudo do homem ¢ que emprestam a ela os dados pesquisados e acumulados em relacdo a todos os aspectos da exis- fencia humana: Sociologia, Psicologia, Economia Politica, Geografia Humana, Diteito ¢ Histéria. A Antropologia vem firmando-se como ciéncia do homem que exige, cada cada série de problemas requer a utilizagdo de métodos especificos técnicos. 1.5.1 Sociologia De todas as citncias sociais, a Sociologia ¢ a que mantém relagées mais, {ntimas com a Antropologia, em fungao de seus inzeresses teéricos ¢ préticos, salvaguardando a especificidade de cada uma. Antropélogos e socidlogos em- prestam-se mutuamente 0s dados obtidos nas pesquisas, que passam a ter, com esses especialistas, tratament ico adequado. Antropologia e Sociologia auxiliam-se na compreensio do cariter global do em sociedade. A primeira, emprestando 0 seu con- ado pela Sociologia, que, por sua ver, enfatiza ide, Como afirma 0 antropélogo Kluckhohn (1972:28: “a abordagem sociol6gica tem-se inclinado para o que é pritico e presente, a antropoldgica, para o que é pura compreensio e passado” ‘Ambas valem-se de ceorias, conceit pelos seus especialistas. dos e técnicas desenvolvidos 1.5.2 Psicologia lagdes entre essas duas cléncias sao bastante estreitas, uma vez que tem como foco de interesse © comportamento humano. A Antropo logia ocupa-se do comportamento grupal e a Psicologia, do comportamento indi Os antropélogos buscam, nos dados levantados pelos psicélogos, explica- $5es para a complexidade das culturas © do comporcamento humano e pura a incerpretacio dos sistemas culeurais relacionados com os tipos de personalidade correspondentes. Indaga-se, assim, quais seriam os méveis da conduta social ¢ qual 0 papel da cultura no processo de adapta¢ao humana icos, ambientais ¢ culturais sio as variveis explicativas das ‘iduais, que determinam os diversos tipos de personalidade bé- uras, Na tarefa de proceder a esse conhecimente, antropologos ¢ Psicéloges auxiliam-se mutuamente, fornecendo dados que propiciam a com. reenso de problemas comuns. luma vez que a Antropologia, a0 se preocupar com a gl fatiza 0 conhecim: Todo grupo humano, por mais simples que seja, em sua orga mica sistematizada, com base nos recursos dispo: A Economia, tendo criado uma série de teoria geral todo 0 procedimento econdmico humano. Por outro lado, a Antropologia, documentando numerosos sistemas existentes na Terra, tem uma perspective mais ampla das organizag6es econdmicas. Desse modo, ambas poclem trocar informagoes valiosas para a melhor compreensao desse setor da cultura, ‘Toda sociedade se organiza politicamente através de um complexo de ins- 'uigOes que regula o poder, a ordem e a integridade do grupo. Nas sociedades @ organizacio politica varia muito, relacionando-se quase sempre com , © sagrado e os lacos de parentesco. Antropélogos e cientistas pol por um lado, a capaz de explicar, de modo encontram um ponto em comum. Se, ca se desenvalveu no sentido de compreender as varias mo. LO Actcoplogla © Matconie Pe dalidades de formas de governo e de Estado, por outro, os focos de interesse da ntropologia, sob esse aspecto, so imensos. O intercmbio de idéias enriquece © campo das duas ciéncias do homem, 1.5.4 Outras Ciéncias A Histéria permite a reconstrugio das culturas que ja desapareceram gando, muitas vezes, sobre as origens dos fendmenos que se relaci homem. Através da Etno-histéria, é possivel a reconstrucao de culturas agrafas do presente que estiveram ou estdo em contato com 2 civilizagao A conttibuigdo da Geografia Humana aos estudos antropoldgicos é ines: timavel, interessando-se ambas pela adaptagao do homem e pela modificagao do meio ambiente. O gedgrafo estuda as mudaneas do habitat provocadas por tecnologias novas, por inovacSes culturais etc. O estudo do meio fisico de um grupo tribal é foco de atengio tanto do antropdlogo quanto do gedgrafo humano. logia, em geral, e da Biologia Humana, em especial, deve fazer parte da formacio do antropélogo fisico, que tem seu interesse cen- ttado na evolugo do homem. Antropologia e Biologia mantém intimas relagdes que facititam sobremaneira a tarefa dos seus especialistas. A Anatomia ¢ a Ge- nética oferecem a0 antropéloge fisico valiosos elementos utilizados na com- preensio do homem féssil, das diferengas raciais, no estudo das ragas em geral ‘etc. O antropélogo fisico deve ser, antes de tudo, um bidlogo humano. As ciéncias auxiliares, em geral, que se interessam por variadas areas de expetigneia humana, esto em condigdes de dar respostas adequadas 2 questoes € problemas especificos Além dessas, virias outras ciéncias como a Geologia, a Paleontologia, a Me- talurgia, a Arquitetura, a Engenharia, 2 Zoologia, a Botdnica, a Fisiologia, a Anatomia, a Farmacologia, a Astronomia e as Artes, em geral, podem colaborar com o antropélogo nas suas mais variadas atividades. 1.6 Origem dos Dados Na histéria da humanidade, o homem sempre teve curiosidade a respeito de si mesmo, independentemente do seu nivel de desenvolvimento cultural Observou e especulou, registrando a ocorréncia de costumes diferentes, de si- mmilitudes e desigualdades entre os povos. wesc ees ttc Na Idade Classica, os gregos foram os que mais reuniram informagées so- bre povos diferentes, deixando substanciosos registros e relatos dessas ci ras. Nasce, assim, a Antropologia, no século V a.C., com a figura de Herddoto, que descreveu culturas circundantes. E considerado 0 “Pai da Antropologia’”. Chineses e romanos também deixaram des de povos diferentes Até 0 século XVII, a Antropologia pouco se desenvolveu. Nos trés séculos anteriores foi importante a contribuicdo dos cronistas, viajantes, soldados, mis. siondrios e comerciantes que procuravam as regides recém-conhecidas (Améri- ca, por exemplo) e habitadas por povos exdticos e estranhos, Exemplos: no Brasil: Pero Vaz de Caminha, Hans Staden, Andeé etc.; na América Latina: Bartolomeu de Las Casas e outros. A partir de meados do século XVIII, 2 Antropologia adquire a categoria de , quando Linneu, ao classificar os animais, relaciona 0 homem entre os atas. Foi um dos primeiros a descrever as racas humanas (veja item 3.5.1) No século XIX, & medida que os fésseis humanos ¢ os restos arqueologi- cos foram descobertos, a Antropologia progrediu cada vez mais, Na década de 1840, 0 investigador francés Boucher de Perthes, pela primeira vez, refere- se ao homem pré-historico, baseado em seus achados (ucensilios de pedra) de idade bastante recuada, John Lubock recompilou dados existentes sobre a Cultura da Idade da Pedra ¢ estabeleceu as diferentes culturas do Paleolitico e Neolitico (1865). ia sistematiza-se como ciéncia apés Darwin ter trazido a luz mista, com a publicacio de suas duas obras: Origem das espécies (1859) e A descendéncia do homem (1871). A Antropologia Fisica tem, a partir d grande impulso e surgem os primeiros teéricos da nova ciéncia: Tylor, Morgan, Bachofen, Maine, Bastian. © progresso da Antropologia no século XX é resultado das descobertas an- teriores relativas ao homem. Seus e tas passam a desenvolver constan- tes pesquisas de campo, de carater cientifico, incentivadas a partir dos trabalhos de Franz Boas, que € considerado o “Pai da Antropologia Moderna”. 1.7 Métodos da Antropologia A Antropologia é uma ciéncia social e humana, perfeitamente caracte tendo seus campos de Bo antrondlnca abservar e claseificar ne fanamo 12 snteopsioss se Presoes analisar e interpretar os dados obtidos pela pesquisa, capacitando-o a estabele- indo os dois campos de inves faz-se uma distingao entre método e igacdo da Antropologia (0 bioldgico ica pertinentes a cada eo um deles. Método é, segundo Calderén (1971:165), “‘um conjunto de regras tteis para a investigardo, é um procedimento cuidadosamente elaborado, visando provocar respostas na naturez2 e na sociedade e, paulatinamente, descobrir sua vantamento de dados. A Antropologia Fisica ou Biolégica ¢ @ Cultural recorrem a determinados procedimentos a fim de Para isso, valem-se de varios métodos e técnicas que, muitas vezes, so utiliza- dos concomitantemente. 17.1 Método Histérico Consiste em investigar eventos do pasado, a fim de compreender os mo- dos de vida do presente, que s6 podem ser explicados a partir da reconstrugio ura e da observacio das mudancas ocorridas a0 longo do tempo. Nessa anilise hiscérica, a cultura do homem & desvendada. -Exemplo: origem e mudanga da saciedade Xavante. 1.7.2. Método Estatistico Método muito empregado tanto no campo biolégico, verificando as varia- bilidades das populagdes, quanto no campo cultural, levantando diversificagées dos aspectos culturais. Os dados, depois de coletados, so reduzidos a termos quantitativos, de- monstrados em tabelas, gréficos, quadros ete. Dessa maneira, podem-se verifi- car a natureza, a ocorréncia e o significado dos fendmenos e das relagdes entre eles, tanto de natureza bi Exemplos: dimens6es do corpo humano, grupos sangiiineos; variedade de religi6es, diversificaglo de habitacbes. 1.7.3 Método Etnogrfico Refere-se & andlise descritiva das sociedades humanas, principalmente das Mesmo o estudo descritivo requer ou explicica. Refere-se a aspectos Consiste no levantamento de todos os dados grafas ou rurais @ na sua descriea0, coma fin fe Vida ou a cultura especifica de determinados grupos. Exemplos: estudo dos lis do Alto Xingu e dos Yanomami, de Roraima. 1.7.4 Método Comparativo ou Etnolégico ___ \ Antropologia Fisica compara aspectos fisicos, ves dos fOsseis ou grupos humanos ex témicas: cor da pele, do cabelo, dos olhos, grossura dos labios exc. incdo entre o homem ¢ o primat vivas possibilita constacar as diferencas © método comparativo, utilizado pelo antropélogo ct ‘i : rativo, elo antropélogo cultural, também cha- mado método etnolégico, compara padrées, costumes, estilos de vida, culturas do passado e do presence, égrafas ou letradas. Verificadiferencas e semvlhangas 4 fim de obter melhor compreensio desses grupos. Exemplos: populacées indigenas, rurais e urbanas. InsticuicSes (Fam ‘lea, economia), usos costumes, lingtagem, hal . religito, 68, meios de cransporte etc. 1.7.5 Método Monogréfico ou Estudo de Caso 1» 2sinéarafo estuda, em profundidade, determinado Sb todos os seus aspectos. Este metodo permite a andlise de instituigSes, ae Processos cuTtUrais € de todos os setores da cultura. Os grupos isolados estao ntes que de: diem ggts®®, ates que desaparesam como cultura, pelos contatos ou pela Exemplo: indios Makuxi, de Roraima. 1.7.6 Método Genealégico oestudo do parentesco com relacionamento de mari- hos e demais parentes; informagaes sobre o cotidiano, a inascimento, casamento, morte) etc. Através do levantamento genealégico, ndo apenas o pesquisador teré a confirmacio dos dados ja obser- vadlos, mas também novas informacées poderao vir & luz. ia a presenga de um informante que revele os nomes das pessoas, entre rutura social, o relacioname ica, sug posi¢ao dentro da es 1.7.7 Método Funcionalista Refere-se ao estudo das culcuras sob o ponto de vista da fungao, ou seja, res- salta a funcionalidade de cada unidade da cultura no contexto cultural global. ‘Uma caracteristica da abordagem funcional é descobrir as conexSes existen- {tes em uma cultura e saber como funcionam. Exemplo: averiguar as funcdes de usos e costumes de determinada cultura que levam ‘uma identidade cultural 1.8 Técnicas de Pesquisa da Antropologia No campo biolégico sao utilizadas técnicas classicas da Antropologia Fisica, ‘a mensuragio, 20 lado de outras mais modernas, de datacao. Para tanto, de um século, usando-se a miensuraso como principal técnica no As informasses descritivas das medidas antropométricas (cabeca, rosto, corpo, membros) so 0 primeiro passo para o conhecimento do material inves- tigado. Quando se trata de restos fOsseis, as técnicas usadas sio as de datacéo (veja itern 3.3.3). No campo cultural, o antropélogo desenvolve recursos e técnicas de pes- quisa ligados & observagio de campo. Este 6 0 seu laboratério, onde aplica a técnica da observacao direta, que se completa com a entrevista e a utilizacao de formularios para registro de dados. 1.8.1 Observasao Aobservacio & tidos para a obtencio dos dados - ver e ouvir, principalmente. A observacio pode ser a) quando os fendmenos sio observados sistematicamente, em determinado periodo de tempo. Divide-se em: * Direta: 0s fatos so observadios pessoalmente, no local da investi-~ gasio. + Indireta: realizada por meio de outras pessoas, b) Partcipante: quando 0 pesquisador deve ter disponibilidade de_per- manéncia no campo, por muito tempo, o suficiente para a perfeita Compreensio da cultura em estudo, Deve ser um arguto observador, mento de trabalho é 0 diario de campo, utilizado para o registro de seus dados, complementados com fichas, onde os assuntos devem ser selecionados criteriosamente. Fotografias, gravagies ¢ filmes comple- tatdo as informagies. Por mei io da observed participante, 0 antropdlogo tem a oportunidade de Viver entre 0s grupos participando intens: das conversas, dos situals.etc, abservando oe as manifestacSes materiais e espirituais do grupo, aS reag6es psi seus membros, seu sistema de valores e seu mecanis- f adaptacio. 1.8.2 Entrevista Trata-se do contato direto, face a face, entre 0 pesquisador e o entrevistado, a fim de que o primeico obtenha informacées titeis a seu trabalho. Pode ser: a) ) do dirigida ou livre: quando é informal e ndo hé um roteiro a ser se- guido, e 0 pesquisador leva o entrevistado 2 manifestar suas idéias espontaneamente. ida: quando segue um roteiro preestabelecido; 1.8.3 Formulério Técnica de coleta semelhante a0 Questionario. Trata-se do levantamento e preenche o rol de perguntas. No the o instrumento de investigacao. 0 &aplicado a pessoas analfabetas ou semi-analfabetas, enquan- 1.9 Antropologia Aplicada A Antropologia, que é por exceléncia a ciéncia do homem e da culcura, apre- senta dupla dimensdo: teérica e pi que se dedicam a investigacdo pura, buscam todo conhecimento pos leve & melhor compreensio d lade. De posse desses conhecimentos, mam-se capazes de deseni sando suas experién- mudangas. Trabalham também em beneficio das so- ciedades civilizadas, esperando contribuir para o bem-estar dos grupos humanos em geral e do homem em particular. Toda pessoa que pretenda a pratica antropolégica necesita de um ades- tramenco baseado no conhecimento de posigdes tedricas que fundamentam e orientam a acio antropolégica na compreensao e solu¢ao dos problemas. Entre ‘os numerosos conceitos consagrados pela Antropologia, trés so considerados basicos: aculturagdo, relativismo cultural e etnocentrismo. grupos cribais entre si, como os grupos do Alto Xingu (aculturagio intertribal). Esses contatos vém ampliando-se progressivamente ¢, em conseqiién .85.culturas simples ¢ isoladas esto mudanco ou desaparecendo rapidamente. ‘Criam quase sempre uma relagdo de dominac4o e de subordinacéo en “HGROS envolvides. A cultura dominance seus padroes c “as mais variadas, que acabam por provocai exigindo novo estorgo de rerior dessas culturas, desequilibrio tensio, iptago cultural, Todo sistema ci do contaro com o m fo e aceleracio. A impor- fos estudos aculturativos leva 4 compreensio dos problemas gerados qociermmente pela aproximacao unas, 1.9.1 Relativismo Cultural O conceito de relativismo cultural deve ser adequadamente compreendido por todos os individuos envolvidos direta ou indiretamente contato. & um principio que permite 20 observador ter uma vi seus Integrantes. Considerando a extrema diversidade cultural da humanidade, pode-se com- também suas convengoes relativas ao bem e mal, 20 moral e imoral io, BOTT (0, 20 justo e injusto etc. uma cultura deve ser compreendida e © que VENT, Ti quase sempre, cipios hum: DIREITO A AUTONOMIA TRIBAL. Os grupos humanos tém direico de possuir e fazer desenvolver a prépria cultura, sem interferéncias externas. Exemplo: os grupos foram at febalxo das pressdes da que sio nucleares em sua cultura, como, por exemplo, os Bororo. Os padrdes originais de sua cultura persistem, embora deformados, apesar do longo proces- so aculturativo a que o grupo est’ submetido. VALORES CULTURAIS. As formas de pensar e agir de grupos diferentes devem merecer o maior respélto passi astra -Pertencem. Exemplo: a prética da antropofagia entre os an sempre foi condenada econsiderada em ger A avaliagdo desses padrdes q «ural Tupi, mas de acardo com a ca do europen, emente etnoc&ntrica ETNOCENTRISMO. Deve-se considerar que 0 que jamais serviriam para outro modos de vida bons para (0s estudos dos grupos humanos vém demonstrando que, embora existam expressivas diferencas culturais, “outras culturas” no séo necessariamente in- . condenada pela Antropolo- gia, que defende o principio de que as culturas ndo so superiores ou inferio- Tes, mas diferentes, com maiores ou menores recursos, com tecnologia mais 1.9.2 Aplicagdes da Antropologia 0s antropélogos adotam procedimentos alicereados nos conceitos de rel vismo cultural e etnocentrismo, quando so chamados a desenvolver programas de acao junto a grupos humanos sujeitos a mudangas socioculturais. E 0 signi- ficado utilitrio da Antropologia, ou seja, © emprego pratico dos conhecimentos antropolégicos, colocados i disposi¢Zo da sociedade, colaborando, dessa forma, para o bem-estar dos grupos humanos sobre os qu: {A Antropologia Aplicada vem adquirindo importincia cada vez maior no mundo moderno, onde ento cultural é © papel da Antropologia Aplicada é bastante amplo: a) Empenha-se na solugdo dessas situacdes, procurando minimizar os desequilibrios ¢ tensdes culturais e sentando fazer com que as cultu- ras atingidas sejam menos molestadas e seus padres e valores res- dos. cM ea RENNIE CAEN COLONIALISMO. O antropSlogo preocupa-se com os problemas gerados jar essas populagGes, impedindo a (cultura dominance) em detrimento dos pa- PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO. Os antropélogos tém sido chama- dos a atuar m varias partes do mundo, ge- ralmente de ini a ONU, a Unesco etc; projetos de colonizacio de terra unto a sociedades camponesas, campanhas de saiide pi de comunitade ete, COEXISTENCIA POPULACIONAL. A coe? com a populacao nacional requer a adogao de pol cada realidade particular. No Brasil, por exemp cia. de populagées nativas s indigenistas adequadas @ © antigo Servico de Protecto fo pela Fundacio Grgio protetor da populacio tribal brasileira, que satisfatoriamente seus objetivos e metas (veja Ca- rulo 12). No Brasil, as frentes de expansdo econdmica (extrativa, pastoril e agricola) fazem contactar diferentes grupos tribais com a s asfo indigenista para amenizar os efeitos do contato, INDUSTRIALIZACAO. Nas sociedades civilizadas, a expansio da industria vem exigindo maior desenvolvimento da Antropologia Aplicada na busca de solugdes para os problemas decorrentes, sobretudo os referentes as 5 de trabalho: baixos sal late acl ee Slogo indagar as causas dessas tenses e procurar rio social nessas e em outras relagoes. logo € de relevancia, mas a perspectiva histérica tem de- monstrado que sua tarefa the tem sido decepcionante, em face das presses da culeura dominance, que nem sempre concorda com as posigdes teéricas © 05 ‘fagodos humanjsticos por ele adotadgs, ao desempenthar o papel de conciliador ‘entre 0 mundo dominante ¢ o dominado,

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