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wt poss com artigos adic mais de Nathaniel rand A yiRTUDE 0 egos? pun RAND oz nerd wt nt Conde Sprit pn Ropar laps Ge ion ind ce Oa tmp: Pai 7 Wf 8498374 CHA CATALOGRAFICA as gro ous a a 78 xe by RAND, yn ws e2 "tra eps / A Rade etn Ln Aston om kore Wanseseee ‘be ttn Ung Cane Mons Ba "Fore Ang: is elfen ae '50v ease 23 coun (Gibioteesra| Rosa a {Bites vesponsdvok Rosa Lica Vea Moidena Con © 96,164 Ay Rand (Copy © Te 190,18 Te Opt Newt, Do righ THE VIRTUE OF SELFISHNESS lsc etre ovals rs On 8. "eo se ing a 8, SUMARIO ‘Apresentagdo da edigio brasileira 1 Prefécio a edigfo argentina .... 9 Introdugio.. eee 1. A élica Objetivista, Av Rand Gel). 20 2, Sade mental versus misticismo e auto-Sactficio, Natha- lel Branden (1963). 48 3. A étca nas situagdes de emerpéncia, Ayn Rand (1963)... 57 4 Os “confitos” de interesses entre os homens, Ayn Rand (1962). cttne 66 ‘5. Nao somos todos egostas?, Nathaniel Branden (1962)... 78 6. A psicologia do praver, Nathanie! Branden (1961)...0.1. 80 7. A vida no requer um pacto?, Ayn Rand (1962) 9 8, Como levar uma vida racional numa sociedad jrracio- nal?, Ayn Rend (1962) iecinnns OD 9. Oculto da moral indefinida, Avn Rand (1965 9% 10. A fica coletivizada, Ayn Rand (1963). 103 1. Os construtores de monumentos, Ayn Rand (1962) 10 12, Os direitos do homem, Ayn Rand (1963) ..rneees 8 13, “Direitos” colevizados, Ayn Rand (1983)..ccccscnc 128 14, A natureza do governo, Ayn Rand (1968)... 1S 15, Financlamento do governo numa sociedade live, Ayn Rand (1964) : een 16, Osagrado dircito & estagnacto, Branden (1963) 151 17. Racismo, Aya Rand (1963) cs Fi 158 18 Individualismo falsificado, Nathaniel Branden (1962)... 169 19. A intimidagio como argumento, Ayn Rand (1964) 1B . ee eo 181 Notas APRESENTACAO DA EDICAO BRASILEIRA A contribuigao dada por Ayn Rand ao pensamento flosét ‘co deste século vem ganhando cada vez maior resonhecimento, es pecialmente nos meios académicos norte-americanos. Um mimero Sempre cresoente de fildsofos,economistas,historiadoresepsicdlo- 20s vem se debrucando sobre o legado intelectual de Ayn Rand, ‘como provam as diversas obras publicadas apés a soa morte, c0r- rida em 1982 No Brasil, Ayn Rand passou a ser conhecida do publico leitor através de seu fomance mats famoso, Quem é John Galt?, public- {do em portugués em 1987, exalos tenia anos aps a primeira ed ‘eo norte americana, Com A virtude do egoismo corres algo Thuito semelhante: um dos principals enssios deste iv (A dca Objetvista) foi originalmente apresentado como uma conferénc na Universidade de Wisconsin, em 1961. Hoje, devorridas nova- ‘mente trnta anes, os lelores brasileros ifm oportunidade de co- hover mais profuindamente a faceta filosdica de Ayn Rand. Este lio foi a primeira obra de nio-iceio publicada por ‘Ayn Rand, embora, na verdade, os seus romances no tvessem ‘um cardter puramente fccional. ‘Apés ter saldo a primeira edigao de Quem & John Galt?, em 1957, Ayn Rand dedicou-se exclusivs Josofia, 0 Objetivismo, numa publi vist Newsletier. Por meio desta e do * te", a Filosofia Objetivista ganhou um enorme impulso na déca- da de sessenta. Toda uma geragdo foi marcada pelo que esereveu ‘eensinou Ayn Rand naqucle periodo. Em meados da década de sessenta, a longa associaed0 entre ‘Ayn Rand ¢ Nathaniel Branden, que foi uma espécie de porta-vou 8 _Avirwde do egotime « intimo colaborador do movimento Objetvita, teminow, Eo fim dela acabou arrefecendo o proprio movimento que, aquela l- tura, j8 gankava corpo e se insinuava nos meios universtarios © na midia, Os livros de Ayn Rand, enretanto, comtinuaram a ven- der como sempre. No comega da década de oitenta, ela jé bavia batido a marea de mais de 20 milhdes de cdpias vendidas, entre ‘obras de flog nio-fiegtot ‘A publicaedo de A virtude do egoismo em portugués ¢ mais do que oportuna. Signifca o resgate de umm debate que ja deveria ter comerado entre nds ha trinia anos, mas que, incompreensivel- ‘mente, apenas agora e gracas a inicativa do Instituto de Estudos Empresariais, em inicio. Um debate sobre os fundamentos de uma sociedade de homens livres, os postulados étioos sobre os quais devem repousar as instituigdes socais, 0 verdadelro papel que 0 governo tem a desempenhar, 08 equfvocos filosSfeos que so mascarados pelo uso inadequado da ineuagem eas conseqien- cias de todas essas questdes para a sobrevivéncia do homtem, O livro que o leitor tem nas mos nig & um tratado de filoso- fia, como bem adverte @ autora em sua Introdugio. Tratase de luma obra que sistematiza alguns aspectos da flosofia de Ayn ‘Rand, anteriormente exposta em seus ivtos de fcydo, expecialmen- te Quem é John Galt? © The fountainhead, esa ttima ainda iné- dia em portugués, e a aplicaso da mesma a questées cotidianas. Embora escrito hi trinta anos, nenhum dos ensaios perdew atali- dade, Antes pelo contririo. Os problemas identificados por Ayn Rand continuam atuas e, dada a sua universaidade, também fo se setringom aos Estados Unidos, Para o letras basta tear, sem nenhuma difiuldade, datas e omes de protagonisias para tera impressio de que a autora se refere a fatos que ocorrem hoje neste pals. E ao final da leitura descobrrd a razRo para itso: todos 08 principais problemas que hoje enfrentamos s4o resulta- do de uma determinada visio ética do mundo, comum aos mais Livers periodos histéricos. F 0 Objetivismo se prope a desafiat eis Conepees aves fees ua alterna compat Céndido Mendes Prunes PREFACIO A EDICAO ARGENTINA lagi. Lias novas. Em todos os niveis eulturais — desde os citculos inteletuais mals soisticados até o homer comum, que steve acesso a uma ‘modesta iustrugo — se recamam por idéias novas. (0 pensador espanol Tulkin Marias, em uma conferéncia tea lizada em 12 de julho de 1983, em Buenos Aires, ‘a melancdica tristeza que me produz a decadénct ‘mundo” e assinalou come causa dos problemas cuciais da huma- hidade “a ulizagéo, em todos os niveis, de idfias arcaicas, que ‘fo tém mais nada a ver com nossa realidade atual”. Politicos, jornalisias, economistas, escritores, pensadores de todas as corren tes, juntam suas vozes a esta declaragto, “Antecipando-se a estes comentarios e aos de outros pensedo- res que cito aqui, Ayn Rand, em conferencias proferidas nas Uni- vetsidades de Yale, Brookline Colmbia, em 1960, pronunciow-se feveramente a esse respeto, dizendo: “... nunca antes o mundo clamou t2o desesperadamente por resposts a problemas eruciais femmes antes 0 mundo se apegou tio frenetcamente & crenca de que nto ha resposias possivis” ‘Vivemos um tempo de transigo, o momento de uma grande ‘mudanga. Como disse C. W. Ceram — autor de Deuses,tmulos fesbios — em sia obra Yestermorrow: “com 0 séulo vine es td's acabando um Periodo da histéria da Humanidade que abar- ‘et cinco milenios. Opondo-se a Oswald Spengler ea seu conerito fe que o Ocidente esti terminando, a nossa situaga0 no se ask melha a de Roma do comeco da era erst, mas sim & do homem ‘de 3.000 anos antes de Cristo. Da mesma forma que o homem pré histérico, levantamos of olhos eenfrentames um mundo completa- 10 _Avierude do egotime Um sistema de vida vai chegando a0 fim ¢ um novo surge adequando-se&realidade eas necesidades de hoje, Todos nés no. amos que as respostastradiconais, que nunca soiucionaram na- da, deizaram de ter qualquer efeto: que fazem falta concltos no- vos, slidos, coerentes, que ponham fim & defasager intelectual entfe 0 colossal avango texnol6gieo ¢ 0 confuso conjunto de iias falavieas que o homem moderno continua aecitande somente por tradigao, “Aperceber-sedisto, naturalmente, gera nos homens uma sensa- fo de inseguranca e angistia. E 0 medo do novo, do desconkeci- do, Presos em seus pequenos e — para & maioria — desconfortt- ‘eis ninhos, as pessoas se agarram a eles emendo © momento de absir suas asa8€ voar. ‘A madange jt es presente, Herber Read, flésofo biténico da arte, disse que: “Nestes teanpos partiipamos de uma mudan- ‘8 to fundamental, que devemos retornar um longo percurso pa fa encontrar um paralelo. Talvez somente comparavel & mudanca setileads no tino do perodopaelisy na tanto para © neoltico.” Esirulurasarcaicas so derrubadas, Da mesma forma que aque: ls devores que eeescem © mudam com cores, também o homem terd de abandonar suas idas, suas crencas e suas vivéncias total mente esclerosadas, mais adequadas a um ser iracional ¢ indefe- s0 do que a sua condieio de explorador do espago e do éromo, criador e modificadr da vida, conquistador da Natureza, Exias novas idéias, ese moderno fondamento de existéncia exigido pela realidade atual, foram concebides por Ayn Rand, ‘quem langou a0 mundo, entre 1933 e 1982, sua Filosofia Objetivista, ‘Com uma clareza de raciocinio que & converte em gigante da flosofia, elaborou, com precisio matemitics e simplicidade qua- se inaudita a perfeta concatenacto de um sistema filosdfico racio- nal carente de contradisbes, esritamente baseado na légica e na realidade, e coerente com a'natureza do homes. ‘Suasidéias, combatidas e condenadas por intelectuais, pseu- dorintelectuais misticos aferrados a atigas estruturas decadentes, foram passo a passo abrindo caminho nos circulosinteectuais mais flexveis, predspostos a mudangas, especialmente enre est Precio edie ergentinn 11 antes niverstéios. Hoje em dia se comesam a notar os efeitos. Na Noruega,o politico Anders Lange declarou publicamente que ‘a plataforma de seu partido se funda na fllosofia de Ayn Ran, Igualmente os “libertrios" dos Estados Unidos reconhecem nela afonte e o guia. Colaboradores da pensadora, tis como 0 econo mista Alan Greenspan, atuaram como conselheitos do Presidente Ronald Reagan 'As recentes viradas editorials nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha Federal, ucla, Austra, indicam que as ideias de liber: dade e de ditetos do individuo — coluna vertebral da Filosofia, ‘Objetivsta — comegam a firmar-se. ‘A obra filosofca de Ayn Rand abarca os cinco ramos que compéem a flosofia: metafsica, em seu livro Philosophy: Who needs i epstemologia, a cgucia do conlecimento, em Iniroduc don 10 Objectivist epistemology; étice, nese livro; politica, em (Capitalism, the unknown ideal, «esta, em The romance manifesto. ‘Outros livros da autora sao seus romances Quem é John Galt? (Atlas shrugeed)*, We the living, The founiainhead, Anthem, The hight of January 16th, The new left: The ant-indusirial revolution For the now inellecrual. As idéas de Ayn Rand apresentar-se- 4o ao Ieitor como um verdadeiro desaflo, uma fllosofia absoluta- ‘mente nova, integra e sem claudicagdes. Conhec&-a € imprescind- vel ¢;afina, inevitivel Bertrand Russell, que } nfo concordaria com as idéias de ‘Ayn Rand, disse, em sua obra Fundamentos de flosofia: “Neah- ‘ma Filosofia pode passar sem prestar atenelo is mudancas nas nnosss idéias do mundo flsico que os homens da cifnciaacredita- ‘am necessrio intreduzir: pode-se dizer, com rao, que todas as Filosofia tadicionas serao descartadas, que teremos de comogar dde novo com 0 menor respeito possvel pelos sistemas do passado, Nosso tempo penetrou mais profundamente na natureza das coi sas como nenhum outro, ¢ seria inadequadamente modesto sobres- timar 0 que ainda pode-se aprender com metafisicas dos séculos XVII, XVII e XIX" Ts sat fo pt on pat io Quen Sob Cal? Ride five, ge, BOF ONT 12 _Avitude de egoteme E J. Bronowski, 0 sbio autor de A ascensio do homem, advertiu em 1972: “O conbecimento é uma responsabilidade pela integridade do que somos, primordialmente como eraturas étcas. Endo podemos manter essa intcgridade se deinamos que 0s de- ‘mais drjjam o mundo por nés, enquanto nos dedicamos a viver ‘com base numa moral vinda de crengas passadas, Dagul a eingien ta anos, se 0 conkecimeato da origem do homem, sua evelugde histéricé e seu progresso, ndo for lugar comum os liveos-(eXto, cei no existremos mals.” ‘A seguir, como breve biografia de Ayn Rand, et transcrto parte de meu artigo Ayn Rand e a Filosolin da Razio, que, co- ‘mo uma homenagem e coincidéneia com 0 primero aniversrio Ge sua morte, fo: publcado em 6 de marco de 1983 no jornal La Prensa, de Buenos Aires. ‘A'sra. Ayn Rand nasceu em 2 de fevereico de 1908, em Sao Petersburgo, hoje Leningrado, no seo de uma fama judia de clas: ‘se média. Graduou-se na Universidade emt 1924 enquanto enfrenta- va 0s horrores da revolugio comunista. Em 1926 conseguiu emlgrar para os Estados Unidos, dirigin- do-se a Hollywood para trabalhar como extra de cinema e ajudan- te de roleirista. ‘Ao longo da década de trina, iniciow sua carrera de roteeis- ta para a Universal, Paramount e MGM. Também redigia seu pri- ‘miro romance We the ving — uma obea comovedora, ambienta- da na Ribs, sobre as condides de vida dos habitantes submeti- dos a um sistema de governo totalitsio. Sobre esta obra di nfo é um romance sobre s Rusia Sovitica. E-um romance sobre © individuo contra o Estado. O tema bisico € a sacralidade da vi- dds humans, nfo no sentido mistico, mas sim no de “valor supre- mo". Durante 6 governo de Mussolini fol flmada uma versdo pi- rata desse romance — protagonizada por Alida Yalll ¢ Rossano Brassi—, a qual fol seqlestrada pelo proprio yoverno fascista que hhavia auforizido a filmagem, ao se dar conta de que 2 obra no apontiva contra uma ditadara em particular, mas sim contra (o- das elas em geral. We the living, entrtanto, a0 ser publicada em 1934, fol des- ‘trogada pela critica literdeia da época — jd entéo substancialnien- te invadida pela inteleetualidade esquerdisia — e (eve que esperar Praléclo 8 eto ergenting 13 até 1966, quando a primeira reimpressio alcancou 400.000 e6pias. Hoje em dia a obra ja vendeu mihdes de exemplarese fol traduri- {da para os principas idiomas. ‘Pouco antes de publicar We the living Ayn Rand apresentow 12 sua primeira obra teatral — Nolte de 16 de janeiro —, que se onverteu em umm dos cisscos do teat norte-americano. ‘Em 1938 ela publicou — na Inglaterra —o romance Anthem, sobre uma sociedade que proibiu 0 uso da paluvra “eu, trocan: ‘do-a por "6s", ea Tonga‘e penosaIuta de um homem pata redes- cobebla. Em 1943 velo & luz The Fountainhead — ovtra obra que atin- iu cifras miliondrias de vendas em todo © mundo —, uma epo- ‘ein de um arquiteto que faz voar para os ares sua propria eiasao 4 descobrit que © seu desenho fora adulterado. Essa obra foi le vada paras folas do cinema através da interpretagao de Gary Co- ‘oper e Patricia Neal Sua principal obra foi publicada quatorze anos depois. Atias shrugged & um dos elasscos da literatura norte-americana, haven~ ‘do ja ammplamente superado os 10 milhes de exemplares na versio de lingua inglesa. A parti desse momento, ¢ devido ao extraordi- nirio interesse que despertaram suas idias, principalmente entre ‘8 jovens universitarios, Ayn Rand se dedicou ~ com 0 apoio de ‘olaboradores como Nathaniel Branden, Robert Hessen Leonard Peikoff — a popularizar sua filosofia através de livros, revistas © conteréncias em univetsidades, etc ‘A Sra, Rand morteu na cidade de Nova Torque, em 6 de mar- 0 de 1982, ‘Mantred F. Schieder INTRODUCKO © ula dese lio pode dspetat otpo de pereunta que cusp de Yer em quando: "Por gue v0 utes & plora “gai ‘no para denotar qualidadesvirtgosan de criet quando es e- Tava ei antagonism ete anias pessoas are Guo ea do SP alfa mesmo que para vce?" Para aquees que fazem esta pergunt, minha respotaé “Po- ta rao que faz voc fer medo ela Mash outos que no aiam ela pean, setindo a co- vardia moral que a mesma sere, © gue so, condo, ieap 2es de formulrriha rado tel ox dential & roe uc {io moralenolida.Paals que dare uma respost sale ‘No 6 una mera questo semis, nem um problema dee colha arbi O sgificao sribuldo pelo uso popular & pala vra “eeosno™ nfo et, simplemente, ado: repreeata una te Hrerscto intial devasadors que & responsive mais do ue fuaguer oUto Tntor, peo tetilodesenvlvimeno more! aa Henan, 'No uso poplar, paves “esoismo" & um sindrimo de mal dade 9 Tmagamn gus invoes¢ dum brtsnones homicide bisa sobre plas de caderes para sansa eu proprio objets, {ue mo se importa com nenhum se vvoe persegue apenas ae Compens de apices inconseqentes do momento ime, Prd, o saifendo exatoc dfinao do dono para pala egoiano” &preeuparSo com nsspepras intros Este consto mio incu avaigin moral nto nos di se pre: cupasto com os noses propros ineresss how ou my em ‘nos diz o que constituem os interesws reais do homem. E tarefa dn ca responder as quests. ‘A tica do akrufsino crow a imagem do brutamomes, sua faposan fi de fazer os homens aesitarem dot piniplos desumanos: @) QUE quslguerprencupegdo com nosos propos in tts € nociva ngoinportando © que ee interes pos representa, e (6) que a avidades do brulamontessio, na ver {ger favor dos nossos propio inerese (uo ara Hit poe to homer) renunla plo bem de seus Vizinhos. Para uma visto da natireza do alrulsmo, sas conseqitncias c a enommidade de corrupezo moral que perpeta,resomnendo al {ura de minha obra ds shrugged — ous qualquer uma da mare theses dos omnas de hoje. O-qu nos reocupa aqui € a omissio 4p aliusmo no campo ds teorla da ea. Ha dos auestionarintor moras que oalusmo reine den- tro dew diniso "paca (1) 0 questo valores? @) Quem deve S50 teed aoe? ao sb 0, iro fo segundo; ee foge da taefa de defini um cbdigo de valores Tora, deando © homem, assim na verdade, sem drtriz moral ‘atrulsmo destara que qualguet ago pateadn em bento dos outtos€ boa, e qulguer ago paleada em nosso prbpio be netic € mé, Assi, o bnefeiio de uma aio €o neo créio Ak valor morale sontano que © Benfica sea qalgue un, Salvo nds mestos, do passa Ser Vado. ‘ala imordade abstr, a injustice bic, 0 goes cos padbes dupls, os conlitos eas cotralgbes insclvels que {En caracerzad os relaclonamettos humanos ew sociedades ho- tmabas através da bistra, 200 todas as Variants da ca aus ‘Observe a indecnen do qe se consieram jlguments mo- raisatulmente, Um industri! que produ uma fortuna eu gng- Ser ve rouba um banco so consderadosigualmente moras 6 {que ambos procuraam fortuna para o seu proprio benliio ego ‘ha Um Jovem que deste de nia caer para susentar Ses palscnunca se alem do post de empregad de mercaria con lerado moctment pero aque que suport uma lita dif f conguista sia ambiglo Pessoal Urn dlador € eonsiderado mo- fal dade que as indeseivelsaosiades cometdastenham tido {intense benefice "0 pov” no a le mesmo verve o ue et cto moral, que conser apenas 0 be Si, fad vida de um homem. Aprncracoa quel spre 16_Avitde de eget “ de € que a moraldade € sua inimiga: no gant nada com ola, apenas perde; tudo o que ele pode esperar sto perdas auto-impos- ls, dores auto-impostas e 0 manto cinzento e deprimente de uma cobrieacéo incompreensivel. Ele pode esperar que 0$ oulros pos: ‘sam, ocasionalmente, sacrificar-se em seu benefiio, assim como ele se sacifia de ma vontade, em benefcio dees, mas ele sabe due tal relacionamento s6 produsiré resentimentos mituos, no prazer — e que, moralmente, esta busca de valores serd. como luma troca de presentes de Natal ndo desejados e nao escolhidas {que nenhum deles se permite, moralmente, comprar para si mes- ‘mo, Exceto nos momentos em que conseguir realizar algum so ‘deauto-sacifcio, cle carecer, como pessoa, de qualquer significa- ‘do moral: a moralidade ndo toma conhectinento dele ¢ niio tem nada a dizer-the como orientacdo nas questdes crisis de sua vi- ‘da; esta € somente sua vida pessoal, privada, “egoisa” e, como tal, €considerada, ou maléfica ou, na melhor das hipéteses, amoral, Dado que a natureza nfo prove 0 homem com uma forma automatica de sobrevivéncia, dado que dle tem de sustenar sua vida através de seu proprio esforco, a doutrina que diz que a pre- ‘eupagao com nossos préprios interesses & nociva significa, conse- Aientemente, que 0 desejo de viver do homem & nocivo que a vida do homem, como tal, € nocva. Neahuma doutrina poderia, Ser mais nociva do qu est. ‘Todavia, este €0 significado de altruismo, implicit nests exem- plos que jgualam um industrial a um ladro. Ha uma diferenga ‘moral fundamental entre um homem que vé seu autovintresse na produgdo e um outro que 0 vé no roubo. A maldade de um Is- {rio mio repousa no fato de que ele persesue seus proprios interes- Ses, mas no que ele considera come sendo seu proprio interese; ilo no fato de que ele busea seus valores, mas no que ele escolheu para valorizar; nio no fato de que ele deseia viver, mas no fato ‘decle querer viver um nivel sub-humano, (Veja A ctica Objetvista.) Se for verdade que 0 que quero dizer com “egoismo” nao & © que significa convencionslmente, entdo esta 6 uma das piores acusagdes que se pode fazer contra oaliruismo: significa que 0 al- truismo mo permite conceito alum sobre um homem que se al- torespeta e € independente economicameste — um homem que sustenta sua vida através de seu préprio esforgo e nem se sactili- notte 17 ‘a pelos outros nem sacrifica 0s outros por si. Isto significa que © alirusmo nao permite outra visdo dos homens, que ndo seja a {de animais para sacrifcio e benefcirios-do-sacrificio allel, co- Ino vlimas € paraslas — que nio permite 0 conceit de uma coc- ist@ncia benevolente entre os homens — que nao permite o con- ito de Justiga ‘Se vac se pergunta quais sBo as razdes por tris da feia mistu- ra de cinismo ¢ culpa na qual a maioria dos homens desperdica Stas vidas, estas SB as razbes: cnismo, porque ees ndo praticam hem aceitam a moralidade altruista — culpa, porque eles no se arevem a refit. aa rebelar-se contra um mal to devastador, € preciso rebe- lar-se contra sua premissa basica. Para rediir ambos, o homem ‘2 moralidade, &9 conceito de “egoismo” que se tem de redimir. 1 primero passo & defender o direlto do home a uma exis- éncia moral racional — que &: reconhecer sua nevessidade de ‘um ofigo moral para guar o rum ea realizagao de sua propria vida. Para um breve esbogo da naturezae da validade de uma mo- ralidade racional,veja minha palestra sobre A étien Objetivisis, ‘Que segue. As raz6es pels quals © homem precisa de um cédigo ‘oral dirdo a voot que o propésito da moralidade € defini os in- {erestes ¢ valores adequados ao homem, que a preocupasio por seus proprios intereses € a essircia de uma existéncia moral, € {que o homem deve set 0 beueficiro de seus prOprios alos moras. ‘Dado que todas of valores tfm de ser ganhos e/ou mantidos pelas ag6es do homem, qualquer brecha entre 0 ator e o beneficid- fio implica uma injustga: o sacrificio de alguns homens em favor fe outros, dos que agem em favor dos que no agem, dos que tém ‘moral em favor dos imorais. Neda poderia jamais jusificar tal brecha, e ninguém nunca o fer. '\'escolha do beneficitio dos valores morais ¢ meramente uma questio preliminar ¢ introdutéria no campo da moralidade. Nao é um substituto para a moralidade, nem um eritério de valor ‘moral, como € apresentado pelo altrusmo. Nem € tampouco um fundamento moral: cla tem de ser dervada de evalidada pela pre mmissas fundamentals de um sistema moral ‘A dtca Objetvista sustenta que 0 ator deve ser sempre 0 be- neficirio de sua ago, © que o homem deve agir para seu pr6prio autointeresseracional. Mas seu dirito de fazer tal cols ¢ deriva: do de sua natureza como homem ¢ da fngio dos valores morais ‘a Vida humana — e, por consesuine, &apicivel somente no con: texto de um cddigo de principios morais racional, ebjeivamente ddemonstrado e validado, que defina e determine seu real sutovinte- ese. Ndo & uma lcenca “para fazer 0 que Ihe agrada”, e nfo é aplicvel & imagem altrusta de um brutamontes“‘egoiia”, nem ‘2 qualquer homem motivado por emogdes, sentimentos, impulsos, desejos ou caprichos iracionas. Tsto € dito como uma adverténcia conta o tipo de “eyoisas| niewschnianos” que, de fato, sio umm produto da moratidade al- ‘uistae representam 0 outro lado da moeda aliruista: 0s homens {ue acreditam que qualquer ato, nlo importando sua natureza, & bom, se pretendido em benefico proprio. Do mesino modo que asatisfagdo dos desejos iracionais dos demais nao ¢ ur critério de valor moral, no o € também a satisfagdo de nossos proprios esc iracionais. A moralidade nfo € um concurso de caprichos. (ja artigos de Branden, Individualism Fabsifieado e Nao somos todos egoistas?, que sewues.) ‘Um tipo de ecro similar ¢ cometido pelo individno que decla- ‘a que, jf que o homem deve ser guiado por seu proprio julgamen- to independente, qualquer ato que ele escolha realizar € moral, {contanto que ele 0 Taga, Nosso proprio julgamento independente £0 melo pelo qual nds devemos escolher nosso ats, mas no é ‘um eftério, nem uma justficativa moral: somente a referéncia a um principio demonstrével pode validar nossas escolhas. ‘Assim como 0 homem ndo pode sobreviver por quaisquer ‘meios aleatrios, mas deve descobrire praticar os prinepios que sua sobrevivéncia requer, assim tampouco pode 0 auto-interese ‘do homem ser determinado por desejos cogos ou caprichos arbitra ios, mas tem de ser descoberto e conguistado sob a dietriz de principios racionais.F por isso que a dica Objetvista é uma mora- lidade de auto-interesse racional ~ ou de egolsmo racional. Dado que 0 egoismo &*‘preocuparao com nossos préprios in- teresses”, a dca Objetivistautza este conceit no seu sentido mals puro ¢ exalo. Nao é um eanceto de que se possa render se 405 nimigos do homem, nem aos falsos concetos, distorobes, Pre- ‘conceitos e medo dos ignorantese dos irracienais. O ataque a0 “e- amoduite 19 goismo" & um alaque & autoestima do homem; tender um & render 0 outro. ‘Agora uma palavea sobre o material deste vo. Com excega0 da conferéncie sobre dca, trata-se de uma coleggo de ensaios pu blicados em The Objectivist Newsletter, um periddico mensal de dias, editado e publicado por Nathaniel Branden ¢ eu. Este bole tim trata da aplicacdo da filosofia do Objetvismo as questées ¢ problemas da cultura atual — mais especficamente com aquele fivelIntermedidrio de interesse intelectual que repouse cotze as absiragdes flosofieas © as idéias joralisices concretas do dia-2 fia, Seu objetivo ¢ prover os leitores com um marco de referéncia, Flosica consistente. xa colegdo nao ¢ um tratado sistemético de ica, mas uma série de ensaios sobre aqueles temas étcos que precsavam de esca- reclmento, no contexto atual, ou que tinham se cornado confusos pela influéncia do altrusmo, Voce pode observar que os titulos {de alguns ensaios estdo na forma de pergunta, Estes vim de n0s- 50 "Departamento de Munigso intelectual”, que responde as per- ‘muntas enviadas pelos n0sss litres. Ayn Rand (Nova Torque, setembro de 1964) P.S, Nathaniel Branden ado & mais ligado a mim, a minka Mlo- sofia ou ao The Objectivist aatigamente The Objectivist Newsletter). {Nova Torque, novembro de 1970) A ETICA OBJETIVISTA Ayn Rond J4 que vou falar sobre a ética Objetvista, posso comesar citando sew melhor representante — Jobn Galt, em Atlas shrugged: “Durante séeulos de agelos e desasies ceasionados pelo set cebdigo de moralidade, voeésgrtaram que seu oédigo foi quebra- do, que os tormentos eram punigdes por ndo havé-o respeitado, ‘Que 0s homens eram fracos ¢ egoistas demas para derramar todo © sangue enisido. Voots ammaldioaram o homem, amaldigoaram a exis@ncia, amaldigoaram esta terra, mas nua se alreveram a ‘Questionar seu cGdigo... Voo8s continusram clamando que o 52 csidigo era nobre, mas @ natureza humana ndo era boa o sufiien- te para pratici-o, E ninguém se levantou pats perguntar: boss? = por qual crtério? ‘cts quetiam saber a identdade de John Galt. Eu sou 0 ho: smem gue fer avelapereunia Sin, esta una era de eie moral. Seu e6go moral slean- ous in, ube em aa 2 inl dos a, Ee ‘oot desi contiar viendo, o que prea agora nto € efommar Nioradade. mas descobreia” ‘© que morale, ou esa? E um cio de valores que orienta as escalhase as agdet do homem ~ escolhaseagbes eas Aue deerminam 0 propésto eo rome de sua vida. Alc, 0: ‘no Gena, fata da dssoberta eda dfiniso dese bio. ‘rita perpunta que deve ser respond, como sa con- isto previa de dualqurtetatis ara defn, para les 08 ra acciae qualquer sistema especticn deca, €or que o home A tice bjetvine 21 precisa de um cédigo de valores? Deixeme resaltar isto. A primeira pergunta no Aigo espesfico de valores o homiem deve aociae? A primeira per fgunta & 0 homem precisa de valores, afinal ~ e por que ‘Serd 0 conceito de valor, de “Bem ou Mal”, uma invengdo ‘humana arbitrata, ndo relacionada, ndo derivada, eno sustenta- dda por nenhum fato de realidade — ou esti ele Baseado num fa ‘to metafisico, numa condicio inlterével da existncia do homer? (Uitiliz a palavea "aietafisica” sgnificando: aguilo que diz resp to a realidad, A natureza das coisas, & existéncia.) E deereto de luma convengio humana arbitrria, de um mero costume, que © hhomem deve orientar seus atos por um conjunto de principios — ‘ou existe um fato da realidade que exige isto? A ética & 0 terst6- Flo dos eapriehos: das emogSes pessols, coavencOes soca ereve- lagdes misticas — ou & 0 teritrio da razio? A ética & um Toxo subjetivo — ov uma necessidade objetiva? "No triste registro da histria da dtica da humanidade — com poucas, raras e malogradas excogdes — os moralistast&m conside- Fado a dlica como um teritrio dos eaprichos, isto &: do iracio- nal. Alguns deleso fizeram explicitamente de propésito ~ outros {mplictamente, por omissso. Um "capricho” & um desejo experi- ‘mentado por una pesoa que do sabe e no se importa em desco- bir sua causa. Nenhum flgsofo dew uma resposta racional, objetivamente demonsravel e clentfica, & pergunta do porgué do homem preci- sar de um cddigo de valores. Enquanto esta pergunta permanccei inrespondida, nentuim cédigo de cica objetivo, racional e centf- 0 pide ser descoberto ou definido, O maior de todos 0s filbso- os, Arist6teles, ndo considerava a ética como uma cgncia exata; cle baseou seu sistema élico em observacbes a respeito do que os Ihomens sibios e nobres de seu tempo escola para fazer, deixan- do sem resposia a8 perpumlas: por que ees escolhiam fazBlo, © [por que cle os considerou nabres e sbios. ‘A misioria dos filsofos consideravam a existéncia da ice c0- mo certs, como um dado, como um fato histérco, e ndo esavam interessados em descobrir sua causa metafsica ou sua validacdo ‘objetiva, Multos dles tentaram quebrar o monopélio tradicional ‘do misticismo no campo da ética para, supostamente, definic uma 22_Avinude do opine ‘moraidade racional, cemifica © ndo-seligiosa. Mas suas tentativas consistiram em aoeiar as doutrinas dticas dos misticos iratando de justifieslas sob fundamentos socials, meramente substituindo Deis por Sociedade. ‘Qs misticos deciarados sustentavam a arbitriria¢ inexplicivel “vontade de Deus” como o padrio do bem e como a validagao de sua ica. Os neomistcos subsituiram-no por ""o bem da socie- ‘dade’, caindo assim na circularidade da definigao de que 0 crite rio do bem € aquilo que é bom para a sociedade™. Iso significou, ha I6gica — e, hoje, na prética no mundo inteiro —, que & "'ocie- dade" mantém-se acima de quaisquer prineipios de éica,j4 que tla € a fonte, o padrio eo crtério de ica, fa que “0 bem” € tu do 0 que a sociedade dessa, tudo © que ela pode reclamar como sendo seu proprio bemestare prazer. Ito significou que a “socie- dade” pode fazer o que ela quiser, ja que “o bem” & tudo aqui- lo que ela escolhe fazer simplesmente porque cla esolhu fazé-0. EE, ji que nao existe uma entidade tal como a“'sociedade™, jé que 1 sosiedace 6 apenas um niimero de individuos — isto significou que alguns homens (@ maioria ou qualquer gangue que reclame Ser seu porta-voz) esto elicamente autorizados a persepulr quals- {quer caprichos (ou quaisquer atrocidades) que desejem perseguir, enguanto outros homens estdo eticamente obrigados a pasar suas Vidas a servigo dos desejs desta gangue. Isto difisimente poderia ser chamado de racional, no entan- {0 a maioria dos filésofos devin agora declarar que & razio fa Thou, que a tia es fora do poder da azo, que nao ha éica ra ional que possa ser definida, e que no campo da dtica — na es00- Tha de seus valores, de suas ag6es, de suas ocupagdes, das metas de sua vida — © homem deve ser guiado por alga mais do que a razio. Pelo qué? Fé — instinto — intuigao — revelagdo— sent- ‘mento — gosto — impeto — dessjo ~ eapricho. Hoje, coma no passado, a maioria dos fildsofos concordam que o padrio tltimo Ga tice’ € 0 expricho (eles 0 chamam de “postulado arbitério” ‘ou “escolha subjetiva”, ou ainda ‘‘compromisso emocional”) — ¢a baralha € apenas sobre a questdo: 0 capricho de quem 7: seu prdprio ou da soviedade ou do ditador ou de Deus. Mesmo disco dando entre si sobre outros temas, os moralisias alualsconcordam que a ica € uma questo subjtiva © que as ts coisas proibidas Ace Objetvie 23 0 seu campo so: razio ~ conscitncia ~ realidad Se voce se pergumtar por que o mundo hoje est afundando ‘mm um inferno cada vez mais profundo, esta seré a taro. Esta éa premissa da ctica modersa ~ e de toda a historia a dtica — que deve desafar, se voo? quer salvar a ciilizag. ara desafiar a premissa bisica de qualquer dscplina, deve ‘mos comiejat peo inicio. Na étca, deve-se comecar perguniando: (© que so valores? Por que o homem necesita valores? Valor” € tudo aquilo pelo qual alguém age pasa conseguir ce/eu manter, © conceito de “valor” nia & um conceit primatio; cle pressupde uma resposta& pergunta: de valor para quem e pa: 120 que? Ele pressupoe uma entidade capaz de atuar para ating ‘um objetivo frente «uma alternativa. Onde ndo existem alterna ‘vas, ndo slo possiveis em objetivos nem valores. Cito do discurso de Galt: “Hi apenas uma altemativa funda- ‘mental no universo: ensténcia ou nao existéncia — e ela pertence ‘uma tnica classe de entidades: & dos organismos vivos, A existén- fia de matéria inanimada ¢ incondicional, a da vida nao: depende de um curso especifco de ago. A matéria ¢ indestrtivel, ea mu- dda suas formas, mas nfo pode parar de exist. Somente um onga- nhismo vivo enffenta uma alternativa constants: a questio da vida ou morte. A vida um processo de acdo auto-gerada eauto-sisten- ada. Se um organismo falha nesta aco, ele morre; seus elemen- tos quimicos permanecem, mas sua vida cessa de exist. E somen- te 0 conceito de ‘Vida’ que faz 0 conceito de ‘Valor’ possivel. E peas para uma entidade viva que a coisas podem se boxs ou mis." Para tomnar este ponto totalmente claro, tente imaginar um robé indestrutve, imortal, uma entidade que se move e age, mas ‘que no pode ser afeiada por nada, que ndo pode ser mudada fem qualquer aspecto, que nfo pode ser danificada, machucada ou destruida. Tal entdade no seria capaz de ter quaisquer valores: ‘lo teria nada para ganar ou para perder; ela ndo poderiaconsi- derar nada como sendo a seu favor ou contra, servindo ou amea- sando seu bemestat, preenchendo ou frustrando seus inereses, Ela nio poderia ter nenhum interesse ou abjtivos. Apenas uma entidade viva pode ter objtivos ou origins-os. E somente um ofganismo vivo tem capackdade para realizar agBes uto-geradase diigidas a um objetivo. Ao nivel Tso, as Funges Ge todos os orzaismes vos, do mats sinples ao mss complexo Gf steiva nasa nk de una ameba& cease do sangucno corpo de un homett—, so ages grads plo ‘mio organo crgidae a um tnico objetivo: a comservayae da ida do sats” Avid de um orgnismo depende de dais ators: o matral ou combust! que cle nesta do lado de fora, d sea melo an Biete ico, e aa desu prio conpo de ular ete com ‘use! apropriadamente Qual €0 eo que determina o que € anropriado neste conexo? O ertro ¢ a vida co organs, ut alo que € xigio para a wooreviénca do organs. © erganizo no pot erhursa oppo net questo: ag to exh pre sua sobreiéaca € dternnado pla su mare ‘4, telotipo de enldade que € Muitasvaragds, mats formas A saptagdo ao meio ambente do posses aun oransmo, ie Sluindopovblidade de esi duane umn tempo numa cova gi icp, de 0 ov doa, ms hea fundamenal de ua exsacapermanece a mesma eu organi ‘mo falha nas fnede bcs eid por oa nateen se 0 protolasi de una ane css de slr coma, ou se oc. farlo de um homem pita de baer, ele nome. Num setdo findamental, »‘nfoagio & a anes Ga vida vida pode se tanta na extneia apenas por proceso cosa Ge set0 de ausstentado, 0 dbjatv dea gto, o valor sure sue, ara ser mantdo, deve se ano atraves de cada tn de seus Ietos, a vida do organism, Un valor supremo €agule objetivo final para gual todos ox abjatvos menoes sto mils“ ee exabeler 0 cto pelo hal todos o obstivor menores so vlorados. A vida de un or fnoismo € 0 seu padrd de valor: ago ue promove sus vida € Stem, alo que a ameaga¢'0 ma ‘Sim um ebjaivo iio 0 ith, 080 pode aver objetivo ou meios menores uma sre de mos ue avangam em ma Peo. resid infnta na diego dem fim inexente ¢ unt impos fdade metaiscn epsematigica. £somente um objev ulin, um fim em si mesmo, que fa posse a expen de vane. Met laiscament, avila £0 no fenOmeno ae umn fin ey mmo: um vale panko © mando por um proceso constant de ‘Asta Objotvina _ 25 0. Fpistemologcamente 0 consito de “valor” € gensticamen- iS dependentee derivado do conto anecedente de vida" Fa lide “valor” separadamente de “vida” € pir do qu uma con traigio em termon, "E some o conesita de Vida" que tras yossne 0 conceto te “Nar Ti respsta gels fisof0s que argumentam que enh tna rela pode sr estabeleci ete ov fist ou valores dtimos {os fates teldade, dene-ne rowaarqe ofto de entdedes Sivas ene Tunsionarem nesta entnca de valores {um valor timo, que pata qualquer enidade viva ¢ su propria ida Conseqenteienee 4 raidagio dos julamentos de valores Une ser ebida baseandese nos fos da rela. O fo de que sms ented vv, determin o que ela deve fazer Iso £0 sie inte no queserefeea gusto da laaoenteo seh e0 "deve “Agora de que manna sr humano deiobre 0 comet de “alor"? Por quais meio eles orna pea primeira ver cons Slenttdn questo do bem e do mana soa fora tas sme Medians sensages seas de praze ou dor. Asim como as - ‘ages so © primero pass no Gesenvolvinenio de uma const sia hnnana go terreno da sognilo, asin Lambe so 00 te 10 da valor, ‘anata de experimentar prazee ou dor € ita n0 cor to do ser hamano:& pert de sua natures, Parte do tp de et Baas que el ¢ Ee ogo tem escofha a et resp, asin como tampouco fem escola sobre o erro que dtemioa 0 qe © Ts ‘henperimentar a sensaeo Toca de paver ou dor. Que eitéto € ‘Ste baa vid, (Omesaismo praze-dor no corpo de um homem — ¢ nos corpos de tos os egansmosvivos que poser ful dt Sonseiaca — sere como um guardo automatic da vida do or- tans. A sensgiofisea de pacer € um sal indicando qe © ‘rganino est persetinco 0 cro ceo de ado. A Sensap is- carde dor ¢ um iso de petig,indiando qu o opanistin Pereguindo ocuro eado de #520, que ago est inerferindo ma Fins adequaia do seu corpo, 0 ee eae ima aio corre ‘tenor lastrasio dio pods sr sia has ratios © morstruosos esos de clans que ascem sem a capacdade de experimentar ‘or fiscal sansa fo sobrevvem por moto Tempo: as nO tm meios de descabrir@ que pode Ferilas, nentum sina de adver téncia, consegientemente, um corte insignificance pode desen volver‘ numa infecgdo mortal, ou uma doenga grave pode perma necer sem ser detecada até ser'tarde demais para combat, ‘A conscincia — para aqueles organismos vivos que a pos suem — €0 meio bisico de sobrevivenci. (0s organisimas mais simples, como as plantam, podem sobre: viver por meio de suas fungies fsicas automticas. Os organismos superiores, como os animais e o homem, no: sbas necessidades slo mais complecas, eo seu raio de agao é mais amplo. As fun- bes fiscas de seus corpos podem executar, automaticamente, s0- ‘mente a tarefa de ulizar 0 combustivel, mas ndo podem obler es fe combustivel. Para obté-fo, os organismos superiores precisam ds Faculdade da conscigneia. Uma planta pode obter sua comida 9 solo no qual ela crese, Lm animal tem que cagila, O homem tem que produziia, Umma planta no tem escolha de ago; os objetivos que ela persegue so automiticos ¢ inatos, determinados por sua nature- za. Nutrigdo, agua, luz solar so valores que sua natureza determi- ‘not que procurasse, Sua vida ¢ o eritrio de valor divigindo seus alos. Existem alternativas nas condigdes que encontra em seu meio ambiente fisico — como calor ou Tro, seca ou enchente —, e hi cettas apdes que € capaz de excautar para combater condigdes ad- vetsas, como & habilidade de algumas plantas de crescerem era jarem por debsixo de uma pedra até alcangarem a luz solar. Mas Sejam quais forem as condigdes, nao ha altemativa na funcdo de tuma planta: ela age automaticamente para promover sus vida, ela ‘lo pode agi para sia propria destruicd, ‘A complexidade de agbes requeridas para a sobrevivéncia dos organismos superiores € mais ampla: ela ¢ proporcional & comple- xidade de sua eonselénia. As espécies consciontesinferiores pos- sem somente a faculdade da sensagio, suficiente para direcionar suas agbes ¢ abasecer suas necessdades. Uma sensagio ¢ produ! ‘da pela reago automtica de um drgio do sentido & umn estimalo proveniente do mundo exterior; ela dura pela extensdo do momen- to imediaio, contanto que o estimulo permanega, e nfo mais do ue isso. As sensagbes sto uma resposta automa, uma forma automdtica de conhesimento que uma conscigncia nfo pode proc: OUSS ea BE | ete one _27 rar, nem da qual se eval, Um organism que posi apenas a fe- Minds da senso & orenado pelo mecaismo praetdor desu eno, ow sea: através de um eonhectmentoautomdticoe um co {fie dealers automtco, Sun vida 0 ertrio de valor gue di seu aos, Dentro gama de ages qe the S40 possves, ele Spe automatcamente para promover sua ida e nfo pode agit De Ta su propia ces : {be oraansmos superiors possum wna forma muito mais potente de consign: a facoldede de retr as senses, que € a eeeppio. Una Taculdade da percep" & um grupo de sensa- Foe tutomaicamente cells e intepradas pelo cerebro de um of- {nnismo vivo, que Ihe confere a hablidae de ser consiete, ndo Ee esimulosolados, mas deenldades, de casa. Um ania ndo {Fstindo mecamente por seneagbes iis, mas pee Peeepes Stns ages nto slo repeats soladas€separadas extinulos Boa- Gove separados, mas sim drgidas por una conelncia integrada da vealiade percepual com que se confront. Ele €captz de com- freender a reatdade perceptual do presente lnedato © € capa de formar essocigbes peeps automates, mas dle nfo pode it ta alan le apr de ape certs pr et am situapes especies, com cag ou exconderse, ue os Pai {fy anima superiors ens a ses thoes. Mas um anal fp tem ecole sobre o conhecmento eas hablidades que ada. fey ee pode apenas repatidos geragdo apés geasdo. Um animal tamnpouco nao tem cacolha no rtrd valor que dirige seus flay seus sentido prove com tm eign de valores automate fo, um conhecimen sufomatien do gue € bom ou frau ara si 8 fue beneticia ou compromete sua via. Um animal nao tn 0 poder de ampli su conhesimento ou evadir-se dee. Nas situa bes om que seu conhesmento €adequado, ele perese— como, por exenplo, um animal que fie paralisado nos thos de uma Ferovia no camino de itr en lta velcidade. Mas entan- tg vt, animal ae send su ones, om rang aufomatca eset poder de escola ee no pode supen- {ern propria conscinca — cle no pode ecole nfo perebet oF Jernto pote evadirse de sia propriasperepyben — cle alo ode ignorar seo propio ben, ele no Pade decidir esolier 0 ale ar como seu prépro desruidr. 28 Avimude do epteme (© homem nfo tem um ebdigo automético de sobrevivéncia, Ele nfo possui um curso automsitico de agdo, nem um conjunto aautomtitico de valores. Seus sentidos nao ihe dizem automatica- mente o que bom ou o que é mau para si, o que beneficiard sa vida ou o que a por em perigo, que objetivos cle pode perseguir com que meios ele poderd alcantéclos, quais s80 05 valores dé ‘que sua vida depende, que curso de ago esta requer. Sua propria, conscigncia tem de descobrir as respostas a esas perguntas — mas sua conscigneia no funciona automaticamente. © homer, a mais clevada espécie viva sobre a Terra — o ser cuja consciencia tem ‘uma capacidade limitada de adquirirconhecimento —, € a nica cntidade viva que nasce sem nenhuma garantia de sequer permane- fer consciente. O que distingue partcularmente o homem de todas as oulras especies vivas 6 0 fato de que sua consciéncia € voliiva. ‘Assim como os valores automaticos que dirigem as fungbes de uma planta slo suficientes para a sua sobrevivenciay mas no ‘'sio pata a de um animal ~ também os valores automticos pro: vidos pelo mecanismo sensorial-pereeptual de sua consciéncia $80 suficientes para guiar um animal, mas nfo o sf0 para o homem. ‘As apdes ea sobrevivencia do homem requerem a diretrz de valo- "es coneeltuais obtidos de um conhecimento eonceltual, Mas 0 c0- ‘nhecimento coneetual nio pode ser adquiriéo automaticamente, Um "concelto””& uma integragdo mental de duas ou mais re- alidades perceptuais que sfo isoladas por um processo de abstra- slo © unidas por meio de uma definigao especifica. Cada palavra a linguagem do ser humano, com a exeesao dos nomes proprics, Senota um eoncelto, uma absiragao que representa um ndmero i mitado de realdades perceptuais de um tipo especitice. E através da organizaso de sou material perceptual em conceitos, de seus conceitos em conceltos mais e mais amplos, que o homem & capa de compreender e reter, identificar e integrar uma quantidade i= ‘mitada de conhecimento, um conhecimento que se estende para além das percepsdes imediatas de qualquer momento dado. Os r= ‘fos do sentido do homemn funcionam automaticamente; océrebro {do homem integra as informagdes sensorias em percepgdes de ma- neira automética; mas o processo de infegrar percepgbes em con ces — 9 proceso de absrao ¢ de formagio de conclos — ‘Aéiica Objotvina 20 © processo de formaglo de concetos nga consste meramen- + algums pousase simples abstragbes, como "ea. quente™, fri, eem aprender a falar. Ele con fiste em um méodo para usar a consciéncia, que se poderia me- Thor designar com o termo “conceitualzaca0". Este método nio am estado passive de registrar impressdes 20 acaso. Ele é um processo ativamente sustentado de identificar nossas impressBes ‘em lermios conceituais, de integrar cada evento e cada observagio fm um contexto concetual, de compreender relacionamento,dife- Tengas,similaridades em nosso material perceptual, e de abstal- los em novos conceitos, de tracarinferénias, fazer dedugBes, ‘eangar conclusoes, fazer novas perguntas e descobric novasrespos. tas e ampliar nosio conhecimento em um total sempre-rescete. A Taculdade que dirige este processo, a faculdade que opera por melo de concetos, € a razdo. O processo se denomina pens. ‘A razio € a faculdade que identifica e integra o material pro- vido pelos sentidos do homem. Ela & uma faculdade que o homem tem de excrcitar por escolha. Pensar nio é uma funcso automat ca, Em cada sitwapio ou momento de sua vids, o homem é livre Dara pensar ow para evitar este esforgo. Pensa requer um estado ‘de conscincia tora focalizada. O ato de foalizar nossa conscién da é volvo. O homem pode focalizar sua mente para obter uma ‘conscineia da realidad, total, ativa ¢ dirigida a uum objetivo — ‘08 ele pode desford-la e eniregar-se & deriva numa aturdida semi- ‘conscincia, meramente reagindo @ qualquer estimulo casual do ‘momento iimediato, A mercé de seu mecanismo sensorial-percep- tual ndo-dirigidoe de quaisquer conesbes aleatéras ou por associ ‘eto que poss eventualente fazer ‘Quando © homem desfocaliza sua mente, consciente nium sentido subhumano da palav ta sensagdes © percepodes. Mas, no sentido da palavra aplcavel 20 ser humano — no sentido de uma conscgncia que esté ciente dda realidade e apta para lidar com ela, uma conscincia capaz de Airgas agbes e prover a sobrevivéncia do ser humano —, uma ‘mente desfocaizada nio & conscente Picologicamente, a escolha de “pensar ou nfo” &a escolha de “focalizar ou nfo". Existencialmente, a escola de “focalizar ‘ou no” é a escotha de “ser consciente ou no”. Metafisicamen- 30_Avirude do eine. we Screener ero wees abenelean hace st Satan ene Saemasmeoeme is aiatticeh ger Dare coor crater eet SoS Diners ne Sans aber Soha canton aire merene se fovea Reamaraeeamoo roniorbt mca tiers gets Renee io sata eee Poona chara cnaanris san ae Shee ae Scent Ae aa eon Shae rte aaa ame dice Scheie aimee “roe oe Nai tea ee rteaesesaeare nef penmat edie tataet to Soper etiam at nae enioeneert Eee Eonuscaahaoe Bote aate means acne cate to, A natureza no ihe dé garentia automation da efiaca desea “er rane earn ee ae eee ain ea Bene ca oe cae Oras aes Sores Sa area Hives rent mince iota ceneecionon DAS orn mowangooengee A ica Objtvite 31 pode adauiir nem para 0 prazet da vida que cle pode alcancar ‘tas wd do quo homer prea ou ue desea tem queer ape ido, descoberto ¢ produzido por ele ~ por sua propia escola, Por seu proprio forgo, por sua propria mente Por Tim ser ate ndo sabe automaticamente © que & verdadciro on falso, no pode saber automatieaiente 0 que € certo ou era- do, o que € bom ov mau paras. No entasto ele precisa deste 0- ttecimento para vive, Ele no est fento das lis da realdade, fe ¢um organism espctico de uma naturezaespeifica que re- er acbesespeifias para sstenar sua vida, Ele nio pode alan- far sa sobrevivencia por meiosarbitrtis, nem por movimentos $eatoros nem por impulios cos, nem por aco, nem por ct tho. Aguilo que sua sobrevivensia exige €definido por sua nature fa endo esta aberto 4 sua eacotha. O.qUe es aero & sia eso ih ésomente s€ ceo descobricd ou nfo, se escolherd os objetivos e valores certos oxo, Ele € lve para faze uma escolha erada, nas nao 0. para ter ito com uma esolha mal feta, Fle élite para fugi ealidade, para desfoclizar sia mentee car cegamen- Te por qluuerextada que Ihe agrade, mas nfo 0 € para ear © presipio que ek ve revusa a ver O conbedimento, para qual {ver ofganismo conscieme, € o seu ateo de sobrevivénca: para dima conseinca viva, cada “€° implica um deve". O homem € lnte para escolher no ser consciente, mas no ¢ livre para ee tat da penalidade da inconsiénda: a destgao, O homem € « Tica eapcie vive gue poss 0 poder de agir como seu proprio Gesidor —~ © este €o eaminho pelo qual ele tem agidoatravs ‘dt maior parte de sua histéia Quas sio, end, os objives cores para o homer pere- suit? Quals so os valores que sua sobreviénciarequer? Esta € a Petguntaaser espondida pla ciénca da ea, E € por Iso, senho- fase senfores, que o hontem preist de um cdg de tic. "Agora vo%s pode avala significado das dousings que diz aque aca €0 terri do iratonal, que a razlo ngo pode guar 8 vida do homer que os es objvos valtesdevem ser ecolh- dos pelo voto ou pelo capricho — que a fica no tem nada aver oma realdade, som a exstencia, com a noSSas aces e reOei= pavdes pritieas oy que o objetivo da ea ext além do tim Ioraue os mottos precsam deca, nfo 0 vivo. Bt Avira do A ica no & uma fantasia mistice — nem wma convencio social — nem um lux0 subjetivo e dispensivel a ser trocado ou escariado em qualquer emergencia. A ctica & oma neeessidade ‘objetiva e metafisica da sobrevivéncia do homem ~ no po gta- fa do sobrenatural, nem de seus virinhos, nem de seus caprichos, ‘nas pea graga da realidade e da natureza da vida Cito, de dscurso de Galt: "O homem tem sido chamado de ser racional, mas a racionalidade € uma questo de escola — 4 alterativa que sua natureza Ihe oferece &: ser racional ou set animal suicide. O homem tem que ser hamem — por escolha; ele fem que te a sua vida como um valor — por escolha; ele tem que aprender a sustentéla — por escolha; descobrit os valores que ela requer e praticar suas virudes — por escolha, Um cédigo de vaio res aceto por escolha & um cin de moralidade O ctitetio de valor da éica Objetiista — 0 eritério pelo qual alguém julga 0 que € bem ou mal — €a vida do homem, ou: aqui- lo que exisido para a sobrevivéncia do homem enquaato homer, Dado que a razo € 0 meio basin de sobrevivéncia do ho- ‘mem, agullo que proprio para a vida de um ser racional € 0 bem; aquilo que a nega, que se opde a ela ou a dest, € 0 mal Dado que tudo que o hhomem necesita tem que ser descober~ to por sua prOpria mente e produzido por seu proprio esforeo, 0s dois pontos essenciais do método de sobrevivéncia préprios @ um Ser racional lo: pensamento e trabalho produtivo, Se alguns homens escolhem no pensar, mas sobreviver imi- fando e repetindo como animaistreinados totina dos sons e mo- vimentos que aprenderam de outs, nunca fazendo um esforco para compreender seu proprio trabalho, ainda assim continua a fer verdade que su sobreviéncia € tomada possvel somente por aqueles que efetivamenteescolheram pensae descobriram 0s mo: vimentos que eles estio repetindo. A sobrevivéncia de tis paras tas mentals depende de uma chance cega; sua mentes desfocadas So incapazes de saber a quem imitar, quais movimentos s20 sexu 1s para seguir. Bes slo os homens que marcham para o abismo, rastejando aris de cada destruidor que Ihes prometeassumir ares ponsabilidade da qual eles fogem: a responsabilidade de serem cons- Se alguns homens tentam sobreviver por meio da forsa bru- A dtea Objevate 39 ta on da fraude, saqueando, roubando, trapaceando ou eicravi- ‘anda 9s homens que produzem, ainda assim é verdade que a s0- brevivencia destes homens s6 ¢ possvel devido ao esforgorealiz- do por suas vtimas, por aqueles homens que escolhem pensar & ‘produzie os produtos de que ees, 0s saqueadores, esto Se apossan 4, Tas saqueadores so parasitasincapazes de sobrevivencia, que cexistem desiruindo aqueles que sho capazes, aqueles que éstdo perseguindo um curso de aso proprio ao homem, ‘Os homens que tentam sobreviver, nfo por micio da razio, ‘mas por meio da Torga, esto utiizands o método de sobrevivén: de da Justiga). Signifiea que nunca devemos desejar efeitos sem ‘oausas, ¢ qe aunca devemos deeretar uma causa sem assumir a total respansabilidade por seus efeitos — que no deveros nunca agir como um zumbi, isto é, sem saber nossos préprios propésitos motives — que nurica devemos tomar nenbuma decszo, formar ‘qualquer conviogao ou procurar qualquer valor fora de contexto, isto ¢, separado ou em coniradiezo com a soma total integrada de nosso conhecimento — e, acima de tudo, que munca devemos procurar evadi-nos com contradigbes.Signtica a rejciio de to- dda e qualquer forma de mistcsmo, isto & qualquer apelacéo a alguma fonte de conhecimento néo-sensorial, nio-acional, nio- definivel, sobrenatural. Signifca um compromisso com a razto, ‘lo em momentos esporidicos, em questdes selecionads, ou em ‘emergncias especial, mas como uma filosofia de vida permanente ‘A virtude da Produtividade 6 0 reconhecimento do fato de {que o trabalho produtivo 6 0 procesto pelo qual a mente humana Susienta sua vida, o processo que libeta o homem da necessidade de ajstarse a0 meio ambiente, como fazem todos os animais, ¢ ‘que Ihe dé o poder de ajustar 0 melo ambiente a si proprio. O tra batho produtivo € o caminho da realizaeaoilimitada do homem & ‘exige deste 0s maioresatributos de seu cardter: sua habilidade exia- tiva, sua ambielo, sua auto-afirmacio, sua recusa em suportar de- sasttes que ele nfo provocou, sua dedicacto a0 objetivo de trans- formar a Terra na imagem de seus valores. ‘Trabalho produtivo"” no significa a reaizagao dos movimentos inconscentes de algu- rma tarefa. Significa a busca de uma carrera produtiva, escolhida, conseientemente, em qualquer inka de empenho racional, grande Aiea bjetvate _37 ‘ou modesta, c em qualquer nivel de habilidade, © eticamente rele: vvante agui no &o grau da hablidade de wm homer, nem o nivel 4e importancia de seu trabalho, mas o mals completo 0 mais re foluto uso de sua mente ‘A virtude do Orgulto & 0 reconhesimento do fato “de que assim como o homem deve produit os valores fisicos que necess- ta para susteniar sua vida, assim também ele precisa adquiir 0s valores de cardter que fazem sua vida merecer ser sustentada — ‘que, assim como o homem ¢ um ser que faz sua prépria fortuna, assim também & um ser que faz sua propria sma". (Adas shrug” ged) A vittude do Orgulho pode ser melhor deserita pelo termo: “mbigdo moral. Sigifica que um individuo deve conguistar 0 dlireito de considerar a si proprio como seu mais alto valor, stra- ‘és da realizapio de sua préptia perfeigio moral. perfeieZo mo- ral se conguista alo ecettando jamais codigos de virtudesiracio- nals impossveis de seem praticadas e nunca deixando de praticar fs vrtudes que se reconhece serem rationals — se conquista nfo ‘aceitando jamais uma culpa ndo-merecida e nunca mereoendo algu- sma ou, s¢efetivamente a mereseu, nunca dexanda-a sem correcéo = nuricaresignando-se passivamente diante de qualquer imperiei- eo cm seu carter pesscal — nfo colocando jamais nenhuma pre- Seupagio, deseo, medo ou estado de espiita momentaneo acina ds realidade de sia propria auto-stima. B, acima de tudo, signifi- fa a sua reject do papel de animal de sacrificio, a rejcicho de guelguer doutinn que peut 3 aut-imolao como uma Vitude (© principio sosal basico da éica Objetivista€ que, assim co- ‘mo a vida é um fim em si mesma, assim também todo ser huma- no vivo & um fim em si mesmo, nifo 0 meio para os fins ou o bem- ‘star dos outros — e, portanto, que © homem deve viver para seu préprio proveito, nfo se sacrificando pelos outros, nem sactifican- fo 0s outros para si. Vive para seu préprio proveto significa que ‘© propésito moral mais alto do ser humano ¢ a realizagio de sua propria felicidad. Em termos psicoldgicos, a questio da sobrevivéncia do ho- ‘mem no confronta sua conseincin como ume questio de “vida ‘ou morte”, mas como uma questio de “feicidade ou sofrimen- to”. A fellcdade € 0 esindo de triunfo da vida, o sofrimento € o sinal de alerta do fracasso, da morte. Assim como © mecanismo 4e prazer-tor do corpo humano é um indicador automatico do bbem-star de seu organismo, um barOmetro de sua alternativa bie sien, vida ou morte — também 0 mecanismo emocionsl da const fsa do homem esti programado para exeeutar 2 mesma funcio, como um barémetro ue regis & mesma alternativa por melo de duas emogdes bisicas:alegria ou softimento, As emogies si0 ‘0 resultados automiiticns dos juizos de valor do homiem integra ‘dos pelo seu subconsciente; as emogies sio estimativas daquilo ‘que promove ou ameaca os valores do homem, daquilo que esti a favor ou contra cle — calculadoresrelmpago que lhe d20 0 50- 'matério de seu luo 0a prejuzo. Mas, enguanto 0 eritério de valor que opera o mecanismo de prazer-dorfisico do corpo hamano € automatic e into, deter- minado pela natureca de seu organismo, o mesmo no ocorre com 0 eritério de valor que apera seu mecanismo emocional. Dado que (© homem no possui conhecimento automético, tampouco pode ter valores automsiticos; dado que ele ndo possuiidiasinats, tam pouco pode ter julzs de valores inatos. (© omem nasce com um mecanismo emocional, da mesma forma com nasce com wm. mecanismo cognitive; mas, ao nascer, ambos slo “tibula rasa. Ea faculdade cognitiva do home, sua meni, que determina o conteddo de ambos. O mecanismo emocio- nal do homem & como um computador eletrénico que sua mente tem que proeamar — © programas conte dos valores oe ‘Mas como o trabalho da mente do hiomem nao ¢ automético, seus valores, como todas as suas premissas, so produto ou de se, pensamento ou de suas evasoes: o homem escae seus valores pot um processo consciente de pensamento — ou os accita por omie- fo, por associagdes subeonscientes, por Fé, par autoridade de al- ‘guém, por alguma forma de osmose social ‘ou por imitagdo cega ‘As emiogdes so produizidas peas premissas do homes, sustenta das consciente ou subconscientemente,explicta ou impliitamente ‘© homer nao fem escolha quanto a sua eapacidade de sentir ‘que algo & bom ou mau para si, mas 0 que ele considera bom ou ‘au, 0 que Ihe i alegria ou dor, © que ama ou odeis, deseja ot do que sente medo, depende de Seu eritério de Valor. Se escolhe Aiea Objoviste _ 39 valores iracionais, roca o papel de guardifo de seu mecanismo ‘mocional pelo de destruidor, O rracional € 0 impossivel;€0 que ‘ontradiz os fatos da reafidade;fatos ndo podem ser alterados por lum desejo, mas podem destuir aquele que o deseja. Se um ho~ rem deseja ¢ busca as contradigdes — se quer guardar 0 bolo e ‘comé-Jo ao mesmo tempo —, ele desitepra sua conscinca; trans- forma sua vida interior numa guerra civil de forgas eegas ocupa- «das com conrlitos sombrios,incoerentes, sem sentido nem significa 0 (que, a propo, € 0 estado interior da maloria das pesos, satualmente) Felicidade € aquele estado da consciéncia que provém da reali- aso dos prdpros valores. Se um homem valoriza o trabalho pro- dutivo, su Felicidade é a medida do sucesso alcaneado no seu set- vigo. Mas se um homem valoriza a destruigio como um silico ou a autotortura, como um masogdista —, ou a vida alent mulo, como um mistico —, ou a excitagdo momentanes como tum cartedor de automéveis —, sua prensa felicdade ¢ 8 medi- fda de seu sucesso n0 servigo de sua propria desruicso, Deve ser acrescentado que 0 estado emocional de todos aquels iracionais ro pode ser adequadamente designado como feiidade ou mes- mo prazer:€ meramente um alivio de momento de seu estado ex6- nico de terror. "Nem vide, nem a feliidade podem ser acangadas por meio dda busca de caprichos iracionais. Assim como 0 homem é livre pera tentarsobreviver por qualquer melo casval, como um parasi- ‘a, um vagabundo ou um saqueador, ele nfo 0 & para ser bem-su- ‘celia em seu intento alm do acaso do momento; assim também é livre para buscar a felcdade em qualquer fraude iracional, qual- ‘quer capricho, qualquer desilusio, qualquer fuga impensada da Fealidade, mas nao é ive para ser bem-sucedido em seu intento, além do caso do momento, nem para fupir das consequéncia. ‘Gito, do discurso de Galt: ““A Felicidade ¢ 0 estado de alegria ‘o-contraditéria — uma alegria sem puniglo oa culpa, uma ale- fia que ndo entra em conflito com nenhum de teus Valores © nd0 tua para a tua pt6pria destuigdo... Felicidade é possvel apenas pra tin homenracional, que deseia apenas objets racionais, roca apenas valores radon © encona sua lei apenas 40 Aviude do opstane ‘A manutengio da vida e a busca da felicidade nfo sto duas ‘questdes separadas. Considerar a propria vida como 0 valor il mo, © propria felcidade como 6 mais ato propésito, so dois aspecios da mesma realizapho. Existenciaimente, a atividade de perseguir objevos rationals ¢ a atividade de manter a propria vi- a; psicologicamente, seu resultado, recompensa e concomitincia um estado emocional de feicidade. E experimentando a feicda de que o individvo vive plenamente cada hora, ano ou totalida de da vida. E quando se experiencia o tipo de felisidade pura que um fim em si mesma — 0 tipo que nos Taz pensar: “Por isto va- lea pena vier” — o que estainos studando e afirmando em ter- ‘mos emocionais € 0 fato metafisico de que a vida € um fim em si Mas o relacionamento de causa ¢ efito nfo pode ser invert- o. E apenas através da aceltagdo da prépria vida eomo principio fundamental ¢ pela busca dos valores recionals que a vida requer, {que se alcanea a felicidade — no tornando a ““felcidade” como um principio indefinido « irredutivel e entdo tentando viver por essa diretrze. Se vos! conquistar aquilo que é bom pelo criterio racional de valor, isto o far necessariamente feliz; mas aquilo que © faz fliz, por algum criteio emocionalindefinido, nfo 6 nevessa- riamente © bom. Accitar “qualquer coisa que faga feliz” como lum guia de agdo significa: ser guiado apenas por caprihos emocio- nals, Emogies nfo sfo Terramentas de cognigi; set guiado por caprichos — por desejos cuja fonte,natureza e significado no se sabe — ¢ transformar a si mesmo num robo ces0, operado por suas proprias vidas. Esta ¢ a base pskol6gica de qualquer emogdo de slidariedade © qualquer sentiment de s0- lidaviedade de espécie.™ Visto que os homens nascem carentes de dados ou padre, ‘quer cognitivos, quer moras, um homem racional julgaestranhos ‘como inocentes al& que se provem eulpados, eles concede aque- 4a boa vontade inicial em nome de seu potencial humano. Depois, cle os julea de acordo com o caréter moral que demonstran. Se cle os achar culpados por males importantes, sua boa vontade se- 1 substituida por desprezo e condenaslo moral. (Se se valoiza a vida humana, no se pode valorizar os seus destruidoes.) Se ele os achar virtuoso, Ihes concederd valor pessoal e individual ereco- Ahscimento, na proporeio de suas virtues E no terreno desta boa vontade e respeito generalizados pelo valor da vida humana que se ajudam estranhos em urna sitwaglo de emergéncia — e apenas em uma situagio de emerginci E importante diferenciar entre as rearas de condita em uma situagio emergencial eas repras de conduta nas condigdes normals dla exiséncia hunana, Isto nio significa um padrao duplo de mo- ralidade: 0 padrdo e 0s principios basicos permanccem os mesrios, mas a aplicaso deles a cada caso requer definigbes precisa. Uma emergéncia & um evento no escolhido, no esperado, limitado no tempo, que cri condligdes sob as quais a sobreviven: cia humana ¢ impossivel — como uma eachente, erremoto,ince- dio, naufrigio. Numa situacdo de emergéncia, 0 abjetvo primei- ro dos homens & combater o desastre, escapar do perio e restat- fa, conies normals lane & tea ime, aaa oe A siea nos sivorses de omerstnda 62 Por cones “norms eu qusro sizer normais metafise camente, porns pa attra d cfs € apropradas& exit iahumana Os homens pode viver en terra, mas nao 00 dese St Sob um icin nolento. Uma ver ie 08 homers N40 80 ‘Shigotentes, ¢ metaficamente posse qoedesases impress ov pepuem de suprsa, cao en que sun Unica taefa€retorar Shunancondigbes sab as qual sas vids poe contin, Por Sua marrer, ma style de emereecia ¢empordis se dus- Ser os homens peresria Somente en situates de emergnca deve-se ser volun para jar esrnhos, se sto ea a0 nos sleanee. Por exem0, {mr homem gue vaorza vide Ramana es em unt nario, {ove ajuda a salar ses companisrs de vagem (embora nao & oa de sa propia vida. Ms st po signin ve apo todos Sie chesaren 8 ras, ele ova devotar os ein eforgos ara sa far sous companies de vigor da pobrers, ianoricl neTo- stron qaguer que sia ox problemas qe postr. mo 5 palca que deva paso sua vide aegando os see mares § procura de tims de nautrgio a Sere Salas ‘Ou, tomando tin exempo que pode ocrrer no dina i: su- ponfamos de se oura der que owinibo da porta 0 ido ett EStntee som dnbero. Doma © pobre néo sto emeréncas tetaas, so pare dos os norma da exsténcias mas como ‘home ea temporaramente cemparsdo, podese aver 8 te som € mecicamentos. Se se tm conser Financia (como tira de boa vontade, nlp ce obveagio)podese conser O- nif ete os vanhos para ajuddto. Mas toni sien Se dev rstentlo dai cm lant, em dese se deve pasa ave 4 prosurando por homens fants pare ajuda. ‘Nas condibes norman extn 9 homtem tem de co- Iher gp sunt eis, proels 90 tempo, busts e alcanclas por seu propio efrgo, Ele ndo podera fazer to,se suas metas Exisrem amet de etverem de ser serifcadas a Guage infor fino que aconteya a outos Ele ndo pode viver Sua fda ata ‘Esa ovemagdo de ear apicdven apenas 88 cones Sob as Sus sobreivenci humana impose 1 principio de que se deve ajar 0s homens em wa siua- cto Ge fmennen nto pode ver stendiso a considera tol0 © sofrimento humano como uma emergéncia ¢ a transformar 0 in- fortinio de alguns em uma hipoteca sobre as Vidas de outros. Pobreza, ignorincia, doenca e outros problemas deste tipo ro sio emergéncias metaffsiess. Pela natureza mtafislea do ho- ‘mem eda existéncia, aquele tem de manter a sua vida pel seu pro- prio esfors0; 0s valores de que precisa ~ como riqueza ou conhe= Cimento — nio the s20 dados automaticamente, como um presen- te da natureza, mas tém de ser descobertos e conquistados por seu proprio pensamento e trabalho, A unica obrigaglo que $= tem fem telapdo 20s outros, a este respeito, & mater umn sistema socal {aie deine os homens lives para conquistarem, ganharem e mante- fem os seas valores, ‘Todo ebdiga de dca é baseado ¢ derivado da metafisica, ou seja: de uma teoria sobre a natureza fundamental do universo no {ual o homem vive e age. A ica altrufsta € baseada em uma me- tafisice de ““universo malevolente”, na teoria de que o homer, ‘por sua natureza propria, € desamparado e condenado — que su ‘e350, felicidad, conquista so impossiveis para ele ~ que emer- ‘éncias, desastres, caldstroes s40 a norma de sua vida, © que sua ‘meta primordial & combaté-los. ‘Como a refutacio empirica mais simples daqueln metafisica — enquanto prova do fato de que o universo material nfo & dests- Vordvel ao homem, e que catésrofes sio a excesto, ago a reara de sua existneia —, observe as fortunas feitas por companhias de seguro, ‘Observe também que os defensores do altrusmo no sto ca- pazes de basear & sua ética em qualsquer fatos de existéncia nor- ‘male que eles sempre oferecem situagdes tipo “bote salva-vidas” ‘como exemplos a partir dos quais iar regras de conduta moral. (0 que yoot deve fazer se Voo# e outro homem estiverem em tum barco salva-vidas que s6 tenba capacidade para um?" ec.) © fato € que os homens ndo vivern em barcos salvasvidas — eum barcosalva-vidas nfo ¢ olugar em quese deve basear a me Sica. © propésito moral da vida de um homem é a conguisia de sua prépria flicidade. Isto ndo significa que ele sea indferente a todas, que a vida humana no tenka nenhum valor para cle © que no tena motivo para ajudar outros em uma emergeneia, Mas si ‘ities nos teases de emargtcie 65 ie at nea a Seaceng co epee cp (Fevereiro de 1963) OS “CONFLITOS" DE INTERESSES ENTRE 0S HOMENS Ayn Rand Alguns estudantes do Objetivismo acham dificil entender 0 principio Objetivsta de que “no existem conilitos de interesseex- tre homens racionsis” Uma pergunta tipica ¢ a seguinte: “Suponha que dois ho- ‘mens se candidaiem para o mesmo emprego. Apenas um pode ser empregado. Nao serd este um exemplo de conflito de interesses, ro se beneficiara um dees & custa do sactificio do outro?” Existem quatro consideragdes interelacionadas envolvidas| ra visfo dos interesses de um homem racional, mas ignoredas ou evadidas na pergunta acima ¢ em todas as abordagens parecidas ‘da questo. Eu as designaria como: (a) “Realidade”, (6) “Contex- 10”, (¢) “Responsabilidede", (4) “Esforgo". (@) Realidade. O termo “toresses” & uma ampla sbstragio que eobre todo 0 campo da dtice. Inclui as questbes de: valores ‘do homem, seus desejos, metas sua verdadeira conquista, na re alidade. Os “ingeresses”” de um homem dependem do tipo de me- ta que escolha buscar; sua escolha de metas depende dos seus dese- 30s, estes dependem dos seus valores — e, para um homem racio- nal, 0s valotes dependem do juizo de sua razio, Os deseos (ou sentimentos ov emogtes ou Vontades ou capri- hos) ndo so armas da cogniglo; nfo slo um padedo vido de valor, nem um ertério vélido dos intereses do homem. O mero fato de um homem desejar algo néo consltui uma prova de que o objeto do eu deci om, em de que a conga €ealnen- te de se interese Alesar que os interesses de umm homem sio sacificades 10- 4a yer que um desejo seu ¢ frustrado, ¢ ter uma visio subjetivis- ta dos valores intereses do homem., O que significa: aceditar que é adequado, moral possivel ao omen aleangar suas metas, indiferentemente de contradizerem os fatos da realdade ou ndo. (© que significa: ter uma visio iracional ou mistica da evisténcia (© que significa: nfo merecer nenhuma consideracao adicional, ‘Ao escolher suas metas (0s valores especiticos que vise obter /ou manter), um homem racional € guiado pelo seu pensar (por lum processo a razo) — nao por seus sentimentos ou descos [Nio considera desejos como premissasiredutives, como aquelas dadas, que &destinado iresistivelmente a buscar. Fle nfo consid ra “porgue eu © quero” ou “porque eu tenho vontade” como tama causa ou validagio suffciente de seus atos. Escolhe e/0u iden lffca seus desejos por um processo da‘razo e ndo age para reali- zat um desejo até ea menos que sea capaz de racionalmentevall- ‘deo mo contexto completo do seu conbecimento ¢ dos seus ou- tros valores e objetivo, Ele no age alé que pose dizer: “EU que- ro isto porque & certo.” ‘A Lei de Identidade (A € A) € a consideragdo suprema de um homem racional no processo de determinar seus intresses. Ele sabe que o contraditério € o impossive, que uma contadigao nfo pode ser alcancada na realidade, e que a tentativa de alcangé-la pode somente evar 20 desastre © A destruigao, Por conseguinte, iio se permite ter valores contradi6rios ou imaginar que a busca de uma contradicdo possa, um dia, ser de seu interest. ‘Apenas uum irracionalista (ou mistico ow subjetivisia ~ em cua categoria posicono todos aqueles que consideram af, os en timentos ou desejos como 9 pao de valor de um homem) vive em um perpétuo confito de interesses, Nao somente 0s seus supos- tos interesses se chocam com os de outros homens, mas também se chocam entre si 'Ninguém considera dificil descartar de uma coasideracto flo- séfica 0 problema de um homer que se lamenta de que a vida © ‘olocou num confit irreconcilivel porque ele no pode comer & Sobremesa ¢ 20 mesmo tempo guardé-la. Este problema nio ad- quire validade intelectual por ser ampliado até englobar questSes algm de sobremesas — se for expandido para fodo o univers0, co 28 _Aviude do epotme ‘mo nas doutrinas do Existencalismo, ou apenas para poucos ca prichos © evasdes eventuais, como nas visdes da maior parte das ‘pessoas a respelto dos seus interesses. Quando uma pessoa alcanca o estgio de afrmar que 0s inte- esses do homem se conflituam com 3 realidade, © concelto “inte- resses dela de ser signifcativo — ¢ 0 problema deste deixa de ‘1 filosbico ¢ se tora pscol6gico, (@) Contexto, Assim como um homem racional no possul rnenhuma conviesio fora de contexto — ou seja: sem relaciond ia com o resto do seu conhecimento e resolver quaisquer posivels contradigdes —, também no possui ou busca nenhum deseo fo- ra de contexto, E nfo julga 0 que & ou nao & de sex interesse fo rade contexto, Esquecer 0 contexto & uma das principals armas psicoligicas de evasfo. Com relagdo aos desejos do individuo, hit duas formas de abandonar o contexto: as quesides de alcance © de meies ‘Um homem racional vé seus interesses em termos de toda uma vida eseleciona as suas diretrizes de acordo. Iso nao signiti- ‘a que tenha de ser onisciente,infalivel ou claividente. Signiica aque ele nfo vive sua vida a curto prazo endo vaguela como um bbeberrio impulsionado pelo imprevisto.Significa que ndo conside- ‘a nenhium momento come separado do contexto do resto de sua vida, € que nfo permite conflitos ou contradgdes entre os seus i teresses de curto ou longo prazos. Ele ndo se toma seu proprio destruidor buscando um deseo, hoje, que destruird todos os seus valores, amanhd, ‘Um homem racional nfo se permite melancélicas deseo diri- idos a fins divoreiadas dos meios de que dispe. Nao se apega & lum desejo sem saber (ou aprender) ¢ considerar os meios pelos uals consegui-lo. Dado que sabe que a natureza nfo prove 0 ho- ‘mem de stisfacdo automética dos seus desejs; que as metas e ¥a- lores de um homem devemn ser conquistados pelo sen proprio es forgo; que as vidas e esforgos de outros homens no Sho sua pro- priedade ¢ no esto Id para servir aos seus desejos — um homem Facional mio tem um desejo ou busca um objetivo que no poss ser algangado dlreta ou indiretamente por se pr9h E com um enlendimento adequado deste ‘que a questo social decisva inica-se Viver em uma sociedade, ao invés de numa ilha desert alivia 0 homem de sua responsabiidade de susentar sua propria ida. A tnicadiferenga € que ele sustenta a sua vida comercializan- 40 0s seus produto ou servigas pelos produtes au servigos de ou tras, E, neste processo de comércio, um homem racional nfo pro- ura of deseja nada mais ou nada menos do que set Proprio es forgo possa ganhar. O que determina seus ganlios? O mercado li sre isto & a escolhae julgamento voluntirios dos homens que es- {Wo prontes a comercalizar com ele seus préprios esforsos. ‘Quando um homem negocia com outros, esti contando ~ ‘plist ou implictamente — com a racionalidade dees, ou seja com a habilidade destes de reconeerem © valor abjetivo do seu trabalho, (Um negécio baseado em qualquer outra premiss jogo de truques ou uma frande.) Deste modo, quando um homer aclonal busea uma meta em uma soeiédade livre, no se coloce Amereé dos eaprichos, favores ou preconcetos de outros; depen de somente do seu proprio esforgo: dretamente, fazendo trabalho objativamente de valor — indiretamente, através da avaliagdo obje- tiva do seu trabalho por outros, E neste sentido que um homem racional nunca mantém wm ‘desejo ou busca um objetivo que no possa ser alcancado por se ‘réprio esforgo. Ele comercsliza valor por valor. Nunca procara ‘bu deseja o imereido. Se decide aleangar um objetivo que requer 8 cooperacio de muitas pessoas, nunca conta com nada mais do ‘que Sua prépria habilidade de persuadi-as, bem como a concor- ddincia voluntiria dels 'E desnecessirio dizer que um homem racional nunca distor- «ou corrompe seus proprioscritrios ¢juzo para apelar iracio- nalidade, estupidez ¢ desonestidade de outros. Ele sabe que este rumo € suicida. Sabe que a dinica chance pritica de se aleancar qualquer grau de sucesso ou qualquer coisa humanamente deseji- vel repousa em negociar com aqueles que so racionais,indiferen- temente de serem muitos ou poueos. Se, em qualquer ctcunstan- cia dada, € possivel obtervitria, somente a razio pode logril. EE, em una sociedade live, indiferentemente de qui dificil seia aluta, a razao é que, por final, yence. Dado que nunca abandona 0 coatexto das quesides com as ‘quai Iida, Um homem racional acta aquelaluta como de se tn 70 _Avirude do entame teresse — porque sabe que a liberdade & de su intresse, Sabe que a uta para alcangar seus valores inci a possibilidade de derrota. “Também sabe que no hé nenhuma aternativa e nenbuma garan- tia automatica de sucesso pelo esforgo humana, nem go lidar com ‘a natureza, nem com outros homens. Entdo ele nao julga 08 seus Ineresses por nenhum fracasso especifco, nem pelo alcance de ne ‘nhuin momento em particular. Vive e julga a longo prazo, E ass tie a completa responsabilidade de saber que condigées Slo neces- sirias para a conguista dos seus objetives.. (6) Responsabilidade. Esta utima é 3 forma particular da res- ‘ponsabitdade intelectual da qual a maioria das pessoas foge. Es st fuga ¢ a causa majortiria de suas frustragdese fracasso. ‘maior parte das pessoas tem desejos fora de qualquer con texto, como se fossem metas suspensas em um vacuo neboloso, a nnévoa escondendo qualquer conceito sobre os meios para ating- las, Elas se despertam mentalmente apenas o tempo suficinte pa 1a proferr um “en desejo” e param a, e esperam, como seo res to dependesce de alguma forga desconhecida, ‘Blas fogem ¢ da responsabilidade de julgar © mundo social. CConsideram 0 mundo como dado, "Um mundo que eu nunca cons. ‘ru 6a exstncia mas profunda de sua attude —e procuram ape- as se ajustar sem crteas aos requisites imcompreensives daque- les incognoscives outros que, estes sim, construiram © mundo, ‘quem quer que tenham sido. Mas humildade ¢ presuncio sio dois lados da mesma moeda psicokigica, Na disposicdo de se entreyar cegamente & merce de ‘outros, existe 0 privilégio implicto de fazer demandas cegas 20s Existem indmeras maneiras para este tipo de ‘“humildsde me- tafisca” se revelar. Por exemplo, hi 0 homem que deseja ser 1i- 0, mas jamais pensa em descobtir que meios, agbes e condicdes so necessrios para alcansar a riqueza, Quem & ele para julgar? ‘Nunca consruiuo mundo —e “ninguém Ihe dev urna oportunidade™. Existe a garota que deseja ser amada, mas nunca pense em Aescobrit o que & o amor, que valores este requer, ese ela possui alguma virtude pela qual possa ser amada, Quem &ela para julgar? (© amor, sente ela, ¢ um beneficio inexplicavel — entao simples- mente 0 almeja, sentindo que alauém a privou da sua quota na (Os “conttn” de intarees aire ot homens 71 distibuipto de beneticios, Hos pais que softem profunda e genuinamente porque o seu filho (ou filha) no 08 ama, e que, simultaneamente, ignoram, Se opiem a ou tentam destrir tudo que sahem das consicgdes, valores e drerizes de seu fo, nunca pensando na conexao entre estes dois Fatos, nunca fazendo ulna tetariva de entender se fi Iho. O mundo que nunca construiram e que nfo ousam desafar, disse hes que as criangas amam seus pais automaticamente Existe o homem que quer um emprego, mas jamais pensa em descobrir que qualificagdes exe requer, ou de que se constitu: © fazer um bom trabalho. Quem ¢ ele para julgar? Nunca cons- truiu 0 mundo. Alguém ihe deve uma vide. Como? De alguma manera ‘Um arguiteto europeu meu conbecido estava falano, um dia, a sua viagem para Porto Rico. Descrevey — muito indignado fem relapo a0 universo como um todo — a sordides das cond bes de vide dos portoriquenhios, Endo desereveu as maravilhas ‘que'a habitagio moderna poderia fazer para els, as quais havia sonbado em detalhes,incluindo refrigeradores eléricos e banhe- ros azulejados. Eu perguntei: “Quem pagatia por isto?” Ele res- ppondey, num fom de voz levemente ofendido, quase irado: “AR, Isto nfo cabe a mim me preocupar. A incumbéasia de wm arquile” to somente projetar o que devera ser feito, Deixe que outa pes- soa pense n0 dinheiro.” Esta & a psicologia de onde partiram todas as ‘‘eformas so- ais” ou “servigos socials” ou “experiéncis nabres” ow a destrui- ‘0 do mundo Ao reducir a responsabilidade pelos préprios intereses e pe- la propre vida, se eduz @ responsabilidad de alguma vez ter de comsiderar 0s interesses ¢ vide de outros — dagueles outros que devem, de alguna mancia, proporcionar a salisagao dos nos:os rOprios deseo. ‘Quem quer que permita um ‘de alguma mancira” dentro de sua vsso dos meios pelos quais seus desejos dever ser sleaneados, €culpado daquela “humildade metafisca” que, psicologicamente, a premissa de um parasita. Como apontou Nathaniel Branden em uma palesr, ‘de alguma maneira” sempre significa “alguém”. (@) Easforgo, Uma vez que um homem racional sabe que de- ve conguistar suas metas por seu proprio esforgo, sabe que nem ‘riqueza nem empregos nem quaisquer valores himanos existem fem uma quantidade dada, limitada, estitca, aguardando ser divi ida, Ele sabe que todos os heneficios tm de ser produzidas, que ‘0 ganho de um homem no representa a perda de outro, qe @re= alizapio de um homem no @ obtida & custa dagueles que no a alcangaram, FPortanio, ele nunca imagina ter algum tipo de dreto a revi dlicar 0 imerecido, unilateral, a qualquer ser humano — € nunca deina os seus interesses & mere® de qualquer outra pessoa ou de ‘uma idéia concreta,especifica. Pode precsar de clientes, mas n0 de um cliente em particular — pode precisar de Tregucses, mas no de um fregués em particular — pode precisar de um empre- 80, mas nio de um emprego em particular, Se encontra competigio, oa enfrenta, ou escolhe um outro tipo de trabalho. Ngo existe um emprego ide baito em que set melhor mais habilidoso desempenho passe desapercebido e no apresado: no em uma sociedad Wr, Pergunte a qalgur eee. te de empresa, Somente abilicos, parasitas da escola da “'metafisica da u- mildade”, vem todo’ competidor como uma ameaga, porque 0 pensamento de yanhar uma posiclo por mérito pessoal no faz parte de sua visto de vida. Eles consideram a st mesmios como ‘mediocridades substtuveis que nada tém a oferecere que Iutam em um tnjverso “estético”, polo beneficio sem causa de alguém, ‘Um homem racional sabe que nio se vive por meio de sor- te”, “chances” ou favores, que ndo existe algo como uma **ini- ‘a chance” ou uma Gia oportunidade, e que ito € garantido pre- ‘isamente pela exstencia da competiglo. Ele nfo considera nenbis- ma meta especifica ¢ conereta ou valor como iasubstituivel, Sabe ‘que apenas pessoas so insubstituives— apenas aquelas que se ama. Sabe, também, que nZo hit conflites de intresses entre ho- mens racionais, nem mesmo na questdo do amor. Assim como qualquer outro valor, 0 amor no ¢ uma quantidade estética a se ividida, mas wna fespesta limitada a ser ganha, © amor por ‘um amigo ndo € uma ameaca ao amar por outro, ¢ nem 0 & 0 amor pelos virios membros de uma fama, admitindo-se que eles © ganharam. A forma mais exclusiva — o amor romantico — no uma questdo dle competicdo. Se dois homens estdo apsixonados pela mesma mulher, o que ela sente por qualauer um deles ndo € Aeterminado pelo que sente pelo outro e nem tammpouco & tirado dle. Se ela escolhe um, o “perdedor" nio poderia ter tido o que © “\encedor" ganhou. E somente entre pessoas iracionais, motivadas emecionalmen- te, cujo amor esti dvorciado de qualsquer citrios de valor, que tivaidades ocasionais, conflitos acidentaise escolhas cepas peevale- zm. Mas enta0, quem quer que venca no vence totaimente. En- tte 0s movidos-a-emocs0, nem o amor nem qualquer outra emo- ‘fo tem qualquer significado. Essas slo, em breve essEnca, as quatro eonsideragées majori- ‘ras envolvidas na visdo de um homem racional sobre os seus in- ‘Agora retornemos & pergunta {eit originalmente — sobre os dois homens se candidatande a0 mesma emprego — ¢ observemos de que maneira ela ignora ou ope estas quatro considetagGes. {@) Realidade © mero fato de que dois homens desejem 0 imesiio emprego no constitu prova de que qualquer um dels es {eja qualfieado para ele ou o mereca e de que seus interesss seam prejudicados, se nfo o obtiver. {(b) Contexto, Ambos devem saber que, se desejam 0 mesmo emprego, sua meta 6 se toma possvel pela existéncia de um inte- esse empresaral capaz de prover emprego — que este ineresse empresaial requer a disponibilidade de mais de um candidat pa- a qualquer emprego — que se existise somente um candidato, le nfo conseguiria 0 emprego, porque o interesse empresaral te- ia que fechar as suas portas — € que sua compat¢do para o mes- mo emprego € de seu interesse, muito embora um deles perca na- Auele confit especitico. (6) Responsabilidade. Nenhum homem tem o diteito morat de declarar que nio quer considerar todas estas coisas, apenas ‘quer um emprego. Nao Ihe € dado 0 dieito a nen desejo 0% "interes" sem o conbscimento do que é requisitado para tornar sua execugo possivel (a) Esforgo. Quem quer que pegue o emprego, o ganhou (pres- supondo-se que a escolha do empregador seja racial). Este bene- Fic se deve a0 Seu prSprio mérito — ngo ao “sactficio” do on- 74 _Aviende do ogame tro homem, que nunea teve nenhum diteto adquirido sobre o em- prego, O fracasso em dar a um homem o que nunca Ihe pertenceu Sifielmente pode ser desrito como "sacificar seus interests.” “Toda a discussio acima somente se aplica a telacionamientos entre homens racionais e nao mais do que & uma sociedade livre. Nesta, nose tem de tratar com os que so irracionais. Um indivi duo € livre para evils. [Em uma sociedade carente de lberdade no existe, para nin sguém, a possibildade de buscar interesse algun; nada & possive, ‘exceto a desiruigdo gradual e gral (Agosto de 1962) NAO SOMOS. TODOS EGOISTAS? Nothanial Branden Determinadas variantes desta pergunta so freqientemente levantadas como objesdo Aqueles que defendem wma ttica de au to-interese racional. Por exemplo, as vezes: “Cada um faz 0 que verdadeiramente quer fazer — do contravio, nao faria.” Ou: “Nin sguém se sacifica realmente. Jé que toda agdo proposital é motiva- dda por algum valor ou meta que © agente deseja, age-se sempre egoisticamente, sabendo-se ou nfo.” ‘Para desembaracar a confusto intelectual envolvida neste pon- to de vista, consideremos que fatos da realidade conduzem a ria ‘uesifo como epoisme vetsis auto-sacifcio, ov epoismo versus aliuismo, eo que © conceto de epoismo” significa e necessari mente acarreta. ‘A questdo do egoismo versus auto-scrticio emerge em um contexto dice. A dtica & um ebdigo de valores que guia as esc0- Thas e agdes do homem — as escolhas e agdes que determinam @ propésito e 0 rumo de sua vida, Ao escolher suas agBes e objet ‘os, © homem enfrenta alternativas constants. Para opéar,tequer tum citéio de valor — um propdsito a0 qual suas ages devem servir€ visar. “Valor” pressupde uma resposta 4 pergunta: de va- lor para quem e para que?” (Atlas shrugged). Qual deve ser 0 ob- jetivo ou propésito das agdes de um omen? Quem deve ser 0 pretendido benefictrio de suas agbes? Deve ele sustentar, como Seu propesito moral basco, a realizacdo de sua propria vida e fli- cidade — ou deveria 0 seu propésito moral basco Servir aos dese- jos enecessidades de outros? © chogue entre egoismo ¢ altruismo repousa em suas res postas confitantes a estas perguntas. O egoismo sustenta que 0 hhomem € um f_m em si mesmo; o altufsmo, que © homem & um rio para of fins de outros. O egoismo sustenta que, moralmen- te, 0 beneficidrio de uma ago deveria Ser pessoa que age; 0 a truismo, que, moralmente, o beneficiério de uma agio deveria Ser outro, eno 2 pessoa que age. Ser egosta ¢ estar motivado pela preocupagio com 0s préptios| intereses. Isto exige que se considere 0 que constitu os intereses ‘de umn individuo e como alcancé+los — que valores e melas buscar, ‘que prncipios e politics adotar. Se um homes néo estiver interes: ‘sado nesta questio, nio se poder dizer objetivamente que se inte- resst ou deseja sett auto-ineresse; no se pode estar interesado ‘em ou desejar aquilo de que nao se tem conheciment. ‘O egoismo vincula: (a) uma bierarquia de valores estabeleci- da pelo padrdo dos auto-interesses de alguém, «(b) a recusa a sa triflear Um valor maior a um menor ou a alg carente de valor. ‘Um homem genuinamente ezoista sabe que sompente a razio pode determinar 0 que é, na verdad, do seu auto-intresse, ve buscar contradies ou tentativas de aie em provocasdo a Tatos da realidade & aulodestutive — e a autodestrugdo nao é de seu fautointeresse, “Pensar 6 do auto-interese do homenr, intron Der a sua copscigncia, nio. Escolher as suas drerizes no contex {0 do seu conhecimento, seus valores sua vida € do auto-interes- se do homem; agir no impulso do momento, sem consideracto fo seu contexto de longo prazo, ndo. Existir como um ser produti- vo é do autorinterese do homem; uma tentativa de existir como tum parasita, sao. Procurar a vida adequada @ sua natureza € do futovinteresse do homems; procurar vivet como um animal, no.” Porque um homem genainamenteepoista ecole as suas dite- tries orientado pela raz — e porque os interesses de homens a clonais nfo se chocam —, outros homens pedem, freqientemen- te, beneficiar-se de suas ages. Mas o benelicio de outros homens ro € seu propssito ou objetivo bisico; seu préprio beneicio so seu propésito basco e objetivo consciente que diigem suas ages” ara tomar este principio inteiramente claro, consideremos uum exemplo extremo de uma agdo, que &, na verdade, egoista, mas que, convencionalniente, podria ser chamada de autosacrli- iota disposigdo de um homem para morrera fim de salvar a vi= dda da mulher que ama. De que modo seria este homiem 0 benef clio de sua ago? ‘A resposta ¢ dada em Alas shrugged — na oena em que Galt, sabendo estar por ser peso, diz a Dagny: “Se ees tiverem a me” ‘or suspita a Tespeito do que somos um para o outro, vio colo- cf-la em uma seso de tortura ~ quero dizer, tortura fsica — dante dos meus olhos, em menos de uma semana. Nio vou espe rar por isto, Na primeira renglo de uma ameaca a vocé, vou me ‘maar faz@-los parar bem ai. ndo preciso Ihe dizer que, se eu Fizer isto, nfo sera um ato de auto-sactificio. Nao me importa vie ver nas condigbes deles. Nao estou a fim de obedecé-os e nao «s- tow. fim de ver voc® sofrendo um assassinato planejado, Nao ha- verd nenhurn valor para buscar depois disto — eno estou a fim de vver sem valores." Se um bomen sima uma muller tio intensa- ‘mente que nfo quer sobrevive 2 sua morte, ¢ a vida no pode dferecerthe mais nada a este prego, entao morrer para salvia indo € um sacrificio, (© mesmo principio se aplica a um homem que se encontra em uma ditadura, que conscientementearrisca a sua vida ter a liberdade. Para cassifcaro seu ato de “auto-sacrifc ‘sea que admitir que ele preferiria viver como escravo. O egois: mo de ura homem que est dsposto a morrer, se necessrio iutan- do por sua iberdade, repousa no fato de nko estar dsposto a vi- ‘er num mundo onde jé no € capaz de air sob o seu pe6prio jul- zo — ito €, um mundo oade condigdes humanas de existncia ja ro s20 possiveis para ek © egolsmo ou nio-egoismo de uma apo deve ser determina- do objetivamente, © ndo pelos sentimentos da pessoa que age. AS- Sim como sentimentos mio so armas da coghiglo, também nio ssio um critri, na ética, ‘Obviamenie, para air, tem-se de ser movido por algum moti- vo pessoal: devese “querer”, em algum sentido, desempenbar a tack. A questio do egoismo de uma ago ou do seu no-ego‘smo ‘depend, no do fato do individuo querer ou ni a efetar, mas apenas do porque quer faé-o. Por que critrio escolea sua aco? Para aleangar qual objetivo? ‘Se um homem proclamasse que sentra que melhor benecia- 7 _Avirude do opie Flas outros roubando-os ou assassinando-of, os homens no esta- riam dispostos a reconhecer altruismo em suas agbes. Pela mes ‘ma l6gicae razdes, se um homem busea um rumo de autodestrai- Ho cega, seu sentimento de que ele tem algo a ganar através dis- {, no estabelece que suas agbes sto egosts, ‘Se, motivada unicamente por senso de caridade, compaixto, obrigacto ou altruismo, uma pessoa renuncia a um valor, desejo ‘ou objetivo em favor do prazer, desejos ou necesidades de outra Pessoa a quem valoriza menos do que aquilo a que renunciou — ‘ste € um ato de autosacificio. O Tato de uma pessoa poder s=n- tir que “quer” fazé-lo, nfo torna a sua ago egoista ou estabele- ce objetivamente que ela ¢ a beneficiria da ado, Suponha, por exemplo, que um filo esolha a careira que deseja através de critéiosracionais, mas al renunsie a ela para agra dar sua mae, que prefere que siea uma carrera diferente, que te- ‘ha mais prestigo aos olhos dos vizinhas. O garoto acede a0 dese- {0 de sua mie porque acetou isto como sua obrigacao moral: acre- ‘ita que seu dever como filho consiste em coloca a felicidade de ‘sua mle acima da sua prépria, mesmo que saibe que @ exigéncia dda mie ¢ fracional e mesmo que stiba que esta se sentenciando ‘4 uma vida de mista e frusracdo. B absurdo para os defensores dda doutrina “todos somos egostas” declararem que, jé que 0 Ba oto etd motivado pelo desejo de ser “virtuoso” ou de evtar a culpa, nenhum auto-sacificio esta envolvido, e sua ago é verda- deiramente epoista. O que se evita é a pergunia de por que o garo- (o sente © deseja de tal forma. Emogées e deseos nfo sa premis- sas irredutives, desprovidas de cause, slo o produto das premis: sa5 que se aceitou. O garoto “quer” renuncar a sua careira ape: nas porque aceltou a etica do altruismo; 8 ser imoral agi para sey pero atrineree, Ete €o prio que st iin Defensores da doutrina “todos somos egostas” no negam ‘que, sob a pressio da dhica altuista, 0s homens podem intencio- mente agir contra sua propria feicdade, a longo prazo. Eles simplesmente afirmam que em algum sentido maior, indefinivel, fess homens ainda esto agindo “egoisticamente”. Uma delinigao de “epofsmo” que incl permite a possiblidade de intencional- ‘mente gir conita a feliidade a longo prazo de um individu, & to somes todos egestas? _79 uma contradic em termes. apenas legado do msticsmo que permit aos homens ima- inarem que ainda esto falando cont sentido quando desaram fie we pode procurarafelciade na rendnsia 8 cla “A Talia sca no argument todos somos egoistas” consis- teem ego exorarente Gr um Wop {lico "uma tatologia — pelo qual todo compotamento it {encional € motvado. Mas iglalar “comportamento motvado” fom “comportamento egotta” €zeat a itingbo entre um flo Sfemenar da piclogi humana ¢o fendmeno da scala ic. tug ao problem centalda eis, saber: 0 qué mova ohonem? ‘Ui egolsmo genulno — ts ter 0 qué do aulointresie do indiiduo, uma asagio da re ponsabildade de conqustelo, uma recut jams ta agindo Sob caprichos egos, exiado de espfto,impulso ou sentimento dio momento, uma lealdade sem compromise com aioe, convie: Giese valores proprios —tepresenta una profunda conguista mo- at Aquecs que afirmam que "iodos somos egtstay” comumen- {e apresentam sua efirmagto como uma expressdo de cinimo ¢ desde, Mas a verdade ¢ que sua afrmagio faz & Humanidade tim elogio que nto merece (Setembro de 1962) A PSICOLOGIA, DO PRAZER Nothonial Branden Prazer, para.o homem, nfo é um luxo, mas wma necesida- de paicologica profunda, PPrazet (10 sentido mais amplo do termo) ¢ uma coneomitan- te metafsic da vids, a ecompensa ea consequéocia da agio bem- sucedida — assim como a dor ¢ a inslnia do fracaseo, destruiglo emone, Airavés do estado de alegria, o homem experiencia 0 valor da vida, 0 sentido de que a vida vate a pena ser vvida, de que va- Tea pena lutar para manté-la, Para que viva, 0 homeim deve agit a fim de conquistar valores. Prazer Ou alegria é, 80 mesmo tem- po, uma recompensa emocional por um ato bem-sucedido e um Incentivo para continuar agindo. ‘Alem disso, devido ao significado metafsioo do prazer para fo homem, o estado de alegria Ihe di uma experiéncia direta de sua prépria eficcia, de sua competéncia em lidar com 0s fatos da e- alidade, de aleangar seus valores, de viver. Impliciamente cont Go na experiéncia do prazer esti 0 sentinento: “Eston no cont Je de minh exsténcia” — assim como implicitamente contido na experiéncig da dor esto sentimento: “Estou indefeso.” Como 0 prazer embcionalmente acarreta um sentido de eficicia, entio a for emosional acarreta um sentimento de impoténca, Deste modo, ao permitir que © homem experimente, em sua propria pessoa, 0 sentido de que a vida é um valor, e que dle ¢ ti alo, 0 praze serve come comtustvel emaconl da exo. Apeisloia do preser 81 Assim como © mecanismo prazerdor do corpo do homem funciona como um barémetTo de slide ou docnca, o mecanismo prazer-dor de sua conscinca funciona pelo mesmo principio, agin o como barémetro do que & favor ou contra si, do que ¢ bene fico ou prejudicial a sua vida. Mas o homem & um ser de conseitn cia volitva, ndo possulidéias inatas nem conhecimento infalivel ou automatico a respeito do que depende sua sobrevivéncia, Ele tem de escolher 05 valores que dever guiar os seus aiose determi nar suas dietrizes. Seu mecanismo emecional trabalha de acordo ‘com 0 tipo de valores que escolhe. Sio as seus valores que deter- rminam 0 que o hiomem seate ser a seu favor ou coatta si; 80 0s seus vilores que determinan o que procura por prazer. Se um homem cometer um erro em sua escolha de valores, mo emocional nfo 0 corrigiti: este no possui vont ‘Se os valores de uma homent forem tals que deseje col. ‘is que, de fato ena realidade, o levem a destruigdo, seu mecanis- mo emocional nfo o salvard, mas, a0 invés disso, 0 incitaré em direglo a destrugio: ee ter de 0 colocar ao contri, contra si meso e contra os fatos da realidade, contra sua propria vida. O ‘meeanismo emocional € como um computador eletnico: 0 ho- ‘mem tem o poder de programé-lo, mas nao, absoluiamente, de ‘mudar sua natureza — de modo que, se fizer a programagdo erra- dla, no serd capaz de escapar do fato da maioria dos desejos des. ‘rutivos terem, para ele, a intensidade emocional e a urgencia de atos que salvam a vida, Ele possui, € claro, o poder de mudar & rogramasio — mas apenas pela mudanca de seus valores. (0s valores basicos de um homem reletem sua visio eonscien- tee subconsciente de si mesmo e da exist@ncia, Eles soa expres- slo da (a) natureza e grau de sua auto-estima ou falta dei, e (0) extensio do que considera o universo alberto ou fechado & sua com: preensio © agdo — isto 6, a extensio até onde sustenta uma visio ‘benevolente ou malfiea da ensteneia. Deste modo, as coisas que ‘um homem procura por prazer ou alegria so profundamente reve- ladoras do ponto de vista psicologico;sfo o indice de seu carter cealma, (Por “alma” quero dizer a conscigncia de um homem & ‘Seus valores motivadores biscos,) Hii, claramente, cinco areas (interconectadas) que permitem ‘ao homem experieneiar aalegria da vidas trabalho produtivo, rela- 82 Ave de epee lonamento humano, recreago, arte © sexo. Trabalho produtivo é a mals fundamental dela: através do trabalho, o homem ganha 0 seu sentido basioo de conirole sobre a exist@ncia — seu sentido de eficicia —, que ¢ a fundagdo neces- séria da habilidade de wproveitar qualquer outro valor. O homem ‘om cuja vida falta directo ou propésito, o homem que ndo possui uum objetivo ctatvo, necessariamente sente-se abandonado e fora de controle; 0 homem que se sente abandonado e fora de contro- le, sentese inadequado e improprio para a existénca; e 0 homem ‘Que se sente impréprio para a existénca,€ incapaz de aproveitéla ‘Uma das mareas distintivas de um homem que sente auto-esti- ‘ma, que considera o vniverso aberto a0 seu esforvo, € 0 profi do prazer que experimenta no trabalho produtivo de sua mente ‘ua alegria de vida ¢ alimentada por seu interesseconstante em eres" cer em contecimento e habilidade — pensar, aloancar, mover-se para frente, encontrar noves desafios ¢ ulrapassi-los — de ficer freulhoso de uma eficécla em constante expansio. Um tipo diferente de alma ¢revelada pelo homiem que, predo ‘minantemente, tra prazer em trabalhar somentena roti ¢ nagui- Jo que the € familia, que esta inclinado a aprovetar © trabalho fem um estado de sem-atordosmento, que v2 felicidad na ausén ia de desafios ou de lutas ou esforcos: a alma de um homem pro Fundamente deficiente em auto-estima, para quem 0 wnivers0 Sit- se como desconhecido e vagamente ameagador; 0 homem eujoim- pulso motivador central & a ambielo por seguranga, no a seguran- 2 obtida pela efciéncia, mas & de um mundo no qual eicincia ho ¢ exigda, ‘Ainda um tipo diferente de alma ¢ revelado peo homem que acha inconcebivel que o trabalho —~ qualquer forma de trabalho = possa ser agradvel, que considera oesforco de ganbar a subsis- ‘@acia como um mal necessrio, que sonha somente com os praze- res que comecam quando o dia de trabalho termina, 0 prazer de ‘afogar sua mente em dleool ou televisgo ou hilar ou mulheres, 0 prazer de no ser consclente: & alma de Um homem sem um fa po de auto-estima, que nunca esperou que o universo Fosse com. ‘reensivel toma seu pavor ltirgico por ele como algo cert, € ‘uj tinea forma de alvio e Unica nocto de alegria sao breves fais- ‘as de prazer produzidas por sensagdes que no demandam esfor- Aisle de proser 82 0 algum, ‘Ainda um outro tipo de alma é revelado pelo homem que tem prazer, ndo em realzagdes, mas em destruigao, cuja ago ¢ dirgi- a, nfo a atingir a ficincia, mas a dominar aqueles que a acing ram: aalma de um homem to miseravelmente desprovido de auto valor € tio dominado pelo terror da existéncia, que sua forma tni- ca de auto-teaiaagao ¢ desencadear seu resentimento © io con- ita aqueles que ndo partilham seu estado, aqueles que esto aptos para viver — como'se, pela destruigdo do confiante, do forte © do saudavel, pudesse converter impotéacia em eficiencia, ‘Um homem racional e autoeonfiante € motivade por um amor por valores ¢ por umn desejo de aleaneé-los. Um neurético é 'motivado pelo medo ¢ pelo desejo de escapar dele. Esta diferepea em motivasao € refletida, ndo apenas uas coisas que cada tipo de | hhomem procura por prazer, mas na nafureza do prazer que exper menta, ‘A qualidade emocional do prazer experimentado pelos quatro homens desritos acim, por exemplo, nfo € a mesma. A qualida de de qualquer prazer depende de processos mentais que Ihe dio crigem e acompanham, ¢ da natureza dos valores envolvides. © prazer de uilizar a coscigncia do individuo adequadamente © 0 “prazet” de ser inconsciente nto slo os mesmos — assim como © prager de alcangar valores teas, de ganhar um sentimento aut lico de efciénia,e 0 “prazer" de diminuigdo temporaria do senti- do do individuo de medo e abandono, nfo s80 0s mesmos. © ho- ‘mem que sente auto-estima experimenia aalegra pura e nao-adul- terada de utilizar suas faculdades adequadamente e de alcancar, na realidade, valores verdadeitos — um prazer do qual os outros ‘t&s homens podem nio ter posto, bem como ele nao tem NOSED lo estado confuso e sombrio que eles chamam de “prazer” Este mesmo principio apica-se a todas as formas de agra. Deste modo, no dominio das relasdes humanas, wma forma dife- rente de praver € experimentada, tum tipo diferente de mativasio € envolvido e um tipo diferente de caréter €revelado pelo homem ‘que procura por alegria a companhia de seres humanas com intel s®ncia, integridade © auto-stima, que divide seus crtérios rigor 0s —'e pelo homem que est apio a divertir-se apenas com seres hhumanos que no possuem erterios, quaisquer que sejam, ¢ com | wan ) \ 24 _Avieude do ogtime «quem, ¢ por conseguint sente-se ive para ser ele mesmo — ou ‘si Hone qe encontrapraze someate na compashia de peso Bs que desprera, que pode compararconsgo msi favoravcinen {e-~ ov pelo homem que enconiraprazer apenas entre pessoas ‘ue pole enganar e manipula, de quer ele rao mals bao subs. tuto neurotic part sentido de genuina sien umn Sent do de poder Um homer raion, picologicarentesaudvel, 0 dese Jo.pelo pre €o deseo de coment su conlrole sabres teal dade. Para o nero, 0 deseo por prier¢o deseo de enapar eae “Agora consdere a esfera da receagfo, Por exemplo, uma fe ‘a, Um homem reconaldesfaauma festa como ua fecom pe Se emocional de uma relzagi, e pode tar prarer ela apenas Se, de fato,envolve atvidades agradivels, como ver pessoas de {he gota, onontrar pessoas novas que ack itersanes, patch far de converts nas Guais algo que va a pena dace ouvir. {eja endo lo e ouvido. Mas um neuroeo pode esfratar™ tims festa or raztesndo relacionadas a atlviades reais, que sto §contecendo: pode edi ou despezar ou temer todas a8 esoes resents, pode apr como um bobo epaafatono eseatr-se sere {Einenteexvergonhado do — mas seaira que eta aprovetando tide porque ax pestoas esto enlindo as vibragbes de aprovago, fu porque uma sistingdo socal ter sid convidado para essa fs: {on porque ontaspesons manifesta estar alegre, Ov pordue a festa 0 dbpenso, pei durardo de una noite, do ttror de estar sozinho. (0 praner” de estar bébado ¢ obviaminteo praze de esca- par da responsabilidad da conscncaE assim so reuics 50> sais com nen oto frp alo & xr 20 bistrie, onde o convidadosvagela num orpr co ico, tagaelando ruldonac Inseastamente edesfutando a iusto ds tim univero onde nfo se €sbrecrreqado com propos, ta a, relidade os consent ‘Observe, nesta seqlncie Wipes, 0 Deamicks modernos — or exempl, sia manera de dangar. O que se ¥€n80 80 sors > sega auiéntca, mas de os fkos, vago, movimento dor fsnizades, convulsion, compos que parce crpos descent A plage praser 85 605, todos trabalhando muito — com um tipo de histeria detei- nada — para projetar um ar de despropésto, sem sentido, sem ‘meméria. Este € 0 "*prazer” da inconseignca, ‘Ou considereo tino mal ealmo dos “prazeres” que preenche 1 vida de muitas pessoas: piqueniques familiares, chds de damas fu happy hows, bazates de cardade, ferias vepctaivas — todas ‘ocasides de tédio sossegado que a todos ineressam, nas quals © {édio € 0 valor, Tédio, para tas pessoa, signifiea seguranga, 0 c0- ‘hecido, o habitual, a rotina ~ a auséricia do novo, do excitante 440 ndo-familar, do exigent. (O que & um prazer enigente? Um prazer que exige a utlizagto dda mente do individu; ndo no sentido de resolver problems, nas de exercitar 0 discernimento, 0 julgamento, a conseiénca Um dos prineipais peazeres da vida ¢oferecido a0 homem pe- las obras de arte. A arte, em seu mai aio potencial, como a pro- Jegdo_das coisas “como elas podem e devem ser, pode prover 0 ‘homem de um combustivel emocional inestimavel: Mas, de novo, (0 tipo de obra de arte a que o individuo responde, depende de ‘seus valores e premisas mals profundss, ‘Um homem pode procurar a projeyao de herdieo, inteigente, ficient, dramiieo, resoluto, com estilo, engenhoso, desafiane; ele pode procurar o prazer da admirasio, de estar em busea de srandes valores, Ou pode procurar a stisiaeio de contemplar as Wariantes da coluna-de-fofacas dos colegas vizinhos, com nada & tng de Si, em em pensamento, nem em critérios de valor; po- fe Senirse prazerosamente aquecido pelas projesdes do conheci- do familar, procuranda sentiese um pouco menos “estranho © famedrontado rum mundo de que nunca participou”. Ou sua. ak ‘ma pode vibrarafirmativamente a projesSes de horror e degrada: ‘io humana, pode senti-se gratificado pelo pensamento de que ‘Mo €12o ruim quanto © ando vieiado em drogas ou aIésbicaalei- Jada de que lew a respeito; ele pode saborear uma arte que Ihe diz aque © homem é mau, que a realdade é incognoscivel, que a exis- aca & intolerivel, que ninguém pode ajudar em nada, que seu terror secreto & norma. "A arte projea uma visio implcta da existéncia — e & a pro ria visio do individuo da exisincia que determina a arte & qual Fesponde, A alma do homem cuja peva favorita & Cyrano de Ber- 0.830, a6 Avirude de ogame ca zgerac é radicalmente difereme da alma daquele que prefere Es- perando Godot Dos virios prazeres que o homem pode oferecer a si mesmo, © maior € 0 ongulho — o prazer que consegue em suas proprias realizagbes e na crag de seu proprio cardter. O prazer que con- Segue no eariter realizagdes de outro ser humane & a admiragio. ‘Avexpressio maior da wnido mais intensa destas dias respostas ~orgulho e admiracip — ¢ o amor romintion, Sua celebragio & nesta esfora, acima de tudo ~ em respostas romfintio-se- sxuais de um homer —, que sua vsdo de si mesmo e da existéncia permanece eloglentemeate revelada. Um homem se apaixona ¢ s- sualmente deseja a pessoa que reflete seus prdpri valores mals profundos. ‘As respostas romantico-sexuais de um homem so pscologica- ‘mente reveladoras em dois aspectos crucais : na sua. escolha da parceica— e no significado, para cle, do ato sexual, ‘Um homem de auto-esiima, um homem apaisonado por si mesino pela vida, sente uma necessdade intensa de encontrar se es humatios a quem possa admirar — encontrar um igual ‘ual # quem possa amar, A qualidade que mals 0 atral €@ auto- tima — auio-estima e um sentido nio-nebuloso do valor da exis- {ncia. Para este home, o sexo é um ato de celebracdo, Seu signi= ficado ¢ um tibuto a si mesmo e & mulher que escolhe, a forma liltima de experimentar concretamente e em sua propria pessoa 0 | valor e a alegria de estar vivo. ‘A necessidade de tal experitnca € inerente & natureza do bo- ‘mem, Mas se um homem carece de auto-estime para obtela, ten {a fabificdla — e escothe sua parceira (subeonscientemente) pelo pedrao de sua habildade em ajudé-lo a dsfargar esta necessidade, ando-he a ilusio de autovalor que nfo possi e de uma felicida: de que nio sente ‘Assim, se um homem senti-seatraido por uma mulher de in- ‘eligéncia, confianeae Forg, se sentir-seatraido por uma heroina, revelaré um tipo de alma; se, a0 invés, senir-se atraido por uma inresponsdvel, indefesa edistraida, cuja fraqueza o permita senir- s€ masculino,revelaré outro tipo de alma; se sentise araido por uma desmazciada assustade cuja falta de julgamento e eritéios A pslogia de proser 87 Permitam-the sentir-se livre de reprovacio, reveard outro tipo de alma, ainda © mesmo principio, & claro, apica-se ds escothas romintioo- sexnais da mulher, (© ato sexual tem um significado diferente para a pessoa eu- fo desejo éalimentado pelo orgulho e admirado, « quem a auto- ‘xperfneia prazetoss que proporciona é um fii em si mesma — ‘Para a pessoa que procura no sexo a prova de masculinidade (ou feminllidade), oo alvio do desespero, ou a defesa contra a ansie- dade, ou uma fuga do tei. 7 Paradoxalmente, esto 08 asim chamados cacadores-de-pra- ‘zet ~ 0s homens que apatentemente vivem apenas pela sensaci0 ‘do momento, que estdo apenas preocupadas em “diverse” — ‘que sio psicolosicamente incapazes de aproveitar 0 prazer como lum fim em si-mesmo. O neurdtico eagador-de-prazer imaging ‘gue, ao passar pelos movimentos de uma celebracdo, est apto 2 fazer a si mesmo sentir que possui algo pera celebrar, ‘Uma das mareas de autenticidade do homem que carece de auto-estima — e a punigio real de sa omissio morale psicol6gi- ca — €0 fato de que todos os seus prazetes sBo prazeres de fuga dos dois persegudores @ quem cle traiu ede que nBo ha escapats- ria: atealidade.e sua propria mente, “Ta que funcio do prazér¢ proporcionar a0 homem tm sen- tido de sua prépriaefiiznca, © neurdtco & apankiado num coafli- to mortal: ¢compeldo, por sua nalurera de homem, a senir uma necessdade desesperada por prazer, enquanto uma confiemaco expresso de seu contro sobre a realidade — mas pode encontrar prazer apenas numa fuga da reaidade. Esta € a razio por que seus prazeres no funcionam, por que Ihe trazem, no uma sensa- 80 de orgulho, realizagd0,inspiragfo, mas de culpa, frustracio, desesperangae vergonha. O efeio do prazer num honem que sen- te auto-stima & 0 de uma recompensa ou confirmacio. O efeito ‘ prazer num bomen que carece de auto-esima 6 de uma ame- ‘aca — uma ameaga de ansiedade, 0 temor de uma fundagio pre clria de seu pseudo autovalor, o agugamento de um medo sempre- [presente de que a estrutura entre em colapso, cele encontre-seften- tea uma realidade imperdodvel, desconhecida, absoluta e austera. ‘Uma das reslamagoes mals comuns dos pacientes que proc a8 _Avirude do opine ram a psicoterapia & que nada possui o poder de dar-hes prazer, ‘8 alegria auténticw thes parece impossivel. Este 0 Beco sem sai- «da da politica do prazer-como-escape. reservar uma clara capacidade para desfrutar a vida é uma reallzagio morale psicoldgica incomum. Ao contrério da erenga popular, esta capacidade ¢ a precrogativa, ndo a irresponsabilda~ de ow a inflexdo, consistente numa devogdo irenuncisvel a0 ato de perceber a realidade, ede wma intgridade intelectual escrupulo- sa. a recompensa da auto-stima, evereivo de 1964) A VIDA NAO REQUER: UM PACTO? Ayn Rond Um pacto & um ajuste de reivindicagdes conflitantes por meio de concessdes mituas, Isto significa que ambas as partes, ‘num pacto, possuem alguma reivindicto valida e algum valor & ‘oferecerreciprocamente. F isto significa que ambas as partes con- ‘cordam a respeito de algum principio fundamental que serve co- ‘mo: base para sua negociaeao. E somente em relaedo is idas ou informagies, implementan- do um prinetpio basioo acelto mutuamente, que o indivi Assumir um compromisso. Per exemplo, pode ba ‘comprador sobre o prego que quer receber por seu produto e can- ‘cordar com uma quanta intermedia entre 0 que desea deter © auilo que ihe (oi oferecido, © principio bésico accito mutwamen- fe, em tal cas0, €0 principio do comérco, a saber: que © compra- lor deve pagat © vendedor pelo seu produto, Mas se 0 indivduo ‘uisesse ser pago, ¢ 0 suposto compradior quisesse obter 0 produ 1 dele por nada, nenkum pacto, acordo ou discussfo seria poss- ‘el, apenas a total rendigio de uim ou de outro. "Nao pode haver um pacto entre 0 dono de uma propriedade ‘eum lacrio; oferecer ao ladrio uma tniea colher de cha de sua prataria ndo seria um pacto, mas uma rendigdo total — o recone mento do dielto dese sobre a propriedade daquele. Que valor fu concessio o ladro ofereceu em troca? E uma vez que o princi- pio das concessbes unilateais€ acito como a base de um relacio- ‘amento por ambas as pates, apenas uma questo de tempo an tes do ladrto se apoderar do resto. Como um exemplo deste pro- 170 Avimude do ogleme exsso, observe & atual politica exterior dos Estados Unidos. ‘Nio pode haver pacto entre a liberdade e 0 controle gover- ‘namental; acetar “apenas um pouco de controle” € renunciar a0 princi dos direitos individuals inaliendveis ¢ subsituito pelo principio do poder arbitririo eilimitada do govern, entrepando- fe, assim, & escravidio gradual. Como um exemplo deste proces: 40, ebserve a atual politica interna dos Estados Unidos. "Nao pode aver pacto a respeito de prineipios bisicos ou ques- ‘es fundamentals. O que voc® consideraria como um ““pacto™ en- tne a vida ¢ a morte? Ou entre a verdade e a falsdade? Ou entre aio a iracionaidade? Hoje, entretanto, quando as pessoas falam de “pacto”, 0 ‘que querem dizer nfo’ € uma concessao mixua leitima Oa um ne- ‘g6cio, mas precisamente a traicto dos princpios de um individuo “a rendigdo unilateral a qualquer revindicasdo irracional einfun- dada. A raiz desta doutrina ¢ 0 subjetivismo alco, que sustenta ‘que um desejo ou eapricho & uma base moral iredutivel, que ca- da orem tem dirito 2 todo desejo que quera fazer vaer; equiva Tea defender que todos os desejos possuem a mesma validade mo- ral, e que a tinica mancira pela qual os homens poder conviver ‘etn juntos & submetendo-se a qualquer coisa e“‘comprometendo- se" com qualquer pesioa. Nao é cif ver quem luera¢ quem per dle com tal doutrina, ‘A moralidade desta doutrina — e a raxio pela qual o termo “pacto" implica,no atual uso geral, um ato de trakdo moral — reside no fato de que requer homens para aecitar 0 subjetivismo ico como o principio basco que substitu todos os prieipios nas ‘elagdes humanas e para sarificar qualquer coisa como uma con- exsslo a0s caprichos de outros. ‘A pergumta ‘a vida mio se quer pacto?" € geralmente feta por aqueles que falham ao diferenciar um principio basieo algum Aesejo espectico ¢ concreto. Aceitar um emprego inferior Aquele (que se queria no ¢ um “acto”. Receber ordens do empregador 4 respeito de como fazer 0 trabalho para o qual se € emprezado, ‘ado é um “pacto™. Viverexclusivamente com o que se pana, mio & um “pacto.”” "A integridade no consste na Ieakdade aos caprichos sublet- vos de alguém, mas a prncipiosracionais. Um “pacto” (no sent- Aide ne rquer om pio? 91 do ineserupuloso desta palavra)ndo significa abandonar 0 confor- to pessoal, mas as proprias conviegdes. Um “pacto™ (no sentido Inescrupuloso da palavra) nio consiste em fazer alo de que 10 Se gosta, mas em fazer algo que se sabe incorreto, Acompanhar ‘© marido ou a espost a um concerto, quando nio se liga para mi sica, mio € um "'pacto”; render-se &s exigéncias irracionals dele ou dela por conformidade socal, por observancia religiosa fing 1a ou por generosidade aos parenies grosseros do cOnjuge, €. Tr balhar’para um empregador como quem no se compartilham iiss, nfo & um “pacto”; fingir comparinar idéias, é. Acetar _ sugestes de um editor para fazer mudangas nos origina, quan- do se vé a validade racional das sugestdes, nd € um ""pacto”; fa zee estas mucdancas a fim de agradar-lhe ou ao ““piblico”, contra © proprio julgamento ecrtéio, & ‘A desculpa dada em fodos 0s casos do género & que o "pac: to” & apenas tempordrio, ¢ que a intesridade pessoal ser recon: 4uistada em alsum futuro indeterminado. Mas nio se pode cot ira iracionalidade de um marido ou esposa submetendovse a ela encorajando-a a crescer. O individuo nao pode aleangar a vitéria de suas idéias ajudando a propagar as opostas a8 suas. Nao se po- de ofereser uma obra-prima Iterdia, quando se ficou “ico e fa- ‘moso", para um circulo de letores que se conquistou escrevendo lixo. Se se achou dificil manterleldade as proprias conviegbes ini ciais, uma sucesso de traigdes — que ajudaram a aumentar 0 po- der daquilo nocivo que ele ndo teve coragem para combater — nfo tornard a tarefa mais fil depois, pelo contrario, a fara vie ‘walmente impossivel. Nao pode haver aeabum pacto sobre prin pios mors “Em qualguer pacto entre comida e veneno, somen- tea morte pode vencer. Em qualquer pacto entre 0 bem = 0 mal, somente o mal pode lucrar‘* (Quem é John Gall). Enid voce fi: ca feniado a perpuntar: “A vida no exige um pacto?” Traduza 2 pergunta para o seu real significado: ““A vida ndo exige a rendi- 0 daquilo que € verdadeiro e bom ante 0 falso e 0 mau? A res- posta é exatamente ito que a vida profbe — se alguém deseja com ‘uisiar nada mais do que uma extensfo de anos torturantes gastos ‘em autodestrugo progressva Gut de 1962) COMO LEVAR UMA VIDA RACIONAL NUMA SOCIEDADE IRRACIONAL? Ayn Rand Limitarei minha resposta a um dnico ¢ fundamental aspesto desta pergunta. Nominarel apenas um principio, 0 opesto da idéia Ho predominante hoje e que 6 responsivel pela difusio do mal rho mundo. Este principio & nlo se deve munca falar 20 manifes- {ar um julgamento moral. ‘Nada pode corromper edesintegrar uma cultura ou o carter {de um homem tio completamente quanto o faz 0 preceto de ag nostiismo mora, a idéia de que nunca se deve proferir um julea- mento moral sobre os outros, que se tem de ser moramente tle- rante sobre qualquer coisa, que o bem consiste em nunea disin- ‘Bur @ bem do mal Sbvio quem lucra © quem perde com tal precsito. Ndo & justiga ou tratamento igual qe voo® concede aos homens quando ‘Se abstém igualmente de clogiar as virudes e condenar 08 vicos dlestes. Quando sua attude imparcial declara, de fato, que nem 0 bem, nem o mal, podem esperar algo de vos! — a quem voc tai, ‘2 quem encoraia? ‘Mas pronuneiar um julgamento moral é uma enorme respon- sabilidade. Para sor um juiz, © individuo deve possuir um carter inquestiondvel; ndo precisa ser inflivel ou oniscente, endo é uma 4questdo de erros de conhecimento; ele precisa de uma integridade wiolvel, isto €, a auséncia de qualquer indulgéncia em relagdo ‘0 mal intencional e conscente. Assim como wm juiz num telbu- nal pode errar, quando @ prova ndo & convincente, ele no pode cevilar a prova disponivel, nem acetar suborno, ner permitir que | | | Come evar une vide radonal moma teededs inedenal? #9 qualquer sentimento pessoal, emogao, desejo ou medo obstrus feu julgamento da compreensdo dos fatos da realidade — assim fad pessoa racional deve manter una integridade igualmente rigo- ross ¢ solene na sala da corte de sua prépria conscigncia, orde a Fesponsabilidade € mais aerrorizante do que mam tribunal publi 9, porque ele, 0 julz, € 0 tnico a saber quando foi acusado. Hi, eatrtanio, uma corte de apelayso de nossos préprios jnizos:& teaidade objetiva. Um juz colocs-se em julgamento ca- dda ver que pronuncia um veredito. E apenas no reino afval 6 c: rismo amoral, subjetivismo e gangsterismo que os homens podem acteditar-e livres para proferir qualquer tipo de julgamento iracio- hal, sem softer conseqigncas. Ms, na verdad, um homiem deve Ser julgado pelos julgamentos que’pronuncia. As cosas que ele Condena ot exalts, existem na reaidade objetiva ¢ esto abertas | avaliagho independente dos outros. E seu proprio cardter moral © cttérios que revela, quando acusa ou clogia. Se condena a Amé- rica eexalia a Russia Sovitica — ou se ataca homens de negécios defend delingientes juvenis — ou se denuncia uma grande pe sa de arte e clogia um lixo — & a natureza de sua prdpia alma ‘ue confessa. Eo miso desta responsabiidade que incta a maioria das pes- soas a adotarem uma atitude de neutralidade moral indiserimina- dda, O medo € melhor expressado no preceto: “NAo julgue, ave do ser julgado.” Mas este preceito, na verdade, & ima abdica- ‘0 da responsablidade moral: & um cheque em branco moral que alguém da aos outros em troca de um cheque em branco moral ‘Que espera para si mesmo. ‘Nao hi maneira de escapar do fato de que os homens deve fazer escolhas; uma vez que os homens tfm de fazer escolhas, nfo hha comio escapar dos valores morais; enquanto os valores morais ‘esto em jogo, nenhuma nentralidade moral € possvel, Absterse de condenar um torturador tornar-se um acessio para a tort rae assasinato de suas vitimas. (© principio moral a se adotar nesta questo &: “Sulgue eeste- 48 preparado para ser julgado.”” 'O oposte da neutralidade moral nlo é uma condenagéo cega, arbitréria e autoaprovada de qualquer idéia, ato ou pessoa que ‘ose ajusta a0 humor de alguém, aos seus slogans memorizados 98 _Avirude do ogieme oa ou ao julgamento repentino do momento. Tolerinci indiscrtsina- da e condenacio indiscriminada no sio dois oposos: sto duas vatiantes do mesmo subterfigio. Decarar que odes so bran cos" ou “todos sdo pretos” ou “ninguém & branoo nem preto, mas cinza” ndo é um julgamento moral, mas uma fuga da respon sabilidade do julgemento moral, Jolgar significa: avaliar uma dada iia ou coisa conereta com ‘referencia a um principio ou erteio abstrato. Nao & ume tarefa simples; ndo ¢ wma tarefa que pode ser executada automaticamen- {e pelos sentimentos,“instintos” ou palpites de alguém. E uma I refa que requer o mais preciso, 0 mais exato, o mais implacivel objetivo e um processo racional de pensamento, F relaivamente fil compreender principios morais abstratos; pode ser muito dif! cil aplicélos a uma dada situacio, particularmente quando esta envolve 0 cariter moral de outra pessoa. Quando algném pronun- ia_um julgamento moral, para elogiar ou condenar, deve estar preparado para responder “por que?” ou provar sua decisdo — para si mesmo ou para qualquer inguisidor racional ‘A politica de sempre pronunciar um julgamento moral no significa que se deva considerar a si mesmo umm missiondro incur bido da responsabilidade de ‘salvar a alma de todos” — nem que se deva dar avalides moraisndo solicitadas a todos aqueles com ‘quem se encontra. Signifca: (a) que se deve saber claramente, por extenso, de forma verbaimente identficada, a propria avaliagao ‘moral sobre cada pessoa, questo ou evento com o qual se lida € agir de acordo; (b) que s¢ deve tornar uma avaliagio moral cone ‘ida aos outros, no caso de ser racionalmente apropriado faz-o, Esta Ultima proposko significa que ndo & necessitio lang se em dentincias ou debates morals ndo provocados, mas que s© deve falar claramente em situagdes onde o sikncio pode objetive- mente ser tomado como um acordo ou sangio do mal. Quando se lida com pessoas irracionals, onde argumentar ¢ ft, wm me 19 "no concordo com vocs" ¢ sufisiente para negar qualquer int plicagio de senedo moral. Quando se lida com pessoas Thais ap tas, uma afirmaglo completa de seus pontos de vista pode ser mo- ralmente exgida. Mas em nenhum caso, ¢ em nenhuma situagio, Pode-se permit que seus prOprios valotes sejam atacados ou de. ‘munciads e fcar em silencio, Valores morais sSo a forea motrz dos atos dos homens. Ao pronunciar umn julgamento moral, protegese a clareza de sua pro- ria percepcdo e a racionalidade do caminho que se escolhe bus- far. Existe diferenga entre pensar que se estélidando com erras de conhecimento humanos ou com @ maldade humana. ‘Observe quantas pessoas fogem, racionaizam e diigem suas mentes a um estado de torpor cego, por pavor de descobrir que aqueles com quem tratam — seus “amados” ou amigos ou sécios ‘de negécios on dtigentes politicos — nd so simplesmente incor- eto, mas nocivos. Observe gue este pavor os leva a sancionar, ajudar e difundir aquilo que é verdadeiramente nociva, euja exis: teacia tem medo de admitir Se as pessoas nfo se enteegassem 2 abjetas evasses, como a ‘declaragho de que algum vil mentioso. "esta com boas intenedes"” "de que um vagabundo vadio "nko pode evit-lo” — de que un delingiente juvenl “precisa de amor” — de que um crimino- s0 “mo conhece naa melhor” — de ave um polico ca poder € movido por sua preocupagio pelo “bem pibico” — de que os ‘omunistas sfo simplesmente “reformistas agrrios” — a historia de poucas décadas on séculos passados teria sido diferente. Pergunte a si mesmo por que os dtadores toalitérios acham necessirio derramar dinheiro eesforgos em propaganda para seus Droprios escravos desemparados, acorrentados e amordacados, ue no possuem meios para protestar ou se defender. A respos- {a € que mesmo o servo mais humilde ou o selvagem mais baixo se levantaria em rebelito cega, ao peroeber que esté Sendo imola- do, alo por alguma incomprecasivel “causa nobre™, mas sim pa- ‘a evidente © exposta maldade humana. Observe também que a neuralidade moral necesita uma soli dariedade progressiva para com o vcio ¢ um antagonismo progres- sivo para com a virude. O homem que lta para no reconecet que o mal & mau, ache cada vez mals perigoso reconhecer que 0 bbem é bom. Para ele, uma pessoa de virtude & uma ameaga que pode derrubar todas as suas evasdes — particularmente quando uma questi de justicaesté envolvida, exgindo que tome uma po- siofo. E assim que formas como “ninguém esta totalmente certo (od totalmente errado” “quem sou eu para julgar?” causam seus efeitos letais. O homem que comeca por dizer: “Hi algo de bom 26 _ Avira do ogee no pior de nés", continua a dizer: “Ha algo de ruim no methor dde nos” — ento: “Deve haver algam mal no melhor de nds!" — entdo: “Sao os melhores de nds que Tazem a vida dificil — por ‘que eles nfo ficam em silncio? — quem so eles para julgar?”" EE entio, em alguma manhé cinzenta, na mea-idade, tal ho ‘mem se dé conta repentinamente que traiu todos os valores que ‘nha amado em sua distante primavera ¢ imagina vomo isto acon- teceu, ¢ fecha sua mente para a resposta,dizendlo asi mesmo apres saudamente que 0 medo que sentiu em seus piores¢ mais vergonho. 0s momentos estava certo, ¢ que os valores no t@o chance neste mun ima Sociedade iracional ¢ uma sociedade de covardes mo- rals — de homens paralisados pela perda de citétios, prineipios © slirerizes morais. Mas j& que os homens t2m de agir enguanto vi- vem, esta sociedade esti pronta para ter seu comando assumido or qualquer um disposto a estabelecer uma direglo, A inilaiva 56 pode vir de dois tipos de homens: do homem que esta dispos to a assumir a responsabilidade de estabelecer valores racionais = ou de um facinora que nlo esti preocupado com questdes de responsabilidade ao importa quio difel seja a lua, hi apenas uma escolha 2a ser feita por um homem racional diante de ta alterativa. (Abril de 1962) © CULTO DA MORAL INDEFINIDA Ayn Rand ‘Um dos sintomas mais eloguentes da faléncia moral da eul- ura atual € uma certa aitude em voga para as questdes morals, que melhor se pode resumir como: Nao hi pros nem brancos, hh apenas ‘cinzas'" ‘Afirma-se isto considerando pessoas, atos,prinepios de con dduta e moralidade em geral, "Preto e branco™, neste contexto, si nifica "Yo bem e o mal”. (A ordem contréria usada naquea frase {ita € interessante, do ponto de vista psicolégico.) Sob qualquer aspecto que alguém se interesse em examiner, esta nogdo estéchela de contradgdes (em primeiro lugar esta f licia do “conceto roubado"), Se no hd preto e branco, no po- de haver cinza — ja que est & meramente uma mistura dos dois. 'Antes que alguém possa identifica algo como “cinze”, deve saber o que € preto ¢ 0 que é branco, No campo da moralidade, isto significa que se deve primeiro identificar 0 que é 0 bem € 0 {que é 0 mal. E quando um homem descobre que uma alterativa @ boa, ¢outrs ¢ ma, ndo possuijustifieativa para escolher a mist +a. Nido pode haver justificativa para escolher qualquer parte da- ‘uilo que se sabe ser nocivo, Em moralidade, “preto" é predomi fantementeo resultado de tentar fingira si mesmo que se € mer mente “cinza™ ‘Se um eédigo moral (como o altruism) é, de f3to, impos vel de pratcar,€ 0 o6digo que deve ser condenado como “preto” fe nfo Suas vitimas avaliadas como “einza”. Se um cddigo moral prescreve contradigdes irreconcliveis — de modo que, escolhen- A vierade do eget do 0 bem em um aspecto, um homem se torn mau em outro —, 0 cédigo que deve ser reeitado como “preto”. Se um cddigo moral inaplicavel a realidade — se ndo oferece diretrz, exceto uma série de injungoes e mandamentos arbitrérios, infundados & fora de contexto a fer aceito por f¢e pratcado automaticamente, ‘como um dogma cego —, seus praticantes nfo podem adequada- mente ser clasificados como “brancos” ou “>pretos” ou “cinzas": lum cédigo moral que profbe e paralisa o jlgamento moral ¢ uma contradigfo em termos, Se, numa quesiéo moral © complexa, um bomen luta para determinar 0 que é cero, e falha ou comete um erro honestamnen- te, no pode ser considerado “cinza"; moralmente ele & "“branco”. Ezros de conhecimento nto sio fissuras de moralidade; nenhur cbdigo moral correto pode exiirinfalibiidade ou onisciéncia, "Mas se, a fim de escepar da responsabiidade de julenmento ‘moral, um homem fecha seus olhos e sua mente, se foge dos fatos dda quéstio eIuta para no saber, no pode ser consierado “cin 22”, moralmente, ele € completainente “preto”. ‘Muitas formas de confusfo,incerteza ¢ descuido epistemols- ‘ico ajudam a obscurecer as contradiqdese dissimular osignifica- ddo real da doutrina da moral indefinida. ‘Algumas pessoas acreditam que se ata de uma mera reafir- magdo de observagdes banais como “‘ninguém € perfeito neste mundo” — ou seia, todos so uma mistura de bem e mal e, por- tanto, moralmente ‘‘cinzas”. Jd que € provavel que a maioria das pestoas que se encoatram corresponds exatamente a esta descr, todos actitam isto como algum tipo de fato natural, sem maior rellexso. Esquecem que a moralidade trata apenas de questdes aber- tas escola do homem (sto €, a sua live vontade) ~ e, por con seguinte, que nenhuma das peneralizagdes estaistias € valida nes- Se 0 homem é “‘inza”” por natureza, nenhum dos conceitos morals € aplicivel a ele, inckiindo “cinzento”, © n8o pode haver moral alguma, Mas se © homem tem vontade livre, ento 0 fato 4dedez homens (ou dez mules) fazerem a escola erada no im- plica que o désimo primeiro.o faga: nao implica nada — e nao prova nada — em consideragfo a um dado individuo. HA muitas razdes para a maioria das pessoas ser imperfeita moralmente, isto & manter premissas ¢ valores contraitérios ¢ confuses (@° moralidade alicisia & uma das razdes), mas isto € fam assunto diferente. Independentemente das raz0es de suas esc0- thas, 0 Fato da maioria das pessoas ser moralmente “cinza"” nao invalid a nevessidade do homem ter uma moral e de que esta de~ va ser “branca”, antes pelo coniririo, toma esta necessidade mais imperiosa, Nem justifica 0 “pacto” epistemoldgico de rejitar 0 problema consignando a todos os homens como de moral “cinzen- fa’, ¢ assim recusando-se a reconhecer ou praticar a “brancura”. Nem serve como uma Tuga da responsabilidade do julgamento ‘moral @ nlo set que alguém seja preparado para prescndir total mente da moralidade e considerar um tapeador insignificante € lim assassino como moralmente iguais, mas mesmo assim tem de julear€ avaliar os muitos matizes do “cinza” que se pode encon- ‘rar nas indoles de homens indWvidualmente considerados. (E a tiniea maneira de julgé-los € por um eritério claramente definido de “preto” ¢ “branco”) Uma nogio similar, envolvendo ervos similares, ésustentada por algumas pessoas qué acredtam que a doutrina da moral cin- Zzenta é simplesmente Uma reafirmagao da proposicto: “Ha dois lados de cada questao”, que pegam para significar que ningutm ‘ext sempre completamente certo ou errado. Mas isto no € 0 que ‘eta proposigio significa ou sugere, Ela implica apenas que, 20 jlger uma questo, devese tomar conhecimento ou dar ouvidos ‘aot dois lados. Isto nAo significa que as revindicagdes de ambos (0s lados sejam necessariamente vidas também, nem mesmo que hhaverd posca justga para ambos os lados. Com muita freqincia 2 justia estard de um lado, e uma presungdo ndo-justificada (ou pion, de outro, "Ha, 6 claro, questdes complesas nas quais ambos 0s lados es to certos em alguns aspectose errados em outros — ¢ € aqui que ‘0 “*pacto” de declarar ambos 0s lados “‘inzas”” € menos admiss\- Vel E nesias questOes que a mais rigorosa precisio de julgamento ‘moral € esigida para identifcare avaliar os varios aspectos enval- Yidos — 0 que apenas pode ser feito reorganizando os elementos Imisturados de “preto” ¢ “branco”. (© erro bisico em todas estas virlas confusses & 0 mesmo: cconssie em esquecer que a moraidade trata apenas de questoes 100 _Avitude de ogoieme abertas &escotha do homem — 0 que significa: esquecer a diferen- (entre 0 "incapaz”” eo “de ma vontade "isto permite as pesso- 4S tadusirem a frase feta: “Nao hi pretos nem brancos” em: a homens 26 ineapazes ce serem totalmente bons ou totalmen- te maus” — que eles acetam, com resignagio confusa, sem ques tionar as contradigBes metalisicas que acarreta ‘oucas pessoas aceitariam isto, se esta frase felta Fosse ‘raduzida no significado real, que pretende contrabandesr para suas mentes: “Os homens tm mai vontade de serem totalmente bons ou totalmente ruis."” ‘A primeira coisa que se dria a qualquer defensor de tal pro- posisio: "Fale por si mesmo, itmdo!” E isto, de fato, &0 que ele std realmente fazendo; consciente ou subconslenfemente, ional ou inadvertamente, quando um homem declara Ind pretos nem brancos”, est fazendo uma confissio psicoldgica, 0 que quer dizer & “Bu estou com vontade de ser totalmente bom — ¢, por favor, no me considere totalmente mau!” ‘Assim como em epistemologia o culto da incerteza € uma re volta contra a razdo — também, na ética, 0 culto da moral cinzen- ta éuma revo contra os valores morals. Ambos sio uma revol- {a contra absolutism da realidade, ‘Assim come 0 culo da incerteza ndo podria ter sucesso nu- sma rebelifo aberta contra a razio, e, conseqientemente, lula ra dlevar a negacdo da razio em algum tipo de raciocnio superior assim o culo da moral Indefinide no poderia see bem-sucedi- {do numa rebelido aberta contra a moralidade, e Iuta para clevar ‘anegagio da moralidade a um tipo superior de vitude. ‘Observe a forma na qual se enconira esta doutrina:€ raramen- te apresentada como positiva, como uma teoria ética ou assunto de discussio; predominantemente, alguém a ouve como negativa, ‘como uma objeqdo ou reprovaes0 rapida, profetida de uma ma neira a sugeri que alguém € culpado de éransgredir um absoluto ‘Ro auto-evidente que no requer nenhuma discussio. Em tons ‘que Variam do espanto ao sarcasm, & raiva, a indignacdo, a0 ‘dio hisérico, a doutrina Ihe € impingida na forma de wma acusa- ‘Hho: “Certamente voo® no pensa em termos de preto-e-branco, bio @2" Etimulada pela confusio, desamparo € medo de todo 0 as- Oho da mort indatinida 10) sunto de moraldade, a maior das pessous apress-se& responder culpadamente: “NAO, € claro que mio”, sem nenhuma idéia clara dda natureza da acusagao. Eles nfo fazer uma pause para compre- lender que esta acusardo esti, de fato, dizendo: “Certamente o- 8 ndo & to injusto a ponto de disriminar entre o bem e 0 mal, flo €?” — ou: “Certamente voc? alo € tio mati a ponto de pro: curar 0 bem, to €?"" — ou: “Certamente vocé mio € t80 imoral ‘a ponto de aereditar na moratidade!” E tio dbvio que culpa moral, medo de julgamento moral © um apelo por um manto de perdio sio o motivo desta frase feta, ‘que uma olbada para a realdade seria suficiente para mostrar aos seus proponentes a confissio perigosa que estio pronunciando, Mas gs da eda & «pre on © o abet do cto dt moral indefinida. Filosoficamente, este culto € uma’ negacio da moralidade — mas, psicologicamente, nfo & 0 objetivo de seus adeptos, O que les procuram nao ¢ amoralidade, mas algo mais profundamente Inracional: uma moralidade nfo-absolita, Nida, eléstica, de meio de caminho. Nao proclamam a si mesmos “além do bem ¢ do ‘mal — procuram preservar at 'vantagens” de ambos. Nio slo desafiadores morais, nem representam uma versio medieval dos aadoradores exagerados do ml. O que Ihes dé seu sabor peculiar Inente moderno & que no defendem vender a alma de alguém a0 Dabo: defendem vendé-a pea por pega, pouco a pouco, a qual ‘quer arrematador que compre a varejo, Eles nfo constituem uma escola filas6ica de pensamento; sfo © produto tipico da omissio filossfice — da faléncia. intelectual {que produziu 0 irracionalismo, na epistemologia; um vieuo moral, za étca; © uma economia mista, na politica. Uma economia mis. ‘a é uma guerra amoral de grupos de pressio, destituda de princ- pios, valores ou qualquer referencia & justica? uma guerra cuja a mma dima & o poder da forea bruta, mas cuja forma externa & lum jogo de compromisso. O culto da mora indeinida é a morali- dade da imitagéo que a tornou possvel e & qual os homens agora ‘agarram-se numa temtativa tomada de pinico de jusifici-la, Observe que seu tom excessvamente dominante no é uma procura pelo “branco", mas um terror obsessivo de serem rotuls ‘dos como “pret” (e com boas razdes). Observe que esto pete 102 _A vite do agoteme ‘ando uma moralidade que conteia 0 eompromisso como padrio de valor, e assim tornatia possivel medir 8 virude pelo mimero e valores que se est disposto a trait. ‘As conseqignciase os “bens agutidos” de sua doutrina es ‘0 vsiveis 20 nosso redo. ‘Observe, na politics, que o termo extremism rornov-se um sindnimo de “mal, independentemente do conteido da questio (@mal nao 6 sobre o qué voo8é extremist", mas que voce & “ex tremista” — ito &, coerente). Observe o fenémeno dos chamados neutralstas nas Nagbes Unidas: 0s “neutralisas” sto mais do que -meramente neutos ho eonilito entre os Estados Unidos ea Russia Sovidlica; eles estdo comprometidos, por principio, a nao ver ne ‘nhuma diferenea entre os dois lados, 2 nunca considerar os méri- tos de uma questio e sempre procurar um pacto, qualquer pacto, fem qualquer confito — como, por exemplo, entre um agressor ¢ tum pais invadido, ‘Observe, na literatura, o surgimento de uma coisa chamada ane Aiherd, cuja ditinedo é ele no possuirditinglo — nem viruses, nem valores, nem objeivos, nem carter, nem significag3o —, € que ainda ocupa, em pegas ¢ romances, a posicdo primeirarente Ocupa- a pelo herGi, com a historia centrada em suas agdes, mesmo que ‘io Taga nada e ndo va a lugar nenum. Observe que 6 temo “m0- tinhos e bandidos” ¢ usado com desdém,e, patcularmente na te ‘isio, observe a revola contra finals flies, a exigéncia de que aos “panies” sejadada uma chance igual eum mesmo mimeo de vitrias ‘Com uma economia mista, os homens de premissas mistas ever ser chamados “‘cinzas"; thas, em ambos os casos, a mescla nndo permanece “cinza”™ por muito tempo. "Cinza’, neste contex- {o, ésimplesmente um prehidio para 0 “‘preto”. Pode haver ho- ‘mens “czas”, mas no pode haver princjpios moras IS moral é um edidigo de preto ¢ branco. Quando e se 0s homens {entam um pacto, € obvio qual lado, necessariamente, perderé qua, necessariamente, lcrars. Estas #40 as razSes pelas quais — quando se é perguntado: “Certamente vocé ndo pensa em termos de preto e branco, nto Fesposta apropriada (em essncia, se ndo em forma) deve- fia ser: "E dbvio que eu penso!™ (Gano de 1968) 1 a ETICA ‘Ayn Rone Certas perguntas, ouvidas com freqiéncia, ndo representam vidas filosoticas, mas contissbes psigalopias. Isto & particalar- ‘mente verdade no campo dla tia. F especialmente em discusses de ica que se deve revisar as proprias premissss (ou lembré-s), ‘emals: deve-se aprender a revisar as premisas dos adversities, Por exemplo, os objetivistas sepuidamemte ouvirdo uma per- _gunia como esta: +0 que sed feito pelos pobres ou deficientes mi- sma sociedade livre?” A premissaaltrusta-coletivista,implicta nes- ta petgunta, & que os homens slo “protetores de seus irmos”, © ‘que 0 inforttinio de alguns € uma hipoteca que reel sobre os ot ‘fos. O questionadar estéignorando ou Tugindo das premissas bd seas da ética Objetivistae tentando mudar a ascussao para sua propria base coletivsia. Observe que ele néo pergunta: “Deve al- 0 ser feto?”, mas: “O que ser feito", como se a premissa cole- tivsta tivese Sido tactamente aceita e tudo 0 que restase Fosse ‘uma discussio dos meios para implementa ‘Uma vez, quando Barbara Branden foi questionada por um sestudante: "“O que acontecerd aos pobres numa sociedade objet- vista?” — ela respondeu: “Se voc€ quiser ajudé-os, ninguém vai Iimpedi-to. sta ¢ a esséncia de toda a questto e um exemplo perfeito ‘de como alguém recusa-se a aceitar as premissas de um adversério ‘como a base da discussdo, ‘Apenas 0s homens individualmente possuem o dircto de deci- dir quando, ou se desejam ajudar os outros; a sociedade — co- 104 A virude do ecto ‘mo um sistema politico organizado — nao possui nent dire. 10 no assunto. Sobre a pergunta de quando e sob quais condigdes € moral- ‘mente adequado a um individuo ajudar aos outros, recomendo 0 dliscurso de Galt em Atlas shrugged. O que nos ineressa aqui é a premissa coletivisa de considear esta questio como politica, co ‘mo um problema ou um dever da ‘sociedad com um todo” 1H gue a natureza no garante sepuranga aulomdtica, ies so ¢ sobrevivéncia para qualquer ser humano, somente a presun- ‘lo diateral ¢o canibalisme moral do cSdigo alttustacoletivis- {ta que permitem ao homem supor (ou fantaskt) que ele pode, por alga aco, garatir ta sepurang 8 alguns homens iss ‘Se um homem reflete sobre o que a “‘sociedade" deve fazer pelo pobre, aceita com isso a premissa coletivsta de que as vidas {dos homens pertencem a sociedade, e que ele, como um mem- bro desta, possuio dirito de dspor dele, fixar seus objetivos ou planar & “distribuisio” de seus esforgos Esta & a confssdo psicoléyiceinferida em tais perguntas e em muitas questdes do mesmo tipo. 'Na melhor das hipdteses,revela 0 caos psico-epistemologico de um homem; revela uma faldcia que pode ser chamada de ‘a falicia da abstracdo congelada’” e que consiste em substitu uma deierminada idéia conereta por wma classe abstrata mais ampla & ‘ual perienca — neste caso, substituindo uma éticaespeciica(al- ‘ruismo) pela abstracio mais ampla da étca. Desse modo, um ho- mem pode rejeitar_a teoria do altrulsmo e aflrmar que aceitou lum cédigo racional — mas, a0 no obter a integraglo das suas dias, continua irrefletidamente tratando as quesides éticas nos {erm estabelecdos pelo altruismo. ‘Com maior frequéncia, entretanto, esta confissio privol6gica revela umn mal mals profundo: quo extensamente o altrusmo cor toe a capacidade dos homens de compreenderem o conceto de di- rellos ou o valor da vida de um individuo; revela uma mente da ual se apagau a realidade de um set humano, A humildade e a presungao so sempre dois lados da mesma premissa e sempre dividem a tarefa de completar 0 espaco deixa- o pela auto-estima numa mentalidade coletivizada. Um homer A ica coltvizode 105 ‘que est disposto a servir como meio para os fins dos outros, ne- ‘estariamente consideraré estes como meio para seus fins. Quan {to mais neurStico ou eonsciencioso Tor, na pratica do altrulsi ( estes dois aspoctos de sua psicologia atuaro reiprocamente pa ‘a reforcar um a0 outro), mais ele tentara planejar esquemas pa 2.0 bem do g2nero hurmano ou da sociedade” “ou do pilbico (ude geragdes futuras” — ou de qualquer coisa, exceto seres hi- alo apavsranteatrevimento como qualos homens proper, liscutem e accitam projetos humanitérios que devem se impastos por melos politicos, isto €, peta forea, sobre um mdmmero imi: Ao de seres humanos. Se, de acordo com as caricaturas coetvstas, 9 rieos gananciosos se entregam dissolutamente ao loxo material = sob a premissa de “no se importar com o quanto cusia” — enlio © progresso social trazido pelas mentaidades coletvizadas de hoje consist em satisfazer um planejamento politico altuita Sob @ premissa de “ndo se importar com quantas vidas humanas ‘A’ marca caractristica dessas mentalidades & a defesa de al gum objetivo piblico em grandiose escala, sem considerar eontex {o, cuslos ou meios, Fors de contexto, este objetivo pode getal mente ser considerado desejdvel; deve ser pulblico porque of eus- tas no sero coberios com recursos leptimos, mas sim com recur 0s expropriados, e um denso e asixiante nevociro deve encobrit. «questo dos meios — porque estes so vidas humanas “Medicare™* € um exemplo desse projeto, "N80 & desejével ‘que os idosos devam ter asssincia médica em momentos de doen- 22", seus defensores clamam. Considerado fora de contexto, a esposta seria: sim, & desejivel. Quem teria uma razSo pare dice 180? E é neste ponto que os processos mentais de um oérebro cole- tivizado sio Interrompidos; 0 resto & nevosiro. Samente 0 desejo permanece em sua visio — & 0 bem, nao é? — ndo ¢ para mim mesmo, & para os outros, é para o pablo, para um publico desam- parado, doente,.. O nevoeito esconde fatos, como a estraviag ©, portanto, a destuicdo da eféncia médica, a arregimentaglo e a a Asteacltivizada 107 desintegracdo de todos os consultérios médios, 0 scrfiio da in- ‘egridade profssional, da liberdade, das carteras, das ambicdes, das conquistas, da felcidade, das vidas dos proprios homens que evem prover este objetivo desejavel — os médicos. “Apis séculos de civilizacdo, a maioria dos homens —~ com ex- cexsio dos criminosos — aprendeu que a atitude mental acima nao se aplica suas vidas privadas, nem na prea, nem moralmente, e nio deve ser empregada na conquista dos objetivos particuares Nao haveria controversi a respeto do caréter moral de um joven criminoso que deciarara: “Nao é desejivel ter um iate, morar nu sma cobertura e beber champanha?” — e teimosamente reousi-se ‘A consierar ofato de que ele roubou um banco e matou dois guar as para alcangar este objetivo “desejével”. INao ha diferenga moral entre estes dois exemplos; o mimero de beneficidrios no muda a natureza da agdo, simplesmente a rmenia o mimero de vitimas. Na verdade, 0 criminoso particular Dpossui uma pequena vantagem moral: no tem o poder de devas- ‘ar ama nasao intra, esuasvtimas nao eso lezslmente desarmadas, ‘A étca colotvizada do atruismo afastou da marcha da civ aso visbo que os homens tém de sua exst2nca pblica ou o- Hitca, mantendo esta area como um reservatério, wim santuétio de vida selvagem, dominado pela sclvageria pré-istrica. Embo- "0s homens compreendam alguma fraca manifestagto de respei- to por direitos individvais em suas relagGes patticlares uns com os outros, sia manifestaedo desaparece quando se yoltam para ‘questées piblcas — e 0 que salta para a arens politica ¢ um ho- ‘mem das eavernas, que nfo pode conceber por qualquer raz20 0 orgu® da io nd pode bar no ern de qulguerinvituo fo aso de asim o desear ‘A caracteristica que distingue esta mentalidade tribal €: 0 axio- indica, a quase “instintiva” visto da vida humana como o alimen- {o, combustivel ou meio para qualquer projeto pili. ‘Os exemplos deses projets sio inumerdveis: “Nao € desejé- vel acabar com as favelas?” (desconsiderando 0 contexto do que facontece Aqueles na faixa de rend segunte) ~ ‘Nao € desejével ter eidades lindas e planejadss, todas num estilo harmonioso?”” (Gesconsiderando o context da escolha de quem deve forgar esti Jos aos construtores de casas) — "Nao & desevel ter um pablo txducado?" (desconsiderando 0 contexto de quem educaré, © que Sera ensinado, e 0 que acontecerd aos dissdentes) — "Nao & dese- jivellberar 05 asta, 0s escritores, os composivres do fardo ‘dos problemas financeitos e deixilos livres para erlaem?” (des- considerando o contexto de perguntas como: quai artists, escrito ese compositores? — escolhidos por quem? — as cusas de quem? = a custa dos artistas, escrtores e compositor que nio possuem Influzncia politica © cujos tendimentos miseravelmente precirios serdo taxados para “liberar” esta elite prvilegiada?) — “A ciéncia, ino ¢ desejdvel? Nao é deseivel para um hamem conguistar 0 es- aco?” agul chegamos a essenca da irelidade — a selvagem, ce 2, assustadora e sangrenta irealidade — que motiva uma alma coletivizada ‘A pergunta nfo-respondida ¢ irfespondivel sobre todas os seus objetivos ‘desejaveis” & para quem? Desejos e objtivos pres supdem benefielirias. A cigacia &desejivel? Para quem? Nao aos Servos soviétcos que morrem de epidemia, sujeira, fome, terror ¢ diante de pelotdes de fuzlamento — enquanto alguns jovens bri- Thantes acenam a eles de cipsulas espaciais ctculando sob seus ‘hiqueros humanos. E no a0 pai americano que morreu de insu ficincia cardiace ocasionada por excesso de trabalho, latando pa- ‘a envi seu filho a faculdade — ou ao garoto que no pde sus lentar a faculdade — ou ao casal morto no desastre de tim auto- mével porque niio ple adquiri um carro novo — oa me que perdeu'seu Filho porgue no teve os recursos para mandilo 40 ‘melhor hospital — no para estas pessoas que paigam impostos para 9 sustento de nossa ciencia subsidiada e projetes de pesqui- 5a pili, A cincia ¢ um valor apenas porque desenvolve, enriquece € protege a vida do homem. Nada é um valor fora deste contest Eavidado homem” significa as vias nicas, especifiea einsubs- tuiveis de cada bomem individualmente 'A descoberia de novo conhecimento é um valor para os ho- ‘mens apenas quando e se eles so lives para usar e destrutar 0: ‘benefcios do previameste conhesido, Novas descobertas +30 Um valor em potencial para todos os homens, mas no ao prego de sacrfeat todos os seus valores reals, Um progresso estendide 20

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