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14 - Fundamentos do Conereto Protendido — J.B de Hanai IV) Primeira andlise dos resultados De imediato, pode-se observar que: ‘em ambas as combinagées nao ocorrem tensdes de tracdo, e as tensdes de compressio so relativamente baixas, podendo ser suportadas por um concre- to de média resisténcia; ‘+ como existe uma tensao de compressao residual na borda inferior, a viga pode- ria receber carga acidental ainda um pouco maior, sem perigo de fissuragao; ‘+ no estado em vazio, as tensdes de compressao sdo até maiores que no estado em servigo; ou seja, 0 acréscimo de cargas ndo piora a situagao. V) Reformulagao do problema Tomando como base a mesma viga, podemos efetuar uma pequena alteragaio no posicionamento da forga de protensao @ entao reavaliar 0 comportamento da estrutura. Como se viu, a excentricidade da forga de protensao era tal que seu ponto de aplicagao coincidia com a extremidade inferior do niicleo central da sego ‘Se aumentarmos a excentricidade da forga de protenséo, entao surgirdo ten- ssdes de tragao na borda superior. Entretanto, essas tensdes de tragao , em principio, nao constituiriam nenhum problema, uma vez que se admite que o peso proprio atua simultaneamente. Pelo contrario, paderiamos ter uma situago em que a forga de protenstio propi- ciaria tens6es prévias de compresséo na borda inferior (a ser tracionada pela ago do carregamento extemo) e tensdes prévias de tracdo na borda superior (a ser comprimida). Além disso, do ponto de vista econdmico, mantida a intensidade da forga de protensdo, a armadura seria a mesma e o aumento da excentricidade praticamente no acarretaria aumento de custo. ‘Assim, adota-se ep = 0,375 - 0,05 = 0,325 m Para forgar um resultado a ser comparado com o anterior, como se vera adian- te, aumenta-se o valor da carga acidental para 34,6 kNim, 0 que corresponde a um carregamento 2,31 vezes maior que o anteriormente especificado. Entéo: q = 34,6 kNim. VI) Calculo de esforgos solicitantes e tensées normals no meio do vao a) tenses devidas ao peso préprio ‘Sao as mesmas jé calculadas. b) tensées devidas a carga acidental 34,6. 72/8 = 211,93 KNm 4 mq =M=11,30 MPa (na borda inferior) Wy aq =i =711.90 MPa (na borda superior) Conceituagao inicial - 15 ¢) Tensées devidas as protensao P =-600 kN 14,40MPa +6,40MPa Vil) Combinagao de agées a) estado em vazio Nesta nova combinacéo, resulta: +6,40 1,23 +5,17 MPa ce 14,40 +1,23 -13,17 MPa (P) (91) v= (P+91) Fig. 1.16- Tenses normais no estado em vazio b) estado em servico Analogamente ao caso anterior: +5,17 -11,30 -6,13 MPa 13,17 +11,30 -1,87 MPa v= (P+g1 )(a) s=P+gitq Fig.1.17- Tenses normais no estado em servigo Vill) Segunda andlise de resultados ‘Comparando os resultados agora obtidos com os anteriores, pode-se observar que: + no estado em servigo s6 existem tensbes de compresstio, com valores idénti- cos aos obtidos no calculo anterior (nota-se agora que 0 novo valor da sobre- 16 - Fundamentos do Conereto Protendido — J.B de Hanai carga foi adotado propositalmente); + a carga acidental ¢ bem maior (2,31 vezes), 0 que demonstra que um simples desiocamento de forga normal pode melhorar muito a capacidade portante da estrutura; ‘+ no estado em vazio, entretanto, surgem tensdes de tragdo na borda superior (com valor igual a 5,17MPa), 0 que mostra que os efeitos da protensao foram exagerados para a situagao, Além disso, as tensdes de compressao na borda inferior s40 bem maiores que no exemplo inicial de calculo; ‘+ mais uma vez se observa (agora de modo mais proeminente) que pode ocorrer que no estado em vazio a se¢do transversal esteja mais solicitada que no esta do em servigo. & possivel que haja uma surpresa inicial ao se constatar que 0 acréscimo de cargas acarreta a diminuigéo de esforgos, No entanto, @ bom lembrar sempre que a protensao também & uma agao, a qual nao pode ser es- quecida nas combinagdes de agdes, como por exemplo o estado em vazio. 1X) Conclusées e observagées a serem sempre lembradas Com base nos resultados desse calculos muito simples, aprovelta-se para sali entar um conjunto de observagées que deverdo nortear qualquer verificacao da seguranga de estruturas de concreto protendido. ‘A. Combinagao de acées E necessério que haja uma veriicagdo cuidadosa de todas as fases de solicta- 940 da pega, uma vez que a pior situagdo ndo ¢ necessariamente aquela corres- Pondente a atuagao da totalidade das cargas externas. Deve-se, portanto, no pro- jeto, conhecer pelo menos as principais fases da vida da estrutura, inclusive nas ‘suas diversas etapas de construgao. B. Efeitos da forca de protensdo Os efeitos da forca de protensao resultam da sua intensidade @ da sua excentr- cidade Variando-se a intensidade ¢ a excentricidade da forca de protensao, obtém-se 08 efeitos desejados. No caso de estruturas hiperestaticas, deve-se considerar também a redistribuigao de esforgos decorrente da existéncia de vinculos adicio- nis, que acarreta os chamados "hiperestaticos de protensao” €. Solicitagées ao longo do v: Nos exemplos numéricos, foi analisada somente a segao do meio do vao, que a mais solicitada pelo carregamento externo. Contudo, se analisarmos outras segdes, como por exemplo aquelas proximas 08 apoios, podemos notar que as tensdes provocadas pelas cargas extemas dimi- nuem, tendendo a zero. Consequentemente, se forem mantidas as mesmas condi- (Goes da forca de protensao (intensidade e excentricidade), poderdo ocorrer situa- 60s indesejaveis. ‘Assim, 6 preciso que sejam verificadas as segdes ao longo do vao (ndo apenas as mais solictadas pelo carregamento externo), procurando-se, na medida do ne- cessario, variar 0s efeitos da protensao. D. Estados ites Ultimos e de utilizagao Uma verificagao como essa realizada nos exemplos numéricos 6 util para a and~ lise da estrutura nas condigbes de servigo, isto ¢, para a verificagéo de estados Conceituagao inicial - 17 limites de utiizagao. E sempre necessério que sejam feitas também verificagoes dos estados limites tiltimos, de acordo com procedimentos que serdo abordados durante 0 curso, Como se pode ver até agora, a tecnologia do concreto protendido é essencial- mente a mesma do concreto armado, com a diferenga de que se utiliza um recurso ~ a protensao -, capaz de melhorar 0 comportamento dos elementos estrutura prineipalmente no que se refere a fissuragao. Os procedimentos de célculo so os mesmos que devem ser observados em qualquer tipo de estrutura, considerando-se especialmente: * as combinacdes possiveis de ages; * a existéncia de agdes especiais, como 6 0 caso da protensao; * a variagso dos esforgos ao longo de todos os elementos estruturais ou da es- trutura como um todo; * a vorificagao de estados limites uiltimos @ de utilizacao. De acordo com estes principios gerais, o que preciso, daqui em diante, é deta- lhar cada vez melhor as particularidades concernentes @ tecnologia do concreto protendido, tanto no que se refere ao projeto como a execugao. Na verdade, os aspectos relativos as técnicas de execugao da protensao é que constituem a principal “novidade" na ampliagao dos conhecimentos, ja vistos polo leitor, sobre 0 concreto armado. Os procedimentos de calculo a serem efetuados, ‘so, portanto, aqueles decorrentes dessas técnicas, como parte de um método de planejamento e realizago de todo processo construtivo. 1.4- Algumas definigées basicas \Vejamos algumas definigdes basicas relativas 4 matéria, consolidando-se uma terminologia técnica, para que possamos nos entender por meio de uma linguagem apropriada. De acordo com a Norma Brasileira NBR 6118/2003 (NB-1) - Projeto de Estrutu- ras de Concreto’ Elementos de concreto protendido: aqueles nos quais parte das armaduras é previamente alongada por equipamentos especiais de protensao com a finalidade de, em condigdes de servico, impedir ou limitar a fissuracao e os deslocamentos da estrutura e propiciar 0 melhor aproveitamento de agos de alta resisténcia no estado limite atime (ELU). A antiga NBR 7197 explictava que "pega de concreto protendido & aquela que & submetida a um sistema de foreas especialmente e permanentemente aplicadas, ‘chamadas forgas de protensao e tais que, em condigées de utlizacao, quando agi- rem simultaneamente com as demais agées, impegam ou limitem a fissuragao do conereto" Armadura ativa (de protensao): constitulda por barras, fios isolados ou cordoa- Ihas, destinada a produgao de forgas de protensao, isto é, na qual se aplica um pré- alongamento inicial. Conforme a antiga NBR 7187: "a armadura do protensdo 6 constituida por fios ou bar- ras, feixes (barras ou fios paralelos) ou cordées (fos enrolados), ¢ se destina a produgéo {das forgas de protensao. Denomina-se cabo a unidade da armadura de protensao conside- rada no projeto. A armadura de protensao também é designada por armadura ativa’

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