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rd Resenha Paulo Ghiraldelli Jr,org-O que ¢ Filosofia da Educacdo? Rio de Janeiro: DP&A,2000. Antoni Basilio Novaes Thomaz de Menezes Da acepeo de paidéia na Antiguidade Clissica 3s reflexdes conten pporfineas Jevantadas, por exemplo, em Les technologies de l'nteligence (Levy, 1990), muitassdoasreferéncias A Educago na histériadaFilosofia Fundamentaisem muitos casos, como se encontra assinalado na organizago da polis na Repiiblica de Platio ou ra compreensio da analitica do poder em Surveillir et punir (Foucault, 1979), qualquer referéncia se torna problematica quando a Filosofia da Educagao é enunciada como um ‘campo especifico de saber. Reconhecida como tal em outras éreas do conhecimento, ela é cconsiderada sendo que para a propria Filosofia como um saber menor. Hoje a reflexdo filos6fica sobre a Fducacao tem 0 mesmo estatuto daquele desenvolvidono campo da Matematica ousobre os fundamentos filos ficos de qualquer outro tipo de saber. Ela se ccnstitui em algo de pouco interesse para 0 campo filos6fico ou, quando nao, em algo incom- preensivel, acusada de fazer simplificagdes peles especificidades que presenta, a partir daquilo que se quer como o elemento filos6fico. E dentro deste quadro, portanto, que se torna clara a necessidade de recuperar este tipo de reflexio naquilo que Ihe € mais préprio. Isto significa, voltar-se para a pergunta inicial que caracteriza: O que é a Filosofia da Educacao?, ou seja, voltar-se para 0 seu estatuto € caracterfsticas na sua condigdo mais fundamental. Uma visio geral sobre osumériodo livro, organizado per Ghiraldelli Ir. Com autores brasileiros e estrangeiros, logo re-vela ao leitor a delimitacZo hist6rica da pergunta-tema, a pluralidade dos seus enfoques «€ sua pertinéncia no quadro de compreensio das priticas pedagdgicas. A Filosofia da Educacio como forma de saber constitui um campo de conhecimento que surge com a modernidade simultaneamente a0 advento da nogio de crianga. Configurada a partir de um contexto recente, mas com fortes referenciais histéricos, ela ndo possui uma perspectiva tinica, sendo basicamente dividida em dois modos ée argumentagdo, um que volta-se para a aplicagio de algum autor ou filosofia no campo da Educaga (0 que, tematizando-a, procura Frincipios, UFRN Natl v7 m8 p.27-129jandee.2000 128 estabelecer um campo pr6prio de problematizacao € andlise. Sendo que, «em ambos os casos, tém-se em decorréncia as distintas perspectivas de fundamentacto e de critica das priticas educations ‘Assim, pontuando a discussio da pengunta-tema que orienta a composigo do livro, encontramos os autores agrupados em trés eixos diferentes. Sioeles: oeixoda abordagempistérica (Ghiraldelli; Smeyers & Marshall; Burbules; Severino), quando 0 objeto de anlise esta situado em relagao ao quadro temporal da sua problematizacao; o eixo da abordagem autoral (Hermann; Gallo; Peters; Cunha}, no qual ofilésofo se constitui no principal instrumento de compreensdo do campo educacional e,finalmente, 0 eixo da abordagem epistemice (Mazzotti Ericson), que problematizavaafundamentagioeaorientagiodaFilosofia da Edueagao como um campo de saber autGnomo. De um modo mais detalhado, 0 leitor encontra sob cada eixo deste abordagens distintas, mas que assinalam uma curta complementaridad: esta feita, na abordagem historic tém-se a delimitacao da pergunta-tem 4 pani dos diferentes aspectos estabelecidos no contexto caracteristico ddesuaprépria formulacao. Aopassoque,naabordagem autoral,ssodadas, as condigdes de apropriagdo dos autores distintos num mesmo plano de problematizagio filoséfica-educacional. E, finalmente, na abordagem epistémica tém-se as diversas dticas através das quais se colocam os pressupostos espeeiices do seu campo de saber. Comisto,o livroteserva um desafio nassuas vériasentradasou na concepedo em aberto que apresenta a sua estrutura. Cabe a0 leitor estabeleceras aproximagbes eas diferengas possiveis entre cada um dos autores tal como eles descrevem a sua emia em cada eixo de anise. ‘A.exemplodisto, aabordagem histrica revelaa discussiio metafilosdfica encetada por Paulo Ghiraldeli (7-88) no mesmo horizonte das dividas pés-modernas assinaladas por Nicholas Burbules (121-138), da descrigio da flosofiadaeducagdonofinaldoséculoXX,dePaulSmeyers James Marshall (89-120) e do esbogo de uma trajeséria brasileira tragada por Antonio Joaquim Severino (265-326). ‘Do mesmo modo, a abordagem autoralredne em torno da anise da apropriacao o artigo de Nadja Hermam (139-156) sobre a "provocasaa" de Nietzsche, as notas deleuzianas de Silvio Gallo (157-186), a reflexio sobre Wittgenstein de Michael Peters (225-246) e oexame da influéncia de Dewey naEscola Nova brasileira, de Marcos Vinicius Cunha (247-264), Por fim, a abordagem epistémica traz para um mesmo plano de

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