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R. LIMONGI FRANGA, HERMENEUTICA JURIDICA 2. edigio, revista © ampliada 1988 CM Saifava Dados de 2 Publcgho (CIP) Tternacont ‘eliur "Resa dora SP. Br) Fran, R Limo, 1027 poste ""Rmmmfatcn frites /R. Lamoogt Prange. — 2. ol. sev. € Bree snp" Se Bake Sera, 188 lo acts tem « to: Element de herent « ph ‘acto to dato isiograin, 1 Die ptivo 2 Hementutn (Dito) 1. Tal opvgu0.12.6 rast ‘305 Indies pars cago sendin: 1. Dat spliado 20013 5. Ramones ice: Dito 401386 “ a Bite Sniie 5 Nome ies = Aplcato 301 News oes -epapo 90.13, 0569 "So Pko-SP tne, a —n —t —N A meméria do Professor Doutor Fernando Pereira Sodero, précer do Direito Agririo em nosso Pls, Amigo fielisimo, colega exemplar, batahador incansvel, cexemplo para todos nis para as gerages futuras, edica ¢ consagra © Autor. PRINCIPAIS OBRAS JURIDICAS DO AUTOR T — Ideatizagto, planejamento © coordenasio da Enciclopedia Seraiva do Direto. 78 11 — Ideaizagio, planejamento © coordenagio da Revista de Direito Civil, Imobilidrio, Agririo e Empresarial. 36 v. M1 — Manual de dieto civil, Sio Paulo, Revista dos Teibunais: Vol. 1 — Parte geral¢ dietos da personaldade. 4. ed, 1980. Vol, 2 — Tomo 1 — tnstutos de protegio & personalidade Airetos de fami. 1972 Vol, 2 — Tomo 2 — Direto das berangas. 1972. Vol. 3 — Dieitos eas, 1971, Vol 4 — Tomo 1 —Doutrina ger dss obrigagies, 2. ed. 1976, Vol 4 — Tomo 2 — Contrats e obrigngies extracontratuais 1969 (sgotado). 1V = Outros livros L.A provegto posseuéria dos diritos pesoals ¢ 0 mandado de seguranca. Sao Paulo, Revists dos Tribunsis, 199 (esgotado). 2. Do nome civil das pesoas naturals. 3. ed. sum. Sio Pru, Revista dos Teibunas, 1975 3. Brocardos jurdicos — As reas de Justiniano, 3, of, Sto lo, Revista dos Tebunis, 1976 (esgotad). 4 Princpios gerais de direwo, 2. of. Sto Paulo, Revista dos ‘Tribunsis, 1971 5. 4 posse no Cédigo Civil Sto Paulo, Bushatsky, 1964 (es: ousdo). 6. Direito intertemporal braslero. 2. ed. rev. ¢ atual. Sto Paulo, Revista dos Tribunais, 1968 (esgotado) 1. Formas e aplicoa0 do direito postive. Sto Paulo, Revista os Tribunals, 1969 (egotado) 8.0 direito, a lei e a jwispradéncia. Revista dor ‘Tribunais, 1978, 9. Manual price das deswpropragtes, 2. ed. Sto Plo, Sa saiva, 1975 (esgotado) 10. Uniicacion def derecho obligacional y infratual ltinoame~ ‘icano, Bd, tellingie (esp, porte fc). Revista dos Tribunas, 1977 11, A denincla vatie no contrato de locagio, Saraiva, 1977 (cspotado). 12. A Lei do Divércio comeniada ¢ documentada. Saraiva, 1978 (exgoado). 1A iretroatvidade das lis ¢ 0 diréto adquiride, Revista dor Tribunais, 1982 14. Quester prétcar de direito civil. Saraiva, 1982. 1S, Comentdrio a Lei do Divércio. |. ed. Belém, CEJUP, 1984; 2. ed. (n0 prea). 16 Elemenios de hermentuica ¢ aplicagio do diréio. |. et. Saraiva, 1984 17. Instiuiges de direito civil, Saraiva, 1988. 18, Hermenduticajusidica. 2. e. Saraiva, 198. \V — Separatas © Estudos Menores 1. © problems jurdico da homonioia. RT. 287:52 2A questo das garagens 90 condominio de apartamentos. RT, 288581, 3. Do vio reibitsrio. RT, 292:60. 4 Contato petiminar. RT, 297°. 5. Digeito natural ¢ direito postive. Rev. da PUC-SP, 1961 6 Teenica do direto, Rev. da PUCSP, 1982 7. Nos sobre a incapacidade absolut, Rey. da PUC-SP, 1963, Das formas de expresso do dircto. RT, 35633. 9. Importinca e atulidade do direto romano, Rev. Fac. Dir 1965 10, 0 professor de dreito. Digesto Econémico, 192557 11, © Céigo Civil brasileiro. RT, 3847 12, Institutos. de protepio & personalidade. RT, 39:20. 13. Do matrimtnio como fato juridico. RT, 398:19, 14, 0 antigo © novo Estatuto da Adosio. Rev. Fe. Dir. SP 1968, 15, Comorincia © vocagto hereditéria, RT, 403:49. 16. Or direitos tenis. Rev. Far. Dir. SP, 1970. 17. A jurispradéncia como direto poiiva, Rew. Fac. Dir. SP, wn, 18 Forma da constitigio do matriménio. Rev. Fac. Dir. SP, wr. 19. Retificagdo de nome civil. RT, 457549. 20. If Mercato Comune ¢ Tunificazione del dirito latino-ame- ricano. Rev. Fae. Dir. SP, 1973. 21, Alienagto do imével compromissado. RT, 48:0. 22. ‘Promessa de venda © purgagio da mora, Rev, Dir. Civil, a2 23. Rescisto de contrat ¢ inaplicabildade de normas proces- susis a asunto de dirito material. RT, 556:41 24, 0 dieito civil e o proceso. Rev. Fac. Dir. SP, 76:48, 2S, Coordensdst fundamentais dot dizcitos da personalidade. RI, 3679. 26, As mazes da responsabiidade aquiliana. RT, 57739, 21, Obrigagio de fazer © indenizasio por danos.. RT, 590:47 28, Alteralo de prenome composto. RT, 56:44 29. Benefcios prevdencitrios & concubine diante do Estatuto do Divércio, Revista do Minstério Piblico do R. G. do Sul, novem- bro, 15:16 p. 7. 30. A responsabiidade civil no Codigo do Japio, comparado ‘com o do Brasil, Revise da Foe. de Direto de Universidade de Uber- andi, 14(1):5. ‘VI — Partcipagio em coletineas juriicas,nacionais¢ intens- 1. Direito natural € dire positive. In: Estudos jurdoos do Cingientendrio da Revista dos Tribunas. 2 Exposiién prliminar sobre Ia unificacién dl derecho obl- ‘acional y contrat latinoamericano. In: Symbolae Garcia Arias "Batudioe” da Revista Temis. Zaragoca, 1973/1974, 3. Da irretrotvidade das leis no direito romano. In: Recks- {setohichte und Rechtsdogmatik — Festschrift Hermann Eichler. Wien, 197, 4. Da indenizagho do expropriado. In: Dirito administrative Aaplicad « comparado (estos em homensgem a Manoel de Olvera Franco Sobrinho). Reseaha Universiéra, 1979 5. Os alceces do dirito obrigacionl. tn: Estudos juridicos, ‘em honra de Orlando Gomes. Forense, 197. 6. O direio centifico enquanto regra. In: Direto do trabalho, em honra de Cessrino Yénior. LT, 1981 7. A realdade ¢ os caminhos do direto intrtemporal. In Esudos juridcor, em homenagem & Haroldo Valladio, Pretas Bas- tos, 1983 8. 0 diteito a0 preudnime. In: Estos jurdios, em home- nagem a Calo Mério da Silva Perera. Forense, 1984, 9, As rizes da tesponsabilidade aquilana. Revista da Acade- ‘nia Brasileira de Letras Juridica, . 1, . 58 10, Diretos da personalidade. Revina do Instituto de Direto \Comparado Luso-Brasileiro, n. 2, p. 4S 1. Tearia da posse, In: Posse ¢ propriedade. Coord. Yusset Said Cabal, Saraiva, 1987 VII — Colaboragio no Repertério encciopéco do dieio bra- sileiro — 9 vebetes nos v.25, 30, 31, 33, 4, 38 € 45. ‘Vill — Colaborasio na Enciclopédia Saraiva do Direito — 273 vesbetes publicados a0 longo dos 78 volumes. 1X — Legslagio 1. Lepisiagtio dos Registros Palas. Revista dos Tribunais, wm, 2 Legislagdo do condominio. Revista dos Tribunsis, 1977. X —Jurisprudéncia sistematizada 1. durisprdencia dor contrat, Revista dos Teibunas, 1977 (esgotado. "2. Jursprudéncia do condomini. Revista dos Tribunals, 1977 (esgotado. 3. Jurisprudéneta do usucaplao. Revista dos Tribunais, 1979 1979 (exgotado). 5. Jursprudéncia da prescricdo & decadéncia. 1979, 6 Jursprudéncia do compromisso de compra e venda. Revita os Tebunas, 1980. 7. dJuispradéncia das sciedades comercial. Revista dos Tie boas, 1980, 8. Jurisprudéncia dor alimentos. Revista dos Tribunsis, 1980. 0 9. Jurlprudéncia dos direitos da mulher casaia. Revista dos ‘ribunais, 1980. 10, Jurisprudéncia do mandado de sequranca, Revista dos Ti Dunas, 1981, Jursprudéncia da responsablldade civil. Revista dos Ti unas, 1981 12. Jursprudéncia da cambial. Revista dos Tribunss, 1981. 13. Jurisprdencia da irretroatividede ¢ do dieto adquirido. Revista dos Tribunsis. 1982 14 Jursprudéncia da compra e venda. Revita dos Tribunss, 1983, 18. Jurisprudéncla da prova, Revista dos Tribunais, 1983 16. Jursprudéncia da separagio e do divércio. Revista dos “Tibunas, 1983. 17. Jurisprudéncia da corregio monetéria. Revista dos Tribu- ni, 1984, 18, Jursprudéncia da locagdo e do despejo. Revita dos Tie Dunas, 1984, 19, Jurgprudéncia de renovatéria, Revista dos Tribunus, 1984. 20. Jurisprudencia dos inventrios e partthas. Revista dos Tr- bunais, 1984 ‘21. Jurisprudence da aplicaedo da lel penal. Revista dos Te- unas, 1985. 22. Jursprudéncia do coneubinato. Revista dos Trbunas, 198s, 23, Jurzprudéncia da laga0 llegima da invesgagto de povernidade. Revita dos Tribunals, 1986. 24, Iwisprudéncia do seguro. Revista dos Tribunais, 1986. 25. Iursprudéncia das exzcugdes. Revista dos Tribunals, 1986 26. Jurisprudéncia das mulidades dos atos jurldces. Revista dos ‘Tribunals, 1986. 127. Juriprudéncia da apelagto. 1987 28. Iurispradéncia dos recrses. 1987 29. Iurisprudéncia da cldusula penal (x0 pelo) XI — Colecdo pritica 1 Manual prtico das desapropriacdes. Forense, 1987 2 Manual prtico do condominio (x0 pre) 3. Manual pratico da posse e das acdes posessries (no pelo) PLANO Ls Pane HERMENEUTICA E INTERPRETAGAO DO DIREITO Cap. 1 — Nog6es gerais de hermenéutiea ¢ inter pretagio Cap. Il — Sistemas interpretativos Cap. TIT — Regras de interpretagio ou hermenéutica 2 Parte APLICAGAO OU INTEGRAGAO DO DIREITO Cap. I — Nogies gerais de aplicagio ou integragio Cap. IF — Meio normal de aplicagio ow integraglo Cap. ILL — Meios especiais: A) Analogia Cap. IV — Meios especiais: B) Eqitidade CONCLUSOES Apéndice FORMAS DE EXPRESSAO DO DIREITO POSITIVO INDICE ANALITICO 18 ante HERMENEUTICA E INTERPRETACAO DO DIREITO Cap. I — Nogies gerais de hermentuticae intrpretagio 1. Conceto de hermenéurica © inerpretacdo .. 2. Ctérios para a clasitcagio das espécier de imterpretagdo 3. Eapécies quanto 20 agente 4. Espécies quanto a natureza . 'S.Espéeies quanto & extenséo Cap. 11 — Sistemas interpretativos 1. Nogio © esplcies de sistemas interpretive. 2 Sistema dogmitico 3. Sistema hlsérico-evolutivo 4. Sistema da livre pesquisa (Cap, TI — Regras de interpretacio ou hermentutica 1, Expéces de repras 2. Regras tepais 3. Regras cienfcas a a a m 26 30 3 3 4 35 37 4 4 41 45 6 cp. A) Regras de Justiniano 1B) Regras do direto atual . 1 Regras da jurisprudéncia : 5. Regras propostas pelo autor . 12 PARTE APLICAGAO OU INTEGRAGAO DO DIREITO 1 — Nogoes gertis de aplicacio ou inepracio 1. Concelto de aplicagbo ou integraio 2, Fases da aplicacio ou integracio - 3. Sistemas de splicagio ou integrasSo Cap. TI — Meio normal de aplicagdo ou integragio 1. Consideragdo preliminar 2. Wentiagto do meio normal de intgrasto. Cap, III — Meios especins: A) Analogia Cap, IV — Meios espcias: 16 1. Coneeito 2. Analogia, indogho interpretagso extensive 3. Modalidades 4, Requistos 5. Limits B) Eniidade 1. Coneeos de eatidade A). Primera. acento 1B) Sepunda acepeio (©) Tercrra sxpsto D) Quarta acepsio BE) Quinta acepcio 2. Expcies de eqlidade 3. A eqlidade 90 dei postiva 4s a a 50 4 ‘CONCLUSOES A) Textos_expressos B) Testos de referéncia Indieta ©) Textos geris Requistos da egiidade Apexpice Formas de expresio do dirtto postive 2 Timportincia do estudo das chamadas fonts do sist rma do diteito posivo Importincia do estudo da téenica de interpretasio de inteprasdo do sistema do direto positivo ‘A Goutrina das fontes, segundo a escola histérica Savigny ¢ Poctta 44. Estudos “contemporincos especialmente reaizados s 6 1 .Impropriedade da expressio jomte, para designar 0s rmodos de expresio do dircito 9. A idéia de fonte formal 10. Ahrens e Fernandes Elias 11, Necessdade da distingdo. entre fonte © forma do dircto. 12, Classifcagio das formas de expressio. do i positive 13, Fontes histricas 14. Fontes genéticas «. 15, Fontes instruments 16. Fontes formas impropriamente chamadas) ou fo. ras de expessio do direito positive. Clasifcagao fegundo 0 eritrio da natureza da coetcitividade 17, Outros rterios ea ibliogratia. 8 83 as a6 tos 10 au Ww 1." Parte Hermenéutica e Interpretagao do Direito Capitulo I Nogées Gerais de Hermenéutica e Interpretacao 1. Conccito de hermentutica ¢ interptetagio. 2. Cr terios para classficagio das espécies de interpretacdo. 43. Espécies quanto ao agente. 4. Espécies quanto 0 na- tureza. 5. Espécies quanto 2 extensio. 1. Conceito de hermenéutica © interpretagio A interpretacio da lei, conforme o ensinamento de Fiore, é a operagio que tem por fim “‘fixar uma deter- minada relagio juridiea, mediante a percepgao clara © exata da norma estabelecida pelo legislador” Assim, como bem assinala Carlos Maximiliano, ela iio se confunde com a hermenéutica, parte da eiéneia Jurfdiea que tem por objeto o estudo ¢ a sistematiengio ‘dos processos, que devem ser utilizados para que a in- terpretagéo s¢ realize, de modo que o seu escopo seja aleangado da melhor ‘mancira*, A interpretagdo, por- 1, Pasquale Fiore, De la iretroacividad « interpretacion de las lees, trad. E. A. de Paz, 3. ed, Madrid, 1927, p. 564, cf. Se vigny, Sistema, v. 2. §-32, p. 315 ¢ s: Beviligua, Teoria geral do direito chil, § 38: Mello Freire, Part juris hermenewtica, historia Jus evils Lusion!. Coimbra, 1853, p. 139; Paula Baptista, Herme- ‘éutia juridia, in Processo cul ¢ comercial. 8. ed 1935, p. 295: Alipio Siveira, Hermendutica no diveto brasileiro, Revista dos Te unas, 1968, 2. 2. Carlos Maximil 4 ed, 1947, p. 14 10, Hermenéurica e aplicaréo do dict, a tanto, consiste em aplicar as regras, que a hermenéutica perquire e ordena, para o bom entendimento dos textos legais. Quando se fala em hermenéutica ou interpretagio, advirta-se que elas nfo se podem restringir tfo-somente aos estreitos termos da lei, pois eonheeidas sfio as suas limitagies para bem exprimir o direito, 0 que, aliés, aconteco com a generalidade das formas de que o di- reito se reveste. Desse modo, é ao direito que a lei ex- prime que se devem enderecar tanto a hermenéutica eo- mo a interpretagio, num esforco de aleangar aquilo que, por vezes, nfo logra o legislador manifestar eom a necesséria clareza ¢ seguranca. No pasado, nem sempre essa possibilidade foi conferida so intérprete. No-terceiro preficio ao Di- gesto, 0 Imperador Justiniano determinou que quem ousasse tecer comentarios interpretativos & sua eompi- lagio incorreria em crime de falso ¢ as suas obras seriam seqiiestradas ¢ destruidas*. Modernamente, porém,.é de reconhecimento geral a possibilidade de serem as leis interpretadas, pois, constituindo elas commune prae- ceptum, é evidente que a sua formula genérica e concisa deve de ser devidamente esmincada para melhor ade- quagio aos casos eoneretos. 3. Justiniano, De confirmatione digesorum, in Corpus Juris Civils, § 21, in fine: aque quisqus ausus fuer ad hane nostra Tegum compositionem commentaium aliquot adjcere... is sciat, ‘quod et ips fall reo legibus juuro, et quod composuet, eripeitur, ft modis omnibus corrumpetur. A tradusto & a seguinte: “Assim, ‘quem quer que seja que tenba a ousadia de aditar algum comentiio a esta nossa colegio de leis... sejacietificado de que nio s6 peas ‘sta considerado réu futuro, como também de que o que tens ‘serito se apreenda e de todos os modos se desta”. 22 © proprio brocardo — in claris cessat interpretatio —a despeito da respeitével opinido de alguns autores‘, no pode ser acatado em seus estritos termos, seno com ‘o sentido de que nio se deve exagerar no esmiugamento de determinagies legais aparentemente claras. Entre- tanto, uma ver que disso se acautele, nada impede que © intérprete decomponha e estude os termos de dispo- sigées que tais, pois semelhante indagagéo, se feita com ‘equilibrio, s6 pode resultar na melhor compreensio © nna mais adequada observancia da lei*, 2. Critérios para a lassificagio das espécies de interpretagion Depois de havermos examinado as classifieagdes propostas pelos diversos autores*, chegamos & eonclusio de que a interpretacio das leis apresenta virias espécies, que se interpenetram e reciprocamente se completamn, Podendo ser divididas segundo trés eritérios funda- mentais: 4) quanto ao agente de interpretacio, isto 6, eom base no érgio prolator do entendimento da lei; ») quanto A natureza, noutras palavras, tendo ‘como fundamento os diversos tipos de elementos conti- dos nas leis e que servem como ponto de partida para a sua compreensio e, finalmente, “Como observa Carlos Maximiliano, o prdprio concito de clareaa & relative, pelo que al eth configurada a petigto de principio (Cermentutca, cit, p. 518), . Laurent, ccmentando um artigo do Cédigo de Napoleto, diz mesmo que a interpretag es toujours necessare(¥.Principes di droit civil francais, 3. ev. 3, p. 339). 6. Savigny, Fiore, Marimiliano, Serpa Lopes e outros. 23 2) quanto & extensio, quer dizer, com base no aleanee maior ou menor das conclusdes’ a que o intér- prete chegue ou tenha querido chegar. 3. Espécies quanto a0 agente Quanto ao agente a interpretagio pode ser: 1) piblica; ou 2) privada, Piblica, a que é prolatada pelos érgios do Poder Pblico, quer do Legislativo, quer do Exeeutivo, quer ao Tudiciario, Privada, a que é levada a efeito pelos particulares, especialmente pelos féenieos da matéria de que a lel fata, © ora so encontra nos chamados “comentarios”, ora nas obras de exposigdo sistemética, em meio a eujo texto, a cada passo, reponta a interpretagio A interpretaeio piblica é geralmente dividida pelos autores em duas subespécies 4) a auténtica; € 2) a judicial. Auténtica 6 a oriunda do proprio Grgio fautor da lei, levada a efeito mediante @ confeegio de diplomas interpretativos, que, como & sabido, valem lei nova 7. Serpa Lopes, Curso de dreito cul, 2. ed, 1957, ¥. 1, ps 131s Paula Baptista, Hermenéutica juridica, in Proceso evil, cit,p. 206 ee. 8. Lei de Intodugio, art 1, §§ 3° © 4°. Autores como Windsceid, Enneccerus € outros aio admitem a interpretagto autén- tiea. Por outro lado, observa Eduardo Espinola que os tabalhos ‘reparstios da let io constituem interpretagso auténtica (Sistema do dirito cv brasileiro, 3 ed. 1938, ¥. 1, p. 187) ey Tudicial 6 a que 6 realizada pelos ryiios do Poder Tudicisrio. Esta espécie de interpretagio esta intimamente en- trosada com o problema da jurisprudéneia como forma do expressio de direito. Na verdade, em eertos casos, conforme as earacterfsticas que apresenta, ela pode en- quadrar-se no conceito de costume judéciério, passando a possuir efeito vineulativo. Uma tereeira variedade de interpretacio piblica ‘tem sido olvidada pelos doutrinadores, a saber, a admi- nistrativa, realizada por dros do Poder Pablieo que no so detentores do Poder Legislativo nem do Judi- Por sua ver, a interpretagio administrativa pode ser: a) regulamentar; ou B) casuistica Regulamentar, a que se destina ao tragado de nor- ‘as gerais como a grande massa dos deeretos, portarias ete, em relagio a certas prescrigées das leis ordinarias, Casuistica, a que se orienta no sentido de esclareeer dvidas especiais, de carter controversial ou nao, que surgem quando da aplieaglo, por parte dos aludidos érgios, das normas gerais aos casos eoneretos. ‘Finalmente, é de se assinalar como quarta espécie de interpretagio piiblien a usua!, referida por Savigny como aquela que advém do direito consuetudinério®. ‘9 Savigny, Sistema del dirito romano, v. 2, p. 211. Esta vax riedade podert ser considerads como um trtum genus, © da inter- Dretagho social, que nio € exatamente nem pablica, nem privads, 25

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