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“| eppeuree Brow), Able pea Tr: Eshuchoea « Pores 4a sroeledepimbr. olithos: Blige, 0, 1989 Capitulo T 0 IRMAO DA MAE DE UM HOMEM NA AFRICA DO SUL! 0s povos primitivos em muitas partes do mundo tribuem uma grande Importaneia & relagéo que existe Cntre 9 irmo da mae de um homem ¢ 0 fiho de sa oma, Km alguns easos, o flho da irma tem certos direitos especials sobre o: bens do irméo de saa mic. ‘hiuma dada altura, ers habitual consideraremse fates costumes como estando relaeionades com insti- {uigoes matriareais e afirmava-se que a sua presenca fom povos.patrilineares podia considerar-se como Sendo a prova de que esses povos teriam sido, em ‘quelguer altura do seu passado, matrilineares. Este onto de viste ainda se mantém em eertos antropélo= for e fol sdotada por Junod no seu livro sobre os Doves Bathongas da. Atrice Orlental Portuguesa Referindo-se sos costumes que dizem respeito 20s T Um ahah Ho perante South Afiean Aton for tne Advancement of Selene no dia de Julho de 1804 «pub fats South Alea dourat of Sao 50, 9. comportamentos do trmao da mae de um homem para ‘como filo de sti irmia, ele diz o seguinte: «Ora, tendo festudada com am cuidado especial esta caracteristiea curiosa do sistema tonga, chego a conclusao de que a ‘niea explieacdo possivel 6 que, em tempos Temotos, esta tribo passou pelo estado matriareal.» Gunod, The Life of a South African Tribe, 3013. vol. 1. p. 258) E sobre esta teoria que irel debrugar-me neste trabalho; mas 0 meu proposito nao ¢ repetir ou adicio- nar mais objeccdes aquelas que Ja existem feitas por varios eriticos nos allitnos anos. Critieas puramente hegativas nao fazem avancar uma ciéncia. A unica forma satistatéria de nos livrarmos de uma hipdtese que nao nos satisfaz ¢ descobrindo uma melhor. Consequentemente, proponho-me apresentar-vos uma hipotese alternativa e. se o conseguir, néo iret demonstra-ia mas sim mostrar que ela constitul uma explicacao possivel dos factos, rejeitando, assim, pelo ‘menos, 0 ponto de vista de Junod que firma ser 0 stinico possivel« No due se refere a muitas tribos afrieanas, nfo temos praticamente nenbuma informagso sobre costumes deste tipo. Nao que néo existam ou nso Selam importantes para or proprios nativos, mas porque 0 estudo sistematico e cientifico des natives desse pais comegou ha pouco tempo. Terel, portanto, de fazer referencia sobretudo aos estudos dos Bathongas, feitos por Junod. Estes podem ser encon trados no primeiro volume do trabalho supracitado (pp. 225 € seg. e pp. 253 ¢ sex). Alguns dos seus pon- tos mais importantes podem resumir-se da seguinte 1) © sobrinho uterino, ao longo da sua car reira, éalvo dos cuidados especiais do seu 2) Quando 0 sobrinho adoece, 0 irmao da mae faz saerificios em seu nome: 3) 0 sobrinho pode tomar muitas liberdades com o irméo da mie, por exemplo, pode ir 3 feasa do tlo e comer a sua comida: 4) 0 sobrinho reivindica parte dos bens do irmao da mae quando este morre, e pode, por veres, reivindiear uma das suas viuvas '5) Quando 0 irmio da mae faz um sacrificio aos seus antepassades, 0 fitho da irma pode rou: bar ¢ comer a carne ou bebida fermentada, que ¢ oferecida aos deuses. Nao devemos partir do principio de que estes costumes sio especificos dos Bathongas. Existem indi- ‘clos de que costumes semelhantes se encontram nou tras tribos africanas e sabemos da sus existencis nou- tros povos em varias partes do mundo. Na Africa do Sul, Hoerie deseobrit costumes deste tipo entre os poves Hotentates. 0 filho da irma de um homem pode fer tum comportamento muito livre com o Irmao da mie ¢ pode fear com um belo animal do seu rebanho ‘ou com outro objecto de valor que ele possua. Pelo contrario, o irmao da mae podera ficar com um animal decrépito ou deformado que pertenca ao rebsnho do seu sobrinko ou com um objecte qualquer seu que esteja gasto ou velho. ‘O-aue me parece particularmente interessante & que, na regiso da Polinésia que eu melhor conheso, isto é, nas Ihas Amigas (Tonga) e no Fidji, existem ‘costumes que tem grandes semelhancas com os costu- fmes dos Bathongas. Neste caso, também 0 filho da Irma de um homem tem autorizacso para tomar mul- tas liberdades com 0 lrméo do sua mae, © também pode evar um qualquer bem que ele possua. Ls tambem se eneontra 0 costume, segundo o qual o tio fexecuta um saerificio e 0 filo da sta lema flea com poredo oferecida aos deuses © poderd coméla. Farel, consequentemente, referencias ocasionals aos costu ‘mes dos Tongas ao longo deste ensaio. : Estes trés povos, os Bathongas, os Namas © os ‘Tongas tem instituicées patrilineares ou patrlareals, isto é, as erianeas pertencem ao grupo social do pai © nao so grupo social da mae, e 08 bens so herdados em linha paterna, passando normalmente de pais para filhos. 0 ponto de vista que ou apresento & 0 ponto de vista segundo 0 qual os costumes relacionadas com © irmdo da mie de um homem 6 podein ser explicados partindo'se do principio que, num dado momento, 50 assado, estes povos tinham institulgoes matrilinea- res, tais como aquelas que se encontraim hoje em dia outros poves primitives, nas quais as erianeas pertencem ao grupo social da mae os bens sie herdados em linha materna, passando de um homem ara 0 seu irmao © para os filhos a sua irma E errado supor-se que € possivel compreender as instituigoes das sociedades, estudandose isolada- mente, ‘sem considerar as outras instituledes, que coexistem com elas e com as quais estio relacionadas © desejo chamar a atengao para a retagao que parece ‘existir entre os costumes relacionados com 0 irmao da mae de um homem ¢ os costumes relacionados com & irma de seu pai. De acordo com as Informacoes de que dispomos, nos casos em que o irmio da mie ¢ impor- tante, também se observa que a irma do pai € igual mente importante, se bem que de uma forma dife- rente. O costume que permite ao filho da irma de um homem tomar certas liberdades coin 6 irmao de sua mae parece ser geralmente acompanhado por uma obrigacao de especial respeito © obediéneia no que diz respeito a irma do pai, Junod diz pouco sobre airma do pai de um homem nos povos Bathongas Falando do comportamento de am homem para com esta parente (0 seu narana), s6 diz 0. seguinte , Bstas somelhancas entre a Africa do Sul e 2 Polinésia no podem ser consideradas aciden: tais ©, no entanto, nio existe qualquer espécie de ligagao entre as Iinguas polinésica ¢ bantu e acho extremamente dificil de conceber que as ditas regides tenham adoptado 0 mesmo costume de chamarem a0 Inmgo da mae de um homem «mae-macho: a partir de uma origem comum. ‘Vejamos agora se 6 possivel deduzirmos os padraes de comporiamento que deveriam existir no que diz respelto ao itmao da mae e 4 irma do pai de um homem numa sociedade patrilinear, baseando-nos na tendéncia ou prinefpio que eu suxizo existir. Para este fim, teremos primeiro de conhecer os padres de ‘comportamento para 0 seu pai e sua mie, respective: ‘mente, e penso que seré mals sexuro procurar as suas definigdes nos estudos de Junod, 3 que as observa: {goes dele nao devem ter sido influenciadas pela hipo- fese que estou a tentar demonstrat. ‘A relagdo com o pai implica, diz ele, «respeito © mesmo medo, 0 pai, apesar de nio ter muitos cuide- dos com os seus flhos, no entanto, 0 seu instrutor, aquele que ralha e que castiga. Tal como os irmaos do ai». (Op. cit. p. 222). Quanto & mae de um homem, diz © seguinte: “Ela € a sua verdadeira mamana ¢ esta relacdo € muito profinda e terns, & uma combinacéo de respeito ¢ amor. O-amor, no entanto, © maior do ‘que 0 respeito.» (Op. cit. p. 224). Quanto & relacso da, mae para com os seus filhos lé-se o sexuinte: «P geral- mente fraca com eles ¢ é normalmente acusada pelo al de Ihes dar muito mimo.» Existe um certo perigo na apresentagéo de forme- las condensadas. mas penso que nao erraremos multo se dissermos que, numa sociedade Fartemente patriar cal como a que existe na Africa do Sul,o pal € aquele que tem de ser respeitedo ¢ obedecido ¢ a mie & aquela que da ternura e que ¢ indulgente. Poderia mostrar-vos, se fosse necessario, que 0 mesmo aco tece nas familias dos povos das thas Amigas. Se ayora aplicarmos a estes povos, 0 prineipio que sugeri existir, deduziremos que a irma do pal de um homem sera um tipo de parente que tera de ser obe- decido ¢ respeitado, enquanto por parte do lmao da mie desse homem se pode esperar indulséncia e cari. rho. Mas 0 assunto complica-se em razio de um outro factor. Se considerarmos a relagio de um sabrinho com os seus Uo ¢ tia, @ questao do sexo aparece. [Nas sociedades primitivas existe uma grande diferenca de comportamento no que diz respeito aos homens ou aS mulheres. Arviseando mais uma formula, podemos rT dizer que geralmente s6 @ permitido um certo grau de familiariedade em sociedades da tipo bathonga, entre pessoas do mesmo sexo. Um homem deve tratar os Seus parentes femininos com mais respelto que os ‘seus parentes masculinos. Consequentemente, o sobti- hnho deve tratar a irma de sea pai ainda com mais rrespeito que o seu proprio pal. (iguatmente, segundo 0 Principio do respelta motivado pela Idade ou tdones Gade, um homem deve tratar o iemao mais velho de Seu pal com mais respeito ainda do que o seu proprio pai.) Pelo contrario, um homem podera tratar 0 irmao de sua mie, que 6'do mesmo sexo que ele, com um grau de familiariedade que nao seria possivel se se fratasse de uma mulher, mesmo tratando-se da sua prépria mie. A Influéneia do sexo no comportamento tentre parentes ¢ mais visivel nas relagdes entre irmac fe inma, Nas Mhas Amigas e nos povos Nama, um homem deve ter muito respeito pela sua rms, espe- ciaimente mais velha, ¢ nao podera ter qualquer espe cie de familiariedade com ela. 0 mesmo acontece penso eu, com os poves Bantu, da Atriea do Sul. Em Imuitas sociedades primitivas, a rma do pal e asitmas mais velhas de um homem suo alve do mesmo tipo geral de comportamento ¢ em algumas dessas socieda des os dois tipos de parentes pertencem 4 mesma classe @ sio chamados pelo mesmo nome, Deduzimos do nosso suposto principio um certo padrao de comportamento par: a itm do pal e para com a irma da mae de um certo homem, Estes padroes so exactamente os mesmos que encontramos nos Bathongas. nos Hotentotes e nos povos das Hhas Ami- gas. A irma do pal de um homem €, entre todos os Parentes, 9 parente que deve ser mals respeitado e obedecido. 0 irmao da mae de um homem 6, entre todos 0s parentes, aquele de quem se pode esperar mais indulgéneia e com quem é possivel terse um comportamento mais livre e ¢ permitido tomar certas Mberdades. Aqui esta, consequentemente, uma expll- cacao alternativa =possivels para os costumes que dizem respeito ao irmao da mae de un homem, eela tem a vantagem, sobre a teorin de Junod, de explicar também os costumes relacionados com este que dizem espeito a irmé do pai de um homem: Isto traz-nos, no tentanto, no ao fim mas ao prineipio do nosso estado. E bastante facil inventar hipoteses, 0 trabalho impor. ante e diffell comeca quando as queremos demons trar. E impossivel, com 0 poco teinpo de que dlspo- ho, verificar aqui esta hipotese que adiantei. Tudo 0 ue posso fazer € apontar algumas linhas de estudo ‘ue poderao, penso eu, proporcionar esta demonstra, ho. ‘A primeira coisa a fazer ¢ a mais dbvia de todas elas sera estudar pormenorizadamente os comporia rmentos do filho da irma e do irmao da mae de um homem entre si nas sociedades matriareais, Intell2. mente, nao existe praticamente nenhuma informa Sobre esta questio em Africae quase nenhuma sobre outras partes do mundo. Alem disso, existem algumas idelas falsas relacionadas com a distingso entre socte Wades matriareais e socledades patriareais, que & hecessdrio clarificar antes de podermos avancar Em todas as sociedades, seJam elas primitivas ou avaneadas, 0 parentesco 6, necessariamente, bilateral Um individuo esta relacionado com certas pessoas através de seu pai e com outras através de sua mae, © o sistema de parentescos estabelece qual ser o care ter das suas Felagdes com os parentes paternos © com 98 parentes maternos, respectivamente, Mas a socie dade tem tendénela para se aividir em segmentos (er pos locals, linhagens, clas, ete) e quando o principio hereditario € aceite, como ¢ 0 caso frequentemente, na medida em que ele constitui um moio para deter minar os membros de um seamento, entio tornase hecesséirio eseolher entre a descendéncia materna ¢ 4 descendéncis paterna. Quando uma sociedade esta \dividida em grupos segundo a regra através da qual as eriangas pertencem ao grupo do pai, teremos uma descendéncia patrilinear, enquanto no caso de as eriancas pertencerem sempre 20 grupo da mae tere: mos uma descendéncia matrilinear. 'Existe infelizmente uma grande impreeisio no que diz respelto & utilizacdo dos termos matriareal pa {riareal e por isso muitos antropologos nao os empre- gam. Se os quisermos utilizar temos primeiro de Thes dar definicoes exactas. Uma sociedade chamar-se-é patriareal quando a sua descendencia for patrilinear (isto 6, as erianeas pertencem a0 grupo do pai): 0 easa- mento é patriloeal (isto ¢, a mulher val viver com 0 grupo local do marido), a heranga dos bens e a suces- ‘sto (hierarquica) pertencem 4 linha masculina © & familia 6 patripotestal (isto €, @ autoridade sobre os membros da familia esté nas maos do pai ¢ dos seus parentes). Por outro lado, uma sociedade é matriare ‘quando a descendencia, a heranca © a sucesso pertencem 4 linha feminina, o easamento ¢ matrilocel (0 marido indo viver para a exsa da mulher) e quando a autoridade sobre as eriangas ¢ exercida pelos pa rentes maternos Se esta definigao dos dois termos for aceite, torna-se imediatamente dbvio que um grande numero de socie ‘dades primitivas nao sto hem mattiarcais nem pa rlareais, apesar de algumas se inelinarem mais para uum lado e outras para o outro. Assim, se observarmos 2s tribos da Australia Oriental, que por vezes se consi deram matriareais, deseobrimos que ¢ casamento 6 patrilocal. de forma que os membros da familis herdam em linha paterna; a autoridade sobre as criangas ¢ exercida pelo pai e seus irmaos, os bens (que existem) sao principalmente herdados em linha Paterna, apesar de nao existir nenhuma sucessio em Fazio de nao se reconhecer uma hierarauia A unies instituicdo matrilinear @ a descendénela do urupo totémico que se far pelo lado da mie, de forma que estas tribos, longe de serem matriaresis, inelinam-se ‘mais para 0 lado patriarcal, Os parentescos sii forte- mente bilaterais, mas, na maiorla dos easos, os paren: tescos em linha paterna tém mais importancia que 08 Parenteseos em linhe materna. Existem indicios, por ‘exemplo, de que a obrigagao de vinganca por seorrén- cia de morte pertence aos parentes paternos mais do gue aos parentes maternos. Encontra-se um exemplo interessante desta bilateralidade, se assim a podere- mos chamar, na Afriea do Sul, na tribo Ovanerero, ‘As informacoes nao sio completamente seguras, mas Parece que esta tribe esta subdividids em dois dru os de sezmentos que se intereruzam, Num deles (os ‘omaanda) a descendéncia @ matrilinear, enquanto ‘que no outro (opuzo) ela é patrilinear. Uma crianea ertence aos eanda de sua mae e herda cabecas de gaddo dos irmdos de sua mae, mas pertence ao oruco de seu pai e herda os seus espiritos ancestrais A auto. Fidade sobre as eriangas parece pertencer a0 pai, ses irmaos e irmas, Parece claro, espero bem, que a distingso entre as sociedades matriareais ¢ as soviedades patriarcais rndo ¢ absoluta mas sim relativa, Mesmo na sociedade mais fortemente patriarcal atribui-se alguma impor. taneia social aos parentescos da linha materna e da mesma forma na socledade mais matriareal 0 pal ¢ seus parentes tem sempre alguma importaneia na vida de um individuo, No Sudeste da Africa temos um grupo de tribos que se inclinam fortemente para.o lado patriarcal. A des- cendéncia, @ heranca ea sucessio dos chefes S80 transmitidas pela linha paterna, 0 easamento € patrl. local ¢ a autoridade familiar ¢ fortemente patripotes. tal. No Norte de Africa, no Quénia ¢ paises cizeundan- tes, existe outro grupo de povos fortemente patriar. cals, alguns deles falando. bantu, outros nilético © hhamitico, Entre estas duas regioes patrlareais existe luma linha de povos que se estendem, ao que parcee, de um lado ao outro da Afties, a0 nivel da Niasvalam « dia e da Rodésia do Norte, nos quais a tendéncia ¢ para as instituigoes matriarcals. A descendéneia do grupo soctal, as herancas © a sucessao dos reis ot chefes fazemsse pela linha materna. Em algumas ‘dessas tribos 0 casamento parece ser matrilocsl, pelo menos temporariamente senao definitivamente, isto &, quando um homem casa vai viver para casa da familia da sua mulher. E sobre estes povos ¢ os seus costumes que necessi tamos urgentemente de informagses, se @ que deseja mos compreender as questoes abordadas neste ensaio, ‘Temos uma descrigdo de uma dessas tribos, que € bastante completa, no trabalho de Smith Dale (The Na-speaking People of Northern Rhodesia, 1920). tnfeliz- mente, ne que diz respeito aos pontos que nos interes: Sam, as informacoes sao escassas e seguramente muito incompletas. Ha, no entanto, duas coisas que quero apontar. A primeira diz respeito 4 conduta do trmao da mae de um homem para com o filho da sua irma, Dizemnos que o «irméo da mae ume personagem com uma enorme importineia, tendo mesmo poder de vida ou de morte sobre os seus sobrinhos e sobrinhas {que mais nenhum outro parente tem, nem 08 préprios pais: tem de ser respeitado mais sinda do que 0 pro prio pai. Isto 6, avunculi potestas, que nos povos Baila © mals forte ainda do que para potestas. Quando se fala do irmao da mae ¢ normal utilizarse o titulo honorifico que se atribui a pessoas que sao altamente respeltadas» (Op. cit, vol. 1, p. 250). Bste tipo de rela- {cao entre o irmio da mie ¢ 0 filho da ima de um homem €, obviamente, de esperar numa sociedade fortemente matriarcal. Mas, entio, segundo a teoria de Junod, como se explica a transformacdo que se dew fa partir deste tipo de relagso para a que agora existe nos povos Bathonga? Isto trazme a outro ponte que mao sera possivel Giscutir om pormenor, mas que tem uma relagso im- ortante com esta polémien, Temos até agora conside- rado a relagao entre 0 filho da irma com o irmso da mae de um homem: mas se quisermos chegar a uma Cxplicacto delinitiva, tambem devemos estudar 0 ‘comportamento de um homem com os outros parentes maternos ¢ com grupo materno na sua totalidade. Nas lihas Amigas, a estranha relacao que existe entre 6 filho da Irma eo irmao da mae de um homem existe também entre 0 filho da filha e © pai da sua mae. Ofitho da filha deve ser respeitado pelo seu avs. © primeiro € come se fosse um =chefe~ para o sezundo. Pode levar ce bens ¢ ofertas que ele Taga aos det ses durante uma cerimonia kava. O pal da mie eo inmao da mie de um homem sio alvo dos mesmos padroes de comportamento, euja caracteristica mais importante é indulgencia de uns no que diz respeito a8 liberdades tomadas pelos outros. Tambem existem indicios deste tipo nos povos Bathongas, mas mais uma ver as informagoes que possuimes estao incompletas. Junod esereve que um avo € «mais indulgente com 0 ‘seu neto, filha de sun Alka, do que como seu neto, filho de seu filho-. (Op. eit, p. 227) A este respeito o habito de se chamar ao srmao da mae Kokwwana (avo) € significativo. ‘Aqui esta uma coisa que parece ser impossivel segundo @ teoria de Junod. Numa sociedade forte- mente matriareal, © pai da mée de um homem nao pertence ao mesmo grupo que o seu neto e nao é uma pessoa de quem se possam herdar bens ou que exerea fhma qualquer altoridade sobre esse homem. Qual fuer explicagao para as liberdades consentidas que podem ser tomadas com o irmao da mac nao sera Satisfatoria se nao explicar tambem o mesmo tipo de Hberdades que existem para com 6 pai da mie, que também existem na Polinésia e ao que parece em certos casos na Africa do Sul. A tegria de Junod nao faz isto nem podera faz6-lo, ‘Mas na hipdtese que apresentei, a questio torna-se relativamente simples. Nas sociedades primitivas, existe uma forte tendéncia para fundir um individuo com o grupo a que ele ou ela pertencem. Isto implica, hno due diz respeito so parenteseo, uma tendéncie para tlm extensao de um certo tipo de comportamento, ‘que tem origem numa relacdo especifica com um certo membro do grupo, a todos os membros desse mesmo grupo. Por isso, a tendéncia na tribo Bathonga seria para uma generalizagao de um certo padrao de fomportamento a partir do padrao espeetfico que ape fece no comportamento de um filo para com a sue tdie, a todos 08 membros do grupo de sua mae (familia fou linhagem). J que é de sua mae que um homem espera receber carinho e indulgéncia, também o espe- fara da parte das pessoas do grupo a que ela pertence, isto 6, dos seus parentes maternos. Por outro lado, & fags seus parentes paternos que tem de obedecer e Iostrar respeito, Os padroes que, portanto, aparecem ho que diz tespeite ao pai e 4 mac generalizam-se ¢ Setendem-se aos parents tanto do uma Tinka como de outta, Se tivesse tempo mostrar-vosia que 6 este 0 prinelplo que governa as relacoes entre um Individuo os parentes maternos nas tribos patriareais de Africa lo Sul. Tenho, no entanto, de deixar esta demonstra do para outra oeasiao. Posso apenas exemplificar esta afirmacao. (© costume muitas vezes erradamente denominado fae compra de uma mulher € geralmente conhecido na ‘Africa do Sul por lobola, ¢ consiste, como Junod bem 0 ‘mostrou, num pagamento feito para compensar a fam Tia da tapariga em razao da sua perda, quando esta rapariga abandona a sus familia para se casar. Mas ‘como nas tribos patriareais de Afriea do Sul a mulher pertence a0 grupo do pai, este pagamento € felto esse grupo. Ora, 0 que podemos obsarvar é que om ‘muita tribos uma parte do pagamento € feita a0 ir mio da mie da rapariga. Assim, entre os Bapedis uma cabeca de gado do rebanho lenyalo € oferecida 20 irmao da mae da rapariga. Entre os Basothos uma parte do gado recebide pode fr pars o irmio da mae da rapariga, e chama-se neste caso ditsoa. Os nativos afirmam que 0 gado ditson recebido pelo irmao da mée da rapariga ficam unieamente em seu poder em nome dos filhos de sua irma. Se um dos fihos ou Mihas de sua irmé adoecer, pedemine que face um Sacrificio aos seus espiritos ancestrais © mease caso cele ira buscar um desses animais do rebanho ditsoa, para a ceriménia. Da mesma forma, quando 9 filho de sua irma deseja uma rapariga para fins matrimonials odera dirigir-se ao irmao de sa mie para que este 0 ajude a encontrar 0 gado necessario pata o pagamento, © 0 tio podera darthe parte do gado aitsca, que rece” eu pelo casamento de sua irma ou até parte o seu Proprio gado, acreditando que sera recompensado com 0 gado ditsoa que irh receber no future. pelo casamento de alguma sobrinha sua, Penso que 0 vibu- nal de recurso indigena deeidly que pagamento do ditsoa ao irmao da mae de uma rapariga ¢ uma obrisa. so natural e nao pode ser considersdo como uma obrigaedo legal, © eu concorde plenamente coin esta decisao. Menciono este costume porque exemplifies © tipo de interesse que o Irmao da mae de uma raparise € suposto ter pelo filho de sua irma, quando o ajuda © toma conta dele. Isto traz-nos de volta @ questao da Fazao pela qual se pede ao irmio da mae para fazer sacrificlos quando 0 seu sobrinho adoece. No Sudeste de Africa, « veneracao dos antepassados ¢ patrilinear, isto é, um homem adora e participa em sactificios aos espiritos dos seus antepassados da linha paterna. As afirmagées de Junod sobre os Bathongas nio estao completamente claras. A certa altura, ele afirma que cada familia tem dois grupos de deuses, os que pertencem a linha paterna ¢ os que pertencem a linha materna; tém @ mesma dignidade e podem ambos ser Invoeados (op. cit. 1, p. 349, © 1, p. 258). Mas noutro lado, afirma que tem de se fazer alguma oferte aos deuses da familia materns, isto par intermedio dos rT parentes maternos, 9s malume (op. cit, th p. 36D. Gutras passagens confirmam esta aftrmagao ¢ indicam que 0s espiritos ancestrals s6 podem ser invocados directamente durante um ritual executado pelos seus descendentes da linha masculina, ‘Os natives do Transket so muito claros quando afirmam que 0s deuses maternos de um individuo, of Seus antepassados matrilineares, nao o punirao nunca de forma sobrenatural, fazendo-o adoecer. (Nao estou certo de que o mesmo aconteca nas tribos Sotho, mas penso que terdo uma forma semelhante de comporta- mento.) Por outro lado, uma mulher easada pode rec ber a protecedo dos espiritos ancestrais da sua linha- gem patrilinear, assim como os seus proprios filhos jovens enquanto estiverem perto dela. Isto porque o¢ filhos 86 sto incorporados na linhagem paterna quando chegam a adolescéneia. Assim, nos povos do Transkey, quando uma mulher casa, 0 pai oferece-Ihe uma vaes chamada vaea ubulunga, escolhida entre as vacas do rebanho da sua linhagem, que ela podera Ievar cconsigo para a sua nova casa. Ja que nao pode beber leite que pertence ao yado de seu marido durante os primeiros tempos de casada; podera, pelo menos, be ber leite deste animal, que pertencia sua linhagem. Esta vaca é um elo de ligagao entre ela e a sua linha gem, o seu gado e os seus deuses, ja que o gado 6 um elo material entre os membros vivos de uma linkasem ‘© 05 seus espiritos ancestrais, Assim, xe ela adoccer, podera fazer um colar de pelos arrancados da cauda da vaca e coloca-se sob a proteccao dos deuses da sus Unhagem. Além disso, se um dos seus filhos adoecer, também poderé fazer o mesino colar quo se julga cons tituir também uma proteeeao para 0 seu filho. Quando © seu filho creseer, ira receber um bol wbulunga do rebanho de seu pai ¢ sera entéo da cauda desse bol que podera fazer um amuleto para sta proteccao; da mesma forma, a filha quando casa separa.se de sua mde © poderd receber uma vaes ubulunga de seu pal. No entanto, sesundo me disseram, apesar de os ant ppassados maternos nao eastigarem os seus descenden- tes por meio de docncas, pode-se pedirihes ajuda. ‘Assim, Vivo, « pedem-ihe que fea um sacrifielo © peca aos lantepassados maternos que 0 ajudem. Isto passa-se de qualquer forma nas tribos Sotho e um dos objectivos do gado ditsoa, que constitul um pagamento pelo casa- mento de uma rapariga ao irmao da mae dela, 6 servir de abjecto para esses sacrificlos se estes forem neces: Sarlos, Isto devolve-nos & extensio do principio que adian- tei, na medida om que ele esta na base dos costumes Felaclonados com o irmao da mae de um Individuo, O padrae de comportamento em relacio A mae, que se Gesenvolve na familia em razzo da natureza do grupo familiar e da sua vida social, alargase, com certas modificagdes adequadas, 2 Irma da mac © ao irmso Ga mie e depois no grupo de parentes maternos ¢ leralmente aos deuses maternos, que séo 08 antepas. Sados do grupo da mie, Igualmente © padrao de comportamento em relacdo ao pal também se estende ‘aos frmaos e itmas do pai e 20 conjunto total do grupo do pal (ou, por outras palavras, aos membros mais Yeltios desse grupo, $4 que 0 principio de idoneidade Implien necessarias modifieacées) © finalmente sos deuses paternos. (© pal © os seus familiares tém de ser obedecidos ce respeitados (ate mesmo adorados, no sentido origi- hal do termo), tal como os antepassados paternos Ovpal castiga os Hilhos tal como o podem [azer os sets antepassados. Por outro lado, a mae € terna e indulgente com os seus filhos e 0s seus parentes fazem supostamente © mesmo, assim come os espiri tos maternos ‘im principio muito importante que eu tentel de- ‘monstrar noutro lugar (The Andaman Islanders, cap. V). | | 6 que 0s valores socials que vigoram numa sociedade palmitiva sto mantidas porque séo expressos através Re costumes ritualisticas ost cerimoniais. O conjunto de valores que encontramos nas relacdes de um ind\- Slauo com os seuis parentes de ambos os Iados também lero de ser expressos, consequentemente, por meio ide um ritual adequado. A questao ¢ demasiado vasta ide diseutir aps Ras um ponto, Nos Bathongas, e também na Potinésia Oeidental (e no Fidji ¢ em Tonga), 0 filho da irmé {eem Tonga também o fitho da filha) tomam parte no Situal do sacrificto, Junod desereve uma ceriménia de Gestruicdo da cabana de um homem morto, durante a ‘qual os batukuiu (os filhos da irma) tem um papel fmportante. Matam e distribuem as vitimas do sacrif- cloe quando 0 padre faz a sua oracdo aos espiritos do hhomem morte sao o¢ filhos da ira do homem que, passado algum tempo, o interrompem ou «params a Bracao e The paom um fim. Entao, no caso dos clas athongas, pezam nas porcoes do sacrificio que foram Gedicadas ao espitite do morto © fogem com elas, ‘raubando-as«. (Op. cit. 1p. 162) Sugiro que isto significa uma demonstragao ritua- iistica da relagao especial que existe entre o filho da jrma eo irmao da mée de um individuo. Quando 0 tio @ vivo 0s sobrinhos tem o direite de se dirigirem Sua aldeie e comerem a sua comida, Agora que cle testa morta fazem 9 mesmo, como parte do ritual fune: pario, pela dltima ver, oa seja, chegam e roubi boeados de came e cerveja que foram deixados para morte. ‘0 mesmo tipo de explicacao pode ser dade, penso eu. no caso do fithe da irmé, no que diz respetto Sncrificios © outros rituais, tanto nos povos Bantus, Ga Africa do Sul, como nos povos de Tonga e Fidhi. Quando um homem receia 0 seu pai também receara fe respeltaré os seus antepassados paternos, mas nao receard irmao de sua mae e podera comportar-se de forma irreverente com os seus antepassados maternos; exigem-Ihe por tradicao que, em certas ocasives, se comporte dessa forma, expressando, fassim, ritualisticamente as relacoes soeiais, que existem entre sie os seus parentes maternos, de acordo com funcao geral do ritual tal como eu 9 entendo, Talver nos ajude se aqui fizermos uma breve apresentacdo da hipdtese que adiantel neste ensaio, juntamente com os prinetpios que The sub: Jacem @ algumas das suas mais importantes impli- cagoes: 1) A caracteristica de maioria destas soci dades a que chamamos primitivas 6 que 0 comportamento dos individuos esta. em grande parte governado pelos parentescos, através da formagio de padroes de com Portamento fixos para cada um dos tipos Feconhecidos de relacoes de parenteseo, 2) Isto esté por vezes associado # uma organi zacio segmentaria da sociedade, isto 4 luma condicao na qual ¢ soctedade se divide hum certo numero de segmentos (linhagens ou elas); “Apesar do parentesco ser sempre e necesss Flamente bilateral ou cognitico, a organiza. sao segmentaria necesita adoptar 6 prinet. pio unilinear e 6 preciso escolher entre as instituigdes patrilineares © as matrilines 4) Bm sociedades patrilineares de um certo tipo, 0 padrao especial de comporta, mento entre o filho da irma eo irmao da mae de um homem deriva do padrao de ‘comportamento entre 0 filho © a mae. que também é 9 resultado da vida social no seio a familia, no sentido restrito de termo, a 5) © mesmo tipo de comportamento tende a estender-se a todos os parentes maternos, isto 6. toda a familia ou grupo a que pertence 0 irmao da mae do homem'; © Em socledades onde existe a veneragdo dos antepassados da linha paterne (como nos Bathongas ¢ nas Tihas Amigas), 0 mesmo U0 de comportamento pode também estender-se ‘208 deuses da linha materna: 1 0 tipo de comportamento especial no que diz respelto aos parentes maternos (vivos ow ‘mortos) ou ao grupo materno e aos seus deu- se8 © objectos sagrados, expressa-se através de costumes de ordem ritualistics, sendo a funcdo do ritual, neste aso, como também noutros, fixar e tornar definitivos certos tipos de comportamento com as suas respectivas ‘obrigagdes © sentimientos que Ihes sao ine- rrentes, Para coneluir, permitam-me dizer que escolhi este assunto para esta contribuigso que fago por estar convencide que néo tem apenas um interesse tecrico, mas também um Interesse pratico, Por exemplo, existe © problema de sabermos se o tribunal de recurso estara corto ou nue ao decidir que o pagamento do + Esta extensso do termo irmao da mie a todos os parentes| rmaternos.existe na terminalogin da tro Bathonga. Overmo ‘maluma, que 6 prineipalmente aplicedo to lrmio da mae de Um individuo, estendese aos itor deste home. que timber {0 malumee. Se oe irmaos da minha mte twerem morride, 80 ‘os meus Hihos que terso de fazer um eaersficse em mess bene fio, aos meus antepassados maternos. Na parte Nowe desta {ribo, otermo malume deixou de ser utlizado, eo pal damae, 0 lmao da mae @ 3 ihos do irmao da me de tm indice 0 {odes chamads hokwona (avd) Apesar de nor parecer abrurdo cchainar 0 lho do irmae da nossa mae. que pode ser mals nove zzado ditsoa ao irmao da mée de uma rapariga constitii luma obrigacéo tegal ou uma obrigagao moral. Na me dida em que me 6 sutorizado adiantar uma opiniso, fou diria que esta decisio estava certa, Todas as questoes relacionadas com 0 pagamento motivado por easamento (lobola) tem uma importancia pratica consideravel nos dias de hoje, nao so no que {iz respeito a missionarios e magistrados mas tambem para os proprios nativos. Ora, 0 estudo da posicao ‘Exacta em quie tima pessoa se encontra em relacao aos ‘Seuis parentes maternos é indispensivel para uma compreensio total ¢ exacta dos costumes do lobo. ‘Uma das prineipais fangdes do lobota ¢ fixar a posicao social dos filhos de um matrimonio. Se a familia fer lum pagamento adequado, entao, os filhos da raparisa aque se vai casar pertencerso a essa familia © os seus deuses serio também os seus. Os nativos consideram ‘que 0 lago mais forte é 0 Iago que existe entre mae ¢ filho e, conseauientemente, om Fazio da extensao que Inevitavelmente se da, existira também um lago muito forte entre um filho e a familia de sua mae. A funcio do pagamento do fobota nao € destruir mas sim moditt ‘car este laco e colocar as eriancas definitivamente na fmilia © grupo paternos, no que dir respeito nso 36 foo ascuintos socisis mas também a vidn religioss da 9 que nés, por meio de um terme que significa -avd-, 2 Glscussao neste ensalo Irs darnor a possibilidade de de fobeirmos alum Sentido nsto tude. A pessoa que tem de fer {Um saerficlo em meu proveite, aor meus antopassados nator” fos é,cm primeire lugar, © pal da minke mae e em segundo ugar, se ole tver morride,o irmio da minha mie, ¢ se este falecer, 0 seu flo, que pedera ser mais novo que eu. Existe lume semelhanca de fuebes nesta tx relagbes eum pada {erat unto no que diz respeito a0 meu comportament em Folagdo a todos estes parentes e também ¢ semethante: de uma ‘maneire geral, 20 met comportamento para com o= vie Ete tipo de nomenclature €, consequentemente, dequnda. ribo. Se nenhum lobola for pago. a erianga pertencer inevitavelmente & familia materna, apesar de a sua posicdo ser entao irregular. Mas a rapariea que dew Ihigar ao pagamento do loboia nao passaré a ser men bro da familia do marido e os seus deuses nio serio fos deuses de seu marido; e Isto € a prova definitiva Penso ter dito o sufleiente para mostrar que uma compreensto adequada dos costumes relacionados com_0 lrmao da mae de tm individue constitu um preliminar necessirio a uma qualquer teoria defn tiva sobre 0 lobola.

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