You are on page 1of 9
A REFORMA DE TAIKA E A € ULTURA NARA Pamenushinosshi (Gantustio port do Hanya) A REFORMA DE TAIKA E A CULTURA NARA © golpe de 645 Entre 08 cls mais poderosos que ocupam posigées pr nen: tes na Core — inclusive cargos correspondentes aos dos atuais ministros de Estado — destacam-se os Soga. Depois de dominar politica palac’ goragdes, Iruka Soga, violento orle por suicidio, em 643, do. principe no © mais provavel sucessor a0 tron. nee t Yamashiro-no-Oe, tid ¢ Esse ato provoca a reagio geral de clis contrérios aos Soge que. fem 645, assassinam fuka © forgam seu pai Emishi a suicidar-se, Nesse golpe de Estado tém atuagio destacada o principe Na- kano-Oe (626-671) ¢ Kamatari Nakatomi (614-669), chefe de tum influente cla adversé Kamatari sofre influéncia de Kuromaro Takamuko © Shéan Minamibuchi e do monge Min que, em 640, regressam da corte de Tang (que sucede @ Sui em 618), trazendo um grande acervo de conhecimentos do continente, Bles consideram o sistema Uji abane antiquado e superado © necessitio liquidélo para colocar © pafs em melhor px jo dos Soga i (0 para progredir. Os estudantes © outros emissarios japoneses que passam longos anos na China tém oportunidade de observar de perto a queda da dinastia Sui ¢ a ascensio ¢ expansdo do Império Tang. E de regresso 4 pitria influem sobre 0 curso dos acontecimentos que resultam na eliminagdo do regime Uji-kabane Um dos quatre te clestiais (Shitenr0) mideuses guerrero: que guardam as quatro iregdes de algun templar busista a | © novo governo, formado apés 0 golpe de 645, resolve adotar regime Riasuryd, em vigor em Tang, E, seis meses depois da der- rubada do cli Soga ¢ seus aliados, 0 imperador Kétoku (645-54) aia 0 Rescrito da Reforma, composto de quatro artigos. Sic eles, em resume 1) Aboligao do sistema de propriedade particular de terras € de homens existente no sistema Uji-kabane; passam todos a per- tencer ao Estado (terras e homens da Coroa); em troca, os chefes de clis recehem fungies ptiblicas € outras compensagses. 2) Dividese © territ6rio nacional em 58. provincias, nomean- dose para seus governadores (kokushi ow kuninotsukasa) elemen- tos influentes do centro; as provincias se subdividem em muni- cipios que sio governados por Iideres locais; regulamenta-se 0 servigo militar ¢ 0 sistema de transportes. 3) As terras cultivéveis de todo o pats slo divididas, de acordo com a lei de distribuigio de terras (Handenshaju-no-hd); para essa finalidade se organiza o Registro de Familias. 4) Estipulam-se tributos ¢ obrigagdes diversos dos lavradores, além do servigo militar obrigat6ri Pela primeira vex adote-se 0 nengd (nome de era), também copiado de Tang. O primeiro nengd recebe o nome de Taika (Grande Reforma). Por isso, © conjunto de modificagées poli- tico-administrativas entéo executado recebe 0 nome de Reforma de Tsika. Desde entéo, todos os imperadotes adotam neng6, nio raro mais de um, até a Restauragio de Meiji, quando se estabe- lace 0 principio de que a cada reinado corresponderé, um 56 nome de era, ‘A Reforma de Taika, no correr dos anos, avanga para a intro- dugio do regime Ritsury6 (ritsu — leis penais, ryd — leis admi- nistrativas, numa interpretagao ultra-simplificada), que sofre com- plementagées sucessivas, até ser consolidada com as Leis de Taihd (ano 1 da era Taihd ou 701 da era Crista). Por essa razio, fala-se muito em Tuih6-Ritsuryé nos capitulos da hist6ria do Japto de- dicados a0 regime Ritsury6, 0 qual, pelo menos formalmente, chega até a Reforma de Meiji (1868), com duragio de mais de onze séculos, Nao entraremos na apreciagio mais demorada do regime sury® que, em dltima anslise, visa fortalecer o poder do fennd 4B (a grande preocupagdo do principe Shdtoku), centratizando a administragio do Estado na Coroa. Diga-se a bem da verdade histérica que, entéo, Estado € Coroa sio a mesma e inica coisa. Os antigos chefes de uji, especialmente aqueles com titulos de Kabane mais elevados, passam a set os novos administradores © ‘altos funcionérios da Coro, constituindo a nova aristocracia me- tropolitana que, durante cerca de cinco séculos (periodos Nara ¢ Heian) dirigem os destinos da nacao nipénica, até a ascensio da nova classe de guerreiros, os samurais, que ocupam o poder no final do século X11 Kamatari Nakatomi, o grande her6i da reforma que muito ba- tatha pela renovaio administrativa, recebe postmortem o sobre nome Fujiwara, slém da mais elevada posivio na hicrarquia da Corte. Desde entéo, o cla Fujiwara exerce, durante séculos, po- derosa influéncia na police nacional, ocupando os cargos mais altos, inclusive com muita freqiéncia o de regente ¢ de consethei: ro-mor do trono. Cultura do periodo Nara A construgto da nova capital, Nara, representa uma prova do desenvolvimento econdmico © social promovido pelo regime Rit sury8 © a continuagio da ascendéncia da cultura de Tang, que, segundo Sansom, € entio a nacio mais poderosa, adiantada ¢ mais bem administrada do mundo ‘A nova metrépole, inaugurada em 710, tem seus tragados co piados de Chang'an, capital chinesa, Mede cerca de 4.400 metros por 4.000, com ruas geometricamente retas. Grandes construgoes, como 0 palicio imperial, repartigies piblicas, templos de paredes brancas, prédios cobertos de telhas do tipo chinés, colunas de madéira pintadas de vermelho, dao aspecto novo € exotica @ Nara, em contraste com as capitais anteriores, todas de arquite- tura mais simples, nativa ¢ de dutagdo curta. A primeira capital plancjada, Fujiwara, igualmente tem existéncia efémera (694-710). Inieiamse em Nara a firs ofa, onde 0 pove troce sete roduitos por outros. Negociamse nelas, pelo sistema de escambo, Gleos vegetais, implementos agricolas de ferro, cerémica © até 49 ———ar e+ escravos (O Estado Ritsury® extingue, em principio, a proprie- dade particular, mas no a esvravidao.) Estimase que Nara, no scu apogeu, tena alcangado uma po- puilagdo de cerca de 200 mil habitantes (e 0 pais todo em torno dde cinco milhées). Embora Nara, como sede do trono, funcione apenas de 710 a 784, na histéria cultural sua duragao é um pouco mais extensa: da Reforma de Teika (645) até a transfe- rEncia da capital para Heian (794), aproximadamente um século e meio. No ano 630, 0 Japio reinicia o envio de emissérios & China (interrompido por causa de problemas em torno de Paikché). Desta vez, os japoneses procuram Chang'an, metrépole da di sia Tang (618-907), Eo império chinés retribui, mandando em- baixadas. Fste intercdmbio diplomético ¢ cultural dura cerea de dduzentos anos. Normalmente ® comitiva compiese de 100 2 250 membros distribuidos em quatro embareagdes, mas as veres compreende mais de 500 pessoas. Sacerdotes budistas, estudantes ¢ funcion’- ios do governo partem de Naniwa (atual Osaka), fazem escala cm Hakata (norte de Kydsh®) e, atravessando o Mar da China Oriental, atingem o continente. [Nas frageis embarcagdes a vela de entdo, as vingens sio muito arriscadas € nfo raro muitos perecem em naufrégios. Os enviados, admiradores incondicionais da avangada cultura de Tang, néo temem arriscar suas vidas. Entre estudantes que regressam com ricos cabedais de cultura chinesa figuram Okura Yamanoue (669-733), 0 monge Gembo (7-746), Makibi Kibino (695-775) outros que desempenham importante papel no progresso cult ral do perfodo Nara, Alguns fixamse para sempre no continente, como 0 sibio € posta Abeno-Nakamaro (697-770) Tang atinge 0 z@nite de seu poderio na primeira metade do séeulo VIII. As fronteiras de scu imenso império aleangam os Timites da Pérsia © 0 Mar Céspio a Oeste, os montes Altai, 20 Norte, © a0 Sul vio da {ndia até a peninsula da Indochina. E mantém relagdes comerciais © culturais com povos de Annan, Cochinchina, Vibete, fndia, Turquia, Pérsia © Arabia. Por meio dessas relagdes, as culturas avangadas da Ardbia, da Pérsia e até 50 mesmo de Bizancio € da Grécia chegam a China e, por inter nédio desta, 90 Ja (© Império de Tang representa uma época de vigorosa renas cenga cultural na China e 0 retorno espiritual aos grandes dias de Han, quando © Japio recebe as primeiras influéncias cultursis do continente. Tang possui o vigoroso otimismo proprio de uma renascenga, com toda sua energia criativa em expansio. Os japo- heses, agora com dominio do kanji, dispem de facitidade de ‘comunicago com os chineses. Seus homens cultos escrevem em chinés, Essa circunstancia explica a relativa facilidade com que fs reformadores de Taika conseguem implantar © regime Ritsury, bastante complexo em sua forma legal. Historiadores observam que @ cultura Asuka, anterior & de Nara, recebe influéncia do perfodo das dinastias Norte e Sul da China, enquanto a de Nara absorve 0 vento revitalizador do periodo Tang, Pechibli (Bokkai, em japonés), um novo reine do norte da Manchéria, envio a0 Japio, em 727, uma delegagio com peles de Jeopardo, tigre. urso e produtos da terra como eenoura ¢ mel, ‘que os japor.ses trocam por fios, tecides de seda e de kéz0 {amoreirade-papel) © outros produtus, visundo ao enectamento de intercémbio comercial. Até seu desaparecimento, em 906, Pechihli continua enviando emissfrios, e 0 Tapao, por seu turno, retribui com misses Aquele reino continental ‘Como se vé, no periodo Nara intensificam-se as relagées comer iais e culturais do Japio. com o exterior. Notével € 0 feito do ‘monge chinés Chien-Chen (688-763), conhecido por Ganjin no Japao: tenta vérias vezes atravessar o mar para visitar 0 Arqui- ppélago, mas & impedido por tempestades © naufrégios. Apesar das dificuldades de navegaglo e de haver se tornado cego, con segue afinal realizar seu intento de pregar o budismo entre os nipdnices. Além de chineses e coreanos, indianos ¢ persas che- gam a0 pais do Yamato, petcorrendo longas distincias em terra fe atravessando mares bravios Nara atinge o dpice de sua prosperidade ¢ desenvolvimento cultural na era ‘Tempy (729-748) — culturalmente de 710 a 760, cerca de meio século, Shému Tennd (724-49) manda cons: 51 truir mosteiros provinciais (kokubunji) nas 58 provincias entéo cxistentes, Como. sede central desses templos, ergue o grande tnostero. de Taiji, com a enorme estatua de Buda (16 metros de altura) imo seu interior. A sua moldagem (bronze) leva dez anos, cabendo & imperatriz Koken (749-58) presidir a sua inaw- guragéo oficial. Temos entéo 0 budismo no apogeu de sua forga como religiio de Estado (praticamente adotado no tempo do principe Shotokw), O ‘Tédaiji, com sua grande estétua de Buda (Daibutsu), imenso parque ¢ os famosos cervos, constitui presen- femente uma visita quase obrigatéria — tal como 0 Héxydj pouca distancia dali — para quem vai a Nara Os templos provinciais constituem, ao lado das sedes adminis. trativas dos governadores provinciais, centros culturais regionais de onde se irradia — embora em escala limitada — a florescente cultura da metrépole. Ainda hoje encontram-se nomes de kokubunji, ‘ou simplesmente kokubu, em varias localidades do tervitério pons, indicando antigos locais de templos provinciais. sio construgdes do perfodo Nara os templos Yakushiji, TéshOdaiji e K6fukuji, considerados importantes obras de arte arquiteténica. Temos ainda o Shdsd-in (Museu Imperial), anexo a0 Tédaiji e Sangatsudd (um pavilhio do Tédaiji), ambos com valiosos objetos de arte e tesouros budistas Tanto na arquitetura como na escultura, de caréter puramente budista, notese forte contribuigdo de artistas © artesios chineses fe coreanos, naturalizados ou seus descendentes, Mas ja surgem artistas japoneses muito talentosos. No Shds6.in, que guarda principalmente a colegio de objetos de arte reunidos por Shému Tend, citado hé pouco, existem produtos de artesanato cuja origem pode ser encontrada em lon ginquas nagdes, como a India, Ardbie, Bizincio e outras, mos- irando o caréter universal das artes japonesas da época. Impor- tamtes correntes culturais, como jé vimos, chegam através do Império Tang. © professor Saburd lenaga, em seu didético livro History of Japan, observa: “... a cultura continental dos séculos VI e WAIT continha elementos das culturas do Império Romano do Oriente, Pétsia, fndia e Asia Central; isso pode ser inferido dos brocados adornados & moda persa, pintura mostrando Pégaso da mitologia frega, harpa assitia © desenhos, em arabesco, de madressilva de 52 origem egip semethanga entre as pinturas murais do HéryOji ¢ os afrescos de Ajanta (India)”” ‘© mesino avtor diz que os objetos de arte entesourados pelo [A este respeito, podemos lembrar a sugestiva imperador Shéiva, e cuidadosamente preservados até os dias atuiais no céich:e acervo artistico ShOsb-in, nos recintos do templo ‘Tédaiji, constitwem bons exemplos da cultura Tempyo (subdivi so do periodo Nata) (© prédio do ShisGin representa um modelo de arquitetura avangada do periodo. O soalho extraordinariamente elevado © a estrutura das paredes, destinada a manter boa ventilago © pre- venir a umidade do ar, sio fatores decisivos na conservagio dos tesouros artisticos que tém mais de 1.200 anos. Mais obras de arte Pintura — ‘Temos como outros exemplos de pintura do perio- do: Kichijé Ten (deusa budista) pertencente ao templo Yakushi (Mestre ou Rei da Medicina) © Damas sob Arvores, preservadas no Shésé-in, Ambas apresentam evidentes marcas da escola Tang. Outro exemplo € 0 E Ingakyd (Rolos Mlustrados do Sutra Inga-ky6), considerado como precursor do emakinono (pintura em rolos de papel), desenvolvido em épocas posteriores. As pin. turas existentes do periodo Nara sio em némero bem inferior a0 das esculturas Eseultura — Seis Kannon do Héryoji e a Sh Kanon, do Yakushiji, Caboga de Buda do Kéfukuji, constituem exemplos tipicos de esculsra do periodo Nara, a0 ado do colossal Buda de bronze do idaiji, j4 nosso conhecido; Fuk Kensaku Kanon. do Pavilhio de Sangetsud6, do TOdaiji; © grupo de Hachibu-shd (Cito Guardities Sobrenaturais de Buda) e 0s Ja Dai Deshi (Os Dez Grandes Discipulos de Buda), do Kafukuji ¢ outras. Como se vé, € 0 dominio absoluto da arte religiosa (budista). Antes decorativas — Os tesouros do Shésé-in consti maior patte de obras sobreviventes de artes decorativas dope: riodo Nara. Muitos objetos sfio importados da China, mas jé se conta elevado mimero de artesanatos produzidos no Japao, Ri queza em variedade de objetos, material, téenica © design int pressiona mesmo os visitantes de hoje. Variam desde artigos 53 usados em ritos budistas, méveis © outros itens de utilidade do- méstica, até instrumentos musicais ¢ objetos usados em diversos passatempos, que exibem técnica apurada de artesanato. Diversi- ficado também o material empregado: metais ¢ ligas, madeira ¢ bambu, laca, vidro, tecidos. Alguns exemplos: turfbulo globular de prata, do Shés6-in, tagas de prata ¢ sino de bronze do TOdai ¢ relevo em bronze de Hokke Sessd, do tempo Hase-dera; as espadas Kara-tachi (espadas de Vang), decoradas com prata dow yada e madrepérola, do Shésé-in; tabuleiro do jogo de sugoroku (espécie de gamio), em sindalo vermelho; caixa de Inca do Shsi-in, vérios trabalhos em cerimica, vidro, tecidos € outros materiais (Os objetos do Sh6sé-in deve sua conservasio € preservacio 0 fato de pertencerem & categoria "Manutengio por Ordem Imperial além da arquitetura especial do prédio, j4 referida, ‘Também a misica desse periodo evidencia origem internacio- nal: possui marcas de Sila, Paikché, Kokuli, Corte de Tang, Pe- chihli Bokkai) e {ndia, Segundo Tenaga, no perfodo seguinte (de Heian) softe uma niponizagdo to completa que forma a origem do que se chama gagaku, 2 miisica clissica © cerimonial da Corte imperial do Japio. Seis correntes do budismo No Estado Ritsuryé, 0 budismo recebe protegio oficial na capital (Nara); constroem-se templos chamados taiji (grandes ter- plos), onde os sacerdotes se dedicam ao estudo e culto do budis- mo, pesquisando e aprendendo as diversas correntes existentes nna China, Como resultado desses esforgos, houve a formacio das “Seis Escolas da Capital do Sul” (Nanto Rokusha), as vezes denominadas de “Seis Seitas”. Nano (Capital do Sub), & outro nome de Nara, Sio clas, em explicagéo bastante abreviada @ Sanron, ou Escola de Trés ‘Tratados, introduzida em 625 (ainda no periodo Asuka), por um monge careano de nome Ekan que estuda na China. No entender de G. B. Sansom, de modo geral © contetido filoséfico do budisimo do perfodo pré-Nara se desen- volve através dos ensinamentos da escola Sanron. E aduz que, 54 tem relagao ao bedtisino, os japoneses demonstram, sempre, mais entusinsmo pels oxpanizagio € rituais do que pela especulagio abstrata; todavis, estudam com muito respeito toda nova escola surgida & sua frente © preservam suas tradigoes, tenham ou no aceito seus ensinamentos, Disso resulta que, no Japao atual, existe ‘a maior massa de material para estudo do desenvolvimento da doutrina budists do que em qualquer outro pats, Nesse fato resi- de o interesse principal da seita Sanron © outras existentes nos primérdios da atuagio do budismo no Japao. [As correntes de pensamento budista entao existentes represen- tam as primeiras tentativas dos japoneses de compreender os sistemas filos6ficos que constituem os fundamentos te6ricos da fé budista. Representam assim, também, os primeiros esforgos sérios dos nipénicos para estudar a natureza do universo — seus pri meiros passos na ontologia, ‘A doutrina Santon afirma que todos os fendmenos sio irreais fe no existem separadamente e sim unicamente uns em relagio nos outros. Essa escola, por ser @ primeira corrente filoséfica do género no Japao, sobrevive até 0 perfodo Nara, quando sua in- flugncia comega a cair. © Jojitsu. Restam dessa seita apenas algumas referéncias nos do- cumentus preseivados no Shds6in, Proveniente de Paikehé, pa rece ter sido livremente difundida no perfodo Nara, sendo porém logo absorvida pela escola Hoss6, ‘© Hossd ou Yuishiki. Introduzida por volta de 650, por um monge japonts chamado Déshé (629-700), prega que a Gnica reatidade é a conscigncia, Aliés a palavra “yuishiki” significa “somente consciéncia", Esta corrente lidera os estudos budistas no periodo Nara, destocando as duas escolas antes mencionadas. Controla os templos da seita como o Gangéji ¢ Kofukuji, e ainda exerce influéncia doutrinéria sobre os mosteiros Tédaifi, Yakushiji fe Saidaiji, ricos e poderosos templos intimamente relacionados com a familia imperial. © proprio Hérydji, antes adepto da dou- trina Sanron, se torna centro de estudos da corrente Hoss6. © Gusha, Muito difundida em Tang, depois da tradugdo de Gusha-ron (Tratado de Gusha) pelo monge Genshd. Chega 20 Japio no tempo da imperatriz. Saimei (655-661). A partir de 794 fica subordinada & escola Hoss6 e € estudada nos mosteiros TO- 55 daiji ¢ Kokufuji, sta seita segue a filosofia Hanayana — Shojo — (Pequend Veiculo ou Veiculo Menor) enguanto a corrente Hoss adota 0 pensamento Mahayana — Daijd — (Grande Veiculo ou Veiculo Maior) © Ritsu. Temos conhecimento dessa escola, desde o tempo em que freiras japonesas se dirigem & Coréia a fim de estudar di plinas monésticas. Seu fortalecimento no Japéo se deu em fins do séeulo VII. Esta corrente budista nao se preocupa muito com questies. doutrindrins, mas dedica atengio especial & disciplina © a correta seqiiéncia espiritual. O {4 citado monge chinés Chien-Chen desenvolve, de modo completo, este sistema budista no Japlio. Chien-Chen exerce muita influéncia na difusdo dos ensinamentos de Buda no Arquipélago, onde morre aos 7 anos, em 763. © Kegon, O sutra (escritura, regras do rito ¢ moral budistas) da escola Kegon constitui um corpo de importantes obras che- gadas da China em 736. Diz esse sutra que Buda Sakya (Shaka, fem japenés) € @ manifestagao do Buda supremo, universal € nipresente, ou Locana (Roshana, em japonés). O objeto de culto da corrente Kegon é portanto o Buda Roshana, que nessas escri- turas aparece habitando uma flor de I6tus, de mil pétalas, ShOmu ‘Tenno decreta, em 749, que © sutra Kegon € a excritura aulori- zada e erige para o culto de Roshana o maior templo do Japio, © Tédaiji, também conhecido como Dai-Kegonji, o Grande Tem- plo Kegon. Dividida em duas correntes no século XIII, a escola Kegon chega até hoje. Embora a cidade originéria de Nara tenha desaparecido com a transferéneia da capital para Nagaoka em 784 (a seguir para Heian, em 794), 0 periodo Nara constitui um dos mais brithantes na histria cultural do povo nipOnico. Basta lembrar que so dessa época os primeiros livros escritos no pais e que se conservam até hoje. O Japio nao possui origi nariamente alfabeto ov escrita préprios, Nos primeiros séculos da nossa era (provavelmente IV), coreanos introduzem o kanji, 4 escrita ideogrifica da China, Entio tum cardter chinés completo (cm geral complicado, com numerosos tragos) tem que ser empre- zgado para cada silaba de uma palavra japonesa. Seu aprendizado exige, portanto, muito dispéndio de energia ¢ de paciéncia 56 Os primeiros livros No ano de 712, reinado da imperatriz Gemmei (708-15), a rece 0 Kofiki (Registro de Coisas Antigas ou Fastos Antigos), escrito totalmente em caracteres chineses, adaptados % fonética japonesa. Trata-se de uma compilagio feita por Yasumaro Ohno (2-723) com hase na genealogia da familia imperial, mitologia © Iendas, ditadas por Temmu Tennd (675-86) @ Hicda-no-Are. S30 tés volumes que contém narratives sobre a idade mitolégica © hist6ria do Japao antigo, até Suiko Tennd (592-628). O Kojiki contém ainda pocmas € cantos antigos, razio por que, além de ser © livro de histsria mais antigo, é considerado a primeira obra de carater litersrio do pats. B 0 mais antigo documento histérico-t teritio, eserito cm kanji, no Japa "A seguir, em 720, no tempo de Genshd Tennd (715-24) vem 4 ume 0 Nihon Shoki (Crénicas do Japao ou Relatos do Nipon). editado por um grupo de funcionétios do Paldcio, chefiado pelo principe Toner (676-735). A obra é composta de 30 volumes, dos quais dois sio dedicados & mitologia ou “‘era dos deuses (kamiyo), Contém ainda genealogia da familia imperial, mitos © Iendas-do-Japio, referéncias a acontecimentos registrados na Co- réia, documentos oficiais, geneatogia dos grandes clis ete, ‘Ae duss obras, Kojiki e Nihon Shoki, constituem as

You might also like