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de Azeredo Fundamentos de Gramatica do Portugués 2¥edicéo revista onde se expdem as regras d; guagem. 3. Exemplar de um evo. COM OU plantar de gratia. f. 1. Estudo ou tratado dos fatos da linguagem, , e das leis naturais que a regulam. 2. Livro \ - Z | Yo “ ‘ va Jorge Zahar Editor Rio de Janeiro Copight © 2000, ose Carlos de Azeredo Taos of diets resarados. A reprodugo nso sutoraada desta publagso, 0 todo ‘ouem pare, const vlagza Ge dita ators al 9.61098) Copyright © 2002 desta eo: igo anterior: 2000 (Capa: Car Sée Seg Campante Sumario Apresentacéo " de abreviagbes B NATUREZA, ESTRUTURA £ FUNCIONAMENTO DA LINGUAGEM. 2m, a inguagem e o conhecimento c 1ess0 da comunicagéo humana 6 2-23) ($24.27) (§ 28:36) (6 37-39) 6 40-43) 6 44-53) (6 54-65) ESTRUTURA DA FORMA GRAMATICAL, ICA & FONOLOGIA (6.89.90) (91-92) (§ 93-96) (§ 97-98) (122) ipropria por abreviacao Composigéo tecomposicéo 60 ‘Amaigama lexical Oneonimia graus do adjetivo Numeral ‘A categoria de pessoa e sua expressio pronominal onomes pessoais (6 194) (6 195-200) (6201) (6 203) 104) (6205) (6 223-233) 6 234) (6 235.236) (6 237-238) (6239) ($240) (6 241-242) verbo formas arrizotOnicas forma verbal pacrao ese verbos iregulares as classes de sintagmas cordenacéo dos sintagmas na construgéo dos enunciados o sintagma nominal: estrutura funcionamento estrutura formal e fungio referencial do SN fungo intaticas e semanticas dos termos adjacentes no SN (9 246-247) 6247) 6293) (6248) 6249) (6 250-253) (6 254-256) (6 257-258) ($259) (6262) (6263) ( 264-267) (5 268-270) (g.271-274) 6275) (6 775-284) (6 286-288) (6 289-290) (6291) (6292) ($300) (6 734-295) (§ 296-302) (6 303-304) (§ 305-306) (6307) (5 308) (6 309.310) 370371) (5372) (6 373-381) co sintagma adjet sintagma adver Subordinacao e coordenagéo Classes de palavras segundo 3 Perfodo simples composta Sujeito sujeto e predicado sujelto, complement @ adjunto 8s semantics do sujeito ea enunciagao. lancia verbo-sujeito ado predicado verbal e predicado nominal verbos instrumentals: auxiliares e de ligacao verbos predicadorestransitivos e intransit vetbos transitves Contetido e emprego dos tempos e modos do verbo \azes do verbo © objeto direto Adjunto verbal e complemento predicativo Predicadores néo-verbais Construgdo sintatica e papéis semanticas: a nogéo de correspondéncia (Os subordinantes e 0 processo de transposicgo Oragées subordinadas substantivas adjetivas adverbiais Sintaxe das formas nominais do verbo Oragoes coorder conjungSiesacitvas alternativas conjungées adversativas Cconectives conclusvos e explicatives Coordenacéo de oracbes suberdinadas is est (9316) (§ 348-349) (6 350-352) ain (6 318-324) (8 346-347) (8 355) (6 356357) (6 358) (6359) (6 325-345) (§ 353-354) 6360. 362) (6 363) (§ 364.269) (6 404-410) (6 420.424) (6 425-442) (§ 443-447) (6 448) (6.449.450) (6451) (9452) ($453) 201 m 281 283 Apresentagao duas pessoas — sejam elas intimas ou deseonhe- wo face a face, quer muma relagao a distincia—é uma negociados gracas a uma atitude cooperativa de ambas as partes. ido, na variedade de usos desse termo, encerra como deno- ic orientagdo. O sentido de qualquer coisa — gesto, sinal » palavra— 60 “proveita” que ele nos propici em sua condigdo it6rio” — geogréfico, social, cultural, textual. Chamamos ito das faculdades naturais que nos situam no mundo das sensa- >. visdo, audigdo € tato. Uma seta na via piblica indica 0 sentido seguir, Daguilo que nes parece ou absurdo dizemos que “nio i como qualificamos a vida a que speranga... perspectiva, enfim. O sentido é, portanto, 0 que nos ‘sa relago com © mundo ¢ com os seres ¢ objetos que o povoam. is Sonoros ou grificos com que se materializam noss0s discursos v ‘que elaboramos durante 0 processo de falar-esorever © ow nossa heranca cultural ¢ plasma nossa identidade sopriedade coletiva extraordinariamente maleavel c adaptavel as cir- “omunicativas, aos interesses dos individuos ¢ aos caprichos do tempo Conhecé-los para fins interativos & um requisito da vida em socieda- tar como so € a que leis est2o sujeitos em seu funciona- nem sempre de efeitos priticos evidentes, mas pertinente do homem em busca do autoconhecimento, inguagem est, portanto, a descoberta dos tico da lingua que qualquer us se conhecimento. gua com o objetivo de explicitar sua gramética na se- , bascamo-nos necessariamente em um modelo teérico, © gua se organiza estru- 1a tornar possiveis a expresso ea compreensdo de sentidos, O mode- se adota para deserever o portugués compreende, por exemplo, @ de palavras”, como adjetivo, verbo ¢ preposigiio; as nogées fun- sujeito c objeto; a oposigao entre pretérito perfeito e pretérito imper- " » Fundomerts de Grams Ho Petwaus feito; 05 conceitos de sflaba tOnica e sflaba Stona; adistingao entre frase declara- iva e frase imperativa, entre diversos outros conceitos. Nenhum modelo pode ser rigido, mas sempre precisa ser concebido como forma homogénea e coerente. Diferentemente, entretanto, do modelo coeren- tec homogéneo em que o estudioso se baseia para descrevé-la, a lingua se apresen- idade de seu uso conereto, como algo dinamico e flutuante, s6 parcial- lista de abreviacoes retos e bem distintos entre si, os fatos reais do uso efetivo mites Vezes resistir a uma rotulagdo certeira e bem sucedida, IF que isso acontece? Acontece porque, sendo a lingua, ao mesmo tempo, jo de expressio de todos os contetidos que a mente humana pode conceber € io de comunicagao desses contetidos nas mais diversas situagOes e para os riados fins, ela tem a natureza de um sistema extraordinariamente versdtille rativo afirmativo dai conchair que qualquer modelo descritivo tem suas limitagées, (oda andlise esta sujeita a reformulagaio, Sendo assim, nosso propési- ina anzilise do mecanismo gramatical do uso culto corrente do portu- ie, além de bem fundamentada em corpus escrito representativo, -médio, estimulando-o a tirar suas proprias 1e-perfeito do indicativo icativo PARTE | Natureza, Estrutura e Funcionamento da Linguagem © Homem, a Linguagem e 0 Conhecimento Linguagem traco definidor da natureza h m uma conhecida passagem do romance Vidas secas, Gracilia as dificuldades de seu personagem principal, Fabiano, para jagem dos homens: Vivia longe dos homens, 56 se dava bem com ar ‘pés duros quebravam espinhos ¢ nao sentiam a qu ra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava: Java uma linguagem cantada, monossildibica e companheiro entendia. A pé, ndo se agiientava ‘para um lado, para o outro, cambaio, torto ¢ fe Java pouco. Admirava as palavras da cidade, va reproducir alk veis ¢ talvez perigosas. (G. 16 Fundomentos de Grama do Potugus 2. Se pudéssemos imaginar como seria a vida de um ser humano isolado na na tureza, tratando-a como parte inseparivel dele, poderiamos admitir que a palavra ndo Ihe faria falta, Esse individuo travaria com o meio em que vive te lagGes imediatas, como colher frutas © cagar pequenos animais para seu sus- abrigo para defender-se das agressdes da na fazem mais que isso, O caso desse homem: hipotese concebida pela imaginagao romantica dos criadores de personagens ‘como Tarzan ou Robinson Crusoé. O caso de Fabiano, embora também 1m ‘exemplo da ficgao literdria, nada tem, porém, do mito romantico dessas figu ras que vivem em harmonia com a natureza. Fabiano é explorado pelo proy ‘tério da terra em que procura sobreviver, é humilhado pelos representantes do poder pi ima das trapagas dos que conhecem as regras da vida em sociedade, a za, que o ameaea ciclicamente com seca ¢ fome, confunde-se com seus elementos, como as cabras ¢ os mandaca- rus; mas guiado tio-s6 pelo instinto de sobrevivéncia, sabe a seu modo como conviver com ela. Diante, porém, do universo social dos homens, impregna- do de simbolos —como a linguagem —, que ele nao entende e muito menos é capaz. de usar, sente-se impotente ¢ indefes0. A linguagem como simbolizacao 3. A linguagem nao é apenas mediadora das relagées do homem com o mundo ‘que 0 cerca e com seus semelhantes. Mais do que isso, a linguagem constitui e toma possiveis essas relagdes. Pode-se mesmo dizer que as relagdes que por meio dela se elaboram ¢ se estabelecem sdo tio variadas ¢ distintas quantas io as possibilidades de expressio verbal do homem. A linguagem coloca-se centre o homem eo mundo que o cerca como uma espécie de mapa que o orien- ta para a percepgao das coisas e das relagdes entre as coisas. Assim como 0 gua organiza o mundo assunto de nossos atos de comunicagao. Pela posse d liberta-se das citcunstancias imediatas: pode, com 0 aun dda imaginagiio, nomear seres néo-presentes na situago de fala; pode rey tu eFunconamente de tinguager 7 or exemplo, 0 desenho da mao com o dedo indicador posto verticalmente so- ios unidos significa um pedido de siléneio. Essa figura tem um valor i , de validade geral. E essa ficado” que caracteriza o simbolo e garante a autonomia nguagem em relagdo ds coisas reais ou imagindrias a que o simbolo se re- As palavras so, de um modo geral, -4 ou colegdo de nomes para os seres ¢ coisas que povoam o mun- “idos que 0 homem concebe e expressa por meio da linguagem esto no mundo, mas na consciéneia humana formada na vida em socie- , como resultado do poder simbélico da palavra. S6 isso pode explicar a ‘capacidade humana de construir, com a linguagem, blocos de sentido textua- lizados, como deserigdes, narrativas, julgamentos, instrugdes, preces, im= ess0es, argumentos etc. AA linguagem como conhecimento e cama comunicacao ‘quer pessoa minimamente informada sabe que tode comunicacio e que ela esté presente no di ada instante de nossas vidas, servindo para \dividuos ou, muitas vezes, para o in fo eo conjunt de sus experincias da relidade, a funeso grag podemos transformar todos os elementos do mundo em dados da nossa cia e em assunto de nossos discursos. Se a linguagem fosse uma de nomes para as coisas do mundo —por exemplo: drvore, homem, Sol, muvem —, no passaria de uma no- a. Acontece que a linguagem 6 muito mais do lavras que nos permitem dar nomes aos seres nfo é uma sim- cexistem”, As palavras drvore ¢ coqueiro podem ser- Funderents de Gramstia do Portugués _ AA lingua, é claro, nao é apenas um meio de comunicagao; ela é, antes de tudo, um sistema de categorias que permite ao homem organizar o mundo em wna estrutura dotada de sentido. As linguas ditas “naturais” (0 portugués,o inglés, o musso, 0 japonés, o tupi-guarani) sfo formas de conhecimento coletivamen- te constituidas no seio das sociedades ao longo de sua experiéncia historica. Noutras palavras, 0 mundo experimentado pelo homem nao entra em sua consciéncia de forma bruta e cad estruturado por meio das categorias da estruturadas, as experiéncias do mundo se tomam conteiidos da consciéneia comunicdveis no discurso, A linguagem cumpre, portanto, duas fungdes basicas: « estrutura a experiéncia humana da realidade em contetidos significati- vos de consciencia (fungao simbética ou representativa); + torna esses conte‘idos comunicveis através do discurso (Fungo comu- nicativa ou interpessoal) © Processo da Comunicagéo Humana Fatores basicos da comunicagao humana 3s sentidos do homem — audigao, olfato, visio, tato ¢ paladar— poem-no a » 0 homem interpreta as- pets da natureza, mas nao recebe mensagens; ai nfo ha linguagem, nem in- formagio, Se compararmos agora estes exemplos ao Pare!, que lemos nos cruza- ‘mentos de transito ou ao aperto de mio de quem nos cumprimenta, verifica- ‘mos que tanto no apelo verbal — Pare! — como no gesto alguém entra em contato com alguém, Nestes casos, ha informagao e ha mensagem, ja que os sinais utilizados constituem meios de contato intencional entre duas partes: & que manda a mensagem ¢ a que a recebe, Basicamente, o processo da comunicagao humana envolve seis fatores: + a informagio, que & a idgia que se comunica; .Furconamento da Linguageen 19 ) Pare!, dito por uma pessoa ou escrito em uma tabuleta, é uma ordem sa em e6digo verbal; o aperto de mio é um cumprimento expresso em gestual. Se essa pessoa fosse um guarda de trénsito, com certeza nfo -odigo verbal, mas 0 cédigo gestual, erguendo o braco com a palma voltada para o destinatirio (pedestre ou motorista). Seja no gesto de 0 brago, seja no ato de dizer Pare!, a informagao & a mesma, mas as, gens — ou seja, 0s processos pelos quais as informagies so transmi so diferentes, As varias espécies de cédigos 108 que a conunicagao humana pode se realizar por meio de palavras nunicagio verbal —ou por meio de gestos — comunicagdo gestual. Ws, porém, que cxistem outras formas de comunicacio: os sinais lu- as sirenes, os mapas etc. As diferengas entre essas 1cdo so evidentes. Havera, entretanto, caract 1S a clas? Parece que sim: todas foram criadas pelo homem, cons ai comunicagao social. Trata-se, em todos 05 ca- pelo grupo para a comunicagio € condig&o indispensével a perfeita integragaio do homem na socieda- que vive. Todas essas convengdes se acham agrupadas em conjuntos conhecidos igos. O conjunto das luzes verde, amarela e vermelha; 0 conjunto 108 para afirmar, negar, dar adeus, cumprimentar; as letras do alfabeto lexidade. A linguagem verbal € 0 mais comple- hojeconhecidos, e ndo podia ser de outro modo: s6 ela pro- , inclusive as produzidas por outros o6 Fundomentos de Grama do Potuguts O contrato de comunicagao 1agdes usuais de comunicago —na familia, entre amigos, no local de na feira, na banca de jomais, numa sala de espera etc. — emissor e receptor acham-se face a face, em um lugar e momento determinados, tratan~ na maior parte do tempo, apenas como emissor (0 conferent lestra; © apresentador nos programas de auditério na TV; o padre, durante a a) ou como receptor (08 alunos, as pessoas no auditério, 0s ficis). A vida em comunidade, portanto, envolve os individuos em um continuo -esso de troca variada de mensagens, cuja eficiéneia depende de uma xa rede de fatores. Toda situago de interago sociocomunicativa ca- se por um conjunto de comportamentos, atitudes e atos de seus pro tas: as trocas verbais so regidas por contratos de comunicacao, is wens interativas que requlam o camportamento verbal apropriado a cada si ce comanicacdo. E 0 contrato de comunicagdo que indica que, em certas s, cabe a uma pessoa falar enquanto as demais escutam, Uma cerimé- a ou uma conferéncia se desenrolam segundo normas de compor- jue fazem parte dos respectivos contratos de comunicagio, Nao é F exemplo, que um convidado interrompa a ceriménia de um casa- para pedir ao padre que fale mais alto. Assim também, é improvivel endo ao chamado de um cliente que necessita da troca de um dis- Jetrcista Ihe diga: “Vou pedir ao senhor que desencape os fis, por ho pavor de levar choque.” gua requer, portanto, muito mais do que 0 a que as organiza em construgSes maiores sscolhe com absoluta liberdade suas formas de expressio linglistica, ico os conteixdos da conversagio; antes, escolhe-os em fungio de ide de sintonia com os componentes do contexto de comunica- neretizagio e o sucesso da interagiio verbal requerem que os Ia envolvidos regulem seus atos pelo contrato de connunicacao, fundamentais sio a pertinéncia e a cooperagai (V. §57). Fungoes da Linguagem gem Jakobson @ M.A.K. Halliday amento a inguegem a se ao realce particular que cada um dos componentes do processo da co- «40 recebe no enunciado: 0 assunto, o emissor, o receptor, 0 cédigo, 2 sagem € 0 contato, Dai a distingao de seis fungSes: + fungio informativa, que coloca em evidéncia o assunto; + funso emotiva, que coloca em evidéneia o emissor, += fungo conativa, que coloca em evidéncia 0 destinatirio; + fungio faitica, que coloca em evidéncia o meio de contato entre emissor destinati + fumgao metal cagio; + funcie poética, que coloca em evidéncia a propria mensagem cnuncia- stica, que coloca em evidéncia o cédigo de comuni- eles prevalece o conteddoa ser comunicado, A fungaio informativa rase declarativa seu meio mais tipico de expresséo. -motiva € a que predomina nas frases com que um “cu enunciador” ic oemissor elege o desti- 1 fator do processo de comunicagao, agindo discursiva- ‘nos conselhos, nas ordens. A fungao co- iano, j& que boa parte de io da fungo conativa da iente ou o consumidor. -essv de comunicagio ss da conversagio, Fundements de Gr do Potuguts . Na fungio metalingiistica, muito comum no discurso quotidiano, o usustrio toma o proprio cédigo de comunieagao para assunto: é a fungo presente no ato de falar sobre a linguagem, como perguntar sobre 0 significado de uma palavra ou comentar as preferéncias lingtisticas de uma pessoa. Gragas a fun- ica podemos elaborar dicionérios, conceituar classes de pala- lar regras de acentuagao e de concordancia verbal. E escrever todo 19. 20. 2. 2. ‘modo particular, com o chamado discurso poético: As folhas enchem de ff as vogais do vento. (M. Quintana, 1966) Estas seis fungdes diseriminadas por Jakobson correspondem, portanto, a op- ‘ges do enunciador. Por isso mesmo, de acordo com Jakobson, um enuunciado caracteriza-se pelo predominio dc uma fungio sobre as demais. Nao se pode pensar assim, contudo, em relagio as fungdes de Halliday, Estas sto necessa- riamente interligadas e neas em qualquer ato de discurse. ingiiistabritfnico M.A.K. Halliday, o que no §6 denominamos fungo va desdobra-se, na verdade, em duas funcOes: fungao interpessoal € fungio textual. Estas fungdes depreendidas por Halliday s6 muito superfis almente apresentam alguma relago com as fungdes de Roman Jakobson, Se- liday, uma lingua desempenha, por conseguint, trés fungdes gerais ferpessoal ¢ textual Gragas ao elenco de categorias e significados que constitem seu léxico, mor- fologia e sintaxe, cada lingu ‘organiza os fendmenos infi variados do mundo que nos cerca ¢ do mundo que trazemos dentro dends, as: sim como toda a atividade de nossa consciéncia, como eomparar, contrapor Por outro lado, como a mais ébvie utitidade da li as pessoas, ela oferece aos usuirios os meios para que eles a mento Unguagem 2 0s conjuntos de palavras do dicionsrio e de oragGes da gramati- 21-2) A esta funcao Halliday da o nome de fungio textual Os Planos Estruturadores da Linguagem Plano da expressao e plano do contetdo te, produzir seqiiéncias de sons dotadas de sig- ma como o portugués, esses sons so represen~ vamos considerar que para qual- nstituem duas faces — uma gua, interligadas mas incon- .gem — chamada plano da expresso jem a face psiquica ou mental — chamada ” nos pontos assinalados 10 segundo no considera as pausas poten- ‘mesma que se encontra em 26. 21. Fundomentos de Gramatica do Prtuguts plano seja estruturalmente organizado segundo regras especificas de cada ‘um. Na realidade, esses dois planos se associam gracas a uma relago neces- siria entre o signifieante — a face sensfvel—c o significado —a face mene tal, Esta relagio tende a ser encarada como “fato natural” pelos membros da comunidade, que assim a aceitam numa espécie de “acordo implicito” e per- manente. A verdade, porém, é que essa relagdo ¢ convencional, jé que s6 por convengaio social se pode admitir que um segmento sonoro ou grafico, como. cadeira, possa “tepresentat”, na lingua, um conteiido como “assento provido de costas para uso de uma pessoa”. Fstarelagio, convencional mas necesséria, entre um sigificante e um significado constitu o que na ciéncia da linquagem & comhecido como signo linguistic. Fonologia, morfologia, léxico e sintaxe As unidades do plano da expresso — silabas, fonemas, acentos, pausas — organizam-se em um subsistema chamado fonologia, Por sua vez, as un des do plano do contetido se organizam em trés subsistemas que tém na va (v. §§131-133) seu ponto de referéncia: a morfologia, que diz res} aos processos de combinagdo de morfemas para formar vras (v. §§157-164) Convengéo e motivacao ‘Concluimos um dls itens precedentes afirmando que o signo lingi soja, a relagdo entre signi individuos que falam a mesma lingua, As vezes, porém, temos a impressio de que certas palavras através de seus sons, as idéias ou “imitam”, menos que representam. Noutras pal Lago motivada”. Compare-se bor! seqiiéncia das bolhas e 0 ruido que elas fazem, a0 passo que fer re, Tagarelar sugere, no tamanho ena sonoridade da pala siva, nogdo ausente da forma neutra, + fundonamante da Linguagern 10 do significado: ignos ndo deixam de ser convencionais, mas revelam, na ioe expressiio, um residuo de motivagdo que no se obse s, portanto, que, no seu conjunto, a Hinguagem reane, a unente convencionais ¢ arbitririos — como cadeira — 1a da expressio de certo modo espelha — ou € motiva contetido, Trata-se dos fendmenos de “iconicidade” (se ma e sentido), tio comuns nos cédigos gestuais (ef. os ‘amanho) e nos cédigos visuais (cf. 0s sit curva ou um estreitamento da pista). sngiio para os fendmenos de iconicidade na lin de scus aspectos expressivos ¢ das estruturagoe A lingua como sistema ic 0 inicio destes fimdamentos que a iar corretamente seqiéncias sonoras © plano sonoro —e correspondent ¢ ao plano significative 30. 31. Fundaments de Gromitia do Porvouts Retomamos nos pardgrafos acima algumas observagées feitas desde. inicio para afinal introduzir uma disting’o tedrica decisiva no entendim« de um aspecto fundamental da estruturagao da Lingua, Referimo-nos aos co ceitos de relagao sintagmitica ¢ relagio paradigmitica. Relacées sintagmatice Todos sabemos que uma lingua é, antes de qualquer coisa, uma forma oral comunicagao. Quando falamos, produzimos sons que se combinam em s agiiéncia linear, um apés 0 outro; morfemas que se sucedem na construgao d palavras, e palavras que se sucedem na construgio de frases. Essa linearidad: da fala — e ordinariamente da escrita — 6 0 fundamento do que se chama’ cixo sintagmiético da linguagem, Por isso, dizemos que as unidades assim dis postas se acham em relagdo sintagmatica, como as duas silabas de mato (ma. 0) ou os fonemas que entram em cada silaba (/m/a/t‘u/), os morfemas que en- tram na formagao do verbo desmatar (des + mat + a+r) ou as palavras, formam a frase O lenhador desmatou o terreno (0 + lenhador + desmatou + + terteno). Hi, portanto, relagdes sintagmiéticas entre fonemas, entre silabas, centre morfemnas, entre palavras. Estes exemplos nos revelam também que ia plano diferentes niveis estruturais, o das unidades constituintes — 1 mais baixo — eo das unidades coi (0: fo ‘mas so constituintes de sflabas; morfemas so constituintes de palavras; p lavras so constituintes de frases. Relacdes paradigmaticasl A identificagio das unidades em qualquer desses planos e nos diferentes ni- veis depende de dois fatores: ‘+ que clas possam ocorrer em outras construgdes em que sejam reco- mheciveis como “a mesma unidade” (0 fonema ‘+ que elas sejam permutiveis por outras unidades com conseqi mudanea de significado. Por exemplo: 0 /m/ por /p/ em mator} Jal por fi! em mato/mito, 0 it! por fo/maco, 0 ful por mento da Lnawager 2 explicitados constituem as relagdes paradigmiticas jim identificadas agrupam-se em classes chamadas paradig- aracteriza é0 fato de ocuparem ordinariamente a mesma posi istribuigdo —c estarem em oposigao no sis- ciro e -eria tém a mesma distribuig%o, pertencem a um opdem-se no sistema morfologico do portugues; /t/ €/s/ iribuiglo, pertencem a um mesmo paradigma c opsem-se no ‘co do portugues. Interdependéncia dos eixos paradigmatico e sintagmatico izer permite concluir que as unidades s6 cxistem porque jeuir contetidos comunicados pela lingua. Toda unidade ia de pelo menos uma outra & qual aquela se ope dentzo de Ja qual pode ser substituida para que se expresse outro sen- formal dos enunciados bascia-se, portanto, nesses dois calha das unidades em diferentes paradigmas ea combi- leia do discurso. n erro supor que esses dois eixos sfo independentes en- yenhuma escolha ocorre por acaso. Quando afirmamos hem” as unidades dentro de um paradigma, nao que- totalmente livres de condicionamentos. Condi ato verbal tem sempre 0 «do anunciar o que dese~ 1a¢o comunicativa exerce sobre oin- ‘deuma palavra so- por isso di- 36. 31, ue /ta/ deve ocorrer na ti is combinagdes reduz-se signi ijumto de apenas seis seqiiéncias: /ta’, como em tafetd,/tal como em militar, /taS/, como em cartaz, /taL/ (v. §109), como em eapit /tau, como em urttaw furutaus, ¢ lai! (¥. §119), como em m ‘Ho h4 possibilidade de ocorrerem seqiién taf, tav/, tad, Aagy. O contexto “final de silaba” ou “final de pala iu drasticamente as escolhas, Tal condicionamento & do tipo fonok Alomorfes e alofones Pode acontecer que uma mesma unidade do plano do contetido niio se apr. sente cem por cento idéntica em todas as suas ocorréncias dos atos concretos de comunicagio. E 0 que ocorre com o surfixo de bondade e realidade; nestes casos, as formas -dade ¢ -idade sc dizem variantes — ou alomorfes — do ‘mesmo morfema, Outros exemplos de alomorfia: as realizagdes fag-, faz-¢ ‘Fa do radical do verbo fazer em faco, faces ¢ farei; as realizagoes fonoligicas do prefixo de negago em ilegal, irreal inl, com o /ni pronunciado, diante de vogal nasalidade no corpo da vogal, diante de outras consoantes. Tamb ‘ma pode ser foneticamente realizado nes, Isto acontece com o /R/ de uma tuperiores ¢ o céu da boca, sé para lembrar mente citadas nas obras especializadas. Sincronia e Diacronia ———__Sineronia e Diacronia Toda lingua em uso uma comunidade sofie alteragdes através do t ‘Uma lingua nfo muda “de vez em quando”; qualquer forma continuamente. Algumas mudangas podem s riodos, como 0 surgimento de c: dangas coletivas de proninc: mento da inguagern 1gua — ou melhor, ado de lingua” estruturado numa dada sincronia. as, capazes de transformar sensivelmente a fisi ingem a fala de toda a comunidade, que, por isso, ex sua diacronia — pode, as: Fundomentos de Gramstie do Portugués Sistema, uso e norm: at cimos & precaugio de néo tomar ao pé da letra a presente comparag ‘miisica ea Lingua — pois esta tem uma natureza extraordinariament inais complexa que aquela—, podemos dizer que as observagiies feitas acim \guagem, fazem dela. Osi tema, seja como enunciadores seja como de: Gbes de uso, Por isso, 0 uso da lingua é, em ps ‘Mesmo individuais, porém, esses atos sfo normal individuals, visto que se realizam nae para a comunicagao entre individuos, erm ath Pata se compreenderem, de estar “de acordo” sobre 0 que sig, nificam os sinais que estdo usando, lade, Esse modo coletivo de usar a isto €, um conjunto de reaizades fonétcas, morfolih- cas produaido e adotado mediante um acordo tacito pelos membros Temos ai, portanto, trés conccitos: + Hingua como estrutura abstrata, uma espécie de denominador comum de todos os seus usos: o sistema; + ato conercto de falar/ouvir * asoma dos usos histérica ¢ socialmente consagrados numa comunidade © adotados como um padro que se repete: a norma. Voltando 4 nossa comparaglo inicial, podemos, resguardadas as devie cas diferencas, dizer que o sistema corresponde a A, 0 discurso a Ane anon maa Ap, ou escreveriler a lingua: 0 uso: AS varias normas @ a variedade padrao 'ss podem ser caracteristicas do uso de toda uma regio — normas 3 1 a Linguoger ci vie conservacio sio mais poderosas do que as iniciativas indi iro sentido defi- it obra ¢ uma norma social no terceiro s ” ea ‘muito vaga, vamos tornar mais preci ‘Trata-se da norma que se deduz_ fun- i o lente” porque fs do Brasil. Dizemos “fundamental 0 vue casonalmente,recorer & nossa propria intiglo de Jo. Dizemos “textos escitos derecepglo.co- 0s” porque abase de nosso corpus éa lin- eas, jomais erevistas, eseritas paraalei- cjuizo, porém, de abonagtes de obras sas, Noutras palaveas, nfo pretendemos, em nome de al- spa dads elevates qu eo a de Castro Alves ou de Carlos Dram- oe een eeonnis de Machado de Assis ou de Rachel de na enjo presigio social e ampla utilidade justificam ser fo nas escolas. Conceituacao de Gramatica ____-=. Gonceitilsigao de'Gramatica Joe que se empregue otemmo granite, as no- me caro presente a Sema de snr. A é necessariamente um sistema de unidades e de regras qué Seowersdovarve Epa qu esas widade S03 sivel que els coos no tempo, eitos de gramati- sentar e comentar quatro conceitos I n dois grupos. Os conceitos do primeiro grupo cr snte se chama gramética normativa; os do ‘que se chama gramética descritiva. Gramatica normativa saa deve conhecer para falare “ a 47. 3 Fundomentos de Grama do Potuguls Funconamento de Lnguagsen Gramatica descritiva zmitica como um conjunto de conhecimentos ou habilidades aprendidos 1 c a éscola ¢ que eapacitam os individuos para participarem de situages socioos gua padriio (v. §§40-43) ‘de gramética como “uso correto da lingua” abrange aspectos mi os « heterogéneos da lingua, relativos tanto a escrita camo a fala, entre se incluem a prontincia— ea grafia— de vocabulos (rubrica, em lu cnibrica; problema, em lugat de pobrema; trabathar, em lugar de trabatd 8 flexdo das palavras (alemdes, em vez de alemdes; eja, em ver de sees i {ervieram, em vez de interviram), o emprego dos pronomes pesso «canlhego, em vez de Eu ndo conheco ela), 0 mimero dos substantivos (mer Sculos, em vez de meu deulos), a concordancia verbal (faz meses, em ver facem meses; nés vamos, em vez de a gente vamos) etc. Nio hi problema com esse conccito de gramitica, desde que se te bastante clareza sobre a finalidade da pratica escolar baseada nele. O equ ‘Voco da tradigio que exagerou a importincia desse con: ‘que a variedade padrio é um uso univers: dade. O problema, que existe, estd na insufic uso padrio contemporiineo do portugués do Brasil ‘uma politica clara de ensino da lingua, apesar dos esforgos de virios estudio. 808 brasileiros. nua gus, cretula ster de unas ou on- Asramisia 60 : abrigatérias e em néimero limitado. Ela fe, que cant ds pleas da ngu, stad em orem alba seriacoe stra gaat cnprend anaes pods Irina octeeocarheso sess wince dese lt to omtta dice torte — cpus despots de de eo cation era, Concerto 2: Gramatica é um conjunto de informacées geralmente aprenolisas na es 55 contidas em um ro espectico também chamado “gremétkca’, guenas ensine, enira outtas colsas, 2 Cssificar os sons que pronunciamos, as pafavrase suas partes, as ora ($825 @ seus fermos, e a enunciar os processos usuais dade, thas roupas, dois reais, em outra variedade, dois real. de uma diferenga de gra 8 e regulares), ¢ nfo da nor de todes as regras da gramética, endo saber dizer o que pensa e o que ida, com que se cansa 0 cérebro das cri« Angas, no ensina a escrever.” (0. Bilac ¢ P. Bonfim, 1930) Em apéndice a esta descrigfo estrutural do portuy um artigo em que se desenvolvem anilise gramatical, Provisoriamen de que 0 conceito 1 52. 53. Fundomentos de Gramatice do Prtuauts Por esse crtério, facilmente situamos no sem -mente, por serem numeroses ¢ poderern. sua; pela razao contréria, ficam na gramatica ‘0s artigos, os pronomes, as preposigdes, as conjungdes € 03 advérbios que nig sejam em -mente. Nao s6 podemos enumerar os artigos da lingua, como po= gio entre suas formas limita-se as diferengas defi- gular x plural. Este & um bard, pertencentes a uma lista que ndo caberia nesta pagina, sem contar os Ccorpos que os astrénomos ainda nfo conhecem e que um dia, descobertos, re- ceberio nomes? Desdobrando este critério, por assim dizer, estatistico, anote-se 0 fato de qui ‘a gramitica submete as unidades lexicais a alteragdes formais com que se ex: pressam distingdes sisteméticas ¢ obrigatbrias. Por essa razao, a diferencs entre otho, othe’ ¢ othava — que nio & exclusiva dessas trés formas, mas x tensiva a quase totalidade dos verbos da lingua (ef. quero/quis/queria, 7 co/perdi/perdia, sei/soube/sabia) — faz parte da gramética do portugues, paso queadiferenga de que com certeza nao reaparece em nenhuma outta série de verbos — faz p do seu léxico. 11 observagiio, Quando dizemos que substantivos, , referimo-nos aos membros de ead mor, talisma, brincadeira, ast “substantivo”), E necessério fazer adjetivos e ve uma dessas classes (céw, sapo, anzol “membros” — unidades lexicais ou lexemas — da class nilo as classes mesmas. As classes so fatos da gramatica ‘Na segunda parte deste trabalho apresentamos uma deserig&o da gram tica da variedade padrio do portugués do Brasil (v. §§40-43) com base n conceitos 3 & 4 A Atividade Discursivi (ua eFunconamante da Unguagem 38 ada situago, que inclui o momento histirico e 0 espago soci fabula, um poeta, uma reportagem ete.) jemos 0s termos texto e contexto para designar as duas faces com- res do acontecimento sociocomunicativo que chamamos atividade Contexto discursive 108 sob este tépico as condigdes discursivas, a situagio discursi- fas entendemos 0 aspecto do contrato de comunicagso regula o “direito 3 palawa”. Esse direito pode ser exercido de dois idor “tem a palavra” e dispée dela como Ihe convém, contro- desenvolvimento de seu texto segundo sua vontade (discurso assumido por pelo menos dois enunciadores, que se alter- 1em nessa condigao 0 controle do desenvolvimento do texto so espontineo), 2” regula a oportunidade e a relevaneia da part dos interlocutores durante o processo da c do em considcragao na diferenga entre um 5 ‘uma conferéneia, um ceriménia de Muitas vezes esse “ uuxiliares ou a qualquer convidado — dizer em de Sousa, & de sua espontiinea vontade receber ima esposa?”. Em casos como este, 0 valor do jtimidade conferida por quem tum conselho ou mes- wes de que a vida de Gramsica do Portuguts la" & regulado com certa rigidez, de mo iado se alternam no papel de enunciador. Seja esso de qualquer evento comunicativo requer que a interagao ipantes seja regulada pelo propésito de miituo entendimento pelo sentido de oportunidade social ¢ relevancia informativa Estas duas ordens representam ex rpenetram na atividade lingii Decertomodo, quem escreve prevé as reagées de seu leitor potenc! vezes, simula um didlogo com esse es face a fave nao é raro que uma pessoa discorra por longo tempo s to qualquer sem a intervengao de seu ouvinte. (0 pode obedecer a um plano — como a conferéneia, mesimo quan- 10 lida — quanto transcorrerlivremente, ao sabor do capricho dos inter- lores — como na conversagio usual situagdo discursiva refere-Se a0 conjunto de fatores sociocuturais representados nos ‘omunicatives assumidos pelas participantes de um evento communicative se faz uma exigéncia ou uma ameaga; a fe amigos, ou a formalidade de um di oo Furcionamenta ca tinguagers ar participamos; ha palavras, expresses ¢ construgdes gram: ias de certos dominios do conhecimento e que o profissional da érea quando discorre sobre um assunto qualquer do ponto de vista desse do- compo cscursivo refere-se a cada um dos dams (técnica, cientfco, socio- ‘em que a atidade dscursiva acontece (ef. MA.K. Halliday, 1978). & gra- 1s diversos campos discursivos que reconhecemos as abordagens rsagdes mais despretensiosas, mas nfo nos referimos a ele com a ssoalidade e as expresses que se encontram nos boletins meteorologi- ° dade relativa do ar, massa de ar frio e seco de origem pol 60 mesmo, mas a representagdo verbal em cada caso € pect campo discursivo: leigo ou popular na conversagao, téenico-cientifi- ctim meteorolégico, A produsdo do discurso i respeito & produgdo do discurso—isto é, as tatefas do enunciador \de discursiva compreende miltiplos procedimentos, dentre os destacar quatro: a referéneia, a modalizagio, a integragao e a © conjunto dos melos pelos quas ofocutordesigna no ascurso contexto: oemissor, 0 interlocutor 0 tempo, 0 espaco, oassunto. SHo te- Vrocélele, aguifaifali, agora/antes/depois/entio, mao contexto sio referidas as épocas em que se situa nente expressas através do verbo: present 9s referenciadores sio detalhados especi 1 as classes dos pronomes e dos ad- tempo dos verbos. 65. Fundamertos de Gramatia do Portus abaixo diferem quanto & modalizagao, conforme se depreende das formas ou procedimentos em destaque, que sio marcas de modalizacao: E possivel que chova no Carnaval. E necessirio que chova no Carnaval. hover no Carnaval Garanto que eles foram ao cinema. ‘Acho que eles foram ao cinema. Estd.na cara que eles foram ao cinema. Seria conveniente que essa porta ficasse fechada, Essa porta precisa ficar feckada. Deixem (entonacio imperativa) essa porta fechada, Ela conhece (tom neutro) o segredo do cofre. Dizem que ela conhece 0 segredo do cofre. Por acaso ela conhece o segredo do cofre? Diversos aspectos da modalizagdo sto desenvolvidos nos capitulos em que se estudam os adjuntos adverbiais de oracao, as oragdes adverbiais ¢ as orae ses substantivas, 0s verbos auxiliares modais ea categoria de modo do verbo. 1. Adotamos 0 termo integragso para nomear 0 conjunto de procedimentos necessévios 4 artculacdo significa das unilades do texto em funcBo de seu significado glob ‘A integracao recebe o nome especial de eoeréneia quando a articulagao sig iva depende de algum conhecimento extemo ao texto, ¢ reece o nome ‘quando essa articulagdo se bascia tdo-s6 no conhecimento das uni dades presentes no texto (V. §78, competéncia pragmitico-textual) ‘A organizacdo di respeito & construséo dos textos. Por tr8s modos se constroem os extos: como narragtio, comio deserigao ¢ como argumentagio. Estes con: {os esto explicitados em modos de organizagiio do diseurso (v. §§81-8: Palavra, Frase e Texto Frase + unidade de comunicacao rae Fundonament da Linguager 38 tes das frases, geralmente separdveis por pausas na fala ou por es- n branco ns escrit Jos aqui, coisa, porém, é certa eesti clara nessa distingao: comunicamo-nos por meio de frases, e nfo de palavras. Mesmo uma palavra aparente- lada, como o substantivo siléncio escrito em uma tabulcta na parede iL, constitui uma frase, sna vez, uma frase “sozinha”, como ado exemplo dado acima— Si- resume uma mensagem comunicada por um enunciador qualquer @ que no precisam de outras palavras para se entenderem, se constitui, portanto, um texto. Conceito de texto mos no §54, 0 texto é um produto da atividade discursiva. Em iroulam, interagem e se integram informages varias, explici ‘mesmas ou dependentes de interpretagdo. Por te fruto de uma construgdo de sentido em que jem 0 enuncia € quem 0 recebe. Esta cooperacio pode se dar de _que vio do didlogo face-a-face ( s se alternam, ¢ ds vez igo do que seja um texto, visto que toda interagio sm verbal se faz por meio de textos, Uma ordem, 20, um antineio, um aviso, um comentétio, uma os. Uns interpretaveis em fungo apenas do instan- (de que sto exemplos as interjeiges, as placas ‘outros, mais consistentes ¢ permanentes s indispenséveis a sua interpretagio. Seja mente autOnomo como unidade de sentido; jento ¢ aderéncia do texto relativamente produgio deles. As interjeigdes ocupam ima a situagdio de comunica- 70. J. Apresentados alguns conceitos que eons Fundorentes de Granite do Portuguts comunicativo do enunciador, segunda frase soa nao s6 esdeiixula @ ‘mas sobretudo anticomunicativa, Nao é bastante, portanto, que tum texto esteja bem estruturado em termos lexicais € tem de ser, antes de tudo, pertinente ao contexto diseursivo (v. §55-58), isto 6, adequadlo quanto aos eritérios do que constitui nossa competén -o-textuall (v. §78). Além de precisar ser pertinente ao cont sivo — isto é ser processado no registro conver s partes, com unidade e coeréncia. De acondo com este principio, que chae 5 de caeso, devemos unir as frases abaixo lo e predicado, pardgrafos formados de vi i05, capitulos, contos, romances mos, graus va produgio. Conhecimento e Uso da Lingua O.que é "conhecer uma lingua’ cramos fundamentais & compre: siio da estrutura ¢ funciouamento de uma lingua como 0 portugués, propo ese, um conjunto de aspectos que fazem parte do con Funceonemento do Linovooern io das palavras, dos recur- ie formam as frases; goes da lingua como forma de nado adres turalmente, ao longo da vida de cada individuo, por forga das ci Cada ind a-se, desse participa em virlude de ser membro de uma sociedade: vida profi ividades culturas, religiosas e de luzer ete. fes quando se: em urbano aos 15 anos de dade ea de seus pais, a fala de odeum gaticho, entre o falar de um brasileiro comunidade “fala uma lingua”, deixa-se normal- seus membros eonhecem “a mesma coisa”. fo conhece uma lingua na totalidade de seus conhecemos — ¢ empregamos nas situagdes ssa lingua (v. §§40-43). de Gramatien do Portagus i, ela existe para a comunicagio c preexiste 20 Sociedade. Ordinariamente os individuos a a r relago mais te liagdo dos recursos da linguagem materializ tos idas cm um auditério ou quando conversa descontraidamente com. igo intimo, quando escreve uma carta de candidato a um emprego ou ‘comparece para uma entrevista com esse mesmo objetivo, lum acontecimento ou quando é mente versatil e adaptavel, a fim de que possa + ao mesmo tempo, como é de sua natureza, as fungdes de meio de ex- ap Ge todos os contetidos que a mente humana é capaz de conceber,e de Carel pease desses conteidos nas mais diversas situacdese para os tas ¢ outras muitas espécies de variagdo mais ou menos evidentes ‘agrupadas em duas principais ordens: (a) os igua devidas a identidade do iprendeu a falar, que idade tem, a que grupo socioe- © (b) os registros, que sio as variedades relaciona- fz da lingua de acordo com o contexto social linguagem, a quem se dirige ¢ para qué se _ As Duas Ordens de Competéncia rs & que nos reerimos acima em duas ordens prin- 'co-gramatical e competéneia pragmtico-textual 1 torte Funeonamento da Linguager 8 nunca como *mradtire *pjfiibn; que pluralizemos pardal como par- mas nunca como *pardals; e que acentuemos uma palavra na iltima si- é tefo) ou na antepeniitima (nétala), mas nun- da antepeniiltima (*périmetro). 'Nosso conhecimento da morfologia nos permite dizer peixdo para o au- ivo de peixe, eno * imo; para onome derivado de explodir, ex- endo *explodin 1a.0 passado dos verbos perder e cantar, per- 1a, e nfo *perdeva ou *cantia. Nosso conhecimento da sintaxe é o responsivel pelo uso de com eno jonhei com vocé (* Sonhei de voeé & agramatical) ¢ pelo uso de me em convidou ¢ de mim em Ela convidou a mim (*Ela mim convidou ou idow a me sto agramaticais). Tambén 100 tipo de conheci- permite a construgo O remédio que fomei me fez mal e impede a *0 remédio me fez mal que tome. io € 0 conjunto das palavras de ingua acompanhadas da classe a que per- ibstantivo, verbo etc.) e dots signifcado(s) que expressam, O conheci- de palavras is. Gragas a0 co- jcado de comer, da por devorar, tensidade dos enunciados, (¢) articulagao coerente ividade, Registro 1) Fundamentos de Gramitica do Portugués sivas (que fornecem os principios reguladores do indamentando a distingao entre diseurso plancjado iso espontiineo); situagio diseursiva (que define os papéis sociais dos participan- ) + 0 campo discursivo ( discurso se processa: eiontific a0 dominio de con! igo, religioso, p nento em que o ‘0 etc), ex. I: Diante de um mesmo fato icbol a0 cobrar uma falta—, enqu: esse péna forma, 6 perna-de-pau!”, 0 locutor esportivo, em tom neutro, , provavelmente se exprimira com uma frase como “O chute 'orto ea bola passou muito longe da meta.” Neste exemplo, o registro va de acordo com 0 campo discursive, 2: 0 dono da casa diz a um grupo de colegas de sua filha que chega 'ma festinha: “Vai entrando, pessoal, ¢ fica & vontade; a casa ¢ de vo- le espera de uma clinica, a recepcionista diz & ps rda sua vez: “A senhota, por favor, pode se dirigir ao con: exemplo, o registro varia de acordo com a situagiio discursiva, gracas a relago pode ser impessoal, cerimoniosa, descontraida etc por exemplo, o erro de um jogador toreedor irtitado podera dizer s tipos scgundo a combinagio és fatores, a saber: 0 fato de ser 0 diseurso de um enunciador © significado do texto, Os tipos de texto toricamente consagrados pela comunidade para 0 1ssumidos pelos individuos no quadro socioco- 4 eno da Linguager Receita culinaria Para quatro pessoas de atho 2eolheres (sapa) de azeit Sxxicaras de tomates mac 1,5tde caldo de galinha sale pimenta-do-reino a gosto; 20 folhas de manjericiio; Lcother (sopa) de salsa picada imutos. Junte 0 caldo de galinha e cozinhe até levantar fervu ‘osal e a pimenta-do-reino a gosto. nuidificador e sirva com as folhas de manjericado e a n®3, margo 98) Arraposae as uvas i rregadinha raposa esfaimada encon carrega ndos eachos maduros, coisa de fazer vir dgua d boca. Mas io altos que nem putando. iro bicho torceu o focinke. ; verdes — murmurou. Uvas verdes, sb para cachorros. dew o vento e uma folha cain. . do o barulhinho, voltou depressa e pds-se a fare- comprar. (M. Lobato, 1982) Fundementos de Gromiie do Potuguts tes. Lé esta carta em reserva, no.a mostres a ninguém. Si. horas da manka. Por volta da meia-noite fui ao palicio e encok tudo deserto. A guarda tinha desaparecido, que assim esteja certo. Nao sei. O que sei é que preciso dorm um pouco para continuar os meus Caetés. Essa coisa de polit ao pessoal, Graciliano, (G. Ramos, 1981 Modos de organ 81. E bem conhecida a divisio tradicional dos textos descritivos, narrativos 0s. A seguir vamos dar informagées pr racteristicas estruturais dos textos, que, entretanio, no devem ser confund ddas com 0s tipos de texto a que nos referimos no item precedente. 82 at 0S tragos caracteristicos do objeto de nossa atengio, dizer como as partes se integram no todo, qual &a forma, de que matéria é fe to, que dimensdo ¢ servem-se muito da descrigao, pois fazem amplo uso de definigdes. A desc G0 6, basicamente, um modo de responder a perguntas do tipo “O que “Como 6?”, “Para que serve?”, A descrigao trata seu objeto como coisa es %.-Narrar é uma das experiéncias mais primarias que o ser humano tem com linguagem: a de ouvir e contar historias. Narrar é enunciar ages e/ou fato necessariamente inter-relacionados numa cadeia que progride na linha d io. A narragiio trata seu (c Amedida que se estende a ‘ Furcionamanto da inguagien te & realidade fisica, como podem ser os objetos da descrigfio e da jo, Quem argumenta lida sobretudo com as leis do pensamento racio- izendo generalizagdes, comparando e contrapondo ideias e opinides, itando causas e efeitos, formulando hipéteses, tirando conclusbes. A wentagao trata seu objeto, portanto, como coisa abstrata, que existe ex- mente como expressio verbal do raciocinio, sempre oportuno lembrar que narracio, desctigao e argumentagio nao s. Uma fibula é um tipo de tex- mizado basicamente mediante modo narrativo. Uma carta familiar € o de texto, que pode ser organizado como narragao, como descrigio ou gumentagao, Significados im nunciados so portadores de significados que nfo podem ser deduzi- 1és é morta (= expressio de desalento diante de uma de Portugal; 0 g0- um frango (= deixar passar uma bola facil de defender), criada sobre a cémica inabilidade de alguém que tenta em vio pe- 120 fujfio. Outras vezes os emunciados esto no lugar de outros ci ser subentendidos: Ainda falta muito pra acabar essa novela? jue pode implicar uma declaragao do tipo “nfo suporto mais uma consulta sobre a oportunidade de mudar de canal para as- rograma, ou uma ordem do tipo “desliga essa televisdo e vem 1c neste subgrupo todos os provérbios e frases feitas. Articulagao coerente e conexao das frases: a integracéo \le formar um texto se elas estiverem articula- ia € coesio sio aspectos ce um mesmo a seqiiéncia de frases Grama do Fortuguts io da cocréncia-coesdo, uma frase como A carne este més tem grande chance de set comp efrango aum A carne vermetha subiu de prego este més; por isso, o:con. de frango aumemtou. spon. o consi (?) A carne vermetha subiu de prego este més; apes lisse consumo de frango aumentow. ee pasar dso. "A carne vermetha subiu de iu de preco este més; por isso, Castr Alves nasceu na Bahia. parse Care Expressividade 19 caracterstca que fa com que um erunciad chorea atencdo do eto 5 por sua materiale lingdisico(ergresso} do que pelo que signifies (contd. sm uma de sas manifestaydes — a fang poctia dalinguagem (w -xpressividade consiste na simulago de uma isomorfia ou semelhsnga iuragdo do significante ea estrutura do conteido de um enunciador Othe « botha de sabdo/ na ponta da palha: brithe, s espallal Othaabolhal (© Metres 97) “eet 88 Neste exemplo exploram-se os e a repetigfo do fone- presentado por fh e a gradagi Tepeti¢ao do fone ia, espelha, espalha; im corre-corre na praca; O telefone chamou, chamou tém atendew, efone chamow, chamou Ho los procura-se criar uma rela¢o ndo-arbitriria entre 0 etisdo de agdes) e a forma da linguagem (repeticao de “ epelo, desprezo ou reveréncia ete. Sete saberes aw detathamos em sete saberes as duas espécies de competéncias: I ical (1, 2 © 3) e pragmitico-textual (4, 5, 6 7): Ser capaz de articular e reconhecer as seqiiéncias de sons da lingua. Ser capaz de realizar as associagdes adequadas entre os segmentos © 08 respectivos significados, bem como de estabelecer relagGes de ire esses significados. Ser capaz de combinar as unidades da lingua segundo as regras de seu |, assim como de identificar construgdes mal-formadas em relago a as. 4) Ser capaz de manejar os recursos do componente expressivo da lin- .eja como produtor soja como intérprete dos enunciados. wrconvenientemente sentidos literais, sentidos ¢ sentidos contextuais atribuiveis aos enunciados. cr eapaz de escolher, usar e interpretar palavras, expressdes e cons- \gua de acordo com as convengdes de cada situagao de comuni- 7) Ser capaz de estruturar ¢ interpretar textos coesos ¢ formalmente ade- 5 respectivos propésitos comunicatives ¢ as diferentes situagdes PARTE II A Estrutura da Forma Gramatical FONETICA E FONOLOGIA: CONSTRUCAO SONORA DAS PALAVRAS © Plano da Expresso « Fonética e Fonologia lade que envolve procedimentos de diversas naturezas, res- to pela produséo dos sons e sua combinagao na const da expressao consiste, portanto, nao s6 na identificacao ¢classificagao vvocais, mas, ainda, no reconhecimento da flungo comunicativa desses sons, Por isso, 6 comum modernament ou da fisiea acdstica, nfo se ocupan icativa dos sons. O estudo da fungi li Estamos diante de uma diferenga ao mesmo t € de fonemas (fonolégica) obteremos finta, outro signo. Ainda {| representam dois fonemas. Para is € fluminenses), no en- 1. 92. furvmentos de Gromit do Portugues trata da Forma Gramatcl st ipo. Em portugués, [é]¢ [t] séo dois sons vocais diferente de ar pode fazé-Ias vibrar, produzindo o ruido que, ao ressoar nas ca~ io da faringe, a corrente de ar, sonori- ula ou nfo, pode: 1) penetrar apenas na cavidade bucal — quando o véu palatino esta cola~ parede faringeas penetrarnas cavidades bucal e nasal — quando o véu palatino apenas « dlescola da parede faringeas ©) penetrar apenas na cavidade nasal — quando a parte posterior da lin- une ao véu palatino ¢ impede a penetragdo do ar na boca, sons utilizados na lingua portuguesa sao efeitos de modificagdes ou igdes sofridas pela corrente de ar na cavidade bucal, com ressondincia \¢20 b) ou com ressondncia apenas oral (situagdo a). Essas modifi- c obstrugies serdo descritas nos §§100-104, ig, & ote, a epiglote a faringe, ato mole), as cavidades nasal e bu © Fonema: Conceituacao e Tipos 1 fossas nasais 2. palato duro 3. palato mote 4 tule 5. labios 6.dentes 7.1ingua 8.faringe 9.epiglote §§24-27, na parte I, que 0 plano da expresso — o significa sm unidades desprovidas de significado, mas capazes de signos so chamades de fonemas integram um sistema: o sistema fonolégico, Formam, portanto, nam numa bem trangada rede de sm na construgdio da parte sonora — significante — de todas 1a, Feais ou possiveis. 18. ex6fago sécies de fonemas: vogais ¢ consoan- Figura érios: 0 modo de produzir o som (eri- O conjunto dos érgios que participam da fonagio divide-se em trés tes (fig. 1) 1 ~cavidades infiaglotais (pulmdes, bronquios e traquéia) 2~cavidade laringea (laringe) ou 6 3 —cavidades supragiotais (faringe, bo tes 0§ fonemas que, alguma obstrusao a passagem da 96. No §90, a0 comentar as diferengas fonéticas entre fonta e tinta, observan 97. Fundamentos de Gramatica do Portugues Fonema e Alofoni que somente a relagiio entre [6] e [i] édistintiva. A diferenga entre o de tinta nao tem 0 mesmo valor da diferenga entre [6] € ides diferentes para a fonética, pois so sons produzidos; ‘te, mas no correspondem a elem do Brasil como o Rio de Janeiro quando /t’ precede /i. Diremos, entdo, que fonema /t’€ realizado, na variedade padrio do portugués falado no Rio de J 10, por dois alofones:[&], sempre antes dei, ¢[t] em qualquer outra posigéo, O Fonema e a Escrit ‘Tenhamos sempre o cuidado, porém, de no confundit o plano sonore dali ‘2ua — seus sons, fonemas e silabas presentagZo eserita, que inclui sinais gn 1508, como letras e traf da pelo sistema ortogrl co, que apresenta peculiaridades responsiveis por freqilentes discordanci centre a forma oral ea forma escrita da lingua. Por exemplo, usam-se combi madas digrafos — para representar um s6 fonema rer, quilo em face de calo, carro em face de rat \sam-se letras diferentes para representar o mesmo fon rezar e pesar) ou a mesma letra para repres ‘A Esiutura da Ferma Gramatical 38 + As consoantes que fecham silaba (v. §109) sto fonologicamente trans- ‘ritas como /L/, R/ €/S) ibolos novos que utilizo sto: para o som do t de tio, ¢ [J ] para o som do d de dia, ambos na pro- para 0 som do x de mexe para o som do j de cajtu para o som do ih de galho ‘para o som do nh de ganhar ra.0 Som constritivo e [R] para o som vibrante miitiplo dor de rato para 0 e de pedra lca nasalidade, e um ponto serve para As Consoantes do Portugués 1gués dezenove consoantes, exemplificadas por meio dos seguin- inimos, isto é, pares de palavras que se distinguem pela troca de ‘czar! x kava, casar x cavar Afa‘kada/ x /fa'S ada, facada x fachada PraSal x grasa’, graxa x erage Fgalw x /'galu, galo x galho Tracos Distintivos das Consoantes 6 Fundamentas de Gramiica do Pomusus bios ¢ a marca comum de fp/¢ fb’; MV e ugar, com a ponta da lingua, obstruindo se pronunciam ambos no mesmo liberando a passagem do ar. Os fonemas ni sdo blocos unititios. Hé relagdes comuns a varios pares de fonemas. A que opée /b/ a /d/, por exemplo, é a mesma que distingue /m/ de inl, ea que opde /Ife /i/ €a mesma que distingue /s/ ¢ B/. As semelhangas ¢ diferencas fonéticas entre os fonemas destacadas aci- ‘ma se explicam por serem cles, na verdade, unidades complexas, conjuntos de tragos que os aproximam ou os distanciam., Os fonemas 4 natureza do obsticulo; a zona de articulagio, ue ooorre a obstrugto; c a fungao das cordas vo- cais, cuja vibtagao dé origem ao som da voz. 102. Sio cinco os modos de articulago: + oclusivo — caracieriza as consoantes produzidas com obstrusio total (oclusio) dos dreios articuladores: /p,/b/ /U, /, Ii — caracteriza as consoantes articulasas com um estreltae mento (constrigio) dos érgios da articulagfo, que pressionam a corren- de ar sem, no entanto, impedi-la de passar: A) /v), 2) Js, /2, Jateral — caracteriza as consoantes articuladas com escapamento livre Substantivo (qualificacao > designagio) Ossapo é ull! a utilidade do sapo A cerca é segura/ a seguranca da cerea A dgua esté contaminada | a contaminagiia da dgwa AAs praias ficaram sujas / a sujeira das praias |) Verbo > Substantivo (predicacao > designagiio) ‘Meus sapatos sumiram / 0 sumico dos meus sapatos Consertaram mex relégio /o conserto do meu relégio dinkeiro foi devolvide / a devoluciio do dinheiro Graham Bell inventouo telefone /a invengao de Graham Bell/a invencio do telefone tivo > Verbo (designagiio > predicagio) Usar a cabeca para impulsionar a bola | cabecear a bola Usar pedras para agri ichorro ! apedreiar o cachorro Usar cimento para unir os tijolos ! cimentar os tifolos Usar pente para dar forma aos cabelos / pentear os cabelos > Verbo (qualificagio > predicagio) tum objeto torto | entortar um objeto 1a pilida ! empatidecer uma pessoa et Fundamentos de Gramitica do Portugués . recipiente feito de vidro (um vidro, um vidrinho), janela fixa feita de vi- F) Substantivo > Adjetivo (designago > qualificagio) idraca), passagem da luz ornamentada com desenhos (vitral), conduta © noriz grande do neco narigudo \ A febre do paclente/ paciente febrl a m fixa 0 olho ou a ateng30 movido pela admiragdo (vidrado). Para md- conjunto de pegas que funcionam interligadas para determinado fim smo), caracteristica de atos préprios da rotina (maguinal), conjunto wia), oficio (maguinista), :stes exemplos foram tomados aleatoriamente para mostzar que a criago wvras derivadas de um substantivo conereto nao segue qualquer plano es- 1 da ingua— como ocorre com os nomes derivados de verbos e de adje- —, mas é motivada sobretudo por intimeros fatores socioculturais, dos jens uns poucos so estaveis e gerais, como a referéncia & drvore, para i para o caso de palavras que denotam Este cariter da produeZo lexical € 3s: dar nome. O citime do marido ! marido citumento O barra das dguas | éguas barrentas © conforto das poltronas / poltronas confortéves jue, sendo o termo base um substantive conerc que partem dele sejam motivados sobretudo )bjetos, oficios, espacos etc. de nossa ex] ituindo em qualquer hipétese um conjunto uniforn Tomemos para Sena cinco designagées de frutas: laranja, bana jaca e manga. De laranja, derivate laranjei a, vranjal; de banar lb, banana, banat asa a iremos, desse mode, (a) sufixos que derivam substantivos de ou- 108 de adjetivos, (c) suc derivam substantivos de outros substantivos e de adjetivos, (d) su- © derivam substantivos de verbos, (e) sufixos que derivam 108 ¢ de varbos, (1) sufixos que derivam adjetivos de que derivam adjetivos de verbos, (h) sufixos que 0s, (i) sufixos de grau e aspecto loga, mas jaca e manga s6 coi i 0s derivados que denotam as respectivas drvores, Do ponto de sistema de regras de formacdo de palavras, nada impede que sejam cr © goiabal; jacada, jacal e jaqueir "a. $6 duas razdes podem ajudar a foram promovidas a palavras efetivas da lingua: a existéncia de rt palavra que ja designe o que elas poderiam denotar, ou a pouc: serventia delas como signo de um dado econémico ou soci de mangal explica-se pela primeira razto, Wio-uso de jacada, mangada, jaqueiro € my se explique por nao terem ajaca ea manga ous sm a laranjae a banana, Ou seja, por mais que ga e jaca, sues atividades comerciais nfo t8 para justificar o emprego regular e gene nacarronada, churrascada; bananada, goiabada, cajuada; jada; temporada, jornada, noitada; bocada, colhera- 1 smentos de Gramétca do Fortes ‘stra da Forma Gramatic sua classe, Com ele seeriam — este sufixo é 0 mais produtivo em sua. se crn Svat crs dds fora pl sao laut ~zout-r, Diante do sufixo, -vel passa a-bil- €-2 passa a~ ie amivel), volubilidade (de voltivel), perecibilidade ee Gar );, de (de forcs), capacidade (de eapaz) felicidad (de fei), fam menoridade (de menor), singularidade (de singular) pa yatros exemplos: bondade, ruindade, perenidade, obesida- idade, efemeridade, enormidade; o tivos derivados com -ez empregam-se ae pees s substantivos derivados em -eza see Tingua: honrades (de honvado),alves (de altiv), 0), peguenes (de pequeno), pal bo wider (de livido); beleca, tristeza, moleza, pobreza, mind apen igeleza, estreiteza (de uso mais res ‘am: avaro, dspero, singelo, estr tubstantivos referentes a seres humanos, sighifieam geil ‘eServem para indicar individuos que “exercem uma pr que “praticam esportes ou tém certas ocupagdes regulars We sfio adeptos ou seguidores de sistemas ou movimentos py artisticos, socioculturais,filoséficos etc.”: ‘0, marinheiro, patrulheiro, leitetro, porteiro, copi ureiro, chaveiro, violeiro, banqueiro, fazendeiro; tuério, boticério, operirio, bancdrio, secretério; ista— magui olonista, trapecista, curtacm todista, getuista; tenista, a Obs.: O sufixo agentivo -i notam frutos, designa a érvore que produz tal fruto, e adota regular forma masculina ou feminina segundo o género do n ‘mas so de produtividade formam substantives de uso corrent vortugués atual: alegria, val . goiabeira, amoreira — derivados de sil as formas ingazeiro e ingazeira porque ‘i lino ou feminino, Derivam substantivos referentes a ocupagdes, profissdes, oficios, b como aos lugares respectivos em que sio exercidos: ia —advocacia, chefia, filatelia, abadia, reitoria, procuradoria; aria—engenharia, alfaiata wraria, carpintaria, tapecari ia, marmoraria, maconaria; dofato — indicam titulaturas ¢ instituigdes, 0 temtério suo! {ular on 0 periodo de aquisigao ou vigéncia da ttularidade: principa rado, condado; papado, reinado, noviciado; bacharelado, mest rado; baronato, cardinalato, ‘pieguice, burrice, sem-gracice. Com s\ ,, meignice € mais uns poucos substant (0 de produtividade médi ; ‘oriagdo de novos lexemas: temor, verdor, firor, 1m sufixo de produtividade ‘ido, solidao, retidao, Derivam substantives que significam atos ou movimentos, s meio ou 0 agente: ada — facada, pedrada, bordoada, pernada, barrigada, demada (atos segundo 0 meio ou instrumento com que sio praticados) (ato segundo o agent aria —patifaria, pirataria, vethacarta (atos segundo agem — camaradagem, ladri (atos segundo 0 agente que os Deriva subst . Grupo D — derivam, de verbos, substantivos que significam a ago, 0 fundmentos de Gramatice do Poxtuguls A Esrutura a Forma Gramascal 98 ; Sor, or — compradar, jogador, portador, vendedor, sofredar, com- demolidor; abridor, ralador, pichador, ator, agrimensor, propulsor, , tradutor, disjuntor, ejeto tério — duradouro, migratério, dormitério, bebedouro, desagua- Iudismo, cateterismo, botulismo. nascedouro, laboratério, escritério; gem —sufixo de alta produtividade. Deriva substantivos que designal ificador e depreciativo, ¢ usual nas variedades informais da ‘ou comportamentos passiveis de censura: politicagem, bobagem, bar pidao, choréo, mijao, beberriio, falastréo, comitéo. gem, molecagem, libidinagem, pilantragem, picaretagem, malandrag\ F —derivam adjetivos de substantivos e pertencem a dois subcon- tado dela ow ainda o instramento ou meio da agdo. Sdo os seguintes os si ‘0s formadores de adjetivos que significam “relativo a, proceden- usuais: adalida — de uso coloquial, especialmente nas perifrases com o verbo pisada, cortada, caminhada, peneirada, partida, dormida, fugida, agem — contagem, pilhagem, vendagem, pilotagem, ancoragem:; —lembranga, poupanca, matanca, afluéncia, conveniéncia, inferéncia. ‘uma grande quantidade de ensal, semanal, conjugal, escolar, anelar, tute. ta produtividade) — peruano, machadiano, aquariano: idrio, bancério, rado i produtividade) — piauiense, friburguense, madeirense; produtividade) — portugués, montans, ltdan ‘mas desacompanhados dos verbos de que derivaram. Isto ni ic es igs et a net Sema) == f007 24 {que os consideremos derivados na gramitica do portugues, . funéreo; is deaeoainoare'S niet na lingua contemporinea) — alimenticio, patric to do outro (of jregiténciafeaiiont, dec rodutividade) — metilico, enfitico, magico, simpético; indolénciafindolente, deméncialdemente, p) Widade restrita ao registro formal) — fabril, pastoril, febril; 10, sibilin, londrino, marroguina, egiiino, bovino, igo, eontemplache, aberracta, demaligho, formadores de adjetivos que significam “provide de, abundante torsito, subversio, absorsdo, agressio, a produtividade) — piothento, ciumento, peconhento; nfadonko, medonke vidade) — licoraso, perigaso, cheiraso, eaprichoso, ma- 10 de registro formal) — impulsivo, recessivo; ie, especialmente nas variedades coloquiais) —na- |. Grupo J— forma advérbios: Fundomentos de Grams do Portugues nte — insinuante, atuante, influente, maldicente, penetrante; ive — apelativo, pensativo, curat ilustrativo, punitivo, permissivo, remi (brio — encantatério, preparatério, vexatério, satisfatério. (Obs.: O sufixo -nze, de alta produtividade, forma nomes potencialmh adjetivos e substantivos: caminkante, reclamante, manifestante, confllal requerente, combatente, afluente, ouvinte, pedinte. |. Grupo H— derivam verbos de substantivos e de adjetivos: ec(er) / ese(er) — florescer, apetecer; el(ar) —velejar, verdejar, poreja irzar, infernizar, fulanizar; car, amplificar, modificar, petrificar; , mapear, passear, fourear, coxear, per mente de vento, peito, la que Ihes falte um sufixo como nas séries precedentes, Por isso, propomos que se atribua t verbal av a fingo cumulativa de marca verbal (vogal temética + de infinitivo) e sufixo derivacional. . Grupo I ul(ar) — derivam verbos de verbos, de grau (agi branda) e aspecto (rep chuviscar, fervithar, saltitar, dormitar, pulular. mente —calmamente, dacemente, felizmente, A Estruture 6 Forma Gramatca 9 sconto no € 0 oposto de conto, nem desmonte 0 oposto de monte, ¢pis- existe. Além disso, j sabemos que o prefixo des- néo se une produtiva- ‘a bases substantivas na atual sincronia do portugués. Nossa altemnativa, ¢ relacionar desconto, desmonte e despiste aos verbos descontar, des- despistar. Estamos diante do que tradicionalmente se chama derva- wyessva, isto &, uum processo que consiste em criar uma palaure mediante a sux 1 de um elemento final de outra palayra. ocesso é particularmente produtivo na formagio de substantivos deri- al: [fug), para fig, ¢ [moRI], para morte. 's verbos originam-se também adjetivos derivados regressivamente. primeira conjugagio derivam-se: aceito, de aceitar, entregwe, enxuto, de enxugar, expresso, de expressar, expulso, de expul- de ganhar, isento, de isentar, salvo, de salvar, so de benzer,eleito, de eleger, corrupto, de corromper, incurs0, , de morrer, preso, de prender, roto, de romper, suspens tinto, de tingir. istas ja observaram que, nesse processo, no hé a rigor da terminacdo verbal, visto que o nome apresenta com istinta da do verbo (of perder perda fugirffuga, ue a propria vogal tematica faz aqui a vez do sufi- ses exemplos um processo de derivagao sufixal, andlise que se ir que se expliquem também formagdes como rodar, respectivamente de roda, vento e livre. Parassintese 95 fundamenios de Gramaica do ertugus Asrutura d Forma Gramatcl 7 tar no 6 0 oposto de contar. Também nfo derivaremos descontar do subsi ‘prado os bilhetes, que passa a adjetivo em Os bitketes foram comprados tivo desconio, pois, como se viu no item anterior, desconto € que € por ele); derivado regressivo de descontar. No exemplo dado aqui, descontar signill + expressam-se novos contetidos com a mudanca do género (o atleta “rotirar parte de um erédito ou de conta bancéria”. Por isso, temos de deriv pedo geral)/a atleta (exclusivamente para mulher); @ cobra (rép- descontar, no sentido em que esté empregado nessa frase, diretamente /o cobra (grande especialista numa atividade), substantive conta, sta derivacao, que se faz por acréscimo simultne de elemoy ese ptipioe: (asa, dergarias, pomeside on mes de pessoas; Pinheiro, Carvalho, Perei- _mérficos antes ¢ apds 0 radical da forma primitiva, se chama derivacéo parassintél eee attractors ‘empregados ou, simplesmente, parssintese ? stantivos proprios tornam-se comuns (gari, varredor de rua, deriva- . Por parassintese derivam-se muitos verbos. O tipo mais produtivo & o 4 do antroponimo Aleixo Gary, antigo incorporador de empresa que acrescenta ao mesmo tempo um dos prefixos a-, en-ou.es-ea terminagdo i isséia, viagem cheia de bal, precedida do sulixo -ec-, quando 0 verbo é da segunda conjugacao ( , derivado do titulo do poema épico — Odisséia — atribuido tardecer, derivado de tarde; anoit empretecer, ck poeta grego Homero). do de preto; esclarecer, derivado de claro), ou sem sufixo, quando 0 \¢o imprépria é responsével por alteragdes de significado relaciona- Ga piensa oni gario (qpentar, detivato de pants, anfar, decivadg ‘o modo de significagdo da classe em que a palavra passa a se enqua- (linha); afiar, derivado de fio (= lamina); entort i i relar, derivado de farelo), A prova de que 0 actéscimo dos afixos pessoas que tém fé"; em Esse menino no é burro, bur- somo no exemplo de descarregamento — é a it ), passa a significar, como adjetivo, uma caracteristica, cujo de apenas um dos afixos: nao existe ieligente. na crstazacdo de unidedes lena até de 10 conhecido como gramatical- de trono; despistar, de pista; desfigurar, d icalizagao a passagem de adjetive xpatriar, de patria; expectorar, de peito; rep: Falava alto, Andava rapido); de “verbo + advérbio” a de adjetivos a conectivos (Ele niio bebe durante as refeigées, em devido ao avangado da hora), de oragées a locugées ad- tivos, como desalmado ¢ desbocado. ‘que equivale a provavelmente —, quer dizer, ow seja Derivagao imprépria ou convo ). Chamase derivacdo imorépria ou converséo ao processo de ampli _mudanca de classe ou de subclasse de um lexema. Nesse tipo d qualquer alteragiio formal aparente, dai chamar-s imprépria ou conversio: ‘uma citagao da forma verbal, ou seja, um substantivo, Abreviagso iediantea reduc da forma de uma constru- Fundornentos de Gratis do Potwguts Atria da Forma Grated ‘enquanto o sintagma estavel noite de lua pode receber indo apenas ua ou apenas noite — noite de/lua chei claraide to no acontece com pé-de-vento, No caso do substantive composto, luer adjetivo s6 pode se referir a0 conjunto — pé-de-vento/arrasador, ¢ » péde-vento arrasador. ), Bel ou Isa (por Isabel), Edu + Caracteristicas semanticas i ‘Uma palavra composta é interpretada como uma nova unidade de signi- (por Elisabete), Filé (por Filomena), Cida (por (Mati) Este significado novo pode ser entendido, muitas vezes, como a soma tranja (por estrangeiro), portuga (por portugués), japona ou japa (po ificados particulares dos lexemas componentes. E 0 caso, por exem- Japonés), reaga (por re ‘ ‘o-escola — navio em que os candidatos a tripulantes realizam o «+ representacéo de um nome composto cu de uma expresséo por meio de suas i ivo & sociedade e a economia, dlades inca (fonemas, silabas ou, até mesmo, os nomes das letras ccesso conhiecido também como sigiagem ou acronis: er Part Trabathadores), poo Partido do Movi iversidade de Sao Paulo), eu Integrado de Educagao Pibli Jornal do BrasiD), Fu yregiéncia modulada), mors Instituto Br ferramenta que tem do pé da cabra apenas a semelhanca de forma. de Opinido Pibblica), $0. (mensagem de Socorro, pees ee slo € modelo de pé-de-cabra multiplica-se de forma extraordinéria no ‘Henrique, Titevé (por tele ‘corrente do portugués através das eriagdes de natureza meta (por compact disk), Vt (por videotape). ‘ ‘AcrSnimos como Usr, PT, PFL outros podem ainda receber su! piano, petista, pefelista, inko-de-coco, baba-de-moga, que- iva-negra, louva-a-deus; (d) passaros: bem-te-vi, », jodo-de-barro; (e) doengas: mal-de-t (Chama-se composi a unio de dots ou mais lexemas pare acracéo de uma ie fra: bomba-relégio, guarda-roupa, pé-de-vento, corre-corre, 50), perna-de-pau (= mau jogador -boi (=pessoa que trabalha muito), braco-direito bicho-do-mato (= pessoa a ccripulos); (h) brincadeiras: chi outros tipos. Fundamentos de Gramstice do Porta Estrutura Semantica das Palavras Comp pi 198. Distinguiremos dois modelos palavras compostas, de acordo coma © todo: que a palavra composta denota ¢ entendido como a si x jimples uni “eoordenacao” — do: icados particulares dos lexemas que i fanto-juvenil, sécio-proprietério, diretor-gerente, rédio-s a tor-chefe. = re significado total do composto é distribuido de forma desigu componentes, de sorte que um deles figura como base (B) do si outro exprime uma especificagZo qualquer (B), Os lexemas con dem ocorrer na ordem B + E, mais comum e tinica no uso popu dem E+ B prépria dos usos téenicos ¢ + Ordem B +E: matéria-prima, salério-minimo, peca-chave, io, seguro-saiide, porco-espinho, samba-enredo, azuul-cla euro, azul-piscina, verde-garrafa, amarelo-canér + Ondem E +B: ciclovia, aspiragéio, motosserra, gemuflexti rapia, agroindistria, fotomontage lismo, fltossanitério, Modos de Referéncia das Palavras Co} Gtunca da Forma Gromatical 101 pio-duro (avarento)? S6 chegaremos a saber oom preciso o que 1 essas palavras compostas se tivermos acesso as coisas a que clas , Mesmo assim, teremos uma explicagio para pé-de-galinha, para € para pente-fino, mas néo para pito-dur. , em seguida, formular alguns principios gerais da formagio des- ieados. ios prineipais as palavras compostas se referem as entidades que omo metonimin (quando se dé a um significante ja existente na iz-se papéis para significar documentas, jé que 0 do- ito de papel; diz-se que uma pessoa perdew a cabeca para si sem pensar, ja que na cabega esti a sede da raz e do enten- ‘como metifora (quando se dé a um significante jé existente na significado novo gragas a uma relagiio de semelhanga entre os con- jos: diz-se que alguém € um fouro para significar que é corpu- iz-se que o tempo voa para significar que “passa rpido” como Tro 1: pelo composto é identificada por sua utilidade, 1 caracteristica tipificadora. je ou fungio: saca-rotha (um utensilio de cozinha), por- ima (umn teste idas), passatempo (qualquer ocupagdo para distrair), ga- «edo regular da qual uma pessoa retira seu sustento), que- rugo que serve para contet a arrebentacio do mar), erve para cravar estacas no solo); ficadora: mdo-aberta (pessoa generosa, que de), caracde-pau (pessoa sem escri Ieradas mesmo diante de situagBes embara- (pessoa que delata outra, como quem aponta com o rabalhador rural, que leva 0 almogo para o local de ‘como esquenté-lo para comer), vitiva-negra (espécie 1, que costuma devorar 0 macho apds 0 acasala~ .0 excessivamente beato, que comunga Fundarentos de Gramatca do Portugués das na extremidade externa do olho}, pé-de-cabra (ferramenta que tem. extremidade curva e bifurcada como um par de dedos), boca-de-led cuja flor fembra a goela de um animal), € coberto de cerdas semelhantes a espi ‘com juba), goela-de-pato (massa al ‘curtos), peire-agulha (peixe de compo fino e alongado), papo-de-anyjo (a fofo, de forma arredondadsa, i base de ovo), afho-de-sogra (ameixa rec} ‘com doce de coco), baba-de-moca (calda doce e grossa a base de vos), peito-de-pombo (grade ovalada como um peito, que se instala em ), quebra-cabeca (um jogo ou problema que obriga a pessoa a muito), quebra-queixo (um doce de dificil mastigagao), morte-st ‘inico que assinala o encerramento da prorrogagao de uma partida de: Recompo! + Citames acima o Jexema foromontagem como um exemplo de con Mas hd uma diferenga entre fotomontagem e fotografia; no comp\ grafia, 0 elemento foto a Juz, a0 passo que em fotomontage! ‘mento foto- faz referéncia a fotografia. Pode-se dizer, portanto, que ‘montagem 0 composto fotografia participa de uma nova composigi recomposigio — através de sua forma abreviada foto (ef. §194 exemplos de recomposigao: foronovela (novela por meio de autopecas (estabelecimento que vende pegas para vefculos autor Iecurso (curso pela televisio), auiédromo (pista para corridas de a videolocadora (locadora de fitas para videocassete). Os Processos Lexicais e as Funcées da Lingual formalidade, Asus a Fors Gromatcal 13 4 aplicagio carinhosa, intimista ou depreciativa dos rr um jeitinho, fer um cantinko, pegar uma licagHo (v. §203). Os 10, gordinho, agorinha, cedinho, cansadéo, lindao, bobo, gordo, a esfera conativa/apelativa, destaca-se o uso publicitario dos onedni- '§205) —particularmente na designagio de remédios e de produtos de jo € de limpeza — criados por meio de derivagoes e de amalgamas vos abstratos derivados de verbos e de adjetivos so utilizados rsos de encadeamento textual — eoesio (v. §69) —, especialmente condensada, informagdes que podem vir expressas por meio de proposigdes em outros pontos do texto. 1 os substantivos promessa, bravura c novidade nos seguintes O governador declarou que investiré mais em educacaa, mas pou- ¢ foi condecorado por sua bravura; O atual modelo desse jag, novidade que fez seu prego subir muito. Duplicacao vas sao particularmente usuais nas variedades coloquial ¢ repetigoes de varia Améalgama Lexical to Fundomentes de Grama do Portugues |. Sandmann, 1992). 0 am onstitui um recurso da fincdo ps )- 0 sation lidade expressiva particular ¢ ci (mescla de demoe Femandes criou vitios desses amlgamas, todos de cariet elhocidade (= pressa do aneiio), repulgnante (= pulga noje) afeia (= letra ruim), andofabeto (= pequenininho que nem sabe 2). Guimaraes Rosa criou, entre outras formag6es, finebril ele eno definebre~ britho), diligen ‘05 (companheiros de copo) e embriagatinhava (engat Perteneem a linguagem comercial-publiciti nee eu ia (chocolate + delicia), showmicio (show + comico) imengo + Fluminense), Grenal (Grémio + Internacional), Sao ainda formados por amélgama lexical os antropénimos qui Neide), ramado de anconimie (de onéo, comprar + -6nimo, m ‘locugdesreferentes a marcas ndustias ou artigos comercais, Mi ni (diet) +1), Tens tens(@o) + ite * vit(a) + in), Baralgin (bar + al (gelo +o), ee ara Aecroftux (Aero + flu(xo) Asura d Forma Gromateal 105 O primeiro grupo ¢ caracterizado pelo conjunto das cat oro (presente) x morava (passado)), (Gubjuntivo)), ntimero (mora (singular) x moram (pl (1! pessoa) x mora (3# pessoa), Esse grupo reine exclusivamente os segundo grupo é caracterizado pelo conjunto das categorias de miime~ Igatos, brancolbrancos, olas, algum/alguns, cujorcujos, 0 qual/os c género (gatolgata, brancolbranca, ofa, algun/alguma, eujo/euja, ial, duzentos/ducenias). Esse grupo tetine 0 substantivo, 0 adjetivo, 0 rmumeral e os pronomes indefinidos e relativos. erceiro grupo é caracterizado pelo conjunto das categorias de pessoa seu, estelaquele), genero (cle/ela, mewiminha, este/esta), © de (cle/eles, mew/meus, este/estes). Esse grupo compreende 0s prono- s, demonstrativos e possessivos. ) quarto grupo é caracterizado pela invariabilidade morfolbgica de seus : preposigio, conjungio, advérbio ¢ igo. Detalharemos 0 nfo delas no estudo da sintaxe. Nos segmentos seguintes tratare- uy classes vatidveis: 0 substantivo, 0 verbo, 0 adjetivo, 0s pronomes, os coartigo, O Substantivo ‘bstantivo retine trés caracteristicas principais: as parcelas de nosso conhecimentorepresentadas como seres; jproprio (masculino / feminino) ¢ varia em niimero (singular 9s processos de formacdo de palavras. Classificacao dos Substantivos ESTO COeOOoorr—'— wmese quanto A significago e quanto a forma, Quan- {er eoneretos ou abstratos, préprios ou comuns ¢ 1s podem ser primiti-

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