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Sumario Prefacio Introdugao Parte | — O que vocé precisa saber sobre adogaéo Os pais verdadeiros A adogio é um problema? Por que as pessoas adotam? Quem pode adotar Quem pode ser adotado Como deve proveder quem decide adotar Por que ¢ importante que os pais sejam avaliados Parie Il —Tipos de adogéo Adogao intuita personae Adogio a brasileira Adogio internacional Adogio tardia ou de criancas maiores Adogéo inter-racial Adogao de criancas portadoras de necessidades especiais Adocio por pessoas solteiras Adogéo por homossexuais Adocdo por pessoas mais velhas Adogo de embrides Parte Iif— Pranarandn.ce nara anotar VIII] Torwanno-se pais ‘Vocé esté pronto para adotar? Medos mais comuns dos pais ao pensar em adotar uma crianga Quando o casal tem outros filhos . Quando a crianga jé tinha um nome Finalmente chegou o dia de trazer a crianga para casa Parte IV — Criando seu filho adotivo Estar consciente das semelhangas e das diferengas Desenvoivendo o sentimento de que a crianga pertence & familia Depressiio pés-adogao O perfodo de adaptagio A adaptagio de criangas pequenas Adaptagfo de criangas maiores A crianga que sofreu maus-tratos ou abuso A adaptagio a nova escola A adaptagio dos irmios Adaptagdo dos parentes préximos Parie V — Falando sobre adogéo Contar ou ndo a crianga sobre sua adogo? Quando e 0 que falar? Pot que minha mie me deu? O sentimento de rejeigio A mie ou o pai “verdadeiro” O livro da vida Para quem contar sobre a adogio e o que contar? Comentirios feitos pelas outras pessoas Parte Vi — Como a adogéo pode afetar a familia 57 58 59 65 67 67 68 71 O romance familiar do adotado Sentimentos de perda e separagdo Divorcio ou morte Problemas psicolégicos ou de comportamento Parte Vil — O adolescente adotado A formagio da identidade Os conflitos entre o adolescente e os pais adotivos A sexualidade do adolescente adotado Parte Vill — A procura pelos pais bioldgicos A idade em que se pode iniciar a procura. Como fazé-la? O encontro com a realidade ‘Sumario | IX 76 77 78 79 81 B82 83 85 87 88 89 Epiloge — Pertencendo uns aos outros: o vinculo incondicional 91 Referéncias #93 | | Prefacio Meu contato com o mundo da adogio ocorreu inicialmente no meu trabalho como psicanalista. No infcio de minha vida profissio- nal, atendi em psicoterapia uma crianga adotada que representou para mim um grande desafio pela dificuldade em atendé-la e pela imensa gama de emogdes que ela despertava. A partir daf, outros pacientes adotados me foram encaminhados, e percebi a lacuna que havia no Brasil com relagio a estudos € pesquisas realizados sobre 0 assunto, Desde entao, tenho me dedicado a ampliagio de conhe- cimentos sobre o tema, que me toca de modo especial. Nasci em outro pafs e me mudei para c4 quando era pequenininha. Tive que me adaptar a uma nova lingua, a uma nova cultura, a um novo es- pago. Na verdade, todos nds somos, no fundo, adotados, em maior ou menor grau, pelas nossas familias, nosso pais, nossa comunidade, nossos amigos... Escrevi uma tese de doutorada, dois livros e um nimero significa- tivo de artigos sobre adogao. Desde o inicio do meu trabalho, no én- tanto, acalentava a ideia de langar um tftulo voltado especificamente para pais adotivos. Tenho visto quao essencial é para a criag&o sauda- vel dos filhos estar informado sobre as questdes principais da adogao e deixar espaco aberto para a discussdo e expresso de sentimentos, angiistias ¢ expectativas. Agradego a Michelle Kitner Levinzon, pelas inspiradas ilustra- Ges, € a Marcelo Levinzon, pelo auxilio prestado. Este livro tem como objetivo auxiliar os pais adotivose as pessoas que se interessam pelo assunto a considerar pontos importantes na constituigao da familia adotiva. # uma introdugao ao mundo da ado- ao. Nao substitui, no entanto, a procura de profissionais habilitados para ajudar os pais nos casos em que esse acompanhamento se faz necessdrio. Ser filho, ser mae, ser pai... Esta é a base que constitui os pilares do ser humano, XII] TorNanpo-se pais Néio séi... i se a vida é curta ou longa demais pra nés, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se ndo tocamos o coragao das pessoas, Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braco que envolve, palavra que conforta, siléncio que respeita, alegria que contagia, légrima que corre, othar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso nao é coisa de outro mundo, €0 que dé sentido a vida, © que faz com que ela no seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura... enquanto durar... : Cora Coralina (1889-1985) Gina Khafif Levinzon i q Introdugao Renata e Marcio estavam casados havia sete anos. Seu casamen- to era feliz, mas existia uma sombra: jd fazia cinco anos que tentavam. engravidar, sem sucesso. Submeteram-se a um nimero sem-fim de exames, 0 que os deixava mais ansiosos. Os resultados eram ambfguos. Havia alguns problemas, mas nada que explicasse a dificuldade de con- ceber uma crianga. Optaram pela fertilizagao assistida por duas vezes,o- famoso “bebé de proveta”. Renata chegou a engravidar, mas perdeu o bebé logo em seguida. Esse processo de fertilizagao era extremamente. caro para o poder aquisitivo do casal, ¢ ela sofria muito com a imensa quantidade de horménios que tinha que tomar para levar adiante 0 procedimento. O pior cram a ansiedade ¢ a espera pelo resultado, que se revelava frustrante. A vida conjugal do casal estava comegando a ser afetada pelas tentativas infrutfferas de ter um bebé... A ideia de adotar uma crianga comegou a aparecer com frequén- cia, Marcio jé pensava nisso fazia tempo, mas Renata ainda mantinha a esperanca de viver uma gravidez, um sonho de infancia. Aos poucos, ela foi se dando conta de que queria ser mae, tendo ou nfo gestado a crianga. Quando andava na rua e via as criangas com seus pais, sentia tristeza e até inveja,e pensava que queria também passear com seu filho... Resolveram iniciar um processo de adog&o, mas nao sabiam por onde comegar, Afinal, esse era um campo novo em suas vidas. Foram informados de que deveriam procurar o Férum mais préximo. da regio onde moravam. Tinha infcio, entao, um fongo caminho, que esperavam que os levasse ao filho téo sonhado. Foram entrevistados por assistentes sociais e psicdlogos. Preen- cheram cadastros. Tinham que responder a perguntas embaragosas. Até que idade poderia ter a crianga almejada por eles? E 0 sexo: me- nino ou menina? Importavam-se com a cor de pele da crianga? Ela poderia ter alguma deficiéncia fisica? De um lado havia o sentimento de culpa de “escolher” uma crianga, sabendo do grande ntimero de 6rffios maiores rejeitados A espera por pais. Por outro lado, queriam: XIV] TonNanvo-se pais sorriso de seu filho, seus primeiros passos, suas primeiras palavras. Fi- nalmente decidiram que gostariam de receber uma crianga de até 3 anos de idade, branca ou morena clara, saudével. Queriam alguém que se parecesse com eles. Foi lhes informado que, se fossem “aprovados’ ou seja, considera- dos aptos para criar uma crianga, entrariam numa longa fila de espera. Durante todo o processo, Renata e Marcio passaram a se inteirar so- bre o mundo da adogio. Buscavam livros, filmes, pessoas que tinham passado por essa experiéncia. Foi Ihes indicado um grupo de apoio, em que poderiam conversar com outros pais postulantes ou que j& tinham adotado uma crianga, Renata queria preparar o quarto do filho, comprar suas roupi- nhas. Sonhaya com ele, cheiroso, sorridente. A espera pela crianga, no entanto, continuava, delincando uma espécie de gravidez que nao tinha prazo para terminar. Ninguém sabia dizer quanto tempo levaria para que chegassom ao primeiro lugar da lista de espera... O desejo de ter filhos é um dos pilares da natureza humana. A maioria das pessoas, homens e mulheres, sonha em ter e criar uma crianga que represente sua continuidade no mundo. “Crescei e multi- plicai-vos”: a famosa frase bfblica expressa de forma incontestavel a importancia da relaciio pais-filhos no desenvolvimento humano, A histéria de Renata e Mércio se assemelha & de muitos outros casais que escolheram, por algum motivo, formar uma famflia na qual a ligagdo entre os pais ¢ a crianga nfo esté baseada no vinculo biolé- gico direto. A adogdo permite que a crianga que nao péde ser criada pelos pais bioldgicos tenha suas necessidades bdsicas, fisicas e psfquicas atendidas. Os pais adotivos, pelo seu lado, tém a oportunidade de exercer seus papéis primordiais de pai ¢ mae, com todo 0 investimento afetivo que isso implica. Ser pai e ser mie nfo se limita ao processo biolégico de gerar uma crianga. Pelo contrario, tornar-se pai e mée depende de um processo pstquico complexo que se estende por muitos anos de convivio com © filo e que possibilita o desenvolvimento de uma ligagao especial Parte O QUE VOCE PRECISA SABER SOBRE ADOCAO 2| Tomnanoo-se pas Os pais verdadeiros Afinal, quem sao os “pais verdadeiros”? Esta pergunta é funda- mental no campo da adogéo, pois muitas vezes os pais ¢ a crianga tém que lidar com o esteredtipo de que os “pais verdadeiros” sao os genitores biolégicos. Legalmente, os pais adotivos sao os pais aptos a cuidar da crianga e educé-la. Do ponto de vista jurfdico, o fitho adotive tem os mesmos dizeitos de um filho biolégico. Da mesma forma, os pais adotivos se comprometem a cuidar da crianga pelo menos até que ela alcance a maioridade, A adogio estabelece um vinculo real ¢ consistente entre pais e filhos. E a partir desse contato profundo que a crianga vai se desenvol- ver ¢ adquirir suas caracter{sticas principais. Os cuidados, 0 olhar, o carinho, o amor, os limites, os castigos quando necessarios, a presenga ou auséncia no dia a dia com o filho, os valores, as expectativas, 0s mo- mentos de impaciéncia ¢ os de orgulho, tudo o que vem dos pais ado- tivos fica gravado de forma inequivoca na crianca por toda a sua vida. Sao esses pais que estario presentes acompanhando os primeiros passos, as comidas preferidas ¢ as odiadas, os medos, as brincadeiras, as noites ¢ os pesadelos, o primeiro dia na escola, e assim por diante. Se vocé é pai ou mae adotivo, tenha certeza: vocé 6 pai ou mae verdadeiro. A imensa variedade de experiéncias compartilhadas entre os pais e o filho adotado compée um vasto repert6rio que vai influen- ciar tanto a personalidade da crianga quanto suas escolhas de vida de modo geral. As marcas do convivio entre os pais ¢ 0 filho ficarfio para sempre no seu psiquismo. Aadogao 6 um vinculo verdadeiro. A adogéo 6 para sempre. A adogao é um problema? Ecomum sc ouvir que “ciianga adotiva sempre dé problemas”, ou © ave voce Parcisa SABER SOBRE ADOGAO {3 Numerosos estudos foram feitos para verificar se ha uma incidén- cia maior de distirbios psicolgicos na populagio adotada, De modo geral observou-se que nao hé diferengas significativas em relagao aos filhos criados por seus pais biolégicos. As criancas adotadas se desen- yolvem tdo bem quanto quaisquer outras, desde que se hes dé um ambiente satisfatorio, isto 6, uma famflia estdvel e dedicada. E claro que as condigdes em que a crianga foi adotada (como idade, estaclo de abandono, abuso, entre outros fatores) influem no seu equilibrio emocional. Da mesma forma, as condigGes de satide mental da familia adotiva ¢ o respeito as peculiaridades da crianga também concorrem para o sucesso da adogiio. . As criangas adotivas, assim como todas as outras, ficam felizes, ficam tristes, choram, brincam. Ao mesmo tempo, podemos dizer que siio mais sensiveis a determinados aspectos do ambiente, como expe- riéncias de separagéo ou de rejeig&o, em fungdo de sua histéria ante- rior ao periodo de adogfo. A adogdo pode resultar em problemas caso alguns cuidados nao sejam tomados, como ndo contar crianga sobre a condigao de ado- go, denegrir scus genitores ou, principalmente, quando os pais ado- tivos nio estio realmente preparados para a adogiio, como verémos mais adiante neste livro. Podemos afirmar que, na maioria dos casos, a adogiio naéo é um problema, mas, ao contrério, uma boa solugdo. A crianga tem garan- tido seu direito de ter uma familia, os pais biolégicos tém a tranqui- lidade de confiar seu filho a pessoas que cuidardo bem dele ¢ os pais adotivos podem se realizar no seu papel de pai e mae. De modo geral, quando vivem em um ambiente saudavel, as criangas adotadas so tio felizes quanto as que foram criadas pelos seus pais biolégicos. Por que as pessoas adotam? Hé4 adogées que ocorrem entre pessoas da mesma familia, como por avs, tios ou padrinhos, Na maior parte das vezes esse tipo de adocio nio € oficializado legalmente, mas ocorre de maneira infor- 4) Tornanno-se pais mae biolégica ser muito jovem, ou estar doente, ou ter abandonado nao s6 a crianga como a familia, Em outras situagdes, os parentes néio concordam com a adogio fora da famflia e decidem cuidar dela, Ha varios motivos que levam um casal a adotar uma crianga, O mais comum refere-se A sua condigéio de esterilidade, como 0 caso de Renata ¢ Marcio, relatado no infeio deste capitulo, Seu desejo legiti- mo de ter um filho nao péde ser realizado pela via biolégica, entio o casal recorreu a adog&o como forma de satisfazer essa necessidade. Comumente, os casais com problemas para engravidar passam por di- vyersos tratamentos infrutiferos e desgastantes antes de se decidir pela adogéio. No entanto, é essencial que tenham aceitado profundamente a frustragao e a dor de nao poder ter filhos bioldgicos para que nada interfira na futura relagéo com a crianga adotada. Para isso, algumas vezes precisam do auxilio de profissionais especializados. A maicr parte das pessoas que adotam o faz Por problemas de infertilidade. Existern, no entanto, outros motivos possiveis, Alguns casais desejam ter filhos, mas passaram da idade em que poderiam gerd-los. Outras vezes hé um problema de satide ou uma questo genética que nao permite que a muiher se arrisque a passat Por uma gravidez. Ha ainda os que desejam um filho de um sexo espe- cifico, ou os que nao se sentem aptos a cuidar de um bebée preferem j4de infcio uma crianga mais crescida. A adogdo nesses casos permite que eles sejam pai e mae superando essas limitagdes, Existem situagdes dramaticas em que ocorreu a morte anterior de um filho, Nesses casos, deve-se estar bastante atento a quanto o casal superou esse trauma. Quando uma crianca é adotada para substituir um filho morto sem que essa perda tenha sido suficientemente absor- vida e bem resolvida internamente, criam-se condigées para proble- mas na relagiio com a crianga adotada, Afinal, é essencial para 0 ser humano ser visto na sua ess€ncia, e néo como “substituto” de outra pessoa. Por sua hist6ria anterior, a crianga adotada, mais do que qual- quer outra, necessita ter bem claro o seu Tugar na famifia que a adotou. H4 pessoas que contam que sempre quiseram adotar uma crian- | | | | ! i ! | 1 i : | | | | | O Que voce PREcISA SABER SOBRE ADOCAO | 5 grupo familiar e social, Entendem que faz mais sentido adotar uma crianga que “ja est ai” do que colocar outra no mundo. Hé ainda ho- mens ¢ mulheres que anseiam por ser pais, mas nao tém um parceiro amoroso. . Encontramos uma gama imensa de motivagdes Pessoais in- conscientes para a adogéio. A forma com que o adotante viveu seu Complexo de Edipo, isto é, sua relagao no tridngulo formado entre ele, seu pai e sua mae exerce influéncia na relagao com a crianga sem que ele tenha consciéncia disso, O processo de ser pai ou mae remete necessariamente A experiéncia real e fantasiada vivida pela pessoa com seus pais. Pode haver identificagao com eles, ou seja, o desejo de ser como eles foram como pais e macs, Ao mesmo tempo, também podem estar presentes sentimentos de Tivalidade inconsciente, medos, desejos de reparar danos imaginarios. O Pr6- prio Bdipo, her6i do mito grego, era adotado, ¢ ao final da tragédia casou com sua mie biolégica e matou seu pai biolégico sem saber sen descio de “fazer o bem a uma crianga 6rfa} tao alardeado pelos meios de comunicagio, nao é uma motivagao saudavel para 0 processo de adogio. A erianga precisa ser adotada por pais que que- rem fer um filho, e no por um ato de caridade. O processo de filiagéio é complexo, No decorrer dele, a crianga se mostrar4 agressiva, rebel- de, impulsiva, como todo ser humano em desenvolvimento. Quando os pais supostamente adotam uma crianga para “salva-la”, exigitio mais tarde retribuicao por sua benfeitoria ¢ provavelmente nao se- rao tolerantes com os comportamentos da crianga que destoem do que imaginaram vir de uma “pessoa grata”. Ao mesmo tempo, se os pais sio excessivamente idealizados, “bondosos”, a crianga se sentir culpada por sua agressividade, o que pode Ihe trazer prejuizos no de- senvolvimento de sua personalidade. ; Se vocé deseja adotar uma crianga, € essencial refletix sobre 0 que o motiva para isso, A fung4o que ela tem em uma familia determina lugares marcados muitas vezes inconscientemente ¢ que influenciam de forma determinante as relages que se estabelecerio entre os inte- grantes da familia. O auxftio de profissionais especializados é de gran- | al renner t = © QUE voce pREcIsA SABER SOBRE ADOGAO |7 ‘ 0 a las- Se vocd pensa em adoter um: por me | | ia criange porque: Apadrinhamente financeiro: 6 a ajuda financsira dada a crianga ou ac adol cente abrigado ou vivendo nas suas familias de origem, em situagdes de extrema 1 Esté frustrada por ndo conseguir engravidar, ‘9 Sua esposa quer adotar e voo8 quer delxé-a feliz. [7 Seu casamento estd em crise @ voc6 ache que uma crianga uniria mais o casel. CE religioso ¢ adotar ajuda as pessoes mais destavorecidas, SV Acha que hé muitas criangas abandonades ne mundo € quer dar a sua con- tribuigao social, Estes nao sdo bonis motivas! Vocé 56 deve realizar uma adoogo se estiver segu- to de que quer sor pai ou mde e desea ter um filho seu para criar. Quem pode adotar Podem adotar um filho as pessoas maiores de 18 anos, qualquer que seja seu estado civil ou condigdo socioeconémica. O adotante, no entanto, deve ter 16 anos a mais do que 0 adotado. Pessoas solteiras, vitivas ou divorciadas também so considera- pobreza. Programas assistenciais promovides por associages, ONGs, organiza- Ges governamentais, religiosas, estimulam esse tipo de apadrinhamento com campanhas que oferecem alimentos, bolsas de estudo e assisténeia médica, Familia guardia: 6 uma modalidade de convivio familiar edotada em algumas cidades do Brasil e muito comum em outros palses. E também conhecida como Yamillia de apoio, farnilia hospadeira, familia acolhedera. Tem como objetivo ev tat quea crianga separade de seus pais de origem seje institucionalizada, ¢ que ela possa viver proviséria ou definitivamento dentro de um ambiente familiar substituto, Ela pode permanecer sob os cuidados dessa familia até que soja possivel 0 seu retorno a familia de origem ou até ser adotada. Do ponte de vista psicoldgico, s40 claros os beneficios desse tino de acalhimento da crianga, pols ihe & cferecido um culdedo mais individualizado @ afetivo, 0 que & essencial para ela. Familia substituta: ¢ 2 quo cuida da crianga ou de adolescente quando seus pais biolégicos néo tém condigdes de fazé-to. Pode ser uma situagao definitive, como na aclogéo, ou transitéria, quando se tem @ guarda ou ¢ tutela da crianga/ adolescente. Guarda: 6 a responsabilidad iegal pela crianga/adolescente que néo pode fi com seus pais biolégicos. O guerdiao se compromete a dar essisténcia material, i das aptas para adogo, desde que oferecam um ambiente familiar adequado a crianga. Esse ambiente deve ser sadio ¢ acolhedor, e | | . atender as necessidades basicas da crianga, fisicas ¢ psicoldgicas. O cénjuge ou uma pessoa com unio estavel pode adotar o filho do companheiro quando a crianga/adolescente nio teve o reconheci- mento da paternidade ou maternidade de um dos pais bioldgicos, com a concordancia judicial deles, ou ainda quando houve destitui- Gio do poder familiar, Ay6s nado podem adotar um neto, assim como uma pessoa nao pode adotar um irmio. E possivel a concessio de guarda ou tutela. Glossario Apadrinhamento afetivo: ¢ a aproximagéo afetiva que pessoas voluntérias fa- zsm a ctiengas que vivem om abrigos @ que podem ou néo estar dispontvels para adogéio, Os padrinhos podem visiter seu afithado, passear com ele, come morar seu aniversétio, levé-lo para sua casa no fim de semana, Algumas vezes 9 apadrinhamento avolui para a adogao da crianga. Hé controvérsia sobre seus efeitos porque em elauns casos 6 axtramamenta frietrante mare a erecene afetiva ¢ educacional até que a crianga atinja sua maioridade. Ele pode renunciar a0 exercisic da guarda sem impedirnente legal, a0 centrério dos pais adotivos, Aguarda 6 concedida normalmente as instituigdes que acolhem as criangas, as familias guardias ¢ aos candidatos a pais adotivos durante o perfodo de convi- véncia, até que o juiz promulgue a adegao. Tutela: 6 0 poder instituldo ao representante legal da crianga/adolescento, até 18 anos, para gerir a vida e administrar seus bens, quando sua familia de origam fol destituida do poder familiar ou faleceu. Quem pode ser adotado Podem ser adotados criangas e adolescentes que tenham até 18 anos cujos pais sio desconhecidos, faleceram, foram destitufdos do poder familiar ou, ainda, se concordarem com a adogiio do filho. 8| Toananoo-se pais A maioria das criangas ¢ dos adolescentes colocados para adogio provém de familias de baixo nivel socioeconémico e que vivem em condiges precdrias. Além da pobreza extrema, encontramos por ve- zes situagdes de alcoolismo ou drogadigéio dos genitores, ¢ ainda macs solteiras ou adolescentes que nao tém condigées de criar o filho, Na maioria das vezes, as mées ontregam seus filhos pata adogdo esperando que ele encontre boas concigées de vida, condigdes que elas ndo conseguiriam Ihe dar. Nesso sentido, pode-se dizer que néo estée abandonando o filo. Pelo contrario, nesses casos 6 um ato de amor. O poder familiar dos pais bioldgicos, ou seja, sua responsabilida- de legat pela crianga, nao é suspenso ou extinto pelo juiz em fungao especificamente de pobreza e miséria. A lei determina que medidas de apoio ¢ auxflio a familia devem ser postas em pratica para que nao ocotra a quebra do vinculo entre pais e filhos. © quo leva a destituigéo do poder familiar & 0 que 6 considerado falta grav'ssima: 17 castigar 0 filho de forma exagerada ou brutal; OD abandonar o jilho; praticar atos contrérics a moral e aos bons costumes; 1 nic cumprir determinagées judiciais Geralmente, a crianga ou o adolescente vive em abrigos ouem instituigdes de caridade, 4 espera de sua vez para ter uma familia adotiva. Como ha uma preferéncia pela adogao de criangas bran- cas ou morenas claras de até 2 anos, a maioria 4 espera de adogdio nas instituigdes é de criangas maiores, de pele morena escura ou negra. Segundo a Lei Nacional de Adog&o (2009), a permanéncia da crianga na famflia ampla ou extensa (tios, avés e outros parentes) deve ser priorizada na adogao. Quando todos os recursos dos progra- mas piiblicos de apoio familiar tiverem sido esgotados, abre-se espago para adogdo por outras pessoas que no a familia de origem. Infeliz- mente, grande parte das criangas que esto nos abrigos nao se encon- tra disnonfvel nara adacin anrane ena fan O ave voce precisa SABER sosre ADaCAG | origem. Muitas vezes nem recebem visitas da familia, Felizmente, a Lei Nacional de Adogao prevé agora medidas que impedem que uma crianga passe anos em uma instituigio. Ela estabelece o prazo méxi- mo de dois anos para sua permanéncia no abrigo sem a destituigio do poder familiar. A partir desse prazo, a crianga ird para o Cadastro Nacional de Adogao, que permitiré que ela seja adotada e que tenha seu direito de viver em familia atendido. A.Lei Nacional de Adogio determina também que irmaos devem ser adotados pela mesma familia, sempre que possfvel. A manutengio dos elos fraternais 6 importante para a preservagio do sentimento de identidade da crianga. Bsses lagos contém uma parte de sua vida anterior e a ajudam a se localizar em relagdo a si mesma ¢ ao mundo. Criangas de mais de 12 anos e adolescentes devem ser consultados sobre seu processo de adogio. ; | ‘A adogio pressupde, quando € possivel, que os pais biolégicos deem seu consentimento. Isso deve ser feito pessoalmente ao juiz, na presenga do promotor de justica, e nao pode ser realizado por procu- ragio ou por outra pessoa. As mies adolescentes s6 podem entregar seu filho para adogiio mediante o consentimento de seus responsdveis. Caso ela seja orfa, ser necessfria a presenca de um tutor, parente, padrinho ou até um curador nomeado pelo juiz. / ; Até que seja publicada a sentenga da adogéio pelo juiz, os pais bioldgicos podem mudar de ideia. Depois disso, perdem irrevogavel- mente todos os direitos sobre a crianca. Mesmo que se arrependam, a adogao nao poderé ser revertida. Nao hé necessidade de consentimento dos pais biolégicos quando: 1 eles desapareceram ou sao desconhecidos; O foram destituidos do poder familiar; 0 acrianga é érfa ¢ nenhum parente mostrou interesse em ficar com ela por mais de um ano. 0 Estatuto da Crianga ¢ do Adolescente (ECA), promulgado em 13/7/1990, pas- sua denominar abrigos o que eram os antigos orfenates. Isso ocorreu porque @ maioria das criangas que vivem nessas institulgdes néo 6 érfa, mas permanece vinculada judicialmente & sua familia de origem. Seus parentes no tém con- 10] TonNANoo-se pais Como deve proceder quem decide adotar Para iniciar 0 processo de adogio, vocé deve inicialmente procurar 0 Forum de sua cidade ou regi&io munido de documentos pessoais e de um comprovante de residéncia. L4 receberd as informagies iniciais e uma lista de documentos necessérios para a continuidade do proceso, Em seguida & aprovagiio dos documenios, sero agendadas en- trevistas com a equipe técnica do Poder Judiciario, psicdlogos ¢ assis- tentes sociais. Nesses encontros, os profissionais das Varas da Infancia e da Juventude tém como objetivo conhecer as expectativas ¢ moti- vag6es dos pretendentes A adogiio e verificar se eles esto suficiente- mente aptos a acolher uma crianga como filho adotivo. Vocé receberd também informagées sobre o Processo de adogao. Seré pedido que descreva as caracteristicas que deseja para seu fitho (sexo, idade, cor, estado de satide, entre outras). Procuraré se conci- liar, dentro do possfvel, a sua expectativa com as caracteristicas das criangas ou adolescentes disponiveis para adogio, Apés a aprovagio pelo juiz, vocé passard a ser considerado apto para adogao e entraré no cadastro de pretendentes, Quanto mais condigées tiver corn relagdo &s caractertsticas da orianga (sexo, idade, eto.), malor sera a demora para chegar a sue vez no cedastro de adogéo. Seja honeste com 0 qua vocé acha que pode lider, isso 6 muito importante. Por outro lado, permanege to flexivel quanto possivel. Algurnas condigses aus julgou a principio intocéveis podem ser revistas auma considerecéo mais cuidadosa, Os pais sao chamados segundo a ordem de inscrigiio, considerando- -se 0 cadastro de criangas abrigado na comarca onde esté sendo tealiza- do o processo, Serd levada em conta também a compatibilidade entre © perfil que eles delinearam e as criangas prontas para serem adotadas. © processo legal de adocdo 6 gratuito. Voeé néo paga nada pela inscrigao, ave- liagéo @ acompanhamento, realizacos peta instancia oficial. Se os futuros pais adotivos estiverem de acerde com indieantn de | ! i ! i ' © ove voce precisa SABER SOBRE ADOGAG | 11 Os pais nio séo obrigados a aceitar a erianga apresentada pela Vara da Infancia. Devem fazé-lo se houver empatia com ela. Caso isso no aconteca, eles passam a aguardar uma nova indicagio, Se houver uma recusa sistematica de todas as criangas apresentadas, os pais po- dertio ser reavaliados como pretendentes & adogiio. ; Poderd haver, em seguida, um perfodo de aproximagio e convi- yéncia transitoria, dependendo das condigées e da idade da crianga. Ele nao sera necessario se ela tiver até 1 ano de vida ou se ela is es- tiver na companhia da pessoa que ird adoté-la por tempo suficiente para a constituigado de um vinculo afetivo. , A duracio dessa fase de aproximagio, também denominada es tagio de convivéncia, depende de cada caso e da idade da crianga, e & acompanhada pelos seus responsiveis legais. Ela permite que 0 pro- cesso de adaptagio a nova familia ocorra de forma suave e gradativa, especialmente no caso de criangas maiores. Elas desenvolvem elos afetivos com os profissionais do abrigo onde moram e precisam de carinho e paciéneia para que no sintam a ida para sua nova fanflia como mais uma ruptura ¢ abandono em relagio aos vinculos jé esta- belecidos. A mesma atengfo é necessdria com as criangas que estio sob os cuidados provisérios de outras familias, denominadas familia: guardias, acolhedoras ou de apoio, . importante que os pais compreendam que o inicio de seu relacionamento com a crianga implica um periodo de adaptagio no qual ela poderd ainda tentar preservar os elos que mantinha até ent&o, Aos poucos, se construiré um clima de confianga e proximidade que permitiré que ela se aproxime cada vez mais deles, ; Se, apesar de todo o cuidado na aproximacao gracual com a crian- cando se formar um vinculo de afinidade e afetividade, o pretendente pode desistir da adogiio no estdgio de convivéncia e nao sofreré ne- nhuma punigo de ordem legal, Da mesma forma, a crianga ou 0 ado- lescente também pode recusar um casal ou um pretendente a adogiio, Nesses casos, ser4 necessario o acompanhamento cuidadoso da equi- pe multiprofissional. ; A guarda proviséria mantém-se. pelo prazo estabeiecido pelo juiz, Essa parte do processo precede a guarda defini va @ serve para 12| TonNANDO-sE Pais Pais adotivos tém direito a licenca-matemidade: as maes t6m direito 2 120 dies, no caso da chegada de uma crianga de até 1 ano, 60 dias para as que tém de 7 até 4 anos, € 30 dias para as que tém de 4 a 8 anos, O pai adotive tem direito a licenga de § dias. Por que é importante que os pais sejam avaliados Muitas pessoas se sentem inseguras por ter que ser avaliadas como pretendentes a adogiio. A avaliagdo 6 uma medida importante por varias razdes: G Pode evitar praticas ilegais, como comércio de criangas, ou praticas abusivas que possam feri-las, 1 Pode verificar se os pretendentes esto preparados para a adogao, ¢ inclusive se a adogio é a melhor solugdo para o que eles estiio procurando. Pode ocorrer, por exemplo, de um ca- sal ter problemas matrimoniais e pensar em adotar para me- Thorar o casamento. Nesse caso, a adogio nao é apropriada, ¢ eles so encaminhados a um profissional que ir4 ajudé-los. Pode acontecer também de se querer apenas ajudar um érfio, sem se considerar o que é criar uma crianga até sua matu- tidade, e nesse caso serd mais indicado um apadrinhamento financeiro ou afetivo, © Protege a crianca de pais inapropriados, violentos ou com problemas sérios. A visita 4 residéncia das pessoas pretendentes, faita pelos assistentes sociais, procura avaliar 0 ambiente no qual a crianga viverd. Verifica se ele é adequa- do, se tem higiene, se hé uso excessivo de bebidas alcoslicas ou presenga de drogas. Considera como serao as condigées didrias da crianga: dormir, brincar, comer, estudar, Uma pergunta comum dos pais desde o momento que passam pe- Jas entrevistas iniciais é:“E se eu nado for aprovado?”, Os candidatos © aye voce PRECISA SABER SOBRE ADOGAO | 13 crianga, pois poderao ser reavaliados no futuro e entrar no cadastro de pretendentes. Nesse caso, os jufzes os orientam a procurar terapia ou grupos de reflexio de pais adotivos. 1 Inidéneos: aqueles que cometeram faltas ou delitos graves ¢ poderiam representar um risco a crianga adotada. Eles séo ex- cluidos definitivamente do cadastro de pretendentes & adogio. & importante lembrar que pais adotivos também podem perder o poder familiar sobre a crianga depois de realizada a adogao caso a submetam a maus-tratos, abandono, abuso ou humilhagiio. A avalia- gio dos pais feita pelos profissionais das Varas de Infancia ¢ Adoles- céncia tenta justamente prevenir que a crianga passe por mais esse sofrimento. . Apés a adogo, a familia é acompanhada pelo poder judicidrio até sua completa adaptagio. Ser4 efetuado um novo registro de nas- cimento da crianga ou do adolescente assim que a sentenga de ado- gao for concedida pelo juiz responséivel. O registro anterior, no qual consta o nome dos genitores, é mantido em sigilo por determinagaio judicial e nao pode ser apresentado para nenhuma pessoa. oe 16] ToRNANDo-se Pals Adogao intuitu personae Também denominada Adogio Consensual ou Adogiio Pronta, € a modalidade de adogao na qual os pais biologicos da crianga escolhem quem iré adoté-la. Muitas vezes, cles condicionam a adogéio a uma Pessoa especifica, com quem j4 tém alguma relagao ou proximidade afetiva. les se dirigem a Vara da Infancia e da Juventude acompa- nhados dos pais adotantes para oficializar legalmente a adogio. Se uma gestante lhe oferecer o lho para adogdo, voos deverd se dirigirjunta- Mente com ela a Vara da Infancia e Juventude para iniciar um poss(vel procosso de adlogéo, L4 a gestante serd enirevistada @ teré auxlio dos profissionais, Vooé seré avaliado como pretendente a aciocdo, Note que nem todos 0s julzes acel- tam essa forma de adogao @ eles poderiio requerer que a criango seja entregue .uma familia previamente cadestrada, Esse tipo de adogéio gera muita controvérsia. Nao est4 prevista na lei, mas também no € explicitamente vetada, Alguns juizes nunca aceitam a “adogdo pronta”, ¢ s6 levam em conta os candidatos que fazem parte do cadastro nacional de adogiio, H4 0 temor de que acei- tar esse tipo de procedimento deixe portas abertas para a comercia- lizagao ou trafico de criangas, A genitora pode estar sendo induzida a entregar 0 filo, e as pessoas indicadas para adogdo podem nfo estar suficientemente aptas a criar a crianga. Como os pais adotivos e os bioldgicos ja se conhecem, pode ainda haver dificuldades futuras no relacionamento entre eles, Outros juizes, no entanto, entendem que a mie bioldgica tem o direito de entregar seu filho a uma pessoa que seja de sua confianga, desde que se tomem os cuidados necessérios para yerificar a idonei- dade do adotante. Nao se pode ignorar, nesses casos, a importincia dos vinculos jé existentes entre a crianca e os pais que requerem sua adogio, Devemos levar em conta que ha uma lista grande de pais esperan- do por sua vez para receber uma crianga, e que esse tipo de adogaio poderia ser considerado uma forma de “furar a fila”. Além disso, ha um ntimero grande de criangas 4 espera de adocao nos abrigos... Tiros ne ADogho | 17 abandono e espera por uma familia. Nesse sentido, ser entregue pela genitora para os pais adotivos preserva a crianga de uma série de trau- mas, Do lado dos pais adotivos também ha grandes beneficios, pois podem se prepatar para receber um filho de forma mais tranquila previsivel. Nos casos em que a gestante decide entregar o bebé que jré nascer para determinado casal, este tem a oportunidade de “ficar gravido” e experimentar todas as emog6es de preparagio para a che- gada do recém-nascido. / Conversando com as mies biolégicas que escolhem esse tipo de adogiio, encontramos argumentos fortes come uma seguranga maior ao entregar o filho para alguém em quem elas confiam, e a diminuigao do sentimento de culpa por ndo poder criar a crianga. Entregar o filho para o poder judiciério ou para uma instituigao acaba lhes parecendo muito mais desumano ¢ frio. ‘Armée que quer dar 0 sou bebé para adogdo née sofre nenhume punigao legal, desde que procure 0 Conselho Tutelar ou a Autoridade Judiciéria, Ela s6 soré indiciada se abandonar a erianga em local publico ou na porta de alguna igraja. Nesse caso, pode ser acusada de abandono e sofrer as consoquéncias legais. 7 Adogaio 4 brasileira F. 0 tipo de adogao em que se registra uma crianga como filho bioldgico sem té-la concebido ou gerado, ¢ sem passar pelo process legal de adogio. Essa pratica é ilegal e passivel de condenagao pela justiga. As pessoas que recorrem a esse tipo de adogo acreditam que dessa maneira 0 processo sera mais simples, sem a espera ¢ a incerteza dos procedimentos legais. Alguns ainda creem que a crianga pode- 14 niio saber nunca que foi adotada, j4 que foi registrada como filha legftima. Na realidade, nesses casos, a mae bioldgica tem 0 direito de reaver a crianga se nao tiver consentido legalmente a adogao, ou se nao tiver sido destituida do poder familiar. Algumas genitoras, de fato, se arre- pendem e requerem o filho de volta, o que causa enorme transtorno: nas e 9 crianca. Atual- nara tadnse ac inteorantes deese proces: 18] ToRNANDO-sE Pais ameaga contar tudo a crianga, ou faz chantagens, exige dinheiro, Por isso esse tipo de adogao, além de ilegal, 6 considerado de grande risco. Hi ainda casos de pedidos de anulagéo do registro ilegal da crian- ¢a em disputas pela heranga dos pais adotivos. Quando morre o casal, 08 parentes entram com processo para questionar © direito legal do filho adotado “a brasileira” de ser herdeiro dos bens deixados. Minha experiéncia em terapia com familias que fizeram a adogio “a brasileita” mostra que os pais adotivos ficam intranquilos, como se estivessem sempre as voltas com um fantasma.Temem que a qualquer momento a mae de nascimento da crianga vird reivindicé-la. Lembro- ~me de uma mie adotiva que dizia que tinha muito medo de passear de carrinho com seu filho pelas ruas. Imaginava que alguém poderia aparecer de repente ¢ exigir a crianca de volta. O processo legal de adogao nao é reversivel: todos os vinculos juridicos dos pais bioldgicos @ parentes séo anulados com a adogac. aso significa que ninguém poderd reclamar para ter a crianca de volta, Adogao internacional Estrangeiros podem adotar criangas brasileiras, desde que sejam considerados aptos para fazé-lo. Por lei, a adogio internacional sé ocorre depois que foram esgotadas todas as possibilidades de colo- cagio da crianga ou do adolescente em familia substituta brasileira, No caso de adogio de adolescente, este deverd ser consultado e uma equipe multiprofissional avaliard se ele esta preparado para viverem outro pats, Nas adogées internacionais, o estdgio de convivéncia deve ocorrer 4 no Brasil, por pelo menos 15 dias para criangas de até 2. anos e porno 4 minimo 30 dias a partir dessa idade. Os brasileiros que moram no exterior podem adotar criangas ou adolescentes brasileiros. Nesse caso, a adogao serd considerada inter- 4 nacional. J4 os estrangeiros que moram no Brasil e tém o visto de permanéncia legal podem realizar o processo de adogao de forma se- # melhante a qualquer brasileiro residente no nafs. Tipos DE ADOGAG | 19 Adogao tardia ou de criangas maiores # a adogio de criancas maiores de 2 anos. O termo “adogio tar- dia” tem sido contestado porque pode dar a ideia de que a adogio aconteceu “fora do tempo”, ¢ de que a adogiio “no tempo certo” seria apenas a de bebés. A crianga ou 0 adolescente adotado tem uma histéria anterior ao inicio de seu relacionamento com os pais adotivos, que varia a cada caso; podem ter sido colocados no abrigo recentemente ou h4 muito tempo, em fungdo de morte, abandono ou destituigio do Poder Fami- liar dos pais biolégicos. Algumas criangas conseguiram criar lagos afe- tivos com os cuidadores da instituigdo, Outras passaram por muitas mudangas de ambiente e sofreram com a falta de um cuidado indivi- dualizado. Muitas desenvolveram formas pessoais de sobrevivéncia a caréncia emocional. Essas experiéncias deixario marcas na crianga, que poderdo se amainar com 0 encontro de uma familia adotiva cari- nhosa ¢ presente. Se a crianga passou por situages de privacio ambiental impor tantes, ou seja, de sofrimento e abandono, os pais adotivos devem saber que serd necessdria uma atengio especial a ela, ¢ talvez pér muito tempo. Nesses casos, cles nao serao apenas pais, mas, sim, “pais- terapeutas”, até que a crianga possa recobrar a confianga no novo ambiente. Alguns fatores contribuem para o bem-estar dessas criangas ou adolescentes: @ Estabilidade do ambiente: as criangas precisam se sentir pro- tegidas, especialmente se tiveram uma histéria de abandono ou abuso. Muitas delas apresentam um passado composto de relacionamentos interrompidos e de frustragées, 9 Nao se deve exigir delas que apaguem os elos afetivos que mantém com sua famflia de origem ou com as pessoas da ins- tituigdo onde viviam. As criangas precisam ser aceitas com as experiéncias que estao registradas nelas, assim como com seus sentimentos verdadeiros, 20| TorNANDO-SE PAIS B comum, na adogéo de criangas maiores, que haja um primeiro periodo de “lua de mel” ou de “encantamento”, no qual a crianga pa- rece exultante com 0 fato de ter encontrado uma famflia ¢ se compor- ta bem; em seguida, pode haver um periodo de crise, como se fosse uma espécie de “teste”, em que cla verifica inconscientemente se, de fato, serd adotada mesmo que mostre o pior de si mesma. Nesses mo- mentos podera ficar agressiva e desobediente, ou ainda apresentar comportamentos regressivos. Se tudo correr bem e a familia adotiva | souber lidar com a turbuléncia, a crianga se sentiré cada vez mais s¢- | gura e adaptada ao novo ambiente e passard a viver de forma mais tranquila ¢ saudavel. Em momentos de crise, “os testes” podem re- 4 apagecer, mas, se os pais estiverem preparados para lidar com isso e | souberem que esse tipo de comportamento ja é esperado, nao seré ] dificil retomarem 0 trilho da sintonia entre eles. Os pais adotivos precisa conhecer seus filhos, suas pecullaridades, aceliéas, admirédas e tomar cuidado com as proprias expectativas. Os filhos no seréo como os pais imaginam. Eles tém caracterfsticas préprias. Criangas adotades com uma idade mais avangada podem apresentar maior dificuldade em se con contrar nos estudos, ot dificuldades de retacionamento, em fungée de sue his- toria antorior de privagdo ambiental, Elas precisam de tolerancia ¢ paciéncia e, principalmente, ser amadas com suas limitagdes, Tios ve apogho [21 Algumas dicas para ajuder na adaptagao da crianga: 0 Mantonha suas expectativas dentro des limites reaiistas. A oriange levaré um tempo até quo se sinta segure e possa confiar no vinculo com voce. ” 7 Procure a ajuda de ume pessoa especializada para conversar sobre suas dik vidas. N8o esparo as crises aconteceram. A orientagiio preventiva costuma der bons resultados, 0 Quando possivel, mantenha © vinculo da crianga com os irméos, aso ela te- nha sido separada deles. Frequontemente eles tem ume historia compartilha- dda que 08 ajuda a construir seu sentimento de identidado. Adultos adotados que perdoram o contato com seus irmaos muites vezes sofrem muite mais com essa perda do que com a falta do contato com os pais biolégicos. 1 Deixe claro para a crianga quais sé as principais nomas da familia ¢ as conse- quéncias da quebra delas antes que ele as descubra por conta prépria, Nao so esquega de que a crianga veio de outro ambiente, 9 que para ela ndo 6 usual 0 quo pare vavd aode ser 0 certo ou 9 i6gico. Communique se com ela, saiba como ram as ragras © 08 costumes no lugar onde vivia, explicue e dé os limites com tranquilidade. (J Permita que a crianga reproduza ou conte algo de seus costumes antigos. Valorize coisas do seu pasado. Dizarlhe que s6 tém valor as experiénoias vividas @ partir do momento em que foi adotada por vocé é denegrir uma parte importante dela. 4 CD Tenha paciéncia com os momentos de transigéo, As aproximagées podem ‘sor graduais. Para essas criancas, a adogfio € como um novo nascimento, pas: sando por um parto dificil e laborioso, mas que Ihes permite a eto; mada do desenvolvimento. Aos poucos, clas “vio se esquecendo” d perfodo de caréncia anterior 4 adogo. O medo de um noyo abando} no, no entanto, esté sempre como pano de fundo e é muito important é que os pais adotivos possam lidar com isso para ajudé-las a se senti seguras. 4 Pais que adotam criangas maiores se beneficiam muito com acompanhamento psicoldgico de profissionais especializados. Co preender o que se passa com a crianga permite que se tomem as mt didas adequadas a cada momento e previne turbuléncias, Algum: criangas ou adolescentes também precisam de acompanhamento “aod Adogao inter-racial Zia adogiio de uma crianga de raga diferente da dos pais adoti- vos. Em fungao da distribuigdo socioeconémica no mundo, na maio- tia das vezes esse tipo de adogio envolve pais brancos que adotam ctiangas negras, asidticas ou indias. No Brasil, onde boa parte da populagao € resultado de miscigenagao racial, hd uma variedade grande de tipos de cor de pele, que vai do negro, ao mulato escuro, mulato claro etc, Isso faz com que muitos pais adotantes nao apre- sentem discriminagdo em relacdo A crianga mulata. Apesar disso, as cridingas predominantemente negras apresentam uma probabilidade muito menor de ser adotadas, e permanecem por muito tempo nas 22) ToRNANDO-SE PAIS om fungio de sua raga, j4 que todos siio iguais apesar das diferengas fisicas, Nesse sentido, adotar uma crianga de outra raga contribui para ‘uma maior integragdo e troca entre os seres humanos. Outra corrente acredita que, dentro do possivel, devem se evitar adogées inter-raciais, porque expdem a crianga a experiéncias desagraddveis de discrimina- Gio € a afastam de suas raizes culturais. As pesquisas feitas com criangas adotadas inter-racialmente mostram que essas adogées tém tanto sucesso quanto aquelas que so feitas entre pessoas da mesma raga, Nao h4 como negar, no en- tanto, que haver4 um esforgo maior de adaptagao quando as ragas dos pais e da crianga/adolescente forem diferentes. Em geral, pais e filhos querem se parecer, E como se os filhos pudessem ser a conti- nuidade dos pais ¢ isso mostrasse a ligacdo de parentesco que existe entre eles, Na adogdo inter-racial, essa continuidade se baseia espe- clalmente em um sentimento, em algo abstrato, e nfo na concretude da aparéncia fisica. Quando a adogao ocorre em fungio da esterilidade do casal que nao elaborou suficientemente o luto por no poder dar & luz um fi- tho, ter uma crianga muito diferente deles pode funcionar como um ° lembrete constante do fracasso de sua limitagio. Nesses casos, pode ; ser muito mais dificil para cles aceitar expresses de agressividade | ou impulsividade da crianga. Eles podem imaginar que a crianga nado : teria aquele comportamento que eles desaprovam se ela tivesse nas- | cido deles. 5 Pais que adotam ctiangas de outras ragas precisam se prepa-| rar, conversando com profissionais especializados. E importante | que saibam os desafios que eles ¢ a crianga podem vir a enfrentar, | como expressées de discriminagao racial. Podem ocorrer situag6es como as relatadas por alguns pais, nas quais a crianga foi chamada} de “negrinha”, ou foi barrada no supermercado com suspeita de sets “trombadinha? ou ainda foi confundida com o “filho da empregada” 4 Infelizmente, ainda existe em nossa sociedade a ideia de que as pes: soas de ragas diferentes sao “inferiores”. E imprescindfvel nao fazer “o jogo do contente” e negar que i possa ocotrer com o fitho adotado. E preciso protegé-lo. Enfrentar Tiros dE aDogAo |23 Conversar com 0 jilho com frequéncia e tranquilidade sobre as questées raciais e sobre ¢ 0 que cada um sente ajude-o a construir um sentimento de autoestima Depoimento de um pai adotivo Minha experiéncia com a adogéo tem sido muito boa, Nossa filha tem hoje 7 anos. Esté uma menina linda, saudével e muito inteligente, Nose histéria de adogo comegou aods a constatagso de cue pode- famos ter filhos biol6gicos somente por inseminagéo artificial, Por principios éticos pessoais decicimos pela adogdo. Comegamos a sondar os Foruns para ver como fucioneva. A fila era Gesanimadora, esperarfamos cerca de 2 anos, Por meio de uma amiga contatamos uma advogada que conhecia a mae biolégica de nossa filha, Ela es- tava no sétime més de gestacac e queria dar o bebé. Iniclamos um acompanhamento com a mae por intermédio dessa advogada, subsi- diando exams ¢ alimentagéo. A informagao que tinhamos até endo era que a mée era morena, ¢ 0 pai da crianea, loirc. Postotiormente, quando minha esposa foi conhecer a mae biolégica, ela observou que ela era negra, Depois de nascimento, fui buscar minhe filha, Quando @ peguei nos bracos ola sorriu, ¢ esse foi um momento muito marcante, Trouxe- mos nose filha para casa, ¢ tudo foi se passendo de manoira mifito natural. Sua cor diferente nao tinha importancia nenhuma, Nossas familias @ acolheram muito bem. Nao escolhemos ter uma filha negra. Foi tudo muito natural, Inclusi- ve uma das coisas que mais machucavam no proceso que acontece nos Féruns 6 que se preenche um questionaric grande com as ca- racterlsticas desejacas @ indesejadas pera o bebé, e minha esposa ‘néo consoguia colocer “aceito” em questées como: malformacées, vitima de abusos, vitima de incesto... Como s@ podia querer isso para seu filho tio esperado? Jé 0 precesso pelo qual passamos as- semelhou-se muito a uma gestacdo natural, nossa filha seria nossa filha do jeito que ela viesso. Um fato interessante é que quando ela ora bebé ndo notévamos sua cor como diferente, pois quande ola esteva no nosso colo sentlamos que ela era téo nossa que a cor ndo era algo que destacava, $6 nas Totogrefias 6 que a cor diferente chamava a atengfo. Nossa priorida- de era ter um filha. A cor nao tinha importancia, Na familia de minha esposa hé um cunhado negro 6 sua filha parece itma ds minha filha. A diterenga de idade & pequena e as duas se Eo muito bom. Certa vez uma prima loira que mora em um local distanta comentou com minha filha a diferenga de cor, o que foi mo- oe de 24) ToRNANDO-SE PAIS A escola que minha filha froquenta 6 quase exclusivamente const tulda de alunos brancos e Id cla 6 aceita normaimente. Minha filha 6 que se incomodou com sua cor, por sera nica negra de sua sel, Na igraja também ja questioncu sua cor, @ acabel mostrando-Ihe quan- tos eram até mais negros do que ela. Vaio que ela observa sua cor € algumas vezes jd disse que queria que fosse igual & minha. Eu cisse ‘que eu é que quetia ser da cor dela, e realmente 6 uma cor muito lin- da. As vezes ela conta com descontragac que na escola comentarem algo sobre @ cor dela, @ quo ela responde que é a cor de Nossa Se- nhora, No momento a questdo que mais aparece ¢ 0 cabelo, que ele gostaria que ‘fosse liso. Reventemente fai feito um alisamento com “chapinha” em seu cabelo. Nos primeiros momentos sua reagao foi de éxtase, como se tivesse realizado um sonho. Depois de alguns dias ela jd falava que estava sentindo saudade des cachinhos... Hé muitas coisas que poderiam ser falades dessa exoeriéncia téo rica ¢ gratificante de adogéo. Ser uma crianga de cor diferente aca- ‘pou se tornendo s6 urn detalne. O amor que se sente é algo dificil de relatar, As dificuldades que aparecem sao comuns criagao de um filno, seje ole aciotivo ou biolégico. O relato comavente desse pai nos mostra como a cor diferente traz questOes diversas para a familia. Nesse caso, os pais adotivos aceitaram e se identificaram plenamente com a crianga independen- temente da diferenga de raga. A filha adotiva, no entanto, se sentia “estranha” no cfrculo familiar e social e precisava aos poucos perce- ber que suas caracteristicas fisicas poderiam ser valorizadas, mesmo sendo diferentes. Se 0 seu filho tem uma raga diferente da sua, vocé pode ajudé-lo a se integrar melhor: 7 Escolha sua residéncis numa regiée onde morom: pessoas de diferentes ra G28. Participe de instituigdes multiétnicas, Assim ele néo seré a Gnica pessoa diferante no seu entorno, seré como todos os que o radeiam, Estimule 0 contato da crianga com outras pessoas de sua raga, adultos @ criangas. 11 Oferega-ihe brinquedos, livres, produtos artisticos relacionados com a sua raga. Conte-the historias, colebre as datas que valerizam a heranga cultural de sua origem biolégica, Isso 0 ajudaré a construir um bom sentimento de autoestima. 0 Transmitathe uma imager positiva de sua raga. Estimule o desenvolvimento Tiros De apogio |25 Adogao de criangas portadoras de necessidades especiais FB a adogao de criangas que apresentam deficiéncias das mais diversas, como problemas motores, ortopédicos, neurolégicos, HIV, sindromes, sequelas de maus-tratos etc. Os problemas podem variar de algo tempordrio e relativamente pequeno, até incluir doengas terminais. As pessoas adotam criangas que demandam cuidados especiais por varios motivos: seus filhos bioldgicos jé esta crescidos e elas sen- tem que tém mais amor para dar; podem se identificar com a crianga e sentir empatia por seus problemas; pode haver motivagées religiosas ou questdes de consciéncia; podem ser pessoas que estio ligadas a instituigdes, educadores, profissionais que lidam com esse campo das deficiéncias. Quando se dispoem a adotar criangas com necessidades especiais, og pais se comprometem com todo o investimento pessoal, financeiro e dedicagdo que serio exigidos deles. A crianga poderd necessitar de consultas médicas frequentes, fisioterapia, procedimentos clinicos ¢ acompanhamento profissional especializado. & essencial que os pais estejam informados sobre os cuidados e o investimento que sera ne- cessério para cuidar da crianga. Ao ser adotada e receber cuidados e carinho especial, ela pode apresentar melhoras em seu quadro e algumas vezes até remiss4o do problema, dependendo do caso. i importante, no entanto, que os pais tenham expectativas realistas quanto a probabilidade de evolugao da doenga da crianga. Pais que optam por esse tipo de adogéio deparam-se com as mes- mas questées que os pais biolégicos de criangas com deficiéncias f- sicas ou emocionais. H4, contudo, uma diferenga importante: os pais adotivos escolheram um filho com essas caracteristicas e, portanto, ja estavam preparados para os desafios que teriam de enfrentar. Quan- do uma deficiéncia néio 6 esperada, os pais biolégicos normalmente reagem com choque, dor, negago, raiva ou algum tipo de luto. Eles (em de se defrontar com a perda da crianga saudavel imaginada por 26) TorwanDo-se Pais a situagdo de maneira saudavel e equilibrada. As vezes se sentem culpados por terem gerado uma crianga “defeituosa” ou imaginam que é alguma espécie de castigo por algo errado que tenham feito ou fantasiado. Os pais que adotam as criangas com deficiéncias, por outro lado, tém claro que a condigio delas nao é consequéncia de seus atos ou pensamentos. Pelo contrario, essas pessoas sabem que tra- rio para a crianga uma oportunidade valiosa de viver com mais qualidade. Podem planejar suas agdes ¢ as medidas que precisarao tomar para cuidar do filho considerando seu estado de satide e suas limitagdes. Os demais filhos do casal adotante provavelmente serao incluidos no cuidado a crianga, Fi grande a probabilidade de que ela demande um tempo maior de atengio e de cuidado, ¢ os irmaos As vezes se ressentem ou ficam enciumados. Eles podem, ainda, nfo mostrar suas queixas em fungio da culpa por estar em condigées fisicas saudaveis, ao contrério do irmio. Os pais devem estar atentos para niio descui- dar do olhar e do interesse em relagéo aos outros filhos em fungéio do cuidado da crianga deficiente, Nos tiltimos anos vém sendo adotadas algumas medidas que pro- curam preservar os direitos dos deficientes e melhorar suas condigdes de vida. Isso torna mais facil a criagdo de criangas ou adolescentes que necessitam de cuidados especiais. Adogao por pessoas solteiras De modo geral, as adogées feitas por pais adotivos solteiros +ém mostrado que esse tipo de adogio pode ser satisfatério. Nes- ses casos, observamos, na maioria das vezes, uma dedicagao muito grande & orianga, sem os conflitos inerentes As divergéncias de um casal sobre disciplina ou assuntos relativos educagao do filho. Por outro lado, a falta de um parceiro que divida com eles as dtividas e ansiedades inevitaveis no processo de criag&o faz com que se sintam por vezes sobrecarregados, e isso pode influir no comporta- mento da crianca. Tiros ve apogao |27 Por que pessoas solteiras querem adotar filhos? Por que nfo esporam encontrar um companheiro que possa dividir com olas a patemidade/maternidade? Alguns motivos: CI Nao tém a intengdo de se casar, mas querem ser pais ou mes. Podem ou nao ser inférteis, 7 Gostariam de se casar, mas alnida néo encontraram a pessoa adequada para isso, e nao querem adiar o desejo de cuidar de urna crianga. 1 Poder ser homossexuais @ vivem em regiées onde o casamento homosse- nual no 6 permitido. Poder sar divorciados e nao desejam se casar de novo, mas gostariam de tar fihos, " 10 Querem dar uma familia @ criangas que precisam de um far. Hi certa resisténcia em considerar a adog&o por pessoas soltei- ras uma boa op¢do para a crianga, embora a lei a considere valida. Frequentemente sao designadas para esses pais criangas mais velhas ou grupos de irméos que tém mais dificuldades de serem adotados. Algumas das desvantagens citadas pelas pessoas reticentes a este tipo de adogéio sao: | Acrianga precisa de um pai e uma mae, Quando um esta mui! to cansado, doente ou ausente, ela pode contar com 0 suporte do outro. © A estrutura famitiar formada a partir de um casal ajuda a ctianga a formar dentro de si a imagem de um par que se ama, o que ird influencié-la em suas futuras escolhas amorosas. 0 Accrianga precisa de modelos parentais dos dois sexos, femi- nino e masculino, para desenvolver sua identidade sexual. 9 Seo pai ou a mie adotivos morrerem, a crianga ficard drfa. © Nao ser possivel dividir as despesas com a criagao do filho com outra pessoa, Ele precisard ter uma pessoa que cuide dele enquanto o pai ou a mae trabalham. FE necessério haver uma situagdo econdmica que torne possivel a criag&o da crianga, Tais argumentos nao inviabilizam a adogao por pessoas solteiras, Certos cuidados podem dar conta das posstveis dificuldades, O pai ou amie solteirne necacetam da nacenna ene. 28 ToRWANDO-SE PAIS Pessoas préximas do sexo oposto a0 da crianga, como avés, tios, padrinhos ou amigos intimos do pai ou da mae, podem the fornecer modelos que ajudem a formar sua jdentidade sexual. Da mesma for- ma,o contato frequente da crianga com casais pode Ihe oferecer opor- tunidades de vivenciar experiéncias de relacionamento com um casal. Os argumentos a favor desse tipo de adogao consideram, ainda, que nem sempre ter sido criada por um casal de pais dé a crianga um bom modelo de relagio amorosa, Em alguns casos ha tanto desentendi- mento e turbuléncia entre o casal que 0 resultado para a crianga é a descrenga em uma relagdo amorosa positiva. Frequentemente, 0 pai ou a mae solteiros mostram tanta dedi- cagio ao filho adotivo que deixam de ter uma vida prépria. Podem fazer da crianga sua razdo de viver de tal modo que acabam por nao cultivar suas relagSes sociais ou suas necessidades amorosas, sexuais | etc, Isso cria uma situagio que propicia o desenvolvimento de pro- blemas futuros, & muito importante que pais ¢ filhos cultivem tam- « bém momentos em que a individualidade e a privacidade tém lugar. Hl Para os primeiros pode ser dificil admitix que algumas vezes gosta- riam de ter um tempo longe do filho. Esse tipo de sentimento nao ¢ representa falta de amor, faz parte do relacionamento normal entre 08 individuos. © apoio psicoldgico e emocional vindo da familia, de 4 amigos e de profissionais que possam orientd-los mostra-se de gran- de importiincia. Adogao por homossexuais Segundo a lei brasileira, nao hé discriminagao quanto a orien-J taciio sexual do adotante: homossexuais podem adotar, desde que tenham condigées de acolher a crianga. Um casal homossexual nao podia, entretanto, adotar conjuntamente, ja que a legislacao brasig leira nfo reconhece o casamento civil entre pessoas do mesmo sexolf] Nesses casos, era comum que um dos integrantes do casal homoss i xual fosse postulante & adogao, ¢ informalmente a crianga era criadq pela dupla, Em maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal decidiij ee acuinaracio da unido homoafetiva A unido estavel. A partir dy Twos ve Aoogdo /29 A adogiio por homossexuais é um tema que causa polémica. AJ- guns argumentam que apenas hetetossexuais deveriam criar crian gas . ae e S brecisam de pais dos dois sexos para formar uma ident ni lade sau vel. As pesquisas realizadas com criangas adotadas pot omossexuals ‘Mmostram, no entanto, que elas apresentam um csenvol vimento. similar as criadas por casais heterossexuais, Da mesma formes we criado por uma pessoa homossexual nao implica que e i 10 am ém terd a mesma orientagéo sexual, A identidade vex : lepens le de uma série complexa de fatores, que inclui a pre- isposigao genética ¢ as caracteristicas do.ambiente soa cresceu, ne anal Bese vai aoaepare considera que a crianga adotada por gays ou lésbicas © preconceito de pessoas quanto A ori orientagao se- nual de seus ma. Ela p pode sofrer zombarias ou builying dos colegas cidos. Questées relativas a conti ili : iguragdo familiar que foge d padres normalmente estabelecidos, tolerancia e homofobia. serto mas Comuns em sua vida, principalme: i y nite a partir da adolescénci: Nessa fase, a preocupagiio com a aprovagao social pode trazer cont los e inseguranga. Os pais devem prey i i ‘ { is parar a crianga desde cedo paya "dar com a pressio social que esta poderé enfrentar, conversando tespeito desses temas e ajudando-: . adequadas ¢ formas de protegao. " * adesenvolverrespostas m Os Pais veem-se diante da tarefa de ajudar o filho a construir um s rune fe onde a diversidade 6 reconhecida e bem-vinda. Ela cresceré ou ja fami lia na qual hd duas maes ou dois pais, assim como hé ia ‘lias constituidas por s6 um pai ou sé uma mae, uma avé ie, e assim por diante. Se tudo mais correr bem, a crianga estar: i segura quanto Aestrutura de sua familia e tera condic oe de li ‘ream 0 preconceito. Ses dolidar com Al mange, Dessous argumentam contra esse tipo de adogio afir- fine p eens ma probabilidade maior de a crianga ser abusada. cio eva a ni confirmam esse temor. Quando ocorre uma sele- Tacos inn os candidatos A adogio, pessoas com problemas psico- ort A i 1 fuefe dn eras nao so consideradas aptas a adotar. Talvez em q na selecdo dos pretendentes quandn ea teata 2. 30] Tonvanno-se PAIS . Adog&o por pessoas mais velhas Muitas pessoas que jé passaram da idadetem que normalmente se tem um filho (50 anos ou mais) candidatam-se A adog&o. Sua idade cronol6gica nfo representa um limite & possibilidade de eriar uma crianga. Hsses pais podem apresentar algumas vantagens sobre os pais mais jovens, a saber: 1 Mais paciéncia. 1 Mais tempo disponivel para o filo. a Maior maturidade emocional. 1 Condigées financciras mais estaveis. Por outro lado, hé alguns fatores que trazem 0 risco de haver problemas: a Podem ter dificuldade em entender a crianga ou o adolescen- te, por serem de uma geracdo muito distante da dos jovens. 4 Podem ter menos forga para lidar com o filho, Sua satide pode ser uma limitagio na energia necessaria pata criar uma crian- ga. Antes de realizar a aclagao, os pais precisam ser alertados sobre os desafios que poderao enfrentar na criagdo da crianga, a fim de verificar se realmente se sentem preparados. 0 Podem parecer mais avés do que pais. Isso poderia incomodar a crianga na frente dos amigos. Na realidade, o mais impor | tante para a crianga é que haja amor ¢ cuidado adequado. 4 As questdes de aparéncia nesses casos se diluem se a ligagio | entre pais ¢ filhos é préxima ¢ com sintonia, i Podem ficar doentes ou até morrer antes que 0 filho tenha 4 crescido 0 suficiente. Quando os pais sdo muito mais velhos 4 que o filho, é importante que tenham contato com outras pes: soas com quem possam contar ¢m caso de necessidade. Os filhos de pais mais velhos frequentemente ficam angustiados imaginando que poderao perder precocemente os pais, Esse 6 um as- sunto que deve ser discutido com naturalidade. A crianga deve saber que, caso isso aconte¢a, ela nao ficaré desamparada. Além disso, ela: be nes Tiros De ADogao [a1 Adogao de embrides © avango tecnotigico atual permite que se realize a adogéo de embrides. Ela se inicia quando um casal realiza uma fertilizacdo vitro, na qual o 6vulo é unido ao espermatozoide em laboratécio co embriao resultante é implantado no titero da doadora do dvulo, Pe Jas normas éticas vigentes, é permitida a implantagho de apenas dois embrides por vez. Caso a mulher engravide, os embriées remanes- centes sero congelados, 4 espera de novo processo de fertilizagi O casal pode abrir mao deles ¢ dod-los para adogao. Neste caso, Sie niio saberso para quem foi destinada a criatiga nem receberao nada por iso feito, entiio, um teste genético para a detecgdio de defeitos gene cos © se estiver tudo bem, o embriao sera implantado no titero pee ponto de vista juridico,a adogdo sé € passivel de ser realizada ® 0 nascent da cranes, Embrides congelados so desprovidos Alguns casais optam por esse tipo de adogio porque sonham em poder acompanhar o filho desde a gestagdo © participar ativamen: te do momento do nascimento. O desejo de dar a luz uma crianess mui fore, inclusive porque Ihes permite pensar que “a crianga veio Hé questdes éticas importantes referentes aos embrides congela- dos que podem ser descartados, razo pela qual alguns nao estimulam esse tipo de adogdo. Algumas pessoas siio contra a ideia de ter filhos gerados em laboratérios, ao passo que outras se mostram muito feli- 2e8 por poder realizar o sonho de ter um filho desde 0 infcio de sua vida, Do ponto de vista psicoldgico, esse tipo de adogiio atende ile forma Positiva & crianga, que nao precisar4 passar por uma rupture fraumética ha separagiio em relagéo mae bioldgica, ¢ aos pais ado- ivos, que, por desenvolverem um lago afetivo j4 na gestagdo, sentem como se esse tipo de filiagdio tivesse mais legitimidade, , Parte PREPARANDO-SE PARA ADOTAR as X ty= Pec SA PREPARANDO-SE PARA ADOTAR | 35 34| Toxnanoo-se PAIS publicitérias, apelos por atos de bondade e de desprendimento, dis- Quanto tempo é necessario para adotar? t cursos inflamados pela igualdade das ragas, tudo isso € louvavel, mas a Para algumas pessoas, 0 tempo de espera para adogio é de me- am i" 7 on nao leva em conta a capacidade r i ses ou até de um ano, Outras, no entanto, levam até varios anos até crianga. Se voc® no aoe ruc s¢ veal das oe can de se ligar a uma Gjue chegue sua ver na ila da adogio 1ss0 vai depender das esttig8es ff portacora de necessidades aa socials cut tendo jando de uma erianga feitas pelos pretendentes com relagdo a sexo, idade e condigho fisiea P we peciais ou tendo um filho muito diferen- S 1 i" a te de vocé, é importante que isso seja respeitado. Nao se sinta pres- da erianga. A maior parte prefere criangas brancas, com até 3 anos de jonad . . 7 . Pl ° 5 . an . sionado a accitar uma situagéo que vocé pao consegue intimamente idade, e saudaveis. Ocorre que nos abrigos a maioria das criangas ap- aa, 2 ” . on i tolerar, pois isso poder resultar em problemas futuros. Os pais nao tas para adogao € mais velha e/ou faz parte de grupos de irmaos que . fei F n precisam ser perfeitos, s6 precisam ser humanos. serio adotados conjuntamente. Quando se tem um filo biolégico, nao hé . Frequentar abrigos em busca de uma crianga para ser adotada gico, nao hé garantias de como ele v F sera. Certamente ele atenderé a algumas expectativas e frustrard ou- pode se mostrar um procedimento frustrante, pois boa parte das oO ° See 0 a tras. O mesmo ocorre com o filho adotivo. Nao hé filho perfeito. Ele criangas que estao nessas instituigoes ainda nao est4 apta para adocado. 4 . . 7 no serd exatamente como se imagina. O filho real difere do filho Juliana @ Meuro, ao visitar um abrigo, ficaram encantados por dois imagindrio em aspectos diversos, dependendo de cada caso. Para al- meninos gémeos e iniciaram uma longa luta para adoté-los. Ao final uumas pessoas é dificil consi . i Yo moses, reveberam a noticia de que 2 mae biol6gioa ainda reivin- ane nsiderar que as diferengas fazem parte das relagdes humanas ¢ podem ser enriquecedoras. Felizmente, na maior dicava sou poder familiar sobre as criangas, embora néo pudesse n retiré-tes da instituigdo. Eles compreenderam, entéo, que esse cami- parte dos casos, o convivio faz com que as diferengas passem a ser rho para encontrar uma crianga 96 revolava inadequade @ com mute algo irrelevante. isco de provocar decepodes. ‘A cspera pela chegada de uma crianga pode ser torturante, Fua- Vocé esta pronto para adotar? ’ ; ciona como uma espécie de gravidez que nao tem um tempo deter ininado para terminar. A participagdo dos pais nos grupos de apoio & adogio ajuda a suportar esse perfodo ¢ a poder compartilhar com outras pessoas suas chividas, expectativas e medos. A Nova Lei de Adogio (Lei n. 12.010/09) estabelece a necessida- ‘A decisfio de adotar uma crianga 6 um passo importante e defini- tivo tanto na vida dos futuros pais como na da prdpria crianga. Esta Ultima passou por situages traumaticas em graus diversos, depen- iE dendo do caso: foi separada dos pais biolégicos, passou pelas maos de F de de que os futuros pais se preparem para a adogio, Frequentar esses pessoas intermediérias, morou em abrigos, experimentou sentimen- i grupos ndo ¢ obrigat rio, mas 6 aconselbavel. Para os pais a espera da tos de abandono e desamparo. Ser recebida em um ambiente familiar i ehepada de uma etianea, esses grupos funciona como 05 CUESOS Pre adequado Ihe é essencial. Do lado dos pais, a expectativa de criar um : paratérios que as gestantes ¢ seus companheiros fazem normalmente-- filho as vezes esbarra em situagdes de grande turbuléncia, quando 4 para se preparar para 0 nascimento do filho. eles nao estéo devidamente preparados para a adogao. Se yoré pensa em adotar, algumas condigdes devem ser levadas 4 Freauente um Grupo de Adocéo perto de sua resiiéncia: consulte # Associagio em conta: Nacional dos Grupos de Apoio 4 Adogéo. fitto:#www.angaad.org.br). G Vocé pensa em adotar porque vocé nao tem outra escolha, i vocé nao conseguiu gerar um filho, e esta é uma solugiio in- il satisfatéria, mas vocé vai tentar? Neste caso, a adogao nao é 36) ToRNANDo-sE PAIS O° Vocé tem uma satide razoavel que Lhe permita criar a crianga no minimo pelos préximos dezoito ou vinte anos? 1 Vocé pode arcar com os custos de cuidar desse filho? G1 Seu trabalho ou sua carreira Ihe permitem tempo suficiente para cuidar da crianga (nfo precisa ser o tempo integral, mas o necess4rio para que ela possa estar de fato acompanhada)? O Seu parceiro na adogao est4 pronto para esse processo? A adogao é consensual de fato? As criangas merecem ter pais que as amem incondicionalmente, Néo tire da crianga essa oportunidade de se sentir completamente querida em uma farnilia adotando-a sem ter certeza do que esté fazendo ou de quo vai poder améta plenamente. Outros poderdo proporcionar tal condigéo a ela. Problemas matrimoniais sérios ou divergéncias importantes en- tre o casal sobre adotar ou ndo uma crianga representam fatores de risco ao sucesso da adogo. A crianga adotada sente essas questdes como se fossem indicios de rejeigao a ela e pode desenvolver uma série de comportamentos turbulentos ou provocativos em fungio disso. As criangas tém uma visio de mundo autocentrada, o que signi- fica que tendem a interpretar tudo 0 que acontece como se fosse di- retamente causado por elas. Por isso ndo conseguem discriminar que os problemas dos pais sio dificuldades deles, e nado decorrentes das supostas falhas delas. Dentro do possfvel, os filhos devem ser prote- gidos dos conflitos matrimoniais dos pais. Presenciar constantemente brigas, ser pivd nas separagées, ser pressionado a tomar partido por um dos pais séo fatores extremamente patogénicos, especialmente para as criangas adotivas, mais sensfveis As situagdes de turbuléncia ambiental. Medos mais comuns dos pais ao pensar em adotar uma crianga Varias questées atemorizam os futuros pais adotivos. Algumas - PrepanaNDo-se PARA ADOTAR | 37 Isso pode ocotrer com filhos biolégicos, assim como com adota~ dos, Na maioria das vezes nfo se pode prever o que acontecerd, mas se alguma doenga ocorrer os pais terao de lidar com ela como com tudo 0 que acontece na vida das pessoas. Além disso, os responsaveis por conduzir o processo de adogao devem informar aos pais adoti- vos as condigées conhecidas da familia biol6gica, sejam problemas de satide transmissfveis, quest6es de alcoolismo ou uso de drogas, HIV, doengas adquiridas por vida promiscua dos genitores, e assim por diante. EB também muito frequente que, em fungio de uma situagio jnicial de caréncia ou pobreza, a crianga apresente algum tipo de dis- tirbio fisico que é posteriormente superads com o cuidado adequado ea presenga carinhosa dos pais adotivos. 9 Ese a crianga nao estabelecer um bom yinculo com os pais adotivos? Essa preocupagiio ocorre mais comumente nos casos de adogio de criangas maiores ou de grupos de irmdos. Alguns pais imaginam que deveria haver um forte sentimento afetuoso desde os primeiros momentos da adoc&o e nao compreendem que isso leva um tempo para acontecer, visto que a crianga viveu situagies dificeis de separa- ¢fio e muitas vezes de abandono ou privagio. Com paciéncia e afeto permanentes, ela adquire confianga no novo ambiente ¢ estabelece pouco a pouco uma ligaco forte ¢ viva com os pais adotivos.O bom manejo das situagdes que vio aparecendo proporciona condigées para que essa aproximagio aconteca. @ Ese amie biolégica reaparecer e reclamar a crianga de volta? Depois de completo o processo de adogao legal, nao ha possibili- dade de reverter a adogiio, A adociio é para toda a vida. Nao 6 a genética que cria o vincuio entre pais ¢ filhos. E o amor, as experiéncias compartihadas @ © comprometimento. Quando 0 casal tem outros filhos O filho adotado pode nao ser o primeiro filho. Adotados ou bio-

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