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MaoTp May, Tim CDU 303, 81.833 8308 CCatalogaso na publicagio: MOniea Balefo Canta ~ CRB 10/1023, ISBN 85-363-0199.6 Pesquisa Social Questées, métodos e processos Setigdo ‘Tradugio: Carlos Alberto Silveira Netto Soares Consultoria, supervisio e revisdo técnica desta edigdo: Soraya Maria Vargas Cortes -as Sociais pele Landon School of sal Science. Professora no Departamento de Sociologia dla Universidade Federal do Rio Grande do Sul PhD em ZL SP 2OO7LIB fe do livro. O leitor também detectaré muitas fangas, cuja intencAo ¢ ajudar o entendimento, mantendo-se a par das inovag6es mais recentes na pesquisa soci Ao fazer essas mudangas, espero que o lei mas que rete jcialmente: ou seja, para avangar 0 nosso entendimento sobre nés mesmos e sobre os outros ¢ pai gGes ¢ a dindmiea que so geradas nas s sitamos prod| eflexivas e dis as nas ciéncias engajamento com as questdes so- ciais de modo a tornar as pessoas mais capazes de entenderem umas as outras em condigdes melhores para todes. +N. de RT. O term portyguss nas einciassocisis. A ‘ado em portugués, como “compreens Aefinigdes e conexdes tesricas expecifiess, Preféicio da segunda edigio aaa mana & Prefacio & tereeira edigio x Introdugio 35 Parte I ji Questées na pesquisa social 1 Perspectivas da pesquisa social cientifiea ..cenennn arene scolas de pensamento na pesquisa 2 Feminismos e pesquisa : 32 Regu ana va Questées para rellexdo 2 2 Teoria social e pesquisa social... a on 83 (© relacionamento entre a teoria ea peagulsa soc CII Situando a teoria social e a pesquisa ble Res : 58 Quesibes pata Felerdo ov nunmnnmnnnamnsewnnan en 3 Valores e ética no processo de pesquisa Eee 6 ‘Valores e pesquisa social a a relagaa comma pesquisa social gs St ee eae Tellendo nnn Eerie : 285 Parte IT H Métodos de pesquisa social tépico e recurso sn 89 Bi 90 92 : 39 moa Questbed para reliexdo 107 5 Surveys sociais: do desenho & anise. Com Hatem ions legis do met de curvey : ; Sateen. : : as consis Jian Escala de aes. ‘anale de quesiandios Serve enna 2S cnoogin eo henin estes pac elie 6 Entrevistas: métodos ¢ processo 145 Enurevistas na pesquisa social... betta 145. Conduzindo entrevstas na pesquisa social 152 ‘A analise das encrevistas ela sell ble 164 (Questies nas entrevista 169 Res . wv Questées pera tefl 392 7 Observagao participante: perspectivas e pritica ‘Obseractoparcpante e pesquisa socal ‘prédca da observagao partcipante A bnalize das obeervagoes a ‘Questoes na odservagio partiipante i Pesquisa de etudo de cabo : Resumo Questées para elena 8 Pesquisa documental: escavagbes € 1 lugar dos documentos na pesquisa soc © proceso da pesquisa document A analise de documentos fdencias. ‘Questdes na pesquisa documental Resumo Questées para relies 6 proceso de pesquisa tronsnacona! © poteneat da pesquisa compasatva Problemas na pesquisa comparntiva Poteneale problemas: uma visto gel Resumo... bs = Questies pars ele Referencias 288 2 Indice remissive 385 Introdugao (Os métodos de pesquisa constituem uma parte importante das ciéncias sociais e se constituem em um instrumento por meio do qual é promovido © seu desenvolvimento intelectual. De fato, com freqiiéncia 0 seu status como “ciéncia”é justificado aludindo-se aos aspectos técnicos dos métodos de pesquisa, enquanto 0 préprio termo “ciéncia” traz consigo idéias de areas de estudo que so acessfveis somente para aqueles que passaram por lum extenso processo de treinamento para entender o seu funcionamento interno. Ao mesmo tempo, também hd aqueles, nessas disciplinas, que po- deriam caracterizar-se como “tebricos” em vez de “pesquisadores”. Os tlti mos concentram-se no processo de pesquisa, enquanto os primeiros pode- iam argumentar que tém uma vantage ao se distanciarem do mundo empirico para poderem refletir sobre os processos e os seus produtos. Ampbas as visdes tém mérito, pois nao sdo opostas como os seus respec tivos protagonistas com freqiiéncia afirmam que so. Como veremos, tanto um pensamento inovador como uma atencao meticulosa para os detalhes da coleta de dados informam a prética da pesquisa social. A teoria, a meto- dologia e os métodos sao todos parte das questdes e dos processos que cercam e informam a disciplina. Entretanto, essas diferencas levam a dis- putas, assim como a confusdes, sobre a natureza da pesquisa os métodos que ela deveria empregar na busca de seus objetivos. Por essa razao, nos primeiros trés capitulos deste livro, examinamos as maneiras pelas quais obtemos 0 nosso conhecimento do mundo social, as relagées que se cons dera existirem entre teoria e pesquisa e o lugar dos valores e da ética na pratica de pesquisa. Embora essas questées sejam complexas, clas também séo fundamentais para uma compreenséo dos métodos de pesquisa. Sem isso, problemas e métodos podem ficar separados € 0s investigadores fica- rem com a impresséo de que simplesmente tém que aprender varias técni- cas para realizarem pesquisas. Portanto, o propésito dessa primeira parte é de esclarecimento. Entrevistas: métodos e processos 6 Este capitulo visa a fornecer uma visio geral sobre a entrevista na pesquisa social. Para esse propdsito, ele ¢ dividido em quatro segdes. Pri- meiro, s40 examinadas as varias formas de entrevista que s40 empregadas na pesquisa social. Segundo, sao abordadas as maneiras pelas quais as entrevistas sdo conduzidas junto com as questdes que informam esse pro- cesso, Terceito, é oferecida uma visio geral das prin« os dados resultantes podem ser a as eriticas 4 entrevista na pesquisa soci ENTREVISTAS NA PESQUISA SOCIAL Os métodos para gerar € manter conversagdes com pessoas sobre t6pico especifico ou um leque de tépicas e as interpretagbes que os pesqui- sadores fazem dos dados resultantes, constituem 0s fundamentos do ato de entrevistar e das entrevistas. As entrevistas geram compreensées ricas das biografias, experiéncias, opinides, valores, aspiragées, atitudes € senti- mentos das pessoas. Entretant ais precisa entender a dina lizagao do método ¢ entender os diferentes métodos de conduzir entrevis- tas € de analisar os dados, além de ter consciéncia de seus pontos fortes ¢ limitagoes: Falando de modo geral, hé quatro tipos de entrevistas que sao utiliza- das na pesquisa social. Embora essas caracterizagées parecam demarcar estritamente um método do outro, um projeto de pesquisa pode néo utili zar apenas um deles, mas uma mistura de dois ou mais tipos. Séo eles: @ 286 _neensar entrevista estruturada, a entrevista semi-estruturada, a entrevista ndo-es- truturada e a entrevista de grupo. ‘Ao passar da entrevista estruturada para a no-estruturada, os pesquisa- dores mudam de uma sitwacao na qual tentam controlar a situacdo predeter- minando as perguntase, assim, “ensinar” o entrevistado a responder de acordo com um esquema determinado (padroniza¢ao), para outra na qual o respon- dente & encorajado a utilizar 05 seus proptios termos. Com isso em mente, podemos caracterizar as entrevistas de acordo com uma dimensio quantita: tiva-qualitativa, variando do exemplo padronizado formal (surveys) para uma situacdo ndo-estruturada de profundidade qualitativa que permite ao entre vistado responder sem sentir-se constrangido por perguntas pré-formuladas com um leque limitado de respostas. Entretanto, 20 avaliar esses diferentes métodos, deveriamos prestar atencio, como um dos argumentos princi pais deste livro, nao tanto aos métodos relativos a uma divisdo quantitativa- ‘qualitativa da pesquisa social - como se uma destas produzisse automatica~ mente uma verdade melhor do que a outra ~, mas aos seus pontos fortes & fragilidades na produgo do conhecimento social, Para tanto € necessério um entendimento de seus objetivos ¢ da prética, como sera visto a seguir a0, tratar de cada um dos tipos de entrevista. Entrevista estruturada. A utilizacdo das entrevistas estruturadas est associada & pesquisa de survey, Essa é uma técnica com a qual muitas pessoas esto familiarizadas (embora a idéia de “grupo focal” tenha ganho um reconhecimento publico maior, pelo menos no contexto da politica britanica). Embora as outras técnicas, particularmente as entrevistas focais, possam envolver o pesqui- sador diretamente como um sujeito co-participante no processo de produ ‘so de dados, a entrevista estruturada baseia-se na utilizagio de um ques- tionario como instrumento de coleta de dados. A teoria por trés desse método & que a mesma pergunta é feita a cada pessoa da mesma maneira, de modo que quaisquer diferengas entre as respostas so consideradas reais e nao resultado da situacao de entrevista. Entéo, a validade pode ser conferida perguntando-se ao respondente a mesma pergunta, mas empregando uma forma diferente de terminologia na questo, e depois comparando as respostas. Nesse contexto, o papel do entrevistador é direcionar 0 respondente de acordo com a seqiiéncia de perguntas no esquema da entrevista, ¢, se for buscado algum esclareci- mento, pouca ot nenhuma variabilidade em quaisquer elaboragoes deve- Ha ficar aparente para no influenciar as respostas. Dessa maneira, 6 enfa- tizada a neutralidade do papel do entrevistador. Portanto, as regras para a Pesqusi soca 147 conduzir essas entrevistas sf a padronizacéo das explicagées, deixando pouce espaco para desvios do esquema; provocar somente as respostas da pessoa com quem a entrevista est4 sendo condurida; nao estimular ou fornecer qualquer visao pessoal; nao interpretar os significados, simples. mente repetir as perguntas; ¢, finalmente, no improvisar (adaptado de Fontana ¢ Frey, 1994). Considera-se que esse método permite a comparabilidade entre as res- postas. Ele baseia-se em uma estrutura uniforme, enguanto um ntimero culado de pessoas ¢ entrevistado de modo qué seja considerado uma amostra estatisticamente representativa da populacio para propésitos de generalizagio. Entdo, 0s dados resultantes so agregados e examinados ‘em busca de padrdes'de respostas no selo da populacio-alvo por meio da andlise estatistica Por exemplo, um interesse ha relagdo entre classe e ni- vel educacional precisaria levantar tanto os dados sobre posicao de classe como de qualificagSes educacionais. O seu sucesso é dependente de um bom trabalho-piloto ¢ do treinamento dos entrevistadores para que o le- que de respostas possiveis seja caberto pelo esquema da entrevista, e as respostas resultem de perguntas que sejam feitas de uma maneira unifor- me e ndo-diretiva. A despeito dessas perguntas, como um relatério abrangente ao anali sar a questo da linguagem na pesquisa de survey, observa que, mesmo “com perguntas planejadas e testadas mais cuidadosamente, [ela] é impre- cisa demais para permitir comunicagées exatamente uniformes” (Ornstein, 1998, p.63). Como resultado, existem preocupagdes quanto a semelhanca entrevistador ¢ grupo-alvo, o qual, por sua vez precisa compartilhar uma ‘cultura semelhante para que a interpretacdo das perguntas e a dinamica da entrevista ndo variem em nenhum grau que possa ser significativo, ou, se houver variagao, que ela possa ser contabitizada durante a andlise. Dit ante disso, é sugerido que em casos onde as linguagens so diversas, exis- tem poucos valores comuns, € onde as pessoas possam temer falar com estranhos, essa modalidade de entrevista pode nao ser aplicdvel (Benney € Hughes, 1984, p.216) ‘Observadas as consideragdes supracitadas, em casos onde so wtilizados questiondrios complexos, pode se recorrer ao treinamento pata lidar com essas questées. Por exemplo, na coleta de dados da histéria de vida, t€m sido empregados tanto 0 método qualitativo quanto 0 quantitativo. No Estudo da Histérla da Vida Alema, que lidava com dados quantitativos 20 coletar infor- magao a respeito das caracteristicas das atividades ¢ cronologia dos eventos, 0s entrevistadores foram selecionados de acordo com os seus niveis de edu- cago € experiéncia anterior na condugio de entrevistas complexas. Eles eram treinados através do fornecimento de instrugées escritas, mesmo assim. foi detectado um alto grau de erros dos entrevistadores. Entéo, foram reali- 248 um sy zados semindtios para grupos pequenos de entrevistadores, nos quais eram realizadas experiéncias préticas de entrevistas. Depois, foram realizadas sur- veys an6nimas entre os entrevistadores, as quais encontraram graus mais altos de confianga e compromisso, junto com um entendimento methor da histéria e das metas do projeto (Brickner e Mayer, 1998). Esse método de entrevistas & cada vez mais popular nas entrevistas telefénicas com propésitos de marketing. Aqui, um supervisor pode circx- Jar por uma sala de entrevistadores owvindo as éonversas € conferindo a extensdo na qual os encarregados da aplicacdo das entrevistas aderem a0 esquema. Com efeito, a popularidade desses métodos € crescente, pois eles permitem economias de escala ao mesmo tempo que viabilizam a supervi- sao do ‘desempenho. Aqui, as questées de politica de pesquisa dizem res- peito néo apenas ao relacionamento pesquisador-tespondente, mas tam- bém a organizacao do processo de producio de dados em termos das con- digdes do servico nas quais esses empregados se encontram, Entrevista semiestruturada Entre 05 métodos estruturacos ¢ os focalizados existe um que utiliza técnicas de ambos. As perguntas sdo normalmente especificadas, mas 0 entrevistador est4 mais livre para ir além das respostas de uma maneira que pareceria prejudicial para as metas de padronizagio e comparabilida- de. As informagées sobre idade, sexo, ocupacao, tipo de domicilio e assim por diante podem ser perguntadas em um formato padronizado. O entre- vistador, que pode buscar tanto o esclarecimento quanto.a elaborapao das respostas dadas, pode registrar informagio qualitativa sobre o t6pico em questo. Isso permite que ele tenha mais espaco para sondar além das res- postas ¢, assim, estabelecer um didlogo com o entrevistado, Como Nigel Fielding observa na utilizacdo do método semi-estruturado ao pesquisar a socializagdo da policia: “Blas eram semi-estru tematico com sondagens e convites a estender as questées levantadas Fielding, 1988b, p.212). Nesse caso, o significado das declaracées obtidas com a entrevista foi analisado em termos dos recursos culturais disponi- veis para os recrutas da policia. Entdo, os dados permitiam um entendi- mento dos “argumentos e artificios que os recrutas utilizam ao Ihes ser solicitado que oferegam relatos sobre suas ages e cren¢as” (Fielding, 1988b, p.212) Considera-se que esses tipos de entrevistas permitem que as pesso- as respondam mais nos seus préprios termos do que as entrevistas pa- dronizadas, mas ainda fornecam uma estrutura maior de comparabili dade do que nas entrevistas focalizadas. Se um pesquisador tem um foco Pesquan sous. 449 especifico para as suas entrevistas no contexto do emprego de outros métodos, a entrevista semi-estruturada pode ser ttil (por exemplo, veja Newton, 1996). Como com todos os métodos de entrevista, o entrevis tador deve no apenas estar ciente do contetido dela, mas também ser capaz de registrar a natureza da entrevista e a maneira na qual as per, guntas so feitas. Entretanto, em comparagio com o método estrutura- do, o conrexto da entrevista € um aspecto importante do processo, No seu sentido literal, a0 qual todos subscreveriam, & excegio dos compor. tamentalistas mais toscos, o método padronizado pode apenas assumir que a informacao produzida nao tenha sido contaminada pelo contexto da entrevista, Dado 0 maior espaco oferecido ao entrevistador no méto- do semi-estruturado e uma necessidade de entender o contexto ¢ 0 con: tetido da entrevista, embora possam ser utilizados entrevistadores trei- nados, os préprios pesquisadores podem muito bem conduzir as entre- vistas desse tipo. Entrevista néo-estruturada ou focalizada A diferenca central dessa forma de entrevista em relaggo a entrevista estruturada ola semi-estruturada € o seu cardter aberto. E dito que isso a prové da capacidade de desafiar as preconcepcées do pesquisador, as- sim como permite ao entrevistado responder perguntas dentro da sta propria estrutura de referéncia. Alguns podem considerar isso como uma licena para o entrevistado simplesmente falar sobre uma questo da maneira que escolher. Néo obstante, essa desvantagem aparente é trans- formada em uma vantagem, porque hé uma preocupagio com a perspec- tiva da pessoa sendo entrevistada e estas coisas, como aparentemente divergir do t6pico especifico, podem de fato revelar algo sobre suas pre~ ccupagées (Bryman, 1988). Fol observado antes que, nas entrevistas de historia de vida, a colera de informacao sobre os eventos e caracterizacées pode ser realizada atra: vés de técnicas quantitativas. Alguns pesquisadores argumentam que, em- bora esses métodos produzam declaragées a respeito daquilo que jd acon teceu, eles tornam-se menos titeis quando trata-se de reflex6es sobre pro- sodem reve © Zietke, 2000, p.230), Portanto, é dito que a por vezes chamada 6: mal”, ‘ndo-padronizada” ou “nao-estruturada”, obtétn ui foe pelas seguintes razées. Primeiro, ela prové profundidade guali permitir que os entrevistados falem sobre o tema nas sitas préprias ee) 150_w4 was ras de referéncia. Com isso, quero dizer baseados em idéias e significados com os quais esto familiarizados. Isso permite que 0s significados que os individuos atribuem para os eventos e relacionamentos sejam entendidos znos seus préprios termos. Segundo, ela oferece um menor entendimento sobre o ponto de vista dos sujeitos Essa técnica inclui aquelas que sdo conhecidas como entrevistas bio- graficas, de histéria oral e de histéria de vida (embora, como observado, estas também incluam técnicas quantitativas). Em relago a estas tiltimas, testudiosos observaram a importancia de preservar um “seritimento” da troca entre o entrevistador ¢ 0 entrevistado nas transcrigées delas resultantes (Simeoni e Diani, 1995). Assim, ao perguntarem a mulheres sobre as suas experiéncias, ao invés de suporem que as mesmas jd so conhecidas, consi- dera-se que esse tipo de abordagem desafie as “verdades” das maneiras bficiais de ver e revele “como as mulheres sentem-se sobre o que fizeram € possam interpretar o significado pessoal e 0 valor de atividades particula- Tes” (K. Anderson et al., 190, p.95). Ele também pode mapear como as relages mudam com a wansformacao das condicGes socioeconémicas. ‘Como Simon Charlesworth observa no seu estudo sobre esse proceso ¢ seus efeitos sobre uma comunidade: ‘6 que emergiu de homens ¢ mulheres de todas as idades foi uma histéria notavelmente coereate da perda de uma maneira de viver que se baseava no trabalho Arduo e industrioso, na qual havia um sentido de amizade e relagéo, de respeito e dignidade basicos. (Charlesworth, 2000, p.10) Agora, estamos claramente no extremo qualitative do espectro da pés- quisa. Considera-se que as entrevistas estruturadas da0 muito pouco espa- ¢o para as pessoas expressarem as suas préprias opiniées da maneira que éscolherem. Flas tém que se ajustar a quadros ou Categorias que o pesqui sador j4 predeterminou, Obviamente, a entrevista focalizada envolve © pesquisador ter uma meta em mente ao conduzir a entrevista, mas a pessoa sendo entrevistada ‘est mais livre para falar sobre o t6pico. Assim, esse método ¢ caracteriza- do pela flexibilidade e pela descoberta do significado, ao invés da padroni- zago ou de uma preocupacio em comparar limitando as respostas com um esquema de entrevista estabelecido. Com essa flexibilidade em mente, Ray Pahl (1995) preferiu o termo “entrevistas reestruturadas” no seu estu~ do sobre a ansiedade e o estresse entre os “ricos e bem-sucedidos”. As transerigdes no apenas eram enviadas para os entrevistados para que co- mentassem e fizessem emendas, mas 0 propésito para o qual os dados eram coletados também foi alterado tanto durante como depois das entre- vistas serem conduzidas (Pahl, 1995, p.197-201). OO Entrevistas em grupo e focais As entrevistas de grupo constituem uma ferramenta valiosa de inv’ gacdo, permitindo que os pesquisadores explorem a ovines ¢ dnwieas grupais ao redor de questdes e tépicos que desejem investigar. A extensao do controle da discussio do grupo determinard a natureza dos dados as- sim produzidos. Nessa grande categoria de técnicas de entrevista, um mé- todo que se tornou mais amplamente conhecido nos tiltimos anos foi 0 grupo focal. A diferenca principal entre o formato de grupo e o de grupo focal é que, no iiltimo, os patticipantes sao encorajados mais explicitamen. tea falar uns com os outros, em oposi¢ao a responder as perguntas de uma pessoa de cada vez (Kitzinger e Barbour, 1999). Uma vez observado, isso pode ser aplicado igualmente as entrevistas de grupo quando os partici antes comentam e discutem as sas opinides e respostas sem esperarem pela orientagao do entrevistador ou sao encorajados explicitamente a fazé- lo para provocar elaborugioe/ou exelareciment, ‘ma entrevista de grupo tipica envolve entre 8 ¢ 12 pessoa pula das por um entrevistador, discutem ofs) t6pico(s) em ipauta durante ama hora e meia a duas horas e meia (Stewart e Shamdasani, 1990, p.10). £ preciso ser atingido um equilibrio entre um tamanho de grupo pequeno de- mais para o estudo interativo ou um muito grande que impeca todos os membros de participarem na discuss. Entretanto, como com fodas as re- gras de orientagdo de pesquisa, isso dependerd do que é posstvel, em cir- Cunstncias sobre as quais 0 pesquisador pode ter potico ou nenhtim contro- le, bem como dos objetivos da investigacao e dos recursos disponiveis. As entrevistas de grupo foram utilizadas em uma variedade de contex- tos durante um longo periodo de tempo: por exemplo, em estudos de ope- rarios da siderurgia que vivenciaram muancas nas préticas de trabalho @anks, 1957), nos efeitos de encarceramento por periodos longos (S. hen e Taylor, 1972), nas inovagbes e conflitos nas organizagées (Steyaert & Bouwen, 1994), nas experiéncias de satide mental das mulheres (4. Butler, 1994) e nas visbes de comunidades sobre o risco e a seguranga nuclear (Waterman e Wynne, 1999). No estudo de Banks (1957), os trabalhadores sideriirgicos foram entrevistados individualmente e em grupo. Embora te- nha sido descoberto um grau de consisténcia entre os dados produzidos por ambos os métodos, as respostas do grupo tendiam a levar em conta a3 sittagdes dos outros ali presentes e havia uma tendéncia maior a expressat_ queixas da geréncia. Waterton e Wynne (1999) descobriram que as enque- tes de opiniao haviam construido uma visdo simplista sobre os sentimentos da comunidade em relagao a uma usina nuclear local que cra desafiad’ = pelas maneiras complexas nas quais as pessoas falavam sobre os Tist08 durante as entrevistas em grupo. So 152 Parecia possivel obter resultados diferentes pela utilizagao de en- trevistas de grupo ou individuais (fossera focalizadas ou através de en- quetes). Entretanto, disso ndo decorre que um resultado deve ser consi derado como simplesmente “verdadeiro” ou “falso”. F claro, as engue- tes de opinido mal desenhadas podem produzir um quadro distorcido e mesmo falso das atitudes, Nao obstante, também devemos ser sensiveis 20 fato de que entrevistas de grupo ¢ individuais produzem perspecti vas diferentes sobre as mesmas quest6es. Por exemplo, essa comparacao demonstra que a interagao no interior dos grupos (como no chao da Fabrica) afeta a nés todos em termos das nossas ages e opinides. Como a maior parte das nossas vidas séo passadas em interagao com os ou- tros, ndo é nenhuma surpresa que elas sejam modificadas de acordo com a situagdo social na qual nos encontramos. Por essa razdo, a5 en- trevistas de grupo podem prover uma compreensao valiosa tanto das relagdes sociais em geral como do exame dos processos e das dinamicas socials em particular. Ao mesmo tempo, deveria ser tomada cautela 20 atribuir-se as opinides desses grupos a populagées inteiras. Isso é parti- cularmente importante dada a atual tendéncia, entre os pesquisadores de mercado e 08 partidos politicos, de utilizar esse método. Quando proliferam as questées de custos e a demanda por meios sempre mais rpidos de coleta de dados somente para provar 05 preconceitos exis- tentes, as questoes de seletividade, representagéo, validade e confiabi- lidade ndo desaparecem! CONDUZINDO ENTREVISTAS NA PESQUISA SOCIAL A primeira segio desse capitulo cobriu tipos diferentes de entrevistas cujas préticas sao fundamentadas por idéias e métodos diferentes. Por essa razdo, ¢ a titulo de introducao a0 proceso de condugio de entrevistas, nesta segao irei me concentrar nas principais questées que o leitor poder considerar ao adotar uma ou mais dessas técnicas. Entretanto, de fato as consideracdes sobre tais questdes dependerdo do método de entrevista sendo empregado. Essa segao também 6 demarcada conforme os textos sobre pesquisa social, os quais tendem a adotar perspectivas particulares quando se trata do processo de entrevista. Primeito, ela considerard as prescrigées comuns para entrevistas, que sao aplicaveis de forma geral, mas nao exclu- siva, as formas estruturadas ¢ semi-estruturadas. Segundo, passaré & con- sideragdo do proceso de conducio de entrevistas focalizadas ¢ néo-estra- turadas. Como ficard evidente, os pesquisadores de inspiracdo feminista em particular tém criticado certas caracterizagSes sobre como deveriam se Processar as entrevistas tanto como impraticéveis quanto como indesejé- paces PESQUSA SOCAL 153 veis. Dado isso, a terceira subsecao delineard as principais questdes a se. rem consideradas na condugéo de entrevistas, incorporando essas criticas Prescriges comuns para a pratica de entrevistas Comumente, considera-se que existe uma tensao entre a subjetividade e. objetividade no processo de entrevista. Por um lado, é dito que as entre- vistas produzem um conhecimento livre de preconceitos ou vieses; porou- tro, que deve ser mantida uma autoconsciéncia para deixar a entrevista “fluir’. Como Jody Miller ¢ Barry Glassner escrevern nas suas reflexdes sobre 0 “dentro” e 0 “fora” nas entrevistas: Aqueles de nés que almejam entender ¢ documentar os entendimentos de outros escolhem as entrevistas qualitativas, porque elas nos fornecem meios de explorar os pontes de vista dos nossos objecos de pesquisa, enquanto ga- rantem a esses ponius de vista o culturalmente honroso status de realidade GI. Miller e Glassner, 1997, p.100) Para esse propésito, 0 entrevistador ¢ o entrevistado precisam estabe lecer um entendimento intersubjetivo, Ao mesmo tempo, a busca da obje- tividade requer uma “distdncia” para situar as respostas socialmente. Apa- rentemente, temos dois pélos opostos — 0 engajamento completo e a anal se desligada, O resultado é que um relacionamento mais intenso parece produzir uma entrevista bem-sucedida de um ponto de vista qualitativo, enquanto assume-se que uma forma mais deslizada e padronizada produz dados mais confidveis (Cicourel, 1964). Parece ser necessario estabelecer um “equilibrio” entre os dois critérios aparentemente contraditérios. Ao examinar essas questdes, os textos sobre entrevistas destacam uma série de pontos que precisam ser considerados pelo pesquisador. Primeiro, hé a questdo do papel do entrevistador: que efeito ele estd tendo sobre o entrevistado e, assim, sobre o tipo de material coletado? seu papel durante a entrevista é 0 de cientista imparcial ou de amigo € como isso afeta a entrevista? Relacionadas a isso estdo as discussoes, sobre as caracteristicas dos entrevistadores: qual é a sua idade, 0 seu sexo, a sta raga € o seu modo de falar? Essa é uma questo importante que afeta diretamente o tipo de informagao produzida. Por exemplo, foi feito um estudo no Tennessee entre respondentes negros utilizando en- trevistadores brancos. A idéia era considerat as suas atitudes e a exten- sdo em que estavam satisfeitos com as suas vidas sociais, politicas & econdmicas. Quando entrevistados por brancos, as atitudes deles eram classificadas como expressando um nivel de satisfagio “alto”. Entretan- 154 ray to, quando entrevistados por negros, as atitudes mudavam e era ex: pressada uma opinido mais radical. f "Antes de fazer entrevistas, é importante considerar uma combinagéo de caracteristicas, com base no apenas na raga, mas também em fatores como idade, sexo e modo de falar. Isso ajuda a evitar-se a substituigao das palavras dos respondentes pelas dos entrevistadores, Assim, os textos falam de “com- binagdo”. Muito simplesmente, pode no ser apropriado uma pessoa enfatio- tada, que se parece mais familiarizada com os delinquientes do mundo finan- ceito, entrevistar os Hell's Angels* sobre as suas crengas e ages. Nao obstar te, essa observacdo deveria ser temperada pela referéncia ao propésito, As expectativas, a0 contetido e ao contexto do préprio processo de pesquisa. ‘Na mesma linha do trabalho de Kahne Cannel (1983), Moser ¢ Kalton (4983) sugerem que hd trés condigbes necessarias para a vealizagéo bem- sucedida de entrevistas. Embora especificamente discutindo as entrevistas de survey, eles expGem questes que sdo dignas de uma consideragao mais, geral. A primeira condigao necesséria ¢ a da acessibilidade. Isso refere-se a Se a pessoa respondendo as perguntas tem acesso ou no a informacao que ‘© entrevistador procura. Isso pode parecer uma questo simples, porém, como observado na discussao dos questiondrios em particular, pode existir ma lacuna entre os modos de entendimento do entrevistador e do entre- ‘stado. F claro, dependendo do método de entrevista utilizado, o entrevis- tador pode possuir a flexibilidade para esclarecer as perguntas. "A falta de informagées pode ter diversas razées. Por exemplo, a pessoa sabia a resposta, mas esqueceu; revelar certos tipos de informagao envolve tum desgaste emocional excessivo; é esperado um certo tipo ou método de resposta com o qual a pessoa no esté familiarizada (as estruturas de refe- réncia S40 discrepantes) ou, muito simplesmente, as pessoas podem se re~ cusar a responder por razdes pessoais, politicas, éticas ou uma combinagéo dessas. Nessas situagées, o entrevistador deve avaliar se continua ou néo a linha de questionamento ou a propria entrevista ‘A segunda condigao necesséria € a cognicéo ou um entendimento da pessoa sendo entrevistada do que é requeride dela no papel de entrevista: Ga, As entrevistas so contatos sociais e nao simplesmnente meios passivos de obter informagio. Como todos os contatos sociais, elas so orientadas por regras e as partes trazem consigo expectativas quanto ao seu contetido 0 papel que devem adotar, Portanto, é importante que os entrevistados no apenas saibam o que é requerido, mas também entendam o que ¢ esperado deles. Sem isso, a pessoa sendo entrevistada pode sentir-se des- confortavel e isso afeta os dados resultantes. Por essas raz0es o esclareci- mento nao é apenas uma consideragio prética, mas também ética e teéri- FN Ge RT. Gangues de motociclistas L ___fesqusss socw._isis ca. Novamente, isso dependerd do tipo de entrevista sendo utilizada, Em uma situagdo estruturada, a natureza da resposta é orientada pelo esque- ma da entrevista. Por outro lado, a entrevista focalizada funda a sua forga na eliciacdo de respostas que esto, tanto quanto possivel, na prépria es: trutura de referéncia ¢ nas palavras da pessoa. TTerceiro, e relacionado ao que foi supracitado, hd a questo da motiva- sao. O entrevistador deve fazer com que os sujeitos sintam que a sua partici- ago e respostas sio valorizados, pois a sua cooperagdo é fundamental para aconducdo da pesquisa. 1ss0 significa manter o interesse durante a entrevis. ta (Moser e Kalton, 1983, p.271-2). Uma vez que isso seja feito, ha certas téenicas para fazer as perguntas durante o curso da entrevista. Primeito, & feita uma disting3o entre as perguntas “diretivas”, que requerem uma res- posta “Sim” ou “Nao”, ¢ as nao-diretivas, que permitem mais espago para a resposta. Assim, um entrevistador pode pedir que uma resposta seja enqua- Grada de uma maneira particular ou pode ser menos dirctivo ¢ perguntar, por exemplo, “Vocé poderia me falar um pouco mais sobre isso?”. Outro método recomendado ¢ repetit 0 que a pessoa disse, mas com wma inflexéo erescente da voz. Por exemplo, se a resposta é “Gostei de encontré-los”, en- Go o entrevistador responde “Voc® diz, que gostou de encontré-los...2".1s80 é dito para obter elaboragies importantes de uma declaracdo pessoal. As vezes, na vida cotidiana, encontramo-nos em convetsagies onde uma pessoa é hostil & linha de questionamento ou fica embaracada por uma razio ou outra, As entrevistas nao fogem a isso. £ claro que seria cerrado prosseguir nessa linha de questionamento, mas um método de evi taro embaraco ou a hostilidade perguntar através da generalizacao. Ao invés de colocar uma pergunta direta: “O que vocé pensa sobre X", poderia perguntar “Muitas pessoas consideram que ... vocé tem uma opiniao sobre isso?”. Essa utilizagdo de sondagens é muito recomendada. A sondagem é definida como “encorajar o réspondente a dar uma resposta, a esclarecer ou a ampliar uma resposta” (Hoinville ¢ Jowell et al., 1987, p.101). As sondagens variam das chamadas neutras, em situagées padronizadas, até tipos mais abertos, em entrevistas ndo-estruturadas. A possibilidade de fazer sondagens € reduzida conforme a entrevista torna-se mais estruturada, pois quaisquer variacdes entre entrevistas po- dem reduzir a comparabilidade. Entretanto, uma mudanga na énfase de uma pergunta ou uma pergunta semelhante posta de maneira diferente nio apenas podem provocar pensamentos ulteriores sobre o objeto como também oferecem um catalisador que permite que o entrevistado estabele- a ligagdes com outras respostas ja dadas. Iss0 permite a claboracao por um método de utilizacao da informacao obtida subseqtientemente durante aentrevista e a sua aplicagdo a um estgio posterior da conversacao. Aqui, hé alguns paralelos com a idéia de “interpretacdo retrospectiva-prospecti- eens va" (Garfinkel, 1967; J. Scott e Alwin, 1998). Na mesma linha, também & possivel perguntar as pessoas sobre possibilidades futuras em relagio a experiéncias passadas. [sso permite que o entrevistador tenha uma idéia de como as pessoas pensam sobre questes ou aceitam os eventos nas suas vidas, permitindo-Ihes construir um quadro do evento ou questo de modo que ele nao seja “compartimentalizado”, mas esteja relacionado a outros fatores que so considerados importantes. Outra técnica em geral recomendada é a sondagem em busca de res- postas compardveis e codificdveis. Essa pertence mais aos métodos estru- turado e semi-estruturado. Nas entrevistas, as pessoas podem dar respos- tas semelhantes as das pessoas que foram entrevistadas antes. Como resul- tado desse conhecimento, voeé pode decidir se dedicar & linha de questio- namento para entender a extenso na qual as respostas so semelhantes e, portanto, podem ser codificadas da mesma maneira. Sem a devida consideragao aos entrevistados como pessoas, eles po- dem ficar com a impressao de que o pesquisador est Ihes fazendo um favor - um inversao bizarra da situagao! Falando em termos praticos, se as, pessoas sentem-se valorizadas, a sua participacdo tende a crescer ~ assim como melhoram as stias atitucles em relacdo a futuros envolvimentos com esquisas sociais. Uma idéia que pode ajudar os pesquisadores € imagina- rem a si mesmos na mesma posi¢ao em circunstdncias semelhantes. Eles ‘estariam preparados para cooperar e responder as suas préprias pergun: tas? Pata auxiliar esse proceso, & dada atengo A questo do estabeleci- mento de uma relagdo amigavel. Isso refere-se a0 desenvolvimento de uma confianca miitua “que permite o livre fluxo da informacao” (Spradley, 1979, P.78). © que temete-nos para a discussao das entrevistas focalizadas e do estabelecimento de relagdo amigavel utibizando esse método, A prética de entrevistas focalizadas 0 estabelecimento de relagio amigadvel nas entrevistas focalizadas é de imporréncia suprema, dado que o préprio método é desenhado para possibi- litar o entendimento das perspectivas do entrevistado. Por exemplo, conta- tos iniciais com gerentes podem provocar respostas oficiais que refletem como 8 organizagio deveria parecer em termos da retérica da sua propria ima- gem. Portanto, precisamos lembrar que a linguagem, mais do que um ato de fala, também € tum ato de representagiio. Nesse caso, se os pesquisadores desejam ir além da representacao oficial, para descobrir como as coisas real- mente sio, tero que procurar a verdade dos individuos sendo entrevistados ~supondo a sua disposigdo para entrarem nesse didlogo. Como Whyte (1984) afirma ao examiner o proceso de constru¢ao dos primeiros contatos: Pesqusa sccm, 487 (© entrevistador mantém a conversagio distante de thpicos valoratives del: bberadamente e tenta levar os informantes a fazerom declaragées desesitivas Podemos comesar perguntando a eles apenas 0 que os seus cargos acarretam, fo que fazem e em que momentos e como 9s seus servigos ajustam-se no Provesso de produsio como un todo, (Whyte, 1984, p.104) Spradley (1979) vé 0 estabelecimento dessa relago amigdvel como um processo de quatro estagios. Primeiro, hd a apreensdo inicial que tanto o entrevistador como o entrevistado tém do proceso. Isso & perfeitamente compreensivel sé eles ndo se conhecem, e o entrevistador nao deve sentir que isso & uma deficiéncia pessoal de sua parte. Como observa Whyte, para superar isso, ambos devem comegar a falar um com 6 outro, o que é auxi liado pela utilizacao de perguntas descritivas. Essas incluem, por exemplo, a quantidade de tempo que uma pessoa leva para desempenhar uma tarefa na qual o entrevistador est interessado. Essas poderiam tomar a forma de perguntas “jornada longa”, como pedir que alguém relate um dia comum no trabalho, em casa ou em outro lugar. Isso poderia ser reduzido para perguntas “Jornada curta’, perguntando-se a alguém 0 que € feito em uma fon¢io particular, por exemplo, que tarefas esto de fato envolvidas no desempenho de uma dada funcao. Também é possivel perguntar as pesso- as sobre coisas particulares que aconteceram a elas. Spradley (1979) utili- za o exemplo en que um entrevistado lhe conta que alguém o fez passar um “mau bocado”, Entdo, Spradley perguntou o que ele quetia dizer com isso, Mais comumente, o leitor poderia perguntar s pessoas de que expe- riéncias elas se lembram, particularmente em torno do tépico no qual vocé esta interessado ou, finalmente, perguntar-lhes que termos elas utilizam para determinados lugares ou coisas. No exemplo de Spradley, ele aprende que uma cela de cadeia ¢ chamada de “barril” e isso permitiu-lhe fazer perguntas sobre o t6pico utilizando a linguagem do entrevistado. ‘A utilizagao dessas perguntas também ajuda no segundo est4gio do estabelecimento da relacio amigdvel: a exploragao. Aqui, cada partici pante da entrevista comeca a descobrir como ¢ 0 outro, como a entrevista avangaré e por que razio. Novamente, isso ¢ auxiliado fazendo pergun- tas descritivas que levam ao terceiro estagio, da cooperagiio, onde cada participante da entrevista “sabe o que esperar do outro” (Spradley, 1979, p.82). O estdgio final poder levar muitas semanas para chegar e depen- deré do tempo de que o entrevistador ¢ 0 entrevistado dispdem. Esse estégio é chamado participagio: ‘uma dimensio nova é acrescentada a0 relacionamento, na qual o informante reconhece e aceitao papel de ensinar o emégrafo. Quando isso acontece, hé um elevado senso de cooperacio e total participacio na pesquisa. Os infor- 158 _nrcay ances comegam a assumir um papel mais assertive. Hles trazem informago nova para o estude do etndgrafo e ajudam a descobrir padeses na cultura. (Spradley, 1979, p.83) Acenteevista focal 6 um processo de construgao de confianga e coopera- 40. Ela utiliza ndo apenas questées descritivas, mas também 0 que Sprad- ley (1979, p.120) denominou perguntas estruturais. Estas habilitam 0 en. trevistador a explorar as experiéncias e as éreas da vida de uma pessoa em maior profundidade; também podem ser utilizadas para explotar ¢ des- confirmar idéias determinadas do pesquisador. Essas perguntas de “verifi- aco” podem tomar a forma de indagagdes sobre os tipos de pessoas que o entrevistado tende a socializar. Entretanto, hé uma necessidade de estar ciente da sensibilidade de alguns temas e como formular perguntas sobre eles, ‘Como em toda pratica de pesquisa, as entrevistas nao comecam sim- plesmente quando a primeira pergunta é feita. A preparacao através de leituras ¢ do trabalho exploratério inicial, o entendimento da situacao na qual esta se inserindo, o esclarecimento de quaisquer ambigitidades que as pessoas possam ter sobre a pesquisa, a eliciagéo da cooperagao delas e ser sensivel a consideragées éticas, politicas e tedricas no processo for- mam uma parte central da sua pratica. Pode ocorrer que as pessoas a quem 0 pesquisador deseja entrevistar ndo sejam receptivas a aborda gens diretas ou sejam dificeis de rastrear. Com relagdo as primeiras, dois, pesquisadores das turmas de ciclistas observaram como “os ciclistas rejei- tam muitas perguntas e nao toleram comentérios néo-solicitados” (Hopper @ Moore, 1990, p.369). Nessas circunstncias, pode ser empregada a técnica de amostragem de boia de neve. Aqui, é solicitado a grupos pequenos de pessoas, que sé0 05 primeiros entrevistados, que nomeiem os setis amigos, 05 quais sao entre- vistados a seguir. Esse processo continua até que o pesquisador esteja con- vencido que os dados deles sao suficientes para o propésito do estudo, ou ‘9 tempo, 05 possiveis entrevistados ¢/ou 05 recursos tenham acabado! Essa forma de amostragem ndo-probabilistica é muito ttil para obter acesso a certos grupos. Entretanto, os pesquisadores também tém que estar cientes de que herdam as decisdes de cada individuo quanto a quem é adequado entrevistar, Isso pode nao representar um problema, mas pode levar o pes- quisador 2 coletar dados que refletem perspectivas particulares ¢, assim, omitir as vozes e opinides de outros que ndo séo parte de uma rede de amigos e conhecidos. Nessa medida, € necessério proteger-se contra a ten- déncia a sucumbir a0 que Pahl (1995, p.198) denominou “métodos se- melhantes & sociologia de bar” (Methods Are Resembling Saloon Bar So- ciology ~ MARSBARS). resquisa soc, 156 Outro método para auxiliar 0 estabelecimento de uma relacdo amigével © para favorecer que os respondentes relembrem é denominado entrevista segiiencial. Esse pode ser aplicavel a todos os métodos de entrevista, mas é de*particular interesse para aqueles que permitem maior flexibilidade para a pessoa responder nos seus préprios termos; ele envolve entrevistar as pesso- as sobre como os eventos poderiam se desdobrar ou se desdobraram. Utili- zat esse formato cronoldgico habilita as pessoas a refletirem sobre as suas, experiéncias ou as projetarem em termos do(s) evento(s) que seja(m) de interesse. Por exemplo, ao fazer entrevistas sobre problemas habitacionais, Pierre Bourdieu pedia aos respondentes que falassem sobre os seus locais de resid@ncia anteriores, como eles tinham deixado de morar lé¢ gbes de acesso: “As entrevistas realizadas de acordo com essas vam de tal maneira que nos parecia muito ‘natural’, dando lugar a alguns relatos de inesperada franqueza” (Bourdieu, 1999, p.618). Se é utilizado um formato ndo-estruturado, a sua flexibilidade per- mite que as pessoas retornem a uma questéo mencionada anteriormente © a elaborem. Ademais, como o relato do evento desdobra-se, ele tam- bém permite ao entrevistador perguntar sobre uma crenca declarada an- teriormente no contexto da informacao obtida. Esse métode de “repensa- mento” permite que os entrevistadores confirmem as suas interpretacées, e busquem elaboragées sobre o relato da pessoa. Ele também permite que 95 entrevistados nao apenas elaborem, mas também corrijam e/ou modi- fiquem os seus relatos. Esse método é particularmente valioso por ligar mudangas histéricas com as alteragSes nos cursos de vida das pessoas (veja Giele e Elder, 1998). © método ctonolégico de entrevistas esté associado com’a idéia da “carceita” de uma pessoa. Originando-se na obra de pesquisa social da Escola de Chicago (veja Bulmer, 1984a; Kurtz, 1984), isso nao significa mudangas no status ocupacional de uma pessoa, mas as transformagées, pelas quais as pessoas passam ao adotarem papéis particulares como rest tado de experiéncias novas. Erving Goffman (1968, p.119) falava do valor dessa idéia em termos da sua “bilateralidade”: Um lado esté ligado a temas internos mantides com zelo e intimidade, como @ auto-imagem e o sentimento de identidade; @ owe lado diz. respeito & posicio oficial, a relagbes juridicas¢ ao estilo de vida e é parte de uin comple- xo institucional acessivel publicamente. Enquanto Goffman construiu um argumento sobre a utilizagao da ob- servacio das agdes das pessoas para conferir os seus relatos dessas ages através de entrevistas, Howard Becker (1963) empregou esse método no sett esttido classico sobre usutrios de maconha 260 _ un nav Becker examinou, através da utilizagao de 50 entrevistas, 0 processo pelo qual as pessoas apre: do com ele ga. O simples fato de fuma: Tinham que desenvolver os habitos, as técnicas e os padrdes de comporta- mento de outras pessoas antes que fossem plenamente capazes de desfru- tar dos seus efeitos. Assim, o principiante estava wrando como ela serfa,e temeroso de que ela s passos delines- ‘curioso sobre a exper! fosse mais do que ele [sic] pretendia. Se passar por todos dos a seguir e mantiver as atitudes desenvolvidas neles, tornar-se-a disposto ce capaz de utilizar a droga por prazer quando a oportunidade se apresentar (Becker, 1963, p.46) Os estagios através dos quais as pessoas tinham que passar foram mapeados na descrigao de Becker pela utilizagdo de extratos dos dados de entrevista coletados, Esses ilustram a importancia de cada estdgio no aptendizado dendo a técnic desfrutar dos efeitos”. Através desse método, Becker pode mapear a soci- alizagao de uma pessoa em uma subcultura a partir da sua disposicao inicial de expetimentar uma droga, passando pela primeira experiéncia com a mesma, pela aprendizagem das técnicas para ficar “chapado” e, por fim, aprender a desfrutar o que tenderia a ser uma experiéncia inicial desagradavel (tontura, sede, for mento da nocéo de tempo de ¢ ‘uma carreira no processo de entrevista, Becker encerra com uma compre- ensfo fascinante do que muitas pessoas véem como um comportamento desviante. Agora, estamos firmemente no extremo qualitativo do espectro de en- trevistas, onde ficam as entrevistas biogréficas e de histéria de vida, Am- bos os tipos buscam a profundidade qualitativa. Como de costume, elas, so conversag6es detalhadas que tentam obter uma compreensdo mais plena da biografia de uma pessoa. A obra de Clifford Shaw (1930) utiliza um um adolescente que semelhante ao tréfico de drogas). Shaw enfoca a primeira infancia de Stanley (0 “aviao”) € a morte da sua mae. Depois desse periodo, ele fugiu de casa ¢ passou algui isdes, antes como “aviao” para traficantes. Os dados nos qu baseada levaram seis anos para serem coletados. A flexibilidade dese método capacitou Shaw a voltar a Stanley de tempos em tempos, quando eesqusksooal 164 éle era solicitado a estender os seus relatos. Shaw foi capaz de construir tum quadro da sua vida e das circunstncias que levaram as suas agbes. As abordagens feministas do processo de entrevistas ‘Ann Oakley (1979) entrevistou mulheres sobre as suas experiéncias de transigéo para a maternidade. A pesquisa envolvia conducir 233 entrevis- tas que geraram um total de 545 horas e 26 minutos de dados gravados em wlheres a quem ela entrevistou estavam em um idas @ desejavam conhecer as respostas para as suas questdes ou simplesmente serem confortadas em suas afli- es. Como resultado, foram feitas a ela 878 perguntas, 76% das quais cram solicitagdes de informagdes sobre procedimentos médicos, fisiologia, cuidados com o bebé e assim por diante. O restante dividia-se em pergun- tas “pessoai ” @ aquelas a respeito do proprio pro- cesso de pesquisa. As pessoais inclufam perguntas sobre a sua propria ex- periéncia de maternidade e parto (veja Oakley, 1984). Diante de tais exigéncias, como ela poderia executar as prescrigées dos manuais académicos para entrevistas? Por exemplo, elas s40 consideradas como um processo unilateral de obtencio de respostas das pessoas, sem responder as perguntas delas. O desengajamento nao é uma possibilidade realista no processo de entrevista, portanto, mas é construido depois do evento. Como resultado, os aspectos vivenciais do processo séio subsumi- dos pelas categorias tedrieas utilizadas para interpretar os dados retros- sso néo sigere que a reconstrugao nio seja necesséria (Stan- ley e Wise, 1993, p.155), mas que o experencial nao deveria ser posto entre parénteses em nome do desengajamento, n Oakley (1990) lista trés razdes por que o desen- io pode funcionat Primeiro, nao era razodvel adocar esse relacion namento de exploragao com as mutheres que ela entrevistava. Como uma femi- nista confrontada com perguntas como “Uma (anestesia] epidural pode deixar ‘uma mulher paralitica ta como “Essa € dificil; nunca tinha pens- do nisso” (Oakley, 1990, p.48) esté de acordo com as prescrig6es dos manuais, ‘as dificilmente € satisfat6ria. Segundo, dado que uma meta da pesquisa femi nista (como observado no Capitulo 1) é contrapor-se & divisio entre puiblico e privado dando voz ds questées e experiéncias das mulheres, ela considerava a pesquisa socioldgica como uma maneira essencial de dar & posigio subjetiva das mulheres no apenas maior visibilidade na sociol ‘mas, mais importante ainda, na sociedade, do que ela tinha tradicionalmen te. (Oakley, 1990, p.48) 162_ mene ‘Terceiro, a idéia de nao responder as perguntas colocadas pelo entrevistado no colaborava com 2 meta tra de estabelecer uma relacéo amigével, ‘Uma recusa em responder, ou uma resposta evasiva, ndo é uma troca genuina de informagao. Esperar que alguém revele informagéo pessoal imporcante sem entrar em um didlogo € insustentével. Por essas razies, 0 engajamento, no © desengajamento, é um aspecto valorizado do proceso de pesquisa feminista. Essa critica é levada a um estagio mais avangado. O desengajamento & visto como refletindo um “paradigma masculino” de pesquisa (Oakley, 1990), cujas implicacdes requerem que os pesquisadores examinem os seus proprios pressupostos e perspectivas de acordo com uma metodologia re- flexiva (Alvesson e Skéldberg, 2000). A idéia de “controlar” a distancia social ¢ a familiaridade entre o entrevistador ¢ 0 entrevistado, ou controlar fos perigos de uma relacdo excessivamente amigavel, como defendem al guns textos, é uma contradigéo em termos: ‘Pengo que uma entrevistadora mulher que estd entrevistando mulheres © que tem conseiéncia da mansira na qual as mulheres s80 tratadas e da posigd0 elas estaré consciente dessa contradigao entre o que os manuais dizem ser luma entrevista e como uma feminista acha que ela deveria tratar outras mu theres. (Oakley, citada em Mullan, 1987, p.194) Estabelecer uma relago amigavel, ser “desengajado” ¢ conduzir a en- evista em uma relagio hierarquica entre as partes so atos rejeitados tanto na teoria como na pratica, Em contraste com a necessidade aparente de estabelecer uma relagao amigavel em um estudo de esposas de pastores, uma pesquisadora ficou “Surpresa pela prontidao com que as mulheres falavam comigo” (Finch, 1984, p.72). Isso nao era simplesmente o resultado da utilizacdo de uma técnica de entrevista em profundidade, mas uma demonstragao de que uma mulher entrevistando outra mulher “conduz ao fluxo fécil da informa- io” (Finch, 1984, p.74). sso foi atribufdo a trés fatores. Primeiro, as mu- heres estio mais acostumadas a intrus6es nas suas vidas privadas pela visita de médicos, assistentes sociais, agentes de satide e outros e, portan- to, tém menos tendéncia do que os homens a acharem as perguntas sobre 1s suas vidas incomuns. Segundo, no ambiente das suas proprias casas, é maior a possibilidade de o entrevistador tornar-se um “convidado amisto- 0” do que um “inquisidor oficial". Terceiro, a posicao estrutural das mu- heres na sociedade e a sua “consignagao A esfera privada, doméstica... ‘torna particularmente provavel que elas recebam bem a oportunidade de falar com um ouvinte simpatico” (Finch, 1984, p.74). Outras consideragées sobre as entrevistas de base feminista so as in- teragdes entre os homens eas mulheres e as maneiras nas quais as conver Pesquien Sosa 463 sagdes cotidianas sfo estruturadas, afetando assim qualquer dil so uma troca genuina e mitua de pontos de vista sem que ¢ poder ns opere de maneira a enviesar a roca em favor do homem? De acorde ce 0s resultados de um estudo, os homens tendem a dominar as converses ges. Pamela Fishman condui como os homens @ mulheres diferewn na maneira de manterem interagdes: oo As mutes pareciam tema com mais feqiaca «ter menos sucess gue or homer. Or homens cura es roam faa serine te aque spresentados pelos homens eam antadsr como pecs ene Perseuidon ramen ees eran rejetncon, At mlhers oles mets trata que os homens mines, porque tam motor cetess do sn Hs nse puedo xorg nec fr nen ‘comecando as conversas ¢ depois trabalhando para manté-las. (Fishman, 1990, p.233-4) iss Trance Paper fracassavam nas 105 viam os tépicos apresentades pelas mulheres como i; maicos desses eram abandonados rapidamente, Em conteas- Em outras palavras, se tomamos por gerantida a maneira “normal” de conversar no nosso trabalhio com outros pesquisadores e com aqueles que fazem parte da nossa pesquisa, as chances so de que ela exclua muitas mulheres da participacao igualitaria, um ponto particularmente importan te se conduzimos entrevistas de grupos que contenham tanto homens como mulheres. Portanto, o exame reflexivo das préticas de pesquisa toma-se uma parte fundamental do proceso de entrevista novamente 7 O exame reflexive da natureza de género das entrevistas revela tanto diferencas como semelhangas. Maureen Padfield e lan Procter (1996) entre- vistaram mogas a respeito de suas aspiracées ¢, originalmente, procuraram controlar o género do entrevistador “padronizando” as entrevistas. Quando se chegou ao tema sensivel do aborto, eles encontraram uma,consisténcia de respostas em relagéo a pergunta feita. Entretanto, em relagio &s elaboracées voluntérias sobre’o tépico através de referencias a experiéncias pessoais, surgiram diferengas entre os dois entrevistadores: ‘nas entrevistas de Mau- reen, as elaboragdes ocorreram, enquanto nas de lan, nfo” (Pad{ield e Proc- ter, 1996, p.264). Contudo, outras informagées sensiveis sobre relaciona mentos ¢ tentativas de estupro foram reveladas para Ian Procter. Portanto, cmbora sea possvel que aspectosimpréprios da mesculinidade sejam pos: 5 entre parénteses em alguma inedida, as diferencas ainda vieram a tona. Isso mostra a necessidade de prestar aten¢So nia apenas a0 género do entre vistador, mas também &s maneiras nas quais as ideias do entrevistado sobre género servem para estruturar os seus relatos. 164 maar A ANALISE DAS ENTREVISTAS Nessa seco, deverei delinear as maneiras por meio das quais os dados das entrevistas podem ser analisados, em contraste com mecanismos efeti- vos de andlise. Entretanto, essas s4o apenas algumas das maneiras pelas quais de ser realizada. Portanto, durante o curso da discussao, irei me hos sobre andlise de dados para que o leitor tore conhecimento 1 dedicar-se a esse t6pico ulteriormente. Como ‘a questées usadas em entrevistas estruturadas ja foi coberto.n0 Cap J me concentrar em outros métodos. Benney ¢ Hughes (1984) observam das convensées que caracterizam : igualdade e comparabilidade. A primeira opera para a vanta- gem do respondente na medida em que visa ao didlogo participativo nos priprios termos do entrevistado - como alguns expoentes das téenicas fo- Pais defenderiam, Ao mesmo tempo, hd falta de estrutura nessas entrevis- tas. 1350 fa a tarefa de comparacio entre enirevistas, porque as res- postas a as particulares nao sero uniformes, exceto no caso de higumas formas semi-estruturadas. Para alguns pesquisadores, o formato estruturado eo semi-estruturado, em alguma medida, sao preferidos por causa da maior facilidade de andlise comparativa. Entretanto, as entrevis- fas tém metas diferentes, ea conveniéncia da andlise nao deveria ser uma razio para escolher uma ou outza. "A primeira questao a considerar na entrevista é a utilizagéo de um grava- dor ou de anotacées. Embora atraentes, as gravagies tem vantagens ¢ desvan- tagens. Todas elas podem ser colocadas sob txts categorias: interagio, trans- Grigio e interpretaggo. Em um nivel imteracional, algumas pessoas podem achar 6 gravador inibidor e nao desejarem que as conversas sejam gravadas. A pr6- pha transcrigao também & um processo longo ~ uma fita de uma hora pode evar oito ou nove horas para ser transcrita totalmente, dependendo da sua hhabilidade datilogrdfica. Nao obstante, a gravacio de fitas pode auxiliar a interpretaco, pois permite que o entrevistador concentre-se na conversa € registre os gestos nao-verbais do entrevistado durante a entrevista, 20 invés de {gastar tempo olhando para as notas e escrevendo o que é dito. Ademais, uma Vez que a conversa tenha comegado, muitas pessoas podem esquecer que 0 gravador esti ligado (incluindo o entrevistador, quando o aparelho destiga Fhidosamente, porque o tempo de gravacdo nao era longo o bastante!). Por conforme as categorias teéricas nas quais o analista esta interessa- do, editar as fitas ajuda na andlise comparativa das respostas das entrevistas. Por fim, as gravacdes evitam que o entrevistador substitua as palavras da pes- soa sendo entrevistada pelas suas, mas também pode tornar 0 analista com- placente, pois, com frequéneia, acredi uma vez que os dados estejam coletados, a maior parte do trabalho jé foi feita, Pesquss soo 165 Apés a entrevista, © trabalho esté aj E : ; penas comecando. Nao apenas a tense das noes fs fem ge se eta, nas tabs asia sre ‘omo observa Paul Atkinson, depois que tenham col f 7 nam coletado os seu: 05 pesquisadores esperam eee plone om hel ac "aha srioppefer ribepetmrerrereredinanibuareeeginparere to datos. £m equvoco bastante comum esperar estarar no -autorkaroms” sentindo-se até mesmo trafdes. (citado em Si 1, 1985, p.50) Ao nos afastarmos do formato estruturado, fi lo, tomna-se necessirio empregar eéenieas que poss constr algum sentido anal a pats dos dados be tos. Os métodos convencionais para realizar isso envolvem a codificagdo das respostas abertas para permit a comparacao. A codificagao foi definida como o termo geral para conceitualzar dados; asim, a codficaggo inci formular perguntase dar respostas provséras (hipstese) sobre as caregrias¢ sobre as suas relagSes. Um cédigo é 0 termo paca qualquer produto dessa andlise (seja ume categoria ou uma relagio entre duas ou mats categorias), (Straus, 1988, p.20-21) : As prescricées de Strauss na sua detalhada monografia a qualita segem ametodolega a tora baseada no apo (laser Sua, 1967; Strauss ¢ Corbin, 1990), a qual, como Clive Seale afirma em sua andlise desse trabalho, requer do pesjuisador “um espirito rigoroso de auizoconscién- ia e autocritica, assim como a aberura para noves idéias que nm oe ect i a rae ome p-104), Ainda que os analistas ndo sejam seguidores desse método, as manei- Tas nas quais eles comegam a categorizar 0s dados dependerao dos objetivos da sua pesquisa e dos seus interesses tedricos. Por sua vez, estes deveriam estar abertos a modificacdes e a serem desafiacios pelos dados das entrevistas analisadas. Por exemplo, poderia acontecer de um pesquisador estar interes sado nas maneras nas quai ts pessoas negociam 0: seus papéis ou desempe- am suas atividades em contextos particulares (Strauss, 1978). Ent2o, 0 pes- guisador focalizaria os dados para entender como elas acupam-se das suas vidas cotidianas e comparar cada entrevista dessa maneira para ver se hé semelhangas, Se as respostas sio semelhantes, clas podem ser categorizadas sob titulos particulares ‘méwdos de negociagio”, os quais permitem que o analista indexe jas sob tépicos e titulos. Whyte (1981) utilizou dois métodos para indexar materiais de entre- vista no seu estudo da organizagao social da “sociedade da esquina”. Pri- 166_nsnay ‘meiro, em termos dos respondentes e dos seus relacionamentos uns com be outros e, segundo, das suas referencias com os eventos em termos do Que acontecia concretamente ¢ da importncie que tinhe para @ pessoa ‘ada (Whyte, 1984, p.118). Focalizar as maneiras nas quais ‘umas das outras e davam sentido aos eventos que vi- fou-Jhe construir um quadro do significado dos relacio- guagem ublizada para descreverem jumas as outras e os eventos rriam. Essa é uma forma de andlise etnogréfica alcangada pela fa fagdo com os dados da entrevista para entender a cultura em que as pessoas habitarn os seus relacionamentos ‘umas com as outras (Spradiey, 1979). Fazer anotacées ou transcrever fitas e simplesmente escutar as conver: sas colabora com o importante estagio analitico da familiarizagao com os Gados. Auxilia também a familiarizagdo com o emprego da técnica de “en- Grevistas de desenvolvimento”. Revisar cronologicamente 0 relato que uma evento e de como o vivencia possibilita a construgao de um as suas venciavam poss! namentos para elas e do fépicos que analista escolhe. Cada fita incluiria uma parte da entrevista {que érelevante para essas categorias. Eas, junto com as notas realizadas no Gecorrer da entrevista e quaisquer gestos néo-verbais significativos empre~ gados, ajudam o entrevistador a familiarizar-se com os dacos e com as nu- nas particulares de cada entrevista, Por outro lado, se so utilizadas anova oes, uma vez que elas tenham sido completamente escritas, tém que ser Gigitadas e ordenadas da mesma maneira (isso é ajudado dispositivo de corte ¢ colagem de um editor de textos). “Agora, ha programas computadorizados para a andlise de dados qualita: tivos que buscam frases-chave e a freqiiéncia com que as pessoas utilizam cerras palavras € em que contexto (N. Fielding e Lee, 1991; Kelle, 1995; N. Fielding, 2002). Esses programas, como por exemplo 0 faciltam o processo de comparacio de categorias, assim como possi exploragio dos dados. Aqui, deveriamos observar que, embora importante, 0 process de anélise nao deveria suprimir a necessidade de familiridade com bs dados produzidos. Ademais, embora a digitacio direta dos dados em com- putadores tena sido utlizada nas surveys telefOnicas, ela esti cada vex. mais vendo utilizada nas entrevistas pessoais. Entretanto, novamente, nos depara~ mos com problemas relacionados & manutencao de relacio amigavel. 'Nesse estagio, devemos cbservar que, conforime as inovagées tecnolé- sicas continuam ein ritmo acelerado, muitas oportunidades diferentes ¢5- Go sendo abertas para novas formas de entrevistas: por exemplo, as video- =e Pesquisa socue 267 conferéncias eas entrevistas em tempo real através da internet. Em relago fs las, podem haver vantagens ho que tange 20 tempo, 20s Custos, a0 acesso e & transcrigao; por outro lado, o desenvolvimento de conhecimen- to especializado apropriado ¢ 0 acesso a equipamentos que introduzem sei na amon trate desvanagens (Chen Hinton 1992), No que nge a sair a campo usando um gravador, quanto tempo levara par tm sofovare de teconheciinento de voz esta sufiientemente desenvolv do para permitir que os respondentes estejam ligados a um computador, os dados sejam “baixados” sem a necessidade de transcricao manual e depois analisados por um programa especifico? Aqui, como sempre, um pesq dor tem que ser cautelosd ao abracar entusiast recentes sem uma conceitualizacio adequada das informam essas préticas. Em tudo isso, niio devemos esquecer que a fala tem que ser situada, Os analistas precisam assegurar 0 que ou “vocabult de motivo”. Esses podem ser dados durante a entrevista como aber pire © modo como as pessoas agiram em situacdes particulares nas quais se encontraram, Pierre Bourdieu (1992, 1999) argumenta que a andlise da fala requer mais do que a andlise lingiiistica, como se 0 discurso Fosse construfdo em um universo hermeticamente fechado. O que também é re querido € uma explicacdo da posicao do falante «1 de sua classe, sua raga, seu género, sua posigao oc diante, Esse “posicionamento” sera petdido se nos concentrarmos somente na forma do discurso. Erving Goffman expés um ponto semelhante: tas tém razdo para ampliar a sua rede, para imporcar que nio sio fala, para tratar de'sicuagies $0 sustentada em conjunto... Pos, parece que a prépi ‘i sxpressbes do meramente com fala faa éintimamente regu- seu contexto através de gestos néo-verbals, ‘¢ dos subcédigos 1981, p.122) Outros pesquisadores argumentaram que as des fazem das suas aces sa0 “j podem ser vistas como indicativas de como as pessoas se rotineiramente negociam as suas identidades sociais (M. Scott ¢ Ls 1968). Um relato dado durante uma entrevista é “a apresertagio eats nas de razGes, mas de si mesino” (Harré, 1988, p.167) em um contexto o 6 caracterizado por uma “como um fndice de localizagio em um mundo material e um {indice da posicdo moral em um mundo de valores discursivos” (Harré, 1998, p.135) 168_ia er oo ‘A anélise de entrevistas focaliza ndo apenas as motivacbes e razdes, mas também as identidades sociais ¢ como essas so construidas nas situ: ges sociais nas quais as pessoas vivem e trabalham. Nesse contexto, Doro- thy Smith e sua colaboradora de pesquisa, Alison Griffith, influencladas pela epistemologia de perspectiva feminista, examinaram a relagdo entre a muaternidade e a escolarizagao. Elas focalizaram as relagies sociais nas quais est4 embutido o trabalho que as mes fazem em Telaggo & escolarizagio daa suas eriangas. O sen conhecimento prético per manente do concerto das suas atividades com as de outros ¢ expresso em como elas falam sobre essas atividadles. (Smith, 1988, p.189) Para expressar de outro modo, como a relago entre a maternidade ea escolarizacso era construda e refletida nas situagdes nas quais uma mae ingressa (2 escola, o lar, 0 local de trabalho e assim por diante); todas as qquais ocorrem ei um método de investigagéo conhecido como “ernografia institucional” (Smith, 2002). Por fim, também ha aqueles que se afastaram da idéia de que as entrevis- tas dizem para os pesquisadores a “verdade” sobre as agdes ou eventos nos tquais a5 pessoas se engajam (uma posigio de orientagio positivista) ou que Glas demonstram uma relagdo entre a posigio e as elocugbes através das quais as pessoas rotineiramente agem e intespretam os eventos ¢ relacionamentos (uma posigdo de orientagio realista). Expresso de modo simples, é ebandona- da a suposicéo de que existe algo além dos relatos que as pessoas oferecem. Em contraste, 0 que é examinado sfo as regularidades e caracterfsticas do relato, Gilbert e Mulkay (1984) empregaram esse método em um estudo dos relatos de cientistas. Assim, hd um movimento em diregio a uma perspectiva eenometodologica que enfatiza 0 que as pessoas “fazem” ao emitirem uma clocugao. Portanto, a énfase é sobre como os relatos servem como justificati- vas, acusagées e assim por diante. Entio, o que se abre ¢ 0 campo de estudos conhecido como andlise da conversacéo (veja Heritage, 1997). Embora o supracitado seja referido como uma forma de “andlise do discurso” (Wetherell e Potter, 1988), 0 método é distinto de uma série de butras abordagens que podem ser colocadas sob esse titulo amplo: por exemplo, a andlise critica do discurso (Lieblich et al, 1998) ¢ as aborda- igens sociopsicolégicas (Willig, 1999). Ele também precisa ser distinguido aa obra de inspiracdo pés-estruturalista onde a énfase é posta sobre como 5 discursos constituem 0s sujeitos como objetos. Aqui, o foco da anélise vai além do desempenho do priprio discurso, para como as enunciacdes ordenam uma esfera da realidade que tem repercussdes além daquelas entendidas ou pretendidas pelo falante. Entéo, 0 efeito desses discursos pode ser “silenciar” certas vozes pela sta capacidade de construir canais de Fesqust soem. 169 comunicagio, os quais autorizam somente certas pessoas a falar de manei- ras particulates (veja Wetherell e Potter, 1988). Observado isso, um foco sobre esses “circuitos de poder” (Clegg, 1989; May, 1994) nao significa necessariamente adotar uma metodologia pés-estrucuralista, enquanto perspectivas diferentes tém o potencial de serem combinadas de maneiras ‘imaginativas para conhecer o mundo social (G. Miller, 1997). | ‘Mencionei essas abordagens da andlise dos dados de entrevistas para 0 leitor interessado e para mostrar a variedade de maneiras nas quais eles | podem ser interpretados-(veja também Gilbert ¢ Abell, 1984; Silverman, | 1985, 1993). A andlise de entrevistas, quaisquer que sejam 0s focos de estu- do, pode serum processo longo no qual a perseveranca, a perspicdcia tedrica ¢ uma habilidade para enxergar detalhes so fundamentais, Muitos dizem_ | que 0 trabalho duro s6 comeca quando os dados sio coletados e se parte para a analise ~ com freqiténcia, este € 0 caso. Por outro lado, © sucesso da sua execucio est nas maos do pesquisador. Nesta secdo apresentei uma visto geral dos seus elementos principais e das diferentes abordagens em- pregadas. Contudo, defrontar-se com muitas horas de fitas ou paginas de transcrighes pode ser uma visio desanimadora. Entretanto, se escolher fazer as entrevistas pessoalmente, nao pense que as horas de frustragéo que pode- ria vivenciar sao o resultado de problemas peculiates a vocé. Provavelmente nao é isso. O processo pode ser amenizado com a experiéncia, por leituras sobre o tema. pela busca de apoiadores que déem as suas opinides sobre os dados, 0 processo de entrevista, a sua codificagdo e a modalidade de andlise. QUESTOES NAS ENTREVISTAS Cobri um leque de perspectivas sobre as entrevistas, Nesse proceso, foi observado como as entrevistas estruturadas nao refletem © positivismo simplesmente, nem as ndo-estruturadas refletem uma abordagem de cons- truco social associada ao idealismo. Em termos de construcionismo social, a segdo sobre analise de entrevistas cobriu desde uma abordagem etnogr: fica utilizando a anlise cultural até uma forma de andlise do diseurso qu focaliza a utilizacdo da linguagem, Como resultado de cobrir ur espectro to amplo, pelo menos implicitamente, eu também abordei muitas das criticas, Entretanto, considere as questdes seg ‘As entrevistas so utilizadas como um recurso para entender como os individuos decifram 0 seu mundo social e nele agem. Entretanto, as abo dagens emometodolégicas estao interessadas nas entrevistas como um t pico relevante por si mesmo. Assim, assume-se que nao pode ser feita a ligacao entre o relato que uma pessoa faz de uma aco ea prépria agéo: ela pouco diz ao pesquisador social sobre uma realidade que 6 “externa” 2 270_ ayy entrevista. Ao invés, uma entrevista é um contato social como qualquer outro. A prescricéo dos livros sobre entrevistas para controlar a situacao é apenas uma tent roduzir uma situagao social falsa que néo tem validade além dela mesma; nao pode ser assumido que elas produzam Gados que refletem um mundo real além da interpretagéo. Por essa razdo, as entrevistas sao um t6pico, ndo um recurso da pesquisa social: os dados de entrevistas no relatam uma realidade. (Bes do respondente, mas uma realidade interne construida conf 2s partes se entrelagam para produzir as aparéacias de uma entrevista reco- nhecfvel, (Silverman, 1985, p.16S, grifos do original) Agora, 0 foco passa dos dados procuzidos pela entrevista para os mé todos que as pessoas empregam na construcdo da entrevista; como obser- vado antes, a utilizagdo da linguagem como atuacéo. Isso leva a uma for- ma de andlise da conversac&o (veja Heritage, 1984, 1997; Schegloff, 1988; Boden e Zimmerman, 1993) que foi utilizada para estudar tpicos como ‘embaraco (Heath, 1988), interagées médico-paciente (Heath, 1981; Heath ¢ Hindmarsh, 2002) e telefonemas (Houtkoop-Steenstra, 1993; Heritage, 1997). Entretanto, observe que tomamos uma rota metodolégica que re- orna & discusséo do Capitulo 2, onde o dito raciocinio pratico e os méto- dos que as pessoas m para fazer sentido do mundo social a0 sew redor eram considera‘ icos relevantes para a pesquisa ¢ a teo ria social. As mesmas criticas dessa perspectiva aplicam-se a esse foco so- bre as entrevistas como um t6pico para a pesquisa social rofundidade qualitativa nas entrevistas focalizadas ¢ dos padraes q ivos das relagSes que emergem das entrevistas estrutura das também despontam. No Capitulo 5, vimos como era defendido que as perguntas de significado podiam ser entendidas utilizando-se um for estruturado. Contudo, consideragées mais instrumentais e menos teéricas também separam esses métodos. As entrevistas qualitativas em profunc de com um grande numero de pessoas consomem muito tempo e dinheiro; ‘com freqiiéncia, essas consideragoes ditam os métodos empregados. Entre- tanto, isso nfo impede o pesquisadar de entender que as metas ¢ as limita~ Ges de diferentes métodos ainda aplicam-se, nem impede de pressionar os financiadores para a utilizacéo do(s} método(s) que melhor seja(m) adequado(s) as metas da pesquisa. Assim, 05 pesquisadores tém um dever cconsigo mesmos e com outros de reconhecerem e refletirem sobre os pontos fortes ¢ as fragilidades dos diferentes métodos que empregam. cas ferninistas das entrevistas que foram abordadas incdes espiitias entre razio ¢ experiéncia e a objetivi- mento so apenas alguns dos argumentos subjacentes brevemente. As dade como dest PesQUIsA SOCAL 474, que informam essa ct Contudo, como observado no Capitulo 5, as feministas também aram as entrevistas estruturadas e na seco supra- dos. Assim, embora compar Ihando as debate sobre os métodos de entrevist pesquisadores feministas. Além disso, alguns tém defendido que a caracte rizacdo de Ann Oakley sobre as prescrigGes dos manuais académicos € i precisa (Malseed, 1987). Em resposta a essa critica, Oakley (1987) argu- mentou que isso nao prejudicava a substancia dos seus argumentos. Em uma critica final, examinei o argumento de que as entrevistas baseiam- se no relato que as pessoas fazem das suas agSes como representando algo além da situacao da entrevista. Daf decorrem diversas possibilidades. Primei ro, 0s relatos podem ser simplesmente imprecisos por uma razio ou outra. Segundo, embora os relatos possam ser um reflexo genuino das experiéncias de uma pessoa, poderiam haver circunstdncias ou eventos que cercassem estes dos quais a pessoa ndo estivesse ciente. Terceiro, um entendimento mais pleno 86 pode ser alcancado pelo exame do contexto ou das cizcunstincias aos quais as pessoas referem-se. A Unica ‘ana qual o pesquisador poderia exami- nélos € estar la no momento. Isso, com um elemento de inventividade da minha parte, agora, leva-nos ao tema da observagao participante RESUMO Diariamente, em muitos ¢: 5 da vida, as entrevistas séo utiliza das para entender e avaliar individuos em particular e obter informagao em geral. Embora os objetivos dessas entrevistas sejam diferentes na for- ma daquelas utilizadas na pesquisa social, esse uso comum é uma questo freqitentemente entre aquelas que se concentram apenas na sua validade, ao invés de se preocupar com a maneita que elas so utilizadas como ins- trumentos para obter informagao"e, com freqliéncia, empregar o poder social com os propésitos de recrutamento ¢ avaliagdo. As entrevistas na vida social ndo so apenas tépicos, mas séo empregadas como meios esti: ‘as oportunidades da vida. Ao mesmo tei res. Por essas razbes os pesquisa far suas préticas de entrevista, ass resultados das mesmas, com 0 propés res procisam se inter como o que € esse fim. Por exemplo, argumenta-se que é a comparagéo como Uf mensfo importante para a pesquisa social 0 que esté faltando &% gligncia na prética. Assim, o erro pode estar presente tanto nos mel : 272 many {ativos como nos quantitativos como manciras de conhecer o mundo € sustentar que eles $40 opostos um ao outro pode reproduzir as cas, por exemplo, referem e procuram superar (Oakley, 1 Por fim, vale enfat 1r que os dados derivados das entrevistas nao sto * ou “distorcidas", mas forne- cem 20 pesquisa dos pelos quais as pessoas percebem os eventos e as relagdes ¢ as razies que oferecem para assim las so mediadas nao apenas pelo entrevistado, mas tam- rador. So os séus pressupostos na interpretacao dos da- dos que também devem ser objeto de andlise. Muito simplesmente, se tan- to os pontos fortes como as fragilidades dos métodos de entrevista e abor- dagens diferentes para a sua andlise so entendidos, elas podem fornecer- nos uma maneira essencial de entender e explicar os eventos e as relades sociais, Questées para reflexao 1. Quais, na sua opinio, so 0s atributos essenciais de um entrevista dor nos casos das entrevistas estruturadas e de grupos focais e por qué? 2. Métodos diferentes de entrevistas refletem maneiras basicamente incompa 3. E solicitado que vocé conduza entrevistas de histéria de vida com um grupo de pessoas acima dos 75 anos de idade. Que mécodos vocé escolheria € quais voeé acha que seriam as questées que pre- cisaria considerar antes, durante ¢ depois das proprias entrevistas? 4, Uma entrevista & um t6pico ou um recurso? Que perspectivas in- formam,esse debate e qual é a sua opiniao sobre ele? LEITURAS SUGERIDAS Chamberlayne, B, Bornas,J,,¢ Wengraf,T. (eds) (2000) The Turn to Biographical Methods i ‘Mann, C. ¢ Stewar, F (2000) Incernet Communication and Quolitative Research. London: Sage. Seale, C. (1999) The Quali of Qualitative Reseorch. London: Sage. ‘Stauss, A, € Catbin, J. (1990) Basics of Qualitative Research: Grounded Theory Procedures ‘and Techniques. 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Nao podemos mais diferenciar entre a aparéncia ¢ a realidade. Os antincios convencem-nos a consumir bens empregando midias visuais que, com fre- qiiéncia, nao tem absolutamente nada a ver com o produto em termos das necessidades que ele poderia satisfazer. Pelo contrério, procuram criar de- sejos e, assim, nos rendemos para as imagens que consumimos. Essas idéias nao foram recebidas sem ceticismo (Rojek ¢ Turner, 1993; O'Neill, 1995; May, 1996; Smith, 1999; Bourdieu, 2000; Goldthorpe, 2000). Examinando trabalho de Baudrillard, Zygmunt Bauman conclui com uma recomendagdo para ele: “Um filésofo ¢ um analista da sua época sai ¢ usa ‘05 seus pés repetidas vezes. Perambular ainda tem a sua ttitidade” (Bau- man, 1992, p.155). “Perambular” nesse sentido é escutar, observar e expe- renciar e expor teorias e biografias para situagSes e relacGes sociais novas € ndo-familiares, com vistas a ampliar o entendimento delas. Isso € preci- Referéncias inch, J. @ Rock, P (eds) (1982) Practice and Progress: British London: George Allen and Unwin. research, in M. M. Fonow e J. A. Cook (eds.) Beyond Methodology: Ferm ‘Scholarship as Hired Researck. Bloomington Indianapolis: Indiana University Pres Ackers, L. (1993) Race and sexuality in the etnographic process, in D. Hobbs e T: May eds.) interpreting te Feld: Accounts of Edinograply. Oxford: Oxford Universiy Press. ‘Aekaovd,S:¢ Hughes, J (1983) Data Collection in Contexe. London: Longman (1998) Timewatch: The Social Analysis of Time. Cambridge: Polity. "Beck, U.e-van Loon, J. (eds.) (2000) The Risk Society and Beyond. London: , L. (1995) Gendered Work: Sexuality, Family and the Labour Market. Buckin: ‘gham: Open University Press Adles, M. ¢ Asquith, S. eds.) (1981) Discretion and Welfare. London: Heinemann. ‘Adorno, T, Frankel Brunswik, E., Levinson, D. ¢ Sanford, R. (1950) The Authoritarian F New York: Harper Row. Ages, B. 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