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UNIDADE 3 ARGUMENTAGAO E FILOSOFIA. 1. FILOSOFIA, RETORICA E DEMOCRACIA OS SOFISTAS Os sofistas eram professores itinerantes de ret6rica que instruiam @s jovens em troce de dinheiro. O seu sur- gimento e a sua atividade tern como pano de fundo o sistema politico democratic existente em muitas cida- des-estado gregas. Ora, a democracia implica a luta partidéria, que, por sua vez, torna necesséria a preparacao de oradores capazes de construir discursos persuasivos em defesa de um projeto politico. Por outro lado, os tri- bunais eram publicos, e cada cidadao tinha de defender a sua propria causa, pelo que, também por isso, era conveniente saber argumentar de modo persuasivo. Nestas circunstaneias, 0 saber asstimia um cariz iminente- mente pratico, e nao &, portanto, de admirar que os sofistas atralssem @s jovens que aspiravam a vida publica que possulam as elevadas quantias que aqueles exigiam como honorérios. Conhecemos o nome de cerca de trinta sofistas, embora tenham sido certamente muitos mais. O5 mais importantes, tanto quanto sabemos, foram Protagoras e Gérgias. DOUTRINAS DOS SOFISTAS Embora diferentes entre e si e em competi¢o por alunos, os sofistas tinham algumas praticas e doutrinas em comum: ‘* Todos pretendiam ensinar a retérica ou arte oratéria; * De uma maneira geral, recusavam a existéncia de uma realidade permanente que subjaz e justifica as apa- rencias; + Eram relativistas e subjetivistas; * Defendiam uma perspetiva empirista e cética quanto a origem e possibilidade de conhecimento. © CONFLITO ENTRE ORADORES E FILOSOFOS Destes aspetos que 0s sofistas, em maior ou menor grau, partilhavam, hé dois para os quais ¢ necessério chamar a atenc3o devido as implicacdes que tém. Sao eles o facto de ensinarem a retorica e de partilharern um. ponto de vista cético e relativista. Estas duas coisas esto ligadas, uma vez que a segunda fornece a justifi cago para a primeira: se a verdade ¢ relativa e particular (isto é, se a verdade muda consoante o homem que percebe o objeto), @ nao absoluta e universal (isto é, sempre a mesma para todas as pessoas), todo 0 conheci- mento se reduz as crencas e as opinides de que os homens podem ser persuadidos. Para os sofistas, é esse 0 papel e a vantagem da retorica Esta relacdo proxima entre ceticismo e retérica, juntamente com as pretens6es pedagégicas dos sofistas no sentido de ensinarem a virtude politica, foram objeto de forte oposicao por parte de filsofos como Socrates e Platéo, que defendiam que ha uma realidade objetiva e que ha verdades objetivas e universais, que podem ser conhecidas por intermédio, nao da retérica, mas da dialética EXERCICIOS Selecione a opcao correta. 1. Na Grécia antiga, a democracia estimulou o desenvolvimento da retérics porque — 2) 05 sofistas ensinavam a persuadir pelo uso da palavra 'b) numa democracia as decisbes so tornadas publicamente. €)05 sofistas, segundo Plato, no estavam interessados na verdade d) persuadir os outros pelo uso da palavra faciltava 0 acesso ao poder. R 2. A afirmacao de Protagoras «O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que sS0, en- quanto sao, das coisas que nao sdo, enquanto nao sdo» significa que .. a) nao ha critérios objetivos de verdade, mas hé de falsidade. b) nao ha critérios objetivos de falsidade, mas ha de verdade. ©) ndo ha critérios objetivos de verdade nem de falsidade. d) ha critérios objetivos de verdade e de falsidade. R 3. A afirmagao de Protagoras «O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que so, en- quanto so, das coisas que nao sdo, enquanto no so» significa que ... a) nao ha valores absolutos, mas ha verdades absolutas. b) nao hé nem verdades nem valores absolutos o) hd verdades e valores absolutos. ) no ha verdades absolutas, mas ha valores absolutos. 4, Uma das carateristicas partilhadas pelos sofistas foi (selecione a alternativa falsa) . a) a defesa do dogmatismo quanto a possibilidade do conhecimento b) a defesa do empirismo quanto origem do conhecimento. ©) a defesa do ceticismo quanto a possibilidade do conhecimento. d) 0 ensino da retérica R 5. Os sofistas eram .. a) racionalistas e relativistas. b) empiristas e relativstas ©) céticos e objetivistas. d) empiristas, idealistas e realistas Responda as seguintes questes, 1. Quem eram os sofistas? R: Os sofistas eram professores itinerantes de retorica que instruiam os jovens em troca de dinheiro. 2. Quais as principais causas que esto na origem dos sofistas? R: A democracia tornou necessaria a preparacao de oradores Capazes de construir discursos persuasivos fosse para defender um projeto politico fosse para litigar em tribunal. Os jovens que desejavam dedicar-se & vida politica viram-se por isso obrigados a aprender retorica. Os sofistas surgiram para responder a esta neces- sidade, 3. Quais as principais doutrinas filoséficas dos sofistas? 'e uma maneira geral, os Sofistas pretendiam ensinar a retérica, recusavam a existéncia de uma realidade Permanente, eram relativistas e subjetivistas e defendiam uma perspetiva empirista e cética quanto & origem e possibilidade de conhecimento. 4. Qual a relacao existente entre retérica e relativismo? R: O relativismo justifica 0 ensino e a pratica da retorica. Se a verdade ¢ relativa e particular, endo absoluta € universal, entao o conhecimento reduz-se as crencas e as opinides de que os homens podem ser persuadidos 5. Quais as principais diferencas que esto na base do conflito entre oradores e filsofos? R: As principais diferencas na base do conflito entre oradores e fil6sofos séio 0 facto de os sofistas, ao de- fenderem uma perspetiva relativista e cética e a0 promnoverem o ensino da retorica, se oporem fortemente Posicdo de filbsofos como Socrates e Plato, que defendiam a existéncia de uma realidade objetiva e de verdades Objetivas e universais, que podem ser conhecidas por intermédio da dialética, 6. Esclareca de que forma a concecdo de verdade defendida pelos sofistas se relaciona com causas filos6ficas e politicas. R: Os sofistas tem uma concecéo relativista acerca da verdad. Acreditam que o homem é a medida das coi- sas. E verdade 0 que para cada um parece verdade. A verdade é individual e temporéria ou circunstancial. Tal concecao decorre da defesa do ceticismo. A perspetiva cética e relativista da verdade relaciona-se com causas filosoficas e politicas. De um ponto de vista filosdfico, 0s sofistas reagem aos resultados das teorias pré-socraticas Todas elas pretendiam ser a expresso da verdade absoluta em torno dos mesmos problemas, mas anulavam- se Mutuamente em contradicOes. Daf que os sofistas fizessem a ilacéo de que a verdade absoluta nao existe, ‘Use existe escapa ao nosso conhecimento. Politicamente, a democracia foi ganhando terreno em desfavor de outros regimes pollticos e mobilizava a Participacdo dos cidadaos nos assuntos da cidade-estado, sendo necessérrio que cada um soubesse defender os seus pontos de vista, Os sofistas responderam a esta necessidade da democracia, ensinando, entre outras coisas, 2 retérica a todos aqueles que futuramente pretendiam ocupar cargos piiblicos. A perspetiva acerca da verdade gue melhor se harmonizava com as estas novas condicdes sociais e politicas era a perspetiva relativista segundo 2 qual a opiniao de um homem é to valida como a de qualquer outro. 2, PERSUASAO E MANIPULAGAO OU OS DOIS USOS DA RETORICA Para os sofistas, em geral, e para Gérgias, em particular, a ret6rica é a arte de persuadir pela palawra, facul- tando desse modo ao orador liberdade e dominio sobre os outros. Aos seus olhos, isto valonizave enormemente a retorica, tornando 0 seu conhecimento uma condicdo essencial a todos aqueles que queriam singrar na vida publica, Sécrates e Plato, no entanto, nao pensavam do mesmo modo, e néo é, portanto, de estranhar que Platao se esforce por mostrar que a retérica, em vez de ser uma arte e de ter por objetivo 2 persuasso, € antes uma forma de manipulaco, com a qual os oradores instrumentalizam os auditorios, fazendo deles metos pare os setis proprios fins ou os fins daqueles que representam, Para que a ret6rica fosse uma arte, pensava Platao, teria de ter um fundamento racional ¢ por finalidad= © bem. A retérica, no entanto, ndo cumpre nenhum destes requisites e, por isso, ¢ uma forma de atividiad= ‘empirica, que tem por fim produzir no auditério um sentimento de agrado e de prazer. Dito de outro modo, retdrica € uma forma de adulacao e de manipulacao. E verdade que muitas vezes aqueles que pretendem persuadir acabam por manipular os auditorios a que se dirigem, Mas sera esta prética inevitavel? Sera que, com pensava Platéo, a retorica é necessariamente manipu- lacdo? Ou que, como pensava Arist6teles, a retdrica é um instrumento e, como qualquer instrumento, pode ser usado para o bem ou para 0 mal? Hoje ha quem pense que a retorica pode ter na comunicacao 0 importante papel de clarificar 0 discurso, explicitando teses e argumentos e facilitando a sua compreensao pelo auditorio EXERCICIOS Selecione a opcao correta. 1. Como se distingue a persuasao racional da manipulagéo? ) A manipulagio tem em consideracao as carateristicas do audit6rio, mas a persuaséo racional nao. b) A manipulagao nem sempre é eficaz, mas a persuasao racional é. A persuasao racional tem em consideracéo as emogdes das pessoas, mas a manipulacgo néo. d) A persuaséo racional tem em vista a verdade, mas a manipulacao nao. 2. O uso manipulador da retorica carateriza-se pelo facto de o orador ... a) tentar tirar partido das limitagGes e dos preconceitos do auditério. b) reconhecer as limitac6es e os preconceitos do auditério. ignorar as limitagOes e os preconceitos do auditério. d) tentar ultrapassar as limitac6es e os preconceitos do auditor. R: 3. «Algumas formas de persuasao nao sao formas de manipulacéo.» Esta afirmacdo ¢ ... a) verdadeira, porque nao ha persuasdo sem manipulacao. b) falsa, porque nao hé persuasao sem manipulacéo. 0 verdadeira, porque ha estratégias racionais de persuasso. d) falsa, porque a persuasdo visa 0 contralo emocional dos interlocutores. |. ARGUMENTACAO, VERDADE E SER Segundo Susan Haack so possiveis trés tipos de avaliacao de argumentos: 1) Avaliacdo logica: ha uma conexdo correta entre as premissas e a concluséo? 2) Avaliacdo material: as premissas e a conclusdo so de facto verdadeiras? 3) Avaliacao retérica: 0 argumento € persuasivo, atraente e interessante para a audiéncia? A retorica é vulgarmente caraterizada como a arte da persuasao, isto é, a arte que estuda os procedimentos que permite a um orador fazer com que um autitorio adira aos pontos de vista que defende, Parece que ob- jetivo da retorica nao ¢ descobrir e estabelecer as condigées que permitem saber que determinadas proposicées so verdadeiras ou plausiveis, mas tentar compreender e usar a capacidade persuasiva da argumentacdo na co- municacéo. Os filésofos que na Antiguidade deram mais atencao a retorica, Platao e Arist6teles, nao tinham uma opiniao muito favordvel a seu respeito. Plato, como ainda ha pouco tempo vimos, recusava-Ihe o estatuto de arte e considerava a persuaséo obtida por seu intermédio uma mera forma de adulacao e manipulacdo. Aristoteles do vai to longe quanto 0 seu mestre e tem uma posicao idéntica 3 defendida por Gérgias no dislogo de Plato com o mesmo nome: a retorica é uma arte e pade ser usada tanto de forma justa como de forma injusta. Como investigador, Aristoteles estava interessado em compreender e explicar 0 poder persuasivo da palavra e ‘como homem viu demasiadas vezes a verdade e a justica serem vencidas pelo facto do auditorio ser incapaz de seguir as cadeias de argumentos necessérias para as suportar. Isso explica 0 seu interesse pela retorica e por que razo a considerava util nos tribunais e nas assembleias. Um argumento persuasive é um argumento cuja conclusao tem de ser verdadeira ou basta que pareca verdadeira? Sera que a persuasao ¢ incompativel com a verdade? ‘Comecemos por relembrar algumas coisas importantes que estudaémos em légica: «é evidente que em filosofia, nas cléncias e noutras dreas do saber pretendemos mais do que rigor 6gico do pensamento, Queremos argumentos bons com premissas e conclusio de facto verdadeiras ou pelo menos muito crediveis. Dizer que um argumento é valido nao significa dizer que é sélido. Estamos perante um argumento solido quando 56 quand (1) o argumento é valido e (2) as premissas sdo de facto verdadeiras (e, por conseguinte, a conclusdo também 6 verdadeira). Podemos enunciar esta explicagao sob a forma de um argumento condicio- nal, Dizer que um argumento é sélido é dizer duas coisas que podem ser entendidas como premissas: 1) Se as premissas do argumento séo ditas verdadeiras, entdo a conclusdo tem de ser verdladeira (signitica que o argumento é valido). 2) As premissas do argumento sao de (facto) verdadeiras. 3) Por conseguinte, a conclusao do argumento & de facto verdadeira, Um argumento s6 é sélido se for vélido, mas ser vilido ndo é suficiente para ser sdlido. Um argumento, ppara ser sdlido, tem de ser vilido e também constituido por premissas de facto verdadeiras. Apesar do que dissemos, hé quem se interrogue sobre a grande importéncia atribuida a validade. No fim de contas, dirdo alguns, um argumento valido pode ser absurdo no seu conteddo e falso na sua concluséo. Na verdade, a solidez & aquilo que realmente procuramos num argumento. Fixe, contudo, que a validade é um componente indispensével da solidez: nao hé solidez sem validade». Baggini, Julian e S. Fosl, Peter, The Philosopher's Toolkit, Londres, Blackwell, 2005, p. 14 Avalidade, como 0 texto diz, é necessaria, mas ndo suficiente. E preciso que o argumento seja bom. Agora podemos perguntar: um argumento é bom por ser persuasivo ¢ eficaz ou é persuasivo e eficaz por ser bom? Arresposta nao é facil. O que parece indiscutivel € que @ arqumentacao nao se dé no vazio: ha um auditério ou um leitor com o qual debatemos e trocamos ideias. A qualidade da troca de ideias e de argumentos depende da capacidade intelectual, da exigéncia critica do auditério ou do leitor e também dos seus sentimentos em re- laco ao assunto debatido. © que ¢, na perspetiva ret6rica, um argumento bem-sucedido? & aquele que obtém a adesao do auditorio. A todo 0 custo? Vale tudo? Nao. Nenhum orador ou argumentador conseguir convencer o seu auditério se cometer flagrantes violacées das regras de inferSncia vélida ou correta e se quiser fazer passar por verdadeiras conclusbes falsas. A argumentaco retorics nao pode perder de vista o raciocinio ldgico e a verdade. Dissemos que a resposta & questo sublinhada no ere fécl. Com efeito, muitas pessoas nao aceitam que a adeséo do auditério seja o critério que faz de um araumento um bom argumento. Este tem de valer por si independente- mente da reacao do auditOrio da avaliacso deste, Para outros, a verdade é apenas um dos motivos de adesao; uma tese pode ser aceite ou recusada também por outros motives: Ser ou nao oportuna, justa, util, etc. Final- mente, outros afirmam que 6 SUposto compromisso de ret6rice com 2 verdade nao impede que, no fundo, a argumentacdo ret6rica seja uma forma dissimulada de manipulacao. Com efeito, dizem, a eficacia da retorica pressupée a crenca do audit6rio na exisiéncs da verdade. Quando um orador argumenta, tem por objetivo obter a adeséo do auditbrio as ideias que defende. O auditono, por seu lado, aderiré ou nao a essas ideias con- soante elas Ihe parecam ou nao verdadeiras ou, se se trata de assuntos em que a verdade nao é facil de deter- minar, consoante Ihe parecam terem maior ou menor probabilidade de serem verdadeiras. Em qualquer dos cas0s, quando © audit6rio adere aos pontos de vista do orador € porque julga que esses pontos de vista sa0 verdadeiros ou, na pior das hipdteses, que tém mais probabilidades de serem verdadeiros. Assim, quando o orador usa a retérica, esta a explorar ea servir-se desta tendéncia do auditério para a verdade, Como a retorica visa apenas a adesdo e como 0 auditério, quando aceita as ideias do orador, o faz na conviccao de que as teses apresentadas so verdadeiras ou mais provavelmente verdadeiras, o orador esta a manipular 0 auditério. Sera este procedimento aceitavel? Embora nao seja nada facil determinar o valor de verdade de uma teoria, 6 esse o fim tiltimo de toda a ati- vidade filosofica. Por conseguinte, perguntar qual o contributo da retérica para a filosofia é perguntar se a re- t6rica contribui para a descoberta do valor de verdade das teorias que 0s filésofos formulam. Se esse contributo existir, a retorica tem interesse para a filosofia. Caso contrario, nao tem TESTE-TIPO INTERMEDIO 1 FILOSOFIA Duragao do teste: 90 minutos 112 Ano de Escolaridade GRUPOT 1. Leia o texto seguinte. ‘A colocacao da interrogatividade em evidéncia permite compreender uma oposigao entre dois usos da ret6rica: aquele que visa manipular os espiritos e aquele que, pelo contrario, torna ptiblicos os procedimentos da primeira, e de uma maneira mais geral todos os mecanismos da inferéncia nao légica. Platdo agrupava poetas e sofistas no mesmo campo, porque uns e outros se esforcavam por fazer passar por verdadeiros ou verosimeis os discursos desprovidos de verdade: faziam trocadilhos sobre os seus senti- dos, apresentando como evidente aquilo que deveria ser problematico. Daj a ideia de ficcdio, mas também de manipulagao pela linguagem, que consegue fazer passar por resposta aquilo que é uma questao. M. Meyer, Questies de Retérica. Linguagem, Razdo e Seducdo, Edigdes 70, 2007. 5 1.1. Nomeie os dois usos da ret6rica referidos no texto. 20 1.2. Exponha, a partir do texto, as criticas feitas por Platao a retérica sofistica. como 10 TESTE-TIPO INTERMEDIO 2 FILOSOFIA Duracéo do teste: 90 minutos 11° Ano de Escolaridade GRUPOI 1. Leia 0 texto seguinte. Se nos colocarmos no ponto de vista do orador, o que se impde como determinante a vontade de agradar, de persuadir, de seduzir, de convencer, e pouco importa se isso € conseguido através de belos discursos ou de argumentos racionais. Se encararmos agora © ponto de vista do audit6rio, 0 que conta é antes a decifracdo das intengdes e, por con- seguinte, 0 carater do orador, a inferéncia que temos o direito de fazer a partir daquilo que é enunciado literalmente. Resta agora o terceiro ponto de vista: aquele que o proprio medium apresenta, a linguagem ou a imagem, ou seja, a mensagem. Aqui, 0 que conta so as marcas de implicito sugerido, o sentido linguistico e as condigdes pragmaticas da sua ocorréncia, os tipos de discurso utilizados, a narragao, o relato ou 0 conjunto de argumentos. ; M. Meyer, Questies de Retorica. Linguagem, Razdo e Seducio, Edigdes 70, 2007. | 1.1. Indique, a partir do texto, os elementos presentes num discurso argumentativo. 1.2. Distinga a persuasdo apoiada em «belos discursos» da persuasao que recorre a «argumentos racionais». Duracdo do teste: 90 minutos 11° Ano de Escolaridade GRUPO I 1. Leia o texto seguinte. (...) E que raciocinar e provar — dir-se-4 repetidamente — nao é apenas calcular, nem caminhar simplesmente de axiomas e regras de um sistema para teoremas. Raciocina- mos, também, quando procuramos mostrar a conformidade e coeréncia entre certas convicgdes que admitimos e as opcdes e consequéncias praticas a que elas conduzem, quando nos esforcamos por justificar as razbes pelas quais as subscrevemos e Ihes ade- rimos, quando tentamos persuadir, a nés préprios ou a outros, do valor que sustenta a sua razoabilidade. Se a razio é razdo humana, ela nao pode ser esvaziada de contetido, desligada de toda a referéncia a valores e a convicgoes. R.A, Gracio, Racionalidade Argumentativa, Edigdes Asa, 1993. 1.1. Clarifique, a partir do texto, 0 conceito de auditorio. 1.2, Tomando como referéncia os dominios da argumentacao e da demonstragao, fundamente a afirmacao do autor quando diz que «raciocinar e provar (...) néo 6 apenas calcular», 2. Leia o texto que se segue. Se levarmos a relatividade restrita mesmo a sério, (...) tudo 0 que existe no tempo também existe no espago. O que temos € apenas um continuo quadridimensional. no espaco ¢ se tudo o que existe no tempo existe no espago, entio Deus nao existe no tempo. Antony Flew (com Roy A. Varghese), Deus (ndo) existe, Aletheia Editores, 2010, | Nenhum teista alguma vez pensou que Deus existe literalmente no espaco. Se nao existe | ia FILOSOFIA Duracao do teste: 90 minutos 11.2 Ano de Escolaridade GRUPOL 1. Leia o texto seguinte. ( desenvolvimento de uma teoria da argumentago consiste numa reagao contra os esfor- 0s dos logicos modernos, que, na tentativa de renovar a logica através da anise do racioct- | nio das matemiticas, identificaram a légica com a légica formal. Com este procedimento, estes l6gicos reduziram de um modo constrangedor conclusdes a partir de premissas, gragas a regras de inferéncia previamente formuladas. A demonstracao reduz-se assim a um céleulo. C. Perelman, “Argumentacio”, in Enciclopédia Einaudi, 1987. 1.1; «O desenvolvimento de uma teoria da argumentacao consiste numa reacao contra os estorgos dos légicos modernos, que (...) identificaram a Iégica com a l6gica formal.» Fundamente a afirmacdio, tendo em conta os seguintes aspetos: —a razao como evidéncia e como razoabilidade; ~ a reabilitacao da retérica como racionalidade argumentativa. 2. Leia texto seguinte. (...) Alice nao achava que isso provasse coisa nenhuma, mas continuou: —E como sabes que és louco? — Para comecar, um co no é louco. Aceitas isso? | —Creio que sim — respondeu Alice. — Bem, nesse caso... — continuou o Gato - um cao rosna quando esta zangado e | | abana o rabo quando esté satisfeito. Ora eu rosno quando estou satisfeito e abano o rabo | quando estou zangado. Por isso sou louco. L. Carroll, Alice no Pais das Maravithas, | Edigdes Nelson de Matos, 2010. TESTE INTERMEDIO 2012 - FILOSOFIA GRUPO I Leia 0 texto seguinte. As provas de persuasao fornecidas pelo discurso sao de trés espécies: umas residem no | caréter moral do orador; outras, no modo como se dispde o ouvinte; e outras, no préprio discurso [... Persuade-se pelo cardter quando o discurso ¢ proferido de tal maneira que deixa a impressao de 0 orador ser digno de fé. Pois acreditamos mais e bem mais depressa em pessoas honestas, em todas as coisas em geral, mas sobretudo nas de que nao ha conhe- | cimento exato e que deixam margem para diivida. [...] | Persuade-se pela disposicio dos ouvintes, quando estes sao levados a sentir emogao por meio do discurso [...1. Persuadimos, enfim, pelo discurso, quando mostramos a verdade ou 0 que parece verdade, a partir do que é persuasivo em cada caso particular. Aristoteles, Retorica, 1356a (trad, de Manuel Alexandre Jdnior, Paulo Farmhouse Alberto, Abel do Nascimento Pena), Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1998, = 10] 1.1, Indique as trés «provas de persuasao fornecidas pelo discurso» a que 0 texto se refere. [25] 1.2. Diferencie os dois usos da retérica, a partir do texto. 2. Leia o seguinte excerto do Didlogo dos Grandes Sistemas, escrito por Galileu Galilei no século XVII, em que as personagens Salviati e Simplicio discutem a teoria aristotélica acerca do movimento. SALVIATI - [...] Espanta-me [...] que nao vos apercebais que Aristételes supde 0 que precisamente esta em questao. Ora notai... SIMPLICIO — Suplico-vos, Senhor Salviati, falai com mais respeito de Aristteles. A Soe ea ee ee cador da forma silogistica, da demonstragao, das refutagées, [...] de toda a légica, em suma, tenha podido cair num erro tao grave como o de supor conhecido o que esté em | questo? Galileu Galilei, Didlogo dos Grandes Sistemas (Primeira Jornada), Lisboa, Publicages Gradiva, 1979, 10, 2.1. Nomeie a falacia cometida por Aristételes, segundo Salviati. 10 2.2. Nomeie o tipo de argumento utilizado por Simplicio. hi RACIONALIDADE ARGUMENTATIVA E FILOSOFIA Questées de escolha multipla Indique, para cada questo, a opgao correta. 4. O ser humano néo tem uma necessidade séria da argumentacao. Esta afirmagao A. verdadeira, porque argumentar é apenas querer manipular os outros através de belos discursos; B. falsa, porque quem nao conhece as técnicas argumentativas nao consegue viver em sociedade; C. verdadeira, porque quando as teses s4o evidentes nao é necessario perder tempo a defendé-las; D.talsa, porque a realidade nem sempre 6 evidente, suscitando diferentes pontos de vista que exigem ser defendidos mediante argumentos. 2. Em relago aos diferentes niveis da argumentacdo, é legitimo afirmar que: ‘A. a opiniao do orador é sempre indubitavel; B. o orador apresenta uma tese a favor da qual o auditério ir argumentar; C. 0 auditério pode ser individual ou coletivo; D. o contexto de racegao ¢ irrelevante na adesao a tese e aos argumentos do oradbor. 3. O objetivo da retérica consiste em: A. conduzir alguém a uma conclusdo necesséria e universal; B. fornecer argumentos a favor das teses que 0 auditério sempre aceitou sem contes- tagao; C. persuadir e convencer um auditério a respeito de determinado assunto; D. exibir belos discursos sem qualquer preocupagao com a coeréncia € com a ver- dade. 4. Em relagao & argumentacio e & demonstragdo, 6 correto afirmar que: A. a argumentacdo visa mosirar a relagdo necesséria entre a conclusdo e as premissas; B. a demonstragdo € impessoal ao nivel da prova, pois a validade néo depende em nada da opiniao; C. a argumentagaio é independente do orador @ do auditério; D. a demonstragao se caracteriza pela equivocidade prépria da linguagem natural, 9 Os objetos de acordo sao: A. premissas admitidas pelo audit6rio; B. conclusdes exclusivas do orador; ©. verdades irrefutaveis; D. argumentos validos. 6. Uma das principais caracteristicas do discurso publicitario é 0 facto de este tipo de discurso: A tentar responder a necessidades, sendo incapaz de as criar; B, ser sedutor, pois dirige um apelo especifico a sensibilidade/emocao; C. optar por mensagens longas e detalhadas; D. atuar apenas a um nivel consciente, sugerindo associacées, 26 2. Argumentagso @ ret6rica 7. O discurso da propaganda politica A. tenta responder as preocupagées da opiniao ptiblica; B. nunca é manipulador, embora seja demagogico; C. utiliza sempre argumentos validos; D. no é sedutor, porque se dirige apenas razéo. 8. As provas baseadas no ethos, no pathos e no logos centram-se, respetivamente: A. no orador, no auditério, nos argumentos; B. no auditério, nos argumentos, no orador; C. no orador, nos argumentos, no auditério; D. no auditério, no orador, nos argumentos 9. Quando se trata de redigir argumentos curtos, no convém: A. efetuar a distingao entre premissas e conclusao; B. apresentar as ideias segundo uma ordem natural; ©. partir de premissas fidedignas; D. usar uma linguagem vaga, abstrata e complexa. 40. O entimema é um argumento: A. completo; B. incompleto; ©. valid; D. invalido. 44. Os meus amigos adoram ler. Logo, todas as pessoas da idade deles adoram ler. Este exemplo traduz: ‘A. um argumento por analogia; B. um entimema; ©. uma indugao por previsao valida; D. uma indugao por generalizagao invalida 12. O argumento de autoridade sera invalido se: A. 0 especialista usado for um perito no tema em questo; B. no existir controversia entre os especialistas do tema em questao; C.0 argumento for mais fraco do que outro argumento contrario; D. 0 especialista invocado ndo tiver interesses pessoais no tema em causa. 13, O regime democratico & justo, porque 6 um regime onde impera a justica. Este enunciado 6 exemplo da seguinte falacia: A. apelo a ignorancia; B. causa falsa; C. petigao de principio; D. falso dilemna. 27 ugumentacde, erie eflosota 8. Argumentagao, retorica e Filosofia Exercicio 1 Selecione a alternativa correta, “Todos os ces gostam de guloseimas, pois todos os ces que eu conhego sio assim.” Este argumento é... ‘A. uma gencralizagao indutiva, B. uma previsio indutiva. C. um argumento por analogia. D. um argumento de autoridade. 2. “Deus existe porque, se Deus nao existisse, tudo seria permitido” Este argumento é um entimema cuja pre- rissa implicita ou suprimida é... A. «nada & permitido» B. «nem tudo é permitido». €. atudo é permitidon. D. «algo é permitido», 3. Numa peticao de principio comete-se o erro de, A. pressupor aquilo que esti em questo. B. apresentar duas alternativas como se estas fossem as tinicas. C. atacar aquele que defende uma certa perspetiva, D. concluir que algo ¢ falso porque nao se provou que é verdadeiro. 4. Comete-se a falicia do boneco de palha quando se... A. argumenta com uma forma invélida. B. ataca aquele que defende uma certa perspetiva. C. apresentam duas alternativas como se estas fossem as tinicas. D. distorce a perspetiva daqueles que queremos refutar. 5. Considere os seguintes argumentos: 1, Ninguém conseguiu provar que Deus existe. Logo, Deus nao existe. 2. Ninguém conseguiu provar que Deus nao existe. Logo, Deus existe. Quais destes argumentos sio falcias de apelo & ignorancia? A. Nenhum. B, Apenaso 1. C. Apenas 0 2. D. Ambos. 6. Segundo Aristoteles, a persuasio pode assentar no estado emocional do auditério, no caréter do orador ou na propria argumentagao. Que termos correspondem, respetivamente, a estes trés meios de persuasao? A. Ethos, logos, pathos; B. Logos, ethos, pathos, C. Pathos, ethos, logos; D. Logos, ethos, pathos. 197 Parte uestées propastes 7. Segundo Aristételes, na argumentagao tipicamente retbrica... ‘A. parte-se de premissas seguras e mostra-se rigorosamente como se chega a conclusao. B. parte-se de premissas seguras, mas ndo se mostra rigorosamente como se chega a conclusio. C. nao se parte de premissas seguras nem se mostra rigorosamente como se chega & conclusao. D, nao se parte de premissas seguras, mas mostra-se rigorosamente como se chega a conclusio. 8. Uma demonstragao é um argumento. A. indutivamente vilido com premissas inequivocamente verdadeiras. B. indutivamente vilido com premissas plausiveis. C. dedutivamente valido com premissas inequivocamente verdadeiras. D, dedintivamente valido com premissas plausiveis, 9. O uso manipulador da retérica caracteriza-se pelo facto de o orador.. A, tentar tirar partido das limitagdes da racionalidade do auditério. B. reconhecer as limitagdes da racionalidade do auditério. . ignorar as limitagOes da racionalidade do auditério. D. tentar ultrapassar as limitagdes da racionalidade do audit6rio. 10.Na Grécia Antiga, a democracia estimulou o desenvolvimento da retérica porque... ‘A. 08 sofistas ensinavam a persuadir pelo uso da palavra. B. numa democracia as decisdes so tomadas publicamente. C. os sofistas, segundo Plato, nao estavam interessados na verdade. D. persuadir os outros pelo uso da palavra facilitava 0 acesso ao poder. Exercicio 2 Que tipo de argumento informal é cada um dos argumentos que se seguem? Justifique as suas respostas, 1. Aevolucao das espécies é um facto, pois todos os bidlogos reputados aceitam a teoria da evolucdo das espécies. 2. Quando nos queimamos, sentimos dor, o que nos faz ter um certo comportamento, Quando os ani- 1am, tém um comportamento semelhante. Por isso, os animais sentem dor quando se mais se qu queimam. 3. Pelo que observamos até hoje, ao aumento dos impostos segue-se o crescimento do desemprego. Os impostos aumentaram. Por isso, o desemprego vai crescer. a0, ixercicio 3 Compare os pares de argumentos 1-2, 3-4 e 5-6. Determine, no que respeita a cada par, se um dos argumentos é mais forte do que o outro. Justifique as suas respostas. 1. Cerca de 2/3 dos 100 portugueses inquiridos fogem aos impostos. Logo, 2/3 dos portugueses fogem 0s impostos. 2. Cerca de 3/4 dos 1000 portugueses inquiridos fogem aos impostos. Logo, 3/4 dos portugueses fogem 0s impostos. 3. Uma igreja é como uma casa. As casas tém arquitetos. Logo, as igrejas tém arquitetos. 4, Universo é como uma casa. As casas tém arquitetos. Logo, 0 Universo tem um arquiteto. 0 Estado & como um grande organismo. Num organismo saudavel, cada érgio desempenha bem 0 seu papel. Por isso, se queremos viver num Estado saudével, cada cidadao tem de cumprir a sua fun- J ™ ESCOLA SECUNDARIA DE ROCHA PEIXOTO Teste de Avaliagao de Filos ‘Ano Lectivo 2011/2012 11° Ano — Turma G ~ Verso 2 Duragao: 90 minutos Data: 31/01/12 Prof. César Cardeiras => Leia atentamento’o enunciado. - _Indique a verso do teste na folha de exercicio. + Este teste termina com a palavra FIM. Grupo! (50 pontos) - Este grupo é constituido por dez questées de escotha miltipla. Cada par de questées avalia um objectivo programdtico. - Na sua fotha de respostas, indique claramente 0 nimero do item a que esti a responder e a letra da alternativa que considera correcta. - Em caso de engano, este deveré ser riscado e corrigido, d frente, de modo bem legivel. - Serd atribuida a cotacdo zero aos itens em que apresente: -Mais do que uma opedo; -O niimero e/ou a letra ilegiveis. - Apresentagéo correcta dos itens de escolha miiltipla (100%) SELECCIONE A ALTERNATIVA CORRECTA. 1. 0 discurso argumentativo é sempre um discurso: A) tautolégico e formal. B) contextualizado ¢ impessoal. C) formal e direccionado para um auditério. D) pessoal e contextualizado. 2. O discurso argumentativo é um discurso ret6rico. Esta afirmagio é: A) verdadeira; a retorica permite tomar o discurso mais apelativo mas a questio da verdade depende dos seus utilizadores. B) falsa; a retérica consiste apenas na arte de bem falar independentemente da verdade do contetido do discurso e o discurso argumentativo nao. C) verdadeira; sem retérica o discurso argumentativo era facilmente refutado. D) falsa; existem outros tipos de discursos argumentativos para além do discurso retérico. O ethos diz respeito a forma como 0: A) discurso € estruturado tendo em vista 0 auditorio. B) orador se apresenta e a credibilidade que pode transmitir. C) auditério é respeitado pela sua dignidade. D) orador se preocupa com 0 audit6rio. 4. Utilizar uma linguagem clara ¢ um discurso estruturado é um problema que diz respeito A) ao pathos. B) Asintaxe. C) ao logos. D) ao ethos. 5. Uma das principais caracteristicas do discurso publicitirio é 0 facto de este tipo de discurso: A) ser sedutor, pois dirige um apelo especifico & sensibilidade/emogao. B) tentar responder a necessidades, sendo incapaz de as eriat. C) optar por mensagens curtas e detalhadas. D) actuar apenas a um nivel consciente, sugerindo associagoes. V.S.FF. 6. O entinema é um argumento: ‘A) vilido. B) invilido. C) completo. D) incompleto. 7. O argumento de autoridade sera invalido se: A) 0 especialista usado for um perito no tema em questio. B) o argumento for mais fraco do que outro argumento contrario. C) no existir controversia entre os especialistas em questio. D) o especialista invocado nao tiver interesses pessoais no tema em causa. 8. A retérica surgiu com maior incidéncia no século V a.C., gracas a implantagao de: regimes autoritérios. Império Grego. instituigdes democraticas. instituigdes oligarquicas. ~ 9. A originaria separago entre filosofia e retérica encontra-se directamente associada: A) A conquista da democracia ateniense. B) a morte do fildsofo Sécrates. C) arrivalidade entre os sofistas (como Gorgias e Protégoras) ¢ os jovens cidadaos. D) Arivalidade entre fildsofos e sofistas. 10. Se eu abrir uma excepgao para ti, terei de abrir excepgdes para todos. Este enunciado & exemplo da seguinte falicia: A) bola de neve. B) apelo a ignordncia. C) boneco de palha. D) causa falsa. Grupo Il (80 pontos) - Este grupo é constituido por quatro questées de resposta curta e objectiva. = Tenha em consideragao que as suas respostas serio classificadas de acordo com os seguintes critérios: Dominio dos contetidos e temas tratados ¢ rigor conceptual (80%) Correcta organizagio do discurso e dominio da expressio escrita (30%) 1 “Argumentar é, primeiro, comunicar: estamos, portanto, numa «situagiio de comunicagio», que implica, como qualquer situagdo deste tipo, parceitos e uma mensagem, uma dinamica propria.” Philippe Breton (1998), 4 Argumentagio na Comunieago, Lisboa, Pubicagées Dom Quixote, p. 22 L.1- Relacione, a partir deste excerto, argumentagilo e comunicagao. 2- “Toda a gente se apaixonou pela promessa da televisdo. Especialmente os publicitérios. Ela constitufa um meio de transmiss%o tremendamente poderoso (...), capaz de levar um aniincio directamente as salas, casas de jantar e quartos de dormir da nagao (...).” Jeffrey Robinson (1999), Os manipuladores, Lisboa, Edigio Livros do Brasil p. 50. 2.1 - Indique as caracteristicas do discurso publicitario. Teste de Avaliagao de Filosofia 112 Ano J Fevereiro de 2014 Nome do aluno __ ne’0 Versio2 Classif__ Professor A 4 Assy Leia atentamente s*textos € as questies. As suas respostas sero avaliadas de acordo com os seguintes critérios: dominio dos conhecimentos, rigor conceptual, estruturagao légica € linguistica do discurso e capacidade argumentativa € critica. Responda as perguntas dos grupos | e Il no enunciado. Grupo | (6 valores) rea alternativa correta. O argumento de autoridade sera invélido se : Oespecialista invocado néo tiver interesses pessoais no tema em questo. O especialista usado for perito no tema em questo. © argumento for mais forte do que o argumento contrério. O argumento for mais fraco do que o argumento contrério. A oposigao entre Retérica e Filosofia inicia-se com Plato para quem a palavra deve estar a0 servico da investigacdo da verdade. Esta afirmacéo é: Verdadeira, Retores e Filésofos utiizam a palavra para persuadir Falsa, ndo ha oposicdo entre Filésofos e Retores, dado que ambos defendem a existéncia da verdade. \Verdadeira, para os Retores a verdade ndo existe, para Plato a verdade absolute existe e é cognoscivel Falsa, segundo Plato a verdade é incognoscivel e os retores utilizam a palavra para manipular. ateniense deveria: O modelo de educagio que, na perspetiva dos sofistas, melhor podia servir a democrat Ensinar a arte de bem falar. Conduzir a uma verdade universal através da arte da eloguéncia. Assentar em principios verdadeiros e verdades imutaveis. Desenvolver em cada um as suas verdades naturais. Afirmar que as nocao de Ser e de Verdade sao hoje colocadas na esfera da argumentacSo, significa que: A Filosofia abandonou a procura da verdade, embora se interesse pelo conhecimento efetivo do Ser. Se aceita que a verdade é exclusivamente a verdade da légica demonstrati Aargumentacao deve ser regulada pela procura da verdade nos varios discursos sobre a realidade. Aargumentacao mostra que a verdade sobre 0 ser nao existe e que se existir no pode ser conhecida. O falso dilema é uma falacia que se comete quand Se recorre & forca para coagir 0 oponente a aceitar a concluséo. Se ataca 0 caracter do interlocutor e no 0 argumento em si mesmo. Se cita uma autoridade para suportar uma opiniao. Se reduz as alternativas a apenas duas, claramente opostas. Quando o orador informa o individuo acerca das consequéncias negativas, caso nao adira & sua tese, constitui uma faldcia designada: Apelo 2 forca Peti¢ao de principio. Falso dilema, Apelo a ignorancia, Uma falécia informal é: Um argumento valido em funcio de regras nao formais. /Um instrumento légico essencial & argumentacao. Um argumento valido com aparéncia de invalido ou incorreto. Um erro de raciocinio cuja fatha no deriva de regras formais, 1 0 descrédito da Retérica, até 8 sua reabilitacao no séc. XX por Perelman, deveu-se ao facto de esta ter sido considerada a arte de: Produzir discursos, bern fundamentados € coerentes. Produzir belos discursos quanto & forma, mas vazios de contetido, Demonstrar a Verdade. Recorrer a estratégias racionals para provar um ponto de vista. © que distingue um discurso persuasivo de um discurso manipulador é A tese escolhida pelo orador e as carateristicas do auditério. 0 objetivo do oradar 20 apresentar 0 seu ponto de vista, O conjunto de estratégias usadas pelo orador para provocar a adesdo a tese. 0 impacto dos argumentos apresentados sobre o auditério. 10. Para Aristételes, se um orador a quem é reconhecida autoridade moral apresentar argumentos solidos para conseguir a adesdo do auditério, recorre as) seguinte(s) estratégia(s) persuasivas Logos e Pathos Logos. Ethos e pathos Ethos e Logos. ‘A definigdo tradicional de conhecimento afirma que: {A justificago no basta para determinar se alguém conhece algo. ~ Conhecer é crer justificadamente que uma proposicéo é verdadeira, Conhecer ou saber é equivalente a crer em algo. A.crenca associada 4 crenca verdadeira é condicdo suficiente. ‘As afirmagées seguintes referem-se a problematizagao realizada por Edmund Gettier & definigao tradicional de conhiecimento, proposta por Plato. Depois de as analisar, selecione a alternativa que as identifica corretamente. 1. Gettier coloca em causa a possibllidade do conhecimento humano. 2, Mostra que é possivel haver uma crenca verdadeira justificada e nao existir conhecimento. 3 Ajustificago nao pode ter um cardcter contingente. 2€3 so verdadeiras, 1 ¢ falsa Todas as afirmacdes so verdadeiras. 12 sdo verdadeiras; 3 é falsa. I 1¢3 sdo verdadeiras, 2 ¢ falsa. Grupo It 4. Identifique, justificando, o tipo de argumento usado por Plato. (2 val) é “£0 sol que eu considero filho do bem, que o Bem gerou sua semelhanca, qual Bem é, no mundo inteligivel, em relacéo & jvel, o mesmo que o Sol no mundo visivel em relacdo & vista e ao visivel.” lg ao eenibic, 2, Identifique a faldcia informal que ocorre no seguinte argumento. Justifique a sua resposta. (2 val) 0s orientais defendem que os mais velhos so bons lideres. Assim sendo, nenhum jovem poderd ser lider. Esta posigéo € absurda porque a historia é fértil em exemplos de jovens que foram excelentes lideres, Jogo é falso que apenas os ‘mais velhos possam ser lideres. Le ESCOLA SECUNDARIA ROCHA PEIXOTO . ‘ANO LECTIVO 2012/2013 Teste de Avaliaciio de FILOSOFIA 112 ANO Turma G. 22 PERIODO Prof: Paulo Azevedo Aconselha-se a leitura integral do teste antes de comesar a responder e/ou letra ilegivel implicaré a anulac&o da resposta. Nas questdes de resposta escrita, serao aplicados os seguintes 70% — Dominio dos contetidos/temas tratados e rigor conceptual; 30% — Correta organizacao do discurso e dominio da expresso escrita. Sempre que exista um texto de apoio numa das questées colocadas, deveré articuld-lo explicitamente com a sua resposta, ios: GRUPO! Selecione a alternativa correta: 1.1 Para Atistételes, a retérica é uma técnica argumentativa capaz de persuadir os préprios deuses. Esta afirmacio é... 1L- verdadeira, embora o orator possa ndo recorrer necessariamente a técnicas ret6ricas; 2--verdadeira, porque o auditério é um conjunto de pessoas infiuencisve 3--verdadeira, porque o orador, ainda que fale a verdade, deve dominar a retérica; 4-verdadeira, por iso este filésofo contribu para a reabilitacio da retcrica, a) 1,3 e 4 so verdadeiras. b) 1, 2€ 3 sdo verdadeiras, ©) 2,3 e 4 sao verdadeiras. d) Todas séo verdadeiras. 1.2 0 conhecimento distingue-se da ilusdo porque nao se pode confundi a) 0 que sabemos com o que conhecemos. b) 0 que é factivo com o que é verdadeiro. c) 0 que acreditamos saber e o que efetivamente pensamos. 4) 0 que julgamos saber com 0 que conhecemos. ¢ 1.3 De acordo com a anilise trat crenga.. a) 6 uma condicdo necessaria para a verdade. b) é uma condicio necessaria para o conhecimento. ) € uma condicao suficiente para o conhecimento. d) é uma condicao suficiente para a verdade. jonal do conceito de conhecimento, a 1.4 Considere as afirmagSes que se seguem. Selecione, depois, a alternativa que as descreve corretamente: 1 - Toda agente sabe que Plato é um filésofo. 2- Miguel sabe escrever com ambas as mos. 3-0 Jodo sabe quantos paises tem a Unio Europela. 4 -Ana conhece todas as ruas de Lisboa a) Apenas a 1 € 3 atribuem conhecimento proposicional a alguém, b) Apenas a 1 atribui conhecimento proposicional a alguém. c) Apenas a 4 atribui conhecimento proposicional a alguém. d) Apenas a 2 e 4 atribuem conhecimento proposicional a alguém 2. Para Arist6teles, a ret6rica 6 amoral. O que significa isto? “€ frequente confundirmos dois aspetos muito diferentes daquilo o que chamamos realidade. O primeiro tem a ver com as propriedades puramente fisicas e objetivamente discemnivets das coisas, e estd intimamente ligado a uma percesGo sensorial, senso comum ou verificacao abjetiva, repetivele cientifica. 0 segunda aspeto € a atvibuicdo de significado e valor a essas colsas, e que se boseia ga comunicacto,” P. Watzlawick 3. Partindo do texto, mostra a relaco existente entre argumentacdo, verdade e ser. GRUPO II 11.1 Diz-se que uma proposigo é a posteriori se é conhecida... a) apenas por recurso a experiéncia. b) por todas as pessoas. c) somente pelos empiristas. d) apenas pelo recurso 20 pensamento.

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