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TRIBUNAL DE JUSTICA PODER JUDICIARIO Sao Paulo ACORDAO, Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelagio n° 0003094-83.2000.8.26.0477, da Comarca de Praia Grande, em que é apelante RONALDO DOS SANTOS, ¢ apelado GILBERTO DE SOUZA INACIO. ACORDAM, em 2" Camara Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de Justiga de So Paulo, proferir a seguinte decisio: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acbrdio. © julgamento teve a participago dos Exmos. Desembargadores JOSE REYNALDO (Presidente) e RAMON MATEO JUNIOR. __ Sto Paulo; 10 de dezembro de 2014 RICARDO NEGRAO- RELATOR Assinatura Eletrénica TRIBUNAL DE JUSTICA PODER JUDICIARIO Sao Paulo VOTO N® — : 22.573 (EMP) APEL. N°: 0003094-83.2000.8,26.0477 COMARCA : PRAIA GRANDE APTE. : RONALDO DOS SANTOS APDO. : GILBERTO DE SOUZA INACIO ‘TRESPASSE ~ Declaragao contratual de inexisténcia de dividas Gnus anteriores ao negécio juridico ~ Superveniente constatagao de dividas trabalhistas, previdencidrias, fiscais e com fornecedores anteriores a0 trespasse ~ Pretenso a condenagao do alienante a0 Pagamento dos débitos apurados ~ Procedéncia ~ Dividas omitidas Falta de prova de que foram informadas ao apelante ou que compuseram 0 prego do negécio ~ Inadimplemento pré-contratual pelo vendedor ~ Aplicagao do art. 1.146 do CC ~ Solidariedade dos litigantes perante terceiros, mas responsabilidade integral do alienante perante o comprador ~ Impossibilidade de compensagiio com saldo remanescente do prégo ~ Agdo de cobranga procedente ~Apelagio improvida Dispositivo: negam provimento, Recurso de apelagio interposto por Sr. Ronatae dos Santos dirigido a r. sentenga proferida pela Dra. Suzana Pereira da Silva, MM?. Juiza de Direito da E. 3° Vara Civel da Comarca de Praia Grande que julgou procedente o pedido deduzido por Sr. Gunerte de Soura Inacio para condenar 0 ora apelante ao pagamento dos débitos “(...) com a Praca, com Fornocedores, edos, com impostor Faderais, Ectaduais © Municin: Tremere Previdenciarios (...", incidentes sobre a empresa mencionada na inicial até 21.08.1996, com os acréscimos legais e contratuais, a serem apurados na fase de liquidagiio da sentenga. wom: Emvpr dabitoe Depois de rejeitar a preliminar de preserigéio, consignou a i. Magistrado sentenciante que a inexecugio contratual é do réu, que prometeu entregar 0 estabelecimento empresarial “livre de dnus e dividas", mas nao o fez, Concluiu pela improcedéncia da excedo do contrato ndo cumprido, suscitada pelo ora recorrente, e reconheceu a sucessdo empresarial entre “HI- Santos Hospedagem Ltda. ME” e “Manuel Vaz Lopes”, imputando a segunda os débitos de responsabilidade da primeira. Por fim, ressalvou a impossibilidade de compensagao entre as partes, seja por falta de prova de que © réu possui crédito nao prescrito frente ao autor, ou porque 6 desconhecido 0 montante exato do suposto crédito (fl. 371-375). Em razées recursais 0 réu reitera a tese de que 0 contrato também nao foi cumprido pelo suplicado, que deixou de quitar as parcelas ‘Apelago n* 0003094-83.2000.8.26.0477 - Praia Grande - Voro W" 22873 2/5 TRIBUNAL DE JUSTICA =aa= PODER JUDICIARIO Sao Paulo ajustadas no contrato de compra e venda do estabelecimento empresarial. Ao final, pede a reforma da r. sentenga para julgar improcedente o pedido ou, subsidiariamente, determinar a compensagio (fl. 379-382). Preparo e porte de remessa e retorno em fl. 383-385 ¢ 393. Ausentes as contrarrazées. E 0 relatério. O recurso & tempestivo: a disponibilizacdo da r. sentenca ocorreu aos 26 de junho de 2013 e o protocolo se deu aos 2 de julho (fl. 376 e 879), dentro da quinzena legal. Em 14 de novembro de 1996 os litigantes ajustaram contrato pelo qual o réu, ora apelante, alienou o estabelecimento empresarial pelo prego de R$ 100.000,00 com a garantia de inexisténcia de dnus ou débitos até a data de 21 de agosto de 1996 (fl. 11, Clausula Segunda, e fl. 12, Clausula Sexta). Narrou o demandante, na exordial, que onze meses depois do trespasse foi surpreendido com “o aparecimento de débitos trabalhistas e fiscais (Fazenda Nacional e Fazenda Municipal) relativos aos exerci¢ios de 1994, 1995 e aos sete primeiros meses de 1996” (f. 3), motivo pelo qual notificou extrajudicialmente o réu para quitar as dividas, sob pena de suspensio do pagamento das parcelas mensais vincendas ajustadas no instrumento particular (fl. 2-7 e 15-24) Na contestagiio o réu nao negou a existéncia da divida, aduzindo quanto ao mérito a excegio do contrato nao cumprido e a compensagio entre as dividas, afirmando ainda que o estabelecimento empresarial alienado ao autor no é sucessor de “Manuel Vaz Lopes”, real devedor da divida tributaria perante a Fazenda Municipal (fl. 200-209), Cumpre observar inicialmente que o documento de fl. 67 nao deixa divida quanto & sucessio empresarial ocorrida: em marco de 1997, data posterior ao trespasse, o autor solicitou a alteracao do nome empresarial “Manuel Vaz Lopes” (CGC 58187857/0003-04) para “HI Santos — GI Hospedagens Ltda. ME” (CGC 00014982/0001-70) junto a Prefeitura Municipal de Santos com o intuito de regularizar a situagdo da pessoa Juridica junto 4 Municipalidade. Nota-se que “Manuel Vaz Lopes" existe desde 1973 (fl, 258) e tinha como um de seus enderegos a Rua Bittencourt, 102, na cidade santista (fl. 94 e 258-262), Em 1° de julho de 1994 foi aberta a “HI — Santos Hospedagens Ltda. ME”, com idéntico endereco (fl. 263) ¢ titulo de ‘Apelagio n® 0003094-83.2000,8.26.0477 - Praia Grande ~ voTO N*22573 3/5 TRIBUNAL DE JUSTICA =Si= PODER JUDICIARIO Sao Paulo estabelecimento, qual seja, Hotel Ipanema (fl, 323 e 326). Até 1997, porém, consta no banco de dados da Prefeitura Municipal a existéncia de “Manuel Vaz Lopes” (fl. 108-112 e 113-132), motivo pelo qual em margo de 1997 0 recorrido postulou a alteragdo do nome empresarial (fl. 67 ¢ 99-102), deferido pela Prefeitura Municipal (fl. 102). Destarte, HI Santos GI Hospedagens Ltda. ME é responsavel pelo pagamento do débito tributdrio apurado pela Prefeitura Municipal em nome de “Manuel Vaz Lopes”’ Quanto A excegio do contrato nao cumprido, melhor sorte néio merece o recorrente. A’ sucessdo empresarial d4 causa a vesponsabilidade solidéria pelas dividas existentes, respondendo o devedor primitivo até um ano da data do vencimento da divida (CC, art. 1.146). Destarte, nfo tendo sido relacionadas no instrumento Particular, recafa sobre o réu o 6nus de comprovar que no prego do contrato estavam contabilizadas as dividas ora discutidas, eis que somente os cedentes Possufam acesso aos balangos patrimoniais e, destarte, poderiam relacionar as dividas existentes na data do négocio. Nao 0 fizeram, porém, presumindo-se que de fato foram omitidas dos autores, Ora, na alienagio de estabelecimento empresarial o prego do negécio € negociado com base na capacidade de geracao de lucros, sondo Possivel sua reducao quando existente divida anterior ao trespasse. Portanto, a omissio de tais dividas configura inadimplemento pré-contratual do alienante, Nesse diapasio, legitima a suspensiio dos pagamentos pelo comprador até o pagamento das dividas contraidas antes do trespasse. © pagamento do saldo remanescente do prego somente pode ser exigido depois da quitacao das dividas pelo suplicante. Com esses fundamentos, rejeita-se a tese de excegio do contrato nao cumprido. Por fim, no tocante & compensagio, o suplicante argumenta ser credor da quantia singela de R$ 6.000,00, correspondente as duas dltimas parcelas ajustadas no contrato de compra e venda, representadas pelas notas Promissérias fotocopiadas em fl. 215-216, protestadas por falta de pagamento (fl. 216-218). Consta de fl. 329-330 que o montante foi cobrado em agéio de execugdo por titulo extrajudicial, cuja prescrigdo foi pronunciada aos 27 de agosto de 2007 (fl. 228, iiltimo pardgrafo, e fl. 329), tendo sido objeto de cao Apelagllo n° 0003094-83.2000.8.26.0477 - Praia Grande - VOTO N- 22573 415 " TRIBUNAL DE JUSTICA =e PODER JUDICIARIO Sao Paulo declaratéria de inexigibilidade cujo desfecho nao foi informado, Destarte, razio assiste a i. Magistrado singular quanto a tnpossibilidade de compensacio dada a incerteza quanto a exigibilWdade dy titulo. Em razio do exposto, nega-se provimento ao recurso, RICARDO NEGRAO. RELATOR ‘Apelagdo n° 0003094-83.2000.8.26.0477 . Praia Grande - voro N*22573 s/s =n PODER JUDICIARIO. TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO Registro: 2015.0000012545 ACORDAO Vistos, relatados ¢ discutidos estes autos de Apelagio n° 0032113-71.2013.8.26.0577, da Comarea de So José dos Campos, em que & apelante RODRIGO RESENDE RIBEIRO (JUSTICA GRATUITA), é apelado MARIA JOSE ANTUNES BARUFFI JUSTIGA GRATUITA), ACORDAM, em sessiio Permanente e virtual da 5* Cimara de Direito Privado do Tribunal de Justiga de S40 Paulo, proferit a seguinte decisto: Negaram provimento. as recurso. V. U.. de conformidade com o voto do relator, que integra este acdrato, © julgamento teve a participagio dos Desembargadores MOREIRA VIEGAS (Presidente) e EDSON LUIZ DE QUEIROZ. James Siano Relator Assinatura Eletrénica SCS PODER JUDICIARIO. ea ‘TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO VOTO N®: 18356 APELAGAO N°: 0032113-71.2013.8.26.0577 COMARGA: Sao José dos Campos MM. Juiz(a) de 1° grau : Dr. (a) Alessandro de Souza Lima APELANTE (8): Rodrigo Resende Ribeiro (Justica Gratuita) ‘APELADO (S): Maria José Antunes Baruffl(Justica Gratuita) EMBARGOS DE DEVEDOR. EXECUCAO DE TITULOS VINCULADOS A ALIENAGAO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL. Sentenga rejeitando 0s embargos, porque no ‘comprovada a excesio do conttato nfo cumprido. Apela o embargante sustentando falta de regularidade documental do estabelecimento comercial que adquiriu © da realizagao de faturamento minimo, que teria sido prometido, apesar de no cconstar no contrato; circunsténcia que poderia ser provada antes da sentenga mediante a conversao do julgamento em diligéncia, Descabimento. AlienagGo restrita ao fundo de comércio, Estipulagao contratual de que 0 comprador deveria abrir nova empresa. Inexisténcia de impedimento legal para 0 ramo comercial yinculado ao estabelecimento adquirido. Ausente estipulagiio de faturamento minimo no contrato. Impossibitidade de sua invocago como justificativa para a rescisio. Inocorrente motivo para converter 0 julgamento em diligéncia a fim de comprovar 0 que nao foi pactuado nem demonstrado sequer de forma indiciéra. Recurso improvido. Trata-se de apelacdo interposta em face da sentenca de f. 112/113, que rejeitou embargos de devedor opostos por Rodrigo Resende Ribeiro contra Maria José Antunes Baruffi, sob 0 fundamento de inexistir a hipotese de excegao do contrato no cumprido. Inconformado, apela o embargante (f. 117/119), sustentando: (i) falta de regularidade documental do estabelecimento comercial que comprou da embargada, por auséncia de empresa constituida perante os érgaos publicos; (ii) apesar da lei de zoneamento permitir 0 comércio de alimentos e bebidas, nao apresentava o local as condicées sanitarias exigidas pela Secretaria Municipal de Satide, além de constar habilitado no local um comércio de venda de jornais; (i) no foi apresentado o alvaré de funcionamento nem vistoria do Corpo de Bombeiros; (iv) em razdo da falta de documentacdo, o marido da apelada assumiu 0 énus de pagar os aluguéis do imével até que se regularizasse a Apeliago u 0032113-71.2013.8 26.0577 - Sao José dos Campos - Voto n* 18386 SGOF 2 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO documentagao; (v) apesar do faturamento minimo nao constar no contrato, foi uma promessa nao cumprida; (vi) se houvesse diivida quanto a previséo de faturamento, caberia a conversao do julgamento em diligncia Recurso recebido e respondido (f. 123/129). E orelatorio. © recurso nao procede © contrato de compra e venda de estabelecimento comercial, ocupando 0 recorrente a posigdo de comprador e a parte adversa ostentando a condigéo de vendedora, estava restrito ao fundo de comércio, conforme se observa da cléusula primeira ao afirmar que a venda compreende mercadorias, meveis e utensilios constantes de inventario que fez parte do ajuste (f. 16). Circunstancia realgada pela cldusula quinta que previa ser do comercial, bem como pela abertura de nova empresa’ (f. 17). Incontroverso que nao havia impedimento legal para a abertura da empresa para as atividades vinculadas a restaurantes e afins (f ov"), Caberia, portanto, ao adquirente obter o alvara de funcionamento em prol da empresa que deveria constituir. © recorrente no se desincumbiu do énus processual de Provar que 0 local nao possuia as condigbes sanitarias exigidas pelo Poder Publico. Além disso, havia uma previséo contratual de que o comprador faria reformas no importe de R$ 30.000,00 (cldusula 8.2, f. 18), momento em que Poderia adequar o ambiente as normas municipais. Pagamentos de aluguel realizados pelo marido da recorrida mals se amoldam ao seu interesse de nao ser taxado de inadimplente, conforme emails apresentados com a pega de impugnagdo (f. 86/89), 0 que de todo modo Apel n® 00321 13-71.2013 8.26.0577 - Sto José dos Campos - Voto” 18356 SGOF 3 se PODER JUDICIARIO ‘TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO nao modifica as cldusulas contratuais estabelecidas pelas partes, _Ausente estipulagéo de faturamento minimo no contrato, o Que desautoriza sua invocagao come justificativa para rescistio. Inexistia motivo para converter o julgamento em diligéncia a fim de comprovar 0 que n&o foi pactuado nem demonstrado sequer de forma indiciéria, Ante 0 exposto, nega-se provimento ao recurso. JAMES SIANO- Relator ‘Apso 0032113-712013.8.26.087T - Sto lat dos Campos - Voto n° 18386 SGOF 4 =an= PODER JUDICIARIO. . . TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO. Registro: 2015,000001 1194 ACORDAO Vistos, relatados ¢ discutidos estes autos de Apelagiio n° 0006477-19.2012.8.26.0099, da Comarca de Braganga Paulista, em que € apelante/apelado SERGIO ANTONIO DE LIMA, sto apelados/apelantes PAULO CANOLETTI JUNIOR (E OUTROS(AS)) e CANOLETTI & DUARTE LTDA. - ME. ACORDAM, em sesstio permanente ¢ virtual da 2* Camara Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de Justia de Stio Paulo, proferir a seguinte decisio:Negaram provimento ao recurso de apelagao do réu. Conheceram em parte do recurso adesivo dos coautores e, na parte conhecida, deram-lhe parcial provimento. V.U., de conformidade com 0 voto do relator, que integra este acdrdio, © julgamento teve a participagao dos Desembargadores JOSE REYNALDO- (Presidente sem voto), RAMON MATEO JUNIOR E ARALDO TELLES. - So Paulo, 22 de janeiro de 2015. ‘Tasso Duarte de Melo relator Assinatura Eletrénica =Sf= PODER JUDICIARIO ‘TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO APELAGAO N° 0006477-19.2012.8.26.0099 COMARCA: BRAGANGA PAULISTA — 1° VARA CIVEL APELANTES: SERGIO ANTONIO DE LIMA e PAULO CANOLETT! JUNIOR E OUTRO APELADOS: OS MESMOS VOTON? 16274 AGAO DE OBRIGAGAO DE NAO FAZER CC. REPARACAO DE DANOS. TRESPASSE DE. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL. CONCORRENCIA DESLEAL. Recurso do réu Concorréncia desleal caracterizada. Violagao de clausula de no concorréncia. Limite territorial nao respeitado pelo réu. Utilizagio da expresso “Soda” para intitular @ novo estabelecimento fazer propaganda, Inadmissibilidade, Expresso que compe 0 titulo do estabelecimento negociado (“Me Soda”). Afronta a boa-fé objetiva, Lucros cessantes provados pela queda do faturamento no periodo. Sentenga mantida na integra no mérit. Recurso Adesivo Execugdo proviséria da sentenga. Inadmissibilidade, Apelagdo recebida no duplo efeito, Agravo de instrumento interposto ao qual foi negado seguimento. Recurso mio cconhecido neste ponto, Auséncia de prova do aliciamento de funciondrios. Honorérios advocaticios. Causa importante © ‘que exigiu tempo consideravel dos advogados. Aumento de RS 1,500,00 para RS 5.000.00. Recurso de apelago nao provide. Recurso adesivo conhecido em parte e, nfo parte conhecida, parcialmente provido, Trata-se de recurso de apelacao interposto pelo réu SERGIO ANTONIO DE LIMA (fis. 184/196) recurso adesivo pelos coautores PAULO CANOLETTI JUNIOR E OUTRO (fis. 221/234) nos autos da agao de obrigagdo de nao fazer c.c. reparacéo de danos, contra a r. sentenga (fis. 170/173) proferida pelo MM. Juiz de Direito da 1* Vara Civel da Comarca de Braganga Paulista, Dr. Carlos Eduardo Gomes dos Santos, Apelagio 1” 0006477-19,2012.8.26.0099 - voto n° 16274 2 S00: PODER JUDICIARIO. | . TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO que julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais, para condenar o réu: ()) a no fazer concorréncia a uma distancia de 05 km (cinco quilmetros) do estabelecimentos dos coautores; (i) a alterar o nome do seu estabelecimento; (ii) a ndo fazer propaganda de seu estabelecimento usando a expressdo “Soda"; e (iv) a pagar lucros cessantes desde novembro de 2011, a ser apurado em liquidacao de sentenca Sustenta 0 réu que, ao contrrio da equivocada poderia explorar a mesma atividade comercial, mesmo durante os 05 anos da interpretagao pelo juizo a quo da cléusula de nao concorrénci celebracao do contrato, desde que respeitado o raio de 05 km; que por mera liberalidade teria deixado de exercer esse direito; que a partir de 14 de julho de 2014, ou seja, apds 05 anos da celebragao do negécio, poderia exercer a mesma atividade empresarial, sem qualquer limitagao territorial; que esta questo ja teria sido decidida pelo Colegiado no julgamento do agravo regimental n° 0125494-55.2012.8.26.0000/50000; que seria inadmissivel impor ao réu, de forma perpétua, que se abstenha de exercer atividade empresarial em raio inferior a 05 km do estabelecimento vendido aos coautores, pena de se ferir a livre iniciativa e a livre concorréncia; que néo estaria provada a concorréncia desieal e/ou desvio de clientela; que os coautores nao teriam registrado o nome “Mc Soda” ou simplesmente a ‘expressao “Soda”, apelido do ora réu, de modo que nao deteriam os direitos de utilizagdo exclusiva do nome; que o nome “Soda” e suas variagbes seriam expressdes de uso comum, logo, poderia continuar a usar 0 nome fantasia “Sody's’ € 0 seu apelido “Soda” nas propagandas de seu estabelecimento; que nao deveria ter sido condenado ao pagamento de lucros cessantes, pois nao teria praticado ato ilicito; que a sua conduta nao guardaria relagdo causal com a queda do faturamento do estabelecimento dos coautores; que o laudo contabil apresentado seria unilateral e nao teria tido prévia ciéncia dos referidos documentos, razéo pela qual nao os impugnou. Pugna pela reforma da r. sentenga, para que sejam julgados improcedentes os pedidos iniciais. Apelago 1° 0006477-19.2012.8.26.0009 - voto n° 16274 3 =ae= PODERJUDICIARIO ‘TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO Os coautores, por sua vez, sustentam que 0 recurso de apelagto do réu teria sido recebido no duplo efeito, razao pela qual ainda continuaria a perpetrar condutas ilicitas, mesmo tendo sido reconhecida @ concorréncia desieal pela r. sentenca; que seria necesséria a imposi¢ao de multa cominatéria, nos termos do art. 461, § 1°, do CPC, para que 0 reu nao exerga comérclo num raio minimo de 05 km @ que nao se utlize mais da expresso “Soda” para propaganda do seu estabelecimento; que 0 julzo @ quo nao teria reconhecido como concorréncia desleal a pratica do réu de aliciar funcionarios dos coautores, com a pretensdo de elimina-los do mercado; que os honordrios de sucumbéncia deveriam ser majorados. Pugna pela concesséo de tutela de urgéncia e, 20 final, pelo provimento do recurso. Contrarraz6es pelos coautores (fis. 206/219) e pelo reu (fis. 289/293). Acrescenta-se que os coautores interpuseram 0 agravo de instrumento n° 2036846-94.2014.8.26.0000 da deciséo que recebeu a apelagao no duplo efeito, questao decidida monocraticamente pelo D. Des Ligia Araijo Bisogni, que negou seguimento ao agravo, e ja transitada em julgado. E o relatério. De inicio, quanto a pretensdo de execucao proviséria da sentenga, para impor a imediata abstencao pelo réu do exercicio do comércio em raio inferior a 05 km e da utilizagao da expresso “Soda”, nao se conhece do recurso adesivo dos coautores, pois a matéria foi objeto do agravo de instrumento n° 2036846-94.2014.8.26.0000 acima mencionado, cuja decisao ld proferida ja transitou em julgado, ‘Ademais, a antecipacio dos efeitos da tutela concedida pelo juizo a quo foi revogada por este colegiado em momento bem anterior a Fr, sentenga, nos termos do agravo regimental n° 0125494-55.2012.8.26.0000/50000 (fis. 124/125), razdo pela qual ‘Apoiagto ® 0006477-19.2012.8 26.0099 - voto n* 16274 4 inaplic PODER JUDICIARIO Ef ‘TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO el, neste momento, as medidas assecuratorias do art. 461 do CPC. No mérito, ambos os recursos nao merecem provimento. As raz6es recursais, tanto do réu como dos coautores, nao infirmam os fundamentos da r. sentenga recorrida, que analisou 0 caso cuidadosamente e decidiu com correcdo todas as questées suscitadas pelas partes, raz8o pela qual deve ser mantida na integra, por seus proprios € juridicos fundamentos: y Apelagio n® 0006477-19.2012, “Assiste ri 0 utor interpretacdo da cléusulal décima do _contrato, pois ela estabelece duas restricées, uma temporal — E a interpretacéo do réu torna a cléusulla sem sentido, pois se durante cinco anos nao pode existir concorréncia, tanto faz a distancia, pois de qualquer modo estar4 existindo a vidlacao contratual. Também n&’o faz sentido entender que /havia autorizagdo nos cinco anos com respeito a distancia, pois a cléusula € clara em nao permitir a concorréncia neste prazo. © documento de fls. 41 e os testemunhos colhidos em Juizo, comprovaram a instalagao do réu hd menos de 5 Km, fato que nao foi contrariado. Por estes motivos, ficou demonstrada a yviolagéo contratual pelo réu e a procedéncia do pedido para observar a distancia estabelecida contratualmente. Para o inicio da concorréncia desleal, considero o més de novembro de 2011, pois ele foi apontado pelo autor e confessado pelo réu, como 0 de abertura do novo estabelecimento. Bm relagéo demais atos de concorréncia desleal, somente s&o procedentes os pedidos para alteracdo do nome e proibic&o de propaganda) com o nome ‘Soda’. do estabelecimento do _ré mud! parecido com o do autor, este Mc Soda e o outro Sody's nitidamente sa_confusdo _n: clientela. x do ré apelido de 'Soda', 0 ui 26,0099 - vouo n 16274 5 =n PODER JUDICIARIO TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO. le £0) ti configura _concorréncii eal, pois n: jen confusao 1 estabelecimentos e dificulta a distinc&o p&blico. ‘Assi x e_abs! je_usa’ .omé 'sody's' a _geu leci referir o nome ‘Soda’ em propaganda de _seu abele: to. Porém, os demais pedidos sao improcedentes. N30 houve demonstragdo de uso pelo réu de alguma técnica exclusiva do autor ou de vielacdo Ge marca, pois, notoriamente, lanchonetes tém Varios pratos iguais, vide os lanches X-alguma Goisa, e os elementos dos autos ndo demonstram um desrespeito A concorréncia. ‘Também n&o ocorreu a prova de perguasdo abusiva para retirar funcionarios do autor, |o que @ tambem muito dificil de se comprovar, pois ¢ pratica comm na iniciativa privada uma empresa Guerer funcionarios de outra, ¢, nos autos, nao hé demonstracao de algo ilicito neste sentido. © pedido de lucros cessantes é procedente porque o autor demonstrou nos autos uma queda em Bou. faturamento a partir da abertura do eetebelecinerta do réu, © que €) um $ndicto suficiente para se conceder tal pedido, que deve ter o valor apurado em liquidagéo de sentenca, Gevido a complexidade dos calculos.” (fis. 174/172) Como se conclui, a r. sentenca ¢ irretocavel no mérito. A interpretacao que o réu pretende dar a cldusula de nao concorréncia (clausula décima - fis. 38) ¢ absolutamente equivocada. Nao ha duvida que a r. sentenga deu correta interpretagdo A referida clausula, no sentido de existir uma limitacdo temporal e uma territorial, distintas e complementares. Interpretar de outra forma esvaziaria a cldusula, abrindo-se brecha para a concorréncia desleal. ; 3 _negocial Como se infere dos autos, o estabelecimento comercial negociado foi uma lanchonete denominada “Mc Soda’, certamente bastante ‘Apelagto 1° 0006477-19.2012.8.26,0099 - voto n* 16274 6 =Se= PODER JUDICIARIO. ‘TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE. SAO PAULO. conhecida em Braganga Paulista, especialmente na localidade em que fixa enderego h4 anos Partindo-se dessa premissa, a conduta do réu claramente afronta a boa-fé objetiva, na medida em que auferiu lucro com a negociagao do estabelecimento comercial e, agora, passado 0 limite temporal de 05 anos, estabelece nova empresa na mesma localidade, valendo-se da expressao “Sody's” para denominar 0 novo estabelecimento fazer propaganda. ‘A concorréncia desleal, como concluiu a r. sentenga, € inequivoca. Portanto, correta a determinacéo de que seja respeitada a cléusula de ndo concorréncia, para que 0 réu nao exerca comeércio num raio inferior a 05 km. Quanto a expresso "Soda", que compée 0 titulo do estabelecimento negociado, qual seja "Mc Soda”, a mesma merece sim ser protegida das investidas do réu, pois, em que pese ser seu apelido, compoe © fundo de comércio do estabelecimento vendido. Desnecessario, aqui, 0 registro no INPI, como sustenta o réu. Os lucros cessantes também estéo provados, conforme laudos contabeis de fis. 159/160, que nao foram impugnados especificadamente, pois significante a queda de lucro do estabelecimento entre os anos de 2011 e 2012, a partir da inauguragéo do novo estabelecimento pelo réu. Ressalta-se, ao contrario do que alega o réu, que nao houve cerceamento do direito de defesa, pois referidos documentos foram juntados apés o despacho saneador e antes da audiéncia de instrugéo em julgamento. Encerrada a instrugao e passados aos debates, as partes apenas reiteraram os termos da petigao inicial e da contestacao (fis. 167) Portanto, provado 0 descumprimento da clausula de nao. concorréncia, com 0 consequente desvio de clientela, razao pela qual houve diminuigao do faturamento, de rigor a manutengao dar. sentenga no” mérito. Apelagao 1° 0006477-19.20128.26,0099 - voto n° 16274 1 =Sz= PODER JUDICIARIO_ ‘TRIBUNAL DE JUSTIGA DO ESTADO DE SAO PAULO Por fim, impéem-se 0 parcial provimento ao recurso adesivo dos coautores, apenas para aumentar os honorarios advocaticios. ‘A considerar a importancia da causa, o trabalho e 0 tempo exigidos do advogado dos coautores, os honordrios fixados pela sentenga so insuficientes para remunera-lo condignamente Destaca-se aqui, sobretudo, a importancia da causa, pols 0 reconhecimento da concorréncia desleal, seja pela violacao da clausula de nao concorréncia, seja pela utilizag&o indevida da expressao que compéem o titulo do estabelecimento negociado, foi de vital importancia para a preservacao da satide financeira e da clientela do estabelecimento negociado. Por ser assim, aumentam-se os _honordrios advocaticios de R$ 1.500,00 (um mil ¢ quinhentos reais) para RS 5.000,00 (trés mil reais), nos termos do art. 20, § 4°, do CPC. Diante do exposto, nega-se provimento ao recurso de apelacdo do réu; conhece-se em parte do recurso adesivo dos coautores e, na parte conhecida, da-se parcial provimento, para aumentar os honorarios advocaticios para R$ 5.000,00 (cinco mil reais), nos termos do art. 20, § 4°, do CPC. TASSO DUARTE DE MELO Relator Apelagto n° 0006477-19.2012.8.26,0099 - voto n° 16274 8 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL DE JUSTIGA DO ESTADO DE SAO PAULO. CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA i Proc. n.* 2013/00125821 NORMAS DE SERVICO DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA - MINUTA DE PROVIMENTO EXCLUINDO A ATRIBUICAO DOS REGISTROS CIVIS DE PESSOAS JURIDICAS DE REGISTRAREM AS COOPERATIVAS. Excelentissimo Senhor Corregedor Geral da Justiga, O presente expediente reviu 0 Capitulo XVIII, Tomo II, das Normas de Servigo da Corregedoria Geral da Justiga de Sao Paulo, culminando com a edigdo do Provimento CG n?23/2013. Uma das principais alteragdes foi no sentido de estabelecer -expressamente que € atribuigdo dos Oficiais de Registro. Civil das Pessoas Juridi soppeanens A redagdo anterior do item 1, alfnea “a”, dispunha: PODER JUDICIARIO Proc, n." 2013/00125821 ‘TRIBUNAL DE JUSTICGA DO ESTADO DE SAO PAULO CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA redigido: “I. Compete aos oficiais do Registro Civil das Pessoas Juridicas, independentemente de despacho judicial: @ registrar 0s contratos, 0s atos constitutivos, os estatutos ou compromissos das sociedades civis, religiosas, pias, morais, cientificas ou literdrias, bem como os das fundages, exceto as de direito piiblico, e das associagdes de utilidade piiblica;" Com 0 advento do Provimento CG n° 23/2013, assim ficou “1, E atribuigéo dos Oficiais do Registro Civil das Pessoas Juridicas: @ registrar os atos constitutivos, contratos sociais e estatutos das sociedades simples; das associagées; das organizagdes religiosas; das fundagies de direito privado; das empresas individuais de responsabilidade limitada, de natureza simples; das cooperativas; e, dos sindicatos”(g.n.) Em novembro de 2013, a Organizagio das Cooperativas do Estado de Sao Paulo, OCESP, requereu nova revisdo das normas, alegando que (1) 0 §6° do art. 18 da Lei n, 5.764/74 (Lei das Cooperativas), 0 qual prevé o registro das cooperativas nas Juntas Comerciais, teria sido recepcionado pela Constituigdio de 1988 ¢ estaria plenamente em vigor, a despeito da nao recepgo das demais disposigdes do artigo; (2) 0 referido §6° do art. 18 da Lei das PODER JUDICIARIO ‘TRIBUNAL DE JUSTIGA DO ESTADO DE SAO PAULO CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA Proc. n.* 2013/00125821 Cooperativas se impde sobre os dispositivos do Cédigo Civil que definem as cooperativas como sociedades simples ¢ determinam 0 registro delas’ nos Registros Civis de Pessoas Juridica, pois € lei especial que nfio pode ser sobreposta por lei geral, ainda que posterior, conforme inteligencia do §2° do art 2° da Lei de Introdugao 4s Normas do Direito Brasileiro e do art. 1.093 do Cédigo Civil, que ressalva a aplicagao da lei especial sobre o Codigo; (3) ainda que se entenda que 0 §6° do art, 18 da Lei das Cooperativas nao foi recepeionado, permanece em vigéncia o art. 32, II, alinea “a” da Lei n. 8934/94 (Lei dos Registros de Empresas Mercantis), que determina o registro das cooperativas nas Juntas ¢ também & lei especial; (4) entendimento em sentido contrétio viola os princfpios da Legalidade e da Separagdio dos Poderes (fis. 4T/54). © Instituto de Registro de Titulos e Documentos ¢ Civil de Pessoas Juridicas do Estado de Sio Paulo, IRTDPJ-SP, foi entio ouyido ¢ defendeu a manutengdo da redagao dada pelo provimento CG n° 23/2013 sustentando que: (1) 0 art. 226 da Constituigd#o Federal determina que os servigos de registro so exercidos em carter privado por delegagiio do Poder Piiblico, de forma que as Juntas Comerciais nao poderiam, em tese, praticar nenhum tipo de registro; (2) a Lei dos Registros de Empresas Mercantis ni poderia criar sistema paralelo de registros publicos afrontando a sistematica constitucional; (3) 0 Cédigo Civil enquadra as cooperativas como sociedades simples € estas devem ser registradas nos Registros Civis de Pessoas Juridicas; (4) 0 art, 1.150 do Cédigo Civil se insere em capitulo especial que trata de registros e se sobrepde & Lei dos Registros das Empresas Mercantis (67/73). Eo relatorio. PODER JUDICIARIO TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO ‘CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA Proc. n.* 2013/00125821 Opino. A legislagao especifica sobre as cooperativas, Lei n. 5.764 de 1971, prevé as Juntas Comerciais como local adequado para o registro: “Art, 18, Verificada, no prazo méximo de 60 (sessenta) dias, acontar da data de entrada em seu protocolo, pelo respectivo érgdo executivo federal de controle ow redo local para isso credenciado, a existéncia de condigdes de funcionamento da cooperativa em constituigéo, bem como a regularidade da documentagdo apresentada, 0 érgdo controlador devolverd, devidamente autenticadas, 2 (duas) vias a cooperativa, acompanhadas de documento dirigido a Junta Comercial do Estado, onde a entidade estiver sediada, comunicando a aprovagdo do ato constitutivo da requerente. § I° Dentro desse prazo, o érgdo controlador, quando julgar conveniente, no interesse do fortalecimento do sistema, poderé ouvir 0 Consetho Nacional de Cooperativismo, caso em que nao se verificaré a aprovagdo automdtica prevista no pardgrafo seguinte. § 2° falta de manifestagdo do érgdo controlador no prazo a que se refere este artigo implicaré a aprovagdo do ato constitutive ¢ 0 sew subsequente arquivamento na Junta Comercial respectiva. sic PODER JUDICIARIO TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO. CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA Proc, n.* 2013/00125821 § 3° Se qualquer das condigies citadas neste artigo ndo for atendida satisfatoriamente, 0 drgdo ao qual compete conceder a autorizagdo daré ciéncia ao requerente, indicando as exigéncias a serem cumpridas no prazo de 60 (sessenta) dias, findos os quais, se ndo atendidas, 0 pedido seré automaticamente arquivado. § £4 parte é facultado interpor da decisdo proferida pelo érgdo controlador, nos Estados, Distrito Federal ou Territérios, recurso para a respectiva administragao central, dentro do prazo de 30 (trinta) dias contado da data do recebimento da comunicagio e, em segunda e tiltima instancia, ao Consetho Nacional de Cooperativismo, também no prazo de 30 (trinta) dias, excegdo feita as cooperativas de crédito, as segdes de crédito das cooperativas agricolas mistas, e as cooperativas habitacionais, hipétese em que 0 recurso serd apreciado pelo Consetho Monetério Nacional, no tocante as duas primeiras, e pelo Banco Nacional de Habitacdio em relagéo as tiltimas. § 5° Cumpridas as exigéncias, deveré 0 despacho do deferimento ou indeferimento da autorizagiio ser exarado dentro de 60 (sessenta) dias, findos os quais, na auséneia de decisio, 0 requerimento sera considerado deferido. Quando a autorizagdo depender de dois ou mais drgdos do Poder Piiblico, cada um deles teré 0 prazo de 60 (sessenta) dias para se manifestar. ' PODER JUDICIARIO ‘TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SAO PAULO CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA Proc. n.* 2013/00125821 § 6° Arguivados os documentos na Junta Comercial ¢ feita a respectiva publicagdo, a cooperativa adquire personalidade juridica, tornando-se apta a funcionar”. (g.n.) Da mesma forma que a Lei das Cooperativas, a Lei dos \ Registros de Empresas Mercantis ¢ Atividades Afins, n. 8.934 de 1994, também prevé o registro de tais pessoas juridicas nas Juntas Comerciais “Art, 32. O registro compreende t I - 0 arquivamento: a) dos documentos relatives & constiuig&o, alteragao, dissolugdo e extingéo de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas;” E me ae j ‘imac scsipiadeaee , : i CivisdeP 5 “Art, 982. Salvo as excegdes expressas, considera-se empresdria a sociedade que tem por objeto 0 exercicio de PODERJUDICIARIO TRIBUNAL DE JUSTIGA DO ESTADO DI SAO PAULO. CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA Proc. n.° 2013/00125821 atividade propria de empresério sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Pardgrafo ‘nico. Independentemente de seu objeto, considera-se empreséria a sociedade por acdes; ¢, simples, 4 cooperativa”” “4rt 1.150. O empresdrio e a sociedade empresdria vineulam-se ao Registro Piiblico de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e @ sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Juridicas, 0 qual deveré obedecer as normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresdria”. (g.n.) Por outro lado, contudo, no capitulo especifico destinado as cooperativas, 0 Cédigo Civil ressalvou a aplicagao de lei especial: “Art, 1.093. A sociedade cooperativa reger-se-d pelo disposto no presente Capitulo, ressalvada a_legislagéo especial”. Consequentemente, aqueles que defendem a continuidade do registro das cooperativas nas Juntas Comerciais sustentam a supremacia da Lei n. 5.764/71 sobre o art. 1.150 do Cédigo. . PODER JUDICIARIO as TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO. CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA Proc. n.* 2013/00125821 Ha uma aparente antinomia juridica. Fabio Uthéa Coelho aduz que “antes da entrada em vigor do Cédigo Civil, a competéncia era da Junta Comercial, por forga da lei de disciplina do registro de empresa (Lei n. 8.934/94, art. 32, Il, a). Em 2003, nenhuma outra norma atribuia as Juntas a incumbéncia — ndo mais vigia, entao, a previsdo do art. 18, §6°, da LCoop; como a Consttuigdo Federal havia abolide a autorizagdo de funcionamento para as cooperativas, no art, 5°, XVII os arts. 17 a 20 da LCoop nao foram recepcionados pela nova ordem e perderam vigéncia em 1988. Pois bem, aquele dispositivo da lei do registro de empresas fol revogado pelo art. 1.150 do Cédigo Civil; porque nio sendo legislacéo especifica das cooperativas, sua vigéncia néo foi aleangada pela ressalva do art. 1.093 desse Cédigo.” (Curso de Direito Civil, vol. 3, Contratos, 6* ed., Sto Paulo: Saraiva, 2013, p. 493). Aensaps ay > 7 = a Osea CS ae hos # otichoale ay ones SE Ree ain * Lahesne Hones CN ek TAS tne UR Durr cdomnarrn ee ait o— a an ~h ‘Nessa ordem de ideias, Silvio de Salvo Venosa propds na IV Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiga Federal, um Enunciado “no sentido de ser competente o Registro Civil da Pessoa Juridica da sede da sociedade cooperativa para o arquivamento e registro de seus atos constitutivos, apresentando como fundamento as normas dos arts. 1.093, 1096 e 1.150 do Cédigo Civil, além da ndo recepsdo dos arts. 17 a 20 da Lei 5.764/71 pela Constituigdo Federal de 1988. Apés acalorados debates no dmbito do Grupo de Direito de Empresa, a proposta foi rejeitada por maioria de votos, mantendo-se @ orientagdo interpretativa adotada na I Jornada” (Ricardo Fiuza e Newton De ae PODER JUDICIARIO E, TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO, CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA Proc. n.* 2013/00125821 Lucca, Cédigo Civil Comentado, Coordenadora Regina Beatriz Tavares da Silva, 9ed., So Paulo: Saraiva, 2013, p. 1030). Para Modesto Carvalhosa “alguns dos dispositivos da ainda vigente Lei n. 5.764/71 claramente ndo foram recepcionados pela Constituigao Federal, tais como os arts. 17 a 20, por exemplo, que dispdem sobre a referida autorizagdo prévia de funcionamento” (Comentirios ao Cédigo Civil, Tomo 13, 2ed., So Paulo: Saraiva, 2005, p. 396). “Em, sentido contrério, porém, Maria Helena Diniz, cita Enunciado 69! da I Jomada de Direito Civil do Conselho de Justica Federal, de 2002, bem como o Enunciado 207°, aprovado na III Jornada, e se posiciona pelo registro das cooperativas nas Juntas Comerciais. Afirma que os §§ 6° ¢ 8° do art. 18 da Lei das Cooperativas foram recepcionados pelo art. 5°, XVIII da Constituigao Federal’ e prevalecem em relagao ao art. 1.150 do Cédigo Civil (Curso de Direito Civil Brasileiro, vol. 8, Direito de Empresa, S'ed., Sao Paulo: Saraiva, 2013, p. 289). Esse também € 0 entendimento de Newton De Lucca ¢ Ricardo Fiuza, segundo os quais apesar das cooperativas serem sociedades "As sociedades cooperativas slo sociedades simples sujeitas a inscrigdo nas juntas comerciais.” 2.64 natureza de sociedade simples da cooperativa, por forga legal, nlo a impede de ser s6cia de qualquer tipo societario, tampouco de praticar ato de empresa.” *§ 8° Cancelada a autorizagao, 0 drgao de controle expediri comunicagao a respectiva Junta Comercial, ue dard baixa nos documentos arquivados. “Ant. 5%, XVIII - a criagdo de associagdes e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorizagao, sendo vedada a interferéncia estatal em seu funcionamento. aan PODER JUDICIARIO ‘TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO. CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA Proc. n.* 2013/00125821 simples, elas “continuam a ter seus atos arquivados na Junta Comercial em face da ressalva da parte final do art. 1.093 combinada com a regra do art. 1,096. Nesse sentido foi a conclusdo da I Jornada de Direito Civil, promovida pelo Centro de Estudos Judiciérios do Consetho da Justiga Federal, no Superior Tribunal de Justiga” (Cédigo Civil Comentado, Coordenadora Regina Beatriz Tavares da Silva, #ed., Sdo Paulo: Saraiva, 2013, p. 1030. As diferentes posigdes acerca do tema também se espraiam pelas diversas Corregedorias de Justiga dos Estados, que nao tém posicionamento undnime. Ant. 851, Titulo VII, Capitulo 1, Consolidagao Normativa da Parte Extrajudicial © Are 211, Titulo Il, Consolidagdo Normativa Notarial e Registral Art 702, Titulo V, Capitulo 1, Cédigo de Normas dos Servigos Notariais e Registrais * Amt. 162,Titulo Ii, Capitulo 1, Consolidagao Normativa Notarial e Registral ” Art. 686, Tereeira Parte, Capitulo III, Codigo de Normas da Corregedoria Geral da Justia de Santa Catarina: Nao se faréo registro de sociedades cooperativas, de factoring e de firmas individuals, “Art. 526, §1°, Sega III, Capitulo II, Titulo IIL, Codigo de Normas da Corregedoria Geral da Justiga do Maranhao, PODER JUDICIARIO TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA Proc. n2013/00125821 Parana, Espirito Santo, Goids, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais nao trazem disposigdo expressa sobre o tema nas respectivas normas. Cumpre lembrar que ha no Senado dois projetos de lei (PL 03/2007 e PL 153/2007) visando a substituir a Lei n. 5.764/74 e prevendo o registro das cooperativas nas Juntas Comerciais. Respeitadas as controvérsias, nos filiamos corrente doutrindria que entende que o registro deve ser feito nas Juntas. O art. 1.093. do Cédigo Civil ressalva a aplicagéo da Assim, prestigi entendimento consolidado nas Jornadas de Direito Civil do Consetho da Justiga Federal, que em duas oportunidades ja se posicionou pelo registro nas Juntas (I e IV Jornadas). Ante 0 exposto, 0 parecer que respeitosamente submeto 4 elevada apreciag’io de Vossa Exceléncia, ¢ no sentido de alterar as Normas de PODER JUDICIARIO TRIBUNAL DE JUSTIGA DO ESTADO DE SAO PAULO. CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA Servigo para excluir as mengdes ao registro das cooperativas nos Registros Civis de Pessoas Juridicas, conforme minuta anexa. Em caso de aprovagiio, sugere-se a publicagdo da integra do parecer, para conhecimento geral. Sub censura, Sao Paulo, 11 janeiro de 2015. Gabriel Pi: s de Campos Sormani Juiz Assessor da Corregedoria PODER JUDICIARIO TRIBUNAL DE JUSTIGA DO ESTADO DE SAO PAULO. CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA Proc. m.° 2013/00125821 CONCLUSAO Em 11 de janeiro de 2015, fago estes autos conclusos a0 Desembargador HAMILTON ELLIOT AKEL, DD. Corregedor Geral da Justiga do Estado de Sao Paulo. Eu, ). Escrevente Técnico Judiciario do GAT 3, subscrevi. Aprovo o parecer dos MM. Juiz Assessor da Corregedoria € por seus fundamentos, que adoto, determino a alteragdo das Normas de Servigo da Corregedoria Geral da Justiga nos termos da anexa minuta de Provimento, que acolho. Para conhecimento geral, determino a publicagaio na integra do parecer por trés vezes. Publique-se. Sao Paulo, HAMILTON ELLIOT AKEL Corregedor Geral da Justiga PODER JUDICIARIO TRIBUNAL DE JUSTIGA DO ESTADO DE SAO PAULO. CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA Pri 013/00125821 Minuta de Provimento PROVIMENTO CG N° /2014 Modifica os itens 1, letra “a”, 1.1 ¢ 2 do Capitulo XVIII, do Tomo II, das Normas de Servigo da Corregedoria Geral da Justiga. © DESEMBARGADOR HAMILTON ELLIOT AKEL, CORREGEDOR GERAL DA JUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO, no uso de suas atribuigdes legais; CONSIDERANDO a necessidade da permanente atualizagao das Normas de Servigo e adequagao delas a lei; CONSIDERANDO 0 disposto no art. 18, §6°, da Lei n. 5,764/71; CONSIDERANDO 0 parecer emitido nos autos 2013/125821: RESOLVE: Artigo 1°: Alterar a redagao do item 1, letra “a”, da Segao I, do Capitulo XVIII, do Tomo II, das Normas de Servigo da Corregedoria Geral da Justiga, nos seguintes termos: “1. E atribuigdo dos Oficiais do Registro Civil das Pessoas Juridicas: 4) registrar os atos constitutivos, contratos sociais e estatutos das sociedades simples; das associagées; das organizacées religiosas; das fundagées de direito privado; das empresas _individuais de PODER JUDICIARIO Proc. n.* 2013/00125821 ‘TRIBUNAL DE JUSTIGA DO ESTADO DE SAO PAULO CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA responsabilidade limitada, de natureza simples, e, dos sindicatos.” Artigo 2°: Alterar a redagdio do item 1.1, da Segao I, do Capitulo XVIII, do Tomo II, das Normas de Servigo da Corregedoria Geral da Justiga, nos seguintes termos: “1.1. Os atos constitutivos, contratos sociais e estatutos das sociedades simples, associagdes, organizagées _religiosas, fundagées de direito privado, empresas individuais de responsabilidade limitada e associagdes 86 serdo admitidos a registro e argquivamento quando visados por advogado, devidamente identificado com nome e ntimero de inscrigdo na OAB, exceto no caso de sociedade simples enquadrada como Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP), quando 0 visto € dispensado.” Artigo 3°: Alterar a redago do item 2, da Segdo I, do Capitulo XVIII, do Tomo II, das Normas de Servigo da Corregedoria Geral da Justiga, nos seguintes termos: publicagao. “2, E vedado o registro de quaisquer atos relativos as sociedades simples; associagdes; organizagdes religiosas; fundagdes de direito privado; empresas individuais de responsabilidade limitada, de natureza simples; e, sindicatos, se os atos constitutivos ndo estiverem registrados no mesmo Servigo Artigo 4°: Este Provimento entrara em vigor em 30 dias de sua 1°

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