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9. Vocé quer que uma pessoa faga algo contra as convicgbes dela e que mude estas convicgdes no sentido de fizé-las mais semelhantes As suas. O que se caz: oferecer uma recompensa grande ow uma recompensa pequena para esta pessoa fazer o que voce quer? Por qué? ia central” ¢ quando ela 10. Quando uma comunicagio persuasiva percorre a © percorre a “via periférica”? Dé exemplos. 146 Capitulo 4 PRECONCEITO, ESTEREOTIPOS E DISCRIMINACGAO. Afinal de contas, s6 existe uma raga: a humanidade, George Mocve Podertamos incluir no titulo acima as palaveas racismo, sexismo ou segregacio- nismo. Todos estes termos referem-se, de uma forma ou de outra, a atitudes ou comportamentos negativos direcionados a individuos ou grupos, baseacios num julgamento prévio que ¢ mantido mesmo diante de fatos que o contradigam. O preconceito é tio velho quanto a humanidade, e, por isso, de di dicagio. Pereira (1996) coletou exemplos que vio da Antigitidade romana — 1m 0 historiador Comélio Ticito earacterizando no livro que escreven sobre a entio Germania, os cheruscos, de covardes ¢ estultos; os suevos de sujos e pre- guigosos € os fenos, de salteadores e miscriveis — até recentes manifestagdes na Toternet, na qual alemies sio retratados por americanos como extremamente pontuais € pouco amistosos, fansticos por cerveja e excessivamente conforma: dos a regras, leis ¢ regulamentos. Estes exemplos, no entanto, nio fornecem a dimensio acurada dos males profiandos que se escondem por trés do preconceito ¢ de suas conseqiiéncias, ora sutis, ora extremamente vi Atendo-nos a ice do que pensévan tunida e pacifica Iugoslivia, com massacres perpetrados em nome de etnias, passe de territérios e poder. Aprendemas que, em cetto sentido, “Iugos uma espéci to de ddio renitente entre icos € mugulma- 147, sobre os genocidios ocorridos na Arménia do Notte, numa lista aparentemente sem Enno meio do século, tlvez.o exemplo mais estartecedor de toxlos: 0 F to, quando milhdes de judeus foram massacrados na E Goldhagen (1996), “io hi fato comparsvel neste sécu intos em termos da agressividade ex! OJ. Simpson, herd do futebol americano, astro e figura d foi acusado de ter assassinado acompanhante. Simpson violéncia contra a espos ‘me testes sangtiineos confirmaram haver amostras de seut 1, nO seu carro, roupas, etc. O proprio comportamento do acusado, que te tou fugir, pares ‘Mas quando a defesa levantow ‘caso mudou de mento, que mobi (0 houvesse testenm sori: iia iscigenagéo nte concorrcu para distingdes significativas, princi- a0s pafses de colonizacio protestante, onde o pre- is acierado, Segundo Buarque de Holanda (1995), sta—ou menos excusivista iferente no que diz respeito ts as etnias que constitufram 0 Bra de subsistir entre nés, ainda que em do: ceitos contra a cor da parte de (Freyre, 1984), Nem por isto deixou comparativamente menores, “precon- 5 contra a origem escrava, da parte de outros” Na verdade, qualquer grupo social ~ e no apenas as —pode ser alvo aponta Duckitt (1992), quase toda a com nfo se preocupava com a questio porque partia da prem feriores 2 outras. Logo, f nenhum significado especial. As teorias da época preocupavam-se em explicar, por exemplo, a suposta ndo-~a.a um atraso evolutivo, a limitagées na cap: dlo esteaser entes, expresso de manifestagao de 30 inevitivel conseqiiéncia do proceso 88 pessoas em grupas: os seus préprios versus \s, com o conseqitente despertar de resposta © grupo que nio éo seu, ra a necessidade de se conc rocessos psicoldgicos como de possiveis solugies pi ESTEREOTIPOS: A BASE COGNITIVA DO PRECONCEITO Nao hf qualquer ‘Algumas ds ragas hotentores e os isturados © 105 a individuos ov grupos, chamadas de esteredtipos. O termo do ainda que de forma nfo muito precisa ~ pelo orn: ippman (1922), para se referir & imputagio de certas cs a determinados grupos, a0s quiais se atribuem determi aspectos tipicos. Etimologicamente, deriva de duias palavras gregas: steres eripo, significando “rigido” e “trago”, respectivamente. Para Leyens ¢ cols. (1994), mo foi cunhado por volta de 1798, em referéncia a de um mesmo gesto, postura ou ‘Dios mentais graves. deserever a fregiient modo de falar, comuns em certos tipos de dist ig6es de esteredtipos quanto estuciosos jham um trago comum: o termo refere- tragos de persor os de pessons, Mais és de uma representasio mental de um grupo social pre- Embora, hoje em ddo tema (Miller, 1982), todas elas compart se a crengas compartilhadas acerca de atribuitos - geralmer de- ou comportar cespecificamente, seja atr: ede seus membros, ou de um esquema - uma estrutura cognitiva senta 0 conhecimento de uma pessoa acerca de outra pessoa, objeto ou si agio ~ tendemos a enfatizar o que hé de similar entre pessoas, no necessa- riamente similares, ¢ a agir de acordo com esta pereepgio. (Os psicétogos sociais contemporitteos identificam o esterestipo como a base cognitiva do preconceito. Como veremos adi re apenas uin meio de si o vivemos sobrecarregados 150 tendemos a nos poupar, muito compreensivelmente, de gastos desnecessirios de tempo e ener, posto por Fiske e Taylor (1991), ar dispendios desnecessétios cle tempo ¢ de complexo mundo social que nos rodeia, Neste sentido, podemos dizer que esterco: tipar pertence & mesma familia conceitual ali proposta. Seria, neste sentido, wm comportamento funcional, apesar de estarmos condenando o outro a uma espéci uma série de particularidades: um homer, to, gesticula muito, gosta dam: contradas em algum romano, Mas um morador do Norte ou do Sul da Tt vavelmente no deters sequer tun tergo cas caractersticas acima levantadas, pro- Imagine que neste exato momento um professor de Psicologia Social em Mi- Io, Florenga ou outra metrépol mo assunto, convocando s Imagem que fuéncia dos meios de co: filmes, romances ou até dos relatos de viajantes mais en Ihe em volta, na detectar? mento experimental semelhante 20 utilizado por Katz ¢ mestudo acerca de este jo cetectar como os estu- 1a de aproximadamente \o-thes solicitado, ico local, proporcion: te, entre os alunos dle cursos i Com os resultados fornecidos pelos 60 participants da amostra, foi cons sujeito, melhor caracterizariam os alunos do curso de psicologia. Tal ta TABELA 4.1 Adjetivos mais apontados para os alunos de psicologia Dedizidos mente a0 esperado pelos autores, os estudantes do curso de psico- logia foram catego: ‘com alguns poucos adjetivos agio do que seja positive ou subjetivos, De qualquer forma, colo} Acreditamos que seria interessante real millar, para saber a quantas anda nossa imager ela mudou? Para melhor ou para pior? Se 0s psicdlogos sio ou nio assim, ¢ em que proporgées, s6 outras pesquuisas, utilizando testes de personalidade, entrevistas ou outros exempl Iher § dentre 84 adjetivos que _ étnicos. Assim, 1933, 7: brancos selecionaram como os adjetivos que melhor reteatariam os Lavras: preguigons,supestcees,iprorantes,nuscase imprevidentes, Quanto se refériam a simesmos, a descrigio e ” ores e progresistas, Este método pos sociais, jeste caso ~ r5, 1969) evilenci direcio a Dealgum tempo para cd, no entanto, outros métodos vém sendlo deseavolvi- dos, como intui ira aferigio de esteredtipos. Assim, alguns autores solicitam dos participantes que pensem em termos de porcentagens do grupo alvo, em vez de sua totalidade (“quantos por cento de individuos do grupo X po deriam ser de ritos grupo estudado, apl imando-ts “contra a aambas as populagdes, é porque nio sio discriminadores). Trabalhos ida mais recentes tém procurado saber o quanto certo trago pode servir para determinado grupo: nto escalas do tipo Likert (Brig- s., 1982), Esteredtipos, pois, podem ser corretos ou incorretos. E, também, positivos, (05 Ou negativos, O g6es frente 20 mundo ese par pode levar a wlivido com s Jor do esteredtipo, » Gordon Allport, feriase 20 ato dees «10.0 que foi dito a fuente obra The Nature of Prejudice (1954), r ipar como ei do menor esforgo”. Referendan- © mundo é muito eo to faz.—que nos cam na tentativa de entender o mundo que nos cerca, Dada nossa limitada capac dade de processamento de informasGes, “procuramos adorar estratégins que sim- was complexos” (Fiske 8 Taylor, 1991), Fazemos isto, ora o excesso de oferta cognit a procurar outras a tivas nfo tio rs08 cognitivos, mou de ativagio automitica e ativacio 153, eito caso, no temos controle: crengas muito disseminadas culturalmente nos sobrevém & mente assim que nos deparamos com certas pessoas em dadas cit- cunstincias. Mas, apés a ativagio automitica, uma pessoa pode conscientemente checare refletr sobre o que acabou de pensar sobre aquele membro de um grupo que no o seu e, conseqiientemente, reavaliar sua prim pressio ou avalia- Gio. Isto seria o que Devine chamou de ativagio cont que poria um freio no processo de discriminagio, impedindo-o de prosseguir adiante, Bargh cols, (1995), Banaji e Hardin (1996) e Monteith (1993) sio outros autores que, refe- \¢40 acima proposta, vem pesquisando formulas de enfraquecer at ~ as agdes fruto da ativagio autom: ROTULAGAO Rorulos quer ‘como sirenes tronitoantes que nes tornam surdos diante de quais- ngGes mais finas, que de outra maneira poderiamos vir perceber, G. Allport CO ato de rotular as pessoas é um outro processo bastante similar. Poderiamos ‘caso especial do ato de estereotipar, Em nossas relagdes interpessoais, facilitamos nosso relacionamento com os outros se atribuirmos a cles determinados rétulos capazes de fazer com que certos compor- tamentos possam ser antecipados. Assim, por exemplo, quando um gerente rotu- la um empregado de “preguisoso”, ele “prevé” determinados comportamentos ‘que este empregado devers exibir frente a certas tarefas. mesmo dizer que a rotulagio se 1a pessoa nos predispoe a pressuipor compor- tamentos compativeis com o rétulo imputado; nossas percepgGes sfo distorcidas ¢ isto pode acarretar uma ou duss conseqtiéncias importantes: a) por ums lado, ‘em virtude de nossas tendéncias & consisténcia cognitiva (veja Capitulo 3), faz com que comportantentos que nfo se harmonizem com 0 rotulo imposto ten- Aatibuigio de um rétuloa dam a passar desapercebidlos ou sejam deturpados para s¢ adequarem 20 rétulo; lo rétulo podem nos fazer agic rorulado a se comportar ») por outro lado, as expectativas ditadas remente, de modo induzic: no-consciente ¢ cor da mane auto-realizadora (p. 82). Consideremos o famoso experimento levado a cabo por Ros: infcio dos anos 70 e citado igualmente no capitulo 2. Este estud uum clissico, mostrou claramente a impressionante influéncia da ro! percepgdes do comportamento da pessoa rotulada. Uma vez, demos a perceber os comportamentos da pessoa 3 uz. do 0 nas ibuido, nds ten- culo. ‘Tal tendéncia, embora comum, é perigosa ¢ pode levar a julgamentos graves. Numa sala de aula, para citar um de muitos exemplos, onde a complexidade das relag6es interpessoais induzem o professor a simplific através da atribuigio de rétulos aos alunos, o perigo se evidencia de forma espe- cial, podendo prejudicar sensivelmente alguns estudantes. eerros de Um bom exemplo para o entendimento dos esterestipos estd na narragio que se segu Examine asepuinte hstrin ela consém sem erro bce, Voc evn cape de detect to? Desastre ‘Um pai e seu filho trafegavam por uma movimentada estrada, Estavam bximos de seu destino quando o pai perdeu a diregio do curr, sai da es- ia e bateu num poste. O Como isto ¢ possivel, se 0 trata de um enigma e sim de um e: morren no desastre? Aparentemente, nfo se exasso do redatt dra Bem (1970), falsos eni ceber a possbilidade de concepgées alternativss, Um exemplo disto pode ser visto nas relagoes de género entre nés. No meio cultural em que vivemos, apesar de todo 155 imento em diresio & igualdade resultante das presses exercidas pelo movi- mento de emancipagio femi inda divisamos certos papéis ¢ fong6es, ide de um dos sexos. Um marido “dono de casa”, uma itro de futebol do sexe fe |, uma Jocutora de partidas de fate- i (0 diciondrio sequee registra a palavra “stbitea”) pasmo ou riso, se percebidos ~ dat a condigo de enigm: tado hd pouco ¢ a explicagio do significado do termo ideologia inconsciente. ESTEREOTIPOS E GENERO a" Q Quando um homem comete ira, dizem: “Como cle & sea comete, dizem: “Como as mulheres sio ii Anénimno ss, Golde e que continuam berg (1968) solicitou a alunas universitérias que avaliassem artigos académicos ‘em rermos de competéncia, estilo, profundidade, ete. P ‘artigo era assinado por uma mulher (Joan T. McKay), enquanto para outras, por tum homem (John T, MeKay). Apesar de 0 artigo ser 0 mesmo para os dois grupos, aquele assinado por uma ado que 0 supostamente escrito por um homem. Outro exp na literatura fala de uma fita de video de um bebé de que aparece choran- is causas para aquele choro, as respostas 10 do sexo do bebe: se era menino ow 0 segundo, ram dos participantes variavamn aper a. No primeito caso apareciam mais respostas de raiva, resposta, isto €, quando o estereétipo ¢ grupo-alvo te Para atestar a pei Aeés (1998), da Uni de igando os homens As fungdes de lamente entranhado na cultura cubana, apesat dos esforgos em contririo envidados desde a revo 156 cubana de 1959. A norma gené sistas, ante ‘exige dos homens que sejam atniveis ¢ ousados. Qualquer desv 50, debilidade ou sinal de honosextia- lo pelas préprias mulheres neste lo ambivalente: como maes, acabam. 1s homens. lismo (grifo nosso). Arés tembra o pape processo, jd que atuam muitas vezes de reforgando em seus filhos o que ceiticam i Outro famoso experimento, conduzido por Clarke dos (1947), mostrou i lark nos Estados Uni- negras jd 20s trés anos exibiam preferéncia por bonecas de cor branca. Nes smente, pedia-se As canes que indicassem, por ex branca ow a preta. A maioria das eriangas optou pela branca, enclossando de alguma forma a superiori- dade desta sobre a outra. Desta maioria, cerca de 70% eram criangas negras. Quan« do 0 opasto era sol hos decentes, moradias iden oridade, sido observadas, a0 menos ram muda igton (1979) de- s estarem entio mais satis- 40 de trabalhos produzi dos por homens on por mulheres. Para estes autores, o priprio experimento origi- levadoa cabo por Goldberg nfo teria obsido resultados tio contundentes como mais tarde os livros académicos se encarregariam de divulgar (os resultados ver- un sido na verdade bem poucos, o que, no entan- 88) chegou 3 ) era tio disp, gressos com eautela, O pre extraldos de testes apli mente todas as icamente atribuem caracte- “gras ou brancas, sistem: 87 ticas positivas a animais brancos © negativas a animais pretos. Néo houve ne- huma diferenga significativa entre os participantes em termos ce raga, Sexo OW vel acio-econdmico (embora criangas brancastenham s= mostrado mals un formemente preconceituosas). Para 0 autor, tais dados in ce ced criangas de qu ‘6m idéias estereotipadas sobre ra mais sério, que criangas negras jf introjetaram tas id que diz respeito & auto-cstima ¢ auto-imagem. éin disso, hd os exemplos extraidos da propria realidade: uma pesquisa le- seve pelo IBGE em 1998 (Pesquisa de Padrto de Vida) em scs seas ce dades do Brasil comparou, entre outros dados, 0 sakirio médio percebido por ho- mens ¢ mulheres, brancos ¢ negros. O resultado: homens brancos recebiam em média, por més, 881 reais; em segundo lugar es bransi, com salitio médio de 579 reais. Em terceiro, os homens negros (423 reais), por fim, Jos comprovacio di mente uma desigualdace ma tanto quanto esta medida pos em meados guns paises XX~servem muito signifi dos anos 90 na antiga Ingo: da Europa Ocidental - sem contar 0 Holocausto no mei para frear nosso otimismo quanto a mudan inuigio do preconccito ¢ dla discrimi ieConahay, 1986) 0 que Para alguns autores (Dovidio & Gaertner, 1986; M Ye ( limita-se a0 que chamam de racismo moderno (ou ra- acismo envergonhado): as pessoas, pressionadas ra com as ntern: podem abrandar seu comportamento natério, mas, tém seus preconceitos, O resultado é uma aparente mudanga t6ria, Estes autores lembram, no cntanto, que am 1m que estas mesmas pessoas se sintam mais seguras para exter~ is sentimentos, 0 preconceito ¢ a di 0 a seus niveis ante- riores. Ou ainda, que estes rermativas ~ mas que convirjam para o mesmo do suas verdad porser de pers adios, etc.”). Por - word ima social mudow, tornando : tistas, nfo deixa de significar um avango, cm termos de normas socisis percebidas ‘ede seus reflexos no comportamento individual. 158 ESTEREOTIPOS E ATRIBUIGAO. ‘Uma forma sutil de preconceito pode apresentar-se também via attibuigio de causalidade (cf. Cap. 2). Quando observamos uma pessoa realizando uma agio, rendemos a fazer dedugdes acerca dos motives que possam ter causado aguele comportamento. E o preconceito freqiientemente contamina nossas per- cepgées, como ilustra 0 exemplo anedético de Aronson (1975): dois homens de um prostfbulo, Um deles, protestante, comeni mente a hipocrisia de um representante da Igreja Catél ponde com orgulho, argumentando que quando um memibro de sta iguas ~as pessoas fazcrem atvibuigées consistentes com suas crengas ou preconceitos No caso da questo de género que vinhamos abordando, o processo de es n do estudlo jf citado sobre uma poss{vel superioridade dos homens sobre as mulheres (John versus Joan McKay), ¢ do falso enigma do “pai morto ¢ 0 estereétipo sobrevivente”, outros psicélogos sociais (Deaux & Emsweiler, 1974; Eagly & Steffen, 1984; Feldman-Summers & Kiesler, 1974) vém demonstrando, que diante de uma situagio em que, por exemplo, somos apresentados @ um bem sucedido médico ow 3 sua contrapartida do sexo feminino, tendemos a atribuir 0 sucesso da mulher a uma maior motivagio intrinseca, quando nko & pura sorte (0 artigo de Deaux¢ Emsweiler citado acima tem, traduzido para 0 portugues, 0 se- guinte ¢ clucidativo titulo: “Explicagées para o sucesso genera: o que é capacidade para homens vira sorte para mulheres”), Pode-se de- preender daf que, ou as mulheres tiveram de trilhar um caminho mais cheio de obsticulos, ou precisaram de doses suplementares de sorte ou de motivagio para suplantar supostas deficién Entre nds, sabemos que chamar um alu- ogio: pelo contrério, dé a entender que ele telectual através de trabalho duro, Um jével neste processo esté, quando o mesmo é forte 0 su inte, na introjegio, por parte do grupo-alvo, do esteredtipo de sua intr mulheres tendem a incorporar tais ndossd-las, No momento, apesar de todos os (08 resultantes do movimento de emancipagio fermi lo ou a uma sorte, igualmente rara. 159 1a de pesquisa, podemos citar como ilustragio aicional ou- tos st cuts No penne, conduilo os Extaow Unidos por ae con (1982), “homens ¢ mulheres negros: icedidos, cram percebidos tanto por homens como por mu res como menos capazes ¢ mais esforgados que os homens brancos bem sucedidtos. Aparentemente, mulheres ¢ negros tém que esforgar-se mais” (grifo nosso). 2 TON 7G egundo estudo, na verdade, referee a dois tra es (1984) ¢ Rodrigues e cols. (1984b). O primeito foi uma ré ma citado, com uma amostra de estudantes univers ros. A tarefa dos participantes era ler uma carta em que uim Funcionétio de irava promogio e jusificava seu pedido com base em seu ce 7 urvieulion vitae do Jham o mesmo teor em quatro condigces experimentais, que pleiteava a promogéo (homem, do expe- ios cariocas € variando apenas 0 sexo e a cor do ftncion: er branca te, no foi detectada qualquer apenas na amostra minciea, leves sinais de preconceito racial: os homens neg supostamente seriam mais esforgados. Outro dado importante deste estudo fbi fenga de que os brancos (homens ou mulheres) ~ mais que os negros ~ é que ada, o que pode significar a percepgio de que vi- vemos em uma sociedade preconceituosa, O segundo trabalho, seguinoa mesma lina sos anteriores, conton ony amostra de pouco mais de 600 pessoas. Do mesmo moxlo que ne estudo citado aei- Je preconceituosa significativa con stereotipia negativa em relagio is pessoas clo sexo f Jo por esta amostra o principal motivo de éxito lo candidato intemente de sua cor e de seu sexo, Mas, da mesma f ma percepgio bem diferente entre os partici A promogio, que no estudio a Tais pesquisas __ gum, O que este £0 one at Esta tl estiac um novo traba- rtementos, ou aties «creas Esta ina questo lvou 160 na sociedade em que vivem, Parodiando Sartre, pod que “preconceituosos so 08 outros”. Ou ainda, G. Allport, que frisava qu 0s de personalidad so coisas que as outros tém” (grifo nosso). Com isto, 0 f ‘moso psicélogo queria denunciar fstas, mesquiinhos, pr6prios olhos, estarfamos nervosos, com problemas, atravessando uma fase dif. «il, tc, Mais tim notivel exemplo de atribuicio diferencial, que nos tinge de pe soas boas, mas senstvvis a situagbes perturbadoras, em contraste com 0s outros, disposi as: OS Outros so, ¢ nds estamos, 20 menos quando se trata de caracteristicas desagradaveis No caso do preconceito, estaria acontecendo 0 mesmo? Na verdade 0 novo estucdlo (Rodrigues & cols., 1984b) nio respondeu diretamente a esta pergunta, mostrow quie boa parte da amostra (180 partici ncos, 44% co sexo masculino) demonstrou acre de discriminago tanto racial como sexual em nossa sociedad. Serf que o brasileiro tem vergonha de assumit que € preconceituoso, até mesmo em pesquisas atribuicionais? Ou, na pritica, io nos opomos genuinamente a qualquer tipo de distingio bases ina cor da pele? Ou o preconceito nao surgiria nas relagGes de trabs c iis, por exemplo)? E por que a crenga de que sdo preconceituosos? E quem seriam estes outros? Ou o poderoso liativo que vigora em nossa cule area qu ‘se mostra ao mesmo tempo tio presente, Ho escorregadia ¢ tio relevante © QUE HA NUMA FOTO? A lista de exemplos que conti ‘Mas gosta do iam o quadro acima demonstrado é enorme, 1mos de encerrar esta segio citando o interessante expetimento leva aba por Porter ¢ colaboradores (1983). N reek n toro de pesquisa”. O que variava nas fotos era a compos heres ¢ um grupo misto) ea posigi cipantes perguntava-se central da mesa era indicada majoritariamente como send a lider dos trabalho. ‘A coisa muda de figura nos grupos mistos. Ai, ainda com as mn com uma delas sentada na cabeceira da mesa, os homens exam retrato ¢ tanto da realidad dos esteredtipos! cexemplo de outros estudos citados, os resultados deste experi tuma réplica, ndo sejam mais tio expressivos. Mesmo assim, fotogra das pelo tempo nem pt PRECONCEITO E DISCRIMINAGAO, Se o esteredtipo é sua base cogn um grupo constituiriam 0 componente. a uma atitude: wma os grupos ¢ compor- pessoa preconceit tar-se de maneira ofensiva para com cles, ba nbora, como vitnos no Ca nbinag: jr (componente comportamental) © (componente cognitivo), no caso do preconccito, este termo se refere m: pecto afetivo do fendmeno em questio ~ na frase acima, 0 desgosta des c crengas ‘Tecnicamente, o preconeeito pode Podle-se ser, por exemplo, a favor ou contra estran; is,€ das pessoas de um modo ge~ m, 0 pre- com rela- a.atos hostis, ral, guardam o termo wsando-o apenas para as atituces negativas. As conceito poderia ser definido como uma atittde hostil ou neg: sioa ninado grupo, ‘ou comportamentos persecut6rios. Q ._bais hostis, Neste caso, atuagio que pode var desprezo ea atos m ado est nif Os experi 50 (1961) ilust 1a como dos conflitos grupai dos em dois grupos, os me «, neste tiltimo caso, de sua po Nasegunda parte do experimento, 0s dois grupos eram colocacios em situagio de competi¢io ¢ con- lito. A idéia era que, se dois grupos possuem objetivos conllitantes « metas que 36 podem ser atingidlas 4 custa do fracasso do grupo rival, seus membros se tornario De fato, neste sentido, os experimentos foram coroados de éxito: 6 trigfo de bens foram observados, 20 lado ~ de esteredtipos, que se traduziam na ios aos membros do grupo rival, além de atitudes mentas efetivamente discriminatsrios ica da génese do preconceito ¢ da dis- no entanto, deixar de mencionar a terceira fase dos ‘0s Comuns e prazerosos que s6 podiam ser a tes Se unissem para um trabalho conjunto, Apés adores alirmaram ter conseguidio restal através desta estratégia de interdependéncia, tio “inimigos”. Em suas préps i quando os _grupos se juntam para aleangar objetivos maiores que sejam realmente importan- tes para a promocio do bem comum” (Trotter, 1985) A guisa de ilustragi0, achamos interess M, Sherif, que nasceu na Turquia e foi conflitos entre gregos, turcos ¢ arménios, ou CAUSAS DO PRECONCEITO que se torna io préximas da prdpria na melhor das Mas,em que suspeitas sobre a existéncia de uma posstvel predisposigao inata NA COR DO OLHAR Deixanclo de lado esta eterna d como é ficil © aprendizado do preconc her ¢ cols., jd fz parte dla histdria da psicologia s fessora Jane Elliot, qu ade (Riceville) no mando por base a cor dos olhos, Othos castanhos para um lado, olhos azais para 0 outro. Em seguida “explicou” aos alunos que 08 segundos eram comprovada- ores do que os primeiros: mais e fi ferenga, fez.com 0 Para marcar a ais ti preco: si. Os de olhos wzuis passaram a tr ram-se a brinear com m uma tradicional briga corporal en- tre membros dos dois grupos. O grupo “inferior” mostrou ceprimido, ve pior nos testes feitos ao fina te, uma surpresa: a professora confessou ter-se enganado, ¢ hos castanhos, Em seguida pedi que estes colocassem 0s colares nos “novos inferiores”. Neste dia, os comporta- mentos observados anteriormente simplesmente mudaram de lado. O exp: mento foi encerrado na mx istoria, mostrando que tin! verdadeiro vido terceiro dia, quando a professora desfez toda a procurado fazer com que eles sentissem na pele 0 nificado do preconceito e da discriminagao. Seguin-se um debate ctigio deste elucidativo ex- to, cabe ainda tuma citagio adicional. A criativa professora Jane Elliot diz reencontrado boa parte destes estudantes vinte anos depois, ¢ aqueles dias em que a cor os olhos foi tio sentiam-se menos preconceituosos que scus sso, etc. pelo fato de terem passado por aquele lo que, em sua opiniso, todas as criancas deveriam mesmo teste. Digna de gundo a professora Jane, sofreram seus divalgagio do seu trabalho com os altmnos. Estas duas pesquisas imentos preconceituosos, pela qual o outro pode se rornar desprezivel por tio potico. Mas de uma form ida que, a exemplo de sem uma teoria global ou um mo- o do fendmeno — podemos cl ceito em quatro grandes catego: aber: a) compe icos ¢ ccondmicos; b) 0 papel do “bode expiatério”; c) fatores idade; € dl) causas soci lade e eategorizagio social 10 vimos, a fac a soc COMPETIGAO E CONELITOS ECONOMICOS cciar 0 grupo adh Apai ve2, 0 experi Escassez no merea provocou ao longo da Hist¢ re bem-vindo, cas de vacas seja.a Unidos, pesquisado por Hovland ¢ Sears (1940) ismo (e confirmado por 2 Hepworth & West, 1988). Ho centre a) 0 prego di mente do prego do algodao. O que esses dois pesquisadores descol ere estas duas condigGes. Qu forte correlagio ja racionalmente o mais, \ébitos nocivos ou se for acerca do competidor u (in-group versus out-group: d ifecolaboradores merece ser lembrado, agora como tum exemplo do poder da competigfo em deflag tem mosteadlo & qu iagio de culpas da teibo — vidas rezas, exor un bode ¢ através das morter, levando consigo os p termo ficow e hoje é usado para de que sendo inocent dado momento, valiagSes estaristicas recentes ha nwista, onde, indo os membros de grupo”. Vale a pena nor a distancia na es ime dle futebol perde, & ival jogou melhor m pats atravessa um perfodo de recess tema econdmico. A figura do CEO Ser NBEO OU co-canadense ou anglo- bia © papel de pr Criou-se a crenga de que, simples eulpar © atdrios. Aparen ras situages exp adequado, mas é emocional F produto de exportagio dos « nento de linchamentos cle negros, € um cruel exem- = apésa derrota na Primera ino, Estes si0 apenas Histéria, par 0 tinsi ado a precaugao de sair um e assim sucessivamente. com relagio a esses grupos (Meindl ¢ Lerner, 1981; Weatherly, 1961) Em restumo, a hipérese do bade expiatdrio prega que individuos, trados ou infelizes, rendem a deslocar sua agressividade para grupos vvaimente sem poder ¢ por quem nutrem, de antemio, senti FATORES DE PERSONALIDADE “A priori, pode-se dizer que uma pessoa, mais do que outra, s¢j rntemente, sim, A idé , parte do pressuposto de qui a ser preconceituosa? A\ colaboradores (1950) nos Estados Unidos, pessoas ~ em fungio do tipo de educagio rece uosas. Denomina jos que tornariam uma pesso monstragdes de fraqueza, jomais, desconfiada, propensa a postas ase tornarem preconk feria 0 conjunto de tragos adq) suas opinides, into figuras de autor cem ao seu ciclo restrito de relagées. Adorno colegas, em boa parte ta, acreditavam que pessoas enguad ais pro} instrumento de qual os part punitivos, ligados nte para com quaisquet 1 nos outros, pronta a adotar valores convel adotac ou pregar medidas de carter punitivo € de de seu proprio grupo, ¢ quer grupos 10 concordar ou discordar ce i lez ou \ obediencia, entre outros, pi meas \das como forter roritarismo (cl dos como muito ou pouco autoritérios, e, por conseguinte, nados a comportamentos discriminatérios, 1 préprios p: do, inconsciente desprotegidos. tipo de educa com questées de status e poder, rigido, intolerante e com dificu Was inseguras, depen ido-os ¢ odiando-os concomitantemente. O ¢ que dirigido a grupos minor daria a formar wi 168 1985; Rogers e Prentice-Dunn, m de Personalidade Autori- dos das perseguigdes ado de escala F), pelo s mareados por ditames jade? Para os pesqui ageiis | imentos de repulsa. vid esta um mais predis- yoderiam ser clas mbos os extremos preocupado jidar m ad com situagées de ambigitidade, & natural que criangas vejam o mundo em bran- co-e-preto: faz parte, dentro do processo de amadurecimento, ter bem delimita- dda em suas mentes a diferenga entre mocinhos e bandidos, bons ¢ maus, fadas ¢ bruxas. Aparentemente, isto est relacionado 20 desenvolvimento normal da aquisigfo de conceitos de moral ¢ de justiga. Mas, de adultos espera-se que sai- bam que o mundo é composto igualmente de matizes de cinza, ¢ que 0 bem ¢ 0 al fizem parte intrinseca da natuteza humana, Boa parte da verdadeira Educa- ‘40 consistiria em inibir nosso lado pior e deixar vir & tona nosso lado melhor. Voltando & hipétese de Adorno ¢ cols., de um modo genético, este tipo de formagio resultaria em adultos preferentemente etnocentristas: isto é, que acre- m na supetioridade do grupo étnico ou cultural a que pertencem, com cor- respondente desprezo por membros de outros grupos. ‘As exiticas posteriormente valor e sua expre: tanto, em primeiro lugar, esta teoria nfo teria levado em consideragao 0 papel de- sempenhado pelos pais, no que se refere 20s seus préprios precot ma se identiffcar com eles, ou, por aprendizagem, a intemente ~ 20 tipo de ‘querda/direita, permeando todos os matizes de pensamentos ¢ conviegdes, Apesar destes reparos, a vertiade & que trabalhos realizados no final da década cle 80 en0 inicio dos anos 90 na Riss 1996) vém confirmando a influ CAUSAS SOCIAIS DO PRECONCEITO: APRENDIZAGEM SOCIAL, CONFORMIDADE E CATEGORIZAGAO SOCIAL, Este grupo decausasrefere-se.d por forgas sociais e culturais, A teori esteredtipos e preconc Estas, por sta ve7, se iéia de que daapreny lo esteanho em uma ci 169 cencarado como perfeitamente normal ¢ ajustado em outra, Hébitos alimentares, modo de edutcar filhos, formas de cortejamento, moda, priticas religiosas, tole- rincia a relagées extramaritais por parte dos homens e p guns exemplos de como diferentes sociedades li pectos similares do comportamento social humano, ‘As normas Sociais so aprendidas em casa, nas escolas, 11s ‘sas, com colegas ¢ através da midi ¢ das artes. Passadas de nos instrucm aberta ou sutilmente sobre o que pensar, como reagir afetivamente ‘ou como agir no mundo, Desta forma & que preconceitos persistiriam em im dado momento em wma dada cultura, Basta que seja uma sociedade que acredite tivos ou veja como normal o trato dife- nda a nyulheres ou a praticantes de uma religito, Como ‘mum que mulheres detenlham certas fung6es ¢ papeis sociais. Ou scja, é“normal” 1a mulher seja enfermeira ¢ um homem, neurociruegiio, Assim, segundo im simplesmente adquitindo de dos precon- prencem outras atitudes ¢ comportamentos, par- de como uum todo. caso especial do exposto acima: aqui, as pessoas de tanto perceberem e viverem relagdes de desigualdade entre grupos, SEXoS, ct, ‘tratamentos diferenciados como naturais, Em outras pa- site, Na maior parte das salas deaula de des, por exemplo, a negros, e ninguém estranha isso, tamanl outro exemplo é encontrado nas artes: na pega “O Merc: espeare, 0 judeu Shylock é retratado preponderanten sa criatura. Por que isto seria um exemplo de conformidade? Porque, pega foi escrita, os judeus jd haviam sido expulsos da Inglaterra hd apro: mente 300 anos! Infélizmente, 0 preconceito tambél dade do fendmer dor de Venez, ‘que vivemos. Em conse mente, das regras do jogo sox thos realizados por Pettigrew (195: sulistas americanos e brancos da Af mente os que se mostravam os mai Sad ode ae it Estas consideragdes nos levam ao papel desempenhado pela midia e pelas ar- ica que elas sio basicamente re- a, objetos ss ; sexuais, ou como pessoas passivas, depen nts eseqioss da aprovagio des ido Sparen ino Ge cutivas ou em posigio dk porque se trata de um comercial que apela midia/artes tamb rados, a0 levar para o acle moderna das grancles cidades, onde hit uma heres (Kottak, 1991). Da mesma for ‘or Tom Hanks, provavelmente fe Um subproduto do modo como processamos psicologicamente as ccategotizamos as pessoas ou formamos esquemas, e que leva A fo aK o que estd na base da Categorizagio Soci em oposigioa grupos exzernos”). Para E, Aronson (1995), sera ole uma expresso niio muito feliz, jf que est om caracterizaram Tajfel e Tu 1¢10 disto, preconceito ¢ discriminagdes intergrupais seriam conse- icamente ineviriveis dentro de um processo cognitivo normale na- ait reat tural, cuja fungao seria a de~ mais uma vea ~sim complexo mundo social que nos rodeia. Afetivamente, ‘vas pelos membros cle nosso grupo e coisas negativas (seguidas de um tratamento justo) por membros do grupo que nao 0 nosso, O aumento da auro-estima se- ia segundo Tajfel, a motivasio bisica por trés deste vies cognitivo. Diversas tendenciosidades cognitivas, examinadas no Capi s6ria,a profecia auto-realizadora, o feito homogencida fortificariam, junto com a categori correlagio ‘grupo, entre outr manutengio de prevonceitos. AREDUGAO DO PRECONCEITO jos preconceitos pela port Grane Frederico, 0 Face a0 que vimos acima, é possivel minuir 0 preconceito? despertado e a dificuldade em en- Apesar da facilidade com que 0 mesmo € ssas do preconecito, contato. Aqui, acredirava-se que, brancos e negros, nfo 86 it : (0 forgada de contato acabaria prevalecendo uma interagio pacifica i obsctvou na pritica, nos Estados Unidos, através da scolas s6 para brancos

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