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FUNDACAO UNIVERSIDADE DE BRASILIA Reitor Lauro Morhy Vice-Reitor Timothy Martin Mulholland EDITORA UNIVERSIDADE DE BRASILIA Direior Alexandre Lima ‘CONSELHO EDITORIAL Aiton Lugarinho de Lima Camara, Alexandre Lima, Elizabeth Cancelli, Estevtio Chaves de Rezende Martins, Hemyk Siewierski, José Maria Goncalves de Almeida Jinior, ‘Moema Malheiros Pontes, Reinhardt Adolfo Fuck, Sérgio Paulo Rouanet ¢ Syivia Ficher w 40 anos ©. Robert A. Dahl Sobre a democracia Beatiz Sidou Copyright © 1998 by Yale University Copyright © 2001 by Editora Universidade de Brusflia, pela tradusio ‘Titulo original: On democracy Impresso no Brasil Direitos exclusivos para esta edigfo: Editora Universidade de Brasilia editora@tinb.br Todos os direitos reservados. Nenhumna parte desta publicagio poderd ser armazenads ou reproduzida por qualquer meio sem a autorizagao por es- crito da Editora Ficha catalogréfica elaborada pela ‘Biblioteca Central da Universidade de Brasilia abl, Robert A. D131 Sobre a democracis / Robert A. Dahl: tradugio de Beatriz Sidou. - Brasilia: Editora Universidade de Bras, 2001 230p. ‘Tradugo de: On democracy ISBN; 85.-230-0621-4 1, Democracia I. Sidou, Beatriz H, Titulo, cpu 321.7 Sumario AGRADECIMENTOS, 9 caPfTuLol PRECISAMOS REALMENTE DE UM GUIA?, 11 PARTE] ‘OCoMEGO CAPITULO 2 ONDE SURGIU E COMO SE DESENVOLVEU A DEMOCRACIA? UMA BREVE HISTORIA, 17 ‘O Mediterraneo, 21 A Europa do Norte, 27 Democratizagao; a caminho, apenas a caminho..., 32 caPITULO3 0 QUE MA PELA FRENTE?, 37 Objetivos democrdticos ¢ realidades, 39 Dos julgamentos de valor aos julgamentos empiticos, 42 PARTE I A DEMOCRACTA IDEAL CAPITULO 4 0 QUE £ DEMOCRACIA?, 47 Os eritérios de um proceso democrtico, 49 Por que esses eritérios?, 50 Algumas questdes decisivas, 52 CAPITULOS POR QUE A DEMOCRACIA?, 57 AS vantagens da democracia: resumo, 73 Suinirio CAPITULO6 POR QUE A IGUALDADE POLITICA I? IGUALDADE INTRINSECA, 75 A igualdade € Sbvia?, 75 Igualdade intrinseca: um julgamento moral, 77 Por que devemos adotar este principio, 79 CAPITULO? POR QUE IGUALDADE POLITICA 11? COMPETENCIA CIVICA, 83 A tutela: uma alegago em contrsirio, 83 A compoténcia dos cidadlos para governar, 89 Uma uinta norma democrética: a inclustio, 91 Problemas ndo-resolvidos, 92 Comentérios cconclusivos e apresentagao, 94 PARTE TILA VERDADEIRA DEMOCRACIA CAPITULO B QUE INSTITUIGOES POLITICAS REQUER A DEMOCRACIA EM. GRANDE FSCALA?, 97 Como podemos saber?, 98 As instituigdes politicas da modema democracia representativa, 99 ituigdes pol O fator tamanho, 105 lemocracia exige eleigdes livres, justas & freqlientes?, 109 Por que a democracia exige a livre expressao?, 110 Por que a democracia exige a © independentes de informagao’ Por que @ democracia exige associagdes independentes?, 111 Por que 2 democracia exige uma cidadania inclusiva?, 112 capiruLo9 VARIEDADES I: DEMOCRACIA EM ESCALAS DIFERENTES, 115 Em todo caso, as palavras importam, sim... 115 Demooracia: grega x modema, 117 Democracia de assembléia x democracia representativa, 118. ‘Sobre a democracia, A representagio jd existia, 119 Mais uma vez: tamanho e democracia, 120 iis podem ser democraticas?, 129 ‘Uma sociedade pluralista vigorosa nos paises democriticos, 132 CcapETULO 10 VARIEDADES II: CONSTITUICOES, 135, ‘Variagoes constitucionais, 136 Quanta diferenga fazem as diferengas?, 145 capiruLo 11 VARIEDADES IIT: PARTIDOS E SISTEMAS ELEITORAIS, 147 Os sistemas eleitorais, 147 Algumas opedes bésicas para as constituigées democréticas, 154 Algumas oriemtagies sobre as constituigSes democréticas, 156 PARTEIV AS CONDICOES FAVORAVEIS E AS DESFAVORAVEIS CAPETULO 12 ‘QUE CONDICOES SUBJACENTES FAVORECEM A. Conflitos culturais fracos ou ausentes, 166 Cultura e conviegdes democréticas, 173 Desenvolvimento econémico e economia de mercado, 175 ‘Um resumo, 175 india: uma democracia improvavel, 176 Por que a democracia se espalhou pelo mundo inteiro, 180 CAPITULO 13, POR QUE CAPITALISMO DE MERCADO FAVORECE A, DEMOCRACIA, 18 Algumas ressalvas, 186 CaPfTULO 14 POR QUE 0 CAPITALISMO DE MERCADO PREILDICA A DEMOCRACIA, 191 Dificuldade 4: a educagio cfvica, 204 APENDICE A (OS SISTEMAS ELEITORAIS, 209 APENDICEB ‘AACOMODACAO POLITICA NOS PAISES ETNICA OU CULTURALMENTE DIVIDDOS, 213 APENDICEC A CONTAGEM DOS PAISES DEMOCRATICOS, 217 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS, 221 INDICE, 227 Agradecimentos Pelo que me lembro, foi para minha mulher, Ann Sale Dahl, que mencionei que talvez estivesse interessado em escrever mais um livro sobre 2 teoria e a prética da democracia. Dessa vez, 0 li- vro que eu tinha em mente seria menos académico do que a maio- ria dos outros j4 publicados. Eu no esereveria o livro para outros académicos nem especialmente para os norte-americanos. Eu gos- taria de ser ttil para qualquer pessoa, em qualquer lugar, seria mente interessada em aprender mais sobre um assunto vasto, que pode facitmente tomar-se to complicado que as dnicas desejando investigé-1o em profundidade sto os teéricos fil6sofos e outros estudiosos. Confesso que encontar 0 estilo exato setia dificflimo. A entusidstica reago de Ann me incentivon a se- guir em frente. Ela também foi a primeira leitora de um esbogo quase cor suas atiladas sugestdes editoriais melhoraram bastante a minha exposigto do assunto. Dois ocupadissimos colegas da universidade, James Fishkin € Michael Walzer, generosamemte fizeram comentérios detalhados rminedo bom, nfo exatamente terminado, no final das contas. Suas criticas e sugestbes foram t2o importantes © tio tteis que adotei quase todas; tive de deixar algumas de lado, ois me pareciam exigir um livro bem mais comprido do que o Que eu tinha em mente, Também devo a Hans Daalder, Arend Lipjhact ¢ Hans Blockland por seus importantes comentérios sobre 2 Holanda Sou grato a Charles Hill, David Mayhew, lan Shapiro e Norma ‘Thompson por responderem a meu pedido de nomes de obras que servissem aos leitores desejosos de prosseguir estudando o tema, Shas sugestdes enriqueceram a lista intitulada "Mais leituras" Capitulo 4 O que é democracia? 108 objelivos que nfo conseguimos ‘ooperanda com Supontamos ent vocé © muitas center 10, que depois ila pelos membros O Ape ‘or aclamacko, umbéncia, voce di ~ Creio que compreendo os objetivos mas néo sei muito bem como de Por exemplo: queremos uma con: dos mais capazes e m: tomar todas as nossas rantiria decisGes mais sdbins, 0 para os outros, Os membros rejeitam em massa uma eles, aquem chamarei de Principal Falante, que temos em comum, famos toma 8 Robert A, Dahl = Nas quesides mais importantes de que esta assombléia trata- 4, nenhum de nés 6 tio miais sébio do que os outtos, para que aulomaticamente prevalecam as idéics de um ov de outro. Ainda 4que alguns membros saibam mais sobre uma questiio em determi- nado momento, somos todos capazes de aprender o que precisamos saber, Natt sidssa constituigao deve Dasear-se nesse pressuposto, H Peat assegurar a todos nds o direito de participar das tomadas de de Pr sso da assbciagio. Para ser bem claro: porque estamos todas igualmente quali io nat lemocratica prosseguimento da discussio revela que as idéias apres das pelo Principal Falante estio de acordo com a visio provale- cemte. Todos concordam em fazer 0 esbogo de uma constituigéo, seguudo esses pressupostos. . Enfretanto, 20 comegar a tarefa, descobre-se que diversas asso- 7 izagées que se chamam “democriticas” adotaram Ses diferentes. Descobre-se que, mesmo entre igdes diferem em pontos impor- io dos Estados Unidos prevé. um antes. Por exemplo, ‘Adyar, poderoso chefe exe poder vO tio Congresso} cx . EWM dente do outro. Em compensagio, a maioria dos pases euopeus preferiu um sistema parlamentar, em que o chefe do Executive, 0 Sobre a democracia 9 tarefa que tem pela frente & mais espectfice: tegras e princfpios, uma c igo, que fomadas as decisées dia associagio, Além deverd estar de acordo com um prinespi ‘membros deverdo ser tratados (sob sem igualmente qualificados para decisses sobre as politicas que a. ass forem as outras quests, no governo de: ‘membros serio considerados politic i Os eritérios de um proceso democritien No espesso matagal das impenetravel, € possivel identificar alguns ios a que um pro- ‘cesso para o governo de uma associagio teria de corresponder, para satisfazer a exigéncia de que todos os membros estejam igualmente apacitados a participar nas decisées da associacio sobe sua politica? Acredito que existam pelo menos cinco desses crtérios (Fig. 4). San L cia, AS vezes Participagéo efetiva, Antes de ser adotada uma pol associagio, todos os membros devem ter oportunidad « efetivas para fazer os outros membros conhece aides sobre qual deveria ser esta politica, + Igualdade ce voto, Quando chegat 0 momento em sto sobre a politica for tomada, todos os membros devern ter Entendimento esclarecido, Dentro t po, cada membro deve ter aptender sobre as politica vaveis conseqiiénciss, ores j icas da associagéo estio sempre aberlas para a mudanga pelos membros, se assim estes escolherem, 50 Robert A. Dahl + Inclustio dos adultos. Todos ou, de qualquer maneira, a maio- dos adultos FIGURA4, O que é democracia? A democracia proporciona oporlunidades para: 1. Patticipagio efetiva Por que esses critérios? ‘A resposta mais curta é simplesmente esta: cada um deles & necessiria, se os membros (por mais limitado que seja seu niimero) forem iguais para delerminar as politicas da associa- gio. Bm outras palavras, quando qualquer das exigencias é violada, ‘98 membros nao serio politicamente iguais, Por exemplo, se alguns membros recebem maiores opor dades do que outros para expressat seus pontos de Sobre a democracta 3 iagio. O eritério da participagto efetiva visa ev a. Suponhamos que os votos de diferentes membros sejan con- = tados desigualmente. Por exemplo, imagine que aos votos seja - que isso mente bem qualificados para participar das decisis da as or que 0s volos de alguns deveriam ser contados mais do vvotos de outros? Embora os dois primeiros ctitérios paregam quase evi eritério do entendimento esclarecido poderia ser questionado: sera &. necessério ou adequado? Se os membros no forem igvalmente gf.” qualificados, por que entho eriar uma con suposto de que sao iguais? Contuco, como disse Principal Palante, 0 prinefpio da iguat- dade politica pressupie que os membros estejam todos 10 baseada no pres- oporlinidades de aprender Sobre as questoes Un associa investigaglo, pela discussto e pela deliberagia. O terceira vvisa assegurar essas oportunidades para eada um des mem esséncia foi apresentada no ano 43) a.C. pelo al numa famosa oragiio comemorativa dos mortos da guerra Nossos cidadios comuns, embora ocupados cam 18 a inddstria, em ver de ver ciosa, Reunidos, os trés primeiros Imagine que alguns membros se o que todos devam ser tratados como 19 Jt Navn York, eit 2 Robert A, Dahl Outros. Argumentam que, embora fosse mellior se os volos dos maiores proprietérios recebessem maior peso, eles sempre ven. Ceriam, 0 que parece estar fora de questio, Conseqllentemente, se- tia necessério haver um dispositivo que bes permilisse prevalecer, ‘Go ieaports o que a majoria das associados adote em voto livre ¢ justo. Bles apresentam uma solugio ctiativa: uma constitti¢do que conresponderia satisfatoriamente aos trés ptimeiros erité até este ponto, pareceria plenamente democrética. No anular esses critérios, propéem exigit que nas reuni ‘membros pudessem apenas disculir ¢ votar sobre S chufdas uo programa por uma comtisséo executi ecutivo estard aberta apenas para os maiotes pro- ios. Controlando 0 programa do govern: iniscula inha” teria'a certeza de qué a aSsoclacto jamais atuard contra sus tneresses,-porque-jamais-permit iquer proposta que se iostre Contraria a seus interesses, ~~ le refleit, VoOE Tejeilaré a proposta deles, por violar 0 ia igualdade politica que deveria sustentar. Em vez disso, voce € lovado a buscar atranjos constitucionais que satisfagam o quarto crtério, garantind assim que o controle final permanega ‘m1 miios do conjunt dos associados, Para que os membros sejam iguais politicos no governo dos negécios da associaglo, seria preciso corresponder a todos os qua- {to crilérios, Patece entao que descobrimos os critérios que devem Ser conrespondidos por uma associncio regida por princfpios de- mocratices, Algumas questdes decisivas Seri que respondemos & pergunta “o que € democracia?”... Seria Uo facil responder a essa pergunta! A resposta que apresentei € um bom lugar para comegarmos, mas ela sugere muitas outras perguntas, . Para comegar: mesmo que os ‘governo cle uma associagdo vol ‘cAveis 20 governo de um est is sejam bem aplicados a0 ia muito pequena, serfam apli- Sobre a democracia 33 Palavras sobre palavras Como a palavra estacta rapidamente o que ent bre ela. A meu ver, estado & um tipo muito especial de i que pode garantir a obe ca j coergio. Quarido as pessous falam sobre “governa”, ney se teferem ao governo do estado sob euja juisdighe toda a histérie, com raras excegies, os estados exerceramm digo sobre pessoas que ocupam um determinado tertitérin (i ve, , 8 incerf ou contesttdo). Podemos entio pensar no estat como Et. entidade teritorial. Embora em alguns mSaentOS OW Tigares o ler, io do que uma cidade, nas titimos de um estado mio sej conhecedores da p sumo de uma peqi nossos objetivas? que normalmente conside- democracia, foram criadas, em essén de democrat . —___— * 08 leone nte-americonasacostumados 2p estados que consitvem o sistema federal deg onus este uso. A expressto € amplamente u tas ciéncts poten, na flsofia, « emo sistemas de federagio, consitntdas de partes chamad ad), canider (a Soigs), Laat (a Aleman, e essim pat dante, a Robert A, Dahl hed As poss \ gio poderia satisfazer plenamente a esses critérios? Em outras palavras, poderia algumia associngio verdadeira ser plenamente emocrética? No mundo real, sera provével que todos os membros de uma associagio tenham iguais oportunidades de part adquitir informagio para compreender as questées envolvidas ¢ assim influenciar o programa? Nao, nfo 6 provavel. Se fosse, seriam iteis esses critérios? Ow sero apenas esperancas utSpicas pelo impossivel? A resposta mais simples € que sio tio Weis quanto podem ser modelos ideais ¢ mais importantes ¢ els 0 Ti ul nios proporcionam padrées ios o desempenho de associagbes reais que afirmam ser emocriticas, Podem servir como orientagio para a moldagem e a remoldagem de insttuigées potitcas, constitulgdes, préticas e acranjos concretos, Para todos os que aspiram & democracia, eles também podem gerar quest6es pertinentes e ajudar na busca de respostas. ‘Assim como se conhece o bom cozinheiro provando a comida, espero mostrar nos préximos capitulos como esses critérios podem ‘nos orientar para as solugdes de alguns dos principais problemas da teoria e da prética democrstica, tagdo, bastariam esses critérios para 0 p! politicas democraticas? Se, como imaginei recebido o encargo de planej propor instituigses verdadei conseguiria passar diretamente dos ctitérios ao plano? Evidente- ‘mente, no. Um arquiteto munido apenas dos critérios dados pelo cliente —locatizagio, tamanho, estilo geral, némero ‘Nao é nada simples encon thor maneira de inter- pretar os nossos padrdes demo licé-tos a uma assaciagio especifica e eriar as préticas ¢ as instituigdes politicas que eles exi- Biriam, Para isto, devemos merguthar de cabega nas realidades po- Sobre a democracia 35 Ifticas, em que nossas opgies e2 is julgamentos te6- ‘Ficos e opiniées priticas. Entre outras di les ae tenta- mos aplicar muitos critérios (ueste caso, pelo menos quatra), € provavel que venhamos a descobrir que 3s vezes entram em conti Uns com os outros € teremos de pondetar as valores conflitant como descobriremos io exame das consitiig Capttato 10. a Por fim, uma questio ainda mais fundamental: aparen mente, oof lt as idéias do Principal Falante foram aceitas sem discussio, Por qué? Por que deverfamos acreditar que a democracin & dese especialmente no governo de uma associagio importan desejével da democracia pressupse igualdade politica, por que deve le disso, parece bastante absurdo? 0 a acreditar em algo q nfo a Capitulo 5 Por que a democracia? Por que deverfamnos apoiar a democracia? Por que deverfamos apoiar # democtacia no governo do estado? Lembremos: o esinde € lum associacio singular, eujo governo possui uma extraontink capacidade de obler obedisacia a suas regra pela forg, peta coon ¢ pela violEncia, entre outros meios. Nfo haveré melhor ma 0 de Sovemar um estado? Um sistema nio-democritico de governo no seria melhor? Palavras sobre palawas Em todo esse capitulo, usarei a palavea democrae} Para me referir a governas de verdade (no governos mas no completamente, correspondam 20s ey apresentados no titimo capftulo. As vezes, usarei também go incluindo os maneira diferente, nos quais boa parte da populagio a exclufda do sufrdgio ¢ de outras formas de participacio pol Até 0 século XX, a maior parte do m: sioridade dos sistemas nao beri’ pouco tempo, uma prepondermnte as vezes, todos — estava sujeita a Os chefes dos regimes nfo-democr car seu domfnio recorrendo & cia ps fam gerl, os pessoas simplesmente nfo fm competéncia pare 58, Robert A, Dahl Roberta dahl cipar do governo de um estado, Segundo esse argumento, a maioria estaria bem melhor se deixasse o complicado problema do governo tas mBos dos mais sfbios - no méximo, a minotia, 3s vezes apenas tuma pessoa... Na prética, esse tipo de racionalizagdo nunca era suficiente, e, assim, onde a argumentagéo era deixada de lado, a coer- ¢fo assumia o controle. A maforia jamais cons nada pelos autonomeadas superiores, era obrigada a aceité-los. Esse tipo de visio (e pritica) ainda nfo terminou, Mesmo nos dias De ima forma ou de outra, a discusséo sobre 0 governo “ide um, de poucos ou de muitos” ainda ex: FIGURA 5. Por que a democracia? A democracia apresenta conseqiiéncias desejéveist 4. Evita a tirania 2. Diteitos essenciais 3. Liberdade geral 4, Autodeterminagio 45, Autonomia moral 6, Desenvolvimento humano 7. Protegio dos interesses pessoais essenciais “yao cose laldade pottin Além disso, as democracias modernas apresentani: 9. Abusca pela paz 10. A prosperidade Diante de tanta bist6ria, por que acreditarfamos que a democencia € a melhor maneira de govemar um estado do que qualquer opeao ‘nfoxdemocrética? Contarei por. qué. A democracia tem pelo menos dcz vantagens (Fig. 5) ema relacio a qualquer allemnativa vidvel, Sobre a democracia 59 i temocracin 8 A democracia ajuda a evitar 0 governo de eutocratas oruéis e corrupios interesse pessoal, conviogdes de superiorid exploraram as excepcionais capacidades de coergio e violéncla do ¢stado para atender a seus préprias fins. Os custos humanas da go. ‘verno despético tivalizam com as custos di UoenGa, da Tame ba giierra, --Fense em alguns exemplos do século XX. Sob o gove Joseph Stalin, na Unio Soviéticn (1929-1953), milhdes de pessoas im enearCErACHS por motives polfcos, muitas vezes devidlo no talvez tenham conseguido sobreviver a0 governo de Stalin, sofreram_cruelmente,' Pense também em Adolph Hiller, o ante autocrata da Alemanha nazista (193 dezenas de milh6es Te baixas mil gunda Guerra Mundi de milhares de opositores, potones: membros de outros grupos quie ele des verno despético de Pot Vermelho matou um dizer que um exeinite de geno: io. © temor de Pot Pol das classes instrufdas, que el ‘mente eliminadas — usar: iE " Bsses aémero sio de Robert Conquest, The Great Tenn Sia Thivties, Nova York, Mac! dle 1989, do eminentehistoriader rasso Roy Medvedev, New Yor Tne. te fe, vereiro de 1989, p. 1. 60 Robert A. Daht 2 Robert A ahh Sem diivida, a histéria do governo popular tem suas priprias falhas, bastante graves. Como todos os outros governos, os popula- res algumas vezes agiram injusta ou cruelmemte em relacio aos ppovos fora de suas fronteitas, vivendo em outros estados — estran- " geifos, colanizad6s ¢ assim por diante, Com estes, os governos po- Gi _ pilates nao se comportaram pior em relagio a forasteiros do que os KGovs ¥ governos ndo-democrdticos, que muilas vezes se comportaram \ ge Melhor. Em alguns casos, como na Ge ‘ou intencionalmente, coir a a ctiagio de convicgées e ack instituigdes democraticas. Mesmo assim, nfo deverfamos toterar as wy igas que os paises democrati yezes mostram para 4 y:_ 08de fora, pois assim eles contradizem um principio moral funda- mental que (veremos no préximo capitulo) ajuda a just igualdade politica entre os cidados de uma democracia. solugio para essa contradigio poder& ser um tigoroso versal de direitos humanos com vi . Unsere ii 5 que sejam, este problema ¢ sua solugko esto além dos \ ceed limites deste livrinho. no governo, impde uma dificulda- democriticas. Essas pessoas sio governadas, mas nio governam. A solugio para © problem: dente, ainda que nem sempre ffcit de levar a cabo: os direitos democréticos devem ser estendidas aos membros dos grupos ex- slufdas. Essa solugio foi amplamente adotada no século XIX & inicio do século XX, quando os limites ao suftégio foram abotidos © 0 sufrigio universal se tornot um aspecto normal do governo democratico. Espere ria voct, seré que os governos populares tam- bém no prejudicam a minoria de cidadios que possuem os direitos de voto mas sto derrotados pelas maiorias? Néo serd isto o que cchamamos de “tirania da maioria"? inte excepfo foram os Estadas Unidos, nos estados do Sul eam ites de facto do sutigi pels cidadis negros até depois do asi- satura dos Atos dos Ditetes Civis de 1964-1965, Sobre a democracia a eters um ditador benevolent gérquica, palavras i lima questo de saber se um go- is de modo que nenhuma dela fira 98 interesses de qualquer cidadao. Nenhum governo, nem m um governo democrético, poderia sustentar uma afinmagao dease | lipo. A questio 6 saber se a longo prazo hi probabilidade de um processor dem di " ein os desmandos de autocracias no governo, assim corres ‘.e9sa exigéncia melhor do que o governs nio-dema. Nio obstante, apenas porque as democracias sejam b irdnicas do que os regimes nio-lemOCraligos, te rete ulros cometem crimes maiares. Quando lige uma injustiga, mesmo seguindo © resultado continuard send nfo faz 0 direito da ; A democracia garante a seus cidaddos una série de damentals que os sistemas néio-democréticos nto concedk podem conceder A democracia nio € apenas um processo de governar. Como os di sho clementos necessfries nas i * Para investgne mais profundament o problema, vt and Legtinacy: A Critique of Political Theosien, University Press, 1979, Baltimore, ohne Hopkins ae Robert A. Dahl icas, a democracia também ¢ inerentemente um sistema de direitos. Os direitos esta0 entre 0s blocos essenciais da construgho sf-c1l8 Um processo de governo democritico, oe Por um momento, imagine os padres democréticas descritos ta &, no timo capitulo. Nao esté ébvio que, para salistazer a esses pa- ‘°° drées, um sistema politica teri nite de garantir certos tas a seus cidadios? Tome-se a participagio efetiva: para cor- responder a essa norma, seus cidadios nfio teriam necessariamente de passuir um direito de pasticipar e um direito de expressar suas idélas sobre questées politicas, de ouvir 0 que outros cidaddios tém 4 dizer, de disculir questées politioas com outros cidadios? Veja o que requer o crilério de igualdade de voto: os cidadaos devem ter um direito de volar ¢ de ter seus votos contados com ju: \. O mesmo acontece com as outras normas democriticas: & ev que os cidadéos devem ter um direito de investigar as opgdes veis, um direito de pasticipar na decisio de como e 0 que deve trat no planejamento—e assim por diante. Por definigo, nenhum sistema nfo-democrético permite a seus cidadios (ou siditos) esse amplo leque de direitos politicos. Se qualquer sistema politico o fizer, por definigio se tornaria uma democracial Nao obstante, a diferenca nfo € apenas uma questio de defini- gies, Para satistazer as exigéncias da democracia, os di i set cuimpridos e, na prética, devem es- tar & disposigée dos cidadaos. Se nfo estiverem, se ito forem compulsérios, 0 sistema politico nao é democritico, apesar do digam seus governantes, ¢ as “aparéncias externas” de democracia serdo apenas fachada para um governo nio-deTocritico, Por causa do apelo das idéias democréticas, 0 século XX os A negociagio. a hierarquia e praranctds determinara os resultados. Os processes demoerttions Praticamente tm apenas o papel de ratificar esses resulledey Se as inslituigbes democréticas so em geralineficazes no go lemoc principalmente, por nieio burocr Popular que esteja em algum ponto préximo a0 mle nos paises demo im de resolver, da melhor manera, diversos pro. ‘endo tratados nesses pafses. Os lideres poltens lernacionak bleimas que est Sobre a democracia at . Para aproveitar de estar n Para assegurar o debate nacional em busea do post funciona diferentes traz mais um problema, Di magnitude das populagies de pa taco consegui vantagem os peque democracias menores bros do m Outros sistemas federais, as solugdes acei as como uma colcha de retalhas, co . Em todo enso, seja facilmente poderia se mente na ausacia de Robert A. Dahl enlre os perdedozes, provavelmente teri de surgir algumna identidade comumm equivalente a existente em pafses democrfticos. ece-me allamente improvivel que todas essas exigncias para a democratizagao de organizagdes intemacionais atisfeitas, E, se as e3 fondentes de grandes compantias, ministros, diplomata dos goveruos e de organizacées nio-governamentais, Iideres em. Presatiais € afins. Emborn os processos demacréticos de quando consigam determinar os ‘ado da expressio. ‘Uma sociedade pluratista vigorosa nos paises democraticos Paises maiozes poderto ter outro condados, estates, provincias, regio pats ina escala mund ‘08. Mesmo onde a que devem ser cracia esté comprovada, nenbuma forma seri necessari a rn. No entanto, nenhum aspecto nio-demoerétive veruo deveria passar sem um jonamento — seja do estada ¢ Sobre a democracia 133 © governo dla associagio ga leresse de todas as pessoas fi peso ao bem e a sas decis6es? Alguns dos membros da associngdo estari io nfo corresponde As c Se correspo de, até que ponto a associacao proporciona a seus membros as oportunidades de participacao eficaz, igualdade de v gio de um en selarecido e exercend co sobre os planas? Em quase todas (lalvez. todas) as or 1 algum espago para alguma democrac ses democraticas lis

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