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\ROLITEXTOS -_ Teoria e pratica do partido arquiteténico Mario Biselli Nem dune Paik Croquis de Mario Biselli Muitos autores académicos cém se debrugado recentemente sobre temas © vermos correntes de arquiteture na tentativa de compreender © explicar o processo de projetacdo. 0 aprofundamento recente destas pesquises = reflexies tem produzido nodes sempre mais didéticas © esclarecedoras, tanto pare estudentes e professores como para arquitetos com interesses tebricos © mesmo pare leigos © amantes de arquitetura. A histéria @ rica em exemplos do interesse em resumir o projeto ¢ um processo linear, possuidor de uma técnice de reelizecdo passo @ passo, como montar uma méquina, como cultivar soja, primeiro isto, depois aquilo = equilo outro, © assim por diente numa segiéncia de procedimentos idéntica = tentes outres técnices © disciplines inventadas pelo homem. fea dep Tae me Escola Coreans: Croquis de Mario Biselli Um aspects interessante de atividede de projeto é justenente = quentidede de teorias, metodologias, manusis de procedimentos © técnicas 2s mais diversas de quel foi objeto historicamente, Mais interessante sinde ¢ observer que, enbora partes do proceszo de produgZo do projeto possam eavar sujeitas 2 uma seqiéncia de procedinentos, o processo inteizo jamais poderé se enquadrar neste mdelo, e, portanto, ag metodologiae néo se sustentam enguanto sistemas universais, exbora seja obrigatério conhecé-las, pois & nenhum arguiteto permitide 2 ignoréncie sobre = experiéncie acumulede que compée 2 historia da arquitetura. Fare sfeito deste reflexdo usarei o termo partido erquiteténics por ser o mais comum no Brasil , creio, mais eapecifico do campo de arquivetura do que estretégia ou conceite, os queis sdo muito comuns en outras éreas. Com base ne experiéncia pode-ge vanbén dizer que “partido” £0 terno comun & Linguagem proprie dos arguitetos, o assunto central, sendo unico, entre arquitetos no @bite da produgéo, do julgamento de concarsos de arquitetura, do ensino de projeto, das conversas informais. E néo creio se crater de um exagero cogiter a exclusividade do assunto, dado que en “partido” se compreende a discusséo de aspectos como estratégis de implantagdo 2 ditribuigdo do programa, estrutura e relagdes de eepaco, todas elas questées centrais para os arquitetos. Qutros temas relatives as etividades criatives - como composicéo, estilo, estétics etc. - embore tenham sido objeto de interesse de teoria da arquitetura recentemente, sé0 seatadoo no inkite da pedvica com puder ¢ desintereese, vendo epifendmencs. A definicdo de partide erguiteténice, portanto, © as reflexdes sobre seu significado, dado o interesse gerel, tem sido tarefa de varios autores ¢ todas elas contém espectos novos ¢ esclarecedores. 0 exams de. definigées € um prineiro objeto de meu interesse. Escola Cévivas Croquis de Mario Biselli Desde o periodo académico até as primeiras definictes modernes, 0 projeto. de arquitetura tem sido descrito como resultado de um raciocinio légico. Em Teoria = projeto na primeira ere de méquine, Banham compara Guadet, para quem 2 composigdo era o tema perene, © Choisy, que enfatiza = construcdo, ambos tebricos de composicdo erquiteturel, pare quen ¢ netureze logice de concepedo constitui o teme mis destacedo: “2 forme como consegiéncie logice de técnica - que torne @ arte de arquiteture sempre © em tode parte mesma. [Fare Choisy] 2 esséncie de erquiteture foi sempre = construcdo, = func do erquiteto sempre foi este: fazer ume aveliacdo correte do. problema com que se deparava, apés 2 qual a forma do edificio seguir-se-ia logicamente dos meios técnicos 2 seu dispor” (1). Autores modern dos termos “cons come Carlos Lencs, também propéem definigées fazendo uso igiéncia” © “resultado”, nos quais una idéia de légica persanece implicit: “A mencionada definigdo € 2 seguinte: Arquitetura serie, entéo, ode © qualquer intervencfo no meio empiente criendo novos espacos, quase sempre com determinada intencde pléstice, para atender = aecessidades imediatas ou 2 expectativas programedas, = caracterizeds por aquilo que chamamos de pertido. Partido seria uma conseqiéncia formal derivade de uma série de condicionantes ou de deverminantes; seria o resultado fisico da intervengdo sugerida. 02 principais determinantes, ou condicicnadores, do partido seriam: 3, a técnica conscrutiva, seguads o2 recursos locaia, tanto humanos, coms materiais, que inclui equele intenodo pléstice, 4s vezes, subordinada 20s estilos arquiteténicos. b. o clima. AS condigées fisicas © topogrézices do tio cnde se intervén. 4G. 0 programa des necessidades, segundo os usos, costumes populares ou conveniéncias do enpreendedor. ae condigice financeisas do emprcendedey dentzo do quadzo: econémico da sociedade. F. & legisiapdo regulamentedore 2/ou as normas sociais ¢/ou as regras da funcionalidade” (2). £ certo que sede erguitere defende seu projete como un produto da eplicagéo de Légica face acs dados forrecidos para sua elaboracio. Nas, en srquitewuse percee que tenes uns Logica pare cade projetists, pois deperdfesenos merenence da légica, 0 processo seria universal 2 34 nfo eberiz quelques preocupago sobre 0 aszunto. Telve2, neste caso, @ 2g de projetar conscruir 34 cerian sido integralmente resoividos pela indistria, acravés ce seus compucadores © néquines. 0 que se vé £ Justanente 0 contrério, né um claro inefmods = respette - “Eas incéueds situacién del partide”, afirna Corona-Martinez (3) -, sempre suryem roves explicagtes © seorias, como se sempre mais sstivéssencs intereasadcs em cesvendar un miatério, peracrutar az mentes criadsras pare per 5 clares 2lgo repuloso, abrir une “caine rete”: vue Corpuszer entatizou ainda mais 0 uso dz Logice natendcice ae Scio do processs de criapdo € = definigéo de planta arquitetinice, que por sua vez 2 @ Eepresentagdo do progeama anquiteténica (Zangis de scificagdo). Assin, 2 projecSo vertical de planta resulceria, segunic sie, nes paredes que por sua vez 9¢ tornariam volumsa: linkas que 2e transforman en planes que s2 trensformam en volunes? a seqiéncia Linsaz @ cxepcente do raziozinis Descartes 20 dizey que o Enkora se saibe que Descartes ainde ¢ apreciado nas escol: arquitetura do Brasil pare o ensinc-eprendizegen do provers arquiteténico, eabe-ge canbén que em algam nozanto do eriacdo surge algo estranhe que parece nfo caber na légica cartesiane: 2 caine prete; um conceizo usuelmente utilizado pelos arquitetos para significar o momento en que a subjetividade psicolagica do arguiteto define, por meio de um rabisco (croqui) 0 partido de projero, Apesar das erguitetos conhecerem esse process0, Binguén até hoje sxplicou ¢ que acoatece deatco dese caixe prota, dizen que inexplicavel” (4). Dass publicapies recenuss ebordam estes coms, suas reflexfes sf0 = base para une comtreensic © critices contemporéness desta problemitice. $0 eles so paztice urs, de Lacet Pedeiva Neves © ComEOSi¢4 partido © prograna - ma revisdo de coaceitos em mutacdo, de Anna Paula Cane: 2 Ciro Albuquerque da Silva, eave ltino se tratando de uma coletéaea de ensaize de varios autores. Escola Cée: Groquis de Mario Biselli Destes textos energem duse idéies principais. Em primeiro lugar, a de que o partido € 2 idéie iniciel de um projeto © en segundo, que este id@ia @ uma criacdo autoral e inventiva, e artistica na medida em que faz uso de composicdo. Venos em Neves as definicSes nesta seqiéncia. Em primeira lugar: “Denomina-se Partido Arquiteténice # idéia preliminar do edificio projetads. Ideelizer um projeto requer, pelo menos, dois procedimentos: um em que 0 projetiate tome a resolugdo de escolha dentre inineras alternatives, de uma idéia que deveré servir de base ao projeto do edificio do tems proposto; © outro en que 2 idéia escolhide € Gesenvolvide pare resultar no projeto. £ do primeiro procedinento, o da egcolha da idéia, que resulte o partido, a concepgdo inicial do projete do edificio, a feitura do seu esboge” (5). Antes, no texte intradutério: ‘€ importante ressalcar que proveter um edificio ¢, na es: aco de criacdo que nasce na neace do projecieta. £ crave aa Anayineg#> Celadore, de senstbilideds do autor, de sus peroepoeo = invaigdo préprias. £ resulzedo do teabelho do pensameave. Sendo asain, constitai-ce em algo ce cedenimente" (5). Em Conposicéo, partido © programa - ums revisée mutacd exo de Rogerio de Castro Oliveire faz uso de uns lingascen mais 2 nes d= conteuco similar © conplenentar, #rimeirensnte una ersunentecéo generics ere, “Em ouna, nc projets de arquicecura, a consergds do partids argitetinico pressupde = proposigio de configurscdes que cae 2 pas Gescobren, cu inventen, relages espaciais © progrard ce une dispersdo iniciel, inceterminads, de possibilidades provetuais, A coeréncie de teis construgdes derive, antes, de un xosreesivo Techenenco interno do que ae determineogo extern. O pertide é, por bipttese, une prefiguracée do cbjeto, que o Frojetista elege coms ponte de parcide ¢ fio condutor: cabe & investigapic epistemsiigica construir centestes de explicitacde dae dade 2 esas arquitecuras zazSes que asseguran pertinércia ¢ val: projetedae” (7) oquis de Maric Siselli “Para Lucio Costa... ao contrério, tomar partido implica dar inicio 2 um percurso inventive que se trace sobre um camps de relacdes em constante fornacdo © renovacdo, ainda que aos tateios ¢ sujzito & inimeros © imprevisiveis retornos © desvios. Teis relacdes simultaneamence externas ¢ internas 20 objeto projetade implican & construgéo de corzespondéncias entre formas © conteiide: organizando-s progressivanente em esquenae que conectam partes antes seperadss. Este dinemismo etribui 4 construcio de partido um sentido eninentemente operative, antecipador das configuragies compositivas que condusirdo 4 finalizagdo do projeto” (2). Todas estas definigées, desde as mais simples cono as de Neves, ds mais sofisticadas, como as de Fogério de Castro Oliveira, procuram sempre mais elucidar, ilustrer © compreender o projeto de arquitetura © o momento de adcgdo do partido arquiteténico. Nota-se que no émbito de experiéncia prétice no Brasil, © 2m face da maneize como o tema tem sido abordado: tredicionalmente, que cade autor, cada erquiteto poderie igualnente Gescrever 2 projetacds de meneira mito similer, alterendo 2 énfase neste ou naquele aspecto, simplificando ou eleborando mais e mais 0 texto, mantendo, contude 2 sua esséncia. Deste modo pode-se concluir, a partir destes teéricos brasileizos, que o Partido Arquiteténico é idéia inicial de um prejeto, que a sua formulecéo @ uma criagdo autoral © inventiva com bese na coeréncia e na légica funcional, © que, © partido, sendo uma prefiguracdo do projeto, faz da prejetacdo um process> que vai do todo em direcde 4 parte. Aeroporto de Florianépolis Croquis de Mario Biselli Este conceite de Fartide Arquiteténico parece ser um dos tracos mais caracteristicos da heranga corkusiana no Brasil: “Le Corbusier abordava o programs de arquiteture partindo de principics de orden gezal, sdeptando-os en seguida 4 situacdo real. © projete era definido pelo partido que se orgenizava do geral par: © particular. [...] A caga Baeta projetad: por Vilenova Artigas en 1956, segundo o conceito de partido de Le Corbusier, define-se pels empenas des fachadas de frente © dos fundos © peles aberturss das fechedas latersis, € orgenizada em meios niveis” (9). ‘Tanbém empiricamente, em cada situagdo especifica baseada na prévica de concursce © avaliagées no anbito universitério, é possivel identificer a Preponderancie deste conceito nas aigcussées entre argquitetos, rrozessores = nembros das comissdes julgadoras, sendo este 2 caracteristice fundamental que acaba por 22 covabelecez como Gn invariance, uma eetrutara oe pensemento que, pode-se supor, continue vélid= cono aspecto central de teoria de projete © de projetacdo no Brasil, teorie tributéria tembén dos principios acadénicos © modernos herdados pelos grandes mestres modernos brasileiros tante cariocas quendo paulistas, en face do seu cerisma © de sua longevidede, para além dos Zatozes conjunturais historicos, resunidos por Futagawe dest meneira: “Durante os periodos antes © depois de Segunde Guerra Mundial, = arquitetura brasileira passou por desenvolvimento especifico através das obras criativas dos arguitetos pionsires como Lucio Costa, Afonso Reidy, Oscar Wiemeyer, Vilenove Artigas © Line Bo Bardi. 08 principios do modernisno foram aplicaios ¢ adaptades ae condigées locais do contexte brasileiro, como s= a idéia do nodernisno simpatizesse com o clina tropical do Brasil e da cultura das pessoas que 1 vivem, Mais tarde, veio @ luz ume forme dnica © original de arquiteture, que 26 existe no Brasil, © que vai 2lém do movimento moderniste original. © regime militer inetalado no Brasil em 1964 provocou vinte anos de estagnapdo cultural, mas, a0 mesmo tempo, tambén isclou = érea de arquitetura do movimento pés-moderno que envolvia todo o mundo naquela époce. Fortento, o Brasil se tornou um dos reros paises que conte com sucessores legitimcs do movimento modernista, © ess2 pano de funds influencie fortemente = produgdo dos jovens arquitetos atuais, seguindo o principio do medernismo entre 2s noves geracdes" ao). Quere propor @ seguir elgumas reflexdes sobre estes temas acima citados en busca dos novos significados © usos destes terminologies, bem como uma compreenséo contemporénes = respeito destes mesmos processos. Gangsio Eerueri Croquis de Mario Biselli Em primeiro lugar, sobre o que é partido erquiteténico. Quando se use @ expresséo “adoc#o do partido", deve-se observer o ato de que esta efirmacdo pode pressupor ums bibliotece de partidos adotéveis, como s¢ estivessem todas 2s possibilidedes j4 dadas © cetelogadss. Convenhanos, enelogemente, que adoter um filho ¢ maize diferente de conceber um filho”. A afirmagdo de que o partido é @ idéia preliminar do edificio a ser construido, ou uma prefiguracde do objeto, que o projetista elege como ponte de partide © fio condutor, néo abrange = totalidade dos mdos de projetar, portanto néo é universal, como também nfo o @ o movimento do tod em Gizegdo @ parte. Um claro exemplo disto sdo os projetos que envolvem tecnologias de pré febricacdo de componentes pare aplicacdo em série, invertendo, portante, © raciccinio, a parte precede o todo (projetos de Janes Stirling, tais como pare o Andrew Melville Hall, 1968, © Tniversity of St. Andrews Student Residence, 1967). Proponho aqui pensar sob o pressuposto de que o modo como cada arquiteto projeta € menos relevante do que o resultedo finel do seu trabalho. A sue metodologia, que é sempre particular, tem um interesse menor neste momento Robert Venturi propée 0 abrigo decorado, um caixa funcional inexpressiva acrescide de uma fachade bidimensional ornamentade e comunicativa segundo & nacuzeza do edificio. “venturi prefere os abrigos decorados, porque ele afirma que e sua comunicacdo € mais eficaz, exbora os arquitetos modernos tenham se Gedicado durante muito tempo 2 projetar 'patos’. 0 pato @, em termos semidticos, um signo icénico, porque o significante (forma) tem certos aspectos em comum com o significado (contetido). 0 abrigo Gecovado depende de outros significados - 2 escrita ou 2 decoracdo = que so signos simbélicos (11). Aldo Rossi propde: 2 forma fica, 2 fungdo muda. Por que entdo = fungdo deve deverminar a forma? A forma deve ser deverminada pelo ‘lugar’. “A primeira grande critica de Rossi foi 20 que denominou de funcionaliemo ingénuo do movimento moderno, que 20 priorizer @ explicagdo da cidade apenas pela fungdo, deixava de envendé-la pelo que tinha mais significative: 0 conhecimento da arquitetura pelo mundo de suas formas. A fungdo era de uma circunsténcia que fazia uso da forma como um ato social. Ela nunca ia além de seu tempo, enguanto = forma permanecia” (12). ) pode sex identificads mesme em situapdes onde onal £ um dado, una condiciorante ou determinance, f2to vos, teatros ¢ en elouns casos, aeroportos. Vie de reore configuragdes funcionsis rigides nor tradicéo ou quando o préprie clisnte € = cutoridede no que tance $= ic€is, ora migrando de forms pare ¢ matéria (Herzog 4 de Veuron, © Allianz Arena, 2005, na Alenanha, ¢ Estédio Nacicnal “Winho do Péssaro", 2008, na China), ora enfocando radicalmente o design (como en Nassiniliano Fuks2s, no projeto do Reroporto Internacicnal Shenzhen na Chine, ver BV proyectos 026 2008, p. 46) ou a cecnologie constzutiva (Renzo Fiano, Estadio ce Sari, 1290, ne Indlie, © Richard Rogers, Rercporto de Sar 2006, Espanha), © Em segundo Lugar, cabe indager, 2 que é @ “caine preva” © gue sinde pode ser dite sobre + sdop#o/ invengio/ Formulagie do Fertids: Arquiteténice, o momento critic inponderével, a caixa preva? Vanos aanitir que os arquitetos razem projetos © iste € um caco; portance, em algur memento um detezminads conjunto de informagées ae torna una idéia pare um edificio, O campo das idéias em arquiteture implica em um vas canpo de estudo da tecris © de histéris, nas este ndc ¢ 0 espace pare Gesenvolver esse tipo de exercicis intelectusl © scadémico. Vamcs apenas considerer, de mansire mais simples, que este fato s2 relaciona con un fendueno himano de grende inveresse daz clEnclas humenas, por un ledo, © da Filossfia, passands no século HX pelo eotruturalions, semisiogia e seniétice: o fenimeno da linguaven, compreendide coms manitestagio = proceso intrinsscos de diversas meciacSes signices. A capacidace humana de inventar linguagens, @ pessibilidade de inveater distinzas Linguagens - verbais e ndo verbais - ¢ transitar e fazer craneposigges entre estas (cranstextualidede) 280 os mecanisncs do intelecte tipicos de arte © da aeqaiteturs. Conpeeencids en maise cu menor yeaa coms linguagem, & arquiteture € uma atividede desta mesma natureza de nediacio © nanifesta; Ge icé22 (14). on As transposigdes entre linguagens podem inicialmente sugerir a idéia de tradugdo, mas as tentativas empreendidas no sentido de estudar arquitetura - tanto como historia como pratica projetual - a partir das estrutures da lingua de forma automdtica - como tradugdo literal - apenas exacerbaram as diferencas estruturais entre estas linguagens, diferencas que implicam, para a atquitetura, num grau superior de Liberdade no nivel da expressdo, dada a auséncia de vinculos com as regras © convengdes a que std sujeita a Linguagem fala/texto: “o que se deve eviter nessa andlise @ a aplicagéo mec&nica do modelo da linguagem & arquitetura, como fizeram diversos estudos semigticos. A aplicacdo mecfnica de um modelo especificamente desenvolvido para a linguagem em outros sistemas semidticos, como arquitetura, apenas permite reconhecer o que é semelhante 2 linguagem no nivel de ideologia, mas ndo define as dizerences de estrutura interna entre a linguagem e, outros sistemas semidvicos. Mesmo que seJa possivel conceber a linguagem como um sistema complexo de regres subjacentes, ¢, portento, que seja vidvel comparé-1a com os sistemas explicitos © implicitos de regres de arquiteture, as regres arquiteténicas sfo definidas por ume determinada fecofo de uma determinada classe social, 20 paseo que & Lingua néo @ propriedade de ninguém, nem em gerel nen ex particular. 0s sistemas de regras azquiteténicas ado exiben nenhuma das propriedades da lengue - nfo so finitos, no tem ume organizacéo simples nem determinam 2 manifestacéo do sistema. Ademais, 28 regres arquitetinicas estéo em constante fluxo ¢ mudam redicalmente. A aplicacdo mecinica do modelo da lingue/fele a arquiteture ocidental fortelece 2 ideologia arquiteténice, porque nega as diferencas entre @ arquitetura e a lingua © ignore o lugar da Linguagem naturel na arquiteture. Além disso, o fato mais importante talvez seja que esse aplicacdo eutomética nega @ presence de “algo” que define uma importante diference entre 2 arquitetura e @ linguagem - 0 aspecto criativo da arquitetura. Na Lingua, o individuo pode usar, mas néo modificar o sistema da linguagen. (1 . 0 arquiteto, a0 contrério, pode e faz nodificagdes no sistema, que @ inventado # partir de um sistema de convengées” (15). “do havis nenhums recdo especial pare que os ingleses designassen um animal de Bull, os franceses o chanaggem de bosuf e os slendes de 02! Mas porque 2 relacdo entre sionificente © cado ere arbitrérie, devia ser respeiteda por todos. Niaguén pode nudar igeo unilateraimente; hd um contrats eccial entre tedae as pessoas que falam inglés de que eles devem user a pelavea bull toda 2 ver que quiserem se cegerir a cose animal cspecifico. Se elguén user outra pelevra, ou inventer ume nove pelavrs pera esse fim, ainguém o compreender; ele tere quebrado o contrato social. Note-se de passagem que, com pouces excegées, ado existe un contrate social pare ¢ significade de argquiteture, © este + um diferenca fundamental entre 2 erquiteture © = linguagen” (16). 0 honem de inicio pensou achre a coisa, depsie comegou 2 pensar acbre 0 proprio pensemento, principalments depois de Descartes, que levou tude para dentzo do intelecto ("Je pense, donc Je aul” - Discours de le Méthode, 1637). Com os arquitetos néo haveria de ser diferente. Em meio @ ificuldedes de colugdo para um projeto o arquiteto fregiientenente 2e interroge sobre seu pensanento, seu métods (que en projetos anteriores funcionara téo bem!) Mas 0 projete de arquitetura, embore circandado de problenas técnicos < profundanente vinculsdo ao uso, @ por naturesa um proceaso criative aveass @ enguadramertos, formatacdes, metodologiss ou formulas. Permanece, pOrtento, © como desce sempre, aberto # infinita inovacéo, 20 espirite aos tempos, 2 antecivacdo de tendénciss, 2 revisdo de paradignas, ©, no pélo oposto, @ novas visitas © itinerérics interpretativos peles tradicées do passedo.

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