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Direito Penal —TCu (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula DEMO SUMARIO PAGINA ‘Apresentacdo e Cronograma 01 1 - Principio da LEGALIDADE 04 II- Principio da INDIVIDUALIZACAO DA PENA 11 ITI - Principio da INTRANSCEDENCIA DA PENA 13 IV - Principio da LIMITACAO DAS PENAS 14 V - Presuncao de INOCENCIA OU Presunc¢ao de 16 NAO CULPABILIDADE VI = Outras disposicées constitucionais relevantes 18 VII - Outros Principios do Direito Penal 20 Lista das Questées da Aula 26 | Quest6es Comentadas 31 Gabarito 45 Olé, meus amigos! E com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATEGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir para a aprovacio de vocés no concurso do TRIBUNAL DE CONTAS DA UNTAO (2014/2015). Nés vamos estudar teoria e comentar exercicios sobre DIREITO PENAL, para o cargo de AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO. E ai, povo, preparados para receber mais de R$ 14.000,00 mensais? A Banca que iré organizar o concurso, provavelmente, sera o CESPE/UnB! Como 0 edital ainda nao foi langado, nos basearemos no edital anterior! Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria ¢exerccios comentados FRESE NARS Prof. Renan Araujo - Aula DEMO Vai se preparar antecipadamente ou vai deixar a concorréncia sair na frente? Bom, esta na hora de me apresentar a vocés, nao €? Meu nome é Renan Araujo, tenho 27 anos, sou Defensor Publico Federal desde 2010, titular do 16° Oficio Civel da Defensoria Publica da Unigo no Rio de Janeiro e mestrando em Direito Penal pela Faculdade de Direito da UERJ. Antes, porém, fui servidor da Justica Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de Técnico Judiciério, por dois anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e pés-graduado em Direito Publico pela Universidade Gama Filho. Disse a vocés minha idade propositalmente. Minha trajetéria de vida esta intimamente ligada aos Concursos Publicos. Desde o comego da Faculdade eu sabia que era isso que eu queria pra minha vida! E querem saber? Isso faz toda a diferenga! Algumas pessoas me perguntam como consegui sucesso nos concurses em téo pouco tempo. Simples: Foco + Forca de vontade + Disciplina. Nao hd férmula magica, nao ha ingrediente secreto! Basta querer e correr atrés do seu sonho! Acreditem em mim, isso funciona! Bom, como jé adiantei, neste curso estudaremos todo o contetido de Direito Penal previsto no Edital anterior. Estudaremos teoria e vamos trabalhar também com exercicios comentados. Abaixo seque o plano de aulas do curso todo: AULA CONTEUDO DATA Aula 00 Principios do Direito Penal 25/06 Aula 01) Aplicacdo da Lei Penal. Infracdo penal. 02/07 Do Crime (parte I) Do Crime (parte II) Prof Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria ¢exerccios comentados Bo naa Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO ‘Aula 04 | Improbidade administrativa (Lei Federal Sale n° 8.429/92). Crimes previstos na Lei de Licitacdes (Lei Aula 05 p eset 30/07 n° 8.666/93) As aulas ser3o disponibilizadas no site conforme o cronograma apresentado. Em cada aula eu trarei algumas questées que foram buscando cobradas recentemente em concursos pti sempre trazer também as questées que foram recentemente cobradas pelo CESPE. No mais, desejo @ todos uma boa maratona de estudos! Prof. Renan Araujo ObservagSo importante: este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida 2 legislagao sobre direitos autorais e dé outras providéncias. Grupos de rateio é pirataria séo clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos. re Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br igina 3 de AS Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratégia Teoria ¢exerccios comentados TontuRsos Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL Os principios constitucionais do Direito Penal sdo normas que, extraidas da Constituicfo Federal, servem como base interpretativa para todas as outras normas de Direito Penal do sistema juridico brasileiro. Entretanto, nao possuem somente funcgéo informativa, ndo servem somente para auxiliar na interpretacao de outras normas. Os principios constitucionais, na tual _interpretacdo constitucional, possuem forga normativa, devendo ser respeitados, sob pena de inconstitucionalidade da norma que os contrariar. No que tange ao Direito Penal, a ConstituigSo Federal traz alguns principios aplicdveis a este ramo do Direito. Vamos analisd-los um a um. T - PRINCIPIO DA LEGALIDADE © principio da legalidade esté previsto no art. 5°, XXXIX da Constituigéo Federal: XXXIX - néo ha crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominaco legal; Entretanto, ele TAMBEM esta previsto no Cédigo Penal, em seu art. i° Art. 19 - N3o hd crime sem lei anterior que o defina. N3o ha pena sem prévia cominagéo legal. Este principio, quem vem do latim (Nullum crimen sine praevia lege), estabelece que uma conduta nao pode ser considerada criminosa se antes de sua pratica nao havia lei nesse sentido. Assim, se Jodo ingere cachaga, ndo comete crime, pois a legislagdo brasileira nao estabelece Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br gina 4 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratégia Teoria ¢exerccios comentados FRESE NS ES Prof. Renan Araujo - Aula DEMO que essa conduta seja criminosa. Se no dia seguinte for editada uma Lei criminalizando a ingestéo de bebida alcodlica, Joao nao tera cometido crime, pois quando praticou o ato, a lei nao existia, e ela ndo pode ser aplicada aos fatos acontecidos antes de sua vigncia. Entretanto, o Principio da Legalidade se divide em dois outros principios, o da Reserva Legal e o da Anterioridade da Lei Penal. Desta forma, vamos estuda-los em tépicos distintos. La) Principio da Reserva Legal O principio da Reserva Legal estabelece que SOMENTE LEI (EM SENTIDO ESTRITO) pode definir condutas criminosas e estabelecer penas. Nas palavras de Cezar Roberto Bitencourt: "pelo principio da legalidade, a elaborago de normas incriminadoras é fungéo exclusiva da lei, isto é, nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorréncia deste fato exista_ uma lei definindo-o como crime e cominando-Ihe a sancéo correspondente.” (Bitencourt, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, parte geral, volume I. Ed. Saraiva.11° Ed. Atualizada - Sao Paulo - 2007) Percebam que o autor fala em “Principio da Legalidade”. Isso ocorre porque certa parte da Doutrina nao faz distingdo entre principio da legalidade e principio da reserva legal, como se fossem sinénimos. Entretanto, entendo, como a maioria da Doutrina, que essa distingao existe, e que a reserva legal é apenas uma vertente do principio da legalidade, sendo a outra vertente o principio da anterioridade da lei penal. Assim, somente a Lei (editada pelo Poder Legislativo) pode definir crimes e cominar penas. Logo, Medida Proviséria, Decretos, e demais diplomas legislativos NAO PODEM ESTABELECER CONDUTAS CRIMINOSAS NEM COMINAR SANGOES. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina de AS Direito Penal — TCU (2014) ed AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fa Estratéegia Teoria eexercicios comentados UR ERE: Prof. Renan Araujo - Aula DEMO Desta forma, pode haver violagao ao Principio da legalidade sem que haja violagdo a reserva legal. Entretanto, havendo violagéo a reserva legal, isso implica necessariamente em violagéo ao principio da legalidade, pois aquele é parte deste. Lembrem-se: Legalidade = Reserva legal + Anterioridade da lei penal. © principio da reserva legal implica a proibigéo da edic&io de leis vagas, com conteddo impreciso. Isso porque a existéncia de leis cujo contetido nao seja claro, que ndo se sabe ao certo qual conduta esta sendo criminalizada, acaba por retirar toda a fungéio do principio da reserva legal, que € dar seguranga juridica 8s pessoas, para que estas saibam exatamente se as condutas por elas praticadas so, ou néo, crime. Por exemplo: Imagine que a Lei X considere como criminosas as condutas que atentem contra os bons costumes. Ora, alguém sabe definir o que sdo bons costumes? Nao, pois se trata de um termo muito vago, muito genérico, que pode abranger uma infinidade de condutas. Assim, no basta que se trate de lei em sentido estrito (Lei formal), esta lei tem que estabelecer precisamente a conduta que esta sendo criminalizada, sob pena de ofensa ao principio da legalidade. Entretanto, fiquem atentos! Existem as chamadas NORMAS PENAIS EM BRANCO. As normas penais em branco so aquelas que dependem de outra norma para que sua aplicagdo seja possivel. Por exemplo: A Lei de Drogas (Lei 11.343/06) estabelece diversas condutas criminosas referentes & comercializagao, transporte, posse, etc., de substéncia entorpecente. Mas quais seriam as _ substancias entorpecentes proibidas? As substancias entorpecentes proibidas esto descritas em uma portaria expedida pela ANVISA. Assim, as normas penais em branco sao legais, no violam o principio da reserva legal, mas sua aplicacéo depende da andlise de outra norma juridica. Mas a portaria da ANVISA nao seria uma violagao 4 reserva legal, por se tratar de criminalizac3o de conduta por portaria? Nao, Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 6 de 45 Direito Penal — TCU (2014) oe. AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO Estratégia Jeatia e eapncios comentiddes Concurso Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO pois a portaria estabelece quais so as substancias entorpecentes em raz&o de ter sido assim determinado por lei, no caso, pela prépria lei de drogas, que em seu art. 66, estabelece como substancias entorpecentes aquelas previstas na Portaria SVS/MS n°344/98. Além disso, em razéo da reserva legal, em Direito Penal é proibida a analogia in malam partem, que é a analogia em desfavor do réu. Assim, ndo pode o Juiz criar uma conduta criminosa nao prevista em lei, com base na analogia. Por exempl Jo&o agride seu parceiro homosexual, Alberto. Nesse caso, houve a pratica do crime de les&o corporal (art. 129 do Cédigo Penal). Nao pode o Juiz querer enquadré-lo no conceito da Lei Maria da Penha, pois esta Lei é clara ao afirmar que sé se aplica nos casos de agressdo contra a mulher. Aplicar a lei neste caso seria fazer uma analogia desfavoravel ao réu, pois a Lei Maria da Penha estabelece punigdes mais gravosas que o art. 129 do Cédigo Penal. Isso é vedado! Com relac&o @ interpretac&o extensiva, parte da Doutrina entende que é possivel, outra parte entende que, 4 semelhanca da analogia in malam partem, nao é admissivel. A interpretacao extensiva difere da analogia, pois naquela a previsao legal existe, mas esta implicita. Nesta, a previséo legal ndo existe, mas 0 Juiz entende que por ser semelhante a uma hipétese existente, deva ser assim enquadrada. Cuidado com essa diferencat Entretanto, em provas objetivas recomendo vocés a optarem pela afirmativa que proiba também a interpretagdo extensiva em desfavor do réu, pois € uma posigéo que se coaduna mais com um Estado Democratico de Direito, pois se a conduta criminalizada néo esta clara, a ponto de haver necessidade de interpretagéo extensiva, j4 houve violacdo & reserva legal, pois como vimos, a Lei penal deve ser clara e precisa, de forma que a conduta incriminada seja facilmente verificdvel. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 7 de AS Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria ¢exerccios comentados Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO Lb) Principio da anterioridade da Lei penal principio da anterioridade da lei penal estabelece que ndo basta que a criminalizagéo de uma conduta se dé por meio de Lei em sentido estrito, mas que esta lei seja anterior ao fato, a pratica da conduta. EXEMPLO: Pedro dirige seu carro embriagado no dia 20/05/2010, tendo sido abordado em blitz e multado. Nesta data, nao ha lei que criminalize esta conduta. Em 26/05/2010 é publicada uma Lei criminalizando 0 ato de dirigir embriagado. O érgdo que aplicou a multa remete os autos do processo administrativa da Multa ao MP, que oferece dentincia pelo crime de dirigir alcoolizado. A conduta do MP foi correta? Nao! Pois embora Pedro tivesse cometido uma infracéo de transito, na data do fato a conduta ndo era considerada crime. Houve violagao ao principio da reserva legal? Nao, pois a lei a criminalizacéo da conduta se deu por meio de lei formal. Houve violacio ao principio da anterioridade da lei penal? Sim, e essa violagdo se deu pelo MP, que ofereceu dentncia sobre um fato acontecido antes da vigéncia da lei incriminadora. Percebam que a violacéo & anterioridade, neste caso, se deu pelo MP. Mas nada impede, no entanto, que essa violacao se dé pela prépria lei penal incriminadora. Imaginem que a Lei que criminalizou a conduta de Pedro estabelecesse que todos aqueles que tenham sido flagrados dirigindo alcoolizados nos ultimos dois anos responderiam pelo crime nela previstos. Essa lei seria inconstitucional nesta parte! Pois violaria flagrantemente o principio constitucional da anterioridade da lei penal, previsto no art. 5°, XXXIX da Constituic&o Federal. © principio da anterioridade da lei penal culmina no principio da irretroatividade da lei penal. Pode-se dizer, inclusive, que so sinénimos. Entretanto, a lei penal pode retroagir. Como assim? Quando Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 8 de AS Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria ¢exerccios comentados SESE NS ES Prof. Renan Araujo - Aula DEMO ela beneficia o réu, estabelecendo uma sancéio menos gravosa para o crime ou quando deixa de considerar a conduta como criminosa. Nesse caso, estamos haverd retroatividade da lei penal, pois ela alcangaré fatos ocorridos ANTES DE SUA VIGENCIA. EXEMPLO: Imagine que Maria seja acusada em processo criminal por uso de entorpecentes (cocaina), fato cometido em 20.04.2005. A pena para este crime varia (apenas um exemplo!) de um a quatro anos. Se uma lei for editada posteriormente, estabelecendo que a pena pata este crime seja de dois a seis MESES, essa lei é favoravel a Maria. Assim, deveré ser aplicada ao seu processo, nao podendo Maria ser condenada a mais de seis meses de prisdo. Essa previsdo se encontra no art. 5°, XL da Constituicao: XL - a lei penal ndo retroagird, salvo para beneficiar 0 réu; Mas e se Maria ja tiver sido condenada a dois anos de priséo e esteja cumprindo pena hé mais de um ano? Nesse caso, Maria deverd ser colocada em liberdade, pois se sua condenaco fosse hoje, nao poderia superar o limite de seis meses. Como jé cumpriu mais de seis meses, sua pena estd extinta. Obviamente, se a lei nova, ao invés de estabelecer uma pena mais branda, estabelece que a conduta deixa de ser crime (O que chamamos de abolitio criminis), TAMBEM SERA APLICADA AOS FATOS OCORRIDOS ANTES DE SUA VIGENCIA, POR SER MAIS BENEFICA AO REU. Nao se trata de um “beneficio” criminoso. Trata-se de uma quest&o de légica: Se o Estado considera, hoje, que uma determinada conduta ndo pode ser crime, n&o faz sentido manter preso, ou dar sequéncia a um processo pela pratica deste fato que n&o é mais crime, pois o préprio Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 9 de a fEstratégia Toncursos Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula DEMO Estado néo considera mais a conduta como téo grave a ponto de merecer uma punig&o criminal. € eB Suadinhal ATENCAO! No caso das Leis temporarias, a lei continuaré a produzir seus efeitos mesmo apés o término de sua vigéncia, caso contrario, perderia sua razo de ser. O caso mais classico 6 o da lei seca para o dia das eleigdes. Nesse dia, 0 consumo de bebida alcodlica € proibido durante certo hordrio. Apos 0 término das eleicées, a ingestdo de bebida alcodlica passa a néo ser mais crime novamente. Entretanto, néo houve abolitio criminis, houve apenas o término do lapso ‘temporal em que a proibicdo vigora. Somente haveria abolitio criminis caso a lei que proibe a ingestéio de bebidas alcodlicas no dia da eleig&o fosse revogada, o que n&o ocorreu! Estudaremos melhor este assunto quando analisarmos a aplicagdo da Lei Penal no tempo. A legalidade (reserva legal e anterioridade) séo garantias para os cidadéos, pois visam a impedir que o Estado os surpreenda com a criminalizacéo de uma conduta apés a pratica do ato. Pensem como seria nossa vida se pudéssemos, amanha, sermos punidos pela pratica de um ato que, hoje, no € considerado crime? Como poderiamos viver sem saber se amanha ou depois aquela conduta seria considerada crime nés poderiamos ser condenados e punidos por ela? Impossivel viver assim. Assim: Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 10 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO NAO SE ESQUECAM: Trata-se de um principio com duas vertentes! TI — PRINCIPIO DA INDIVIDUALIZAGAO DA PENA A Constituig&o Federal estabelece, em seu art. 5°, XLVI: XLVI - a lei regularé a individualizagdo da pena e adotard, entre outras, as seguintes: A. individualizagéo da pena é feita em trés fases distintas: Legislativa, judicial! e administrativa. Na esfera legislativa, a individualizagdo da pena se dé através da cominagéio de punicdes proporcionais & gravidade dos crimes, e com o estabelecimento de penas minimas e maximas, a serem aplicadas pelo Judicidrio, considerando as circunstancias do fato e as caracteristicas do criminoso. lal, a individualizagdo da pena é feita com base na anélise, pelo magistrado, das circunsténcias do crime, dos antecedentes do réu, etc. Nessa fase, a individualizaggo da pena sai do plano meramente abstrato e vai para o plano concreto, devendo o Juiz fixar a pena de acordo com as peculiaridades do caso (Tipo de pena a ser aplicada, quantificacio da pena, forma de cumprimento, etc), tudo para que ela seja a mais apropriada para cada réu, de forma a cumprir seu papel ressocializador-educativo e punitivo. Na terceira e ultima fase, a individualizagdo € feita na execugéo da pena, a parte administrativa. Assim, questées como progresséo de regime, concesséo de saidas eventuais do local de cumprimento da pena Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 11 de 45 Direito Penal — TCu (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratégia Teoria ¢exerccios comentados FRESE RS ES Prof. Renan Araujo - Aula DEMO e outras, serio decididas pelo Juiz da execucéio penal também de forma individual, de acordo com as peculiaridades de cada detento. Por esta razéio, em 2006, 0 STF declarou a inconstitucionalidade do artigo da Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.078/90) que previa a impossibilidade de progressdo de regime nesses casos, nos quais o réu deveria cumprir a pena em regime integralmente fechado. O STF entendeu que a terceira fase de individualizagéo da pena havia sido suprimida, violando o principio constitucional. Outra indicagéo clara de individualizacfo da pena na fase de execucéio esta no artigo 5°, XLVIII da Constituicéo, que estabelece o cumprimento da pena em estabelecimentos distintos, de acordo com as caracteristicas do preso. Vejamos: XLVIII - a pena seré cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e 0 sexo do apenado; TIT - PRINCIPIO DA INTRANSCENDENCIA DA PENA (OU PRINCIPIO DA PERSONIFICAGAO DA PENA, OU PRINCIPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL DA PENA) Este principio constitucional do Direito Penal esta previsto no art. 5°, XLV da Constituigéo Federal: XLV - nenhuma pena passaré da pessoa do condenado, podendo a obrigacaio de reparar o dano e a decretacao do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até 0 limite do valor do patriménio transferido; (grifo nosso) Esse principio impede que a pena ultrapasse a pessoa do infrator. EXEMPLO: Se Paulo comete um crime, e morre em seguida, esta extinta a punibilidade, ou seja, 0 Estado n&o pode mais punir em-razao do crime praticado, pois a morte do infrator é uma das causas de extingo do Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br dgina 12 de 45 Direito Penal — TCU (2014) ae AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria ¢exerccios comentados TuRsos Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO poder punitive do Estado. Entretanto, como vocés podem extrair da prépria redacio do dispositivo constitucional, isso néo impede que os sucessores do condenado falecido sejam obrigados a reparar os danos civis causados pelo fato, Explico: EXEMPLO: Roberto mata Mauricio, cometendo o crime previsto no art. 121 do Cédigo Penal (Homicidio). Roberto ¢ condenado a 15 anos de priséo, e na esfera civel € condenado ao pagamento de R$ 100.000,00 (Cem mil reais) a titulo de indenizagdo)ao filho de Mauricio. Durante a execug&o da pena criminal, Roberto vem a falecer. Embora a pena privativa de liberdade esteja extinta, pela morte do infrator, a obrigagdo de reparar o dano poderd ser repassada aos herdeiros, até o limite do patriménio deixado pelo infrator falecido. Assim, se Roberto deixou um patriménio de R$ 500.000,00 (Quinhentos mil reais), desse valor, que j4 pertence aos herdeiros (pelo principio da saisine, do Direito das Sucessées), poderd ser debitado os R$ 100.000,00 (cer mil reais) que Roberto foi condenado a pagar ao filho de Mauricio. Se, porém, 0 patriménio deixado por Roberto é de apenas R$ 30.000,00 (Trinta mil reais), esse é 0 limite ao qual os herdeiros est&o obrigados. Desta forma, tecnicamente falando, os herdeiros nao sdo responsabilizados pelo crime de Roberto, pois ndéo respondem com seu préprio patriménio, apenas com o patriménio eventualmente deixado pelo de cujus. CUIDAD! destina & vitima. A multa é espécie de PENA e, portanto, ndo pode ser multa ndo é “obrigagdo de reparar o dano”, pois ndo se executada em face dos herdeiros, ainda que haja transferéncia de Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br dgina 13 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO patrimGnio. Neste caso, com a morte do infrator, extingue-se a punibilidade, nao podendo ser executada a pena de multa, IV - PRINCIPIO DA LIMITACAO DAS PENAS OU DA HUMANIDADE DAS PENAS A Constituigo Federal estabelece em seu art. 5°, XLVI, que: XLVII - néo ies penas: @) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de cardter perpétuo; ¢) de trabalhos forcados; d) de banimento; e) cruéis; Podemos perceber, caros concurseiros, que determinados tipos de No caso da pena de morte, a Constitui¢ao estabelece uma tnica excegao: No caso de guerra declarada, € possivel a aplicagao de pena de morte por crimes cometidos em razdo da guerra! Isso ndo quer dizer que basta que o pais esteja em guerra para que se viabilize a aplicagéo da pena de morte em qualquer caso. Nao pode o legislador, por exemplo, editar uma lei estabelecendo que os furtos cometidos durante estado de guerra serao punidos com pena de morte, pois isso néo guarda qualquer razoabilidade. Esta ressalva é direcionada precipuamente aos crimes militares. A vedagao a pena de trabalhos forcados impede, por exemplo, que o preso seja obrigado a trabalhar sem remuneragdo. Assim, ao preso que Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br dgina 14 de 45 Direito Penal — TCU (2014) oe AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fa Estratégia Teoria e exercicis comentados Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO trabalha no estabelecimento prisional é garantida remuneracao mensal e abatimento no tempo de cumprimento da pena. A prisao perpétua também é inadmissivel no Direito brasileiro. Em razao disso, uma lei que preveja a pena minima para um crime em 60 anos, por exemplo, estaria violando o principio da vedac&o a priséo perpétua, por se tratar de uma burla ao principio, j que a idade minima para aplicagéo da pena é 18 anos. Logo, se o preso tiver que ficar, no minimo, 60 anos preso, ele ficaré até os 78 anos preso, 0 que significa, na pratica, prisdo perpétua. Cuidado! Esta vedacio é clausula pétrea! Trata-se de direitos fundamentais PRESTE do cidad&o, que néo podem ser restringidos ou abolidos por emenda constitucional. Desta forma, apenas com o advento de uma nova Constituig&o seria _possivel falarmos em aplicacéo destas penas no Brasil. V — PRESUNGAO DE INOCENCIA OU PRESUNGAO DE NAO. CULPABILIDADE A Presuncéo de inocéncia é o maior pilar de um Estado Democratico de Direito, pois, segundo este principio, nenhuma pessoa pode ser considerada culpada (e sofrer as consequéncias disto) antes do transito em julgado se sentenga penal condenatoria. Nos termos do art. 5°, LVII da CRFB/88: LVII - ninguém seré considerado culpado até 0 transito em julgado de sentenca penal condenatéria; Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 15 de 45 Direito Penal — TCU (2014) a5 oe AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria e exerccas comentados FRE SENSES Prof. Renan Araujo - Aula DEMO O que é transito em julgado de sentenga penal condenatéria? € a situagéo na qual a sentenca proferida no processo criminal, condenando o réu, néo pode mais ser modificada através de recurso. Assim, enquanto nao houver uma sentenca criminal condenatéria irrecorrivel, 0 acusado nao pode ser considerado culpado e, portanto, no pode sofrer as consequéncias da condenaco. Desse principio decorre que o énus (obrigago) da prova cabe ao acusador (MP ou ofendido, conforme o caso). O réu é, desde 0 comego, inocente, até que 0 acusador prove sua culpa. Em razdo dele existe, ainda, o principio do in dubio pro reo ou favor rei, segundo © qual, durante o proceso (inclusive na sentenca), havendo duvidas acerca da culpa ou ndo do acusado, devera o Juiz decidir em favor deste, pois sua culpa nao foi cabalmente comprovada. Resumindo, para vocés gravarem: O Processo Penal é um jogo no qual 0 acusado e 0 acusador tentam marcar pontos a seu favor, a fim de comprovarem suas teses. Sé que o empate dé 0 titulo ao acusado! © CUIDADO: Existem hipoteses em que o Juiz nao decidira de acordo com principio do in dubio pro reo, mas pelo principio do in dubio pro societate. Por exemplo, nas decisdes de recebimento de dentncia ou queixa e na decisdo de prontincia, no processo de competéncia do Juri, o Juiz decide contrariamente ao réu (recebe a dentincia ou queixa no primeiro caso, e pronuncia 0 réu no segundo) com base apenas em indicios de autoria e prova da materialidade. Ou seja, nesses casos, mesmo o Juiz tendo duvidas quanto a culpabilidade do réu, devera decidir contrariamente a ele, e em favor da sociedade, pois destas decisdes néo ha consequéncias para o réu, permitindo-se, apenas, que seja iniciado o processo ou a fase processual, na qual sero produzidas as provas necessérias a elucidacéo dos fatos. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 16 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO Constituigao. Portanto, uma lei que dissesse, por exemplo, que o cumprimento de pena se daria a partir da sentenga em primeira instancia seria inconstitucional, pois a Constituic&o afirma que o acusado ainda nao € considerado culpado nessa hipétese. PRESTE CUIDADO! inocéncia, pois nesse caso nfo se trata de uma pris8o como cumprimento de pena, mas sim de uma pris&o cautelar, ou seja, para garantir que 0 processo penal seja devidamente instruido ou eventual sentenca condenatéria seja cumprida. Por exemplo: Se © réwestd dando sinais de que vai fugir (tirou passaporte recentemente), e o Juiz decreta sua priséo preventiva, o faz nao por considerd-lo culpado, mas para garantir que, caso seja condenado, cumpra a pena. Vocés vero mais sobre isso na aula sobre Priséo e Liberdade Proviséria! © Vou transcrever para vocés agora alguns pontos que so polémicos e a respectiva posic&o dos Tribunais Superiores, pois isto é importante. * Processos criminais em curso e inquéritos policiais em face do acusado podem ser considerados maus antecedentes? Segundo o STJ no, pois em nenhum deles o Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Sgina 17 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula DEMO acusado foi condenado de maneira irrecorrivel, logo, néo pode ser considerado culpado nem sofrer qualquer consequéncia em relac&o a eles. * Regressdo de regime de cumprimento da pena - O STJ e o STF entendem que NAO HA NECESSIDADE DE CONDENACAO PENAL TRANSITADA EM JULGADO para que © preso sofra a regressao do regime de cumprimento de pena mais brando para o mais severo (do semi-aberto para o fechado, por exemplo). Nesses casos, basta que o preso tenha cometido novo crime doloso ou falta grave, durante © cumprimento da pena pelo crime antigo, para que haja a regressao, nos termos do art. 118, I da Lei 7.210/84 (Lei de Execugées Penais), nao havendo necessidade, sequer, de que tenha havido condenagéo criminal ou administrativa. A Jurisprudéncia entende que esse artigo da LEP no ofende a Constituicao. « Revogacéo do beneficio da suspensdo condicional do processo em razéo do cometimento de crime - Prevé a Lei 9.099/95 que em determinados crimes, de menor potencial ofensivo, pode ser o proceso criminal suspenso por determinado, devendo o réu cumprir algumas obrigagdes durante este prazo (dentre elas, néo cometer novo crime), findo o qual estara extinta sua punibilidade. Nesse caso, 0 STF € 0 STJ entendem que, descoberta a pratica de crime pelo acusado beneficiado com a suspensio do proceso, este beneficio deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das condigdes, nfo havendo necessidade de transito em julgado da sentenca condenatéria do crime novo. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 18 de 45 fEstratégia ToncuRsos Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO VI — OUTRAS DISPOSICOES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES Vamos sintetizar, neste tépico algumas disposicées constitucionais relativas ao Direito Penal que so relevantes, embora n&o possam ser consideradas principios. a) Vedagées constitucionais aplicaveis a crimes graves A CRFB/88 prevé uma série de vedacdes (imprescritibilidade, inafiancabilidade, etc.) que s&o aplicdveis a determinados crimes, por sua especial gravidade. Vejamos 0 que consta no art. 5°, XLII a XLIV: Art, 59 (...) XLII - a prdtica do racismo constitui crime inafiancdvel e imprescritivel, sujeito 4 pena de reclusdo, nos termos da lei; XLII - a lei consideraré crimes inafiancdvels e insuscetivels de graca ou anistia a pratica da tortura, o tréfico ilicito de entorpecentes e drogas afins, 0 terrorismo e os definides como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e 0s que, podendo evitd-los, se omitirem; XLIV - constitu crime inafiancével e imprescritivel a aco de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democratico; VEDAGOES CONSTITUCIONAIS APLICAVEIS A CRIMES GRAVES IMPRESCRITIBILIDADE | INAFIANCABILIDADE VEDACAO DE GRAGA E ANISTIA « Racismo «Racismo « Tortura *Acdo de grupos|+ Aco de grupos] Trafico de armados, civis ou] armados, civis ou| Drogas militares, contra. a| militares, contra a Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br gina 19 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria ¢exerccios comentados Cancursos Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO ordem constitucional e o| ordem constitucional e |» Terrorismo Estado Democratico. 0 Estado Democratico. |. crimes * Tortura hediondos « Trafico de Drogas * Terrorismo « Crimes hediondos « IMPRESCRITIBILIDADE - Somente RACAO (Racismo + AGAO de grupos armados) « INSUSCETIBILIDADE GRACA E ANISTIA - TTTH (Tortura, Terrorismo, Trafico e Hediondos) b) Tribunal do Juri A Constituigéo Federal reconhece a instituigéo do Juri, e estabelece algumas regrinhas. Vejamos: Art. 5...) XXVIII - é reconhecida a instituicéo do juri, com a organizacéo que Ihe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) 0 sigilo das votacées; ¢) a soberania dos veredictos; d) a competéncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Sem maiores consideragdes a respeito deste tema, apenas ressaltando que o STF entende que em havendo choque entre a Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 20 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratégia Teoria ¢exerccios comentados SER Rae Prof. Renan Araujo — Aula DEMO competéncia do Juri e uma competéncia de foro por prerrogativa de fung&o prevista na Constituic&o, prevalece a ultima. EXEMPLO: José, Deputado Federal, pratica crime doloso contra a vida em face de Mariana. Neste caso, hd um aparente conflito entre a competéncia prevista par ao Juri (crime doloso contra a vida) e a competéncia do STF (crime praticado por deputado federal). Neste caso, © STF entende que prevalece a competéncia por prerrogativa de funcdo, sendo competente, portanto, o préprio STF. ) Menoridade Penal A Constituigéo prevé, ainda, que os menores de 18 anos sao inimputaveis. Vejamos: Art. 228. So penalmente inimputéveis os menores de dezoito anos, sujeitos 4s normas da legislacao especial. Isso quer dizer que eles n&o respondem penalmente, estando sujeitos 4s normas do ESTATUTO DA CRIANCA E DO ADOLESCENTE. VII — OUTROS PRINCIPIOS DO DIREITO PENAL (NAO PREVISTOS NA CONSTITUICAO) Principio da alteridade (ou lesividade) # Este principio preconiza que o fato, para ser MATERIALMENTE crime, ou seja, para que ele possa ser considerado crime em sua esséncia, ele deve causar leséo a um bem juridico de terceiro. Desse principio decorre que 0 DIREITO PENAL NAO PUNE A AUTOLESAO. Assim, aquele que destréi o préprio Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Sgina 21 de 45 Direito Penal — TCU (2014) ee AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria e exerccas comentados ER Eee e Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO patriménio nao pratica crime de dano, aquele que se lesiona fisicamente no pratica o crime de lesdes corporais, etc. Principio da Adequagdo social ® Prega que uma conduta, ainda quando tipificada em Lei como crime, quando néo afrontar 0 sentimento social de Justiga, n&o seria crime, em sentido material, por possuir adequag&o social (aceitagdo pela sociedade). E 0 que acontece, por exemplo, com o crime de adultério, que foi recentemente revogado. Atualmente a sociedade néo entende mais o adultério como um fato criminoso, mas algo que deva ser resolvido entre os particulares envolvidos. Principio da Fragmentariedade do Direito Penal Estabelece que nem todos os fatos considerados ilicitos pelo Direito devam ser considerados como infragao penal, mas somente aqueles que atentem contra bens juridicos EXTREMAMENTE RELEVANTES. Ou seja, o Direito Penal sé deve tutelar bens juridicos de grande relevancia social. Principio da Subsidiariedade do Direito Penal » Estabelece que © Direito Penal nao deve ser usado a todo momento, como regra geral, e sim como uma ferramenta subsididria, ou seja, devera ser utilizado apenas quando os demais ramos do Direito nado puderem tutelar satisfatoriamente o bem juridico que se busca proteger. Principio da Intervencéo minima (ou Ultima Ratio) » Este principio decorre do carater fragmentério e subsididrio do Direito Penal. Este € um principio limitador do poder punitivo estatal, que estabelece uma regra a ser seguida para conter possiveis arbitrios do Estado. Assim, por forga deste principio, num sistema punitivo, como 6 o Direito Penal, a criminalizacdo de condutas sé deve ocorrer quando se caracterizar como meio absolutamente necessario a protecao de bens jurfdicos ou A defesa de interesses cuja protecio, pelo Direito Penal, seja absolutamente indispensdvel 4 coexisténcia harménica e pacifica da sociedade. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal — TCU (2014) et AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO Estratégia Teoria e exercicios comentados ConcuRsos Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO Embora ndo esteja previsto na Constituicéo, nem na legislagdo infraconstitucional, decorre da prépria légica do sistema juridico-penal. Tem como principais destinatérios o legislador e, subsidiariamente, 0 operador do Direito. O primeiro é instado a nao criminalizar condutas que possam ser resolvidas pelos demais ramos do Direito (Menos drdsticos). 0 operador do Direito, por sua vez, é incumbido da tarefa de, no caso concreto, deixar de realizar o juizo de tipicidade material. Resumindo: O Direito Penal é a Ultima opgao para um problema (Ultima ratio). Principio do ne bis in idem * Por este principio entende-se que uma pessoa ndo pode ser punida duplamente pelo mesmo fato. Além disso, estabelece que uma pessoa ndo possa, sequer, ser processada duas vezes pelo mesmo fato. Principio da proporcionalidade » Este principio determina que as penas devem ser aplicadas de maneira proporcional a gravidade do fato. Mais que isso: Estabelece que as penas devem ser COMINADAS (previstas) de forma a dar ao infrator uma sanc&o proporcional ao fato abstratamente previsto. Assim, se o CP previsse que o crime de homicidio teria como pena maxima dois anos de recluséo, e que o crime de furto teria como pena maxima quatro anos de recluséo, estaria, claramente, violado 0 principio da proporcionalidade. Principio da insignificancia (ou da bagatela) # As condutas que ofendam minimamente os bens juridico-penais tutelados nao podem ser consideradas crimes, pois néo s&o capazes de lesionar de maneira eficaz © sentimento social de paz. Imagine um furto de um pote de manteiga, dentro de um supermercado. Nesse caso, a les&o é insignificante, devendo a questo ser resolvida no ambito civil (dever de pagar pelo produto furtado). Agora imagine o furto de um sanduiche que era de propriedade de um morador de rua, seu Unico alimento. Nesse caso, a leséo grave, embora o bem seja do mesmo valor que anterior. Tudo deve ser avaliado no caso concreto. Para o STF, os requisitos OBJETIVOS para a aplicacao deste principio so: Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratégia Teoria ¢exerccios comentados Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO + Minima ofensividade da conduta; + Auséncia de periculosidade social da ago; + Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; * Inexpressividade da lesdo juridica. O STJ, no entanto, entende que, além destes, existem ainda requisitos de ordem subjetiva: * Importancia do objeto material do crime para a vitima, de forma a verificar se, no caso concreto, houve ou nao, de fato, lesdo; Na verdade, esse requisito nao passa de uma anélise mais aprofundada do ultimo dos requisitos objetivos estabelecidos pelo STF. Sendo aplicado este principio, nao ha tipicidade, eis que ausente um dos elementos da tipicidade, que € a TIPICIDADE MATERIAL, consistente no real potencial de que a conduta produza alguma les&o ao bem juridico tutelado. Resta, portanto, somente a tipicidade formal (subsung&o entre a conduta e a previsdo contida na lei), o que é insuficiente. Este principio possui aplicag’o a todo e qualquer delito, e nao somente aos de indole patrimonial, embora o STJ entenda nao se aplicar aos crimes contra a administracdo publica, por se resguardar ndo sé o patriménio, mas a moralidade administrativa. O STF, no entanto, n&o rechaca absolutamente a hipotese, admitindo a aplicacao deste principio ainda quando se trate de crimes contra a administragdéo ptblica, desde que presentes os requisitos citados. Vejamos o seguinte julgado: Habeas Corpus. 2. Subtragio de objetos da Administragio Publica, avalindos no montante de RS 130,00 (cento ¢ trinta reais). 3. Aplicagio do principio da insignificdncin, considerados crime contra 0 patriménio publico. Possibilidade. Precedentes. 4. Ordem concedida. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Sgina 24 de 45 Direito Penal — TCU (2014) j oe AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria ¢exerccios comentados Concurso Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO (HC 107370, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 26/04/2011, DIVULG 21-06-2011 PUBLIC 22-06-2011) Os Tribunais superiores ndo aceitam a aplicagdo deste principio, ainda, no que se refere aos crimes praticados com violéncia ou grave ameaca a pessoa. Podemos resumir_o entendimento Jurisprudencial no seguinte quadro: Minima ofensividade | OBS: E aplicdvel aos da conduta crimes praticados Aubanvia de. contra a administragéo periculosidade social | Publica, desde que da acgéo presentes os requisitos citados (STF). PRINCIPIODA | eprovabilidade da | 28S" INSIGNIFICANCIA ‘Sedu que néo se aplica aos crimes contra. a Reduzido grau de O STJ entende (Requisitos) Tnexpressividade da lesdo juridica administrag&o publica. Tmportancia do ‘SOMENTE PARA O objeto material para st a vitima* CUIDADO! Em relagao ao crime de descaminho ha um entendimento préprio, no sentido de que E CABIVEL o principio da insignificancia, pois apesar de se encontrar entre os crimes contra a administracao publica, trata-se de crime contra a ordem tributaria. Bons estudos! Prof. Renan Araujo Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Sgina 25 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria ¢exerccios comentados ‘Qucursos Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO LISTA DAS QUESTOES DA AULA 01 - (CESPE - 2006 - DELEGADO DE POLicIA - POLicIA CIVIL/PA) Julgue os itens seguintes, com relac&o aos principios constitucionais de direito penal. I - A decisdo acerca da regresséo de regime deve ser calcada em procedimento no qual sejam obedecidos os principios do contraditério e da ampla defesa, sendo, sempre que possivel, indispensavel a inquiricéo, em juizo, do sentenciado. II - A vigente Constituiggo da Republica, obediente a tradicfio constitucional, reservou exclusivamente lei anterior a definicdo dos crimes, das penas correspondentes e a consequente disciplina de sua individualizagao. II - O principio da presung&o de inocéncia proibe a aplicagéo de penas crugis que agridam a dignidade da pessoa humana. IV - Em virtude do principio da irretroatividade in pejus, somente o condenado é que tera de se submeter sang&o que Ihe foi aplicada pelo Estado. A quantidade de itens certos é igual a A) 1. B) 2. 3. D) 4. 02 - (CESPE - 2008 - DELEGADO DE POLICIA - SECAD/TO) Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 26 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria ¢exerccios comentados SRE ER RS ES Prof. Renan Araujo - Aula DEMO Acerca dos principios constitucionais que norteiam o direito penal, da aplicacao da lei penal e do concurso de pessoas, julgue os itens de 108 a 112. Prevé a Constituigéo Federal que nenhuma pena passaré da pessoa do condenado, podendo a obrigacdo de reparar o dano e a decretacao de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patriménio transferido. Referido dispositivo constitucional traduz o principio da intranscendéncia. 03 - (CESPE - 2008 - DELEGADO DE POLICIA - SECAD/TO) Considere que um individuo seja preso pela pratica de determinado crime e, jé na fase da execugo penal, uma nova lei torne mais branda a pena para aquele delito. Nessa situac&o, o indi jduo cumpriré a pena imposta na legislaco anterior, em face do principio da irretroatividade da lei penal. 04 - (CESPE - 2012 - AGU - ADVOGADO DA UNIAO) Julgue o item subsecutivo, a respeito dos efeitos da condenacéo criminal e de crimes contra a administraggo publica. E inaplicdvel 0 principio da insignificancia aos crimes contra a administragéo publica, pois a punic&o do agente, nesse caso, tem o propésito de resguardar néo apenas o aspecto patrimonial, mas, principalmente, a moral administrativa. 05 - (CESPE - 2011 - TRE-ES - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) A lei penal que beneficia 0 agente n&o apenas retroage para alcangar o fato praticado antes de sua entrada em vigor, como também, embora revogada, continua a reger o fato ocorrido ao tempo de sua vigéncia. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 27 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratégia Teoria ¢exerccios comentados cursos Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO 06 - (CESPE- 2011 - TJ-ES - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Uma das fungées do principio da legalidade refere-se & proibico de se realizar incriminagdes vagas e indeterminadas, visto que, no preceito primério do tipo penal incriminador, é obrigatéria a existéncia de definigao precisa da conduta proibida ou imposta, sendo vedada, com base em tal principio, a criag&o de tipos que contenham conceitos vagos e imprecisos. 07 - (CESPE - 2012 - TJ-AC - TECNICO JUDICIARIO) Dado o principio da legalidade, o Poder Executivo néo pode majorar as penas cominadas aos crimes cometidos contra a administrac&o piblica por meio de decreto. 08 - (CESPE - 2012 - POLICIA FEDERAL - AGENTE DA POL{CIA FEDERAL) O fato de determinada conduta ser considerada crime somente se estiver como tal expressamente prevista em lei ndo impede, em decorréncia do principio da anterioridade, que sejam sancionadas condutas praticadas antes da vigéncia de norma excepcional ou tempordria que as caracterize como crime. 09 - (CESPE - 2012 - TJ-AC - TECNICO JUDICIARIO) Uma pessoa poderd ser considerada culpada apés sentenga condenatéria pela pratica de crime, ainda que dela recorra. 10 - (CESPE - 2012 - TJ-AC - TECNICO JUDICIARIO) Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 28 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria ¢exerccios comentados SENaee Prof. Renan Araujo - Aula DEMO Os sucessores daquele que falecer antes de cumprir a pena a que tiver sido condenado poderdo ser obrigados a cumpri-la em seu lugar. 11 - (CESPE - 2012 - PC/AL - AGENTE DE POL{CIA) Em caso de urgéncia, a definicéio do que € crime pode ser realizada por meio de medida proviséria. 12 - (CESPE - 2013 - DEPEN - AGENTE PENITENCIARIO) O direito penal brasileiro néo admite penas de banimento e de trabalhos forcados. 13 - (CESPE - 2013 - DEPEN - AGENTE PENITENCIARIO) A agao de grupos armados civis contra o Estado democratico constitui crime insuscetivel de graga ou anistia. 14 - (CESPE - 2013 - POLiCIA RODOVIARIA FEDERAL - POLICIAL RODOVIARIO FEDERAL) O principio da legalidade é parametro fixador do contetido das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de lei em sentido estrito. 15 - (CESPE - 2013 - POLICIA RODOVIARIA FEDERAL — POLICIAL RODOVIARIO FEDERAL) A extra-atividade da lei penal constitui excecao a regra geral de aplicagao da lei vigente a época dos fatos. 16 - (CESPE - 2013 - POLECIA FEDERAL - ESCRIVAO DA POL{CIA FEDERAL) Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 29 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria ¢exerccios comentados Sea ae Prof. Renan Araujo - Aula DEMO Julgue os itens subsequentes, relativos a aplicaciio da lei penal e seus principios. No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra é a aplicacdo da lei apenas durante o seu periodo de vigéncia; a excegdo é a extra- atividade da lei penal mais benéfica, que comporta duas espécies: a retroatividade e a ultra-atividade. 17 - (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO DA UNIAO) A respeito da aplicagéo da lei penal, dos principios da legalidade e da anterioridade e acerca da lei penal no tempo e no espaco, julgue o seguinte item. O principio da legalidade, que é desdobrado nos principios da reserva legal e da anterioridade, no se aplica as medidas de seguranga, que nao possuem natureza de pena, pois a parte geral do Cédigo Penal apenas se refere aos crimes e contravengées penais. 18 - (CESPE - 2014 - CAMARA DOS DEPUTADOS - CONSULTOR LEGISLATIVO - AREA IIT) Um dos principios basilares do direito penal diz respeito & nao transcendéncia. da pena, que significa que a pena deve estar expressamente prevista no tipo penal, ndo havendo possibilidade de aplicar pena cominada a outro crime. 19 - (CESPE - 2014 - TJ/SE - TECNICO) Julgue os itens seguintes, conforme o entendimento dominante dos tribunais superiores acerca da Lei Maria da Penha, dos principios do processo penal, do inquérito, da ago penal, das nulidades e da prisdo. Conforme o STF, para que incida o principio da insignificancia e, consequentemente, seja afastada a recriminag&o penal, é indispensavel Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 30 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratégia Teoria ¢exerccios comentados ah AEe Prof. Renan Araujo - Aula DEMO que a conduta do agente seja marcada por ofensividade minima ao bem juridico tutelade, reduzido grau de reprovabilidade, inexpressividade da les&o, e nenhuma periculosidade social. QUESTGES COMENTADAS 01 - (CESPE - DELEGADO DE POLiCIA - POL{CIA CIVIL/PA- 2006) Julgue os itens seguintes, com relagéo aos _ principios constitucionais de direito penal. I - A decisdo acerca da regressdo de regime deve ser calcada em procedimento no qual sejam obedecidos os principios do contraditério e da ampla defesa, sendo, sempre que possivel, indispensavel a inquirigao, em juizo, do sentenciado. CORRETA: A regress&o é a transferéncia do preso de um regime menos gravoso para outro regime de cumprimento de pena mais gravoso. Por ser medida de tamanha gravidade, sua aplicag3o depende do respeito ao contraditério e 4 ampla defesa, de forma que a aplicacéio do instituto da regresséio sé se efetive caso extremamente necessério, ouvindo-se o preso, em respeito ao principio da individualizagdo da pena, no que se refere a sua terceira etapa. II - A vigente Constituiggo da Republica, obediente a tradicéo constitucional, reservou exclusivamente 4 lei anterior a definigao dos crimes, das penas correspondentes e a consequente disci de sua individualizacao. CORRETA: Essa afirmativa esta correta, pois elenca, acertadamente, os principios da legalidade e da individualizagéo da pena como principios explicitos da Constituigdo Federal. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 31 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratégia Teoria eexerccios comentados eee Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO III - O principio da presungo de inocéncia proibe a aplicagao de penas cruéis que agridam a dignidade da pessoa humana. ERRADA: 0 principio da presungdo de inocéncia (que é ligado ao Processo Penal) determina que nenhuma pessoa seré considerada culpada antes do transito em julgado de sentenca penal condenatéria. A vedagao @ aplicagéo de penas cruéis decorre do principio constitucional da limitagao das penas. IV - Em virtude do principio da irretroatividade in pejus, somente © condenado é que tera de se submeter a sancgdo que the foi aplicada pelo Estado. ERRADA: 0 principio que veda a aplicacéo da pena a outra pessoa que nao seja o condenado € o principio da Intranscendéncia da Pena. A quantidade de itens certos é igual a A) 1. B) 2. ¢) 3. D) 4. 02 - (CESPE - DELEGADO DE POLICIA - SECAD/TO - 2008) Acerca dos princ{pios constitucionais que norteiam o direito penal, da aplicagao da lei penal e do concurso de pessoas, julgue os itens de 108 a 112. Prevé a Constituicéo Federal que nenhuma pena passaré da pessoa do condenado, podendo a obrigacio de reparar o dano e a decretagéo de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patriménio transferido. Referido dispositivo constitucional traduz o princfpio da intranscendéncia. CORRETA: Essa afirmativa traduz quase que literalmente o disposto no art. 5°, XLV da Constituicéio que, como estudamos, descreve o Principio da intranscendéncia da pena. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 32 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula DEMO 03 - (CESPE - DELEGADO DE POL{CIA - SECAD/TO - 2008) Considere que um individuo seja preso pela pratica de determinado crime e, j4 na fase da execucdo penal, uma nova lei torne mais branda a pena para aquele delito. Nessa situacdo, 0 individuo cumprira a pena imposta na legislacao anterior, em face do principio da irretroatividade da lei penal. ERRADA: Nesse caso, conforme estudamos, por ser a lei nova mais benéfica ao réu, ela terd aplicag3o mesmo aos crimes praticados antes de sua vigéncia, pelo principio da retroatividade da lei mais benigna, nos termos do art. 5°, XL da Constituic&io: “XL - a lei penal nao retroagiré, salvo para beneficiar o réu;” 04 - (CESPE - 2012 - AGU - ADVOGADO DA UNIAO) Julgue o item subsecutivo, a res; dos efeitos da condenacéo criminal e de crimes contra a administracdo publica. E inaplicavel 0 principio da insignificancia aos crimes contra a administracao publica, pois a punigao do agente, nesse caso, tem © propésito de resguardar nao apenas o aspecto patrimonial, mas, principalmente, a moral administrativa. COMENTARIOS: A questo foi corretamente anulada pela Banca, pois ha decisées judiciais em ambos os sentidos. Vejamos: RECURSO ESPECIAL. PENAL. CRIME DE DESCAMINHO. DEBITO TRIBUTARIO INFERIOR A R$ 10.000,00. APLICACAO DO PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA.INVIABILIDADE. HABITUALIDADE NA PRATICA DA CONDUTA CRIMINOSA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMAS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICA. RECURSO PROVIDO. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 33 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria ¢exerccios comentados SENSES Prof. Renan Araujo - Aula DEMO 1. 0 Estado € 0 sujeito passivo do delito de descaminho, o que enseja a aplicacao do principio da insignificancia, como causa supralegal de exclusdo da ti dade, apenas quando a conduta imputada na peca acusatéria ndo chegou a lesar o bem juridico tutelado, qual seja, a Administracao Publica em seu interesse fiscal. (REsp 1322847/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 07/08/2012, DJe 15/08/2012) Em sentido contrério... AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA A ADMINISTRAGAO PUBLICA. PECULATO. APLICACAO DO PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA. — IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. O entendimento firmado nas Turmas que compéem a Terceira Seco do Superior Tribunal de Justica € no sentido de que néo se aplica o principio da insignificancia aos crimes contra a Administracao Publica, ainda que o valor da lesdo possa ser considerado infimo, uma vez que a norma visa resguardar n&éo apenas o aspecto patrimonial, mas, principalmente, a moral administrativa. 2. Agravo regimental a que se nega __provimento. (AgRg no REsp 1275835/SC, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO T3/RJ), QUINTA TURMA, julgado em 11/10/2011, DJe 01/02/2012) Assim, havendo jurisprudéncia dos Tribunais Superiores em sentido diametralmente oposto, no hé como precisar se a afirmativa esta correta ‘ou errada. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 34 de 45 Direito Penal — TCU (2014) ioe. AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO Estratégia Teoria e exercicios comentados ne Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO Portanto, a afirmativa foi corretamente ANULADA. 05 - (CESPE - 2011 - TRE-ES - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) A lei penal que beneficia 0 agente nao apenas retroage para alcangar o fato praticado antes de sua entrada em vigor, como também, embora revogada, continua a reger o fato ocorrido ao tempo de sua vigéncia. CORRETA: Estudamos isso quando vimos a lei penal intermediaria mais benéfica. Ainda que seja revogada por outra, mais gravosa, continua a reger os fatos ocorridos durante a sua vigéncia e anteriormente a sua vigéncia. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 06 - (CESPE- 2011 - TJ-ES - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Uma das fungées do principio da legalidade refere-se a proibicao de se realizar incriminagées vagas e indeterminadas, visto que, no preceito primario do tipo penal incriminador, é obrigatéria a existéncia de definic&o precisa da conduta proibida ou imposta, sendo vedada, com base em tal principio, a criagdo de tipos que contenham conceitos vagos e imprecisos. COMENTARIOS: 0 principio da legalidade exige nao sé que a conduta proibida esteja prevista em Lei e que esta lei seja anterior (reserva legal + anterioridade, os dois subprincfpios do principio da legalidade), mas exige, ainda, que a definigéo da conduta incriminada seja precisa, para que n&o haja indeterminagéo no conceito da conduta proibida, 0 que geraria inseguranga juridica, em desrespeito ao principio da legalidade. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 35 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratégia Teoria ¢exerccios comentados Rae Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO 07 — (CESPE - 2012 - TJ-AC - TECNICO JUDICIARIO) Dado o principio da legalidade, 0 Poder Executivo nado pode majorar as penas cominadas aos crimes cometidos contra a administragao publica por meio de decreto. COMENTARIOS: © Poder Executive néo pode majorar as penas dos crimes praticados contra a administracéo publica, nem as penas de qualquer crime mediante decreto. Pelo principio da legalidade, mais especificamente o principio da reserva legal, somente LEI EM SENTIDO ESTRITO (Diploma legislativo produzido pelo Poder Legislativo) é€ que pode definir condutas criminosas, bem como majorar penas. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 08 - (CESPE - 2012 - POLICIA FEDERAL - AGENTE DA POLICIA FEDERAL) O fato de determinada conduta ser considerada crime somente se estiver como tal expressamente prevista em lei néo impede, em decorréncia do principio da anterioridade, que sejam sancionadas condutas praticadas antes da vigéncia de norma excepcional ou temporaria que as caracterize como crime. COMENTARIOS: As normas excepcionais e tempordrias tém como caracteristica principal o fato de que, mesmo revogadas, continuam a reger os fatos PRATICADOS DURANTE SUA VIGENCIA, no ocorrendo abolitio criminis na hipétese. Contudo, as leis excepcionais e temporérias néo podem ser aplicadas a fatos praticados ANTES de sua entrada em vigor. Trata-se de pegadinha! Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 36 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratégia Teoria ¢exerccios comentados PR SORE Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO 09 — (CESPE - 2012 - TJ-AC - TECNICO JUDICIARIO) Uma pessoa podera ser considerada culpada apés sentenca condenatéria pela pratica de crime, ainda que dela recorra. COMENTARIOS: Se ainda esté pendente o julgamento de recurso interposto pela defesa, isto significa que ainda nao ha sentenca penal condenatéria transitada em julgado. Se a sentenga penal condenatéria ainda no transitou em julgado, a pessoa ainda nao pode ser considerada culpada, pelo principio da presung&o de inocéncia (ou presungao de nao- culpabilidade). Vejamos o art. 5°, LVII da CRFB/88: Art. 59 (...) LVII - ninguém seré considerado culpado até o transite em julgado de sentenga penal condenatéria; Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 10 - (CESPE - 2012 - TJ-AC - TECNICO JUDICIARIO) Os sucessores daquele que falecer antes de cumprir a pena a que tiver sido condenado poderao ser obrigados a cumpri lugar. COMENTARIOS: 0 item estd errado, pois a pena é INTRANSFERIVEL, pelo principio da PESSOALIDADE DA PENA, ou principio da INTRANSCENDENCIA DA PENA. Os herdeiros poderaio, no maximo, ser obrigados a reparar o dano causado, mas, mesmo assim, a obrigacao de reparar 0 dano n&o pode ser em valor superior ao valor transferido pelo falecido a titulo de heranga. Vejamos o que diz o art. 5°, XLV da CFRB/88: Art, 5 (...) XLV - nenhuma pena passaré da pessoa do condenado, podendo a obrigagdo de reparar o dano e a decretac3o do perdimento de bens Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 37 de 45 Direito Penal — TCU (2014) ae AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO Estratégia Featia e eapcicios comentiides Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patriménio transferido; Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 11 - (CESPE - 2012 - PC/AL — AGENTE DE POL{cIA) Em caso de urgéncia, a definiggo do que é crime pode ser realizada por meio de medida provis6ria. COMENTARIOS: Pelo principio da legalidade, mais especificamente o principio da reserva legal, somente LEI EM SENTIDO ESTRITO (Diploma legislativo produzido pelo Poder Legislativo) é que pode definir condutas criminosas, bem como majorar penas. Nem mesmo Medida Provisoria (Que é um diploma legislative emanado do Poder Executivo) podera definir crimes ou majorar penas, ainda que se trate de urgéncia. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 12 - (CESPE - 2013 - DEPEN - AGENTE PENITENCIARIO) O direito penal brasileiro nao admite penas de banimento e de trabalhos forcados. COMENTARIOS: De fato, as penas de banimento de trabalhos forcados no so admitidas no Direito Penal brasileiro, por forga do que disp3e a Constituigéo Federal em seu art. 5°, XLVII. Vejamos: Art, 5° (...) XLVII - néo haveré penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de cardter perpétuo; Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 38 de 45 Direito Penal — TCU (2014) a5 ee} AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratégia Teoria e exerccos comentados PSOE Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO c) de trabalhos forcados; d) de banimento; Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 13 - (CESPE - 2013 - DEPEN - AGENTE PENITENCIARIO) A agéo de grupos armados civis contra o Estado democratico constitui crime insuscetivel de graga ou anistia. COMENTARIOS: A acao de grupos armados civis contra o Estado Democratico n&o se confunde com terrorismo. A agéio de grupos armados, neste caso, conforme prevé a Constituig&o Federal em seu art. 5°, XLIV, & apenas inafiangével e imprescritivel. Vejamos: Art, 5° (...) XLIV - constitui crime inafiangével e imprescritivel a ag&o de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democratico; Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 14 - (CESPE - 2013 - POLICIA RODOVIARIA FEDERAL - POLICIAL RODOVIARIO FEDERAL) O principio da legalidade é parametro fixador do contetido das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de lei em sentido estrito. COMENTARIOS: A questdo foi considerada correta, mas 0 principio que exige que 0 tipo penal incriminador seja criado por lei em sentido estrito ndo é 0 da legalidade, mas o da RESERVA LEGAL. E fato que a reserva legal é subprincipio da legalidade, de forma que, indiretamente, a Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br gina 39 de 45 Direito Penal — TCU (2014) a5 ae AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria e exerccos comentados SENS BS Prof. Renan Araujo - Aula DEMO legalidade se aplica ao caso. Entretanto, a Banca poderia ter sido mais especifica, evitando causar confusdo na cabesa dos candidatos. ‘A questiio néo chega a estar errada, mas poderia ter sido mais especifica. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 15 - (CESPE - 2013 - POLICIA RODOVIARIA FEDERAL — POLICIAL RODOVIARIO FEDERAL) A extra-atividade da lei penal constitui excegdo 4 regra geral de aplicagao da lei vigente a época dos fatos. COMENTARIOS: De fato, a lei penal, como regra, somente produz efeitos durante sua vigéncia. Contudo, em determinados casos, a lei penal poderé retroagir, ou seja, ser aplicada a fatos praticados antes de sua entrada em vigor, bem como poderé ser ultra-ativa, ou seja, continuar regendo os fatos praticados durante sua vigéncia, mesmo apés sua revogacao. Ambas as hipdteses excepcionais (retroatividade e ultra-atividade) sao espécies do género extra-atividade. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 16 - (CESPE - 2013 - POLECIA FEDERAL - ESCRIVAO DA POL{CIA FEDERAL) Julgue os itens subsequentes, relativos a aplicacdo da lei penal e seus principios. No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra é a aplicagéo da lei apenas durante o seu periodo de vigéncia; a excegio € a extra-atividade da lei penal mais benéfica, que comporta duas espécies: a retroatividade e a ultra-atividade. COMENTARIOS: A lei penal, em regra, somente produz efeitos durante sua vigéncia. Contudo, em determinados casos, a lei penal podera Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 40 de 45 Direito Penal — TCU (2014) a5 ae AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria ¢exerccios comentados SRR ER NS ES Prof. Renan Araujo - Aula DEMO retroagir, ou seja, ser aplicada a fatos praticados antes de sua entrada em vigor, bem como poderé ser ultra-ativa, ou seja, continuar regendo os fatos praticados durante sua vigéncia, mesmo apés sua revogacdo. Ambas as hipéteses excepcionais (retroatividade e ultra-atividade) so espécies do género extra-atividade. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 17 - (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO DA UNIAO) A respeito da aplicacdo da lei penal, dos principios da legalidade e da anterioridade e acerca da lei penal no tempo e no espaco, julgue o seguinte item. © principio da legalidade, que é desdobrado nos principios da reserva legal e da anterioridade, néo se aplica 4s medidas de seguranca, que néo possuem natureza de pena, pois a parte geral do Cédigo Penal apenas se refere aos crimes e contravencées penais. COMENTARIOS: 0 principio da legalidade esta previsto no art. 5°, XXXIX da Constituig&o Federal: XXXIX - no hd crime sem lei anterior que 0 defina, nem pena sem prévia cominagéo legal; Entretanto, ele TAMBEM esta previsto no Cédigo Penal, em seu art. 1°: Art. 19 - No hé crime sem lei anterior que o defina. Nao hd pena sem prévia cominacao legal. Este principio, quem vem do latim (Nullum’ crimen sine praevia’ lege), estabelece que uma conduta néo pode ser considerada’ criminosa se, Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria ¢exerccios comentados BPE Wa Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO quando de sua realizacéio, no havia lei considerando esta conduta como crime. Entretanto, o Principio da Legalidade se divide em dois outros principios, 0 da Reserva Legal e o da Anterioridade da Lei Penal. 0 pri jo da Reserva Legal estabelece que SOMENTE LEI (EM SENTIDO ESTRITO) pode definir condutas criminosas e estabelecer penas. Nas palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “pelo principio da legalidade, a elaboragao de normas incriminadoras é funcio exclusiva da lei, isto é, nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma ena criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorréncia deste fato exista uma lei definindo-o como crime e cominando-Ihe a sancéo correspondente.” (Bitencourt, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, parte geral, volume I. Ed. Saraiva.11° Ed. Atualizada — S30 Paulo ~ 2007) Percebam que o autor fala em “Principio da Legalidade”. Isso ocorre porque certa parte da Doutrina n&o faz distingo entre principio da legalidade principio da reserva legal, como se fossem sinénimos. Entretanto, entendo, como a maioria da Doutrina, que essa distingdo existe, e que a reserva legal é apenas uma vertente do principio da legalidade, sendo a outra vertente o principio da anterioridade da lei penal. Assim, somente a Lei (editada pelo Poder Legislative) pode definir crimes e cominar penas. Logo, Medida Proviséria, Decretos, e demais diplomas legislativos NAO PODEM ESTABELECER CONDUTAS CRIMINOSAS NEM COMINAR SANCGES. O principio da anterioridade da lei penal estabelece que n&o basta que a criminalizacéo de uma conduta se dé por meio de Lei em sentido estrito, mas que esta lei seja anterior ao fato, a pratica da conduta. © principio da anterioridade da lei penal culmina no principio da irretroatividade da lei penal. Pode-se dizer, inclusive, que sdo sinénimos. Entretanto, a lei penal pode retroagir. Como assim? Quando ela beneficia Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 42 de 45 Direito Penal — TCU (2014) AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria ¢exerccios comentados Se naee Prof. Renan Araujo - Aula DEMO © réu, estabelecendo uma sanc&o menos gravosa para o crime ou quando deixa de considerar a conduta como criminosa. Nesse caso, estamos haveré retroatividade da lei penal, pois ela alcangaré fatos ocorridos ANTES DE SUA VIGENCIA. No entanto, a Doutrina e a Jurisprudéncia entendem que estes principios so aplicdveis, também, as MEDIDAS DE SEGURNGA. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 18 - (CESPE - 2014 - CAMARA DOS DEPUTADOS - CONSULTOR LEGISLATIVO - AREA III) Um dos principios basilares do direito penal diz respeito a nado transcendéncia da pena, que significa que a pena deve estar expressamente prevista no tipo penal, nao havendo possibilidade de aplicar pena cominada a outro cri COMENTARIOS: © item esta errado. O principio da intranscendéncia da pena esté relacionado a impossibilidade de a pena passar da pessoa do infrator, ou seja, da impossibilidade de se aplicar a pena criminal a uma pessoa diversa daquela que praticou o delito. Estd previsto no art. 5°, XLV da CRFB/88: XLV - nenhuma pena passaré da pessoa do condenado, podendo 2 obrigacao de reparar o dano e a decretacao do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até 0 limite do valor do patriménio transferido; Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 19 - (CESPE - 2014 - TJ/SE - TECNICO) Julgue os itens seguintes, conforme o entendimento dominante dos tribunais superiores acerca da Lei Maria da Penha, dos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 43 de 45 Direito Penal — TCU (2014) a5 ss AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO fEstratéegia Teoria ¢exerccios comentados SRR SENSEe Prof. Renan Araujo - Aula DEMO principios do processo penal, do inquérito, da acdo penal, das nulidades e da prisao. Conforme o STF, para que incida o principio da insignificancia e, consequentemente, seja afastada a recriminacgdéo penal, é indispensavel que a conduta do agente seja marcada por ofensividade minima ao bem juridico tutelado, reduzido grau de reprovabilidade, inexpressividade da leséo, e nenhuma periculosidade social. COMENTARIOS: © item estd correto. O STF aceita a aplicacio do principio da insignificdncia, mas desde que presentes estes requisitos. Vejamos: (...) 1. Segundo a jurisprudéncia do Supremo Tribunal Federal, para se caracterizar hipétese de aplicacéo do denominado “principio da insignificancia” e, assim, afastar a recriminacdo penal, é indispensavel que a conduta do agente seja marcade por ofensividade minima ao bem juridico tutelado, reduzido grau de reprovabilidade, inexpressividade da [eso e nenhuma periculosidade social. (...) (HC 114097, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 01/04/2014, PROCESSO ELETRONICO DJe-074 DIVULG 14-04-2014 PUBLIC 15-04-2014) Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 44 de 45 Prof.Renan Araujo 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. os. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. AUDITOR FEI Direito Penal — TCU (2014) "DERAL DE CONTROLE EXTERNO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo ~ Aula DEMO Py caparito ALTERNATIVA B CORRETA ERRADA ANULADA CORRETA CORRETA CORRETA ERRADA ERRADA ERRADA ERRADA CORRETA ERRADA CORRETA. CORRETA CORRETA ERRADA ERRADA CORRETA www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 45 de a5

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