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a ase rig 20 Tees de ota aed Bueas Aes : Cons Lliteatna e Ceres Soles -CLAGSO; io Pau: Exes pny, 207 1p; 24 on, (Posarnio socal iio-aevao sip Eni Sato Tatty pr tio Rosiues Ise sr. ser- 183-855 1. ers Polcas 2, Flos Poti |, otis, Rodi, at Te 0203 ‘Ova lavas have scr la Bt Vil de CAD: Flo Pot ea Palica/ Flot de Lieto overt Soi Coons / Hania /Cant-egonoia) arc Poe Poti Anica tina Cotegho PENSAMENTO SOCrAL LATINO-AMERICANO 20 TESES DE POLITICA Enrique Duss a Ropatco Ropaicurs exPEeS Sag POPULAR a npn GB a MESH cecenissecs ‘Colecién Pensamionto Social Latinoamericano Diretor dela oleccén Er Sax Seoreaio Festvo de CLACSO Coordinator Aeadémien Palo Gent, Sct Esto Alto de CLACSO ‘rea de Ditusny Produccién Editorial de CLACSO Coorinador Joe Frogs Fic Responsable: wan Bight -Nara Era Diseto etait Responsable Nigel A Sartingo | Eaupo: arco Garcro- Matar Valeo Divulgacion eduorit esponsable Maceo orig | EqupaSeesin Arena-Davl Roda Caf Luduota ‘te de Tapa Miu A Sertirgeo Programa de Publicaciones en Portugués Eficiin en Prtguts SrgioDuarte ito dS Composicién en Portugues Cata Casio Estxio ‘TratecionFadignPotigus preston Cencste Getic Era ide Primera edicién on portuués _20Tess Pla Si Paul: CLACSO jo de 207) ISBNoTe | web cumnciesoop Esitora Expresso Popular Lida, Fue Abit, 26 | Bela Veta I OYG18.010 | SioPado-SP | T(t] 305 mn | Fax) 31120841 mal | web cavalepessaopopuscar b> oe permit arepoduo cu pari det lo, ra tu amaze tm unser elmo. nem su arerisso em quaker ou por qusqur rei lan, macro, ropa ov ous os, sa aia 20. eo ara pa er reser bca g avn was Oana Mama eco ceasoe manent ptlan rn een ele or pows oad Sets oan ce ASE inpice pe Marérras PALAVRAS PRELIMINARES. Lwrnopugdo. Tese 1 ‘A cortupgio ¢ o campo politico. piiblico e © privado Prusenna PARTE A onpew poufrica VIGENTE Tee 2 ese 3, Tese 4 ‘Tese 5. Tese 6. Tese7. Tese 8, © poder politico da comunidade como potentia © poder institucional como potesas © poder obediencal Fetichizagio do poder A acio politica estratégica Necessdade das instituigdes politica ea esfera material (0 ecol6gico,o econémico, 0 cultural), Fraternidade [As instituigSes das exferas da legitimidade democriticae da facibilidade,Igualdade ¢ liberdade.A governabilidade 15 23 25 31 37 a 51 59 67 ‘Tese 9. A ética e 0s prineipios normativos politicos implicitos. © prinefpio material da politica ‘Tese 10. Os peineipios normativos politicos formal-demoeritico ¢ de factibilidade SEGUNDA PARTE ‘A TRANsroRMAGAO CaftiCA Do PoLiTICo: Romo A Nova ORDEM PoLfTiCA ‘Tese 11. O povo. O popular e 0 “populismo” ‘Tese 12. O poder libettador como hiperpotentia eo “estado de rebeliio” ‘Tese 13. Os prinespios politicos de libertagio. principio critico da esfera material ‘Tese 14, Os principios crtico-democritico e de ‘ransformagio estratégica ‘Tese 15. Praxis de libertagio dos movimentos sociais e politicos “Tese 16. Prixis anti-hegeménica e construcio de nova hegemonia ‘Tese 17, Transformagio das instituigdes politica. Reforma, transformagao, revolusio. Os postulados politicos “Tese 18. Transformagio das insttuigGes da esfera material ‘A*vida perpétua” ea solidariedade ‘Tese 19, Transformagio das instituiges da esfera da legitimidace democritica. Irrupgio dos novos direitos. paz perpétua e a alteridade ‘Tese 20, Transformagio das instituigSes da esfera da factibilidade. Dissolugdo do Estado? Libertagio BIBLIOGRAFIA CITADA inpice aLrasérico De TEMAS {pice DE ESQUEMAS B ” 87 89 ” 103 109 115 125 131 137 “7 157 165 169 7 PALAVRAS PRELIMINARES ESTAS VINTE TESES sobre politica vio dirigidas primeiramente 40s joven, aos que devern compreender que o nore fio da plc & uma tarefa patriética, comunitiia, apaixonante. E verdade que a atividade politica se corrompeu em grande medida, em particular entre os paises pés-coloniais, porque nosss elites poiticas hi 500 anos tém governado para cumprir com os interesss das mete6poles de plantio (Espanha, Portugal, Franga, Inglaterra e, hoje, os Estados Unidos). Considerar os de baixo, a comunidade politica nacional, 0 ovo dos pobre, oprimids e excluidos, ca imprensa e pre Por iso, diante da recente experiéncia latino-americana de tuna cert “primavera politica” que vem-se dando a partir do nasci- mento de muitos novos movimentos soca (como as “mies da Praga de Maio” ou os" piqueteitos”, 05 “Sem-terra", 0s “cocaleros”, 38 mo bilizades indigenas do Equador, Bolivia, Guatemala ¢ tantos outros) ‘eunidos no Férum Social Mundial de Porto Alegre, ¢ da inesperada leigio de Nestor Kirchner, de Tabaré Vaequee, de Luiz Inicio “Lula” 4a Silva, de Hugo Chivee, de Evo Morales da perene e proverbial figura do “ava” Fidel Castro (que, como o Velho Vizcacha do Martin tarefa que conta com pou- ° ee a {2 118s Dy roti Fiero © como 0 orto, ‘mais sabe por velho que por zorro”), entre ‘0s quais nio se deve esquecer a figura simbélia do Subcomandante Marcos, entre tantos outros sina de esperanga, devemos comesar 2 “> | criar uma nova teoria, uma interpretacio coerente com a profiunda transformagio que nossos povos estio vivendo. ——» A nova tora nio pode responder 20s supostos da Modernidade ‘capitalistae colonilista dos 500 anos. Nao pode partir dos postulados, ‘burgueses,tampouco dos do socialism rea! (com sua impossivel pla- nificagio perfita, com 0 ciculo quadrado do centralismo democr tico, com a irresponsabilidade ecolégica,com a burocratizacio de seus aquadros, com o dogmatismo vanguardsta de sua teoriae estratégia, etc). que vem por ai & uma nous cvilizacio ransmodera, ¢ por iso ‘ransaptalit, par alén do liberalism e do secialismo wal, onde 6 poder era um tipo de exercicio da domingo, ¢ na qual a politica se reduziu a uma administragio burocritica. o— ‘A “esquerda” (aquele lugar ocupado por grupos progressitas cm uma da astembléas da Revolugio Frances) exige uma comple- ta renovagio ética,tebrica pritica. Governou através dos Comités centrais 04 como oposigio. Pasar & responsbilidade democritico- politica de exercer um poder obediencal no € tarefa fi € intinse- ‘camente partcipativa; sem vanguardismos; tendo aprendido do povo ‘© respeito por sua cultura milenar, por suas narrativas miticas dentro dda qual desenvolveu seu proprio pensamento crtico, suas instituiges {que devem se integrar a um novo projeto. (O século XXI exige grande criatividade. Mesmo o socialismo, se sind postu algum significado, devers se desenvolver, como indica Evo Morales, também como uma “revolugio cultural” (e nio deve ter nada a ver com a da China de 1966). E a hora dos povos, dos originitios e dos excluidas. A politica consiste em tera cada manhi tum ouvido de discfpulo”, para que os que “mandam, mandem obe~ decenda”.O exercicio delegado do poder obediencial€ uma vocagio a {que se convoca a juventude, sem clis, em correntes que buscam seus interesses corrompidos, ¢ sio corrompidos por lutar por interesses de grupos € nio do todo (seja 0 partido, o povo, a patria, a América Latina ov a humanidade), ‘Além disso, estas 20 Tse: situadas em um nivel abstrato deve rio ir ganhando, com seu desenvolvimento posterior, maior concre~ Se Pauavaas pstasanes| ude. Assim, as Tess 1 9 sfo as mais simples absratasefandamentais, fobre as quais é constuido 0 resto. Como indicava Marx, “deve-se ieeender do abstrato 20 conereto”. As teses 11a 20 so mais comple save concreas, uma vez que leva em conta a contradicio que supbe {ue o povo toma 2 palavra e entra na acio como um ator coletivo, [No futuro, nova tees deveriam situar estes niveis em um grau ainda maior de complexidade e concretude, a0 considera a integracio do tema colonial, pos-colonial, 3s metropoles e o império, ea lnta de Tibertagdo contra esas forgas internacionais. Ainda caberiam outras teses, em que em um méximo de complexidade entrem no jogo os processos de dominacio e aienacio em todos os nives, e quando os princfpios normativos podem enffentar-s e seré necesiro escolher tus frente a outros (dentro da inevitivel incerta), isto porque os povos no atuam como sujeito puros, mas sim como blocos contradi- térios, que freqientemente na istriatraem suas reivindicagBes mais profundas. Como povos inteiros puderam eleger A. Hitler, G.W. Bush ‘ou governos como os de C. Menem ou Fujimori (porque o de C. Salinas nlo fi eleito, mas im significou uma vulgar usurpacio)? Enrique Dusel Proximidades de Anenecuilco Morelos, 24 de marco de 2006 InrRopUGAO. (101) Para entender o politico (como conceito) e a politica (como ativida- 4c), & necessirio deter-se na andlise de seus momentos essenciais, Em. getal,o cidadio ¢ 0 politico por profissio ou vocagio nao tiveram pos- siblidade de meditar pacientemente sobre o significado de sua fung0. e responsabilidade politica. Nesta Primeia parte, tata-se de extudat os diversos momentos do politico, seus niveis e esferas ¢, especialmente em tempo de tanta commu, a questio dos principios normativos da politica. Uma vez que tenhamos dado conta em abstrato dos momen- ‘os minimos do politico, poderemos acender a um nivel mais concre- ‘0, confliivo e critco, que se o tema da Segunda pat 7 db) 87 em hale 3 ' ‘TESE I A CorrupGAO DO POLitIco O “campo PoLitico” O PUBLICO E O PRIVADO i131 A coRRUPGAO DO PoLiTICO [11m Tentarei, em primeiro lugar, debater sobre © que 0 politico “nio €°, para limpar 0 campo positivo. O politico nao é exclusivamente nenhum de seus componentes, mas sim todos em conjunto. Uma casa nfo 6 s6 uma porta, nem s6 uma parede, nem um teto, etc. Di- fate poles € um de seus componente ioladamente€ uma ledugio equivocada, Deve-se saber descrevé-la como totalidade, Mas, além disso, na totalidade hi casas ruins, casas que no perm [femver bam, que sfo mito pequens on nite, et O mesmo ocorre no politico. 11321 © politico como tl se compe como totaldade quando sua fungio evsencial fea dstoreida, desteuids em sua origem em sua fone. Ante- cipando a0 que depois explicaremos (95), € necesirio aquele que s inicia na reflexio do que ¢ politico prestar atengio a seu desvio nici, que fra perder completamente 0 rumo de toda ago ou in tituigio pois, 1 Ase [+] india o paigrafe deste ual em que se explia o aunt | 5 om 30 rests pe vouch nas) A cormupgo origindria do politico, que denominaremos o ferichismo do poder, consste em que o ator politico (os membros da com ridade politica sejam cidadios ou representantes) acredita poder afirmar sua prOpria subjetividade para a instituigao em que cum- pre alguma fungio (dat poder ser denominado “funcionério”) seja de presidente, deputado, juiz, governador, militar, policial [7-8] como a sede ou a fonte do poder politico. Desta mancir, por exemplo,o Estado se afirma como soberano, iltima instancia ddo poder; nsto consstra 0 fetichismo do poder do Estado © a ‘omnipgao de todos aqueles que pretendam exercer © poder estatal ‘assim definido. Se 0s membros, por exemplo, créem que exercem 6 poder a partir de sua autoridade auta-referente (ou sea, para st propria ss poder fearon. tuts) Por qué? Porque todo exercicio do poder de toda instituicio (do pre~ sidente até o policial) ow de toda fungio politica (quando, por exem- plo, o cidadio se rede em conselho aberto ou elege um represen tante) tem como primeira referéncia ¢ éitima o poder da comunidade politica [93-4] (ou do pow, em sentido estrito [-11})-O no refer, ‘o bola, 0 cortar a relagio do exercicio delegado do poder determinado ‘de cada insttuicio politica (eta a do esquema 2.1) com o poder poli- tico da comunidade (ou povo) (sea) absolutiza, fetichiza,comompe 0 exetcicio do poder do representante em qualquer fun¢io. [nA5}7A comupio & dupa: do governante que se eré sede soberana do poder «¢ da comunidade politica que permite, que consente, que se tor- nna cemil em vez de ser ator da construcio do politico (agdes [6], insttuigdes [-¥7-8}, principios [99-10}).O representante corompido pode usar um poder fetichizado pelo prazer de exercer sua vontade, como vaidade ostensiva, prepoténcia desp6tica, sdismo ante seus ini- mig propre indeds de bens esque Nio inpora gus Denes spars San ontorgios a0 gvemate crompida © jpior nao sio os bens apropriados indevidamente, mas sim 0 desvio de fe tno come repentant de ervidor ov do exec sin al [4] do poder em nr da comunidad wuniorow-seem se pretend ogi se "anges se prt, debi trict eno como comunidad polis, Toda hts pr Ss [peis meres eum nit oda) de ma as (como ee wa pam na 2a ‘A connun¢o bo rotinco. O"eawno pottrico”.O rliBtico #0 ravano burguess), de uma elite (como os aol), de uma “tribo” (herdeiros de antigos compromissos politicos), comupyo politica. (© campo Potirico ‘Tudo o que denominamos politico (agSes,instituigSes, principios, et) em como espago proprio © que chamaremos campo politico. Cada atividade pritica (familar, econémica, esportiva, ete.) possui também. seu campo tespectivo, dentro do qual se cumprem as agdes, sistemas € insttuigbes proprios de cada uma destas aividades. Usaremos © conceito de campo em um sentido aproximado 20 de Pierre Bourdieu’, Essa categoria nos permitirs situa os diversos niveis, co Ambitos possiveis das acdes e das insttuigdes politics, nas quais 0 sujeito opera como ator de uma fungio, como participante de miiti- plos horizontes pritcos, dentro dos quais se encontram estruturados, ademais, numerosos sistemas e subsisemas “em um sentido semelhante ao de N. Luhmann’. Estes campos recortam-se dentro da totalidade ‘do “mundo da vida cotidiana”. A nds interesario especialmente os ‘campos priticos. © sujito, entio, faz-se presente em tas campos situando-se em cada tum delesfancionalmente de diversas maneiras. O sucito € 0 S do es quema 1.2,que aparece nos campos A,B,C,D e N (como ji dissemos, em um campo familiar, da vida de bairro ou aldeia, do horizonte turbano, ou dos estratos sociais, da existéncia econdmica, esportiva, intelectual, politica, artistic, filos6fica,¢ assim indefinidamente). (© mundo cotdiano nao & a soma de todos os campos, nem os campos So a soma dos sistemas, mas sim 03 primeizos (@ mundo, © campo) englobam e superabundam sempre os segundos (os campos ou sis temas), como a reaidade sempre excede todos os possiveis mundos, Campos ov sistemas porque no final, os trés absense e se constituem 2 er de Pere Bourdieu sobe 0 “campo”: Question de Srilapie (Bourdieu, 1984); LOnale Plug de Martin Heiege (Bourieu, 1985); Ls Rigs de An. Gens Sc Champ Lite Bodie, 1992). 3 Sobre Lahmann ver sus obra Die Pl dor Gulch (Lohmann, 20) ¢ Poder (Lahmann, 195), 440 mundo ds vids cotdians*(Lebnsl nfo €oem-ondeo stems colonia mas sim td dento do qual hi sem components da mesma "nda cotdans ” | a ‘como dimensdes da intersubjetividade. E é assim porque os sujeitos —# estio imersos desde o inicio em redes intersubjetivas, em relagGes fancionais miltiplas nas quais desempenham 0 papel de nés' viven- tes e materiais insubstieuiveis". Nao hi campos nem sistemas sem sujeitos (embora se possa considerar um sistema analitica ¢ abstrata~ mente como se nio tivesse sujet). Esquema 1.1 Extensio dversa das categorias > Sistemas e iastuites® > Agdo exrtégea Liglea Ligca —Faclidade permanente. Facade contingent ‘ontoigica —dopder Liga da entropa bg do contngete (vata (vata) ‘Todo campo polivo & um Ambito aravesado por forcas, por sueitos singulares com vontade e com certo poder. Essas vontades etrutu- Fam-se ein universos espeificos. Nao sio um simples agregado de indivduos, mas sim de sueitos inersubjetivos, relacionados desde o inicio em estruturas de poder ou instituigdes de maior ou menor permanéncia. Cada sujeito, como ator, & um agente que se define em relagio aos outros. (© mundo de cada um,ou © nosso,esté composto por mikiplos campos. Cada campo, por sua vez, pode estar atravessado por outros; da mesma 5 er Manuel Castel no volume 1: La veda ede soba Lae dea informa comma, sad yan (Ctl, 200), (6 Ver muita defer bre “ubjtvdad, erjetvidade” een meu —w tatho “Acerca del wet y la intersjetivdad”, em Hai we flo police (Dose, 2001, pp. 315). “7 itor campos em am mand, 8 HE muitos ssemare insti em um cmp. Nesta obra um stem poder inclie muir ini O sitema semantcamente tem maior amplitude que © meramente aston Flares, por explo, de ur sistema de instiuies (pe © Estado), A instituigio pode ser im micto-sstema ou um sabsistema. AS vezs, enuetant, mos indtntamente “insitucioalizagio" por"sstenatiagio" (neste so sera instuiloseriam semanicamenteintererbiv). 9 Bm nossa terminologis o"Nivel Cer odor“ prinepio implictos" [9-10], que regem os ives A" e"B"[-96-8, oo ww 2s) ‘A consurgio bo roxinco. © “cmero vorinco".O rOatico £0 ravano Jorma que 0 campo, por diveros stenas, O_sujito sabe como se rrnporat cm todos eles; tem mapas cerebras para cada um dele, 0 sre tem valido como um longo aprendizado do poder moverse BY cometeremganespriticos, do que no fem sentido a pati do hori- spate hermenéuico que cada campo supe. @— Cada campo tem grupos de intereses, de hierarquizacio, de mano- tps; com suas respectivas expreses simblicas,imaginsria, expli- catvas, Pode-se efetuar,entio, uma topagnfa ou mapa das diversas frgas convocadas, com relagio is quais 0 sujeito sabe atuar. Mas tl campo no € 36 um texto a ser ldo (como opinaria P Ricoeur),nem simbolos a serem decodificados, ou iniaginrios a ser incerpretado so igualmente ages postuladas com finalidads, repetidas em inst- tuigBes, estrutaradas em consensos, alancas, inimizades. io estruru- as priticas de poder da vontade e narrativa ase conhecer pela 2730 pica intersubjetiva © campo é esse espao politico de cooperacio, coincidéncia, con- fitos. Nio &, portanto, 2 estrutura pasiva (do estruturalismo), se- rio um Ambito de interagSes, que nio s6 se dstingue da légica da rmecinica cartesiana, newtoniana ou einsteiniana, mas aproxima-se amais da logica da termodinimica, da toria da complexidade, com relagies bifurcadas (ou plurfurcadas) de eausa-efeito nio lineares socials, politica. ‘Todo campo esté delimitado. O que fica fora do campo & 0 que nio Ihe compete;0 que fica dento & 0 definido como componente peas re- ‘ras que estruturam as pritias permitidas dentro do campo. Os mies definem a superficie que fixa a esfera do cumprimento normativo de seu conteido, diterenciando 0 posivel do smpossivel":"Vemo- tos obrigados a dizer que 0 objetivo politico da guerra est stuado realmente fore da esfera da guerra". De maneira que tanto © campo = quanto da guerra sio diferentes ¢, entretanto, o ator pode ir ‘Todo campo tem diversos sistemas. © campo politico pode estar insi- ‘ucionalizado por um stem liberal ou socialista real, ou pelo sistema 100 "impossivéaqulo que super 0 horionte do campo ¢0 ansforma em outa Pris 11 Kvon Clausewi, Deda gue LI,cap.2 (Causewit, 199, p26) 20 Tess be poutTick ‘A comtur¢Xo D0 rotirico, O“eano rotirco”.O FOBLICO # 0 raNADO A Se ta arn Bole) fain ve amp eee ee eer cae andes cum tae Se ea Sea eee caer ie elds ducal o une egiie esa popes aiienh iret iene mins Se ee cepa peer il eee ces uy O PRADO EO PERLICO on) © prondo-piblio® sio diversas posigdes ou modos do exercicio da (ON prersubjetvidade. A intersubjetividade contém diante de seus olhos (@) a tama de onde se desenvolve a objeiidade das ages das ins- simigdes (Como 0 contexto da existenciae do sentido), e & também {b) wm a pron’ da subjetividade (uma vee que sempre & um momen to constitutivo anterior, génese passiva). O mateiménio monégamo, por exemplo, & uma insticuigio social objetvw (dante da consciéncia como um objeto), € & a0 mesmo tempo (em referéncia 4 mile e 20 pai concretos da subjetividade do filho) 0 que esta debaixo © antes, constituindo a propria subjetividade do menino.A democracia é uma insttuigdo politica objetiva, que origina 20 mesmo a subjetividade to- lerante dos cidadios desde 0 berco, como suposto subjetive. Ou seja toda subjetividade ¢ sempre intersubjetiva, @— 1133, Denominar-se- prinadoo agir do sujeito em uma posicio intersubje~ tiva tl que se encontre protegido da presenga, do olhar, do ser agre~ ‘ido pelos outros membros dos miikiplos sistemas intersubjetivos dos 2] &, enti, 0 ponto de partida. Mi 4 2 enta,o ponto de pri. Mas o mero poder da suis objet, mpi. A mera onde comers fate unidade permanece inicialmenteindeterinadaemsiou sj, € come a semente que ni 3 $20 tengo ponies oe a sin fevorenem tem raze, nem cule, nem ramos, nem fos det tts, mas : carat ” 20 This Fouiricn (© roosn NsriTucioNNL COMO poTESTAS se havendo desdobrado, realizado, crescido,aparecdo & luz do mundo. Da mesma maneira,o poder como potentia (em seu duplo sentido de forcae de ser uma possibilidade futusa)embora sea o fandamento de todo poder politico, se nio fesse atualizado (por meio da agio politica ‘com poder) ou instivacionaizado (por meio de todas as mediagdes politicas para poder cumprie as fungBes do politico), fcaria em poté cia, como uma mera possiblidade inexstente. isis Se potenti for o poder ems, a potestas €0 poder fort-des (aio ne~ —o cesariamente ainda em pares, como retorno), Representamos ea cisio ontol6gica origindria pela seta a do esquema 2.1.0 proceso de pasagem de um momento fundamental (potenta) a sua consieuigio ‘como poder onganizado (potstas) comeca quando a comunidade po- Iitica se afirma a si mesma como poder insttuint (ainda nio insti tufd, como sugere C. Castoriadis). Decide dat-se uma organizacio heterogénea de suas fungies para aleangar fins diferenciados, No cli 1imitivo (e nem a ainda) podia haver uma certa iniferenciagio ori~ inria: todos podiam cumprie todas as Fanges(f que nfo exigiam, ‘muita experiéncia técnica,e havia poucos desenvolvimentos) Diante da complexidade politica do neolitco, com 2 aparicio das cidades se exige imensa quantidade de oficios, a politica cria miiiplasinstiui- bp 666s (aparece 0 poder como potest). ‘nis) A necesiriainstinacionalizagio do poder da comunidade, do povo, - ‘onstitui o que denominaremos a poeta. A comunidade institucio~ nalzada, ou sea, tendo criado mediagbes para seu exerciio possivel, cinde-se da mera comunidade indiferenciada. Esta cio entre poenta¢ ‘potesias (coin D-Spinors ¢ A. Nogrismat ao mesmo tempo, ontosslém eles), entre (a) 0 poder da comunidade politica como sede, origem ¢ fandamento (o nivel oculto ontol6gico)e (b) a diferenciagio herero- génea de fangSes por meio de insituigBes que permitam que o poder se torne real, empirico, ictivel, ue aparega no campo politico (como fendmeno) é necesiria, marca a aparig3o antiga da politica, sendo 20 mesmo tempo 0 perigo supremo como origem de todas 2s injustiga ¢ ddominagdes. Gragas a esta cisio, todo servigo politico seré possvel, mas também toda corrupgio ou opressi inicia sua corrida incontolivel AF Osersacede o ene, ¢ entra na histéria da justia e seus opostos.O anar- auista sonba com 0 paraiso perdido do poder indiferenciado em-si da potentis (onde nio hi injustiga posivel); o conservador adora o poder fixado ¢ dominado como potas (,nesse sentido, o poder institucio~ ralado & eecid como dominao).A police sex a longs aventura to uso devido (ou corrompido) da poets. © nobre ofdo da pola & tia possibildade que se abre desde esta primeira cisio (indicada na feta a em éitecio A sea bdo esquema 2.1);a outa possibilidade & a do oficio corompido iolitrico do poder como ptestasauto-refeente,| {que sempre termina por oprmir 0 povo (no proceso que incia a set de que culmina com a seta edo mesmo exe) (© exeRcicio “DELEGADO” DE PODER (© poder tido 56 e sempre em poténcia pela comunidade politica, 19 povo. Toa-se real gragas i insttucionalizagao (potesas), median- do, esti claro, a ago estratégica [6] que, como tal, é © momento agente mas no o término estabilizador hist6rico. Ou seja, 0 exer nt pe & om memento da oa, tes at pels institugSes [97], uma vez que quando se atua, ainda no c3s0 inical de um poder constitint (que & a potentia como poder instituin- te em ato de querer dar uma constituigio jurdica) 3 agio politica estratégica (de todo 0 dirigente a convocar os representantes que se reuniio na asembléia consttuint) fica de algum jeito emoldorada pel insttuigio natural democritica ~al como a descrevia Francisco Suite porque, com efsito, quando uma comsnidade concord em dara si propria um governo, deve decidi-lo comunitariamente ¢ isto [48 € um ato democritico (algo asim como a discursividade simétri- ca natural da potetia em primeiro sto institucional). PoderS depois decidit-seinsticucionalizar a potestas como sistema monarquico ou republicano, como repiblica oligirquica ou democritica, ete. Uma ‘ez insttucionalizada a potstssuficientemente, comega exercicio normal delegado do poder em mios dos representantes. De fit, entrtanto, odo exercicio do poder ¢ institucional, porque © poder da comunidade como potentia em-si nio é um momento ? émpirico inicial no tempo, mas sim um momento fundamental que PPermanece sempre em ato sb a instituigdes ¢ ages (sob a potest). Fala de “exerio do poder” significa, entio, que este & atualzado em alguma de suas possblidadesinsitucionais. Como toda mediagio § determinada heterogeneamente, no € o mesmo exercer 0 poder 2 3 cleitoral como cidadio, que exercer 0 poder presidencial como chefe do governo, Ambos, entretanto, So exerci, atulizacio, aparigio fe- roménica no campo politico de uma agio, de uma instituigio cum- prindo uma fungio por seu operador. O exerccio institucional, entio, ‘io & 0 poder como potentia.A comunidade tem a faculdade do po- der ontolégico originsrio, mas qualquer atualizagio ¢ institucional e como tal delegada.A order ‘Todo o poder aos soviet!” aproxima-nos da ‘democracia direta ¢ plenamente participativa da comunidade como possuindo a potenti. De todo modo, jé era uma institucionalizagio ‘minima, Entretanto, por the faltarem niveis essencias de insttucio~ nalizagio sufciente (cra uma potentia que no queria alienar-se como potest) fracassou rorundamente, Com 0 nascimento do socialismo real em 1921 na Unio Soviética (dos “soviets” ficou s 0 nome), a potestas se consolidou agora de maneira excesiva, pssando de uma posi quase-anarquista (que Sempre ideaizam a potentia) a uma or- sanizagio totalitira da potestas. O adequado no é nem uma posigio (por falta), nem a outta (por excess). (323, Em outras palavras,a comunidade no pode atuar como se fosse um. ator coletvo substantivo unénime em democracia direta permanen- te. £0 momento ideal do postulado, mas impossivel empiricamente [15 © 19].A comunidade atua por meio de cada um de seus mem- “~~ bros de mancira dferenciada.Jé na caga do paleolitico, umas pessoas davam o sinal de comegar 2 caga, outs espantavam a pres, outs brandiam as armas em lugares apropriados, outras se especializavam em usar as armadilhas e um outro distrbuia a bota de eano longo |,__proporcionalmente entre os cagadores. A diferencia¢io funcional do todo permita-thesalcancar objetos complexos superiores. O mesmo ‘corre no exercicio delegado do poder politico 1324) Delgado indica que atva em nome do todo (universilidade) em uma fancio diferencia (paticularidade) emapreendida com atengio indi- vidual (singularidade). © exercicio singular (privado) de uma agi0 é a aque se realiza em nome proprio. O exercicio delegado(piblico)éa aco j que se cumpre em fangio do todo. O fandamento de tal exerccio & 0 ppoder da comunidade (como potentia).Aquele que exerce o poder o faz Por outro (quanto 4 origem), como mediacio (quanto 20 contetido), ‘para 0 outro (como finalidade: seta c do esquema 2.) » pan N (© rooen mstrTuctonAr como rovEstAS "A“POTESTAS” COMO OBJETIVAGAO, ALIENAGRO. oa fo campo econdmico o trabalho vivo do trabalhador se objetiva ‘como valor no produto. Tl objetivagio (gue a0 transformar-se emt ta coisa se “aliena") & como um coigulo de sangue (dado que © ‘angue é o simbolo da vida no pensamento semita). Analogamente, tho campo politico o poder do povo (potenta) objetiva-se ou aliena tno sistema de inttuigBes poitcas produaidas historicamente durante smilénios para o exercicio de tal poder (potest). Falar de objetivagio de uma subjetividade coletiva, como a da comu~ nidade politica, indica necesariamente um certo afistamento, uma da identidade imediata que vai em diregio a uma diferenciacio mediada. A mediagio & necessiria (sem instituigdes € s produgio da vida € impossvel, ais como a agricultura e o pastoreio; sem acordos intersubjetivos nenhuma legitimidade pode ser aceita;€ sem estes requisitos ndo hi poder politico possvel), mas a0 mesmo ‘tempo € opacs, nio ¢ transparente, como a representacio (necessiria ‘nas ambigua) ou como toda instituigio [97] Como toda mediacio, a potsas (como soma institucional) &,entio, ambigua. Seu sentido normativo de justiga ou uso cinico da forga como violéncia encontram-se como em estado originirio em que a A do esquema 12.1].0 povo guards, por iso, uma posigio complexa. Por um lado, é 6 bloco social “dos oprimidos” no sistema [4] (por exemplo,a clase ‘operiria), mas a0 mesmo tempo sio os excluidos [B] (por exemplo, (0s marginas, os povos indigenas que sobrevivem na autoprodugio e zo autoconsumo, et) (1211 A onato vitae conteroandi(impulso para conservar a vida) transforma ‘se em um impulso vital extaordinsrio. Rompe os muros da Totalida- dee abre no limite do sistema um Ambito pelo qual a Exterioridade irrompe na historia 112141 Os que estéo fora, como “nada espectras”, ignorados, invsiveis “so figuras que nio existem para ela (para a economia politica burguesa, explica Marx), mas somente para outros olhos”®“o mero homem de trabalho pode precipitarse cada dia desde seu nada acabado para um ‘nada absolut”. © povo, antes de sua uta, é ignorado, no existe, é uma «visa disposigio dos capitalists. Esquema 12.1 Totaldade,exteiordade, ovo ‘Wadade stent Populus > Elucdagbes do esquema 12.1. A Totaldade ou a order vigente se fratura Nasce assim 0 povo como plebs (baco social dos oprimids) que da extrio- Tidade (por suas revindcapées nao satisteitas), mas igualmente da Toalidade 2 Manus de 18441 (Marx, 1986, MEW, EB 1,» 606; 1983, Obs faders vol Tap 528. 3 Bid, . 607; p. 524A explicagdo do texto em minha obra Dus, 1985, pp. 366 1s (© roone tmesTADOR DO ROVO COMO HIFERPOTENTIA F 0“ESTADO DE RERELO” (como oprimidas)lutam (seta de saa) para aconstituigéo de um pove futuro hhegeménico (popuius) uss Esta vontade € a primeira determinagdo de um momento do desen- volvimento do conceito de poder. A mera potenta [2] transfor ma-se em algo novo, distinto, que opera a partir dos oprimidos, dos cexcluidos, da exterioridade. {123 © CONSENSO cRfTICO Dos NEGADOS vai! Mas 0 poder libertador é algo mais. Exige a forga unificadora do consenso:“O povo unido jamais eri vencido! O poder dominante se funda em uma comunidade politica que, quando era heyeménica, _unificava-se pelo consenso, Quando os oprimidos e excludos tomam, consciéncia de sua situagio, crnam-se dissidents. A dissidéncia faz perder 0 consenso do poder hegemdnico, 0 qual, sem obediéncia, se transforma em poder fetchizado, dominado, epresor. Os movimen- tos, setores, cominidades que formam 0 povo crescem em conscién- cia da dominagio do sistema”. ttazy Se a validade ética ou a legitimidade politica se fandam na participa- 0 simétrica dos afetados para obter acordos por meio de razbes, & subido que tal validade ou legitimidade nao pode ser penféita. Nem a simetria nem a partcipacio perfta de todos os aetados € poss vel, Necesariamente, dda a finirude da condigio humana, toda le- gitimidade é relative, imperet, five. Por sua ve, 0 excluido, por ‘efingSo, no pde parcipar da decisio do acorda que o excl ‘Mas pode formar uma comunidade em seu movimento, setor, case, no povoado. As feministas podem conseguir tomar consciéncia do patriatcalismo machista ainda contra a cultura patriaral imperane. Swa consciéncia critica era um consenso etco em sua comunidade oprimida, ue agora se opde como disidéncia 20 consenso dominant. ‘rise de hegemonia”, e208 Trata-se de uma “crise de legitimidade”, anterior ¢ que antecipa a criagdo da nova ordem. (i229 Esse consenso aritco do pove nio pode ser descoberto nem pela pri ‘meira Escola de Frankfurt, nem por K.-O.Apel ou J. Habermas. Por isso, no puderam articular a “teoria critica” com 08 atores politi- os histéricos (que ja nio tiveram ao desaparecer pelo Holocavsto 8 . A es gq 2 comunidade judia,e por integrar a clse operiria 20 “aulagre alemio"), Nés, por outro lado, devemos nos articular exe ator Coletvo, loco que nascee pode desapareer segundo conjuntiras chamado povo, ou novos movimentossociis de grande vitlidade, ue constroei“o poder de baxo™ 11241 powo tom, enti, “consciéncia pani", Reconsedi a membria de suas has, ets exquecios ¢ ocultos na histéria dos vencedons como asinala Walter Benjani, Ainda nio€ “consciénia da chse petri, mas no se opde aes; integr-a E consizncia da clase éampones, dos povosindigenis, das feminists, dos anti-racist, dos margins. de todos exes fintamis que vagam na exteriridade do sistema, Consciéncia de ser povo. (029) A BFICACTIA Dos FRACOS. HiPERPOTENTIA DAS VETIMAS PM “ESTADO DE REBELIAO” 125 Se (a) &Vontade-de-Vida e (b) 20 consenso critco da situagio em «que se encontram e dos motivos da lua ¢ 0 projeto da ordem nova (orque “outro mundo & possvel”) adiciona-se o descobrimento na propria luta de (c) a factibildade da liberagio, do alcangar nova he- ‘gemonia, de transformar (a Verindenmg de Marx ex sua Tees sobre Feuerbach) de maneita parcial ou radical (e neste dkimo caso pode-se falar de revolugio) a ordem politica vigente, temos stés determina 8es do poder do povo, da hipepotntia, (12% Se a potenta [-¥2] & uma capacidade da comunidade politica, agora dominante, que organizou a potstas [93] em favor de seus interesses «© contra o povo emergente,a hiperptentiaé 0 poder do povo, a sobe- tania e autoridade do povo (que A. Negri siamplsmente elimina em ver de localizi-to em seu justo lugar’) que emerge os momentos criadores da historia para inaugurar grandes tansformagies ou revo lugdesradicais Eo “tempo-agora” messiinico de W. Benjamim, Os inimigos do sistema (o povo emergent) sio agora os amigos (os“in- telectuais orginicos") dos que se jogam por sua libertagio, Seus a= 4 Negri 2004, ops por climiar soberani ea autoridide como determinaéespro= ria do Estado dominador.Distinamete, tere de sts-is na comunidad poles agora no pow propriamente dco. © saberin ea ia referencia da auoridade Slo prépio pove, (0 PooER LIBERTADOR DO FOVO COMO HIFERPOTENTIA H O“ESTADO DE REBELIKO" tigos amigos (a familia fara6nica de Moisés) tornam-se scus inimigos 0 perseguem. A persegui¢io do “inocente justo” (de M. Fidalgo a {quem cortam a cabega com sanha e exibem em piblico como sinal de hurnilhagio e castigo) é o tema que desenvolve E. Levinas’, na {qual 0 politico responsivel pela libertacio do povo ¢ tomado como refém; uma vez que ocupa © lugar do outto, do povo, substituiu-o. ‘Temas da politica da libertagio que devem ser desenvolvidos. yes Ese antipoder diante do poder dominador, esta hiperpotentia [> ‘exquema 15.1] diante da porentia, efetya eficazmente a transformagio da potetas, agora a servigo do povo (seta B). A eficicia dos fracos € maior do que o que muitos supdem. Os exércitos de Napoleio fo- ram derrotados pelo povo espanhol em armas; povo iraquiano vai derrotando a poténcia militar mais desenvolvida na ist6ria humana «em 2006. Os povos sio invenciveis...ou seri necessiio assassinar to- dos os seus membros quando tém Vontade-de- Vide consensual e eficaz, cstratégica c taticamente. Quando exercem o ethos da valentia! iin Tudo comega quando aparece fenomenicamente, a luz do dia, a hi- perpotentia como “estado de rebeliio” (mais & frente do “estado de diteita” e do “estado de exceg0")-Contra o liberaismo que fetichiza “estado de direito” (sobre a vida dos excluidos) C. Schmitt propos © caso do “estado de excego” para mostrar que por tis da lei hi uma vontade constituinte*. G. Agamben continua com o argumento”, Desejamos desenvolver o discurso até suas diltimas conseqiiéncias (235 Deve-se mostrar como o povo pode deixar em suspenso 0 “estado de excegio” a que chamarei “estado de rebeliio", Em Buenos Aires, © povo argentino, enganado pelo BM e pelo FMI, instrumentos do Império e de uma elite fetichizada nacional, em 20 de dezembro de 2001 saiu as ruas em massa para opor-se a um decreto que declarava © “estado de excegio” para paralsar as mobilizagdes. Sob a ordem: “Que se vayan todos!” (quer dizer, a hiperpotentia recondava a potestas {que & a tiltima instincia do poder), caiu 0 governo de Fernando De la Ra, Ou seja,0 “estado de rebelizo” deixou sem efeito 0 “estado de excegio".A vontade da auctoritas delegada ~para recordar a distingio 5 Levins, 1987 6 Seti, 1998 Vee Agamben, 2008, 20 rats be routes de Agamben ficou anulada por uma vontade anterior: a ov, 0 poder como hiperpotentia, ——_ Test 13 {1284 © povo,entio, parece como o ator coletivo,nio esencial nem meta. fisico, ma sim conjuncurl, como um “bloco” que se manifesta dexy, parece com 0 poder nove que est sob a pris delibertacio anti-hege. Imnica ¢ da transformacio das insttuigSes, tema das proximna teses Os PRINCIPIOS POL{TICOS DE LIBERTAGAO O PRINC{PIO CRITICO DA ESFERA MATERIAL to No final da Primeina parte [92-10] expusemos os principios nor- rmativos da politica, visto estarem eles implictos em todas as agdes € instituigBes do politico de vocagio que cumpre com as exigéncias do poder obediencial [->4]..Nesta Segunda parte critica ou lbertadora, os principios devem ser deseritos no comego, porque 0s politicos que ‘tian novidade na historia, que inovam nas agdes e nas insttuigdes, {que defendem em primeito lugar os excluidos, as vitimas, os pobre, 45o politicos que tn principe c, ademais,explctes.Tém consciéncia de conduzie suas ages e a tansformacio das instituigdes polticas | com exigéncias normativas a partir das quais podem responder clara~ mente, com razdes (11a) Emiliano Zapata, o politico de Anenecuilco ~povoado préximo de ‘onde escrevo estas linhas~ tinha principios bem claros:1."A terra para 6 que a trabalham com suas mis!” (principio material critco). 2. “Sempre tomaremos as decisdes juntos, depois que ninguém se vi!” (principio de legitimagio crtico). 3. E 20 final decidem, como dt 1a instineia, o“Empunhemos as armas!” ~para defender suas terras | dante dos de Ayala, diante da decisio do fazendeiro~ (principio de factibilidade critco)..No Plano de Ayala, ponto 15, podemos ler:" Nao 193 ee somos personalisias, somos partdirios dos prindipias © no dos homens!” (Ayala, 25 de novembro de 1911) io Prancfe1os potfticos criricos [tm Os prinipos normativos polices (ue subsmem os prinipias 4], converteu-se em despético exercicio fetichizado do poder [95] 2] O PRINCHPIO MATERIAL LIBERTADOR, EXIGENCIA DE. AFIRMAGAO E AUMENTO DA VIDA COMUNITARIA 132A politica, sendo a vontade-de-viver, consensual e factivel, deve tentar por todos os seus meios (nisso consiste sua normatividade como obrigagio analégica 4 ética) permitir a todos seus membros que vivam, que vivam bem, que aumentem a qualidade de suas vias. ‘Trata-se da esfera material (do contido da politica). A vida humana, sendo o critério material por exceléncia, € 0 conteiido ailtimo de toda ago ou insttuigio politica. A vitima é vitima porque nao-pode- viver.© politico de vocagio esti chamado a tabalhar em favor da reproduglo ¢ aumento da vida de todos os cidalios. Mas a vias do sistema imperfeit, indevidamente injusto em algum momento, intoleravelmente insustentivel em suas crises terminais (quando @ injustga mulkplica os sofrimentos dos explorados e excluidos), so 4s que sofiem em maior grau, como feridas abertas, a enfermidade do corpo social. Elas mostram o lugar da patologia do sistema, da injustiga que terd de saber reparar. "823 A afirmagio da vida da vtima, que nio-pode-viver pela injustica do Sistema, a0 mesmo tempo o que permite curprit com a exigéncia de aumentara vida da comunidade (ou do novo sistema que tivese de ‘otiginar-sc), Repito: a mera reprodugio da vida do pobre exige tis ‘muudangas que, ao mesmo tempo, produz 0 desenvolvimento cvilizador 195 a0 Tists pe Fouiic 11]-Estas comunidades ou ‘movimentos oprimidos ou exchidas se organizam e tomam consci- éncia de sua opressio, de sua exclusio, da insatisfigio de suas neces- sidades. Pouco a pouco criam cansenso sobre sua stuasio inolerivel, da causa de sua negatividade, da necessidade da lta, Ese consenso & um consenso ertico que, agora, cra desaorde ante 0 antigo acordo vigente que constituia os proprios oprimidos ou excluidos na massa abediente do poder ‘como dominagio egitim’ (na definigio de M. ‘Weber, que,na verdade, era 0 poder fichizado(-25], com legitimidade ‘parente).O consenso dos dominades & 0 momento do nascimento de um exercicio ata da democaca tts141© principio de legitimagio critico ou de democracia libertidora (Completamente afastada da democracia liberal) poderia enunciar ye assim: devemos aleangarconsenso encom primeiro lugar, pela pei ‘ipa veal e em conde simtvcas dos oprimidese excludes, da vitimas do sistema politico, porque sio os mss aftados pels decisis de que se lembraram no passado institucionalmente! |t413] A democracia foi sempre um sistema institucional; além disso & um Principio, que teve de superar os limites da prévia definigio de quais rat os membros efetivos da comunidade. Os excluides pressionaram, sempre (mesmo no demos grego, para chegar a isonomia, 20 “dieito igual”) para participar da criagio do consenso,¢ est luta pelo teco- sshecimento de seus direitos exigiu transformat o sistema democriti- co vigente e abri-lo a um grau superior de legitimidade e, portanto, de participacio, isto é, de democracia. Os excluidos no devem ser incluids (seria como introduzir o Outro no Mesmo) no antiga sistema, ‘mas devem participar como iguais em um nov momento institucional (a nova ordem politica). Nao se luta pela incluso, mas sim pela rans- ormagio [+17] ~contra Irs Young, . Habermas ¢ tantos outros que falam de “inclusio”. [1414] A democraca critica, libertadora ou popular (ponquanto © povo & o ator principal), Pde em questio o grau anterior de democratizagio aleanga~ do; jd que a democracia é um sistema a ser reinventado perenemente, ls418| Deve ficar claro, j que existe grande confusio a respeito, que a de- ‘mocracia orca (social, que inclui igualmente a esfera material, os ‘conftitos ecoldgicos, econdmucos ¢ culturais que produzem crises: “0 problema social"), por um lado, € um prindipio normativo (uma obri- Exsio do politico de vocagio, e do militante, do cidadio, em favor do povo), mas também & um sistema institucional que teri de saber ‘ransformar permanentemente. Na inovagio ou criatividade institu ‘ional dos momentos superados, fetchizados ou que nio respondem 4 realidade do democritico, estriba a possibilidade real do desen- volvimento politico, que nunca se interrompe (e, além disso, nunct aleanga a perfeigao;trata-se, novamente de um postulado:""Lutemos por um sistema sempre mais democritico!”, cuja pereta institucio- nalidade empirica & impossivel. hee wall (Os pmncinos cefrico-DeMOCRATICO # DL TRANSFORMAGKO ESTRATECICA pu © PRINCIPIO DE LIERTAGRO ESTRATEGICA 6 ‘ilkimo elo da cadeia, como indicamos re- tintamente da politica de um sistema vigente -que tem suas tradigdes, tendéncias insttuigdes instaladas, que transforma o sistema vigente injusto-, encontram-se com muitas dficuldades estratégicas maiores. IN. Maquiavel escreveu seu opisculo Il Prinpe nfo para um politico tradicional, no exercicio do poder, mas sim para um governante 1019, que comea a tarefa de uma nova etapa politica. Neste caso, a posbi- lidade de tornar realidade o que se tenta & de muito maior dificulda- de; ou seja, tem menor grau de factibilidade, Ora, sua posibiidade se cencontra stuada de maneira mais clara entre aquilo que o anarquista acredita posivel empiricamente (e s6 0 € como postulado [-117.3)) € fo que o conservador da ordem vigente acredita impossivel.O possivel do politico critico, libertador, responsivel pels vitimas,esté aquém da possbilidade anarquista (na verdade impossivel) e consiste em uma impossibilidade conservadora (possvel entio, se se transformarem a condigies de opressio e exclusio vigente) 22) © principio politico eritico de factibilidade poderia formular-se da se- suinte mancia: devemos eliza © miximo posi, aquilo que aparece como reformista para © anarquista[-#17.2] esuicida para 0 conserva~ dor, endo como critério de posibilidade na eriago institucional (a transformagio) a libertagio das vitimas, do povo! S6 os movimentos sociaistriunfantes ou o politico de génio (que, na verdad, vai valoran- do a capacidade transformadora ou hiperpotenti [212] do propio ovo) sabe o que é fctivelmente possvel ou impossivel, como esiar a cords 20 mixin até antes que se rompa 'a3) Uma vez que o politico critico enfrenta toda a institucionalidade ins- talada do antigo regime, 0 blocohistrico do exerccio fetichizado do poder, a luta do povo por sua libertaco (parcial ou radical (417.2), gq deve emit mor inigeca ou ni eats ged do minors Un ero de lula pode quebar santa den gros 1101 © principio norma police impubina eid,» cpio de corps mcgenc da hpepteni 12 do poe Ug pove decid rebelde em "Esado de rebelio™ ne poset on {xno ater deren conta on Ct fame do dense de Napleo na Espana, stuaeo hoje peta pelos Beads UidosnoViend ule 43) O Nore oFfc10 pa PoLftica {a1 Se 0 politico quer exerce o poder obediencial, sso ni significa que no posa cometer errs. “O justo comete sete pecados por dial", ‘enuncia um dito semita.O dito popular nos ensna:"Errar€ humano, perdoar é divino!” Alguém poderia perguntar: mas quantas vezes peca © injusto? Nenhuma, Porque o injusto & exatamente quem nunca reconhece com responsabilidad o efeto negativo de sua ago. Como Sempre esté eferuando atos corruptos ¢ tenta ocité-los, nio pode diferenciar 0 eftito negativo inevitivel (e nio-intencional) do 210 voluntariamente corrupto. Negi-os a todos. Nessa pretensa desculpa de todos os efeitos negativos de seus atos conse sua injustiga, sua corrupso, Por iso, o politico honestonio pode se prtament just. A pereicio & propri dos deuses, impossivel para a condigio huma- 1a Sendo impossvel a extrema pereigio, © que se exige normati- vYamente ao politico de wneagio é que honestamente cumpra 0 mais. seriamente possivel as condigdes de um ato justo.A isto se denomina “pretensio politica de justia” 1132} Quer dizer, 0 politico, como todo see humano finito, nio se pode Jilgar como um mal politico por ter cometido enganos politicos. A hhumana fintude nio pode evitar atos errados, Mas pode seriamente tentar com boa vontade cumprir as condigaes para ser justo. Daque Je que honestamente tenta cumprir esis condigSes se diz que tem “pretensio” de justia. A palavra “pretensio” indica, exatamente, que aguele que realiza uma a¢io pode justifici-la dando razBes de ter ten~ tado afirmar a vida, com 0 consenso do afetado factivelmente. Os trés principios crticossio as condigdes da “pretensio de justca politica”. (Os mnnefetos cnfrico-nemocastico & DE TRANsFoRAGHO ESTRATEGICA sus No ett, ¢ mao rinses ormatioscaunads gu mente os qbe permitem descobiraqueles que comtteram enganos pals (no momento do nlo-cunprmiento de um dees) eam fiso.a mancira de corrigir os enganoscometdos depende dos mes- tnos tes prinipis (material formal e de fciilidade ctcos) Estes prieipiosnormativs cco so, dest, princpis gue constituem ‘Nhuminam as ces bertadors ea ransformaso ds istiuig&es 05 gue pernitem descobrie os enganos e que por iin pram como trios de core dis njusiascometidas. Sm principio, 0 o= lio que tentase ser crtico feria no mio d tormenta como Um capitio de navio sem béssols esata perdi pus Palo contiio, aqule que tem principios normatvosextics, que cam nada negam, mas sim subsumem a cratividade procedimental {das agGes ou instiuigGes, na administragio, ete), pode enfientar exisesprofindas, tas politica devatadoras © até suport 0 des- prezo,a derota parcial ¢ tabilos pacientes de longo alance. Por fkimo e, nos casos limite, a pr6pria morte ~como Miguel Hidalgo ¥ Costil= uma ver que s € remivel para os dominadores 0 que ‘abe enfentar incorruptivelmente a morte. E a méxinafatibildade posivel, quando pela vida do povo se oferece a propria vida. £ 0 aconteimentoimprevsvel que os herSisconfronaram, mas que se aguilaa em cada ago ispiada por claose vgentes princpios normativos politicos extico. 1405 Quando © poco exerce delegadamente pvr adil quando tem uma honesa pretensio erico-politica de just, podese dizer gue cumpre com 0 nabreofco da politica, Servi obedecendo 20 pov, miltantemente, produ ma subjetviade do dado, do politico sma cera alegriaparecida com daguee jovem extudane de dezoito ano que escreven: A ande preocupcio qe deve no i a0 ecole uma ro- fio deve sera de serve a bem ds humaniade (.] Os maores homens de que nos fla a histria so aquele qu, tabalhando pelo bem geal, souberam embers 5 pis [.j} que © homem mais fiz € o que soubefzer fie 3 ours. € 2 propria 1 rr =a 20 TES route | relgiio cnsina que o ideal aque todos apiram ¢ 0 de crifieat-e pela humanidade! | Esse ideal normativo-politco universalist, piblico € humanist exemplar, est) muito longe do egoisme politico do individualisime | privaizante do liberalism, ¢ da avareza econémico-competitiva do capitalism, evidentemente. 1 K-Mars."Reflexione de un joven elegi profesi" (Mars, 1986, MEW 11982, | (tas ndamenals, ol 1, FCE, México, 1982, p. 4), ny ‘TESE 15 PRAXIS DE LIBERTAGAO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS E POL{TICOS {som A pris indica a aualdade do sujeito no mundo;e a pris politica & presenga no campo politico, Masa prixis de liberia (seta A e B do esquema 15.1) pe em questio as estruturas hegemnicas do sistema politico (potetas 1). As tansformagSesinstitucionis (sta B) wocam parcial ou totalmence a estrutura das mediagdes no exercicio delega- dodo poder (da poets 1 passa para a potestas 2) Esquema 15.1 Pres de tbertagaoe transformaydo insiucional Posts 1 us 115m A acio politica intervém no campo politico modificando, sempre de algum jeito, sua estrutura dada, Todo sujeito ao transformar-se em ator, ainda mais quando é um movimento ou povo em agio, & 6 ‘motor, a forea, o poder que faz histria, Quando é uma “atividade or. ‘ito-pritica”™ esta seri denominada privis de libertaao (Befrinngspras como é chamada por Marx e M. Horkheimer), Essa prixis tem dois ‘momentos: uma luta negativa, desconstrutiva contra 0 dado (seta A. o esquema 15.1), € um momento postivo de saida, de construcio do novo (seta B). Assim que “liberta” (ato pelo gual 0 escravo & emanci- pado da escravidio), suas potencialidades criadoras se opdem, 20 final triunfando sobre as estruturas de dominagio, de exploragdo ou excla- slo que pesam sobre 0 povo. © poder do povo (a hiperpotentia, novo poder “dos de baixo”) torna-se primeiro presente no comeso, por sta extrema vulnerabilidade e pobreza; mas, 20 final, é a forca invencivel dda vida “que quer-viver": Vontade-de-Vida que & mais forte que a morte, injustiga ea corrupgio. 1051) UTOPIA, PARADIGMAS OU MODELO POSS{VEL, PROJETO, ESTRATEGIA, TATICA, MEIOS 11811) © povo, seus movimentos, a lideranga que € abediencal 20 povo, que “durante anos ¢ anos colhemos a morte dos nossos nos campos cha ppanezos [.] Foram nossos passos sem 0 destino, $6 viviamos e mor- ‘famos™, se acordada um dia, diz “Basta!” e fica de pé, Irompe na historia por sua prixis de libertagdo, Mas essa agio tem uma logica, cexigéncia, especialmente orientadas pela principio politico entice de factibilidade. O possiel se coloca diante de aparentes impossbilidades priticas que teri de subverter.A praxis de ibertacio exige principios, coeréncia fortaleza até a morte, pacigncia infnita (como a de nossos povos originirios durante 500 anos enfientaram os H. Cortés, Pizarto ‘ou Almagro, até o triunfo de Evo Morales) #2 Rosa Luxemburgo tem um belo texto a respeito da estratégia con~ tia 0s “reformistas” que nio tém “princs jos” (ou “teoria”: quem 1 Marx, Tis ob Fee, 1 (Max, 1956, MEW, 3, . 53). 2"Entamo ours ver 3 hisri”, mensagem do EZLN em La Jona (México). 2 Ae fevereizo (1998) 8 16 PrAxis De tinesra¢A0 Dos movinntos soctts x wottnicos possi hoje uma teoria aceitivel depois da crise da ideologia do socialismo real?) (Os princpios do socialism [..] impéem i nossa atividade mar- os estos (fete Schnke), eanto em referéncia aos fins a aleanga, ‘como a0s meics de Iuta que se aplicam, efinalmente a0s modos de Juta[..] naturalmente,os que procuram s6 0s éxitos prticos logo esejam ter as ios les, quer dizer separar a privis da tora leia- 05 prnpios), para atuar independentemente del 11:0 Hi, entdo, diversos niveis que devem ser levados em conta na prixis critica, nti-hegeménica (que enftenta, assim, “bloco historico no poder") ~resultado de muitos momentos prévios: nivel A, 11 do es quema 10.1 tus Em primeiro lugar, o horizonte mais longinguo, que podemos cha- mar de u6pico (quando se imagina descrtvamente um estado de coisas), ou mais corrtamente postlado pot 17.3), tal como 0 do Férum Social Mundial: “Outro mundo é possvel”” Ou aquele «que enuncia:“Um mundo onde caibam todos os mundos!” Parecem ito vatios, mas sio a condigio de possibildade de todo o resto. Sema espe (io estudada por Ernst Bloch) de um faturo que teré de se tornar possvel, no hi prixis critica libertador. E neces imagina eraivamente que “Sim, € possivel!” para mudar as cos Quer dizer, deve-se ter presente afirmativamente sempre a potetas 2 (a estruura institucional fate que estari a servigo do pve) que indica exe pélo utépico. 0 mie C, 4-5 do exquema 10-1 a3») Eur segundo lugar, na pritica politica ou na teoria, var-se esbogando tum paradigm ou modelo de tansformajao posivel,o qual nio é simples € fecqiientemente leva tempo, por iso nio pode ser delineado sempre deaalhadamente. Diante da democracia liberal, 0 Estado benfeitor ou ‘© keynesinismo econdmico(estruturas stuadas em diversos campos), ante as democracias de tansigio ma América Latina (dee 1983) due geraram uma “clase politica” que feqiientemente se corrompe, deve formular um “paradigma” ou um*“modelo” noo de ampla par- ‘icipacio, de hegemonia popular, de idenidade nacional (em especial 3 Lanenburg, 1965, 90-1. 128 4 Bloch, 197 nos paises pés-coloniais ou periféricos), de defesa dos interesses eco némicos dos mais débeis (feivindicagdes que sio impossveis de ser cumpridas por um capitalismo neoliberal de estratégia globalizadora como dominacio e espoliagio das nagGes subalternas), de renova da efcitncia administrativa que se fundamente em um novo “pacto social” (¢, além dso, em novas constituigSes que permitam novas cestruturas de um Estado transformado), 11516] Em terceio lugar, em um nivel ainda mais conereto,é necessiio tra. balhar sobre um prjeto de transformagies factiveis (nivel A, 7 do esquema (8) Tanstomagio (Bay Tantomazies print (80) Tastomaporabeal (eos) 12m) Ness sentido, em certos grupos de exquerda peni-se que aguee que tio afinma a posibildade empirica e aual da rvolugio & um refor- mista, O que acontece é que os processs revlucionios na hist~ ria humana duram séculos para se apresentac E verdade que podem ser prepatados,adiantados, mas dentro de limites de tempo limitados. Pensar que hoje 2 América Latina se encontra em um conjuntura a ee 20 Tass s rottnica revolucionaria, como aconteceu com a Revolugio cubana (porque as Revolugdes do Chile com S. Allende ou do Sandinismo na Nicarigua, Por exemplo, fracassaram por uma mudanga da stuacio geopolitca), ¢ confundir politicamente as coisas, produzindo enganos lamentives, i723) Marx escteve textos que nos ajudam a refletir sobre o tema: ‘A articulagio da mudanga das crcunstancias com a da ativdade hu- ‘mana [..] 6 pode ser concebida ¢ entendida racionalmente como prixis wansfrmado’. Os fl6sofos se limitaram a interpretar 6 mun do de disintos modos;a questio, porém, 6 ransfomlo (verde). 1724) Na tradigio de esquerda do século XX, entendeu-se que uma ativi- dade que nio era “revolucioné era “reformista”. Se asitaagio no ra objetivamente revolucionira dever-c-iam cra por meio de um certo voluntarismo, as condides para que adquirse sua fsionomia revolucioniria. Era um idcaismo politico sob o nome de revolucio, ‘que algummas vezes produzi compromissos extremos em juventudes {que imolaram suas vidas iresponsavelmente. {1725 Por outro lado, o revolucionirio devia usar meios vilentos, produit Por um sao no tempo e de maneia imediata a tansormagio de um sstema econdmico-pottco em outro. socal, democraca era o exein- plo oposo, reformist, pacts, institucional, ee. 11a Pois bem, é tempo de repens radicalmente a questio. Denominare- ‘mos “reformista”a ago que aparenta mudar algo, mas fundamental- ‘mente a insttuigio ¢ o sistema permanecem idénticos a si mesmos. ‘A totaldade do sistema institucional recehe ma melhoria acidenta sem responder 3s nova reivindicagBes populares. | Te ke Ftc, 3 (Mi, 956, MEW 3.9 $0 Ag Mane ps “umusalzende Praxis”. . ~ 2 th, 1 (59) Reino nee ou teal que Fetch com tins prc Gnade mnie fen Tog ue a ibid, 1; p. 533). ae 3 aprons bs Ln acspamsde mora nga de digs ‘pina omg ale ps xn de ec dr oma tn ccnoeco plo erconto upc ne med eta east tempest 0 € ipo, com em apr oe pat eer 4 “Travsronmagio pas strung BES POLITICAS nan A"tansormagio" politic significa, pelo contri uma maudang em vista da inovacio de uma insttuigo ou que produza uma transmuta~ io radical do sistema politico, como resposta is interpelagSes novas dos oprimidos ou excluidos. A trinsformagio se efetua, embors seja parcial, tendo como horizonte uma now maneira de exercer delega- damente o poder (a potestas 2).AsinsituigBes mudam deforma (tas {foam quando existe um projeto distinto que renova o poder do ‘povo. No caso de uma transformacio de todo sistema institucional (2 Revolugio burguesainglesa no século XVII, socilista da China em meados do século XX ou cubana de 1959), podemos falar de revol- ‘io, que « prior & sempre possvel (porque nio hi sistema perpétuo), ‘mas cuja factibilidade empirica acontece alguma ver durante séculos, ‘Acreditar que a revolugio é possivel antes do tempo é tio ingénuo como nio adverts, quando comeca © processo revolucionério, sua empitica possiblidade. A hst6ria amadurece com um ritmo objetivo {que ni entra necessariamente nas biografias pessozis por mais volun- tariamente que se deseje 1173) Os POSTULADOS POLiTICOs COMO CRITERIOS DE ORIENTAGRO NA TRANSFORMAGAO 1173110 tema dos “postulades politicos” adquire maior imporeincia em nosso tempo, ita vez que muitos confundem posibilidades logi- cas (0 que pode ser pensido sem contradicio) com as posibilidades empiricas (0 que efetivamente pode ser realizado), Mas, além diso, So necessrias “idsia reguladorss”, que operam como critérios de otientagio para a ago, Ox navegantes chineses se orientavam na noi- te gragas 3 estrela Polar Era um crtério de orientagio, mas nenhum navegante tentava chegar empiricamente 3 estrla, porque era em- piticamente impossive Em politica hi “postlados politicos" ~que Kant desenvolveu em seus tabalhos posteriors& Crea dojuze- que ppodem nos iluminar a respeito de questBes mal expostas por uma etema esquerda, um tanto anarquista 133 Um “postulado politico”, repetindo, é um enunciado logicamente pensive (posivel),porém impossvel enpirzamente, que serve de orien tayo para a aio, Em cada wa das esferas insitucionais mestraio a existéncia © conveniéncia de propor certos postulados, mas nlo s€ rr deve confundi-los com fins para a agio, porque & imposivel empiria- ‘mente, Deve-se recordar aquilo de postular uma “sociedade sem clas. ses”. £ um postulado: tal sociedade & impossi mas 20 tentar superar as classes atuais se descobre a possbilidade de um progreso social que, pelo menos, nega a dominagio do sistema presente (sob a forma de classe burguesa ou operiria) e dé um sentido critico as dominagSes das classes no presente hist6rico. A formulagio do postulado ajuda a tentar dissolver as atuais classes, “aproximar-nos”, assim, da sociedade sem classes (que, como a coincidéncia das linhasassintdticas € imy sivel por definigio). = 17291 Os prinefpios normativos obrigam a subjetividade do politico a cum- prir com as exigéncias dos momentos constitutivos do poder politico, «ha praxis de libertco, das transformagées das insituigdes pelo bem do ovo. Os postulados, que ndo slo principios normativos, judam a orien- ‘ar a présis pata seus fins, para transformar as instituigdes, fixando wm horizonte de impossivel realizagio empirica, mas que abrem win espago de possibilidades priticas mais frente do sistema vigente, que tende a ser interpretado como natwal e nio histérico. Os postulados desempe- ‘nham ma fungio estratégica de abertura para nows posibilidades, lu734 Os postulados, por outro lado, devem distinguir-se dos paradigmas ddos sistemas politicos‘. O paradigm liberal nio é o do Estado ben feitor; o paradigma neoliberal devers, por sua vez, ser substituido zo presente por um novo paradigma alternativo, que no médio prazo (0s proximos vinte ¢ cinco anos) deveria distingui-lo do paradigma no longo prazo (um novo sistema politico em uma nova no cat prazo, 16 ‘TesE 18 ‘TRANSFORMAGAO DAS INSTITUIGOES DA ESFERA MATERIAL. A “VIDA PERPETUA” E A SOLIDARIEDADE (01) © nivel material (“matéria” como contd) & o que se refere sempre em iitima instincia 4 vida. Em A origem da familis, E Engels tem um texto espléndide: ‘A Gkima instincia na interpretagio materials’ da historia € a producio e reproducio da vida imediata(unmitelbaren Leber) [.} de eudo o que serve para alimento, vestimenta, cas [..P. (wa As instituigSes criadas para seproduzic a vida [97.3] também eém. sempre um momento de crise, de desgaste entrdpico, de inversio de sentido. De terem sido eriadss para aumentara vida, comegam a ser parastirias da vida e produzem morte; fetichizam-se. E tempo de | "Materialia no sentido indicdo, quer dizer: 0 come dkimo de odo at hu ‘mana € 4 produsie reproduo eaument da vid empire, meds e conerets do ser humana, 2 Prélogo & primeira edicfo de 1884 (Marx, 1956, MEW, 21, p. 27-28). Estes ts requerimntos i neces isc da vida se encontram no esp. 125 do Lie dev mono do Egito (0 séculor 2) eno resto do Julgamento do findador do ersia- nism (Mat 25,35) Ver Dsl, 1998, 405] eo — transformi-la,substitui-ls, criar as novasinstituiges que respondam 20 novo momento histérico da vida humana global isin TRANSFORMAGOES ECOLOGICAS. A “VIDA PERPETUA” lus] © postulado poitio no nivel ecologico ~campo das relagBes do ser vi- vente humano com seu meio fisico-natural terestee~ poderia enn ciar-se assim: devemos atuar de tal maneita que nossas ages ¢ insti- ‘tuigGes permitam a existéncia da vida no planeta Terra para sempre, perpetuamente!”.A “vida perpétua” é 0 postulado ecoligico-politico fundamental. Sendo isso empiricamente impossvel (porque, embora seja em bilhdes de anos, 2 Terra ji nfo tera mais vida pelo esfiamento do sistema solar), trata-se de um critério de orientacio politico que permite que: a) em toda relago com a term mate (a pacha mama dos ‘quéchuas incas) devem-se usar primeiro recursos renoviveis sobre os nio-renoviveis (como o pettéleo, o gis ¢ todos os metais);b) inovar processos produtivos para que tenham um minimo de efeitos ecol6- gicos negatives; c) privilegiar os processos que permitam recclar todos 0s componentes no curto prazo, sobre os de longo prazo;) contabi- lizar como custos de producio os gastos que se investirem para anular (8 indicados efeitos negativos do proprio processo produtivo © das ‘mercadorias postas no mercado, Como se pode imaginar, isto é uma revolugio muito maior e nunca imaginada no nivel das civilizagSes até agora existentes, tsi] © que foi dito poderia, ainda, ser reformulado mais etitamente da seguinte maneira, 2) A taxa de uso dos recursos renoviveis nio deve superar a taxa de sua regeneracio.b) A taxa de uso dos recursos no renoviveis no deve superar a taxa de invengio dos substitutos re- noviveis.c) A taxa de emissio de poluentes nio deve ser maior que a taxa que permita reciclé-los ~incluindo a inversio do proceso de aquecimento da Terra e suas causas; quer dizer, recuperacio de efeitos nnegativos passados. Neste sentido, poder-se-ia dizer que, por seus © 23 Veremos qu, no sive femal ds legtimidae democrtc, Kant props 0 potsa= lado da pazperpéa”.Analogicamenteetendemon ea hints de trabalho ods as exes (materia, forme ede fcbldade) da politi, 4 Exes gatos ecolgces seri, no fur, maives que todo o cua de produ 28 y “TeansronsuagAo as INSTITUIGOHS DA ESEERA MATERIAL cursos € por seus efeitos negatives, a economia se transforma em um subsistema da ecologia iui) A humanidade viveu politicamente em uma idade de total inconsciéncia sobre 0 risco para a vida de sua intervencio civilzadora sobre a Tera © fogo, mediagdo de todas as mediagSes técnica, alteravia a atmosfera hi sciscentos mil anos pela emissio de anidrido carbénico. A propria agricultura hi dez anos foi final mortal para os bosques produtores de oxigénio, Por iso, quando em 1972 Danella e Dennis Meadows publicaram Os limites do cescimena', a humanidade tomou consciéncia do tema politico central da possibilidade da extinglo da vida em nosso planeta. No erifio 35* desta obra,"Seqiéncia tipo do modelo mundial”, ppuderam antecipar que depois da metade do séeulo XI haveria uma hhecatombe populacional, quando a contaminagio chegasse a sua culmi- na¢io, descendendo 0 processo produtivo industrial. Os descobrimentos posteriores mostraram que a questio era ainda mais grave ¢ acelerada Hoje entrentamos a realidade de uma absolutairresponsbilidade poli- tica (em especial do pais industrial mais poluente do mundo, os Estados Unidos) diante do fato dos efeitos ireversiveisecol6gicos (pelo menos durant os préximos milhares de anos). tst4 A mudanga de attude diane da natueza, que significa uma tansfor- rmagiio no nivel das insttuigdes moderna, enffenta algo muito mais radical que um mero projto sécio-histérico diferente. Com efit, a Modernidade fz 500 anos (da inmasio da América em 1492)- nao foi somente 0 comego do capitalise, do colonialism, do eurocentrismo, ras 0 comeco de um tipo de civlizagio. O eu conguisto de H. Cortés, © eu penso como uma alma sem corpo de R. Descartes, desvalorizou a natureza como uma mera cabepa de gado extenss mecanica, geométrica. ‘A quantidade destruin a qualidade. E necesséria uma rvelgdo ecolégca nunca antes sonhada, por nenhum pensador ainda dos séculos XIX e XX. Nio seri que o capitalism, e ainda o socalismo real, responder, um desprezo da dignidade absoluta da vida em geal, a vida como a prolongacio ¢ condigio de nosso corpo vivente (nas palavras de Marx 5 Meadows, 1972 6 Bid 9135, 19 nos Manusrtos de 1844)? Nio foi o critério do “aumento da taxa de Juco” (no capitalism) ¢ 0 “aumento da taxa de producio” (no socia- lismo real) 0 que levou a0 cataclismo ecol6gico? l0s1s) Trata-se de imaginar uma noo civilizagio tans-modema apoiada em ‘um respeito absoluto & vida em geral,¢ da vida humana em particular, ‘em que todas as outras dimensoes da existéncia devem ser reprogra- ‘madas do postalado da “vida perpétua”. Isso toca todas as institigdes polltizase as pe em exigéncia de radical transformagio. [u83] RANSFORMAGOES ECONOMICS. O “REINO DA LIBERDADE” tis211 © postulado econdmico foi formulado por Marx como 0 “Reino da liberdade”, Poderia ser formulado assim: age economicamente de tal maneira que tenda sempre a transformar os processos produtivos a partir do horizonte do tabalho ze (T™). A economia perfeita nio seria a de uma competigio pefita (como pensa F Hayek), mas sim uma economia na qual a tecnologia tivesse substituido todo o trabalho hhumano (trabalho zero: logicamente possivel, empiricamente impos- sivel). A humanidade se teria libertado da disciplina sempre dura do trabalho ¢ poderia gozar os bens culturais (0 campo subseqilente material [¥18.3)). Lemos em um trecho de O capital (tomo I, cap. 48) cheio de humanismo antieconomicista: (© Reino da liberdade (Reich der Frei) s6 comega onde cess 0 trabalho determinado pela necessdade e 2 adequagio a finalida- des externas [..]: etd além da ef da producio material propria~ ‘mente dita’ Assim como o selvagem deve brigar com a natureza para satsfazer suas necessidades para conser e eproduzir sua vida, também deve fizé-Io 0 civilizado [..J] sob todos os medos de pro- ‘A univeraldade do ser umano aparece ma pss justamente na univeraidade que tornanseres seu corpo inorginico, nto por ser um meio de substénci imedia- ‘o,come por era mati, o objet ¢ o insiumento de sn atvidade wl (.] Que © homem ve da natures quer diver que a atures € seu corpo” (Marx, Mami 1 de 1844;Mars, 1956, MEW, 1, pp 515-516). 8 Ow ses, é um porulado: pensive! lopicament, empircamente impose, criio de orienagio pric, “Tnassronmego AS INSTTUIGDES DA SFERA MUTERUAL dug posivs?.A iberdade [para a cultura] neste terreno s6 pode consist em que © homem socializado, os produtores associados, regulem racionalmente" ese seu metabolismo com a natureza ppondo-o sob seu controle comunitrio (gemeinshaftiche), em vez de ser dominados por ele como por um poder cego [do capital] que © realizem com 0 minimo emprego de fons sob as condiges mais dignas e adequadas a sua nature2a humana”. Mas este sempre continua sendo um reino de necesidade™. Além do qual comesa © desenvolvimento das forgas hamanas [eulturis],considerado ‘como um fim em si mesmo, 0 verdadeiro Reino da liberdade (J [A redusio da jornada de trabalho a condigio bisica!® iia] A finalidade da economia é a vida humana, o que se deve obter no ‘menor tempo possivel de uso da mesma vida (“redugio da jormada de trabalho”), € nfo, 20 contririo, aumentar a jornada de uns (que soffem), deixar sem trabalhos outros (que morrem na pobreza) ¢im- por como finalidade da economia a acumulagio crescente de lucro, imolando com iso a humanidade (vtima ca miséria) ea vida naTerra (pelo problema ecol6gico"). © limite absolute do capital ¢ da Idade 9 Tamhém no socio, ¢ sind em outro stem posterior mais doemolib que pds oxguiaarse 10 Bas raconaliago de manera nenbuma pode serum planglamenro pa (posta- lado fo do soca rea, orgie nio 6 ¢impoivel empricament,mas também, se orients para uma tal negago do merado, demecesri, que 0 desi produsindo lores efit). planejamento deve sera minuma ea necesra para cumprie 0 te ‘qerimento que Marx enunca 2 segue 11 Esecontole”ugee ua interven no mercado, pradentom vita do ert que se indica note, 120 eritéio€ nin empeego” de tba, de vida human, 13 Aqui ent em jogo sua fang, o& princpios normatives da economia ¢ 2 police inertbeados,prtndo ds digsidade ds nauters humana, 0 criério absoluto de tode socnativdade. Marx jg fits desde principion normtios e desde postlados de orientacto 14 Ou sea empiricamenteo postlado sabe de ss impose na realdade con- eta, mato formula come um eritia de orienta (ama "idea egulador") 15 Mars, 1956, MEW, 2, p. 828d, Siglo XXII, vl 8, p. 1044, 16 0 prblems ecolico 230 & um problema de tecnologia (que produe cont ‘minagio), mat sim um problema econdmico do eapal.O cnténo do aumento de smal celitva conse em implementr melhor tecnologia para redair 0 val Moderna, que cumpriram 500 anos, ¢ por iso a exigéncia de uma passagem a uma nova Idade da humanidade, consiste na extingio da espécie humana sob a forma de um suicidio colevo, nos dois aspec~ tos indicados(miséra e destruigio ecoldgica) {0k20) Em outra palavras,a transformacio das institwigBes dos sistemas eco némicos (do campo econdmico) cai sob a responsabilidade da politi- a assim que cruzam o campo politico (¢ seus sistemas institucionais coneretos) ¢ distorcem todos 0s momentos da politica (0 cidadio miserivel nio tem condigées politicas de autonomia,liberdade,res- pponsabilidade exigidas por seus direitos; a extingdo da vida € o fim absoluto da politica, evidentemente). A interenjio nos sistemas do campo econémico & parte da fungio politica (contra o “economicis~ ‘mo de mercado” do sistema capitalista¢ do sistema politico liberal"), se se tver clareza a respeito da impossibilidade do mereado de produ- ir equilbrio e justiga para todos, evitando a acumolagio de riqueza ‘em miios de poucos ¢ aumento de pobreza nas grandes maiorias. O cstudo ea implementagio de uma renda no trabalhista por dirito de cidadania deveriaimpor-se a todas as familias de um Esado™ (0824) O principio normativo que rege ainervengio nas operagSes e institai- «es do sistema econdmico (hoje capitalist) deve ser sempre que a pro~ ugio,reprodugZo e aumento da vida humana éo critério que avalia © bo produto unio, que na ananins, pelo menor pro, desbangue os capias oponenes Mas dt eitio de subsungioteenlbgia no proceso produto no & colbgico (a melhor teenologia para a "ids perp” na Tera) mat sim econémico ‘pitt bata imedits do valor do prodste).A tecnologia dsutva da eclogt {fra dene eittio mot deeuider de vids: compettria eave capitals 20 ‘esigécia de aumento a tox de luc. Eee dima & econdmica, io teoleyio. Ver Dane, 1993, pp. 224s. Marc € um magnifico teirico da ecologi, 170 sistema polo fiber (no campo politic) dia insti do meade (pare do sitema capalsa, no campo econémico) ods a eaponsbiidae econd- ‘mice nea, 30 menos em tors, a ulidade da plc em intervie tal sera (€ campo). mercado, como esrutrs de coahecimento para F Hayek, grag 3 eis ‘bis e mara da compeso, ria equilib e save el sro os problemas econémicos.O politico dele A. Smith, nfo deve cometer a sbetba de coloca “do” ast mbit 05a mio do des” providene em ese ditt). 18 idea € que todo cia, pelo to de lo, rcebe uma rend qe he permit vier. E uma possbiidade esudada em detalhe Ver R. Gilbert e D. Raventos, El sutsiio universal garanizad: nots para continua, em iow cot (Barcelona), Invern de 67 (1966-1967) ua le “TeANsronaGHo DAS INSTIUIGDHS OM ESFEEA MarEREA, proceso produtivo e seus efeitos como totaidade, incluindo o mercado, (0s capitais nacionais etransnacionas, o capital financeiro, et. [Eo direito politico a intenenzo nos mad portanto,na interno ‘no poder das burocracasprivads tansnacionais. No se tata de r= viver um planejamento central totalizado, mas sim um planejamento plobal e um direcionamento da economia em seu conjunto”. 11025 Ao mesmo tempo, os movimento sociais, 0 povo, comecou em situ- aces criticas de extrema pobreza produzidas por um ortodoxo "fun~ damentalismo econémico” (como indica ainda G, Soros) neoliberal, a inventar uma “economia solidiria” crescente™. £ uma dimensio a se ter em conta, porque entre os intesticios dos feudos medievais na Europa nasceram as cidades, lugar desprezado e secundirio onde os servos trabalharam com stas mios ¢ criaram uma nova civilizacio, io nos encontraremos em uma situagio semelhante? tina As transformagdes concretas dos diversos momentos do sistema ins- titucional econémico, que sio responsabilidade da politica, devem ser objeto de desenvolvimentos detalhados de um modelo politico « econémico de co-responsailidade com os movimentos partidos, politicos, de seus projetos concretos,¢ com suas propostasestatégicas, © que foi dito apenas situa em seu contexto a questio. (1227 Um critério fundamental que se imp3e necessariamente na América Latina 6 a defesa dos recursos nacionais diante do avango dominador as wansnacionais exttivas, produiva ¢ financeitas, que deixatio ppopulagesinteiras sem recursos fatutos para reproduzir suas vidas.As _geragies faturas nos pedirio a prestagio de contas! Na lua pela gua na Bolivia se constata uma batalha fundamental pela vida, pela vida ‘ua, pela salvaguarla dos drctos de um povo 3 sobrevivénca. Em seu triunfo, runs a vida 19 Hinkclammert-Mora, 2005 Ver, em especial, “Pua una tora del valor-vida- humana” (ap. XIUL5, pp. 377) 20 Ver Luis Razsto Migno, 1982, Empresa de noid y emo de menado,PET, Santiago (Chie), vl 1sdo mesmo 1985, Economia de sliaread y merad demas, PET Suntago, vl 23; Jo Lats Corgi, 2004, La gente oe capital, Deal aly conrad Espacio Eorial, Buenos Aes Hinkeammert-U Dvehrow2008, Lava el capa Alain oe deta lb dea roped, Din, México. ua

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