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00g enauip syodpueyy LANNIOA VIA Vd V4NLTAD V Aang ssunyy VIA Vd VaUNIIN A OLIGO ‘TVIDOS VIO9SA souraped vutcuRso- 2001 ACULTURADA VIDA. VOLUME? -BIODIREITO E CULTURA DA VIDA - Munir Cary Marois ie Prepac Secretar dana Sci Tein Gira ‘Cape ‘Advan Magus Rocha (Composite eerinica "Sar 1G edoragdo teins sol Soi gin irda CrP 28-Cop 05710570 “age Grae Plt) SP SUMARIO © InTRoDUCAO |.UMA ABORDAGEMCONCEITUAL 2.AVIDAEODIREITO 3. ADIGNIDADEHUMANA EODIREITO A.BIOETICABLEL 5,0 QUEE PESSOA HUMANA, 6.4 DIGNIDADE HUMANA, BIOETICA E BIODIREITO CONCLUSKO BIBLIOGRAFIA PERGUNTAS PARA ORIENTAR OESTUDO 24 29 errrovucio ‘A humanidade vem presenciando nas dltimas écadas 0 desenrolar de uma verdadeira revolugao provocada pela biotecnologia e pela medicina que feta, diretamente e a um s6 tempo, diferentes ra- ‘mos do conhecimento humano, trazendo uma série de questionamentos jamais imaginados. O homem ‘passou a interferir em processos até ento monopo- Tizados pela natureza, inaugurando uma nova etapa ‘que poder se caracterizar pelo controle de determi nados fendmenos que escapavam ao seu dominio. [As técnicas de reprodugio humana assistida, © ‘mapeamento do genoma, 0 prolongamento da vida ‘mediante transplantes, as técnicas de alteragdo de ‘sexo, aclonagem ea engenharia genética descortinam de forma acelerada um cendrio desconhecido e imprevisivel, no qual o ser humano é simultanea- mente ator e espectador. Os constantes progressos nesses campos deixam 0s laborat6rios e freqiien- tam diariamente os noticisrios, provocando curiosi- dade, espanto e medo ao cidadio e a sociedade. O {que caracteriza essas préticas € que, tomadas cada vez mais audaciosas, gragas a um desenvolvimento tecnol6gico inusitado, elas envolvem essencialmen- tea Vida humana, ora dominando-a ora cortigindo- 44 de forma integral e de acordo com os interesses envolvidos, fazendo suas fonteiras como se fossemn “aprendizes de De Se de um lado no se deve cercearo progres: $0 centfco, de outro € de todo indspemsvel que osavangos observer valores maioes ene os 4 se destaca a dignidade humana. © ponto de equ, brio e harmonizagdo entre essa duasnecessiades, aparentementeconfitantes hide ser encontrado pla ica e pelo Direto. Tal tarefa de inicio a cargo da Filosofia, que de pronto deicou-the uma desta Areas, a Biotic, de imediato exigiu a atuagio si muitanea do Direito que, igualmente, destinou-the campo proprio, ainda em formacio ~o Bidieio" ‘Reet c ce ais Ta Mor De srr Dison Epc Tia Saclpado ‘inci nn an oom ea 1 srs aria pi codon 3 ‘Nayvedsbop,dtnucnopdemaion” 6 1, UMA ABORDAGEM CONCEITUAL, E certo que 0 termo Biodieito tem sido alvo de critica, em virtue de poder ensear significado Aambiguo, O vocdbul traia em sia nog limitada do Ditto volta & vida (bio), dando anogio er rOnea de que existe algum ramo do Direito que nfo © seja. A evidéncia, 0 Direito € sempre voltado & vida homana, porquanto sun razdo de ser 6 0 ho- rem, Logo, Biodisto nfo sri o melhor termo a exprimir a idsia que nele deve conter. Tver, Jusbiologa traduzisse melhor, ou ainda Dircito Biomédico; fat € que oneologismo Bioireito con- sagrou-se e, mais importante da que a questo terminoligica, 6 admitir-heo devidoespago como citncia Talreconhecimento implicant acctagiode seu objeto bem definido, que é a fundamentaglo e Pertinéncia das normas juridicas, de mancira a adequé-las aos princpiose valores relativs vida 8 digidade humanas wazidos pela Exc’ Fate momento de configurao de um Dieta voltado para os problemas biogticos © que deve atender principio prsprios e diferenciados, coincide com o reestruturar das normas juridicas, hotadamente no fimbito tadicionalmente privado, no qual, dentro do natural desenrolar do processo his. \rico, © ser humano passa a ser a razio ¢ o fim ‘timo e tnico do ordenamento juridico. AA titulo de exemplo, podemos mencionar 0 efeito revolucionsrio do exame de DNA, que veio a estruir a incerteza da paternidade biol6gi 49 mesmo tempo, levou 0s juristas a reavaliarem a {questo da patemnidade aetiva, até entio inimaginsvel, ‘Vem se fixando intemacionalmente a nogio de que enitor e pai nao é necessariamente coincidente, sob ‘ fundamento de que “genitor, qualquer homem po- tente pode ser, bastando manifestar eapacidade ins- ‘rumental para gerar; pai, a0 contririo, & mais que ‘mero genitor, podendo até se confundir com genitor, ‘mas vai além da mera nogao de repro sa linha é 0 pensamento de SULLEROT, para quem “procriar nio basta para ser pai, mesmo se 0 ho- ‘mem reconhece ser 0 genitor de uma crianga’. A patemidade e a filiagdo, enquanto repousam sobre 0 ato da procriagio, tém, seguramente, um compo- “EVELYNE SULLEROT, ues pes ac Par ims ga one he nente biolégico, mas nio € 0 tnico e nem pode ser ‘© mais importante perante 0 Direito, visto que " ireito da filiagdo nio é somente o direito da filiagio biolégica, mas também o direito da filiagio vivi- da”, ou, como assevera GERARD CORNU, “o. direito da filiagio & também um direito a vida, a0 interesse da crianga, da paz das familias, das afei- Ges, dos sentimentos morais, da ordem estabelecida, “GERARD CORN; “Dic Ci fii ome 2, p29 A VIDA E 0 DIREITO Considerados esses aspectos, parece-nos opor ‘uno enfrentar um questionamento aparentemente ‘conceptual que exige uma andlise das categorias ju- ‘idicas envolvidas na Bioética, visto que a dicotomia entre pessoas ¢ coisas nio se mostra adequada di- ante da complexidade dos novos fendmenos, A sim sendo, devemos tomar 0 ser humano como ponto, de partida de qualquer reflex na esfera juridica, na ‘medida em que as questées bioéticas, considerados 0s principios de valorizagao e preservago da vida fhumanas, para ele convergirio na relagdo espago & tempo compreendlida entre seu principio e fim, vale dizer, entre 0 seu nascimento e mort. ‘Tomando-se o inicio da vida e sua preserva so psicofisica, alguns fatos the sio diretamente correlatos, entre os quis, o dreito a vida, a ver a questo do aborto e o descarte de embr ‘© nascimento, ou seja, © momento em que surge © sujeito de dircitos, trazendo todo © questionamento acerca da personalizagao ou niio do embriiio huma- ‘no; a reprodug#o humana, desde toda sua comple- xidade para de terminagdo, em alguns casos, dos rem mi ah aioe ate vo Odeo AP nculos de familia, até direitoao fil: elonagem hhumana;odretoa sade, em toda sa abrangénci, desde a prevengio e controle de doengas até 0s transplantes de Grgios e tecidos. Por out lado, consideradoo fim da vida, a mort, resatando ser fato que guarda evident interdependéncia com os anteriores, temos a determinago do momento da more etamibém as condigdes em qu essa pode se realizar, compreendendo a eutanésa Fendmenos distintos e com to diferentes r- sultados, se observados sob a éticajurdic, pas- sam por indagagdes cujas respostas serio determinantes no encaminhamento ds possiveisso- Tugoes: o emir humano, em sua fase inci, € pessoa ou coisa? admissvel 0 desea, on se, f destrigao de embrides no uilizados elas én cas de reprodugio assistida? E razodvel admitir a ering de emiideshumanos apenas para foreci mento decéulas tronco para fins erapéuticos? ‘Oconjunto de prncipios e egras que se cons- stvamem normas gers que devem eger de mane ra abrangente toda ntvidade de aplicago, nterpe~ tagioeelaboragi de les sobre quests de boda, deve ter como fonte a Constituigho da Repsblica 3. A DIGNIDADE HUMANA E 0 DIREITO Orespeito a0 ser humano traduz o fundamen- to ético que requer toda a norma juridica propria de um Estado de Direit. No Brasil, a Constituigio Federal de 1988, dlestaca-o tino seu artigo 1°, inciso III, ao estabe- lecer: “Antigo 1°- A Repaiblica Federativa do Bra- sil, formada pela unido indissolivel dos Estados e ‘Municipios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demoeritico de Direito e tem como funda- ‘mentos: 1 — a soberania; Il ~ a cidadania; I — a dignidade da pessoa humana; IV — 08 valores sociais do trabalho ¢ da livre iniciativa; V — 0 pluralismo politico”, ‘Tendo em vista a supremacia constitucional sobre todas as demais normas juridicas, & de se ressallar que todo o tecido normativo constitucio- nal, no mesmo plano hierdrquico © infraconstitucional, deve conformar-se ¢ condicionar-se aos ditames da Constituiglo’, cujos Prinefpios constituem o suporte axiolégico a har- ‘monizar todo o sistema, GUSTAVO TEPEDINO, “Din mam ec ju pv, ‘9-Tos de DtCn:Rone an, Rea 19% p66 n Interpretaro fat cientifico a partir de uma pers- pectiva integral do ser humano nao 6, poranto, uma. tarefa a se realizar somente segundo a consciéncia individual daquele que decidiré o conflito existente. A dignidade da pessoa humana, como elemento fundante do Estado Democritico de Dieito, impo reconhecer que “a interpretagdo das normas juridi- ‘cas, ainda que importe sempre na sua recriagio pelo Juiz, nio resta submetida ao Tivre-arbitrio do magis trado ou dependente de sua exclusiva bagagem éti- ‘co-cultural, encontrando-se definitivamente vincula- da aos valores primordiais do ordenamento juridi- Com a finalidade de apontar normas disciplinadoras da biotecnologia, eabe indagar igual: ‘mente “a que" e “a quem” cla serve, delimitando em «que medida & voltada ao alcance do bem comum, ‘res na 9. 4. BIOETICA E LEL Em matéria de Bioética e Biodircito, em todo 0 ‘mundo fala-se num vazio judi do de uma catéstrofe, Com efeito, sem lei, nada esté fora da lei e tudo & possivel. Porque seriam necessis leis sobre estas mate Porque o Direito implica valores, Queiramos ou ndo, esta conclusii & inevitivel. Nilo se pode ter um conjunto de leis que nao repou- se sobre certos valores. No minimo sobre certos valores dominantes na sociedade, No entanto, evidenciando que o assunto & extre- ‘mamente complexo, alguns especialista!! entendem, ue os grandes principios do Direito Civil sao sufi- cientes para regulamentar as situagées, Se formos. legiferar, acrescenta o ilustre professor da Universi: dade de Toulouse I, & preciso ser muito prudente, dando & matéria grandes prinefpios sem querer tra tar detalhadamente todas as quests. como se tratan- Ae Deiter, 9 pst eine Mw No aguardo de uma posigdo firme ¢ objetiva do, Iegislador, a maioria dos paises tem recortido as re- ‘gulamentagées alternativas, ora representadas por ‘c6digos de deontologia profissional, ora regulamen- tos impostos por associagdes, ou ainda orientagdes dos comités de ética!, Estas regras nfo tém a mes- ‘ma natureza, mas se apresentam todas como alter- nativas de uma legislagao estrita. Resta saber qual é ‘seu valor, sua legitimidade e pertinéncia. Ascriticas ‘que se levantam contra estas altemativas baseiam-se na sua falta de cogéncia, podendo ser facilmente contoméveis e, portanto, no permitem atingir 0 objetivo visado, além de serem antidemocraticas, visto que impostas por determinados segmentos pro- fissionais sem representatividade de todo 0 corpo social. ‘Tudo indica que uma legislacao suficientemente ‘maledvel, mas firme, deve ser criada para controlar ¢ regulamentar questes que, de ha muito, esto a cexigir uma normatizagdo da sociedade. Com efeito, nunca a intervengao de uma legislagio foi tio dese- juda quanto atualmente, mas, contraditoriamente, te- ‘mida pelos juristas, cientistas, médieos e moralistas Reta pia me ang Oh Com ae trae nesingee pin mas steno oa flog ene rs eee de omens, 1s que se preocupam com a multiplicagio de situagoes totalmente fora das normas geradas por téenicas cada vvez mais sofisticadas da vida e da morte, E esta defasagem entre 0 real ¢ 0 ideal, entre 0 vivenciado e 0 desejado nos langa no terreno da diivida, de onde 0 caos ¢ a amarga sensagio de impoténcia que acompanha irremediavelmente 0 Homem nesse inicio de século, E a divida nos conduz a outro tipo de indaga- ‘sd0: que normas devem ser criadas?? No dominio biol6gico, o dislogo entre Ftica e Direito apenas comegou. Por ser interdiseiplinar, seu propésito nao é convencer, mas sim propor enfoques complementares. A sua recepsio € marcante nos textos constitucionais. Consiste em uma série de valores considerados fundamentais ¢ sua protegiio juridica € assumida pelo Estado, que incluiu entre nds a consideragio a vida, & dignidade do homem, 8 liberdade, ete., pedras estas basilares da bioética ‘moderna’ ‘Ssh Deco ea epee 6 5. O QUE E PESSOA HUMANA Finalmente, algumas consideragées devem ser feitas a respeito do conceito juridieo de pessoa hu- ‘mana, tendo em vista os dilemas do comego e do fim da vida, ou ainda as questoes de cessio de ér- ios ou partes do corpo humano, Diante da le, todo ser humano é pessoa, Em certas culturas do passado, alguns seres hu- ‘manos ndo desfrutavam de personalidade juridica, como os escravos, as mulheres ¢ 0s estrangeiros. No Direito Romano, por exemplo, o escravo era tratado como coisa, tinha prego e nao dignidade. principio da dignidade da pessoa aparece in- dicado, ora como prinefpio da personalidade, ora como prinetpio da individualidade e nos obriga a um compromisso inafastavel: 0 do absoluto inrestrito respeito& idemtidade ed integridade de todo ser humano, Isso porque todo homem 6 sujeito de direitos, ndo sendo, jamais, objeto de direito to menos, objeto mais ou menos livremente ‘manipulivel s bioeticistas devem ter como paradigma o res- peito a dignidade da pessoa humana, que, como vi- ‘mos anteriormente, é 0 fundamento do Estado De- mocritico de Direito (Constituigio Federal, artigo 1% II € 0 ceme de todo o ordenamento juridico. " Na realidad, a pessoa humana e sua dignidade constituem o fundamento e fim da sociedade e do Estado, sendo 0 valor que prevalecera sobre qual- «quer tipo de avango cientfco e tecnol6gico. Con- seqilentemente, nio poderio bioética e bidireito admitrcondata que venhaa edie a pessoa huma- na condigdo de cosa, retrando dela sua dignidade ec odieito a umn vida digna Sizmfictivas so as palavras de GEBLER de que ‘odireito deve acctaras deseobertascemtficas cuja utilizagao nao se demonsie contra natureza do hhomem e de sua dignidade. 0 direto, como a biologia, parte da observagio dos fats. Devem ignoraraseiéncias td 0 que estiver em detrimento do homem’"*, E necesséra, potanto, a imposigfo de limites & rmodema medicina reconhecendo-se que 0 respeito a0 ser human em todas as suas fases evolutivas (antes denascer, no naseimento, no vive, no softer «© no morrer) 56 é aleangado se se estiveratento dignidade humana {ORE AFONSD Da SILVA, “Gn Dic Costco Po ‘Sin ey Tn, 190 le 93. 18 & acatado intemacionalmenteo principio segun- doo qual orespeitoa vida humana digna, paradigm binético, deve estar presente na ética © no cordenamento juridico de todas as sociedades hi- mmanas “Dacia taagi ao Reweae Contin Temiana 19 6. DIGNIDADE HUMANA, BIOETICA E. BIODIREITO Com o reconhecimento do respeito a dignida- de humana, a bioética eo biodireito passam ater um, sentido humanista, estabelecendo um vinculo com ajustica s direitos humanos, decorrentes da condigo humana e das necessidades fundamentais de toda pessoa humana, referem-se a preservagdo da inte- ‘gridade e da dignidade dos seres humanos e a plena realizagio de sua personalidade. A bioética ¢ 0 biodireito andam necessariamente juntos com os di- reitos humanos, nfo podendo, por isso, obstinar-se ‘em nio ver as tentativas da biologia de manterem injustigas contra a pesssoa humana, sob a miiscara modernizante de que buscam 0 progresso cien ‘em prol da humanidade. ‘Todos os seres humanos, desde os aplicadores do dircito até os médicos, os bidlogos, os geneticistas © 0s bioeticistas devem intensificar sua luta em fa- vor do respeito a dignidade humana, sem acomoda- ‘gbes e com muita coragem, para que hajaefetividade dos direitos humanos. A conscincia destes é a maior Conquista da humanidade, por ser 0 Gnieo camino para uma era de justica, solidariedadee respeito pela, liberdade e dignidade de todos os seres humanos. A bioética ¢ 0 biodieito estio inseridos nessa conguista, por serem. instrumentos valiosos para a recuperago dos valores hhumanos. Por outro lado, o direito & vida, por ser essencial a0 ser humano, condiciona os demais direitos da perso- nalidade. A Constituigio Federal de 1988, em seu artigo 5°, assegura a inviolablidade do dieito & vida, ou seja, ‘integralidade existencial, consequentemente, a vida é tum bem juridicotutetado como direito fundamental by sico desde a concepeao, momento especifica, compro- ‘vado cientificamente, da formagao da pessoa humana, Seassim é,a vida humana deve ser protegida contra tudo e contra todos, pois é objeto de diteito personalissimo. O respeito a ela e aos demais bens ou direitos correlatos, decorre de um dever absoluto, por sua prépria natureza, a0 qual a ninguém é Ieito desobe- Acer, Ainda que ndo houvesse tutela constitucional a0 direito vida, que, por ser decortente de norma de direito natural, édeduzida da natureza do ser humano, egitimaria, aquela imposigd0 erga omnes, porque o direito natural 6 ‘© fundamento do dever-er, ou melhor, do direto positive, ‘uma vez que se baseia num consenso, cuja expressio maxima & a Declaragio Universal dos Direitos do Homem, fruto concebido pela consciéneia coletiva da humanidade civil a ada. esse sentido, a vida humana é amparada dicamente desde o momento da fecundagdo natural ‘ou artificial do 6vulo pelo espermatoz6ide (Codigo Civil, artigo 2° e Cédigo Penal, artigos 124 a 128). direito & vida imtegra-se a pessoa até 0 seu Sbito, abrangendo o direito de nascer, 0 de continuar vivo eo de subsisténcia, mediante trabalho honest (Constituigdo Federal, artigo 7, ou prestagio de alimentos (Constituigio Federal, artigo 5°, LXVII,e 229), pouco importando que seja idosa (Constitui- gio Federal, artigo 230), nascituro, erianga ou ado- lescente (Constituigio Federal, artigo 227), porta- dora de anomalias fisicas ou psiquicas (Constitui- glo Federal, artigo 203, 1V, 227, pardgrafo 1°, 1D, que esteja em estado de coma ou haja manutenca0 do estado vital por meio de processo mecéinico, ou seja, em quaisquer condigées ou circunstincias. n © CONCLUSAO Assim sendo, se nfo se pode recusar human dae 20 bérbaro, 40 ser huinano em coma profun- do, com maior razto wo embrito e ao nascturo. A vida humana é um bem anterior a0 dirito, que a ondem juridica deve respetar. © dirio a respeito da vida no € um direito a vida, Esta nfo € uma concesso jurdico-estatal, nem tampouco um die to de uma pessoa sobre si mesma, Logo, no ha como admit lctude de um ato que oefe a vida humana, mesmo sob o consenso de seu tur, por aqueeste io vive somente parasi uma ver que deve amprirsua missdo na sociedadeeatingr seu aper feigoamento pessoal Garantido esto dreto vida pela norma cons- tiucional em clausula petrea (antigo 5°), que & intocvel, pois contra ela nem mesmo hi o poder > emendar, Dat conter uma orga paralisane total de toda egislagio que, expicita ou implicitamente, ver a comtraréla, por forga do artigo 60, panigrato da Constiuig Federal No mundo aval deverthaver uma tomada de conscincia pela mais primi e indectinavel dos direitos, que 6 0 do respeito pela vida humana. £ dover da fanvia, da socedade edo Estado assegu- rarainviolabitidade do dveit a vids, pois qualquer zB atentado aeleestaria civado de inconsttucionalidade, ‘Trata-se de um bem juridico de tamanha grandeza ‘que deve ser protegido contra a insinia coletiva, que reconiza a legalizagdo do aborto, a pena de morte a guerra, criando-se normas impeditivas de prit cas de crueldades intteis e degradantes. Finalmente, o direito a vida é protegide por ‘normas juridicas ¢ apresenta ubiqiiidade, por existit em qualquer ramo do Direito, Além de ser garantida pelas normas consttucionais, ecebetutela civil, pois, artigo 2° do novo Cédigo Civil resguarda os direi- tos do nascituro desde a sua concepeiio e protege 0 dircito a existéncia (Cédigo Civil, artigos 1694 a 1710), ‘A vida também recebe protegio juridico-pe- nal, uma vez que so punidos os homicfdios sim- ples (Cédigo Penal, artigo 121) ¢ qualificado (artigo 121, parggrafo 2", o infanticidio (artigo 123), 0 abor- {o (artigos 124 a 128) ¢ o induzimento, instigagio ou ANTES DE TUDO 0 SER HUMANO. “Nao viva nesta terra ‘como um estranho ‘ou como um turista na natureza, Viva neste mundo ‘como na casa do seu pal creia no trigo, na terra, no mar, mas antes de tudo creia no ser humano. Ame as nuvens, 0s carros, 0s livros, mas antes de tudo ame o ser humano. Sinta a tristeza do ramo que seca, do astro que se apaga, do animal ferido que agoniza, mas antes de tudo, sinta a tristeza e a dor do ser humano, Que Ihe déem alegria, todos os bens da terra: ‘a sombra e aluz Ihe dem alegria, as quatro estagdes the déem alegria, mas sobretudo, a miios cheias, Ihe dé alegria o ser humano!” NAZIM HIKE BIBLIOGRAFIA + BARROZA, HELOISA HELENA, Temas de Biodireto ¢ Biostica, BA, Renovar, 2001 CORNU, GERARD, Direito Crit, DINIZ, MARIA HELENA, 0 Bvtado Atual do Biodireto, A. Saraiva, 2002. MONTEIRO, WASHINGTON DE BARROS, Cur- 0 de Direio Civil, Fa, Saraiva, 1958, MONTORO, ANDRE FRANCO, Introducdo & Ciencia do Direito, Ba, Revista dos Tribunals, 1995, » NERY, ROSA MARIA DE ANDRADE, Nogdes Preliminares de Direito Civil, Bd, Revista dos Tribunals, 2002. 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