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QUESTIONARIO DE PERSONALIDADE DE EYSENCK - FORMA REVISTA (EPQ-R): BREVE REVISAO DOS ESTUDOS DE VALIDADE CONCORRENTE Pedro Armelim Almiro! & Mario R. Simées* (Universidade de Coimbra) INTRODUCAO A validade, que constitui um aspecto central na avaliag&o psicolégica, € definida por Messick (1989) como um julgamento avaliativo integrado sobre o grau em que os dados empiricos ¢ as teorizages apoiam a adequacao e a aplicabilidade das inferéncias e das acces baseadas nos resultados dos testes (ou noutras formas de avaliagao). Com efeito, a validade nao é uma propriedade do instrumento em si, mas antes um atributo dos seus resultados em reflectir, de modo consistente, 0 constructo que pretende medir. Existem trés principais tipos de validade a considerar no estudo de um instru- mento de avaliagdo psicolégica: a validade de contetdo, a validade de constructo ea validade de critério (Messick, 1995). Contudo, no presente trabalho, iremos focalizar-nos apenas no ultimo tipo, mais concretamente nos estudos de validade concorrente efectuados com 0 Questiondrio de Personalidade de Eysenck— Forma Revista (EPQ-R). Importa referir, a propésito, que as distingdes teéricas de vali- dade sao algo artificiais, na medida em que todos os tipos de validade reflectem os | Bolseiro da Fundagio para a Ciéncia e a Tecnologia (SFRH/BD/37970/2007). Doutoran- do em Avaliagao Psicolégica na Faculdade de Psicologia e de Ciéncias da Educagao da Universidade de Coimbra. Membro do Centro de Psicopedagogia da Universidade de Coimbra (Unidade 1&D da Fundago para a Ciéncia e a Tecnologia). E-mail: psi.armelim22@yahoo.com. 2 Servigo de Avaliagdo Psicologica. Faculdade de Psicologia e de Ciéncias da Educagao da Universidade de Coimbra, 101 diferentes aspectos da mesma (Messick, 1980, 1995). A validade de critério (também denominada por validade empirica referen- ciada a um critério externo) pode ser examinada através do grau de correspondéncia que € possivel obter, utilizando o método da correlagdo, entre as pontuagdes obtidas no instrumento de medida e a realizagao dos sujeitos em critérios externos associa- dos ou dependentes da dimensao psicolégica que esse instrumento avalia (Messick, 1980, 1995; Nunnally & Bernstein, 1994; Almeida & Freire, 2003). Quando 0 critério considerado consiste nos resultados obtidos em instru- mentos que medem constructos semelhantes, estuda-se a relagao entre o desem- penho do instrumento de interesse (neste caso o EPQ-R) e o desempenho noutros instrumentos (medidas do critério), cuja validade seja empiricamente reconhecida (Pasquali, 2003). A validade de critério subdivide-se em dois tipos de validade, em fungio do momento de aplicagdo dos instrumentos: a validade concorrente, que pode ser examinada quando o teste e a(s) medida(s) do critério so aplicados no mesmo mo- mento de avaliagao, ¢ a validade preditiva, que envolve a aplicagao do teste e da(s) medida(s) do critério em momentos de avaliacao distintos. Em ambos os casos, os objectivos primordiais sao confirmar a posi¢éo nomolégica do novo instrumento e fornecer uma base empirica que permita efectuar inferéncias a partir dos seus resultados (Messick, 1980, 1995; Simms & Watson, 2007). MODELO P-E-N: CONSIDERAGOES EM TORNO DO CONCEITO DE PER- SONALIDADE A personalidade € conceptualizada por H. Eysenck como uma organizagao mais ou menos estavel ¢ perdurdvel do “caracter”, do “temperamento” e dos “as- pectos intelectuais e fisicos” do sujeito, que determinam o seu ajustamento tinico ao meio ambiente. As dimensdes de personalidade sao os elementos basicos da estrutura de personalidade e consistem, essencialmente, em factores disposicionais que a determinam de modo constante e persistente. Por sua vez, as dimensdes resultam do agrupamento de tragos de personalidade relacionados entre si (H. Bysenck & M. Eysenck, 1985; H. Eysenck & S. Eysenck, 2001). O Questiondrio de Personalidade de Eysenck — Forma Revista (EPQ-R; Eysenck Personality Questionnaire — Revised), que se baseia neste conceito, foi construido em 1985 por S. Eysenck, H. Eysenck e Barrett e avalia as trés dimen- sdes (factores) fundamentais da personalidade: o Psicoticismo (P), a Extroversdo (E) e 0 Neuroticismo (N); este questionario contém ainda uma escala de Mentira/ 102 Desejabilidade Social (L). A Extroversdo € uma dimens&o/factor que se organiza num continuum que abrange dois pélos. Num pélo, encontra-se a personalidade extrovertida, que engloba caracteristicas como a sociabilidade, vivacidade, assertividade, espontaneidade, optimismo, procura de actividades excitantes, entre outras. No outro pélo, a per- sonalidade introvertida, descrita pela introspecgiio, inibigao, cautela, preferéncia por actividades solitarias em vez do relacionamento social, entre outras. O mesmo acontece com a dimensio/factor Neuroticismo que se organiza em dois pélos: o da personalidade neurética ou instavel, caracterizada pela ansiedade, tensio, irritabilidade facil, hiper-preocupagéo, depressdo, sentimentos de culpa, baixa auto-estima, tristeza, emotividade, e o da personalidade estavel, expressa pela serenidade, controlo, boa disposicao. Por ultimo, a dimensao/factor Psicoticismo é representada pelos tragos de personalidade de hostilidade, egocentricidade, rigidez, impulsividade, baixa em- patia, insensibilidade aos sentimentos dos outros e criatividade (H. Eysenck & M. Eysenck, 1985; H. Eysenck & S. Eysenck, 2001). EPQ-R: PROPRIEDADES PSICOMETRICAS OEPQ-R tem demonstrado, através de intumeros estudos, a sua reconhecida importancia e utilidade na avaliagdo da personalidade em diversos contextos de intervengao psicoldgica (Nias, 1986; Hood & Johnson, 1997; Kline, 2000; Ortet, Ibéfiez, Moro & Silva, 2001, in H. Eysenck & S. Eysenck, 2001). Este instrumento € constituido por 100 itens distribuidos por quatro escalas: a escala P, com 32 itens; a escala E, com 23 itens; a escala N, com 24 itens; e a escala L, com 21 itens. O EPQ-R foi originalmente estudado por 8. Eysenck, H. Eysenck e Barrett (1985) numa amostra inglesa de 902 sujeitos (408 homens e 494 mulheres). Através da andlise factorial exploratéria (andlise em componentes principais com rotagdo Direct Oblimin) foram extraidos os quatro factores — P, E, N e L-, e os indices de consisténcia interna (alfa de Cronbach) atingiram .78 para a escala P, .90 para a escala E, .88 para a escala N e .82 para a escala L, nos homens, e .76 para a escala P, .85 para a escala E, .85 para a escala N e .79 para a escala L, nas mulheres. Os autores do EPQ-R construiram também uma outra verso do questionario, a Versio Reduzida do Questiondrio de Personalidade de Eysenck— Forma Revista (EPQR-S; Eysenck Personality Questionnaire Revised— Short), que contém 48 itens: 12 itens na escala P, 12 itens na escala E, 12 itens na escala N e 12 itens na escala L. O seu estudo evidenciou coeficientes alfa de .62 para a escala P, 88 para a escala 103 E, .84 para a escala N e .77 para a escala L, nos homens, e .61 para a escala P, 84 para a escala E, .80 para a escala N e .73 para a escala L, nas mulheres. As propriedades psicométricas positivas do EPQ-R foram reproduzidas em intmeros estudos realizados na Europa e um pouco por todo o mundo, nomea- damente no que respeita a sua estrutura factorial e consisténcia interna (cf. a este Propésito as revisdes de Barrett & S. Eysenck, 1984; Barrett, Petrides, S. Eysenck & H. Eysenck, 1998). Em todos os paises em que o EPQ-R foi estudado, a anilise factorial identificou invariavelmente solugdes de quatro factores —P, E,NeL. Por exemplo, nas versdes italiana (n=553) (San Martini, Mazzotti & Setaro, 1996), espanhola (n=1110) (Ortet, Ibafies, Moro, Silva & Boyle, 1999) e alema (n=610) (Ruch, 1999) do EPQ-R, essa estrutura factorial foi reproduzida. Também nestas vers6es, a preciso, estudada a partir do método da consisténcia intema (alfa de Cronbach), do método de teste-reteste e do método de biparticao, apresentou bons indices (de acordo com 0 critério de DeVellis, 1991), oscilando entre: .70 € .82 para a escala P, .80 e .90 para a escala E, .82 e .88 para a escala N, ¢ .73 e .86 para aescala L. EPQ-R: ESTUDOS DE VALIDADE CONCORRENTE Depois de terem sido apresentadas, de modo resumido, as principais caracteristicas psicométricas do EPQ-R em termos de preciséio e de validade de constructo (estrutura factorial), iremos focalizar-nos no objectivo do presente trabalho, expondo seguidamente os mais importantes estudos de validade concor- rente (validade de critério) efectuados com este instrumento. Nos referidos estudos, foram utilizados varios questiondrios de avaliagao da personalidade —o Inventdrio de Personalidade de Eysenck (EPI), 0 Inventdrio da Personalidade NEO Revisto (NEO-PLR), 0 Zuckerman-Kuhlman Personality Questionnaire (ZKPQ-III-R), as Karolinska Scales of Personality (KSP), 0 Dutch Personality Questionnaire (DPQ), 0 Five-Factor Personality Inventory (FFPI), 0 Big Five Inventory (BFI), 08 Goldberg's 50-Bipolar Adjectives, 0 Temperament and Character Inventory (TCI), ¢ 0 Tri-dimensional Personality Questionnaire (TPQ) —e outras medidas de personalidade* — 0 Inventdrio de Estado-Traco de Ansiedade (STAD, a Escala de °A propésito da interpretagao dos indices de precistio de um instrumento, DeVellis (1991) considera que o valor do alfa de Cronbach & “inaceitavel” se for inferior a .60; “indesejével” quando se situa entre .60 € .65; “minimamente aceitivel” entre .65 ¢ .70; “respeitavel” entre .70 e .80; “muito bom” entre 80 ¢ .90; os valores do alfa de Cronbach superiores a .90, por seu turno, podem ser indica- tivos de uma homogeneidade “exagerada” dos itens do instrumento. “A designagao “outras medidas de personalidade” remete para os instrumentos que avaliam aspectos mais especificos da personalidade (¢.g., a ansiedade-trago, a desejabilidade social, a impul- sividade) e nfo a estrutura da personalidade como acontece com os questiondrios de personalidade. 104 Desejabilidade Social de Marlowe-Crowne (MCSDS), 0 Sensitivity to Punishment and Sensitivity to Reward Questionnaire (SPSRQ), as escalas Emotionality-Activity- Sociability-Impulsivity (EASI), a Sensation Seeking Scale (SSS), 0 Impulsivity, Venturesomeness and Empathy Questionnaire (IVE) e 0 Dickman'’s Impulsivity Inventory (DI) ~, como critério de validagdo externo. A validade concorrente (validade de critério), que é objecto de analise no presente trabalho, constitui um importante indicador da utilidade pratica deste instrumento de avaliag4o da personalidade (cf. Messick, 1980; Simms & Watson, 2007). EPO-Re EPI No estudo de aferigao e validagfio da versio alema do EPQ-R (102 itens), Ruch (1999) estudou, numa amostra de 134 sujeitos, a validade concorrente entre este instrumento ¢ 0 Inventdrio de Personalidade de Eysenck (EPI; 57 itens; H. Eysenck & S. Eysenck, 1964; versao portuguesa, Vaz Serra, Ponciano & Freitas, 1980) —que contém as escalas de Neuroticismo (N), Extroversdo (E) e Mentira (L) (Forma A e Forma B). Deste modo, Ruch (1999) obteve as seguintes correlagdes entre o EPQ-Rea Forma A do EPI: para a escala N, .84 com a EPI-N, -.35 com a EPI-L; para a escala E, .77 com a EPI-E, -.30 com a EPI-L; para a escala P, .34 com a EPI-E, -.34. com a EPI-L; e para a escala L, .72 com a EPI-L, -.39 com a EPI-E. Entre o EPQ-R e a Forma B do EPI, as correlag6es atingiram: para a escala N, .82 com a EPI-N, -.33 com a EPI-L; para a escala E, .73 com a EPI-E; para a escala P, .34 com a EPI-E; e para a escala L, .69 com a EPI-L, -.36 com a EPI-E. No que diz respeito as correlagdes entre o EPQ-R e as Formas A e B (totais) do EPI, Ruch (1999) observou os seguintes coeficientes: .87 para as escalas N, .80 para as escalas E, .36 entre a escala P do EPQ-R e as escalas E da Forma Ae B do EPI, e .80 para as escalas L. Este estudo mostra a grande similitude que existe entre as dimensdes de Neuroticismo dos dois instrumentos — 0 EPQ-R e o EPI (Forma A e Forma B) —, uma vez que as correlagdes obtidas sdo elevadas (oscilam entre .82 e .87) (ver 0 critério de Cohen, 1988)°. Tal como as escalas N, também as escalas L de ambos Enquanto que estes aspectos mais especificos da personalidade se referem aos tragos de personalidade, a estrutura da personalidade designa a conjungiio organizada desses tragos e que constituem as dimen- sbes de personalidade (cf. H. Eysenck & 8. Eysenck, 2001; Matthews & Deary, 1998), “De acordo com o critério de Cohen (1988) sobre a intensidade das correlagées, o valor do coeficiente considera-se “fraco” quando se encontra entre .10 e 30; “moderado” entre 30 ¢ .50; € “elevado” entre .50 ¢ 1, nas correlages positivas; do mesmo modo, o coeficiente é considerado “fraco” quando se situa entre -.30 e -.10; “moderado” entre -.50 e -.30; e “elevado” entre -1 ¢ -.50, nas correla- des negativas, 105 os testes de H. Eysenck parecem avaliar constructos semelhantes (correlagdes elevadas, entre .69 ¢ .80). Todavia, em relagio as escalas de Extroversdo, embora estas também avaliem constructos muito semelhantes (correlagGes elevadas, entre .73 © .80), existe alguma proximidade entre a Extroversdo avaliada pelo EPI e 0 Psicoticismo examinado pelo EPQ-R (correlagdes moderadas, entre .34 ¢ .36). Numa investiga¢ao realizada por Rocklin e Revelle (1981) como EPle com a anterior versio do EPQ-R, o EPQ (Questiondrio de Personalidade de Eysenck; 90 itens; H. Eysenck & S. Eysenck, 1975; verso portuguesa, Castro Fonseca, S. Eysenck & Sim@es, 1991), demonstrou-se que, ao contrério da escala E do EPQ, a EPI-E € simultaneamente uma escala de sociabilidade e de impulsividade. Este foi © facto que ter levado H. Eysenck e S. Eysenck a construirem 0 EPQ, revendo os itens das escalas N, E e L, e acrescentando uma outra escala, a escala P. Nesta tltima escala, foi incorporada a impulsividade (entre outros tragos de personalidade), que anteriormente era estimada pela EPI-E. Com efeito, Ruch (1999) replicou os resultados obtidos por Rocklin e Rev- elle (1981), que explicam as correlagdes moderadas entre as escalas E do EPl ea escala P do EPQ-R (entre .34 e .36), e o facto das correlagdes entre as escalas E de ambos os instrumentos, apesar de elevadas (entre .73 ¢ .80), serem um pouco inferiores as correlagdes verificadas entre as escalas N (entre .82 e .87, nas quais se pode considerar a existéncia de uma sobreposigao de constructos). EPQ-R e KSP Na adaptagao espanhola das Karolinska Scales of Personality (KSP; 135 itens; Af Klinteberg, Schalling & Magnusson, 1986) —este instrument avalia quinze dimensies de personalidade: Ansiedade Psiquica, Ansiedade Somdtica, Psicastenia (falta de energia), Culpa, Tensdio Muscular, Socializagdo, Separacdo (distancia), Impulsividade, Evitamento da Monotonia (procura de sensagdes), Inibigéo da Agressdo, Agressdo Indirecta, Agressdo Verbal, Irritabilidade, Desconfianga ¢ Desejabilidade Social —, Ortet, Ibéfies, Llerena e Torrubia (2002) realizaram um estudo de validade concorrente com 0 EPQ-R (83 itens). As correlagdes obtidas (ver 0 critério de Cohen, 1988), com base numa amostra de 208 sujeitos, apenas foram significativas (p<.001) entre: EPQ-N e as escalas Ansiedade Psiquica (.62), Ansiedade Somdtica (.57), Psicastenia (.57), Tensdo Muscular (.45), Culpa (31) € Socializagéoo (-.31) das KSP (correlagdes elevadas ¢ moderadas); EPQ-E e as escalas de Evitamento da Monotonia (.45), Impulsividade (.36), Separagdo (-A5), Ansiedade Psiquica (-.37) ¢ Inibigdo da Agressdo (-.31) das KSP (correlagdes mod- eradas); EPQ-P e as escalas de Impulsividade (.42), Evitamento da Monotonia (.40) 106 e Socializagdo (-.35) das KSP (correlagdes moderadas); e EPQ-L e as escalas de Desejabilidade Social (.50) e Evitamento da Monotonia (-.36) das KSP (correlagao elevada e moderada, respectivamente). Esta investigago revelou uma convergéncia entre os constructos avaliados pelo EPQ-R e pelas KSP, nomeadamente entre a dimensao de Neuroticismo e as escalas das KSP relacionadas com a ansiedade/emotividade negativa, como é 0 caso das escalas que remetem para a ansiedade psiquica e somatica, e para a psi- castenia (coeficientes elevados, entre .57 e .62); 0 mesmo aconteceu com a escala que avalia a tens4o muscular, que é um aspecto da ansiedade somatica (coeficiente moderado de .45). Constatou-se também que a dimensdo de Psicoticismo avalia constructos relacionados quer com a impulsividade, quer com a agressividade. Por sua vez, a dimenstio Extroversdo, mede alguns aspectos relativos a impulsividade. Os resulta- dos obtidos por Ortet ¢ colaboradores (2002) sugerem que a escala L se apresenta, em parte, como uma medida de desejabilidade social. EPQ-R e NEO-PI-R, FFPI, BFI, Escalas de Goldberg, ZKPQ-IN-R e DPQ Em Espanha, Aluja, O. Garcia e L. Garcia (2002) efectuaram um estudo de validade concorrente, aplicando os seguintes instrumentos de avaliagaio da personalidade: o EPQR-S (48 itens); 0 Inventario da Personalidade NEO Revisto (NEO-PI-R; 240 itens; Costa & McCrae, 1992; verso portuguesa, Lima, 1997), que avalia as dimensGes de Neuroticismo (N), Extroversdo (E), Conscienciosidade (C), Amabilidade (A) ¢ Abertura a Experiéncia (O); 0 Zuckerman-Kuhlman Personal- ity Questionnaire (ZKPQ-III-R; 99 itens; Zuckerman, Kuhlman, Joireman, Teta & Kraft, 1993; Aluja, O. Garcia & L. Garcia, 2002; em fase de adaptagio para a popu- lado portuguesa), que caracteriza as varidveis Neuroticismo-dnsiedade (N-Anx), Actividade (Act), Sociabilidade (Sy), Agressdo-Hostilidade (Agg-Ho), Procura Impulsiva de Sensacges (Impulsive Sensation Seeking) (ImpSS) e Infrequéncia (Inf); e os Goldberg's 50-Bipolar Adjectives (Goldberg, 1992), constituidos pelas escalas de Estabilidade Emocional (G-Emo), Extroversdo (Surgency) (G-Sut), Conscienciosidade (G-Con), Amabilidade (G-Agr) e Intelecto (G-Int). A amostra utilizada para o efeito incluiu 429 sujeitos (167 homens e 262 mulheres) e as correlagdes obtidas foram significativas (p<.001). Para a escala N, os coeficientes de correlagdo atingiram .80 com a ZKPQ-N-Anx, .77 com a NEO-N, -.70 com a G-Emo (correlagées elevadas), ¢ .31 com a ZKPQ-Agg-Ho (correlacao moderada). Para a escala E, .77 com a NEO-E, .74 com a G-Sur, .64 com a ZKPQ- Sy (correlagdes elevadas), .41 com a G-Int, .34 com a ZKPQ-ImpSS, .33 com a 107 ZKPQ-Act, 33 coma NEO-O, e .30 coma G-Com (correlagdes moderadas). Para a escala P, 57 com a ZKPQ-ImpSS (correlagaio elevada), .33 coma ZKPQ-Agg-Ho, -.47 com a NEO-C, -.44 com a G-Agr, e -.31 com a NEO-A (correlagées modera- das). Para a escala L, .43 com a NEO-C, .35 com a G-Con, e .32 com a NEO-A. (correlagdes moderadas). No estudo da adaptagao espanhola da versio reduzida do ZKPQ-III-R (69 itens), a partir de uma amostra de 1006 sujeitos (367 homens e 639 mulheres), Aluja, O. Garcfa e L. Garcia (2003) obtiveram correlagdes significativas (p<.01) com o EPQR-S, entre EPQ-N e ZKPQ-N-Anx (.81), EPQ-Ne ZKPQ-Agg-Ho (.36), EPQ-E ¢ ZKPQ-Sy (.66), EPQ-E ¢ ZKPQ-ImpSS (.33), e EPQ-P e ZKPQ-ImpSS (.53) (correlagdes elevadas e moderadas). Estas correlagdes foram muito similares as obtidas neste mesmo estudo com uma versao do ZKPQ-III-R (89 itens) construida por Romero, Luengo, Gémez-Fraguela e Sobral (2002): EPQ-N e ZKPQ-N-Anx (81), EPQ-N e ZKPQ-Agg-Ho (.36), EPQ-E e ZKPQ-Sy (.69), EPQ-E e ZKPQ- ImpSS (.37), e EPQ-P ¢ ZKPQ-ImpSS (.56) (correlagdes elevadas e moderadas). Na Holanda, Barelds e Luteijn (2002) estudaram a validade concorrente do EPQ-R (101 itens) com 0 Dutch Personality Questionnaire (DPQ; 132 itens; Luteijn, Starren & Van Dijk, 2000) — considerando as escalas de Neuroticismo, Ansiedade Social, Auto-Estima, Domindncia, Rigidez, Hostilidade e Egoismo—,e 0 Five-Factor Personality Inventory (FFPI; 100 itens; Hendriks, Hofstee & De Raad, 1999) — que avalia as dimensées de Estabilidade Emocional (ES), Extroversdo (E), Conscienciosidade (C), Amabilidade (A) e IntelectolAutonomia (I/A). As correlacées obtidas entre o EPQ-R ¢ o DPQ, com base numa amostra de 1000 sujeitos, foram significativas (p<.001): entre EPQ-N e DPQ-Neuroticismo (78), EPQ-N e DPQ-Auto-Estima (-.55) (correlagdes elevadas), EPQ-N e DPQ- Ansiedade Social (.44), EPQ-N e DPQ-Rigidez (.31), e EPQ-N e DPQ-Hostilidade (.30) (correlagdes moderadas); entre EPQ-E e DPQ-Ansiedade Social (-.70) (cor- relagao elevada), EPQ-E e DPQ-Domindincia (.48), e EPQ-E e DPQ-Auto-Estima (43) (correlagdes moderadas); entre EPQ-P e DPQ-Rigidez (-.33); ¢ entre EPQ-L e DPQ-Rigidez (.35) (correlagées moderadas). Numa amosira de 2000 sujeitos, as correlacdes foram também significativas (p<.001): entre EPQ-N e FFPI-ES (-.70) (correlagaio elevada), EPQ-N e FFPI-E (36), e EPQ-N e FFPE-I/A (-.34) (correlagdes moderadas); entre EPQ-E e FFPI-E (.76) (correlagao elevada), EPQ-E ¢ FFPI-I/A (.47), e EPQ-E e FFPI-ES (.31) (cor- relac¢des moderadas); entre EPQ-P e FFPI-C (-.35) (correlac&o moderada); e entre EPQ-L e FFPI-A (.51), e EPQ-L e FFPI-C (.50) (correlagdes elevadas). Rodriguez-Fornells, Lorenzo-Seva e Andrés-Pueyo (2001) obtiveram resul- tados similares na adaptacdio espanhola do FFPI, numa amostra de 350 sujeitos. As 108 correlagées entre as pontuagdes no FFPI e no EPQ-R foram significativas (p<.01) para as escalas: EPQ-N e FFPI-ES (-.70), EPQ-E e FFPI-E (.69), e EPQ-P e FFPI- V/A (31) (correlagdes elevadas e moderadas). Por sua vez, Aziz e Jackson (2001) estudaram a validade concorrente entre 0 EPQ-R € 0 Big Five Inventory (BFI; 44 itens; John, Donahue & Kentle, 1991), que avalia as dimensées Neuroticismo (N), Extroversdo (E), Conscienciosidade (C), Amabilidade (A) e Abertura a Experiéncia (O) (as mesmas dimensées do NEO-PI-R), numa amostra de 135 sujeitos paquistaneses (com dominio da lingua inglesa). Os autores obtiveram correlagées significativas (p<.01) entre: EPQ-E e BFLE (.58), EPQ-N e BFI-N (.54), EPQ-P e BFI-A (-.64) (correlagdes elevadas), e EPQ-P e BFI-C (-.47) (correlagéio moderada). O NEO-PI-R, o FFPI, 0 BFI ¢ as Escalas de Goldberg sao alguns dos in- strumentos de avaliagdo da personalidade que se enquadram nos Modelos de Cinco Factores®. As investigag6es anteriormente apresentadas sugerem uma confluéncia entre os constructos avaliados pelas dimensdes de Neuroticismo e de Extroversdo do NEO-PI-R e do BFI — bem como a escala de Extroversdo de Goldberg — e as dimensdes Neuroticismo e Extroversdo do EPQ-R. Tal facto é constatavel a partir das correlagdes obtidas entre ambas, que sao na generalidade elevadas (coeficientes entre .54 e .77 para as escalas N do NEO-PI-R, do BFI e do EPQ-R, e entre .58 e .77 para as escalas E do NEO-PI-R, do BFI e do EPQ-R). O mesmo acontece com as escalas de Estabilidade Emocional do FFPI e de Goldberg, que avaliam os constructos exactamente opostos ao Neuroticismo, ¢ cujas correlagdes com a EPQ-N sio elevadas, mas negativas (coeficientes de -.70). Por seu turno, a dimens&o de Psicoticismo do EPQ-R avalia constructos opostos as escalas de Amabilidade e de Conscienciosidade do NEO-PI-R, do BFle do FFPI, bem como 4 escala de Amabilidade de Goldberg (coeficientes moderados e elevados que oscilaram entre -.31 ¢ -.64). A escala L aparece também associada as medidas de conscienciosidade e amabilidade. Em relagao ao ZKPQ-III-R, existe uma forte correspondéncia entre a escala de Neuroticismo-Ansiedade ¢ a dimensao de Neuroticismo do EPQ-R (coeficientes elevados, entre .80 e .81) e, de forma mais moderada, entre as escalas de Socia- bilidade e Actividade do ZKPQ-III-R ¢ a dimensio de Extroverséo do EPQ-R Estes modelos emergem de diferentes conceptualizagGes teéricas que se unificam através dos seus instrumentos, na medida em que existe uma grande correspondéncia entre as dimensGes por cles avaliadas, Além das suas estruturas factoriais serem similares (todos estes questionérios avaliam cinco dimensdes de personalidade), também os constructos medidos por estes instrumentos tém de- monstrado uma enorme proximidade, nuns casos, ¢ até alguma sobreposig#o, noutros. Embora cada instrumento tenha as suas particularidades, as cinco dimensdes de personalidade avaliadas so comuns entre o NEO-PL-R, o FFPI, o BEI e as Escalas de Goldberg (cf. Lima, 1997; Aziz & Jackson, 2001). 109 (coeficientes moderados e elevados que oscilaram entre .33 e .69). A dimensao Procura Impulsiva de Sensagdes do ZKPQ-III-R, que mede a impulsividade, aparece associada a dimensto de Psicoticismo (correlagées elevadas, entre .53 ¢ -57) e, de modo moderado, associada 4 dimensao de Extroversdo do EPQ-R (cor- relagdes moderadas entre .33 ¢ .34); verificou-se esta mesma relacao na pesquisa de Ortet ¢ colaboradores (2002) com as KSP (ver rubrica 3.2.). A escala de AgressGo- Hostilidade do ZKPQ-III-R, que avalia a agressividade, encontra-se relacionada, de modo moderado, quer com a EPQ-P, quer com a EPQ-N. No que respeita ao DPQ, apenas as dimensées de Neuroticismo e de Ex- troversdio do EPQ-R parecem medir os mesmos constructos que este questiondrio de personalidade: N os mesmos que as de Neuroticismo e Ansiedade Social, e E os mesmos que as de Domindncia e Auto-Estima; a escala de Auto-Estima esta relacionada com a EPQ-N, negativamente, bem como a de Ansiedade Social com aEPQE. EPQ-R, TCl e TPQ Nos Estados Unidos, Zuckerman e Cloninger (1996) estudaram a vali- dade concorrente do EPQ-R considerando como critério externo as pontuagdes no Temperament and Character Inventory (TCI, 125 itens; Cloninger, Przybeck, Svrakic & Wetzel, 1994) — constituido pelas escalas Procura de Novidade (NS; Novelty Seeking), Evitamento de Dano (HA; Harm Avoidance), Dependéncia de Recompensa (RD; Reward Dependence), Persisténcia (P), Auto-Controlo (SD: Self Directedness), Cooperativismo (C) e Auto-Transcendéncia (ST) — numa amostra de 207 sujeitos. As correlagées significativas (p<.01) foram de: 59 entre EPQ-N e TCI-HA; -.45 entre EPQ-N e TCI-SD; -.53 entre EPQ-E e TCI-HA; .44 entre EPQ-E e TCL-NS; -.45 entre EPQ-P e TCI-RD; -.42 entre EPQ-P e TCI-C; .41 entre EPQ-P e TCI-NS; -.31 entre EPQ-P e TCI-SD; e .34 entre EPQ-L e TCLC (correlagées elevadas e moderadas). ‘Numa amostra constituida por 897 sujeitos escoceses (347 homens e 550 mulheres), Stewart, Ebmeier e Deary (2005) estudaram a validade concorrente do EPQ-R como Tridimensional Personality Questionnaire (TPQ; 100 itens; Cloninger, 1987) — Procura de Novidade (NS), Evitamento de Dano (HA), Dependéncia de Recompensa (RD). Nas mulheres, as correlag6es foram significativas: entre EPQ-N e TPQ-HA (.64); entre EPQ-E e TPQ-HA (-.56), EPQ-E e TPQ-NS (.53), EPQ-E e TPQ-RD (.34); entre EPQ-P e TPQ-NS (.40); ¢ entre EPQ-L e TPQ-NS (-.34). Nos homens, as correlagdes foram significativas (p<.01): entre EPQ-N e TPQ-HA (.68); entre EPQ-E e TPQ-HA (-.60), EPQ-E e TPQ-NS (.41), EPQ-E e TPQ-RD 110 (.38); entre EPQ-P e TPQ-NS (.55); e entre EPQ-L e TPQ-NS (-.40) (correlagdes elevadas e moderadas) Dada a correspondéncia tedrica entre 0 TCI e 0 TPQ — na medida em que Cloninger construiu 0 TCI a partir do TPQ, mantendo trés das suas escalas acrescentando quatro novas escalas —, as correlagdes obtidas com as dimensdes avaliadas pelo EPQ-R sao muito similares. Como se pode constatar, a escala N do EPQ-R eas escalas de Evitamento de Dano do TCI e do TPQ avaliam constructos proximos (coeficientes elevados de .59 ¢ .68, respectivamente), bem como a escala E do EPQ-R eas escalas de Procura de Novidade do TCI e do TPQ (coeficientes moderados de .44 ¢ 41, respectivamente). EPQ-R E OUTRAS MEDIDAS DE PERSONALIDADE EPQ-R, STAI e SPSRQ Em Espanha, Ortet, Rogla e Ibafies (2000, in H. Eysenck & S. Eysenck, 2001) estudaram a validade concorrente da versao catalaé do EPQ-R (83 itens) utilizando a escala de Ansiedade-Trago (Ans-T) do Inventario de Estado-Trago de Ansiedade (STAI; Spielberger, 1983; versio portuguesa, Silva, 2006) e o Sensitivity to Punishment and Sensitivity to Reward Questionnaire (SPSRQ; Torrubia, Avila, Molto & Caseras, 2001) — que contém as escalas de Sensibilidade a Punigdo (SP) e Sensibilidade 4 Recompensa (SR) —, numa amostra de 80 sujeitos. Os autores obtiveram correlagdes significativas (p<.001) e elevadas (.82) entre as pontuagdes no EPQ-R (N) e no STAI (Ans-T) ¢ moderadas (-.44) entre E eaAns-T. Entre o EPQ-R e o SPSRQ, as correlagdes foram significativas entre as escalas: EPQ-N e SP (.62; p<.001); EPQ-E e SR (.44; p<.001); EPQ-E e SP (-.56; p<.001); e EPQ-L e SR (-.34; p<.01) (correlagdes elevadas e moderadas). Por seu turno, Stewart, Ebmeier e Deary (2005) encontraram correlagdes (p<.01) semelhantes as obtidas no estudo de Ortet, Rogla e Ibafies (2000), com a escala de Ansiedade-Estado (Ans-E) do STAI ¢ o EPQ-R, numa amostra escocesa de 897 sujeitos (347 homens e 550 mulheres): nos homens, os coeficientes foram de .63 entre N ¢ a Ans-E, e de -.34 entre E e a Ans-E; nas mulheres, 0 coeficiente de correlagao foi de .52 entre N e a Ans-E (correlagées elevadas e moderadas). Estas pesquisas relativas a avaliacao da ansiedade através do STAI demon- stram que a dimensao N do EPQ-R reflecte, no essencial, os aspectos estruturais da ansiedade. Isto ¢, apesar de existir alguma relagfo entre N ea ansiedade-estado — até porque os sintomas de uma personalidade ansiosa se confundem com os de um estado de ansiedade —, a sua relago com a ansiedade-traco é claramente mais forte (correlacfo elevada de .82 entre N ea Ansiedade-Trago e correlagées elevadas 111 de .63 e de .52 entre N e a Ansiedade-Estado). Por sua vez, a relagao entre a dimensfo Extroversdo do EPQ-R ea suscepti- bilidade 4 recompensa avaliada pela escala Sensibilidade a Recompensa do SPSRQ que Ortet, Rogla e Ibdfies (2000) encontraram, foi confirmada pela associagao entre aescala E do EPQ-R ea escala de Dependéncia de Recompensa do TPQ na pesquisa de Stewart, Ebmeier e Deary (2005) (rubrica 3.4.). EPQ-Re EASI Nos Estados Unidos, Zuckerman, Kuhlman, Joireman, Teta e Kraft (1993) estudaram a validade concorrente do EPQ-R considerando, como critério externo, as escalas Emotionality-Activity-Sociability-Impulsivity (EASI, Buss & Plomin, 1984), a par de outros instrumentos, numa amostra de 157 sujeitos. As correlagdes (p<.01) foram de .72 entre EPQ-N e EASI-Emotividade, .69 entre EPQ-E e EASI- Sociabilidade, 56 entre EPQ-P e EASI-Impulsividade (correlagées elevadas) ¢.31 entre EPQ-E e EASI-Impulsividade (correlagao moderada). Com base nos resultados desta pesquisa, os autores concluiram que a EPQ-N é uma medida de emotividade, a EPQ-E uma medida de sociabilidade e, em parte, de impulsividade, e a EPQ-P uma medida de impulsividade. EPQR-S e MCSDS Gillings e Joseph (1996) efectuaram um estudo de validade concorrente, numa amostra de 106 sujeitos ingleses, utilizando a escala L do EPQR-S ea Escala de Desejabilidade Social de Marlowe-Crowne (MCSDS; Crowne & Marlowe, 1960). A correlagao de .56 (p<.001) entre as duas escalas obtida pelos autores corrobora os resultados da investigacao espanhola, levada a cabo por Ortet e colaboradores (2002) com as KSP e a escala L do EPQ-R (rubrica 3.2.), apontando a escala L como uma medida de desejabilidade social. EPQ-R, IVE, SSS e DIL Na Alemanha, além da pesquisa realizada por Ruch (1999) com o EPQ-R © 0 EPI (rubrica 3.1.), 0 autor efectuou uma investigagdo sobre a validade concor- rente entre o EPQ-R e 0 Jmpulsivity, Venturesomeness and Empathy Questionnaire (IVE; S. Eysenck, Pearson, Easting e Allsopp, 1985) —constituido pelas escalas de Impulsividade (Imp), Ousadia (Venturesomeness) (Vent) e Empatia (Emp) —numa amostra de 61 sujeitos. As correlagGes obtidas foram significativas entre as seguintes 112 pontuagdes: EPQ-N e IVE-Imp (.53; p<.001); EPQ-E ¢ IVE-Vent (.41; p<.001); EPQ-P e IVE-Imp (.58; p<.001); e EPQ-P ¢ IVE-Vent (.39; p<.01). Torrubia e Muntaner (1987) compararam as versdes da escala P do EPQ e do EPQ-R, associando-as a outras medidas de personalidade. Para o efeito, foram estudados os seguintes instrumentos, numa amostra de 123 sujeitos espanhéis (48 homens e 75 mulheres): a escala P do EPQ (P), a escala P do EPQ-R (P-R), a Sen- sation Seeking Scale (SSS; Zuckerman, S. Eysenck & H. Eysenck, 1978) —com as escalas de Procura de Emocées Fortes e de Aventura (Thrill & Adventure Seeking) (TAS), Desinibiedo (Dis), Susceptibilidade & Monotonia (Boredom Susceptibility) (BS) e Procura de Experiéncias (ES) —, a escala de Impulsividade (Imp) do IVE e aescala de Sensibilidade 4 Puni¢o (SP) do SPSRQ. Os autores obtiveram correlagGes significativas (p<.001) e elevadas entre P e P-R: .86 nos homens e .79 nas mulheres. Todas as outras medidas de personalidade foram correlacionadas com P e P-R. No grupo feminino, a escala P apresentou uma correlagao significativa de .42 (p<.001) com a IVE-Imp, ¢ a escala P-R uma correlagao de .43 (p<.001), também significativa, com a [VE-Imp; a correlagao entre a SSS ea escala P foi de 30 (p<.01). Nos homens, a escala P apresentou correlagées significativas de .37 (p<.01) com a IVE-Imp e a SSS-Dis; a correlago entre a escala P-R e a SSS-Dis foi de .38 (p<.01) (correlagdes moderadas). A validade concorrente do EPQ-R com a SSS também foi estudada por Zuckerman e colaboradores (1993) numa amostra de 157 sujeitos norte-americanos. As correlagées foram significativas (p<.01) entre as seguintes pontuagdes: EPQ-E e SSS-TAS (.33), EPQ-E e SSS (.31); EPQ-P ¢ SSS-ES (.45), EPQ-P e SSS-Dis (43), EPQ-P e SSS-BS (.43) (correlagdes moderadas), e EPQ-P € SSS (.55) (cor- relagdo elevada). Em 2001, no estudo da adaptagao espanhola do Dickman s Impulsivity Inven- tory (DI; Dickman, 1990) — que contém as escalas de Impulsividade Funcional e Impulsividade Disfuncional -, Chico, Tous, Lorenzo-Seva e Vigil-Colet examinaram as relagdes entre o DI e o EPQ-R, numa amostra constituida por 355 sujeitos (163 homens e 192 mulheres). Os coeficientes de correlagdo obtidos foram de magnitude moderada (p<.01): .40 entre EPQ-P e Dil-impulsividade Disfuncional, 33 entre EPQ-P e Dil-Jmpulsividade Funcional, e .40 entre EPQ-E e DIl-Impulsividade Funcional. Como se pode constatar a partir destes estudos, as dimensdes de Psicoticismo ede Extroversdo do EPQ-R encontram-se moderadamente relacionadas (coeficientes entre .30 e .58) com as medidas de impulsividade anteriormente apresentadas: IVE, SSS e DIL. Todavia, enquanto que P comporta os aspectos funcionais e disfuncionais 113 da impulsividade (e.g., a procura impulsiva de sensagdes e 0 baixo controlo dos impulsos, que caracterizam as perturbacées da personalidade), a escala E, apenas avalia os constructos que se referem a impulsividade funcional (e.g., a procura de sensacGes, o espirito de aventura, a espontaneidade). Com efeito, estas correlacdes moderadas e significativas observadas nestas pesquisas eram previsiveis, na me- dida em que 0 Psicoticismo e a Extroversdo nao sao exclusivamente medidas de impulsividade, isto é, a impulsividade constitui apenas umas das caracteristicas da personalidade que € avaliada por estas dimensdes do EPQ-R. Estas relagdes foram também evidenciadas nas investigagdes anteriormente referidas de Zuckerman e colaboradores (1993) com as EASI (rubrica 3.5.2.), nas de Aluja e colaboradores (2002) com a escala Procura Impulsiva de Sensacdes do ZKPQ-III-R (rubrica 3.3.), nas de Ortet e colaboradores (2002) com a escala de Impulsividade e de Evitamento da Monotonia das KSP (rubrica 3.2.), e nas de Stewart, Ebmeier e Deary (2005) e Zuckerman e Cloninger (1996) com as escalas de Procura de Novidade do TCI e do TPQ (rubrica 3.4.). CONCLUSAO -As investigagGes referidas neste trabalho so exemplos representativos dos intimeros estudos realizados com o EPQ-R ao longo das tltimas duas décadas. Os resultados apresentados sugerem a existéncia de qualidades psicométricas s6lidas, que so corroboradas em diferentes paises no que diz respeito especificamente & validade concorrente das pontuagées com este instrumento. Com o enfoque na avaliagao da personalidade, pela analise da relagao entre este teste e outros instru- mentos frequentemente utilizados em diversos contextos, pretendeu-se comprovar com esta revisdo a pertinéncia dos resultados obtidos com o EPQ-R. Tal como refere Messick, a validade assume uma enorme importancia na pratica da avaliagdo psicolégica, na medida em que sao as evidéncias sobre a validade de um instrumento que mostram a adequagio e a aplicabilidade das interpretagdes efectuadas a partir dos seus resultados. Estas interpretagdes tem implicagdes na forma como o psicélogo toma decisdes ¢ implementa estratégias de intervengSo (Messick, 1975, 1980; Garb, 1998; Beutler, Malik, Talebi, Fleming & Moleiro, 2004). A validade concorrente (validade empirica referenciada a critérios externos), que foi objecto de analise no presente trabalho, permitiu verificar a existéncia de relagdes consistentes entre 0 modelo de personalidade proposto por H. Eysenck — Modelo P-E-N —e os modelos de personalidade conceptualizados por outros autores. 114 Em relagao aos estudos efectuados com os referidos instrumentos de avaliagao da personalidade, foi possivel constatar a pertinéncia e a abrangéncia das dimensées propostas por H. Eysenck, na medida em que permitem avaliar uma enorme diver- sidade de tragos de personalidade, organizados por uma ldgica estrutural. No que conceme ds pesquisas realizadas com os instrumentos de uso clinico que medem os constructos de ansiedade e de impulsividade, verificou-se que apesar de nao constituir um instrumento especifico da sua avaliacao, o EPQ-R confere indices de andlise relevantes (P, E e N). Por isso, a sua utilidade em contexto clinico pode ser importante, pois permite enquadrar os referidos tragos na estrutura de personalidade caracterizadora de determinado sujeito. Os resultados dos estudos recenseados neste trabalho com 0 EPQ-R demonstram a utilidade, adequagao e aplicabilidade dos constructos que este in- strumento avalia, e como tal, justificam 0 projecto de realizacao de investigacdes mais sistematizadas em Portugal com este instrumento, conducentes a uma nova adaptagao, validagao e aferigao. Resumo No presente trabalho é apresentada uma revisdo dos estudos de validade, mais especificamente dos estudos de validade concorrente, realizados com 0 Questiondrio de Personalidade de Eysenck — Forma Revista (EPQ-R; H. Eysenck, S. Eysenck & Barrett, 1985), envolvendo 08 resultados noutros instrumentos de avaliagao da personalidade como critério de validagdio externo. Alicergado no Modelo P-E-N de H. Eysenck, 0 EPQ-R (100 itens, na sua versao original) examina as trés dimensdes fundamentais da personalidade definidas pelo autor: 0 Psicoti- cismo (P), a Extroversdo (E) ¢ 0 Neuroticismo (N). Este instrumento inclui também a escala L (Mentira/Desejabilidade Social). Os estudos recenseados neste ambito sugerem que o EPQ-R apresenta boas qualidades psi- coméiricas, legitimando a realizagdo de novas investigagdes em Portugal, de natureza mais sistematica, conducentes a sua adaptacio, validacdo e aferigao. Abstract In the present paper, it will be presented a revision of the investigations made with the Eysenck Personality Questionnaire— Revised (EPQ-R; H. Eysenck, S. Eysenck & Barrett, 1985) about its validity, specifically concerning to its concurrent validity, using another personality tests scores as an external criterion of validation. Based on Eysenck’s P-E-N Model of Personality, the EPQ-R (100 items, on its original version) assesses the three fundamental personality dimensions theorized by the author Psychoticism (P), Extraversion (E) and Neuroticism (N). This test also includes the L scale (LielSocial Desirability). 115 The studies with the EPQ-R presented in this paper have shown the good psychometric properties of this instrument, legitimating the execution of some more investigations, in a more systematic way, for its new adaptation, validation and standardization in Portugal. 116 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ALMEIDA, L.S. & FREIRE, T. (2003). Metodologia da investigagdo em psicologia e educagao (3 ed.). Braga: Psiquilibrios. ALUJA, A., GARCIA, 0. & GARCIA, L.F. (2002). A comparative study of Zuckerman’s three structural models of personality through the NEO-PI-R, ZKPQ-III-R, EPQ-RS and Goldberg’s 50-bipolar adjectives. Personality and Individual Differences, 33, 713-725. ALUJA, A., GARCIA, ©. & GARCIA, LF. (2003). Psychometric properties of the Zuckerman-Kuhlman Personality Questionnaire (ZKPQ-III-R): A study of a shortened form. Personality and Individual Differences, 34, 1083-1097. AZIZ, S. & JACKSON, C.J. (2001). 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