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O TRATAMENTO ORTODONTICO COM grt @iravecas ae RU loterg Horacio Escobar O TRATAMENTO ORTODONTICO ARCO RETO JORGE GREGORET Presidente da Fundacio Gnathos Diretor do curso de especializacao em Ortodontia da Universidade de Belgrano ~ Buenos Aires ~ Argentina, Ex-professor da Cadeira de Clinica Integrada da Faculdade de Odontologia — U.N.R. ~ Argentina. Professor convidado de Mestrado em Ortodontia da Faculdade de ‘Odontologia da Universidade de Barcelona ~ Espanta ELISA TUBER Vice-presidente da Fundacito Gnathos. Co-diretora do curso de especializacio em Ortodontia da Universidade de Belgrano — Buenos Aires ~ Argentina Ex-docente da Faculdade de Odontologia ~ ULN.R. ~ Argentina. LUIS HORACIO ESCOBAR P. Diretor da Gnathos, Centro de Estudos de Ortodontia ~ Madrid — Espanta. Docente do curso de especializagio ent Ortodontia da Universicinde de Belgrano — Buertos Aires — Argentina Priitica prionda — Madrid — Espartha PREFACIO Nosso primeiro livro, “Ortodontia ¢ Cirurgia Ortognatica”, foi escrito com 0 propésito de criar uma ferramenta de apoioa quem se inicia na especialidade em dois temas fundamentais como 0 diagnéstico € 0 plano do tratamento, e de sistematizar os procedimentos destinados a implementé-los. ‘A necessidade de nossos graduados de contar com um guia que desenvolve uma seqiiéncia adequada na inesgotivel diversi- dade de mas oclusées, do inicio até a final- izagio do tratamento, motivam o nascimento deste nosso segundo livro, cujo eixo central & a aparatologia pré-ajustada amplamente co- nhecida como Arco Reto, ‘Sio numerosas as técnicas de Arco Reto utilizadas na atualidade. As diferencas entre mas e outras vao desde o sutil e impercep- tivel ao consideravelmente notavel. Sem ser os autores da técnica, cujo mane- jo descrevemos, como clinicos a temos uti- lizado com éxito durante muitos anos, basea~ dos sempre em uma planificagio sustentada no diagnéstico correto. De todas as que conhecemos é juizo ~ a mais completa, porque incorpora 0 conceito de integralidade do aparelho esto- matognatico aos objetives tradicionais do tratamento ortodéntico, e com ele a oclusio funcional e sua relagao com a ATM, ¢ intro- duz-se também uma nova I6gica nos con- ceitos de estabilidade pés-tratamento. Vale esclarecer que, se bem nés tems preferéncia por alguma prescrigo, nfo cremos quea qualidade de um tratamento passe exch sivamente por esse aspecto. Ele implicaria pen- sar que & um simples apactho, qual aporta a solucio, quando em verdade & o ortodontsta, mediante a aplcaglo ligica de concetos cini- cose implementagio coreta de uma técnica, o que corrige cada caso em particular. E inegavel que algumas ténicas, como a aque aqui descrevemos,respondem com mais exatidao, rapidez e facilidade; qualidades essas que permitem aleangar timos reslta- 4s, reduzindo os tempos de tratamento e de cadeira, e evitando uma quantidade de ma- obras adicionais por parte do operador. ‘A bibliografia existente em relacSo a essa metodologia 6 abundante e de excelente ni- vel, produto do trabalho de inumerévets autores e escolas que tém refletido suas ideas desde os principios da Ortodontia, Deixamos expressamente esclarecdo que todo o desenvolvimento mecinico condensa- do nestas paginas é 0 legado de todos os que precederam-nos, a quem manifestamos nos- So mais sincero reconbecimento. Nao obstante, decidimos nio incluir bi- bliografia, dado que se tentéssemos encurté- Ia, induvidavelmente, cometerfamos exclu- ies injustas; © se pretendéssemos incluir a todas as obras, as referéncias alcancariam tal magnitude que perderiam sua finalidade. Embora existam muitas informagdes, ela se encontra dispersa em capitulos isolados ou faz parte de textos que tratam de outros temas, de resumos de conferéncias, trabalhos clinicos ou diversas publicagies, Isso induz a uma Ieitura assistemstica e, portanto, confu- sa, especialmente a quem nao possui ampla experiéncia clinica Este 60 motivo que nos impulsiona a edi- tar um livro referido fundamentalmente a nossa experiéncia clinica e com o objetivo de aportar um recurso pedagégico enfocado a resolver a mencionada faléncia. O propésito fundamental é embrearmo-nos todos 0s pro- cedimentos necessérios para cada caso, arti culados constantemente © diagnéstico e 0 planejamento. Sabemos que toda mecinica ortodéntica esté baseada em inumerdveis detalhes efinas manobras, motivo pelo qual julgamos im- prescindivel a ilustragio com numerosas imagens, Para isso realizou-se uma cuidado- 52 € exaustiva compaginacio dos graficos com 0 texto. Esse importante complemento facitita a compreensao do leitor e mostra-lhe seqilencialmente © modo de executar cada asso e seus efeitos. Objetivamos os aspectos histéricos da metodologia, as analogias e a confrontacio com outros aparelhos, os fundamentos. e estudos criticos sobre o tema, para referimos pontualmente e com um enfoque prético a sua descrigio, forma de instalagao, ativacao, manejo, controle; assim como a suas cagies, dificuldades e precaugdes. Incluimos um capitulo referide ao trata- ‘mento das més oclusdes em dentigao decidua e mista, no qual descrevemos, em forma mui- to resumida, a aparatologia e os procedimen- tos ortodonticos e ortopédicos destinados a interceptar o desenvolvimento de uma ano- malia, reduzir suas conseqiiéncias € apro- veitar 0 periodo de crescimento que permite melhorar 0 terreno, para que em estégios mais avancacos o tratamento oferesa menos dificuldades ou possa aleangar mais e melho- res objetivos. Temos destacado no texto o referente & aparatologia auxiliar utilizada em combina- fo coma técnica de Arco Reto, a qual ampli notavelmente seu horizonte de possibili dades, facilita intimeras manobras e pc lita outras que nao seriam vidveis se s6 fosse utilizada a aparatologia pré-ajustada, Por ultimo, queremos expressar que nos- so compromisso com a transmissio e o ensi- no da Ortodontia renova-se neste liv, como o desejo ce que ele seja uma ferramen- ta util para 0 ortodontista que pratica essa técnica, facilite seu trabalho e possibilite 0 alcance de methores objetives. Os autores INDICE Capitulo 1 APARATOLOGIA PRE-AJUSTADA Introdugéo Consideragées para a instalagio da aparatologia As seis chaves de Andrews Objetivos funcionais oclusais Localizagao de braquetes e tubos = Localizagao mesiodistal — Posigio vertical —Inclinagio ~ Ajuste da face vestibular Erz0s no posicionamento, da aparatologia Capitulo 2 PRIMEIRA FASE Introducao a seqiiéncia mecanica As fases do tratamento Forgas utilizadas Primera fase Movimentos dentarios na primeira fase ~ Movimentos dentérios na regio anterior ~ Ancoragem reciproca ~ Alinhamento em casos sem extragbes ~ Alinhamento em casos com extragies ~ Oportunidade das extragoes = Movimentos dentérios na regido posterior 3 “4 a %6 26 7 35 36 36 53 3 3 56 60 «0 60 61 8 80 Utilizagio de arco duplo na primeira fase Caninos retidos ~ Técnicas cirdirgicas de abordagem ~ Procetimentos para a tragao Capitulo 3 SEGUNDA FASE Introducio Objetivos da segunda fase Movimentos verticais, Arco utilidade ~ Confeccao ~ Arcos seccionais de estabilizagao = Ativacio do arco utilidade Curva reversa — De seccao redonda ~ De seecio retangular Movimentos sagitais Fechamento dos espagos Arco DKL ~ Ativagio ~ Ancoragem Variantes dos movimentos sagitais — Arcada superior ~ Arcada inferior Ativagio unilateral do arco DKL. Controle das arcadas durante 0 fechamento de espacos Ativacies adicionais do DKL. Arco de protusio 88a x 107 109 7 19 123 124 126 136 138 139 a ua ua 151 152 168 168 178 183 184 185 188 Capitulo 4 ‘TERCEIRA FASE FINALIZAGAO E CONTENCAO Introdugio 195 Procedimentos clinicos ausiiares 196 — Nos modelos montados em articulador 196 ~ Na radiografia panoramica 209 — Na telerradiografia 210 Procedimentos clinicos e mecanicos realizados na terceira fase 210 ~ Alinhamento e nivelamento 210 ~ Controle do torque na arcada inferior 214 ~ Manejo da arcada superior 215 = Controle vertical posterior 215 Elastics intermaxilares 220 Contengio eestabilidade pés-tratamento 223 ~ Fstabilidade dentaria 23 — Establidade ortopédica 23 Tipos de contencia m8 ~ Contenco fixa ms ~ Contengéo removivel 231 Posicionador eléstco 21 Ajuste oclusal 236 — Efeitos terapéuticos do ajuste oclusal 240 Capitulo 5 APARATOLOGIA AUXILIAR Introducao 247 Barra palatina 9 Quadri-hélix 265 Expansor palatino Girador de molares Disjuntor ~ Disjuntor com bandas ~ Disjuntor de adesto direta Mascara de tracio péstero-anterior Forga extra-oral vertical Pendulum de Hilgers ‘Arco lingual Botio de Nance Aparatologia para eliminar habitos ~ Para sucgio digital ~ Para interposigio lingual ~ Combinadas Preparo do modelo de trabalho Capitulo 6 PRE-TRATAMENTO Introdugéo Pré-tratamento em denticio mista ~ Fliminagao de habitos ~ Corregio da estrutura dentoesquelética — Manobras destinadas & erupgio correta dos dentes permanentes = Tratamento de anomalias ortodénticas PPré-tratamento em dentigao decidua Casos clinicos de prétratamento Capitulo 7 CASOS CLINICOS, Exemplos de casos clinicos 281 284 287 289 204. 297 302 304 306 306 305 307 308 313 316 316 318 320 a 205 327 CAPITULO, 1 APARATOLOGIA PRE-AJUSTADA Introducdo. As seis chaves de Andrews Os objetivos funcionais oclusais Posicao de braquetes e tubos INTRODUCAO, A mecinica ortodéntica classica estava bbaseada numa aparatologia que utilizava arcos retangulares com briquetes standard. cujos componentes (corpo, base e slot) tinham uma angulagio de 90 graus entre si. Por essa razio, nfo exerciam sobre os dentes nenhuma acao de inclinagio, torque nem rotagdo. Devido a essas caracteristicas, denominavam-se bréquetes de zero grau. Era indispensével, entio, a manipulagio precisa dos arcos por parte do ortodontista pa- xa conseguir movimentos dentatios que permi- tissem aleancar posigOes corretas. Essa manipu- lagio causava torcdes nos trés sentidos do es- aco ¢ estava sujeita as imperfeigdes das mios do operador. Por causa dessas limitagses, ‘nuumerosos casos eram mal-tratados, outros ter~ minavam com resultados ruins e, outras vezes, apesar de sua aceitavel estética, as bocas fica- vam com um aspecto artticial Desde o principio da Ortodontia, os mais, destacados professores tiveram em mente angular braquetes com a finalidade de provo- car movimentos sem recorrer a ajustes ma- nuais. Essas idéias que comegaram com Edward H. Angle foram desenvolvidas pos- teriormente por outros ortodontistas e, paulati- ‘namente, levaram a incluir inclinagées e angu- 13 lagbes (torque) no slot. Jé na década de 70, 08 trabalhos de Lawrence Andrews deram origem. | primeira aparatologia pré-ajustada disponi= vel comercialmente, Nesse sistema, todos os briquetes tem incorporado em sua estrutura 0 controle tridi- ‘mensional da posicio do dente com um objeti- vo fundamental: reproduzir a posigio dentaria ideal, sem ajustes manuais nos arcos, 0 que di origem a Técnica do Arco Reto. O advento dessa técnica marcou uma grande diferenca em. relagdo ao Arco de Canto standard, modifican- do que poderia considerar-se 0 aspecto mais critico da mecainica, que nas técnicas standard cera conseguir a perfeigao nas dobras dos arcos, ros trés sentidos do espaco, Atualmente, nas téenicas do Arco Reto, 0 aspecto critico da me ‘cinica passa a ser a perfeita colocagao da apara- tologia para conseguir uma étima expressio da informagio que contém. Sem divida, esse pro- cedimento oferece ao operador menos dificul- dade. ‘Mesmo esses aparelhos pré-ajustados ou pré-programados e contendo neles a informa- ‘go para produzir movimentos dentirios pre~ determinados em forma simulténea, desde 0 inicio do tratamento dleve-se ter em mente con- sideragSes cuidadosas de principios mecénicos basicos para realmente obter beneficios de sua utilizagao. 14 _Aparatologia pré-ajustada INSTALACAO DA APARATOLOGIA PRE-AJUSTADA No tratamento ortod6ntico com a apara- tologia pré-ajustada, a selecio da posigio e a colagem de braquetes ¢ bandas & provavel- mente a manobra mais importante. O pré- ajuste de cada um dos tubos e briquetes ou- torga a estes a possibilidade do controle tridi- ‘mensional de cada dente. Portanto, para que a {informacio contida em sua estrutura consiga ‘sua 6tima expresso, 6 necessario selecionar em. cada uma delas o lugar apropriado para a cola _gem/cimentagio. Foram descritos diversos procedimentos para sua colocagio. Como nenhum deles se adaptam a todos os casos, é possivel que quem rio tenha uma sélida experiéncia clinica possa ccometer alguns ertos. No Aparelho de Canto standard, essa loca- lizagio era feita medindo-se a distincia da bor- A da incisal ou oclusal ao centro do bréquete ou tubo. Utlizava-se uma tinica medida e, poste- riormente, (com dobra nos arcos) compensa- ‘vam-se as posigdes que nao estavam aproptia- das. Sob os conceitos do Arco Reto, coma finali- dacle de evitar essas dobras, alguns autores uti- lizaram um sistema de medidas similar, mas individualizado para cada dente. Indicava-se uma medida de 3,5 mm para o incisivo central eo lateral, 4,5 mm para 0 canino, conseguindo, assim, a diferenca entre as bordas incisais dos isivos e a ctispide do canino. A cri sistema baseia-se fundamentalmente em que se dao medidas uniformes para todos 0s indivi- duos e nao se tém em conta as variagoes das alturas coronérias, Dependendo disso, 0s bri {quetes ficario mais para incisal ou oclusal e cexistirIo, portanto, diferengas na posigo den- téria que se obtém com respeito a torque posicdo vestibulopalatina, devido ao diferente Fig. 1.1: A) Um mesmo dente, por exemplo, um incisive central superior, mas com tamanho diferente. Em ambos os casos, cola-se 0 bréquete utlizando como reteréncia uma mesma distancia da borda incisal. Os, slots apresentam torques dilerantes ao apoiar o braquete em superfcies com incinagbes diferentes. B) Com {8 expreseao do torque, observa-se a maior incinacao cbtida pelo dente maior. rai de curvatura que apresentam as faces vestibulares de diferentes alturas (Fig. 1.1) Andrews utilizou o centro da eoroa clinica de cada dente para a colocagio de bréquetes tubos. 530 ¢ muito apropriado, pois a informa- ‘fo da aparatologia baseia-se em medigSes rea- lizadas nessa posicao e, portanto, se conseguiré ‘uma 6tima expresso da mesma (Fig. 1.2). Em muitos casos, € dificil determinar 0 cen- tro da coroa clinica devido a irregularidade das bordas gengivais que podem induzir a erros. ‘Também provoca problemas a existéncia de lentes grandes ou pequenos em relagdo ao res- tante dos dentes da arcada. Iss0 obriga a colo- car alguns bréquetes fora desse ponto ideal pa- +a conseguir o alinhamento tridimensional cor- reto, fundamental para alcangar os objetives funcionais e estéticos (Fig. 13 Ae B), 1.2: Andrews preconiza centro da coroa clin- ‘ca como referéncia para a instalacao da aparato- ‘ogi. Fig. 1.3 A: Diante da presenca de um incisivo late- ral pequeno, a reteréncia do centro da coroa clinica, Pra posicionar o braquete provocard, no final do tratamento, fata de nivelamento das bordas inci sais. Fig. 1.3 B: Com um dilerente posicionamento dos braquetes tenta-se nivelar as bordas incisals para ‘conseguir uma melhor guia incsiva. 16 Aparatologia pré-ajustada Neste capitulo desenvolveremos um méto- do para a colocagio da aparatologia, que a0 critério, éde grande utilidade e minimiza a possibilidade de erros. Para isso, € necessério recordar 0 trabalho de Andrews intitulado “Seis chaves para a oclusio normal”, no qual se descrevem os seis fatores considerados comuns a cento e vinte oclusées normais nao-tratadas ortodontica- mente, Essas oclusdes, perfeitas do ponto de vista anatomofuncional, foram a base para a prescrigéo da aparatologia pré-ajustada. Outro aspecto que se faz imprescindlivel explicar previamente 6 o objetivo que devemos alcancar com 0 caso tratado ortodonticamente e gue tem uma relagio direta com o posiciona- mento dos tubos e briquetes, ou seja, os objeti- vos funcionais oclusais. AS SEIS CHAVES DE ANDREWS No trabalho intitulado “Seis Chaves da (Odusio Normal”, Andrews descreve os ses fa- tores que considerou comuns a cento e vinte ‘oclusées normais nao-tratadas ortodontica- ‘mente, Eram modelos que pertenciam a pacien- tes com oclusdes perfeitas do ponto de vista anatomofuncional que ndo poderiam ser me- Ihoradas com tratamento ortoddntico, Essas caracterfsticas comuns referem-se a Relagao molar = Angulagio ou tip da coroa (mesiodistal) InclinagSo corondtia out tongue (abiolingual) = Rotagies ~ Espago e diastemas Plano oclusal £ necessério, antes de desenvolver as "Seis, chaves da oclusdo normal”, fazer referéncia & terminologia que se menciona nela, Plano de Andrews 0 plano que divide as coroas dos dentes em oclusdo normal na altura de seus pontos EM, ou em caso de um dente isolado, separa porsio ocusal da gengival& altura de EM (Fig, 14). Fig, 1.4: Plano de Andrews. Coroa Clinica ‘A coroa clinica de um dente éa quantidade de coroa vise! intra-oralmente ou em mode- los de estudo. Nas chaves de Andrews, esse conceit se aplica para a denticSo mista tardia cow a permanente (quer dizer, quando os dentes se encontram todos erupcionados) e onde 0 estado gengival 6 saudavel. No caso de existirem recessées ou hipertro- fias gengivais, deve-se considerar, seguindo 0 czitério de Orban, que 6 comprimento da coroa clinica é 1,8 mm menor que o comprimento da coroa anatSinica Eixo maior da coroa clinica (EMCC) Em todos os dentes, éa porgéo mais proem- inente do lobulo central da face vestibular, com excegio dos molares que segue o sulco que se para as cispides vestibulares. Esse eixo pode ser determinado apoiando- se de lado, a ponta de um lapis da gengival até incisal ou oclusal e se visualiza em cada coroa ‘como uma linha reta. Define-se como ponto EM, 0 ponto médio do eixo maior da coroa clinica (Fig 1.5). Aparatoiogia pré-ejustacia 17 Fig. 1.5: Eixo maior da coroa clinica @ ponto EM. Chave 1: Relagéo Molar Andrews define a relagio de classe I molar da seguinte maneira: * A cispide mesiovestibular do primeiro molar superior oclui no sulco entre as clispides vestibulares mesial e média do primeiro molar inferior * A cispide mesiopalatina do primeiro mo- Jr superior assenta na fossa central do pri ‘meiro molar inferior. + A coroa do primeiro molar superior deve ter uma inclinagio, de maneira que a ver- tente distal do rebordo marginal distal ‘oclua sobre a vertente mesial do rebordo ‘marginal mesial do segundo molar inferior. 18 Aparatologia pré-ajustada © primeiro ponto dessa definigao se ajusta& de Classe I de Angle Os dois restantes referem-se aos aspectos que nio $6 definem uma relagio correta entre cles, mas também possbilitam a intercuspida- ‘80 normal dos dentes posicionados a mesial, até o canino (Fig. 16D) Na figura 1.6 A, BeC, observa-se que a falta de inclinagao adequada do molar provoca uma alteracio da relagio de Classe I canina, que seré maior quanto mais vertical for a posigao do molar Fig. 1.6: A relagao molar descrta por Andrews requer que 0 molar superior apresente maior grau de inclinagdo (Fig. D). Fig, 1.7: Valor da incinagio mesiodistal das coroas. Todos os valores so positives ao apresentar a poreo ‘gengivalincinada para distal, CHAVE 2: Angulagao mesiodistal das coroas (TIP) A inclinagio da coroa mede-se entre 0 eixo maior da coroa clinica (MCC) e uma perpen dicular ao plano de Andrews que passa pelo ponto EM (ponto médio do eixo maior da coron clinica), ‘= A porcio gengival do eixo maior da coroa clinica deve estar posicionada na porgio ‘mais distal que a porgdo oclusal. Na figura 1.7, observam-se os diferentes ‘graus de inclinagio das coroas dentarias. Fig. 1.8: A) A inclnacao coronéria adequada pede lum espaga mesiodistal maior. B) Observe-se 0 ca- ino em pasigao verical. 20 Aparatologia pré-ajustada CHAVE 3: Inclinagao labiolingual das coroas (torque) © torque corondrio é medido em graus ‘entre uma perpendicular ao plano de Andrews, que passa pelo ponto EM e uma tangente a face vestibular do dente que, passando pelo mesmo 5 anaes PI. Andrews incisiva e gengival da coroa (Fig ponto, tem seus extremos em igual dis ‘© A tangente que passa pelo centro do eixo maior das coroas clinicas dos incisives cen Fig. 1.9: Forma em que Andrews realizou a me- traise laterais superiores tem uma inclina~ case ‘igdo do torque coronas. ‘a0 de gengival e palatina até a incisiva e vestibular (torque positiv). + Nos dentes restantes da maxila ¢ em to- ddos 05 da mandibula, a tangente vai da ves- tabular e gengival ag incisiva (ou oclusal) © lingual. Iss0 & denominado torque negativo ig. 1.10) Fig. 1.10: Valores de torque coronsio para cada um dos dentes. Os incisivos centraise laterals superiores, ‘0 08 Unicas que possuem torque positv. © torque dos dentes também pode ser avaliado, tendo-se em mente 0 eixo maior do dente. Para esse dente, observam-se valores di- ferentes, segundo como se realiza a medicio. Ao analisar os valores de pré-ajuste que apre- senta uma determinada aparatologia, deve-se saber a que tipo de medigdo referem-se os valo- es dados para o torque (Fig. 1.11). ‘Um torque correto da regio anterior € in- dispensével para se obter a relagio canina e ‘molar de Classe I (Fig. 1:12) Fig. 1.11: Diferengas entre as medigdes dos tor- {ques coronério @ dentario num mesmo dente. Fig. 1.12: Influéncia do torque na relagéo intero- ‘lusal. A) Torque normal. B) Diante da falta de torque na regido anterior pode-se produzir daste- mas. €) A falta de torque origina uma relacao de lasso I. 22_Aparatologia pré-ajustada CHAVE 4: Rotacoes Numa oclusio normal, no devem existir rotacies dentatias. (Os molares e pré-molares girados ocupam mais espaco que o normal na arcada (Fig. 1.13 A). 3s incisivos girados necessitam de menos espago que aqueles alinhados corretamente (Fig. 1.13 B) As rotagdes dentérias geram problemas estéticos e funcionais. Na regio anterior, afe- tam notadamente a estética, mas na posterior, casionam. os mais importantes transtornos funcionais. Por exemplo, um dente posterior girado varia a posigao de suas ciispides e altera a relagio interoclusal com o antagonista, dando lugar contatos prematuros e interferéncias. As rotagbes de caninos afetam notadamente am- bos os aspectos, ou seja, a estética ¢ a funglo. Fig, 1.13 A: RotagSes dontarias na regiao posterior. CHAVE 5: Espacos ou diastemas Os dentes estd0 posicionades com seus ppontos de contatos perfeitamente relacionados, sem espacos entre si Isso requer que nao existam malformagSes dentarias nem discrepaincias na langura mesio- distal dos dentes de ambos maxilares, quer dizer, que 0 indice de Bolton ndo esteja altera- do. Quando isso ocorre e pretende-se manter 0s pontos de contato, seguramente se alteraa rela- ‘io interoclusal, ou seja, a classe canina e a re ago molar, ou. overjet e overbite Fig, 1.13 B: RotagSes dentarias na regio anterior. 6: Curva de Spee A-curva de Spee na oclusdo normal deve ppraticamente plana. Na mandibula, no ter profundidade superior a 1.5 mm “Essa situagio provoca alteragies no ‘eclusal, que impede uma intercuspi- correla, gerando uma oclusio trau- (Fig. 1.14 B). A curva de Spee invertida determina dle espaco nos dentes superiores, provoca alteragies similares as assina- ‘no ponto anterior, e falta de guia inci- ig. L140), A) A.cuva plana favorece uma dtima dea. B) Uma curva profunda pro espa¢0 restito para os dentes superiores ‘alteragao no plano oclusal. C) A curva provoca alteragoes no plano octusal, falta ‘neisiva e mais espago disponivel na ma- Aparatologia prévaiusiada 23 reer: 24 Aparatotogia pré-ajustada OS OBJETIVOS FUNCIONAIS OCLUSAIS (© esquema oclusal ideal comesponde as caracteristicas da oclusio mutuamente protegi- da, ou seja: 1-Contatos bilaterais simultaneos ¢ estaveis, dos dentes posteriores numa oclusio de po- sigao de maxima intercuspidacio (PMI ‘coincidente com a relacio céntrica (RC). 2 Nessa posigio, deve existir um espaco livre de 0,012 mm entre as bordas incisais dos incisivos e caninos inferiores e as faces ppalatinas dos caninos e incisivos superiores 3- Overbite de 3.a4 mm e overjet de 2 a 3 ‘mm, medido das bordas incisais dos inc- sivos superiores até a face vestibular dos incisivos inferiores. ‘Tanto 0 overbite como o overjet devem ser suficientes para assegurar uma funcionali- dade correta das guias anterior e canina, evitando os contatos prematuros. os caninos devem 4 Nas excursbes later ocluir e o restante, desocluir. 5- Em protusiva, os incisivos deverao con- tatar-se e todos os posteriores, desocluirem. 6-O plano oclusal deve ter somente uma li- ‘geira curva de Spee. Na figura 1.16, ilustram-se os objetivos fun- cionais num paciente onde se realiza um con- trole oclusal, quatro anos depois de finalizado o tratamento ortoddntico. Fig. 1.18: Contatos bilaterais simuitaneos na pos- ‘a0 fechada, sem contato anterior. 26 Aparatologia pré-ajusiada POSICAO DE BRAQUETES E TUBOS Descreveremos em prim iro lugar a coloca- fo nos casos em que os dentes apresentam integridade anatomica, com curva de Spee que ro envolva as regides posteriores a nivel do segundo molar. Analisaremos os seguintes as- pectos (Fig. 117): A) Localizagao mesiodistal. B) Posigdo vertical (‘altura’). ) Inclinagao. D) Ajuste da face vestibular. Fig. 1.17: Aspoctos para o estudo da posicao dos braquates. A) Localizacao mesiodistal |) Mesiocistal 8) Posigao vertical ) Incinagao Ocixo maior da coroa clinica sera a referén- ) Aluste da face vestibular cia para a colocacio no sentido mesiodistal, que permitins expressar a informagio de rotagao {que tem inscrita nos diferentes briquetes e tu- os, + Em incisivos e pré-molares, esse plano vertical divide a coroa em duas partes prati- ‘camente iguais, uma mesial e outra distal * Nos caninos, se traga sobre a parte mais proeminente da face vestibular, que coi de, em nivel incisivo, com a cuispide. Por conseguinte, se encontra deslocado para mesial, na proximidade da unio do terco mesial com o tryout | bul, Pe aso, os bel ea e | 10 uma posigao deslocada para mesial | Ocenino dobriguetedevectncdipnosen- ‘ido miedo, com oem 23:0 920 mae core cea EMCO) linc ti gc poe belaogio metodo Be (uetes © tubos. ‘por isso que, nos incisivos e pré-molares, Jocalizam no centro da face vestibular, ros caninos, estio deslocados pa- mesial. ‘molares, 0 eixo vertical nasce na ciis- ‘mesial, se traca perpendicular a face do molar e 6 a referéncia para a loca- cio da entrada mesial do tubo. referéncia é estritamente anatimica, 9, se abstrai das inclinagdes presentes sao nical. mente, a referéncia horizontal 0 de cada um dos elementos em jo vertical, & o plano de Andrews, que ‘centro do eixo maior da coroa clini- sum dos dentes da arcada (Fig, 1.19). fazia coincidir 0 centro de todos os es € tubos com esse ponte, porém esse foi modificado parcialmente, co- emos mais adiante. ponto de vista pritico, acredita-se ser ‘a distancia vertical entre o centro do € a borda incisal, cispice ou face para poder reproduzir essa distincia ‘5 dentes homélogos ¢ para fazer as esa essa altura conduzentes a conseguir anamento da curva de Spee e um guia Aparatologia pré-sjustada 27 VO CODY Fig. 1.19: Centro do elxo maior da coroa clinica em molares, caninos e incisives. cas dos molares é menor que a dos pré-molares, e esses por sua vez so menores que a dos inci- sivos e caninos. Porém, existem também varia- bes individuais na proporcionalidade que se estabelece nos diferentes setores que respon- dem a caracteristicas biotipolégicas. Por exem- plo,a diferenca de altura entre as coroas das re- sides posterior e anterior acaba sendo mais ‘marcada nos dolicofaciais que nos braquifaciais (Fig, 1.20). Nessa situagio, 6 necessario individualizar, ‘em cada caso, a altura das coroas clinicas para ‘a colocagio de cada um dos braquetes em sen- tido vertical. Por isso, nao se deve utilizar uma medida padrio na selegio das alturas para a colocagio dos briquetes. Da nossa perspectiva, 0 tratamento orto-

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