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FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL MODELOS DE ANALISE DE ESTRUTURAS LAMINARES PLANAS FLECTIDAS LUIS FILIPE PEREIRA JUVANDES PORTO, 1990 FACULDADE DE ENGENHARIA’ DA UNIVERSIDADE DO PORTO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL MODELOS DE ANALISE DE ESTRUTURAS LAMINARES PLANAS FLECTIDAS LUIS FILIPE PEREIRA JUVANDES (bLui2) SUV] Hed. - | year cy fan J? 4 90, Th S594 Dissertacdo apresentada a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto O93n para a obtencdo do grau de Mestre em 42 Estruturas de Engenharla Civil. 0 oo PORTO, 1980 AGRADECIMENTOS Durante a realizagéo deste trabalho muitos foram aqueles que com os seus incentivos, esclarecimentos e demais manifestagées de interesse, me impulsionaram no sentido de o levar a bom termo. De um modo muito especial desejo expressar os meus reconhecidos agradecimentos: - Ao Professor Joaquim Azevedo Figueiras pela orientacdo recebida, pelos conselhos e sugestées constantes evidenciados no enriquecimento de conhecimentos no decurso da elabora¢do do presente trabalho; - Ao Laboratério de Ensaio de Materiais, na pessoa do seu Director, Professor Joaquim Sampaio, pela oportunidade e pelos recursos humanos e materiais colocados 4 disposi¢éo nos ensaios experimentais; - Ao Professor Pinheiro Torres pelo incentivo sempre presente e facilidades concedidas para a realizagéo do presente trabalho; - Ao Engenheiro Joaquim Mateus Gomes pela permanente disponibilidade, estimulo critico e pelos valiosos esclarecimentos prestados na utilizagéo do Lotus Manuscript; ~ K Doutora Madalena Teles e ao Dr. Arlindo Begonha pelo incentivo e colaboragéo amiga dispensados na parte final deste trabalh - A Engenheira Ana Maria Sarmento e ao Engenheiro Fernando Sereno pela colabora¢déo dispensada na instrumenta¢do e informatizagaéo dos modelos ensaiados experimentalmente; - Ao Engenheiro Ricardo Santos pelas elucidagées no dominio informatico e pela competéncia demonstrada na realizagéo grafica, através de computador, de alguns desenhos presentes nesta tese; - Ao Engenheiro Rui Pévoas pelas valiosas sugestées que muito contribuiram para a superagéo de varias dificuldades encontradas; - A Paula, Maria Teresa e Manuel pela perseveranca, dedicacdo e cuidado demonstrados no processamento do texto; - Ao senhor Andrade pelo profissionalismo presente na generalidade dos desenhos integrados nos Capitulos 2, 3, 5, e 6 desta tese: - Aos meus Pais, irmas e & Mité pelas muitas horas subtraidas @ vossa companhia. RESUMO No presente trabalho desenvolve-se um modelo de andlise do comportamento de estruturas laminares de piso com especial relevo para o caso de lajes fungiformes. A coordenagéo da anélise global de um piso de um edificio é feita de um modo simples e interactivo por meio de um programa de cdlculo automatico designado por ALLF. Desenvolvido a partir do comportamento geral de estruturas laminares planas, expressas na formulagdo por elementos finitos da teoria de lajes de Mindlin, compreende simultaneanente a participagao de elementos de viga excéntricos e de pilares. Os primeiros sao integrados com base na formulagéo de elementos finitos lineares da teoria de Timoshenko e os segundos interpretados através da discretizag&o adequada de apoios elasticos. © modelo é aplicado ao estudo e a andlise de lajes fungiformes, conduzindo a definigdo bidimensional dos esforgos de dimensionanento. Em complemento, propoém-se sugestées praticas, subjacentes em normas estrangeiras, para aspectos particulares do comportamento destas estruturas e que de algum modo se encontram omissas no Regulamento de Estruturas de Betéo Armado e Pré-esfor¢gado. Efectuaram-se ensaios experimentais em trés modelos de lajes con diferentes inclinagées para a armadura principal em relagdo direcgdo do momento uniaxial actuante (0 graus, 30 graus e 45 graus), con vista a aferir a comparticipagao da armadura na ortotropia do betdo armado pés-fendilhado, importante para o desenvolvimento futuro de um modelo néo linear. Fez-se igualmente uma interpretagdo por modelos numéricos com base em pardmetros recolhidos dos ensaios experimentais e cujas solugées foram comparadas com as primeiras. ABSTRACT In this work a model of structural analysis of two-way flat slabs is developed. The excentric beams and the columns are also included in the global analysis which is coded in a computer program entitled ALLF. The numerical model is based on the continuum elastic theory expressed by the finite element formulation based on the Mindlin's theory for slabs and on the Timoshenko's theory for beams. Columns are simulated by suitable discretization of the elastic supports. The analysis of solid and waffle flat slabs is undertaken by considering an accurate definition of the structural behaviour, contributing for a more reliable and safe design of these structures. In addition, practical suggestions are purposed for particular design aspects of the flat slabs, which are omitted in the Portuguese Code "Regulamento de Estruturas de Betéo Armado e Pré-esforgado (REBAP)". To appraise the flexural rigidity of cracked reinforced concrete regions, which are of great importance for the development of a non linear model, experimental analysis is undergone in three slabs specimens with different orientation of the reinforcement in relation to the uniaxial bending direction (0,30 and 45 degrees). A non linear numerical model is employed by using material parameters obtained in the experimental tests. Results are compared with those observed in the experiments. tNDICE SIMBOLOGIA .. eee seeeeeeeeeeeeeeee 1 - INTRODUGAO ... 1.1 - GENERALIDADES E OBJECTIVOS .....eeeeeeeeeeeceeer eee eeee 1.2 - DESCRIGAO DO TRABALHO DESENVOLVIDO ...--+--+-eeeee eee 2 RoRMELONCONT SNUG Mistetetstetste le tetetetetetetec estate tetete teeter terete 2.1 - INTRODUGAO ..... 2.2 - DEFINIGAO DE LAJES ....eeeeeeeeeeee aed eeoBintroducso meet pert erect erect reacts tect 2.2.2 - Teoria de Lajes de Mindlin ......ssseseeeeee 2.2.2.1 - Hipéteses fundamentais ........eeee eee ee eee e econ ee 2.2.2.2 - Definig&o do Campo de Deslocamentos ....s.+esees 2.2.2.3 - Relagdes Deformagées generalizadas - Deslocamentos 2.2.2.4 - Relagdes generalizadas Tensdes ~ Deformagées ..... 2.2.2.5 - Energia de deformagdo ....eeeeeseeeeeeee eee 2.3 - DEFINIGAO DAS NERVURAS EXCENTRICAS .. 2.3.1 = Introdugdo ...seesescsnrcscceccerersscressees 2.3.2 - Teoria da viga de Timoshenko - hipéteses fundamentais 2.3.3 - Definigdo geométrica .........665 2.3.4 - Definigdo do Campo de Deslocamentos . 2.3.5 - Relagéo Deformagées generalizadas - Deslocamentos .. 2.3.6 - Relagées generalizadas Tensées - Deformagées .....-- 2.4 ~ DEFINIGAO DOS PILARES ..eeseeee eee eeee eee eeeeeeeeeeeee 2.4.2 2.4.2 2.4.2 2.4.2, 2.4.2. - Introdugéo ..... Ree eee tee 2.22 - Matriz de Rigidez .. 2.23 +1 - Fundamentos tedricos .eseeseesee esses eee enone 2.23 2 - Rigidez principal local .....ssseeeeeeeeeeeeee 2.27 3 - Rigidez de referéncia ........eeeeeeeeeeeeeeeeeees 2629 3 - DISCRETIZAGAO POR ELEMENTOS FINITOS .....-++eeeeeeeeeees 3-2 INTRODUCAO oes eee eee eee eee ELEMENTOS DE LAJE DE MINDLIN ...eeeeeeeeeeeeeeeeereees 342 ~ Definigaéo geométrica ..... 3.2 - Campo de DeslocamentoS ..-.seeseeeeee cece ee eeeeeeeeee 3.3 - Relagées Deformagées generalizadas - Deslocamentos .. 3.4 - Formulagéo das equagées de equilibrio .....ssesseees 366 - Matriz de Rigidez 3.8 - Forgas Nodais Equivalentes ..... vee 3.10 ~ Tensées generalizadas ........ oer 3.17 ELEMENTOS DE VIGA DE TIMOSHENKO .....- vee 3619 - Definigdo geométrica . 3.20 Campo de DeslocamentoS ...+-eseeeeeeeeee cease 2) Relagées Deformagées generalizadas - Deslocamentos .. 3.23 Matriz de Rigidez ......eseeecseseeeeeteeeeeceeeeees 3625 MODELO DE INTERACGAO VIGA - LAJE ... Peet tetens 26 - Hipéteses fundamentais .....eseeeeeeeee eee 3.26 Campo de Deslocamentos - Deformagées . Matriz de Rigidez ......eeeeeeceeeeeeeceeee eee eeeees 3429 Definig&o dos Esforgos ........6e Aplicagées Numéricas ..........605 Reece aess Sit} MODELO DE INTERACGAO PILAR - LAJE .. 3.5.1 - Pilares tipo . 3.5.2 - Rigidez de um apoio eldstico ...+.eeeeeeeeeeeeeeeeee 3.5.3 - Reacgdes no pilar Bee eee eee eee 3.5.4 - Aplicagdes Numéricas .........6+ 3.6 - IMPLEMENTAGOES PRATICAS DOS ELEMENTOS MINDLIN/TIMOSHENKO . 3.6.1 - Elementos isoparamétricos bidimensionais .....+.+.+- 3.6.2 - Elementos isoparamétricos unidimensionais .. 3.6.3 - Regras de integragdo .....eeeeseeeeeeeeeerereeet ees 4 - PROGRAMA DE ANALISE ELASTICA DE LAJES FUNGIFORMES SALLE cece cece eee c ee eeeee eet eeeeeennceeeeeneeeeaeees 4.1 - INTRODUGAO .-...e sees eee eee 4.2 - PRE-PROCESSAMENTO .+eseeesseeees Peeters 4.2.1 - Tarefas obrigatérias .. 4.2.2 - Tarefas facultativas .....seseeeeeeeee cece eeeeeeeees 4.3 - PROGRAMA PRINCIPAL - Bloco de Calculo .. 5 4.4 = POS-PROCESSAMENTO oe esses esse eee e cece eee ee eeneenees 4.5 - OBSERVAGOES FINAIS .....sseeeeceeeeeeeesesseeees 5 - ANALISE DE LAJES FUNGIFORMES .. o ” ' INTRODUGAO sees seeeeeeeeeeeeeeeeeeerenceessenneeeenees wo & ' REGULAMENTO DE ESTRUTURAS DE BETAO ARMADO E PRE-ESFORCADO (REBAP) ..+-++eeeeeeeeeeeeee 5.3 - METODO DOS ELEMENTOS FINITOS - Programa de cdlculo ALLF 5.3.1 - Definigéo de momentos flectores em lajes regulares - 5.3.2 - Aspectos complementareS ..+-.sseeeeeeeeeeeeee 5.3.2.1 - Dependéncia com a relacdo entre vaéos dos painéis de aja meee te 5.3.2.2 - Momentos de transferéncia aos pilares ..... viii 3.38 3.41 3.46 3.47 5.5 5.9 5.20 5.20 5.3.2.3 - Integrag&o de zonas macigas e zonas aligeiradas .. 5.3.2.4 - Perturbagées correntes .....++.+00+ 5.3.3 - Tensdes de corte .... 5.4 - ANALISE DE DEFORMAGOES . 5.5 - CONCLUSOES ...----.---+-0- 6 - ANALISE EXPERIMENTAL .2----eeeee eee eeeeeeesceeeeeeseeeee 6.1 ~ INTRODUGAO ..-...-.ee0ee 6.2 - DESCRIGAO DOS ENSAIOS EXPERIMENTAIS ..+++++seeeseeeee 6.2.1 - Materiais ... 6.2.2 - Modelos em anélise ......... 6.2.3 - Instrumentagéo dos modelos ... 6.2.4 - Andlise da ac¢do .sseeeeeeeeeeee 6.2.5 - Andlise de resultados pete rater 6.3 - ANALISES COMPARATIVAS COM A EXPERIMENTAL .. 6.3.1 - Comportamento do betdéo em Servico 6.3.2 - Utilizagéo de um Modelo de Andlise Nao Linear ...... 6.3.2.1 - Introdugaéo .. 6.3.2.2 - Geometria e Propriedades usadas .......+++ 6.3.2.3 - Analise comparativa de resultados .......- 7 - CONCLUSOES bee eee eect tence cee eeeneeerseeeee ere 7.1 - SINTESE DAS CONCLUSOES RELEVANTES ..--+-++eeeeeeeeeeeee 7.2 - SUGESTOES PARA FUTUROS DESENVOLVIMENTOS ....+++++eeee+ REFERENCIAS .....-eseeeeeeees ANEXO - DEFINIGOES .e+eeeeeeeeeeeceeeeeeeeeeeeeeeeee ix 6.36 6.36 6.37 SIMBOLOGIA Para clareza da exposicéo, na primeira vez em que cada simbolo aparece neste texto o respectivo significado é imediatamente descrito. Na generalidade das situagées sera utilizada simbologia ja consagrada em bibliografia especializada. SIMBOLOS GERATS [A].A matriz a vector [ay" transposta de uma matriz |Al,det{A] determinante de uma matriz 2 diferencial A incremento 2 , 3 derivada parcial norma de um vector SIMBOLOS EM INDICES (sub e sobre) b referido aos termos de flexao c referido ao betaéo e referido ao elemento finito 1D ou 2D uj referidos aos ie j ésimos elementos, pontos ou nés s referido ao ago ou aos termos de corte t referido aos termos de tor¢ao referido ao sistema de eixos local ( prime ) G referido ao centro de gravidade da nervura, xi L referido a laje P referido ao pilar ou a um ponto Vv referido a viga ESCALARES E FUNCOES Modelo c excentricidade do centro de gravidade da nervura duh largura e altura da nervura k’,k’2.k’s Componentes da rigidez local principal de um pilar (axial e flexéo) m.p.d valores das accées uniformemente distribuidas t espessura do elemento finito de laje 2D u,u,w componente dos deslocamentos Miz coordenadas cartezianas globais de um ponto a factor de correcgéo nas formulagées de Mindlin e Timoshenko ou orientagéo dos eixos principais centrais de inércia de um pilar em relagao aos eixos globais [X,Y¥,Z] 8 factor de Gierszewski Yass Vy deformagées por distorgao Korky: Kyy Curvaturas Ent coordenadas locais 0,0, rotagées de secgées normais ao folheto médio da laje 84-40, e normais aos eixos X,¥ e X',Y! v coeficiente de Poisson n energia potencial total Gerby distorgées médias por corte Ww energia potencial das forgas aplicadas na laje AS drea N Mas My. May u Vv Vue V ye X,Y, area reduzida de corte da nervura distancia entre o centro de gravidade do pilar e o ponto de referéncia no sistema de eixos principais constante de elasticidade numa laje médulo de elasticidade médulo de elasticidade transversal ou distorcional momento de inércia constante de tor¢ao da nervura comprimento do pilar entre o apoio e o plano nédio do pavimento ponto de referéncia para associacéo da rigidez do pilar a da laje ou define o esforgo axial esforgos de flexdo esforgo de tor¢ao ponto genérico ou identificagéo do centro de gravidade de um pilar energia de deformagao interna volume esforgos de corte sistema de eixos globais Lajes fungiformes e andlise experimental be Curly largura efectiva para a transmisséo de momentos flectores aos pilares de contorno normais ao bordo da laje (BS 8110, 1985) jargura permitida para a distribuigdo da armadura resistente a totalidade do momento flector transmitido aos pilares de contorno na direc¢aéo normal ao bordo da laje(BS 8110, 1985) dimensées da secgaéo transversal do pilar C fem few Seam F suk Ff 20.2 le ily altura util de uma secgdo em betdéo armado valor nédio da tensdo resistente do betao a compressdo valor caracteristico da tenséo de rotura por compressdo para o betéo valor médio da tensdo resistente do betdo a traccao simples valor médio da tensao resistente do betéo a tracgao por flexéo valor caracteristico da tenséo de rotura para 0 ago valor caracteristico da tenséo limite convencional de proporcionalidade a 0.2% para o ago comprimento do maior vao entre eixos de pilares nun painel de laje e que se admite sempre segundo a direccdo X comprimento do menor vao entre eixos de pilares num painel de laje e que se admite sempre segundo a direccao ¥ razio entre o maior e menor vaos de um painel de laje coeficiente de homogeneizacéo razio entre os momentos m4ximos e médios numa determinada seccdo da laje M3S*/M3i* direccdo das armaduras principais em relagdo ao eixo longitudinal do modelo parametro necessaério a definicéo do diagrama de retencéo de tensées de traccéo extensdo maxima admitida no diagrama de retengdo de tensées de tracgéo valor limite da extenséo no betéo para o qual se admite o inicio do esmagamento razdo entre as areas de armadura na direcgéo ortogonal eA, ce Fee LF1,LF2,LF3 MsaV sa percentagem de armadura numa sec¢éo, definida pela razao entre a 4rea de ago e a area util do betéo inértes do betdéo (areia,areia grossa e brita) area da armadura principal numa sec¢éo normal & direcgaéo dos varées rea da armadura equivalente numa secgdo rodada de em relacdo & direc¢do normal dos varées da armadura principal (LENSCHOW e SOZEN, 1961) comparadores mecénicos profundidade do eixo neutro desde a fibra mais comprimida da secgAo e em fase de fendilhacdo estabilizada extensémetro eléctrico valor médio do nédulo de elasticidade do betaéo a tempo infinito identificacéo das lajes fungiformes valores de cAlculo do momento flector e esfor¢o transverso momento de transferéncia ao pilar de contorno na direcgao normal ao bordo da laje rigidez uniaxial a flexdo em secgées nao fendilhadas rigidez uniaxial a flexéo em secgées fendilhadas razdo agua / cimento na composigao do betéo deslocamentos nodais dum elemento finito deslocamentos nodais independentes dum elemento finito com nés condensados vector das forgas nodais equivalentes vector dos esforgos principais e baricéntricos na extremidade de um pilar m to 19 imo Is P 1 [4] (B8,1.[8,1,[8) [Cc] [D] versores das direccées locais e baricéntricas das nervuras momento uniforme e tangente a fronteira de um elemento finito 2D acgées verticais uniformemente distribuidas na laje acgéo vertical uniforme na fronteira de um elemento finito 2D vector de posigéo tangente a uma direc¢aéo deslocamentos genéricos de um ponto componentes independentes dos deslocamentos deformagées generalizadas deformagées por flexdo, corte e tor¢éo esforgos de flexdo [M..My.May]"” for¢gas concentradas num né forgas concentradas num ponto genérico do interior do elemento finito 2D esforgos de corte [VezsVy:)" tensées generalizadas esforgos de flexao, corte e torgao nos eixos locais da nervura cossenos directores do sistema de eixos local no sistema de eixos global relagées de deformacao por flexdo, corte e torgaéo condensagéo dos nés linearmente dependentes matriz de elasticidade do material [D.1(D.1.1D1 relagées de elasticidade a felxdo, corte e torgao L xelagéo de idéntidade vl jacobiano [K] matriz de rigidez [K.L[K.][K,] rigidez & felxéo, corte e torgao [Kly submatriz das relagées de rigidez entre os nésie j dun elemento finito 1D ou 2D [K]w rigidez de um pilar no ponto de referéncia N (Kl rigidez principal central de um pilar [1] operadores diferenciais {s] matriz de transferéncia dos deslocamentos no ponto de referéncia N para o centro de gravidade do pilar P (7) matriz de transformagéo entre sistemas de eixos rodados de a no plano XY eo matriz de transformagdo ortogonal do sistema de eixos local da nervura para o sistema de eixos global do sistema ELEMENTOS FINITOS 1D elementos unidimensionais 2D elementos bidimensionais BF1,BR1,BS1 BF2, BR2,BS2 HF2,HR2,HS2 LF2,LR2,1S2 SF2,SR2,SS2 integracéo completa, reduzida e selectiva em elementos 1D lineares integragéo completa, reduzida e selectiva em elementos 1D quadraticos integragdo completa, reduzida e selectiva em elementos 2D de Heterosis integragdo completa, reduzida e selectiva em elementos 2D de Lagrange integragéo completa, reduzida e selectiva em elementos 2D de Serendipity 2 INTRODUGAO 1.1 - GENERALIDADES E OBJECTIVOS A histéria bem recente do projecto em engenharia, tem sustentado a frequente associacdo de estruturas com comportamento tridimensional a modelos porticados simples que, de um modo aproximado, procuram simular o funcionamento global da estrutura. Uma andlise nestas circunstancias, embora conduzindo a solugées do lado da seguranga, obriga ao estabelecimento de restrigédes no dominio de aplicacdo e a artificios no modelo com vista a ajustd-los convenientemente ao cAlculo, bem como, a reduzir o excesso de rigidez resultante destas andlises. Particularmente na abordagen de lajes fungiformes conduz-se ainda a aplicacdo posterior de percentagens para a distribuicao transversal dos esforgos no pavimento. Nas analises das estruturas de edificios bem como das obras de arte (principalmente pontes) deverdéo ser considerados modelos adequados de interpretagaéo bidimensional das estruturas laminares planas presentes e dos respectivos mecanismos de ligagdo a eventuais estruturas secunddérias. Torna-se conveniente definir, deste modo, © comportamento estrutural de um pavimento ao nivel de um qualquer piso ou tabuleiro de ponte, no caso de uma obra de arte, com base na integragdéo conjunta dos elementos de laje, de viga e de pilar participantes na rigidez da estrutura. Atribuindo-se ao conjunto destes elementos a designagéo de "piso-tipo", o estudo do seu tratamento estrutural constitui, ao longo do presente trabalho, o objecto principal com vista ao estabelecimento posterior sem restrigées da distribuicdo bidimensional dos esforgos no pavimento. Por outro lado, a necessidade em utilizar cada vez mais pavimentos apoiados directamente sobre uma modela¢éo essencialmente ortogonal de pilares, designados por lajes fungiformes, tem conduzido a dificuldades na determinacdo dos esforgos para dimensionamento, nao totalmente esclarecidos pelo Regulamento de Estruturas de Betdo Armado e Pré-Esforgado (REBAP, 1983). Integrado dentro dos pressupostos da analise estrutural de um "piso-tipo", procura-se complementar a interpretacdo das estruturas fungiformes com a implementacao de um modelo de andlise de bandas para clarificar o comportamento especifico destas estruturas bem como sugerir alguns aspectos que podem, de algum modo, melhorar a andlise efectuada pelo método dos pérticos equivalentes. Sem quaisquer pretensées de tornar por si sé esclarecedor de todas as dividas existentes na andlise destas estruturas expéem-se, simultaneamente, aspectos particulares de alguma forma gravosos ou omissos no REBAP, mas referidos por normas estrangeiras. Perante a importancia atribuida a andlise dos pavimentos, desenvolve-se no presente trabalho um modelo de interpretacdéo aproximada do "piso-tipo", que concilia o método dos elementos finitos formulado em termos de deslocamentos com as teorias constitutivas necessarias a simulagéo do comportamento do meio continuo (Teoria de Mindlin - laje; Teoria de Timoshenko - vigas; apoios elasticos - pilares). Paralelamente, as implementagées recentes ao nivel da qualidade, da diversidade e da potencialidade dos meios computacionais disponiveis, permitiram a formulagéo do modelo proposto por meio da estruturagdéo de um programa de calculo automatico genericamente designado por ALLF. Consideragées sobre o comportamento de estruturas laminares planas de betéo armado séo absolutamente necessaérias quando se pretende analisar as lajes em condigées de servico ou prever a sua capacidade de carga limite (colapso), perante as combinagées de ac¢gées previstas pelo Regulamento de Seguranga e Acgées em Edificios e Pontes (RSA, 1983). Nesse sentido, torna-se indispensavel o conhecimento de um modelo de comportamento nao linear para o betaéo armado. 0 programa desenvolvido compreende apenas uma andlise elastica dos materiais, recorrendo, em todo o caso, a andlises experimentais em trés modelos de lajes de modo a aferirem-se determinados paraémetros caracteristicos do comportamento ortotrépico do bet&o armado pés-fendilhado. Procurou-se estudar a influéncia da inclinagdo das armaduras nas lajes (0°,30°e 45°) em relacao a direc¢ao principal do momento, confrontando-a com outras interpretacoes baseadas em modelos numéricos estabelecidos pelos autores JOFRIET e MCNEICE (1971) como também por FIGUEIRAS (1983). 1.2 - DESCRIGAO DO TRABALHO DESENVOLVIDO © trabalho desenvolvido no ambito de investigagéo da andlise eldstica de estruturas laminares planas genéricas, compreende sete Capitulos. Apés as presentes consideragées iniciais (Capituo 1) descrevem-se sucintamente os restantes Capitulos. © Capitulo 2 refere-se A caracterizagaéo individual dos meios continuos principal (estruturas laminares planas de laje) e especificos (estruturas lineares de vigas e de pilares) através da descrigéo das suas relagées constitutivas. © Capitulo 3 trata os aspectos mais relevantes da formulagao do nétodo dos elementos finitos desenvolvido com base nos deslocamentos. Procede-se & discretizag&o do meio continuo principal con elementos planos de laje formulados na teoria de Mindlin e a discretizacdo do meio continuo especifico das vigas com elementos unidimensionais formuladas na teoria de Timoshenko. Descreve-se também a quantificagéo dos modelos de integracéo dos meios continuos especificos (vigas e pilares) no plano de referéncia do meio continuo principal, complementando-a com exemplos de afericéo. Indican-se igualmente as formulagées implementadas no programa para os elementos isoparamétricos bem como os procedimentos adequados na analise numérica. No Capitulo 4 apresenta-se a estruturagéo do programa de cdlculo automatico de lajes, designado por ALLF, proposto através da parti¢ado en trés blocos principais cada um dos quais com tarefas bem especificas. Define-se assim 0 bloco de pré-processamento, comportando as tarefas obrigatérias e facultativas inerentes a geragéo dos dados necessérios a andlise das lajes. Seguidamente estabelece-se o bloco de cdlculo propriamente dito e, por ultimo, © bloco de pés-processamento compreendendo as tarefas de tratamento especifico dos resultados, com particular incidéncia no estudo de bandas conferida & andlise de lajes fungiformes. No Capitulo 5 faz~se uma exposi¢do das potencialidades de ALLF na andlise de estruturas fungiformes e simultaneamente procura-se evidenciar alguns aspectos particulares do comportamento destas estruturas. Baseados em normas estrangeiras, propéem-se ainda sugestées que pretendem corrigir aspectos mais grosseiros da analise pelo método dos pérticos equivalentes, omissos pelo Regulamento de Estruturas de Betéo Armado e Pré-esforgado (REBAP). No Capitulo 6 descrevem-se os ensaios experimentais efectuados sobre trés modelos de lajes e apresentam-se os resultados, com vista & andlise da contribuigdo da armadura no comportamento ortotrépico do betéo armado pés-fendilhado. Analogamente, procede-se a andlise comparativa com as solugées obtidas por modelos numéricos, onde foram simuladas as caracteristicas mecdnicas dos materiais aferidas experimentalmente e que estéo directamente associadas ao comportamento nao linear do material nestes modelos. No Capitulo 7 séo sumariadas as principais conclusées resultantes da elaboragao deste trabalho e referidos alguns dos aspectos a considerar em desenvolvimentos futuros. © trabalho finaliza com um ANEXO, no qual se introduzem as definicgées dos termos técnicos essencialmente expressos nas andlises dos Capitulo 5 e 6 e que, de certo modo, se encontram consagrados em normas regulamentares da especialidade. 2 MEIO CONTINUO 2.1 ~ INTRODUGAO A anlise de estruturas laminares planas correntes, como sao os pavinentos simples ou vigados, fungiformes e os tabuleiros de pontes, apresenta dificuldades que apenas com a utilizagéo de meios computacionais se podem resolver na generalidade. Para isso, é€ necessério definir correctamente o meio continuo em andlise e o estabelecimento das equagdes de equilibrio que o regem. [| Figura 2.1 - Piso-tipo de um edificio No caso geral da andlise de esforcos num pavimento, como © ilustrado na figura 2.1, 0 seu comportamento estrutural deve contemplar a acgdo conjunta da laje, das vigas e dos respectivos pilares. Desse modo, neste Capitulo procura-se caracterizar o comportamento do meio continuo principal (estrutura laminar plana da laje) assim como a extensdo a meios continuos mais especificos (estruturas lineares de vigas e de pilares). Considera-se meio continuo principal porque no ambito da presente tese se analisam essencialmente lajes, restringindo-se os meios continuos especificos a simples interpretagées de estruturas de apoio particulares a serem integradas convenientemente no prineiro. Para simplificagéo da andlise, cada um dos meios continuos anteriores 6 caracterizado individualmente em termos de variaveis deslocamentos, definidas no plano ou no seu eixo-baricéntrico. Posteriormente, os meios continuos especificos serao introduzidos adequadamente no meio continuo principal, através da contribuigao para a parcela da energia interna de deformagéo das equagées de equilibrio global da estrutura. Porém, esta integragao seré realizada convenientemente num plano comum de referéncia, plano médio da laje, e ajustada ao nétodo de elementos finitos proposto para a andlise do conjunto. Como tal este procedimento sé sera descrito no Capitulo 3. Assim, a estrutura de uma laje é formulada em termes da Teoria de Mindlin, com o particular interesse de contabilizar a deformacao por esforgo transverso, além de outras vantagens a referir posteriormente. A viga é definida pela parcela do meio continuo principal que excede em altura a espessura da laje. Esta parcela designa~se por nervura curvilinea excéntrica porque representa uma rigidez adicional & laje, sendo excéntrica em relagéo ao plano de referéncia e ao longo de um qualquer desenvolvimento curvo em planta. Nestas circunsténcias, a estrutura da nervura é formulada pela teoria de Timoshenko que, em conformidade com a teoria de lajes de Mindlin, assegura a compatibilidade de deformagées na interaccéo viga-laje e garante a integragado da deformacaéo por corte da nervura. © campo de deslocamentos da laje e da viga é descrito no plano nédio e no eixo baricéntrico local respectivamente, em concordancia com os graus de liberdade estabelecidos pelas teorias referidas. Da mesma forma é admitindo validas as hipéteses do campo das pequenas deformagées e as teorias anteriores, obtém-se as relagées de compatibilidade e as relagées constitutivas para os dois meios. Os pilares, por sua vez, séo interpretados muito simplesmente como elementos de rigidez pontuais, criteriosamente posicionados no meio continuo principal. Consideram-se elementos pontuais porque, antevendo um pouco a forma de integragéo na parcela de energia interna de deformagao do pavimento, a estrutura do pilar deve garantir compatibilidade de deslocamentos na ligagéo pilar-laje ao nivel do ja referido plano de referéncia. Por consequéncia, os pilares passam a ser introduzidos como apoios elasticos colocados em pontos discretos da malha de elementos de laje, cujos termos de rigidez traduzem as reac¢ées do pilar aos movimentos independentes do pavimento, que neles se apoiam. Para isso, séo introduzidos dois esquemas estruturais simples, correntemente utilizados na anélise estrutural, para a definicao de um pilar associado ao pavimento tipo em estudo. © apoio elastico deve ser criteriosamente posicionado no meio continuo principal, mais precisamente em pontos discretos N designados de referéncia, para que como consequéncia da formulagao posterior por elementos finitos, a integracdo dos termos de energia seja automatica. Estes pontos de referéncia, séo pontos nodais dos elementos de laje e a respectiva matriz de rigidez do apoio consiste na rigidez de referéncia. Por fim, neste Capitulo descrevem-se as relagées que conduzem & expresséo da matriz de referéncia. Inicialmente calcula-se a rigidez principal local do pilar, seguido da selecgaéo do ponto de referéncia N sobre a seccéo transversal do pilar e por ultimo a transformagdo estaticamente equivalente da rigidez de P para N na direcgdo dos eixos globais da estrutura. 2.2 - DEFINIGAO DE LAJES 2.2.1 - Introdugéo Para a andlise de lajes existem basicamente trés teorias capazes de avaliarem o seu estado de deformagao. a) Teoria de Kirchhoff, aceitavel pela sua simplificagao mas limitada a andlise de lajes finas, cuja razéo menor vao/espessura seja superior a 10. Ignora a deformagao por esforgo transverso e descreve o estado de deforma¢aéo unicamente pelo deslocamento vertical do folheto médio da b) 2.4 laje. Além disso, numa formulagdo por elementos finitos obriga ao estabelecimento de fungdes de continuidade C(1), dificultando a formulagéo matematica. Teoria de Mindlin (ou Reissner) é uma teoria cujos pressupostos seréo referidos posteriormente e que permite analisar uma gama variada de lajes porque contabiliza a deformagéo por esforgo transverso. Por outro lado, apresenta-se simples na formulacdo por elementos finitos e posterior programagéo automatica. Andlise tridimensional completa sugerida em andlises cuja precisaéo é factor preponderante. Esta comporta uma interpretacaéo de ordem superior, mais exacta, mas complexa e de dificil utilizag&o pratica. Numa formulagao de elementos finitos, como a do presente programa de cAlculo automatico, a opgéo pela teoria de Mindlin resulta em vantagens significativas sobre a teoria classica de Kirchhoff. Assim, a garantia de compatibilidade de deformagées nas interfaces de elementos adjacentes apenas exige continuidade ¢(0) na formulagaéo do campo dos deslocamentos e permite a andlise de lajes finas e espessas. 2.2.2 - Teoria de Lajes de Mindlin 2.2.2.1 - Hipéteses fundamentais A teoria bidimensional, desenvolvida por Mindlin (MINDLIN, 1951), assenta nas seguintes hipéteses de base: a) b) e) a) © material é homogéneo, isotrépico e tem comportamento elastico linear; As cargas actuam normalmente a laje, que inicialmente é considerada plana; A laje nao tem restrigées para deslocamentos horizontais? Os deslocamentos sao muito pequenos quando comparados com a espessura da laje; e) As tensées normais ao folheto médio da laje sao desprezaveis, qualquer que seja o tipo de carregamento existente. f) As normais a superficie média da laje, antes da deformacao, permanecem rectas mas nao necessériamente normais Aquela superficie apés a deformagao. Figura 2.2 - Deformagéo da seccéo transversal de uma laje As figuras 2.2 a), b) e c) apresentam as deformagées ao longo da espessura da laje de duas secgées transversais, do modelo tipico de Mindlin. Podem distinguir-se, na rotagdo da normal ao plano médio para cada uma das secgées paralelas aos planos cartesianos [XZ] e [YZ], as rotagées por flexdo e corte. No entanto, ha que referir algumas limitagées desta teoria como: 1. N&o se consideram as tensdes normais ao folheto médio, que podem ser importantes quando actuam cargas concentradas; 2. Admite-se que as distor¢ées por corte sao constantes ao longo da espessura, uma vez que as sec¢ées permanecem rectas apés a deformagao, figura 2.2 Nestas condigées, o campo de aplicacdéo desta formulagéo restringe-se a lajes moderadamente espessas e sem significativas cargas concentradas, como séo os casos correntes que se propéem estudar. 2.2.2.2 - Definig&o do Campo de Deslocamentos Do exposto na secgdo 2.1.2.1, 0 campo de deslocamentos é estabelecido a custa da deformag4o do plano médio da laje. 0 vector deslocamento em qualquer ponto (x,y,z) resulta do seguinte modo: u -28, ®, 6, u |(x.y.z)=| - 20, ] 5 8, (x, y)=| 8 (2.1) w. w 8. Nele, as componentes independentes sao o deslocamento perpendicular we as rotagées da normal ao plano médio da laje 0, e 6,. Atendendo a figura 2.2, obtém-se as rotagées das normais a superficie média da laje, (2.2) que sao iguais as somas algébricas das inclinagées do eixo neutro com as distorgées médias produzidas pelo esforgo transverso. Como observagao, refira-se que em termos da teoria classica das lajes finas, as distorgées $, como $, séo nulas. Assim, o vector dos deslocamentos independentes da laje ser: (2.3) 2.2.2.3 - RelagSes Deformagées generalizadas - Deslocamentos Como resultado das hipsteses de Mindlin e tendo presente a teoria das pequenas deformagées aplicada a este tipo de estruturas, as deformagées generalizadas podem exprimir-se da forma seguinte: ey -20,/dx Ky -26,/3y €=| Xay [=| -(20,/8y +08, 72x) (2.4) Vex dw/dx-0, Ye dw/dy-e, em que os termos significam: x, - curvatura na direcgdo X x, - curvatura na direcgao ¥ Xyy - Curvatura de distor¢géo no plano [XY] Ye: 7 distorgaéo das direcgées X e 2 Yy: ~— distorgao das direcgées ¥ e 2 A equagéo (2.4) pode escrever-se ainda, de uma forma mais compacta enLe,.€ r-[e)e, (2.8) distinguindo-se as deformagées por flexéo e corte com indices b e S respectivamente, e os operadores diferenciais [L,,1,]’ com a forma: a Ox os ey iE a 2 tn-[ 2] : dy Ox (2.6) a Ro 2.2.2.4 - Relagées generalizadas Tensdes - Deformagdes Por aplicagdo da teoria de Mindlin ao estado tridimensional de tenséo e de acordo com o pressuposto o,=0 da secgéo 2.2.2.1, as relagées constitutivas sao expressas port o-[Dle (2.7) em que os vectores generalizados das tensées g e deformagées € séo dados por: Q Muy e de acordo com (2.5), respectivamente. Pelo facto de se manter valida a hipétese das sec¢ées planas, as tensées generalizadas [M,V/]’ representam os esforgos unitarios de flexdo e corte, resultantes da distribuigao de tensées na sec¢ado da laje. A convengéo de sinais esta ilustrada na figura 2.3 e é obtida pelo equilibrio de um elemento infinitesimal de laje. Figura 2.3 - Convengao de sinais para os esforgos Esforgos de Flexéo Esforgos de Corte M=[MasMy May] VV ge Vye)” (2.8) «= S%j20,2dz - Momento flector na direc¢gao xX M,=[%3,0,zdz - Momento flector na direcgdo Y May= [Gots =dz = Momento torsor no plano [XY] (2.9) V..°S%32t..dz - Esforgo transverso no plano [XZ] 172 Tye Esforgo transverso no plano [YZ] t espessura da laje A matriz [D] expressa na equagdo (2-7), integra no caso mais geral de um material anisotrépico, nove termos independentes (TIMOSHENKO, 1970), distribuidos na expresséo geral 2° [? ol (2.10) e trés de corte, D. [D por seis relagées de flexéo, D Dw 5 Entretanto, como a andlise das estruturas é feita no 4mbito da elasticidade linear e admitindo materiais isotrépicos e homogéneos, a matriz de elasticidade anterior assumira o aspecto seguinte (TIMOSHENKO, 1970) lv: [Dj-D)% ) * (2.11) para as relacées de flexdo,e ae = 12: [D,) orf ‘] (2.12) para as relagées de corte, sendo os termos constantes definidos por: Ee >= BAS (2.13) 2.10 EB - Médulo de elasticidade do material Vv = Coeficiente de Poisson do material ~ Médulo de distor¢éo do material (2.14) @ - Constante de Timoshenko que representa o factor de corte destinado a corrigir a deformagéo por corte e a contabilizar o efeito do empenamento da secgdo. Para as seccées rectangulares, caso corrente nas lajes, adopta-se 10(1+v) ST . < 1S: 12+liv ast 2.18) assumindo o valor de 5/6 quando v= Para exposigées futuras, utilizar-se-4 a equagdo (2.8) na forma das suas relagées generalizadas de flexdo e corte, como em seguida se discriminam Dl _E (2.16) 2.2.2.5 - Energia de deformacao A andlise das lajes, formulada pela teoria de Mindlin, sera feita recorrendo ao Método dos Elementos Finitos expresso em termos de deslocamentos, como se descreve no Capitulo 3. £ principio basico desse método, a minimizagdo da energia potencial total da estrutura entre todos os campos de deslocamentos cinematicos admissiveis. Nestas circunsténcias, define-se a parcela de energia de deformagao interna da laje de Mindlin como (HINTON and OWEN, 1977): u 1 T bf [eimretv]as (2.7) onde S representa a superficie do plano médio da laje e, os restantes termos, tém os significados anteriormente referidos. contudo, a expresséo (2-17) néo traduz completamente a energia de deformacao interna total da estrutura. 0s motivos sdo, a presenga eventual de estruturas vigadas e/ou a de elementos verticais (pilares) . Desse modo, posteriormente se acrescentam as contribuigées & energia de deformagéo interna, proporcionadas pelos referidos elementos e nas secgdes respectivas. 2.3 - DEFINIGAO DAS NERVURAS EXCENTRICAS 2.3.1 - Introdugao As nervuras excéntricas representam parcelas de rigidez adicionais a estrutura principal de um pavimento. Elas definem-se como acréscimos do meio continuo para além da espessura normal do pavimento, ao longo de determinados desenvolvimentos em planta, como se ilustra na figura 2.4. Por sua vez, interpretam-se esses desenvolvimentos como zonas de apoio do pavimento, em termos estruturais. Assim, a quantificacéo das nervuras ¢ feita essencialmente em duas fases. Na primeira, admitem-se estas como elementos de viga isolados interpretados de acordo com uma teoria adequada, ao nivel do seu eixo baricéntrico. Numa segunda fase, como estes elementos nao estéo dissociados da estrutura principal, estabelece-se um modelo de integragéo viga-laje. Nele, define-se a contribui¢éo destes elementos para a parcela de energia interna de deformacéo da laje, ao nivel dum plano de referéncia. No entanto este modelo sé sera exposto no Capitulo 3 porque resulta da formulagéo por elementos finitos. Porém, © procedimento inerente a primeira fase sera estabelecido nas préximas secgées visto que se integram no ambito da caracterizacéo do meio continuo especifico. Entre as duas teorias capazes de formular as nervuras, ou seja, a Teoria de Euler-Bernoulli, com alguma utilizagao na Engenharia devido a sua simplicidade, e a Teoria de Timoshenko, optou-se por esta Ultima. Esta escolha deve-se ao facto de ela contabilizar a deformagao por corte e de, numa posterior formulagao por elementos finitos, permitir assegurar a compatibilidade de deformagdo entre os elementos de -viga e os de laje de Mindlin ao longo do eixo de referéncia da 1iga¢ao. is Figura 2.4 - Algumas ligacées viga-laje Por outro lado, na caracterizagado das relagées de compatibilidade e constitutivas do meio, vaéo estar presentes aspectos como: a) A nervura encontra-se excéntrica em relagdo a um plano de referéncia apesar do elemento da viga se estudar isolado. b) De acordo com os graus de liberdade do pavimento, desprezam-se duas componentes dos deslocamentos locais na secgao transversal da nervura, de entre os 6 admitidos para o caso geral. ©) Permite-se a andlise de elementos curvilineos, obrigando dessa forma ao estabelecimento da matriz de transformagao 0=[i, j,k)’ do sistema de eixos baricéntricos locais [X',¥',Z"] nos sistemas de eixos baricéntricos globais [X,¥,Z'] em qualquer secgao do elemento. 2.3.2 - Teoria da viga de Timoshenko - hipéteses fundamentais As hipoteses de base da teoria de viga de Timoshenko (HINTON and OWEN, 1977) s&o semelhantes as da teoria das lajes de Mindlin: a) Os deslocamentos transversais sdo pequenos, quando comparados com a espessura das vigas. b) Normais ao eixo neutro antes da deformagao permanecem rectas, mas nao necessariamente normais aquele eixo apés a deformacao. ¢) Tensées normais ao eixo neutro séo irrelevantes, quando comparadas com os restantes componentes do tensor das tensées. Esta teoria revela-se adequada para a formulag4o do comportamento das nervuras excéntricas, porque considera os efeitos do esforgo cortante no empenamento das secgdes da viga e garante a compatibilidade de deformagdo com os elementos de laje da teoria de Mindlin ao longo do eixo de ligagéo entre os dois elementos. Contudo, além das hipéteses de Timoshenko supédem-se igualmente validas as que abaixo se apresentam: a) Admitem-se secgées transversais simétricas em relagaéo ao eixo local z', figura 2.4, evitando o afastamento ao referido eixo do centro de corte e, consequentemente, sem repercusséo para a rigidez. e) Despreza-se a rigidez de flexio em torno do plano local [X'Z'] por néo se encontrar equivalente na formulacdo dos graus de liberdade da laje. Desse modo, passa a haver uma subestimagaéo da rigidez na direccéo transversal, mas sem relevancia para as andlises propostas na tese. £) Adiciona-se a contabilizagdo da rigidez a torgao de acordo com as consideragées a referir na seccdo 2.3.5. 2.3.3 - Definig&o geométrica A presente formulagdo permite a abordagem de nervuras de rigidez curvilineas, com curvatura num plano paralelo ao plano médio do elemento de laje. No entanto, limita-se a sua discretizagdo em planta admitindo o desenvolvimento do eixo longitudinal ao longo das

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