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Aoeenobe se QOVANEY , Ss QT: Timye Booshive, }949 (art p) CAPITULO 2 REICH Introduedo quase supérflua a ressaiva de que o Reich que nos interessa € 0 da fase anterior & sua emigracao para a Dinamarca e depois para os Estados Unidos, fase que se encerra por volta de 1934. Suas teses posteriores sobre o orgénio, substancia primordial sub- jacente tanto & vida psiquica do homem como a estrutura da via Vactea, e que explica a formacio das galaxias, como a origem do cancer, nao tém, sem diivida, um interesse muito direto para nossa pesquisa, Independentemente da questéo, sem importancia teédrica, de saber se o Reich dessa fase era ou nao psicdtico, o que é fun- damental é que nos iiltimos anos de sua vida Reich tinha se dis- tanciado completamente tanto da psicanélise como do marxismo. Nem do ponto de vista conceitual, nem do ponto de vista tera- péutico, a orgonoterapia tem seja 0 que for a ver com a psicandlise Quanto’ co marxismo, basta citar um trecho do prefacio de 1942 2 edicdo inglesa de Massenpsychologie des Fascismus: © fascismo nao ¢ sen&o a expressio politieamente or- ganizada da estrutura caractereolgica do homem me- diano, estrutura universal e Internacional que nada tem de especifico a tacas, nagdes ou partidos determinados Eo carater mistledmecantelsta dos nomens do 10360 tempo que suscita os partidos fascisias e no 0 inverso,' No periodo de entreguerras, entretanto, Reich foi sem déivi- da, 0 autor das contribuigdes mais originais ao debate em torno de Marx e Freud, Como no caso dos outros autores, seu pensa- ‘REICH, Wilhelm, Trad, francesa, La Psychologie de Masse du Fascisme, (Paris: Payot, 1972) pag. 11, AB cltacdes soguintes sero extraldas di cdleho original alema, indicadaadiante, 26 >a mento era condicionado pelas duss tendéncias bisicas de dar es tatuto de cigncia natural psicandlise, ¢ de investigar as raizes do processo de ideologizacdo, © seus efeitos sobre a consciéneia ope aria, Mais que nos outros autores, entretanto, temos a impressio de que em Reich o interesse politico predominava sobre a tendén- cia “naturalista”, Sem diivida, dentro da tradigéo da época, Reich colocava, na cipula da hierarquia cientifica, o materislismo dialé tico, & qual estavam subordinada, por um lado, a psicandlise, en- quanto ciéneia do psiquismo, ¢ por outro, 9 meterialismo histérico, enquanto cigncia das formagSes sociais concretas. Mas a ciéncia estava dircta e imediatamente a servico da politica, & a “inimiga mertal da reagdo politica’. Somente a ciéncia burguesa pode dar- se ao luxo de ser Wertfrei, de separar o {ato a norma, 0 conhe- cimento e 2 acéo*. O apolitismo do cientista “puro” é uma posicao politica, “Seu apolitismo é parte integrante da forca da ‘reagao politica”. Como os demais, Reich estava interessedo, antes de mais nada, em compreender as razdes da defasagem entre a consciéncia e.a existéncia social, e como os demais atribuia essa defasagem a in- flugncia da ideclogia dominante, Mas sua resposta nao derivava da aplicagao pura e simples da psicandlise, mas de uma reformu- ago importante de certos aspectos fundamentais da teoria freu- diana. Podemos dizer, assim, que sua teoria da ideologia é a re- sultante de duas teorias “auxaliares": uma teoria da genitalidade, e uma teoria do carater. A Teoria da Genitalidade A teoria da genitalidade se baseia no esquema freudiano ori- gincl que define ajneurose comd ‘Seggyltado de um conflito entre a libido e uma instincia moral represéora. O Ego, enfraquecido, ndo tem nem a coragem de dizer ndo & libido, nem a forca para conté-la de forma eficaz. Donde a formagio do sistema neurdtico, que representa um compromisso insatisfat6rio para as duas instan- cias. Assim, segundo Freud, nio podia haver neurose sem uma perturbacio sexual. Apenas, a sexualidade nio se esgotava na li dido genital. Uma das inovagdes mais importantes de Freud foi REICH, Masseupsychologie des Fascismus, 1039, (reedigie clandestina, Berlim, provavelmente 1960), Pag, 9. * REICH, tb, pag. 227 + REICH, 10, pag. 9 a de postular a existéneia de pulses sexuais no genitais, associa das a certas fases do desenvolvimento cla personalidade: ‘0 erotis: mo eral, anal, falico, ete. Ao fim de sua evoiucio psicossexual, 0 individuo acedia & etapa da sexvalidade madura — a fase genitei — e, em condicées normais, as pulsées parciais se organizavam sob a hegemonia da genitafidade. A neurose reSultava de um con- flito entre a libido, sob qualquer de sues formas, ¢ 0 Ego, que re presentava as pulses da cutoconservacdo, Reich aceita essa descricdo, mas define a neurose, em termos mais restritos, como o resultado de uma perturbacao, nao da libido em eral, mzs da libido genital, Somente a plena e satisfatéria descarga dessa libido, através do orgasmo, pode assegurar 0 equi tibrio do individuo e preservar sua saticle psiquica, A repressio da genitalidade leva ao represamento pulsional, e gera a angiistia, que interfere com a capacidade de trabalho e de convivéncia social. A incapacidade genital — a impoténcia orgdstica — resulta, em ge- ral, da repressao precoce, na infincia, das pulses parcinis, o que leva & “fixacio" do erotismo pré-genital em determinadas fases. Essa libido “fixeda” ¢ disfuncional para 0 organismo, porque, pri- vada de sua mobilidade, no pode associar-se, como deveria nor- malmente ocorrer, & libido genital, no momento do ato sexual, que enfraquece a\poténcia orgéstica. A fixacio excessive produz efeitos mais diretamente petoligicos. A gratificacdo genital é intei- ramente afasteda, em proveito do erotismo pré-genital, incapaz de proporcionar uma descarga auténtica da tensio sexual A Sinica alternctiva ndo-patolégica & gratificacio pulsional ¢ sublimacio, Mas como, segundo Reich, a libido genital é insubli- mavel,’segue-se que somente as pulses pré-genitais sio’ suscep! veis de sublimacio, Em condigées normais, a sublimacio segue as seguintes etapas (a) gtatificacdo genital periddica, através do orgasmo; (b) canalizacio da libido genital, denois da descarga ortés- tica, para reforcar as energias necessérias ao proceso de sublimegio das pulsdes pré-genitais e da pulsdo apres (ec) sublimagéo da agressiviciede, metamorfoseada em ativi- dades socialmente iiteis, e das pulsdes perciais, meta- morfosendas em producéss culturais, artisticas, ete. Esse esquema define a vida psiquica sadia, O individue normal © que € capaz de “trabalho e de amor”, ou seja, que aplica sua 28 genitalidade is funcdes sexuais e seus impulsos agressivos e sua Hbido pré-genital a objetivos sociais © culturais, sobretudo ao tra- batho. O neurético fez 0 contrdrio: suas atividades sociais sio se- xuslizadas, e 05 impulsos pré-genitais e agressives dominam sua vida amorosa, As fentasias sexuais, resultantes da libido repre sada, interferem com sua atividade social, diminuindo sua pro dutividade, enquanto seu comportamento sexual é deformado pela hostilidade sadomasoquista ou pela perversio, resultante de fi goes pré-genitais. Se a teoria de Reich sobre a dindmica da gratificacio genital © da sublimagio de impulsos parciais ¢ agressivos ¢ correta, som “se que 0 pessimismo cultural de Freud & injustificado, Pois este via na civilizagao o fruto da remincia pulsional do individuo, e somente a este prego ora possivel a vida social, © que implica um antagonismo irredutivel, embora latente, entre os interesset do in- dividuo e 05 da sociedade. A teoria de Reich elimina 0 conilito, fou pelo menos o relativiea, transpondo-6, clo plano estrutural das fatalidedes biol6gicas para o plano das contradicées histéricas, so- liveis historicamente, E isto porque o individyo nao precisa s0. ctificar sua libido genital, mas somente sucs pulses agtessivas ¢ pré-genitais. Sio estas, sublimadas, que tornam possivel a civili- zacé0, Mas como essa sublimacdo sé pode ocorrer com a partici- paciio energética da genitalidade, segue-se que nfo somente a vida social & plenamente compativel com o livre desenvolvimento da lib’do genital, como tal desenvolvimento constitui condicao sine qua non para a formagio da cultura e para a menutencao de uma vida social harmoniosa, & assim que Reich pode afirmar que “a sublimacao e a gretificacio sexual ndo so contraditérias; contre- ditérias, sim, so a sublimacio ¢ a atividade sexual inadequada”. E preciso, diz Reich, substituir' #*féqgnula freudiana “Sensualidade ou Cultura” (Sinnlichkeit oder Kultué) pela férmula “cultura na sensualidade”® Na época em que escreveu a Funktion des Orgasmus (1927) Reich aceitava, como se verifica, a teoria freudiana da existéncia + REICH, Die Funktion des Orgasmus. Viena, 192%; reedie’o Thomas te Munter' ‘Amsterdam, 1965, pig 191. © livro com o mesmo titilo ple Buleado stlbsequenteriente ‘nos Estados Unidos pertence A fase “ofg6- lea” ‘e nio tem absolulamente nada em comum com o texto original Para evitar confusbes designaremos, nas citagoes, @ Drimelia versto came Die Funktion des Orgasmus, ea segunda como The Filetion of the Orgasm 29 de duas pulses 01 jinais — a libidinal, ¢ a agressive, Mais tarde, ao refutar a hipétese de pulsio de morte, negou a existéncia de um impulso destrutivo original. A agressividade existe, mas 6 se- cundétia, ¢ resulta da frustracio da libido, e de sua metamorfose em energia destrutiva, Tel frustragéo decorre, em ultima andlise, “das intencdes destrutivas muito reais de uma camada social inte- ressada na opressio sexual”, Essa “historicizaclo" da pulsdo agres siva j@ existia, entretanto, mesmo na fase em que aceitava o dua lismo pulsional freudiano, Pois estava implicito em sua teoria da sublimago que se numa ordem social “natural” a agressividade sublimada gregas ao concurso da libido genital, na ordem vigente, caracterizada pela existéncia de uma ideologia moral hostil ao sexo, @ poténcia orgastica raramente ¢ satisfatéria, e portento a agres- sividade é imperfeitamente sublimada. Ha assim uma tendéncia, socialmente estimulada, & Tiberacdo de impulsos agressivos, e mes. mo 8 institucionalizacao do sadismo, através das guerras periédicas A teoria da genitalidade foi elaborada numa época em que ‘as implicagdes da psicanélise para a critica social ainda nao eram totalmente claras para Reich. Mesmo assim, j4 podemos antecipar certos elementos que seriam mais tarde incorporados na teoria da logia. Em primeiro lugar, a propria concepcao da genitalidade constitui uma critica & sociedade vigente, e a sua ideologia moral, incompativeis com 0 livre desenvolvimento da atividade sexual Nesse sentido, Reich esboca uma espécie de “utopia genital” que enquanto utopia entra necessariamente em choque com a ordem social que inibe sua realizacio historiea, Reich cita, com aprova- sdo, a expresso de Ferenczi sobre 0 “erotisches Wirklichkeitsinn”, senso de realidade erético*. Seu modelo psicossexual permite ava. liar a realidade existente & luz de sua maior ou menor compatibi- lidade com esse “senso de realidade erético”. O resultado & consi derar a ordem existente como radicalmente hostil & genitalidede, € portanto “irreal”, segundo 0 padréo de Ferenczi, O modelo geni- tal trensforma-se em critica da ideologia dominante, Outra conseqiténcia do esquema é que na sexualidade normal © Superego, instancia da trensmissio ideolégica, perde sua ca- Facidade punitiva, Pois o Superego retira sua energia das pulses reprimidas, principalmente das represses infantis, que resultaram. REICH, Charakter Analyse — Technik und Grundlagen (Andllse Ca- Facterioligica — ‘Téenica e Pundamentos) Viena, 1039 tteedigho clan esting, Bevlim, provavelmente 1960) pag_ 268 REICH’ Dio Fiinktion des Orgaemus, op elt. pig. 187, 30 na dissolugie do conflito edipiano. Se, na “utopia genital”, 0 con- {lito edipiano 6 resolvida de forma nio-repressiva, 0 Superego se debilite, © nfo consegue exercer eficazmente sua funcio de intro- jetar no psiquismo os valores morais inibidores. A forca da ideo- logia se reduz. : ; Enfim, 0 individuo “genital” nao precisa mais viver num mundo imagindrio, para escapar 2 uma fealicade intoleravel, Pois a “Phantesiewelt” do neurético se clestina a permitir a gratificacio alucinatéria de desejos vetados pela realidade, O orgasmo pode pretado como negative da fantasia. Num certo sentido, a “consciéncia genital” constitui o érgio por exceléncia de critica dos fantasmas ideolégicos gerados pela realidede repressive. A Teoria do Cardter A teoria do cardter é apresentada por Reich como o resultado de sua experiéncia clinica. No curso da terapia, a resistencia dos pacientes no se manifesta de forma aleatéria, mas segundo um estilo, especifico a cada individuo. Em alguns casos, a resisténcia assume a forma da agressividade contra o tetapeuta, em outros a de uma cordialidade excessiva. O inconsciente fornece o contet- do do materiel a ser interpretado, mas a forma com que esse ma- terial é submetido ao analista é determinada pelo carater. Assim, duas mulheres podem ter um sintoma idéntico, cujo conteddo é por hipétese, uma fantasia de fellatio, Uma — com cardter his- térico — resiste, na andlise, & conscientizagio desse contetido atra- vés de uma atitude timida e de uma grande polidez; outra — de cardter compulsive — através da agressio contra o analista. A interpretagio analitica tradicional limita-se ao contetido do material psiquice oferecido — sonho, ato falho, sintoma, A teoria do cardter concentra-se no cortiéexe,ta forma como o sonho é narrado, como 0 ato falho é cometidd: Pois esse como é sempre idéntico, e nessa identidade de reacio, 0 analista encontra a chave para uma estrutura global de personalidade, cujo desvendamento € dissolucio analitica constituem o pressuposto para a eliminagao da resisténcia © para a ruptura do cardter patolégico. & nessa vi- sio do caréter como uma estrutura global que a técnica de Reich Gistingue-se da técnica psicanalitica tradicional. Na psicandlise classica, o interesse se concentra no exame de sintomas isolados — uma tosse histérica, um tique nervoso, uma paralisia, um ce- rimonial obsessivo. Para Reich, esses sintomas sio apenas mani festegdes de superficie de uma'estrutura mais geral — o caréter. 31 ‘Sua funcdo & a de proteger o individuo contra o cheque com uma realidade conflitiva e contra estimulos internos angustiantes. O ca- rater é assim uma “couraga” — uma Panzerung, literalmente uma blindagem, erigida, defensivamente, pelo Ego. Ora, essa Panze- rung tem uma histéria; mais exatamente, néo é outra coisa que @ cristalizagao de toda a histéria passada do individuo. £ a simula de todas as vicissitudes vividas pelas pulsées, durente a biografia do individuo, e da forma pelas quais essas pulsdes realizaram seu destino, seja pela gratificagao, seja pela sublimacao, seja pela re- pressio, O cardter neurético (que Reich, pouco a pouco, identifice, pura e simplesmente, com cardter, sem adjetivo) pode ser visto como a sintese estruturada de todas as represses impostas & libido. io se trata mais de defeses especificas contra pulspes indese)é- veis, mas de uma organizecao defensiva global, que’ afasta, auto- maticamente, os impulsos proibidos. Na origem da formagao do caréter encontra-se a dissolucio do conflito edipiano. A forma como esse conflito 6 resolvido determina a estrutura caractereolégica fu- tura, A Panzerung neurdtica surge em conseqiiéncia do medo da Punicéo, tem como conteiido as prescricSes e proscrigdes paternas, € alimenta-se, energeticamente, da libido retirada ao Id. Podemos dizer que o cardter neurético € produto da repressio genital, O monolitismo e a invulnerabilidade de sua organizagio estio em relecio inversa com a fragilidade da vida sexual, O carter (new- rotico) & 0 contrario simétrico da poténcia orgastica. Quanto mais represada a energia genital, mais indestrutivel se torna a bl gem. No limite, 0 cardter neurético se substitui ao Ego, e dirige todas as aces; so os automatismos, embutidos no cardter, que pensam e : condicao da ago politica, e mesmo como seu contelide efetivo, inverte a seqiiéncia temporal, e contesta o determinismo da etapa A felicidede no é uma recompense futura, mas 0 proprio contec do da politica da vida. “Nés nos perguntamos: por que nio a fe licidadte na terra? Por qué nao o prazer como esséncia da vida?” Desde seus primeiros trabalhos, Reich tentara historicizar as categorins psicanaliticas, Como mais tarde o faria Marcuse, mos- tra, por exemplo, que © principio da realidade € variével histori. camente de acordo com o momento de evolusio social aleancado, © de acordo com os interesses das diferentes classes dominante: © principio ca realidads da era capitalista exige ao proletario um maximo de restrienio de suas necessldades, apelando para prineipios relig osos que impéem a hut mildade e a modéstia... A classe dominante tem um principio de realidade que serve @ manutengao do seu Poder. Se se educa o proletario para esse principio de Fealidade,... isto significa que ele deve dizer sim i exploracio © & sociedade capitalista, 30 REICH, i, nda. 108, 3 REIOW, Diatettischer staterlatismus wid Paychoanalyse, op. cit, 4a 4 Bag. 1, Da mesma forma, 0 contetido do principio do prazer 6 ur uma ordem social que favorece fixacées pré-genitais, e outro nu ima cultura que encotaja desenvolvimento livre da libido genital ‘Além disso, “os contetidos do principio do prazer sio acentundo: de forma mais ou menos intensa segundo a classe social a que pertence a crianca”". Se os contetilos do principio da realidade « do principio do prazer variam historicamente, isto significa que noma soiednde iberada tai prinsipios = maniestciam segundc medalidades até agora desconhecidas. Mas essa histcricizacao tind tibtina de ina concepgio onda, que ada‘ felicidad para depois do advento do socialismo. Neste, a distancia entre « principio da realidede © © principio do prazer reduz-se a0 minimo © que nao é 0 caso na ordem capitalista, Na fase da Massenpsy cholegie des Faschismus, tudo se passa como sea livre spalizacie do Lustprinzip fosse a condicao essencial para a revogacio do Rea liteetsprinzip capitalista. Nao € mais necessirio aguardar o socia smo para revoluccnar a vida, “O proletariade, metmo na vigéne do capitalismo, pode ser infinitamente criador na modifieacdo de suas formas de’ vida © pensamento'™, Da mesine forma, Reel reletiviza a ética do trabalho, Ao contrério do que afirmam tant: 4 propaganda capitalista como a marxista, 0 trabalho & o funda mento da vida, mas nio seu objetivo. 0 ‘objetivo é 0 “jogo © ¢ vida sexual em todas as suas formas, desde @ sexualidade mai: carmel até as sublimacées mais elevadas”."? A Ideologiekridk de Reich € redutivel, em titima andlise, 2 Sexpol, Esta implica uma sintese do saber e da vida. O saber’sé pode ser alcancado através da dissolucdo da falsa consciéncia, ¢ que pressupde a revolugio da vida. A vida, do seu lado, no pode ser apropriada enquanto nio forem dissipadas as ilusdes da ideo logia, A critica se realiza qudndayse concretiza na vida; esta s¢ torna consciente quando cs fentasidfise evaporam, “O vivo é em si razovel’, disse Reich, em 1940.*° Ao que podiemos acrescentar “o razodvel ¢ om si vivo". Gragas & unidade desses dois momentos fa razio critica € ao mesmo tempo a vida enquanto critica, © < revolugdo cultural se completa com ume revolucao epistemolégica REICH, D, nd. 6 ; Fae Binion Sy Me Orgasm, op, et. aa. 2

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