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la - Filosof rT ario Sum Frente A 07 08 09 10 i 12 27 49 63 81 5 Modernidade: qual é 0 fundamento do poder? 05 utopistas, Maquiavel e os Contratualistas ‘Autor: Richard Garcia Epistemologia Moderna: qual é 0 caminho que leva verdade? Racionalismo e empirismo modernos ‘Autor: Richard Garcia Immanuel Kant: “O maior filésofo dos tempos modernos” Autor: Richard Garcia Filosofia contemporanea: a dialética de Hegel a solucao politica de Marx Autor: Richard Garcia (0 mundo em reviravolta: Nietzsche e o Positivismo Autor: Richard Garcia Os principals pensadores do século XX Autor: Richard Garcia Zz T eateoexuds ) 6) 6' 8) 6) 66 ele 6 ele e.e & e'e| a"): aso) wo) ) Bi ) - FILOSOFIA Modernidade qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel € Os contratualistas AS profundas transformagées ocorridas no mundo com © Renascimento exerceram uma forte e decisiva influéren gm todos os campos da vida humana. Um deles for campo da Epistemologia ou Teoria do Conhecimento, cue {gstuda © método pelo qual o individuo alcanca a verdaie Estudaremos, posteriormente, seus principals pencadores Outros campos da Vida humana que sofreram grande inuéncia nesse novo contexto histérico e lloséfco foram « posricae a tia. Desse modo, é essencial nos dedicarmos 4 filosofa politica moderna, desde seu fundador Nicolog "agulavel, prossequindo até os pensadores contratualistas, Thomas Hobbes, John Locke e Jean-lacques Rousseau. Para compreendermos a novidade trazida pela politica moderna é necessério antes estudarmos a concepcas tradicional de politica, que tem sua origem em Plasdo © Aristbteles, passando pela Idade Média e encontrando seus fepresentantes nos fins do Periodo Medieval e no Iniio ds Modernidade, os pensadores utopistas. ACONCEPCAO TRADICIONAL DE POLITICA Desde PlatBo e Aristételes, a reflex politica ocupou Papel de destaque no desenvolvimento da Fllosofie, Os dois filésofos consideravam que a vide polttica estarie intrinsecamente ligada 8 ideia de justica e seria a unico ‘capaz de trazer a felicidade ao individuo e & comunidade, Plato acreditava que o ser humano sb poderia encontrar @ vida fell no cumprimento da justica dentro da cidade. Dessa forma, 0 verdadeiro cidadéo seria aquele que se Importa com 0 bem comum e que, juntamente com seus iguals, participa da politica. Oe acordo com o filésofo, o bem ‘Comum deve ser a concretizagao da ideia de justica, ideta ~aleangada pelos poucos que deveriam ocupar os cargos mals importantes dentro da polis (sofocracia). Em outras palavras, ‘5 magistrados deveriam ser os mais sdblos, pois s6 elec encontraram a ideia do Bem e poderiam transformé-la em lels. Sua obra que trata desse assunto é A repubiica, Arist6teles, acompanhando Plato, acreditava que ser humano s6 poderia ser feliz vivendo em sociedavie E nesse sentido que defende que uma das esséncias do ser ‘humano € que ele um animal politica (zoon polltikon). MODULO 07 Pensando assim, o estagirta afimava que o ser humano 6 & verdadeiramente feliz quando vive em sociedade ¢ Que a felicdade verdadeira s6 € possivel quando o individue 8 torna um bom cidadao, Tanto para Plato quanto para Aristételes havia uma Ciara relacéo entre ética e politica, ou seja, os valores que uiam a vida do individuo s20 os mesmos que determinom, 2 sociedade. Nao havia, para os gregos, separagdo entre vide rivadae vide pablica. Os mesmos valores aplcados na proga publica também so encarnados na vida do sujeito, sendo 2 cidade, a qual se dé @ partir dos valores clvicos, sendo 2 bom politico aquele que é, antes de tudo, um bom cidadao. 8 valores da moral comum so também os valores de Politica. Nesse.sentido, éimpensével um governante que no ‘manifeste em suas agBes todos os valores civicos da cidade Durante 2 Idade Média, a relacdo entre moral e politica Permanece, manifestando-se no somente nos valores da dade ou do Estado, mas prinipalmente nos valores cristaos, endo mals importantes as qualidades humanas ¢ espirituals os governantes do que a sua eficiéncia. O bom politico 6 aquele que &, antes de tudo, um bom cristio, Assim, é fundamentel no governo da cidade que os valores caros a0 {Eustianismo, como honestidade, justia, mansido, lealdade, fidelidade, piedade, sejam os mesmos valores com os quale 9 Governante iré guiar 0 seu povo. No é coincidéncia que varios reise rainhas tornaram-se santos da Igreja, Todos os pensamentos politicos desses periodos abordam 2 prescrico de normas de dever-ser € nfo dever-ser, ou seja, so concepgées politicas normativas, Assim, @ preocupagso police estava atrelada & reflex ética, especulativa e religiosa, que determina, ao politico, © ue € correto ou nfo, 0 que deve ser feito € 0 que nie deve ser feito, uma vez que as normas so anteriores 8 prépria situacdo concreta, Ve-se nesses periodos a valorizacio do ser endo do fazer. De acordo com essas concepcées, para que © governante seja um bom politic, ele deve, primeiramente, ser um bom cidadéo ou um bom cristo. Assim, acreditava-se que o governo seria necessariamente bem Girecionado e as medidas tenderlam a0 bem comum, ‘A boa comunidade e a boa politica so dependentes entre sie de um bom governo, Beaten |g ahs Médulo 07 Pelo que estudamos até aqui, percebemos que a politica antiga e a medieval, ou a concepsao tradicional de politica, est vinculada a preocupagies qualitativas endo quantitativas. Desse modo, o carter bom ou mau é Intrinseco as acdes. Observe que, nesses modelos de vida social, 0 ideal é mais importante que o real. Outra caracteristica que marca a concepeéo tradicional de politica é 2 ideia de que os fundamentos da vida politica ‘so externos @ anteriores & politica, ou seja, as bases elas quais existe a comunidade so Deus, a natureza ou a razo. Na concepcio religiosa, o poder é dado por Deus ‘2 um individuo ou a alguns individuos que o exercem pela vontade divina. Na perspectiva jusnaturalista (direito dado pela natureza), os ndividuos vive em comunidade porque sua natureza 6 social, ou seja, nasceram para viverem Juntos. Essa concepgio é clara na filosofia de Aristételes, que dizia que o ser humano é um animal politico, 34 na perspectiva racional, existiria uma racionalidade superior (no necessariamente divina) que governa o mundo e leva {aS pessoas a se unirem em comunidades. De uma forma 0u de outra, o ponto em comum nessas concepcées é que 0 fundamento da vida social encontra-se fora da politica Dentro dessa concepeai tradicional de politica, teremos também a Idela de que a comunidade deve ser unida € indivisivel, buscando promover a paz e 0 bem comum pela justica. Desse modo, na comunidade humana ndo haveria lugar para a desordem, intrigas, rixas ou disputas, G | easton © conflito deve ser evitado e, com ele, aqueles que © promovem. Nessas comunidades, 0 bom governante deveria encarnar todas as virtudes necessarias a0 bom ‘exercicio do poder, sendo, acima de tudo, racional, guiando-se pela busca da harmonia e da justiga, OS UTOPISTAS Dentro da concepgie tradicional de politica encontram-se © pensadores utopistas, que, acompanhando tals ideais, politicos, conceberam sociedades idealizadas. Entre 0S principals utopistas estdo Thomas More (1478-1535), Francis Bacon (1561-1626) e Tommaso Campanella (1568-1639). ‘Todos eles viveram no contexto do Renascimento, isto é, ra passagem do mundo medieval para o mundo moderno, ‘Apesar da realidade histérica marcada pela fome, peste, guerras @ intolerancia religiosa, eles continuaram nutrindo a visto de poltica segundo os moldes antigos, elaborando concepstes idealizadas de uma sociedade perfeita e livre dos males do mundo e dos individuos, A palavra utopia vem do grego (ou: no; topos: lugar), @ indica um “lugar que no existe", ou “aqullo que nao ‘existe em nenhum lugar". Desse modo, compreendemos © porque de eles serem conhacidos por esse nome, uma vez que imaginaram cldades desvinculadas da realidade, Tal expressao ganhou importancia com Thomas More, considerado um dos mais importantes desses pensadores. ‘As utopias foram cancepeées polticas de realcade ‘idealistas, sem um fundamento na realidad ‘buscando imaginar como a sociedade deveria aealmente, Modernidade: qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel ¢ 0s Contratualistas Thomas More Thom Meneame tomer ‘Thomas More descreveu, em sua obra Utopia, sociedades perfotas, Nascido em Londres em 1478, Thomas More fo! discipulo de Erasmo de Rotterdam e um dos humanistas mais importantes desse periods. Por ter se recusedo @ reconhecer Henrique VIII camo chefe supremo de Igreja, fol condenado a morte em 1535, Quatro séculos depois, em 1935, fol canonizado pela Igreja, Sua obra Utopia (1516), inspirada claramente em Plato, resume seu pensamento e otimismo. Nela, ele tenta pensar uma sociedade perfeita na qual '8 pessoas viveriam em paz @ harmonia, ainda que seu Contexto histérico mostrasse exatamente o contrério. Porém, foi por convieedo, e nao por ingenuldade, que More imaginou tals sociedades, Ele estava convencido de que, ara que tal sociedade fosse de fato concretizada, bastave ue as pessoas se gulassem pela razéo natural ¢ pelos leis de natureza e ento todos os males do mundo seriam ¢liminados. Dessa forma, immaginando aquilo que no existe, Seria possivel construir aquilo que deveria exist, Nessa obra, Rafael Itlodeu, narrador do livro, em viagem om Américo Vespticio, avista uma ilha, Utopia, onde todas as pessoas sio felizes. Tal comunidade de seres humanos vive em perfeita paz, uma vez que todos os seus idados so iguals entre si. Como nao hd dinheiro. nem aiferenca de renda, no ha status social, fonte dos males, intrigas e egoismo, Por néo haver dinheiro, no hé avides, Nota-se a predilecdo de More por uma sociedade sem Fiquezas ou dinheiro, que, segundo ele, &a fonte de todas as dliferencas entre 0s individuos e, portanto, de todos os males, ‘Omais importante é perceber que Thomas More éum pensador Idealist, uma vez que essa realidede pensada por ele no exis, Sendo praticamente impossivel de vir a existir um dia, Porém, 2 Utopia, apesar de néo apresentar uma realidad possivel, trae Pela fiegdo todos 0s problemas socials existentes em sua época € direciona o pensamento para os critérios morals a serem estabelecidos para solucionar tais problemas, Francis Bacon bee, Lara eI l) eccevewicer all Representacdo de Francis Bacon. Em sua cidade pevfeitahavia um lugar especial para os clentistas, 2 Casa de Salomdo, onde eran redueidos conhecimentos para meihorar a vida das pessoee Francis Bacon nasceu em York House, Inglaterra Sua Filosofia divide-se em dois aspectos: a Eplstemologia © 2 Politica. Destacou-se mais por seu método empitico de alcangar a verdade do que pelo seu pensamento politic, Seguind os passos de Morus, Bacon, um utopista, também imaginou uma sociedade perfeita em que todas as pessoas viveriam felizes e em harmonia, ‘Suas ideias politicas esto descritas em sua obra Nova Atténtida, publicada em 1624, dois anos antes de sua morte. Nela, 0 flésofo descreve uma cidade ideal ‘onde no hé politicos. Tal comunidade & gavernade Por uma institulg8o cientifica, a Casa de Saloméo, Ra qual se reuniam todos os pensadores e cientistas do Cidade que, juntamente com a forca do trabalho, permitiem @ construcio de estruturas socials e econémicas justas, E interessante percebermos que 0 pensamento politico de Bacon reflete sua crenga na cléncia como tnico conheeimento ‘apa de trazer beneficios préticos para a vida humana, rs Médulo 07 Tomas Campanella Tomés Campanella imaginou uma sociedade perfeita em sua obra A cidade do Sol, Nels, as pessoas eram governadas por um poder teocrético, Nascido em 1568, na regio da Calabria, 20 sul da Iti, Sua vida € cheia de perealgs e casos curiosos, Foi torturade, Processado pela inquisicdo quatro vezes e na tiltime for ‘condenado & morte, da qual sé selivrou porque fing ser louco, Ficou preso por quase a metade de sua vide. Sua condenacio ocorreu devido & revoltaorganizaca por ele contra a Espanta, uiado pelo desejo de inkiar reformas polticas ¢ reigiosas, Foi mago e astrdlogo, o que pode ser identificado em sua obra politica cidade do Sol, Publicada em 1602, apresenta su8 proposta politica de cidade perfelta. A cidade do Sol ‘dealizada por Campanella representava a unigo de todas 85 suas aspiracées pela reforma do mundo © dos seres humanas, sonhando com uma nova realidade que seri ivre (405 males pelo uso de instrumentos da magia e astrologia, Na cidade no haveria propriedade privada, sendo que tudo Pertenceria a todos. Todos cultivariam a virtude, combatendo. ‘05 vicios, que seriam dominados e extirpados da vida humana, A POLITICA MODERNA Rompenco com a dealizacdo da polticapelosutopistas, teros 2 figura de Nicolau Maquiavel, que inaugura um novo mode de pensar apoltca. Conheciée como fundador da politica moderna, Maquiavel lanca a5 novas bases do pensamento politico ® partir de entéo. 0 filésofo afasta-se do pensamento especulativa, ético e religioso (vigente até entao), antigas bases da concepcéo tradicional de politica, Construindo um modo completamente diferente e prétice de pensar e fazer politica. Ele inaugura a autonomia <2 politica como objeto em se Independente de outros campos {0 saber, principalmente da religiao crits, Se 05 pensadores antigos fundamentavam-se na ideia de justiga © natureza para formular suas concencdes Politicas, os medievals buscavam nas Sagrades escrituras © no direito romano as bases de suas concepcies, © os topistas baseavam-se nas obras dos antigos, trazendo 8 tona os ideals de justica e vida comum. Maquiavel, Pr sua vez, busca 0s fundamentos do poder politico e da vida em comunidade na prépria realidade Nicolau Maquiavel mn aon ic Maguiavel & conhecido coma um dos mals importantes ensadores polticos modemos, i Nicolau Maquiavel nasceu em Florenga em 1469. E conhecido como 0 fundador da ciéncia politica modema Seu pensamento representa 0 Inicio de uma nova fase 82 politica, ja que depois dele, nada mais seré como antes fem relacko as concepgées de poder e modo de governar Desde muito cede demonstrou grande interesse pelos estudos, aprendendo:o latim aos sete anos de idade, 6 Veter Modernidade: qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel e os Contratualistas Pertencia 2 uma familia com poucos recursos financeiros que vivia na regio da Toscana, Aos 29 anos, ingressou ha vida politica, assumindo 0 cargo de Segundo Chanceler da Repdblica Florentina, que se ocupava dos assuntos relacionados & guerra e a politica externa; fol também conselhelro e diplomata em sue cidade natal. Em 1513, devido a problemas politicos, fol exlado em San Casclano, onde comecou a escrever suas principais obras, O principe € Discursos sobre a primeira década de Tito Livio, Em 1518, escreveu a comédia A Mandrégora. Em 1520, escreveu A Vida de Castruccio Castracani e A arte da guerra. Nessa p0ca, Maquiavel, que jé havia retornado para Florence, ecupou ‘cargos politicos de menor importancia. Escreveu também es. ‘Historias lorentinas em 1525. Em 1527, fol defintivamente excluido do poder em Florenca apés a queda da familia dos Médici Faleceu em 21 de junho do mesmo ano, Contexto histérico A compreenséo do pensamento de Maquiavel, brincipalmente de suas ideias contidas no livro O principe, ‘$6 € possivel se compreendermos antes 0 seu contexto hist6rieo, A Itélia no tempo de Maquiavel era uma peninsula geogréfica € politicamente fragmentada, o que a tornava presa facil para Estados externos que quisessem invadile, A Italia nos tempos de Maquiavel era uma peninsula Modernidade: qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel e os Contratualistas = rae nay Cer todo poderem suas mos simplesmente John Locke nasceu fem 1632, na cidade de Wringtown, cise eojeens Poder geraconftos.Desse modo,Hobbes Inglaterra, Sue fares rotestante com inclinagdes inde ctjetivque buscava comsua losonarexplicperene pentane: composta por burgueses e comerciantes, > jyBaler do Estado deve estarnas mos de um s6indviduo, Locke destacouree corey ooeoue Pensador por sus {ustincando, ent, o estago steam epistemologia, sendo um dos mais importantes pensadores a empiristas (estudaremos sua teoria do conheciments Estado tem tanto poder que deve orientar os individuos _posteriorme est __emtodos os campos da vida, inclusive se pronunclando sobre Em politica, seu pensamento passou por mudancas A imtos do eergi2826i @ religiéo também deve estar nas racials Se cin eet era um defensor do absolutismo como ios do Estado. Como este detém o poder, os indviduee, rel ab controlar e governar o povo, mais tarde tornourcs 7 ber sua vez, nunca podem desobedeclo, exceto em tres Um eral conser eonhecoe ae dos primeiros @ defender 0 liberalismo politico a0 sustentar os direitos Inaliendveis dos individuos e também o direto & rebelise Sua flosofia poltica esté contida na obra Dois tratados sobre © governo, publicado em 1680. ocasides: $e 0 Leviat8 néo garantir a paz, a seguranca © 2 vida dos cidados, sua funcéo primordial; seo soberano _Otdenar que os individuos adorem algum individuo comurs u ainda, se ele mandar ofender a Deus, > Hobbes x Aristételes Politics . ‘ Locke também ¢ um fiésofocontratualsta, ou see, annonce eaencea Nesta ofa tomesiana acts ee el ate sonata, ov slo, 7 REECSISLET Seger tabs nae ca Seay is SU Slr do parse rortarbeemnese Esta e iso ntostna police, Stuns poles arene sees PET, Puen aee eae Brelpamente 2 opesentade no cepunie Pen ree polis recebeus nome de Dos vatssbe cer sy om avon esis 2 ser humana um anna gate a tras ener epost tea rai Na > 209 potiton),nascendo com uma naturaze secave, Docenate eerna se arespene a hip Snaaaimesmeance haiitnieare NEGRI ma aren ae Secpraees rupees SG ST ocala endo eae a aa eo ua ry, 7 Tyagi srt esscelnts pre tarancal Sorts ut ura weasel on ua, tone or Sua ves, contrerande seu prdecesatn one ne ~ John Locke poder Esta, Apesor des densa signee Datureze como aquilo que existe previamente eé inquestiondvel, 2 autopreservacdo como motivadora do Estado; o contrato coca como produto da racionalidade e com vistas & vide ¢ remade ‘205 desmandos de uns individuos sobre outros, Estado de natureza, lei de natureza e contrato social Locke afirma que os individuos em estado de natureza*vivem Juntos segundo a razéo e sem um superior comum sobre 2 Terra, com autoridade para julgar entre eles”. £ urn ected, Pré-politico, mas no pré-social. Veja que, no estado de nnatureza, apesar de os individuos viverem juntos, no ha qualquer poder soberano que decida ou que ordene aualauer Colsa, © as pessoas sda absolutamente livres ¢ iguais, Neseoe condigBes, as pessoas dever obedecer somente as leis ae hatureza (aquilo que em Hobbes denomina-se direlto de atureza), que s80 aquelas leis que Jé nasceram com o ser humano e por isso so rrenunciéveis. Segundo Locke, o ser hhumano tem por condic&o "ndo estar submetido 3 vontacis ou a autoridade legislative do homem, mas ter por regra apenas a lei natural”. Hobbes considera 0 direito & vida © & autoconservacdo como os Unicos direitos que o ser humano tem por 3 natureza. Locke afirma que, além do direito & vida, Satna lek, «primero persed wane Ose marten nc, ale oo eho 3 i, Rife como une niente propriate pace” Srowelade pasa Seng mtreza 9 eho Estostemeal [4g BEBE 556.1507 Em suas palavras, o ser humana tem direito de {1 dspor e ordenar como se quseraprépria pessoa, ‘28s, posses e toda sua propriedade, OCKE, John. Das tatas ste © govern, Trecusso de hao Fschero. S30 Paulo: Martins Fontes, 1996, segundo tratado, Vi § 57, [1 E desse modo um homem obtém poder sobre $ puto no estado de natureza[..) 20 transgrediro ie oe naturez2, @ infrator deciare estar vivendo segunde Fea OOS Sue no a da razdo e da equidade comumn, ara mutual seguranga destes; e, assim, torneree Pervose Para hurmanidade [todo homem pode, por ise Tazo ecom base no diet que tem de preserve g seeranidade em gerl, resting, ou, quando necesséo, estrur 0 que seja nociva a ela, LOCKE, John, Dols tratados sabre 0 govern, Tradusio de uo Fischero,SSo Paulo: Manns Fong, 1996, segundo tratac, 115 8p. 366 ele violénca injustae a carnificina por ele cometidos contra outrem, declarou guerra a toda a humanidade «, Bortano, pode ser destrud como um leo ou um tigre, um desses animais selvagens. LOCKE, John. Dai watados sabre 0 govern, "Tedusto de uo Pechero. Sto Fouos Maris once 1s0e, ‘segundo tatedo, 11 § 16, sate? ROVE" Jules ou quem resolva os confltos, ox incividuos, a0 entrarem no estado de quera em bucu cn inaneas Poderlam se destruin ainda nessa situagis, oo indlviduos poderiam fazer valer sua el e natureza de trons sceproporciona uma vez que nd hé medida pars ace ce aires Contra aqueles queinfingram lei denatureza cejen \dimensionadas e vingadas de forma proporcional, masse contexto, faz-se necessério 0 contrato ¢ Consequente criacéo do Estado, da socledade evi [+] € 2 grande raz pele qual os homens se unem em Sociedade © abandonam 0 estado de naturesn 2u onde existe autoridade, um poder sobre a Tera, $e ual Se possa obter amparo por melo de apele, 2 continuagBo do estado de guerra se vé exclulds ¢ controvérsia decidida por esse poder LOCKE, John. Dols ratados sobre 0 governo. TeadusSo de Julo Fischer S30 Paulo: Metins Fontes, 1998, 9, ai Image sentido, o figsofo afirma que, quando as pessoas por ies uma comunidade au corpo polities, cles, ror arse Yontade, esto submetides a essa communidan os cane; Fenunciando, portanto, & lel naturel de defender Povieres naturals\20 ser'humano no estado’ de netmere de ceecgrmam, pelo contrato social, em poderes politece da Sociedade civil. Locke afirma que [--] apenas existirs sociedade politica ali onde cade ces gtus Membros renunciou a esse poder natura, senrando-o nas mos do corpo politico [..] que passa s Ser érbltro[...] decide todas as diferencas que porvertars @corram entre qualsquer membros dessa sovieduoe LOCKE; John, Dai tratados sabre o governo, TradusSo de ho Fecher. So Palo: Martins Fontes, 1998.9, oy Propriedade privada me acredltava que 9 propriedade privada & um bem Ralendvel, seja, dll de natureza e, portanto, poten date pncmane; No pode, de maneira slguma, ser retiis fomarany pi Parte de tera que, antes pertencente a todos, {ermerem para si. Se no inicio tudo era de todos, & meds Sido ce penso2s foram tomando um pedaco de terra ners fue famanho adequado & sua capacidade de trabali orca de ee assou 2 pertencer a ele tal como se fzease ore Si feu Proprio corpo, Dessa maneira, tal como nde ce mae se aeamcanta @ Vida‘e Integridade de uma pessos, pois Se assim fosse felto,resultaria em um descumprimerts ve de conc Ratureza, dai mesma forma néo ha possibiideds A divisdo do poder fara Locke, 0 govern esté estritamente limitado ¢ Sumere uma fungao que é a protesie da comunideds Sem Interferir na vida.e livre decisfo dos cidadne 14 | Ciesioesuas ee das pessoas, exercendo, Para Locke, o Estado deve s O poder federativo, inseparével do exe: exteriores. Seu papel é o de estabelecers EtionBomeat | a HDS Mscuto07 Jean-Jacques Rousseau 7 soe i Rousseau fol um dos principals pensadores do lluminismo, eve uma vida complicada e chela de altos e baixos, Sua fe Principal & de que o ser humane nasce bom, mas a socieeuaia © corrompe, Rousseau nasceu em Genebra em 1712. Aos 16 anos, salu de casa e fol viver por sua prépria conta, passands, fome e privagdes até que foi morar na casa de Warens, uma madame que acabou por exercer papel de mae, ‘amiga ¢ amante, e 0 ajudou em seus estudos de Musica ¢ Filosofia. Em 1741, fol para Paris com o intuito de ganhar a vida com sua miisica. Inevitavelmente, devido & sua origem humilde e também 20 Insucesso em Paris, Rousseau passou por momentos difcels, © que provavelmente o fez condenar-a vida civil e defender lum retorno & vida natural, ao estado de natureza em que o Individuo era inocente e fell Suas obras mais importantes foram contrato social Publicada em 1762, e um ensaio sobre educago chamado Emillo, ou Da eduucacao, publicado em 1762, Rousseau fol um dos principals pensadores do luminismo, endo 0 precursor do Romantismo devido & valrizagSo da vide natural. Sua contribulglo mais Importante foi a sua resposta Negativa sobre o papel da sociedade na formacdo de um individuo melhor, sendo esse o undamento de sua teoriapolien, O estado de natureza Em 1750, a Academia de Dijon, na Franca, propos um Concurso cujo tema era: *O restabelecimento das ciéncias das artes ter favorecido 0 aprimoramento dos costumes?" ou seja, em que medida o ser humano tornou-se melhor ‘sue Vida moral aprimorou-se com o progresso das ciénclas € das artes, principalmente apés o Renascimento? Omundo de Rousseau vivia o auge dos ideaisiluministas, {ue serviram de motivacdo 8 Revolucéo Francesa de 1789, Desse modo, as pessoas estavam otimistas quanto ao papel de Progresso, uma vez que o mundo tendla a se tornar cada vez mais live © se buscava a felcidade de alguma maneira. Enquanto todos os demais que participaram do Concurso de Dijon foram favordveis ao progresso como Imaneira de aprimoramento do ser humano, Rousseau fol o Unico a discordar e afrmar que 0 progresso das cléncias e 428 artes, 0 progresso da humanidade, nao contribulu para melhorar-o ser humano, mas pelo contrério, 6 tomou pior Para defender esta posicio Rousseau escreveu sua obra Discurso sobre as ciéncias e as artes, ganhando o prémio do concurso em 1750. ‘Segundo 0 filésofo, o ser humano nasce bom, mas 2 Sociedade o corrompe. Sendo um contratualista tal como Hobbes e Locke, 0 filbsofo também utiliza a ideia de estado ‘de natureza para tentar compreender o que o ser humano era antes de viver em sociedade, ou seja, qual éa sua natureza primeira e fundamental. Para Rousseau, o ser humano No estado de natureza ¢ integro, biologicamente sadio. © moraimente reto, ou seja, no hé qualquer vicio ou outra olsa que 0 corrompa, Nesse contexto, Rousseau retome © mito do século XVI do bom selvagem’, afimando que © ser humano é bom por natureza, sendo que toda ordem ‘de males provém de uma vida em sociedade que o afasta de seu estado original. Dessa forma, ele sustenta que © ser humano original 1a livre, soltério e feliz, Vivendo nas florestas, guiava-se ‘somente pelo instinto de autopreservacéo, sem necessitar de ninguém para absolutamente nada. Esse ser humano £4 gulado simplesmente pelos sentimentos naturais, nfo pela razdo, Sua vida se resumia em querer, desejar © temer. Segundo 0 filésofo, esse individuo, o “bom ‘elvagem, buscava simplesmente satistazer seus prazeres clementares: comer, beber,reproduzit-se e fugir da dor, ¢ dessa forma ele era plenamente feliz. Nessas condigées, © Individue estava aquém do bem e do mal, era inocente tal/ como uma crianga para a qual o que é importante 6 Satisfazer suas necessidades, néo tendo qualquer ardmetro cultural de certo e errado. Nessa situecéo, © Individuo estaria bem e tranquilo, pois no estado de hatureza os vicios no apareceriam e, portanto, a paz Felnaria. Cada individuo desejaria simplesmente 0 que ef necessério & sua vida e nada mais, no havia confite OU divergéncia de interesses e, portanto, as pessoas Ado Imaginavam uma vida diferente da que viviam, 2 que, para o filésofo, seria a melhor condigho possivel © mais fevorével para a felicidade, 76 Paucar imeem ee Modernidade: qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel e os Contratualistas Para Rousseau, 0 ser humano no estado de natureze é livre e solitéro, Esse individuo original tem o instinto natural ¢ este 6 suficiente em si mesmo. Ele no necessita de nada mais. Para sua sobrevivéncia, e esse instinto no o conduz & vida em sociedade. € por isso que no estado de natureza © ser humano quiava-se exclusivamente pelos sentimentos € paixdes, pois, para que existisse sociedade, era necesséria 2 presenca da razao. © ser humano original de Rousseau € fundamentalmente diferente do ser humano em estado de natureza de Hobbes, Para Hobbes, o ser humano é mau e egoista e esté em guerra Contra os outros 0 tempo inteiro, Adatando posicéo contrérla, Rousseau afirma que as pessoas no estado de natureza so otadas do sentimento de piedade que faz com que elas Ino estejam em guerra © ndo sejam, portanto, compardveis ‘2 monstros. Dessa forma, o sentimento de piedade é que faz com que haja uma paz no estado de natureza e no 2 “guerra de todos contra todos” pregada por Hobbes. Tal sentimento de pledade ocupa o lugar das leis, dos costumes e da virtude, ou seja, é par meio dele que as. pessoas podem viver sem que um ameace a vida do outro, Porém, além do sentimento de pledade, © ser humano No estado de natureza é dotado de um sentimento denominado de perfectibilidade, que faz com que as Pessoas busquem se aperfelcoar, se tornar mais perfeitas naquilo que realizam. Somente o ser humano possul tal sentimento, 0 que o diferencia dos outros seres, A perfectibilidade foi o primeiro sentimento a contribuir ara que os seres humanos se juntassem de alguma forma para realizarem alguma atividade, algum trabalho demasiado dificil para um s6 individuo realizar e que exigia 2 contribuicéo de outros, como, para dar um exemplo, transportar algo muito pesado. Assim, as pessoas foram ercebendo que @ vida em conjunto era mais fécll do que 2 vida individual, em que cada qual realiza suas tarefas sem 2 contribuicdo dos demais. Para 0 filésofo, esse sentimento foo inicio de todos os males da humanidace, pois, por causa dele, as pessoas se juntaram pela primeira vez em grupos. Seaté entoa vide era boa porquecos individuos no conviviam, ‘com 0 surgimento das primeiras comunidades apareceram as primeiras familias, o amor, a linguagem, a arte, entre outras, caracteristicas existentes somente em grupos hummanos. ‘Se no inicio dessas primelras comunidades as diferencas entre as pessoas eram pequenas, com o passar do tempo elas foram crescendo. Os mais fortes, mais hébeis, mais belos foram se destacando dentro da comunidad, e com isso vicios como a lnveja, orguiho, cidmes, vaidade, hipocrisia, cobica, entre outros, foram surgindo. Assim, 0 que ni deveria acontecer tornou-se realidade: 5 comunidades, a vida social foi construida. Porém, segundo Rousseau, 0 mal ainda nao havia encontrado seu Spice, que s6 ocorreu com o inicio da propriedade privada, Aguelas pessoas que se destacaram das outras, devido 20 progresso das ciéncias e tecnologia, por exemplo, da agricultura, passaram a possulr mais bens que os demais, ‘ou seja, tornaram-se proprietérios. Dessa forma, Rousseau. diz sobre a propriedade privada, entendida por ele como © maior mal que poderia ter ocorrido na vida humana (© verdadelro fundador da sociedad civil foi primeira ‘ue, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer Isto meu" e encontrou pessoas suficentemente simples ara acredité-Io, Quantos crimes, quantas guerras, assassinios, misérias e herrores no pouparia ao glnero humane aquele que, arrancando as estacas ou enchendo (0fosso,tivesse gritado a seus semelhantes: “defende!-vos de ouvir esse impostor; estarels perdidos se esauecerdes ue 0s frutos s80 de todos © que a terra ndo pertence ‘a ninguém! ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre 2 orgem e 05 ‘unaments de desiguaace entre as homens, TraducSo ce Lourdes Santos Machado, Sao Paulo ‘Abel Cultural, 1978. p. 270 (Os pensadores), aoa Beret [47 Méduto07 © que de pior poderia acontecer acaba por se tornar conereto: a vida em comunidade e 0 surgimento da Propriedade privada. © ser humano salu, entéo, de seu «estado de inocéncia primordial e se corrompeu. Foi dessa corrunsio que nasceu a divisao entre ricos e pobres, Poderosos e despossuidos, Se com a vida em comum 0s Problemas ja haviam aparecido, com a propriedade Privada tais problemas radicalizaram-se, A extrema desigualdade na maneira de viver; B excesso de trabalho de outros; a facilidade de iritar 6 de satisfazer nossos apetites e nossa sensualidade, 08 allmentos muito rebuscados dos ricos, que on utrem com sucos abrasadores e que determinam tantas indigestdes; a mé alimentagdo dos pobres, Gue frequentemente thes falta © cuja cartncla for Que sobrecarreguem, quando possivel, avidamente seu estomago; as vigilas, excessos de toda sorte; os transportes imoderados de todas as palxées; as adios £0 esgotamento do espirito, as tristezas eos trebaihos sem-nimero pelos quals se passa em todos os estavios € pelos quais as almas so perpetuamente corroides ~ so, todos, indicios funestos de que @ majoria de ‘ess0s males é obra nossa e que teriamos evitado auase todos se tivéssemos conservado a mancins simples, uniforme e solitria de viver prescrita pele ‘atureza. Se ela nos destinou a sermos sios, uss uase assegurar que o estado de reflexso é um astado contrério & natureza e que o homem que medita € um ‘animal depravado. ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a erigem ¢ os {undamentos da desigualdade entre os homens, Traducdo de Lourdes Santos Machado, S50 Paulo ‘Abril Cultura, 1978. p. 61 (Os pensadores). Nesse momento desencadeia-se uma guerra generalizada entre rieos (proprietérios) e pobres (nao proprietérios, espossuidos). Nessa guerra, s6 quem tem a perder s86 04 Droprietarios, uma vez que os despossuidos no tém nada além de suas préprias vidas. Percebendo que eles seriam os Imelores prejudicados pelo conflto, os proprietdrios lancaram, mo de um argumento capaz de apeziguar 0 espirito dos ‘evoltosos e fazé-los contentarem-se com sua situacéo: © contrato social. Os proprietérios prometeram aos pobres que o Unico ) 02. (PuCPR-2013) Os hésofos que examinaram os funcamentos de sociedade Sentiram todos a necessidade de volar até 0 estado de natureza, mas nenfum deles chegou at Id ROUSSEAU. Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens, Sobre a descri¢So rousseauniana de estado de natureza fo Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens & CORRETO afirmar que: 8) O estado de natureza corresponde ao period inical {a criagSo do mundo, canforme encentramos no texto Bidlco, uma importante referénca erica pare Rousseau 8) © estado de natureza corresponde 20 estigio de {desenvolvimento dos indo da Amica do Sul cos sé) tre, ©) 1, ew. (Unicentro-PR-2013) Assinaleaalternativa INCORRETA, 4A) Pode-se dizer que a politica de Maquiavelé realists, Pols procura @ verdade efetiva, ou seja, “como. © homem age de fato". A esse realismo alia-se a tendéncia utiitarista, pela qual Maquiavel pretende desenvolver uma teoria voltada pare a aco eficaz e imediata. 5) Em relag8o a0 pensamento medieval, Maquiavel Procede & secularizacio da politica, rejeitendo 0 legado ético-cristao. 0 Maquiavel se distancia da politica normativa dos egos © medievais, pols n8o mais busca as normas ue definem 0 bom regime, nem explicit quais devem ser as virudes do bom governante, 16. ), Maquiavel esté a procura do principe ideal, indicando {8 normas para conquistar eno perder o poder. Nesta Perspective, nao ha diferencas entre o “dever ser” da Politica cléssica e aquele a que se refere Maquiavel na obra O principe, ©) Embora Maquiavel ndo tivesse usado 0 concelto de razo de Estado, é considerado 0 pensador ue comea’a esbocar a doutrina que vigoraré no século seguinte, quando © governo absoluto, em ‘Steunstdnclas criticas e extremamente graves, a ela ‘ecorre permitinde-se volar norms juridicas, moras, Palticas e econémicas, (Unioeste-PR-2013) Em flosofa potica, © contratualismo \w's2 8 construcéo de uma "teria racional sobre a origem © 0 fundamento do Estado e da sociedade polities" cconstruido com base na Srende dleotomia ‘estado (ou sociedade) de natureza / {estado (ou sociedade) civil” (cf. BOBBIO), senda que a Ppassagem do estado de natureza para o estado civil ocorre ‘mediante 0 contrato social, © modelo contratualista & * Considerando o texto acima e as diferentes teorias ) liferente de Locke que concebe o estado de natureza como um "estado de relative paz, concérdia © hharmonia’, pare Hobbes o estado de natureza é um estado de guerre generalizada, de todos contra todos, de inseguranca e violencia ) @ passagem do estado de natureza para o estado civil corre mediante uma ou mais convengSes, ou seja, ‘mediante "um ou mais atos voluntarios e deliberedos dos individuos interessados em sait do estado de atureza’, ¢ ingressar no Estado civil ators Beau | 23 | Frente a IEEMO 7. (Unioeste-PR-2013) Com isto se torna manifesto que, durante tempo em que os homens vivem sem um poder ‘comum capaz de os manter @ todos em respelto, eles ‘se encontram naquela condico que se chama guerra; © uma guerra que é de todas os homens contre todos: (8 homens. [..] E os pactos sem a espada ndo passam de palavras, sem forca pare dar seguranca @ ninguém. Portanto, apesar das lels da natureza (que cade um respeita quando tem vontade de respelté-as e quando ode fazé-1o com seguranga) se néo for instituido um oder suficientemente grande para nossa seguranca, eda um confiaré, e poders legitimamente confiar apenas fem sua prépria forga @ capacidade, como protecto contra todos. HOBBES, Considerando 0 texto cltado @ 0 pensamento politico de Hobbes, sequem as afirmativas abaixo A situaglo dos homens, sem um poder comum que { mantenha em respeito, é de anarquia, geredora de inseguranga, anguistia e medo, pois 0s interesses egoisticos séo predominantes, eo homem € lobo para © homem. HH, As consequeincias desse estado de gquetra generalizada fo as de que, no estado de natureze, no nd lugar para a IndUstria, para a agricultura, nem navegacdo, hi prejulzo para a cléncla @ para 0 conforto {dos homens. IL. 0 medo de morte violenta @ o desejo de paz com seguranca levam os Individuos a estabelecerem ‘entre si um pacto de submissio para a instituicso do Estado civil, abdicando de seus diretos naturais em favor do Soberano cujo poder é limitade e revogavel Por causa do direito & resistencia que tem vigéncia ro Estado civil assim instituido. IV, Apesar das leis da natureza, per no haver um Poser comum que mantenha a todos em respeito, ‘garantindo a paz e a seguranca, o estado de natureza 4 um estado de permanente temore perigo da morte violenta, e “a vide do homem € solitéria, pobre, sbrdida, embrutecida e curta’ V. 0 poder soberano instituld mediante 0 pacto de ‘submissdo & um poder limitado, restrito e revogével, Pols no Estado civil permanecem em vigor 0s direitos aturais & vida, 8 liberdade © & propriedade, bem ‘como 0 alreito & resisténcia a0 poder soberano. 18. as afirmativas feitas anterlormente, |A) somente a afirmacdc I esté correta B) as afirmagies Ie II est3o corretas, CC) as afirmacbes 11 e Iv estdo incorretas, D) as afirmagées I e V estdo incorretas E) a6 afirmacées 1, Ile IV esto corretas. (Unioeste-PR-2013) Através dos principios de um direito natural preexistente a0 Estado, ce um Estado baseado no consenso, de subordinagio do poder executivo eo poder legisiatvo, de um poder limitado, de dteto de resistencia Locke expés as dretrizes fundamentals do Estado liberal 08810. Considerando o texto citado e 0 pensamento politico de Locke, seguer as aftmativas: 1. Apassagem do estado de natureza para a sociedade politica ou civil, segurdo Locke, é realizada mediante lum contrato social, stravés do qual os individuos singulares, livres e igus dgo seu consentimento para Ingressar no Estado dvi TL. 0 livre consentimento dos individuos para formar 2 Sociedade, a prote;0 dos direitos naturais pelo overno, a subordinecSo dos paderes, a limitaco do poder eo direitc & resisténcia s80 principios fundamentals Go liberalismo police de Locke, m -A violagio deliberads € sistemstica dos direitos naturals © 0 uso continuo da forga sem amparo legal, segundo Locke, no so suficientes para conferir legitimidace 20 diretode resistencia, pois 0 exercicio 4e tal direito causaria a dissolucao do Estado civil e, ‘em consequéncia, 0 retorno ao estado de natureza, 1, Os individuos consentem ivremente, segundo Locke, em constituir a sociedade politica com a fnalidade de reservar e proteger, com o amparo da ll, do arbtrio € da forga comum de um corpo poltico unitério, os seus inallendvelsdlretos naturals & vide, &liberdade 8 propriedade. \. Da dlssolucéo do poder legislativo, que & 0 poder no ual *se unem os membros de uma comunidade para formar um corpo vive e coerente’, decorre, como consequéncia, a dissolicdo do estado de natureza, Das afirmativas feltas anteriormente, |A) somente 2 afirmacSo I esté correta, B) as afirmagées Ie II estio corretas, ©) 8 afirmacies Itt © 1V est8o corretas, D) as afirmacso Il II estdo corretas ©) as afirmagées IIe V estio incorretas. 24 [ caeioesaae Modernidade: qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel e os Contratualistas SECAO ENEM 01, 02. (Enem-2013) Nasce daqui uma questo: se vale mals ser ‘amado que temido ou temido que amado. Responde-se {Que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é cf junté-tas, é muito mais seguro ser temido que amado, ‘quando haja de fltar uma das duas, Porque des homens se Pde dlzer, uma mene geral, que so ingratos, volves, simuladores, covardes e vidos de luo, e enquanto Ines fazes bem s80 inteiramente teus, oferecem-te 0 sangue, 05 bens, a vida e os fihos, quando, como acima disse, © Perigo esté longe; mas quando ele chega, revoltam-se. MAQUIAVEL, NO principe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991. A partir da andlise historica do comportamento humano em suas relagies socials e polticas, Maquiavel define o homem como um ser ‘A)_munido de virude, com dlspesicéo nata a praticar 0 bem sie aos outros. Possuldor de fortuna, valendo-se de riquezas pare ‘akcancar éxito na politica, ‘uiado por interesses, de modo que suas acées so Imprevisiveise inconstantes aturalmente racional, vivendo em um estado ‘ré-socal e portando seus direitos naturals, )_sectével pr natureza, mantendo relagdes pacicas com seus pares. 8) o) 9) (Enem-2013) Para que no haja abuso, & preciso orgenizar 8s colsas de maneira que o poder sefa contido pelo poder. ‘Tudo estaria perdido seo mesmo gomem ou o mesmo corpo os princpais, ou dos nobres, ou de povo, exercesse esses ‘85 poderes: 0 de fazer leis, o de executar as resolucbes bicas € 0 de julgar os crimes ou as diverg@ncias dos Individuos. Assim, criam-se os poderes Legislative, Executivo € Jucicéro, atuando de forma independente pars 4 efetivario de liberdade, sando que esta néo existe so luma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes ‘concomitanterente, MONTESQUIEU, 8. Do esaito das fis ‘S40 Paulo: Abn Cultural, 1979 (Adaptacéo). A divisio © a independéncia entre os poderes so ondigées necessérias para que passa haver liberdades ‘de um Estado, 1830 pode acorrer apenas sob um modelos Politico em que haje AA) exerciio de tutela sobre atividades juridicase polftcas 8) consagra¢so do poder poltico pela autoridade reliciosa ) concentraglo do poder nas méos de elites técnico- clentincas, D) estabelecimento de limites 20s atores paiblicos e as Insttuigdes do governo, ) reunio das fungées de legslar, jugar e executar nas ‘Bos de um governante elit, 03, 04, (Enem-2012) € verdade que nas democracias 0 povo arece fazer 0 que quer; mas a lberdade politica nao onsite nisso, Deve-se ter sempre presente em mente © ue € Independéncia e o que é liberdade. A liberdade €0 direito de fazer tudo 0 que as leis permitem; se um Cidadéo pudesse fazer tudo o que elas prolbem, néo teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder. MONTESQUIEU. Do Espinto das Leis, Séo Paulo: Nova Cultural, 1997 (Adaptacdo). A caracteristca de democraciaressaltada por Montesquieu diz respeito A) 20 status de cidadania que 0 individuo adauire ao ‘tomar as decisdes por si mesmo. 8) 20 condicionamento da liberdade dos cidados ‘conformidade as leis, ©) @ possibilidade de 0 cidadéo participar no poder e, esse caso, livre da submisslo as leis D) 20 livre-arbitrio do cidadso em relac8o aqullo que & Proibide, desde que ciente das consequéncias, ) 20 direito do cidadgo exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais, (Enem-2012) NBo Ignoro a opinigo antiga e muito dlfundiés de que o que acontece no mundo & decid por Deus e pelo acaso. Essa opinigo é multo aceita em nossos dias, devido 8s grandes transformacées ocorridas, © que ©correm diariamente, as quals escapam & conjecture humana, No obstante, para ndo ignorarintelramente 0 ‘Rosso livre-arbitro, creio que se pode aceitar que a sorte \ecida metade dos nossos ates, mas [olivre-arbitrio} nos Permite o controle sobre a outta metade. MAQUIAVEL, 1.0 Principe Brasilia: EdUNB, 1979 (Adaptacto). Em 0 Principe, Maquiavel refetiu sobre 0 exercicio do Poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra © vinculo entre seu pensamento politico e o humanismo renascentista 20 A) valorizar a interteréncia divina nos acontecimentos definidores do seu tempo, 8) rejeitar a intervengao do acaso nos processos politicos. ©) afirmar a conflanga na raz8o auténoma como fundamento da ago humana. ) romper com a radicao que valorizava o passade como fonte de aprendizagem. ) ‘redefinir 2 acko politica com base na unidade entre {8 e raza, Eaitora Barnoull | 25 Médulo 07 05. (Enem-2012) TRQUELE TOIOTA D0 Mel ‘SERA QUE EU ROUBO DE ‘DIZEM QUE DUAS ACoES ‘ELE NKO VAL DevOLvER. WOLTAR £U SEL QUE ROU- ERRADAS NRO FAZEM 0 MEU CAMINNAD. AR € ERRADO, MAS an ceRTA. 0 QUE EU ‘AQUELE TROGLODITA Le ROUBOU De MIM, € FARIA ENTRGP DETXAR A PROVAVELMENTE VRE ‘SE EU WAKO ROUBAR DE ESSOA MALOR FAZER V auepeh-10! VOLTA, MOE VAE FCA ‘SUBS PROPRIAS REGRASE com ele, € 1570 NAO € DEDXAR A FORGA SER O ‘sto! cero 2 "Ae Ie \WATTERSON, B. Calvin e Haraido: © progressocintfco dau "tt". So Paulo: Best News, 1991 De acordo com algumas teorias polticas, @ formaglo do Estado é explicada pela rentincla que os individus fazem de sua liberdade naturel quando, em troce da garantie de direitos incividuais,transferem a um terceto © monopélio do exerciclo da forga. O conjunto dessas teorias é denominado de A) iberalismo. B) cespotismo. ©) socialism D) anarquismo. ) contratualismo, GABARITO aa, Be Propostos 14.0 1. 15,0 020 16.8 03. & bit 17,0 ne ae 06, Secdo Enem one a. ¢ 08. ¢ 20 09. 8 8 10.8 4c ac ose 26 | Catecioestudo - FILOSOFIA Epistemologia Moderna: Qual é 0 caminho que leva a verdade? Racionalismo e empirismo modernos QUAL E 0 CAMINHO QUE LEVA A VERDADE? ‘A questo acerca da obtenc8o do conhecimento seguro € um dos maiores problemas de mundo madero, 0 qual tlfere essenciaimente do mundo medieval. Neste, oindividuo estava submetido as verdades reveladas por Deus por meio da Igreja, que se impunha como detentora do saber e do conhecimento em todas as dreas, da moral & ciéncia do Universo, Temos como exemplo a trajetéria de Giordano Bruno, Gueimado vivo pela Inquisicao, em 1600, por defender 2 teoria do hellocentrismo de Copérnico. Outro exemplo & © de Galileu, impedido de falar e publicar suas ideias por serem estas contrarias as defendias pela lgreja Catélica Na Modernidade, vemos a gradativa desmistificagso do Universo, 0 chamado desvelamento ou desencantamento do Universo, Assim, 0 Universo, a natureza e o préprio ser ‘humane tornam-se objeto do conhecimento, © qual deve Ser construido pelo individuo, nao sendo mais determinado pela autoridade eclesisstica, Apesarde a lareje.ainda exercer grandeinfiuéncianomundo nos meios intelectueis, 0 individu modemo oi recuperando ‘radativamente sua liberdade e autonomia para pensar, As idelas aristotélicas, que até entdo tinham servido como base para a Escoléstica, no eram mais suficientes para fundamentar © conhecimento seguro sobre 0 mundo, AS superstig6es cederam lugar & subjetividade, eo Papel preponderente do ser humano abriu caminho para ® busca do conhecimento verdadelro. 0 mundo se ‘mostrava agora um livre aberto, pronto para ser conhiecido, Nessa nova realidade, surge a questo: qual é o caminho ‘que leva ao conhecimento verdadeiro sobre o mundo? Com isso, a questo do método (do arego methodos: ‘meta: rumo; hodos: caminho que leva a algum lugar), ou seja, da teoria do conhecimento ou Epistemologia, tornou-se urgente MODULO 08 isi Nesse contexto, ocorre uma inverséo de valores © de paradigmas: desde a Antiguidade, acreditava-se no Poder do ser humano para conhecer todas as coisas, ou se), acredltava-se que o ser humano poderia conhecer Plenamente 0 mundo € a si mesmo. Na Modernidade, entretanto, manifestem-se outras questdes: Qual seré ‘8 c@pacidade do ser humano de conhecer? Como ocorre esse Conhecimento? Qual & a orlgem das ideias? Apesar de, na Modernidade, esse problema apresentar Novos contornes, ele no é novo, Basta lembrarmos que a Filosofia tem, em sua origem, a ansia pelo saber. Desde os SeUs primérdios, os flibsofos naturalistas, como Herdclto & Parménides, $6 tentavam solucionar 0 problema do caminho Para © conhecimento verdadeiro, © qual tem sido uma das ‘Questdes mais discutides e polemizadas na historia da Filosofia, Herdclito, por exemplo, acreditava que as colsas do mundo do possuem uma essénciaimutével, por isso, a Unica forma de conhecermos os seres seria por meio das Informacées fornecidas pelos sentidos. 14 Parménides, por acreditar que 05 seres possuem uma esséncia imutével, defendia que a Uinica maneira de acesso a essa esséncia era o pensamento puro, @ razéo, Platéo © Aristdteles, por sua vez, respeitande algumas diferencas que podem relativizar 0 problema, também estavam convencidos de que o conhecimento ere garantido pela busca das esséncias dos seres. Platéo buscava lessas esséncias na realidade inteligivel, ¢ Aristételes, na ‘observacdo da realidade empirica, Segundo Plato, o dnico Instrumento que leva @ tal conhecimento & a alma, onde std a razdo, por meio da ascensdio dialética. 14 Aristételes ‘acreditava que a experléncia levaria, por meio do raciocinio indutivo, a verdade, Bios benoutt | 99 = Médulo 08 Na Tdade Média, Agostinho, principal representante a Patristica, acreditava que a verdade estava dentro do Individuo © que ela sé seria acessivel pela razio, com 2 ajuda da iluminagéo divina. 34 Tomas de Aquino, importante Pensador medieval e maior expoente da Escoldstica, valorizava a utlizacéo dos sentidos para as Ciéncias Naturals © Seu papel no conhecimento da natureza, ‘A questo do método de obtencio do conhecimento é, Portanto, um dos maiores problemas floséficos do mundo. moderno. Na busca de resolver esse problema, surgem dois caminhos que ganham destaque na Modernidade Pracionalismo e o empirismo. Mais tarde, teremos também © eriticismo kantiano, que consiste em uma sintese entre racionalismo e empirismo, Racionalismo 1 ~ (0 racionalismo é uma] doutrina que Privlegia a razBo dentre todas as faculdades humanas, ‘onsiderando-a como fundamento de todo eonheciments ossivel. 0 racionalismo considera que o real &, em ditima anélise, racional © que a raz8o é, portanto, capaz de conhecer real e de chegar 8 verdade sobre a natureza des coisas. Segundo Hegel: "Aqullo que & racional ¢ real, © 0 que é real raclonal” (Flesofia do Dieito, Prefécio), Oposto a ceticismo, misticismo. [..] 3 Contrariamente 20 empirismo (valorizando a experiéncia) e 20 fidelsmo (alorizando a revelacéo religiosa),o racionalismo designe outrinas bastante variadas suscetiveis de submeter 4 razio todas as formas de conhecimento. Em seu sentido Mloséfico, ele tanto pode ser uma viss0 do mundo que afirma o perfeito acordo entre o racional ¢ a realidade do universo quanto uma ética que afirma que as actes © 88 sociedades humanas so racionais em seu principio, ‘em sue conduta e em sua finalidade. JAPIASSU, Hilton; MARCONDES, Danilo, Diciandro sco e Fesofe, Rio de Janeiro: Zaher, 1996. No final do século XV e durante os séculos XVI @ XVII hhouve um entusiasmo pela Matematica (Aritmética, Algebra € Geometria),e acreditava-se entBo, que era possivel apicar ‘© métado matemético, puramente racional, a todas as reas de investigacSo, garantindo a exatido dos conhecimentos aleancades. © que se utlizaria nfo. seriam os nmeros ¢ 08 eélculos em si, mas 0 procedimento dedutivo, isto é, © métado pelo qual a Matemética encadeia as afirmacdes Segundo certa ordem, chegando @ uma concluséo exata €verdedeira, Essa racionaidade caracterizaa vis6o especifca do racionalismo modemo ou “grande racionalismo", Podemos apontar como fildsofos que seguem a linha dos grandes raclonalistas, respeitando as devidas dlferencas: Parm@nides (pré-socrético), Sécrates e Plato (Antiguidade), Santo Agostinho (Idade Média), além dos modernos Descartes, Malebranche, Espinosa, Leibniz e Hegel Empirismo - Doutrine ou teoria do conhecimento segundo 4 qual todo conhecime:to humano deriva, direta ou Indiretamente, da experitncia sensivel externa ou interne Frequentemente fala-se do “empirico" como daqullo due Se refere 8 experiéncia, as sensosées ¢ 8s percepcdes, ‘elativamente aos encadesmentos da razdo. O empirismo, sobretudo de Locke e de Hume, demonstra que ndohé outa fonte do conhecimento seni a experiéncia e a sensacio, As ideias 56 nascem de um enfraquecimento da sensacao €¢ no potiem ser inatas. Dai o empirismo rejeltar todas as ‘especulacies como vis eimpossiveis de cicunserever Seu ‘grande argumento: "Nada se encontra no espirto que nao tenha, antes, estado nos sentidas.” "A no ser 0 préprio esplito”, responde Lelniz JAPIASSO, Hilton; MARCONDES, Dene. Disonsro bfsco de Flosofa, Ro de Janeiro: Zahar, 1996, ‘Se 08 grandes racionalistas modemos ganham espaco ‘nos séculos XVI © XVII, os empiristas, principalmente Locke ¢ Hume, o fazem nos séculos XVII e XVIII, Com © aumento da produs8o industrial, que encontrou seu épice 'na Revolusdo originada na Inglaterra, em meados do século XVIII, 0 conhecimento do mundo passou a ter preocupactes tipicamente praticas, por isso a énfase naquilo que € experimentavel, nos sentidas e em um saber que privilegia © conhecimento e a dominacdo da natureza, Na linha dos grandes empiristas, encontram-se Herdclito (pré-socrético) e Aristételes (Antiguidade Grega), além dos modermios Bacon, Pascal, Locke e Hume, sendo os dois Ltkimos os mais importantes representantes do empirismo moderno, chamado também de empirismo inglés, RACIONALISMO MODERNO René Descartes Conhecido como 0 “pai da Filosofia moderna”, René Descartes nasceu na Franca, 7a cidade de La Haye, regito da Touraine, em 31 de marco de 1596. ‘Aos dez anos de idade, fol enviado para o Colégio Real na cldade de La Fléche. 0 colégio, fundado pelos jesuitas sob a Protesdo do rei Henrique IV, ogo ficou conhecido como uma. {das melhores e mais importantes escolas de toda a Europa, Descartes frequentou essa instituigdo durante 12 anos, onde obteve uma sélida formato cientifica e humanistica, dedicando-se 20 estudo da Léaica, da Matematica e da Filosofia. Logo apés, foi estudarna Universidade de Poitiers, onde obteve bacharelado e licenciatura em Direito. 28 | comets Epistemologia Moderna: qual é o caminho que leva & verdade? Racionalismo e empirismo modernos Retrato de René Descartes, conhecide como o fundador da Filosofa Moderna, Descartes foi um aluno brilhante, tendo seu brilhantismo sua dedicagio levado-o a uma crise profunde em relacao todo 0 conhecimento cientifico e floséifico que obteve fem seus tempos de estudo. 0 filésofo percebeu que todo © conhecimento que aprendera em La Fléche e na Universidade no era to seguro quanto ele desejava, 0U seja, notou que, em contraposicio @ toda e qualquer verdade sempre havia outra ideia, que também se pretendia verdadelra e que a contrariava. No Discurso do método, © fl6sofo afirma: Alimentel-me de letras desde a minha inféncia, , devido 20 fato de me terem persuacido de que por meio delas posia-se adquirr um conhecimento claro € Seguro sobre tudo 0 que é lit & vida, tinha extremo Gesejo de aprendé-Ias. Porém, assim que termine! todo ‘esse curso de estudos, ao Fim do qual costuma-se ser recebido na fieira de doutores, mudel inteiremente de opin, DESCARTES, René, Discurso do método. Primeira Parte, Lisboa: Marfim, 1989. p. 13, essa forma, Descartes se vé Imensamente decepcionado om 0 conhecimento, pois percebe que as ideias que ‘aprendera no poderiam ser satisfatoriamente defendidas ela azo, ou seja, todo 0 conhecimento aprendido até entéo era falho. Empolgado com os avancos da Matemética trazides por Copémico e, principalmente, por Gallleu, e decepcionado com ‘as Humanidades, Descartes acreditava que o conhecimento Seguro deveria ser certo e Indubitavel, tal como séo 98 conhecimentos trazidos pela Matemética, Dedicou-se, ento, a buscar esse conhecimento, néo em livros & tensinamentes, mas em si mesma e no "grande livro mundo”, Na cidade de Breda, conheceu um jovem, de quem se tornou amigo, chamado isaac Beeckman, qué o incentivou '5e decicar Fisica e & Matemstica. Com 0 aprofundamento de seus conhecimentos matematicos, Descartes decidiu. construir-com a Mathesis Universalis (Matematica Universal), lum método com o quel ele poderiaalcancar um conhecimento Seguro e claro sobre © mundo, abandonando as incertezas até entdo reconhecidas nas Humanidades, A partir desse momento, Descartes dedicou-se & escrita de suas obras, tendo sido Discurso do método, Meditacoes metafisicas, Regras para a dlrecio do espirto, Principios de Filosofia e Tratado das paixées da alma suas obres mals importantes, O discurso do método Entusiasmado com os avangos da Matemética e decepcionado com as falhas dos conhecimentos cientifico ¢ filosético aprendidos até entéo, Descartes deu um passo ousado, tomando-se conhecido e admirado como grande pensador Segundo ele, 0 edificio do saber, ou sefa, todo saber ientifico que se pretende correto e verdadeiro sobre ‘omundo eas coisas, no passava de uma estrutura insegura e frégil, que poderia ser contestada pelo uso de argumentos que ‘a abalessem em sua certeza e a tomnasse questiondvel, Dessa ‘meneita, para Descartes, ndo ere possivel confiar em nenhum ‘conhecimento cientfico que nio fosse claro edistinto, ou seja, {ue no fosse transparente para quem a ele recorresse que No fosse inconfundivel com qualquer outra idea. Esta fol a meta cartesiana: encontrar verdades claras € distintas sobre todas as colsas; verdades essas que serviriam como certeza para a constituic#o do conhecimento seguro. Porém, Descartes sabia que o eaificio do saber tinha como fundamento verdades flosdficas que, para ele, também eram insegures. Como poderia ser construido um novo edifcio sobre bases que eram insequras? Para Descartes, sso era impossivel ‘Assim, tomando como base a Matematica, o fildsofo buscou ‘construir com a Mathesis Universalis Matematica Universal -, lum método com 0 objetivo de, por meio dele, garantir Verdades que fossem por si mesmas indubitéveis. Veja que 2 idela cartesiana no era aplicar as niimeros & Filosofie ou as ciéncias, mas sim utilizar a I6gica matemtico-dedutive Para elaborar um método que pudesse garantir que 0 conhecimento alcancado pelo inaividuo fosse seguro realmente verdadeiro. Enereemmati | 99 eke cote Tee ee een” Wiese eee ee ‘grandes racionalistas, respeltando as devidas diferencas: Parmenides (oré-socrético), Sdcrates e Plato (Antiguidade), Santo Agostinho (Idade Média), além dos modernos Descartes, Malebranche, Espinosa, Lelbniz e Hegel. ‘onde obteve uma sélida formacao cientifica humanistica, dedicando-se 20 estudo da Légica, da Ma:ematica e da Filosofia. Logo apés, fol estudar na Universidade de Poltlers, onde obteve bacharelado e licenciatura em Dieta, Méduto 08 Para isso, Descartes eliminou qualquer tipo de conhecimento obtido por meio das experiéncias, pols considerava que os sentidos eram falhos e, portanto, © conhecimento alcancado por meio deles era imprecise, Por essa razBo, Descartes & o grande racionalista moderne, uma Vez que, para ele, somente a razfo, operando com Ideias e dedugSes mateméticas, coneatenacbes de idelas ‘que nao fossem originadas dos sentidos, paderia encontrar as verdades. Porém, nfo bastava aplicar a Geometria ¢ a Algebra ‘Separadas uma da outra, para delas encontrar as verdades. Segundo Descartes, era necessério unir as dues, de modo ue fosse possivel traduzir os problemas geométricos em linguagem algébrica para, assim, aleancar 0 conhecimento sobre as formas geométricas por melo das equacies. Dessa forma, Descartes fundou a geometria analitica, aplicando a Algebra 8 Geometria e estudando as figuras geométricas por meio de equactes algébricas. 5 (6.5) Lg G(45393,5) 8 planos cartesianos ov o sistema de coordénadas no plano Cartesiano permitiram a criagdo da geometria analitica, Para Descartes, procedendo dessa forma, seria possivel alcancar verdades sobre o mundo que fossem evidentes & mente humana e sobre as quais ndo se pudesse duvidar. Nesse sentido, ele afirma, no Discurso do método: ‘Aquela longa cadela de raciocinios, todos simples € féceis, de que os geémetras tém o hébito de se servir para chegar s suas dificels demonstractes, ‘me havia possibiltado imaginar que todas as coisas de que 0 homem pode ter conhecimento derivam, do mesmo modo e que, desde que se abstenha de acetar ‘como verdadeira uma coisa que no 0 ¢ e respeite ‘sempre @ ordem necesséria para deduzir uma coisa da. uta, nBo haveré nada de to aistante que no se possa ‘lcancar, nem de to oculto que se nSo possa descobrir DESCARTES, René. Discurso do métod. ‘Sto Paulo: Abi Cultural, 1972. p. 24. esse modo, Descartes chega a seguinte conclusto: se fosse possivel aplicar 8s cénciase & Filosofia a mesma \égicautlizada ‘na Matemétiea, a qual levava a verdades inquestionavels,, Poder-se-iam encontrar verdades to claras ¢ evidentes ‘Que nem as pessoas mais criativas poderiem ousar duvidar Para Isso, uma tinica coisa era necesséria: um métedo ‘edequado. Portanto, Descartes, antes de buscar conhecer © mundo e oferecer regras que, se bem seguidas @ adequadamente dispostas, levariam 0 individuo 420 conhecimento certo, seguro e verdedeiro sobre tudo aquilo que se pode conhecer, elabora um método pare aleangar tais conhecimentos. O método cartesiano (método pensedo por Descartes para se alcancara verdade s¢ baseia em quatro passos ou regras, Segundo o fildsofo: {seriam) regras certas ¢ fécels que, sendo observadas ‘exatamente por quem quer que seja, ornem impossive! tomar 0 falso por verdadeiro e, sem qualquer estorco ‘mental indtil, mas aumentando semore graduaimente 8 ciénca, levem ao conhecimento verdadeiro de tudo ‘ue se é capaz de conhecer, DESCARTES, René. Discurso do método ‘So Paulo: Abi Cutural, 1972, p. 14 18 ~ Regra da Evidéncia Eo ponto de partida, mas também o ponto de chegada de todo o conhecimento. Mais do que uma reg-a, apresenta-se emo um principio norteador de todo 0 conhecimento. De forma mais simples: o individuo sé deve acolher como verdade aquilo que aparece ao seu espitito, & sua ‘mente, como uma ideia clara e distinta, que seja evidente © Impossivel de ser confundida com outra idela qualquer Tal como 2 + 2 = 4 e dessa conclusto ninguém em sd jgonsciéncia poderia duvidar, sendo que esca ideia aparece 3 mente humana com tal clareza que nenhima outta ideis, Pode se confundir a ela, toda e qualquer verdade deve. obedecer a0 mesmo critério de evidéncia. Essa verdade 6 intuitiva e se autojustfica, ndo necessitando de nenhuma, explicago ou argumento que a comprove. 29 ~ Regra da Andlise Se a Intuicdo da evidéncia se dé na simplicidade, 2 segunda regra diz que, diante de um problema, & necessério dividi-lo em tantas partes quarto for possive, evitando, assim, qualquer ambiguidade que possa aparecer & Confundir a pessoa. De acordo com essa regra, deve-se reduzit © complexo ao simples, de forma que aquilo que era maior se)a dividido em partes menores e indivisivels de um todo, 3° ~ Regra da Sintese Essa regra diz que, enquanto a regra da andlise divide © problema em partes menores, & necessério que esses problemas sejam resolvidos individualmente, comesando dos ‘mais simples ate alancar a resolucio dos mais complexos ou mals difcels, | cateseeaads 30 Epistemologia Moderna: qual é 0 caminho que leva 3 verdade? Racionalismo e empirismo modernos 42 ~ Regra da Enumeragio Essa regra diz que, depois de ter dlvidide 0 problema fem partes menores e de comecar a resolvé-las das mais simples para as mais complexas, deve-se, de tempo em. tempo, voltar-se sobre todo o caminho percorrido e verificar se alguma coisa ficou esquecida, ou seja, fazer revisées constantes para verificar se tudo fol dividido na anélise © ainda se tudo fol resolvido na sintese. Segundo Descartes, aplicando esse método a toda © qualquer pesquisa natural ou filoséfica, 0 individuo encontraria um conhecimento que fosse obediente & primeira regra, ou sefa, que fosse evidente © sem qualquer sombra {de davida. Se observarmos com cuidado, perceberemos que ‘© método cartesian basela-se na simplicidade da resolucao das questdes matematicas, em que se parte da ideia de que 2 resposta alcancada com a resolucgo do problema deve ser exata e indubitvel. Depols, partindo para a resolucao ropriamente dita, divide-se 0 problema e inicia-se sua Fesolugéo das partes mais simples para as mals complexas. No final ou durante o processo, verificam-se todas as ‘operacdes realizadas, observando culdadosamente se nao ficou nada sem ser resolvido ou se nenhum detalhe ficou esquecido, Procedendo desse modo, pode-se afirmar, com certeza, que a resposta obtida é correta, ou seja, é evidente, Cogito, ergo sum! Uma vez estabelecido o metodo, Descartes tem certeze de que uma verdade s6 pode ser aceta como tal se eparecer & mente humana com clreza e dstingo. Desse modo, ele estabelece « modelo universal, a Mathesis Universally que ‘ularé © indviduo em busca de todo e qualauer saber, ou Se), que seriré como instrumento 20 nove edflo do saber, 4 tendo o antigo desmoronado, uma vez que sues certezos tram contestavels Porém, para que esse novo eaificio do saber seja erguido, € necessério que existam certezas claras e distintas da Filosofia, base de toda e qualquer ciéncia. Mas, que certezas ‘seriam essas? Que verdades floséficas poderiam sustentar ‘esse novo eaifico do saber que trouxesse consigo toda clareza € distingSo essenciais a0 saber nos moldes carteslanos? Buscando a verdade filoséfica que sustentaria todo © edificio do saber, Descartes, mesmo néo sendo um cético, Utiliza-se do caminho dos céticos, acreditando que é possivel encontrar uma verdade utilizando-se da duvida somente como instrumento e n8o como um fim em si mesma. 0 Flésofo coloca tudo em diivida com objetivo de verificar se, a0 final, alguma verdade que possa ser considerada indubitével resiste, Dessa manelra, Descartes desenvolve lum caminho sistematico ao colocar em duvida tudo aquilo que até entio era considerado como certeza, 0 que ficou conhecido como a divida metédica, dividida em trés pasos ou estégios 1° momento: Descartes duvida de todas as verdades ‘que tém como fundamento as sentides. De acordo com tle, se os sentidos j8 nos enganaram uma tinica vez, isto J4 0 suficiente para que desconfiemos deles todas as vezes, Portanto, no é possivel acreditar ou confiar em nenhuma verdade que tenha como fundamento os cinco sentidos, ou seja, o-empinismo. ‘Segundo Descartes, no podemos confiar em nossos sentidos, porque uma mesma coisa pode aparecer, em um momento, ‘de um modo, e em outro, de outra forma, tal como ocorre ‘com a cera de vela, 2 qual, aquecida, muda a forma da vele, ‘© 0 material continua o mesmo, apesar de ter mudado, 2° momento: Descartes duvida das realidades do mundo fe de si mesmo, propondo que as idelas que temas de nossa existéncia e do mundo podem ngo passar de jlusdes ou ‘Sonhos. Se algumas vezes temos sonhos to verdadeiros que parecem realidade, nao hé nada que assegure que ‘estamos acordados ou dormindo, portanto, no hé qualquer Iinstrumento ou ideia que sirva para distinguir verdade de sonho, de lusdo. Assim, ele afirma: Lu 1E, persistindo nesta meditagéo, percebo to claramente {ue no exister quaisquerindicis categéricos, nem sinals bastante seguros por meio dos quais se possa fazer uma nitida disting30 entre a vigilia e 0 sono, que me sinto ‘completamente assombrado: e meu assombro é tanto que uase me convence de que estou dermindo. DESCARTES, René, MeditagSesprimetras, In: Mectagbies. So Paulo: Abn Cultural, 1979. p. 87. Eater Boma | 94 = in So D 3 =| rz Méduto 08 ra dereatey, Descartes chega & hipdtese do Deus enganator e @ hipétese do génio maligno, Até entlo, o fiésofo avia desconfiado de todo 0 conhecimento, salvando de sua desconfianga somente a Matematica, que pare ele wan nens cariecimento seguro e exato, porque € totalmente racional. Nesse terceiro momento da divida metSdlea, Descartes cctees ao sped ent au existe no um verdadeiro Deus, que é a suprema forte da verdade, mas um certo génio maligno, go menos astucloso © enganader do que poderoso, que dedicou todo o seu empenho en enganarrme. Perserel ave SY Sat ote, 28 cores, 2s Niguras, os sons todas as colss exterior que vemos néo passam de llsho e feoded ruc Ele utiza para surpreender minha credulidade. DESCARTES, Rend. Metagbesprimeras. In: Medilardes. S85 Paulo: Ab Cultural, 1979.88 * Com a divide metsilea, Descartes colocou em xeque todos 0s conhecimentos que até ent8o eam acetos de maneira ireetide 32 T corde Eotudo Epistemologia Moderna: Porém, 20 final de seu camino em que colocou todas 8s colsas, inclusive as verdades matemiticas, em dlivida, Descartes alcanca a verdade clara, distinta e inabalével que Ssustentaré todo o eaificio do saber, de forma Intuitiva © t80 ‘evidente que seria impossivel que qualquer incividuo duvide dela: a verdade do cogito. Assim, ele afirma: J Somente depois tive que constatar que, embora eu quisesse pensar que tudo era false, era preciso necessoriamente que eu, que assim pensava, fosse ‘alguma coisa. E observando que essa verdad - "penso, logo sou” - era tho firme e slide que nenhuma das ‘mais extravagantes hipéteses dos eéticas seria capaz de ‘bald-la, julguel que podia acelté-la sem reservas como © principlo primeiro da filosofia que procurava, DESCARTES, René, Discurso co método, Tradugdo de 3. Guinsburg e Benta Prado Junior. '$80 Paulo: Nova Cultural, 1987. p, 46, Para Descartes, o individuo pode duvidar de absolutamente tudo. Pode duvidar dos conhecimentos empiricos, de sua lexisténcia e da existéncia da mundo, Pode duvidar até das verdades mateméticas. Ele sé no pode duvidar de que duvide, ou seja, de que pensa, E se pensa, ele exist, Portanto, essa verdade, conhecida como a certeze do Cogito (Cogito, ergo sum! ~ Penso, logo soul), é tao evidente e absolutamente verdadeira que mesmo a divide, até aquela mais exagerada, serve como canfirmagao dela, de forma que o fiésofo afirma, que se deixasse de pensar, ele deixaria de existir Assim, para Descartes, o que garante a existéncia humana ‘no S80 0s sentidos, mas o pensamento puro, O individuo existe enquanto é substancia pensante ou res cogitans. © que garante tanto a existéncla do individuo quanto 2 existéncia de todas as coisas é a substéncia pensante, © eu pensante, [Nesse sentido] existem apenas duas substéncias, tlaramente separades uma da outra e iredutiveis uma 8 outra: @ res cogitans (colsa pensante) que ¢ o individuo, © a res extensa (coisa extensa) que sio as coisas do ‘mundo fora do pensamento. Ares cogitans & a existéncia spiritual do indlviduo sem nenhuma rupture entre pensar © 0 ser, € alma humana como realidede pensante que & pensamento em ato, é como pensamento em ato que @ realidade pensante. & res extensa & 0 mundo material (compreendendo obvismente o corpo humane), do qual, Justamente, se pode predicar como essencial apenas, 2 propriedade da extenséo, REALE, Giovanni. Histo a Flosona Arig, 7: ‘S80 Paul Loyele, 2001, Volume lp 293 jual é 0 caminho que leva a verdade? Racionalismo e empirismo modernos Uma vez atingida a verdade do Cogito, s6 hé uma dinica Insténcia que garanta a verdade sobre o mundo: 0 préprio Individuo. No ha necessidade de se encontrar provas ou Justifcativas, muito menos empiricas, fora do individuo que garantam @ verdade. Toda pesquisa deve somente buscar © grau maximo de ciareza e distingBo, dadas pelo pensamento puro, Se a verdade aparecer & mente humana com clareza € distinglo, essa idela é verdadelra. E justamente por isso ue Descartes representa o maior expoente do racionalismo moderno: ele acredita que as verdades so alcancadas Unicamente pela razio humana e nada mais. O proprio método cartesiano tem como base a razéo, 0 pensamento Claro e distinto que, aplicado adequadamente 20 mundo, 8s ciéncias, produziré verdades claras e distintas Aexisténcia de Deus Por meio da duvide metédica, Descartes chegou & ideia do Cogito, considerando-a indubitivel e autoevidente, Porém, ‘surge outro problema: se 0 fundamento do conhecimento verdadeiro esté na consciéncia,o individuo tem, enquanto ser Pensante, uma multiplicidade de ideias em sua mente, e sobre lessas ideias a Filosofia deve se debrucar a fim de constatar a sua veracidade. E ha ainda outro problema: serd que as ideias {que o individuo tem de um objeto do mundo correspondem verdadeiremente a esse objeto? Como é possivel sar da ideia {emi ealeancar o mundo extemo de forma que ele corresponda exatamente a0 que se pensou dele? As Ideias so puras Tepresentaces mentais ou elas correspondem exatamente a0 undo externo, & realidade objetva fora do individuo? Para responder a essas perguntas, é necessério, em primeiro lugar, compreendermos como Descartes divide essas idelas. Ele as classifica em 3 grupos: 1 Idelas inatas: so aquelas que nascem com individu, que sao intrinsecas & sua conscléncia, So 5 idelas de Deus, de corpo, de formas geométricas = como tridngulos, circulos, entre outras —, que representam em si as esséncias imutéveis, e verdadeiras. 2~ Ideias adventicias: sao ideias estranhas, que vm de fora do individuo, como as ideles dos objetos. 3~ Ideias facticias: so as idelas inventadas pelas pessoas. Essas trés classes de ideias existem subjetivamente na ‘mente humana, A questo para Descartes é saber se elas S80 também objetivas, ou seja, se aqullo que existe na mente também existe no mundo e corresponde 3 realidade das coisas, Para 0 filésofo, as idelas facticias séo llusérias e, portanto, arbitrérias, devendo ser ignoradas. As idelas inatas sé existem ha mente do ingividuo, portanto, nd se referem a nada do ‘mundo externo, j8 nasceram com o individuo e encontram fundamento na res cogitans, nfo sendo questlonéveis, © problema esté, entdo, com as idelas adventicias: seré que ‘quilo que o individuo pensa sobre o mundo corresponde 4 realldade das coisas, ou tais Ideias no passam de uma iluséo? sion aevaati | 39 FILOSOFIA Médulo 08 Para resolver esse problema, Descartes lancou mao da idela de Deus. 0 fll6sofo considera certo que a ideia de Deus existe, ‘mas questiona: teria sido ela criada pelo individuo ou existe Por conta prépria? A ideia de Deus é objetiva ou subjetiva? Descartes considera, nas Medltacées metafisicas: [que @ ideia de Deus se constitul em] uma substincia Infinite, eterna, imutével, independente e onisciente, a {al eu préprio e todas as outras coisas que existe (se é verdade que hé colsas existentes) fomos criados © produzidos, DESCARTES, René. Meditacdesprimetras, In: Mectagtes. So Paulo: Abi Cultural, 1979. p. 87, 'Nesse sentido, 0 filésofo conclul que a ideia de Deus fra inata, porque os seres humanes, sendo imperfeltos € lmitados, nfo poderiam ser a causa de uma idea de perfeicdo © eternidade, uma vez que tal ideia seria o efeito de uma causa, © a causa néo treria a perfeicfo que a idela exige De forma mais simples: a ideia de Deus nfo poderia ter como ‘isa de sua criaco 0 ser humano, porque este é imperelto, © um ser imperfeito e limitado no poderia elaborar @ idela de perfelcio e eternidade. Portanto, a idele de Deus ¢ inata .€56 poderia ter como causa um ser que também fosse perfeito eterno, nesse caso, somente Deus poderia criar essa ideia ‘© colocé-la na mente do ser humane, e, assim, pelo raciocinio de Descartes, Deus existe. Nas palavras do flésofo: [.-] fica evidente que o autor dessa ideia que estd em ‘mim no sou eu, imperfeltoe nite, nem qualauer outro ser; da mesma forma limitado, Tal ideia, que esté em ‘mim, mas no é de mim, sé pode ter por causa adequada um ser infrito, isto é, Deus, DESCARTES, René. Medttagiesprimeires. In: Meditagdes, S80 Paulo: Abn Cultural, 1879. p. 9. quando considero que duvido, Isto é, que sou uma coisa Incompleta e dependente, a ideia de um ser ‘completo © independente, ou seja, de Deus, apresenta- Se a meu espfrto com igual dlstingso e clareza; e do simples fato de que essa ideia se encontra em mim, ou ue sou ou existo, eu que possue esta ideia, concluo ‘80 evidentemente a existincia de Deus e que o minha depence inteiramente dele em todos os momentos da ‘minha vide, que no penso que o espirito humano possa conhecer algo com maior evidéncia e certeze DESCARTES, René. MeditagSes, Tradugto de Jaco Guinsburg e Bento Prado Jnior. Sto Paul: Nova Cultural, 1996. p, 297-298, esse modo, Descartes elatora um argumento denominado de prova ontolégica da existéncia de Deus: a existéncia de Deus é parte integrante de sua esséncla, Assim, é impossivel ter a ideia de Deus sem que ele exista, sendo 0 préprio, riador de sua idela, perfelta e infinita, que a coloca na ‘mente do individuo, ser imperfeto efinito. A idela de Deus, segundo Descartes, a merca que o artes (Criador) ) SECAO ENEM O4. (Enem-2013) Os produtes e seu consumo: constituem 2 meta declarada do empreendimento tecnolduien 02, come Descartes e Bacon eimpulsionado pelo luminisne, ‘nao suraiu “de um prazer de poder” "de um ner, impertalismo humano", mas da aspiracko de liserer'® homem e de enriquecer sua vida, fisicae cuturaimente, CCUPANI, A A teeneogi como probleme floséfco: tks enfoques, Sdentige tule, S30 Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (Adaptante) Autores da fllosofia moderna, notadamente Descartes « Bacon, ¢ 0 projetoiluminista concebem a Cléscls cone uma forma de saber que almeja libertar o homem dee Intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigacao cientifica consiste em 4) 5) 9 >) 5 {2xPor a esséncia da verdade e resolver definkivamente as disputas tedricas ainda existentes oferecer a iitima palavra acerca das coisas que exstem © ocuparo lugar que outrore fet da hiesohe $2 @ expresso da tazso e servir de modelo pare utras areas do saber que almejam o progresco explcitar as leis gerais que permitem interpretar a ‘atureza e eliminar os discursos étieos e religioace, exalicar a dindmica presente entre os tenémenos ‘aturais © impor limites aos debates académiene, (€nem-2013) Texto Ha 6 algum tempo eume apercebi de que, desde meus Primelros anos, recebera muitas falses opinides cone Verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundcl en, Prinefplos to mal assegurados no podia ser sero mor ) 5) retomar o método da tradicSo para ediicar a ciéncia ‘com legitinidace. ‘uestioner de forma ampla e profunda as antigas Ideias e concendes, Tnvestigar os conteddos da consciéncia des homens menos esclarecidos. buscar uma via para eliminar da meméria saberes _antigos © ultrapassades. encontrar ideias © pensamentos evidentes que Aispensam ser questionados. Estar Bernall] 47 03. 04, (Enem-2012) Texto r Experimentel algumas vezes que os sentidos eram ‘enganosos, e & de prudéncia nunca se far intelramente fem quem 8 nos enganou uma vez, DESCARTES, R. Mectacdes Metafsicas ‘S30 Paulo: Abii Cultura, 1978, Texto 1 Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma dela esteje sendo empregads sem nenhum significado, Drecisaremos apenas indagar: de que impresséo deriva esta suposta idela? E se for impossivel atribuir-ine ‘qualquer impressio sensorial, isso serviré para confirmar ‘nossa suspelta, HUME, D. Uma investivacdo sabre o entendiment. ‘S80 Paulo: Unesp, 2004 (adaotaco), Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre 2 atureza do conhecimento humano. A comparaeS0, dos ‘excertos permite assumir que Descartes ¢ Hume A) defendem os sentidos coma eritéro originério para considerar um conhecimento legitimo, 8) entendem que € desnecessério suspeitar do significado de uma ideia na reflexdo floséficae ertca, ©). sB0 leaitimos representantes do critcismo quanto & génese do conhecimento, 1D) concordam que o conhecimento humano é impossivel fem relacao as idelas e aos sentidos, ) atribuem diferentes lugares a0 papel dos sentidos no processo de obtencio do conhecimento. Enesse sentido e por esses motivas que Hume & considerado um céteo, Nasso conhiecimento, nassas pretensBes 3 Ciénca, «em ima anise, no podem ser fundementadas,justiicadas u legitimadas por nenhum principio ou argument racial ‘A maneia pela quel conhecemos e pela qual agimnos no real ‘depende apenas de nossa natureza, de nossos Costumes ede ossos habits... Alguns o cansideram (Hume) um otico, ‘na medida em que nega a possolidade de um conheciment certo, definitive e justicado. Outras o consideram um naturalsta, na medida em que o ceticsmo dé lugar 90 ‘naturalism iso, &posigdo segunda qual énossa natures {ue nos impulsiona 2 julgar e a agi MARCONDES, Dono. Inciado @ Mstéa do Flosofa: os pré-socrétcs awttgenstein. Rio de Jane: Jorge Zarar Ector, 1997. p. 185, © conhecimento do mundo & 6 problema central da flosofa de David Hume. Mas a pergunta que podemos fazeré: ser Aue a ideias que alcancamos sobre o mundo realmente Correspondem aquilo que ele é em si mesmo? ‘Segundo a posicionamento cético de Hume, podemos afirmar que o conhecimento objetivo do mundo & ‘A)_mpossivel, uma vez que o ser humano no tem em si {2s ferramentas naturais que Ihe dao acesso & realidade. 8) impossivel, pois 0 ser humano simplesmente faz ‘eneralizacoes de suas proprias experigncias e no ode pretender que tais eneralizagSes sejam a verdade. absoluta sobre a realdade. ) possivel, pois a Céncia pretende conhecer o mundo de forma objetiva, e se no fossa assim a prépria Cléncio Bo existe, ) possivel, pois o conhecimento nasce des experiéncias reais das pessoas que, por meio de seus sentidos, podem representar 0 mundo objetivamente em sus £)possivel, pois conhecerrequero uso des ides inatas 20 Ser humano, e essa; ideias sBo as mesmas em todos, © que leva todas as pessoas &s mesmas verdades, GABARITO Propostos oa m2 & 03, 05, 06 € Cary 08. ¢ 03, 0 30.¢ an 8 Secao Enem ae 28 03. € 4 8 48 [ colepio estas - FILOSOFIA Immanuel Kant: “O maior filésofo dos tempos modernos” ILUMINISMO ant restume 0 espirito © 0 objetivo do tluminismo na sua ‘magistral obra Resposta 4 pergunta: o que é esclarecimento? (1784), da seguinte forma: Esclarecimento (AufKigrung) & a saida do homem de sua Ienoridade, da qual ele préprio ¢ culpado. A menoridade 6.2 incapacidade de fazer uso de seu entendimento con & Airesto de outro inaividuc. O homem é @ proprio culpads dessa menoridade sea causa dela ndo se encontra na rita de entendimento, mas na falta de decisfo e coragem de servirse de si mesmo sem a dlrecfo de outrem, Sapers ude! (Ousa pensar!) Tem coragem de fazer uso de tea réprio entendimento, tal 60 lema do esclareciments, KANT, I. Resposta& pergunta: 0 que é escarecimento? Ini Texts Seitos.TracugSo de Foiena de S. Femandes, Petropolis: Vores, 1574. 10s, O Tluminismo foi um movimento flséfico do século XVII, ‘ue, desenvolvide particularmente na Franca, na Alemanha na Inglaterra, teve como objetivo retirar o ser humene da escurido da ignorancia e levé-lo 20 esclarecimente Por isso, esse movimento recebeu também o nome de ‘Século das Luzes, Ilustrac3o ou Esclarecimento. © ideal lluminista consistia, assim, em tomar tudo perfeitamente Clare @ compreensivel para a razio humana, de forma Gue somente o individuo pudesse ser o grande artifice ¢ Protagonista dessas conquistas, © tluminismo denunciou {tudo agullo que era obscuro, superstcioso © dogmético, ‘acreditando que a luz da razio critica deveria romper com 2s amarras da autoridade e da forga, transformando o mundo pelo conhecimento, © Jtuminismo & marcado pela busca da Verdade, 9 quel deve marina as trevas da ignoréncta, MODULO 09 ‘Apesar de, em sua origem ser um movimento tipicamente floséfico de busca da iberdade de pensamento, oluminisme Imanifestou-se também em outros campos da Vida humans, como na Literatura, na Arte e na Politica. Nesses campos, © lluminismo representou a uta do ser humane contre o abuso do poder por parte das autoridades, de forma que {odo tipo de autoritarismo deveria ser combatido como aigo traclonale, portanto, inaceitvel. A azo, para olluminisme, ra mats que uma faculdade humane, era uma force que todos ossuiam e que paderia levar o individuo & plena liberdade. dl ser de pensar: Ao se referir & "menoridade da razio", Kant estédizendo que o individuo deve abandonar qualquer tipo de tutela que o impeca de pensar de forma autonama «livre. A religi8o cega, cuja subservigncia leva 3 escravidso do espirito e da mente, é um exemplo do que se deve eviter pare que se possa desenvolver um pensamento livre, as Para este Esclarecimento (AufKarung), porém, nada mais ‘e exige senéo liberdade, E a mais inofensiva entre toda 2quilo que se possa chamar liberdade, a saber: » de fave 10 pUblico de sua raz8o em todas as questbes. KANT, 1. Resposta a pergunta: o que &escarecimento? In: Tertos Seletos. 2 3, Traducdo de Ralmundo Vier. Potréplis: Vozes, 1985, 168, Segundo Schopenhauer, filésafo alemso do século XIX, @ lluminismo teve por érganon (érgao, instrumento) @ lus Interior, @ intulc&o intelectual, a Gnica que pode libertar @ individuo e fazé-Io construtor de um mundo racional e, sobretudo, humano, E importante ressaltar que, quando o Iluminismo se refere 8 razo e a uma busca racional do conhecimento do Universo, Io diz respeito 20 racionalismo como teoria epistemoldgiea, mas sim @ caracteristca universal dos seres humanos, ‘sua capacidade de pensar devido & racionalidade humana AA fazo, para o tluminismo, seria o caminho natural ao ual todas as pessoas poderiam recorrer, com o intulto de se libertarem dos grithées da ignordncia, que perpetuam = Fazdo da forca e nao a forca da razéo, Esse movimento filoséfico encontrou suas raizes nag concepcdes mecanicistas dos séculos XVI @ XVI! e na Revolugdo Clentifica do século XVII. De acordo com eases concepsées, a natureza no age por meio de uma vontade externa acessivel somente a poucos iluminados, mas o Universo é um grande mecanismo que pade ser conhecido or todos. Dessa maneira, pode-se compreender o papel dos enciciopedistas, que tentavam reunir 0 conhecimento sobre @ mundo de forma a torné-Io acessivel a todas as pessose ‘Que dele quisessem se aproximar. Eto Berea | 49 AS QUATRO QUESTOES ESSENCIAIS DA FILOSOFIA Méduto 09 CO lluminismo manifestou-se, naesfera socal, no“despotismo esclarecido”. Na esfera das Ciéncias e da Filosofia, esse ‘movimento apresentou-se como uma tentativa de conhecer 2 natureza com @ intencio de dominé-la e de transformé-le 2 favor do ser humano. No campo da moral e da religiao,, © Iluminismo atuou como instrumento de conhecimento das ‘rigens dos dogmas e das leis que regiam a vida humana, rompendo com toda forma de autoritarismo. Na vida politica, ‘oIluminismo infuenciou a Revolucdo Francesa, de 1789, e0s, ‘movimentos de emancipaciio no continente americano a partir de 1776. No Brasil, os deals luministas tiveram fundamental papel na Inconfidéncia Minelra, em 1789, Na Alemanha, um {dos bersos do pensamento iluminista, omovimento recebeu o ‘nome de Aufkidrung, ou Esclarecimento, e teve como principal representante Immanuel Kant. KANT Representacio de Kant. Immanuel Kant nasceu em 1724 na cidade de Konigsberg, hoje Kaliningrado, Rdssia. Membro de uma familia simples, recebeu uma educagéo exemplar que fei crucial para o desenvolvimento de suas obras. Em um de seus escritos, Kant lembra com gratidéio a educacio recebida de seus pais, principalmente de sua mie, por quem nutria profundo carinho e admiragéo. Tanto na escola do pastor F. A. Schultz, local onde estudou por certo tempo, quanto em casa, Kant recebeu uma educacdo muito severa, marcada pelo rigor religioso protestante, © que influenciou notadamente sua filosofia mara Kant ingressou na Universidade de Kénigsberg em 1740, terminando seus estudos em Filosofia em 1747. Esse Periodo foi de extrema miséria para o fildsofo e sua familia, Em 1755, iniciou 0 doutorado e tornou-se professor livre docente na Universidade de KGnigsberg, assumindo o cargo de professor efetivo somente em 1770. ‘Seu cardter e personalidace foram caractersticas de destaque fem sua vide. Todos os seus bidgrafos afirmam que Kant era um. hhomem integro, extremamente cigna, slstematico,aisciptinado, desprendido e determinado. Os anos que se seguiram a sua entrada como professor «fetivona universidade foram mito importantes para a flosofia, kantiana, De'1770.a 1781, offl6sofongo produziunenhmaobra. ‘Até ento, Kant j8 havia escrito 17 livros, denominades cescritos pré-criticos. A partir de 1781, iniciando a sue fase critica, Kant produz suas mais importantes obras, a Critica da razo pura (1781), Critica da razéo pratica (1788) © Gritica do juizo (1790), para citar somente algumas. ‘Seus titimos anos de vida foram marcados por dols teriveis ‘acontecimentos, O primer foi a perseguicdo por parte do rei Guilherme Tl, que, adepto de idlas reaconérias, ordenou que Kant se calasse, ainda que, 2 essa altura, o filésofo 18 tivesse. reconheecimento internacional. 0 segundo fol a interpretacéo errada de suas obras, fato contra o qual Kant lutou por muito, tempo, mas que, por fim, acabou por vencé-lo. Kant morreu em 1804, aos 80 anos, cego, sem lucidez intelectual e sem meméria. Sem divida, um triste fim ara aquele que ficou conhecido como “o maior filbsofo da Modernidade”, A filosofia kantiana A tradico interpretativa divide o pensamento de Kant em dois periodos: a fase pré-critica ea fase critica, Na fase pré-critica, a filosofia kantiana teve como caracteristica um racionalismo dogmético, com bases, nna tradicgo cartesiana e, principalmente, com influéncia, dos filosofos alemes Gottfried Leibniz e Christian Wolff Porém, apds a leltura das obras de David Hume, filbsofo ‘escocés que desenvolveu um pensamento cético em relacko 3 possibilidade de se obter um verdadelre conhecimento do mundo, as concepcies e certezas que Kant trazia foram ‘abaladas, principaimente em rebgSo & forma de conhecer 0 ‘mundo. Kant percebeu que os quastionamentos dos empiristas, tinham fundamento e precisavamser levados em consideracBo. (0 flésofo chegou @ afirmar que fia partir da letura de Hume. ue ele despertou de seu “sono dogmitico”. & a partir desse “despertar’,portanto, que sua flosofia passa 8 fase critica, com ‘a tentativa de superacio da clcotomia empirisme-racionalismo or melo da critica. & critica kantiana tinha como iiltimo ‘objetivo superar 0 dogmatismo, buscando, pela investigacso, (0s fundamentos do conhecimentoe das mativagaes para a aco. esse contexto de critica fica clara a Intengao kantiana de colocar a razio diante de seu préprio tribunal: ‘Um tribunal que, ao mesmo cempo que ascegure suas leaitimas aspiractes, rechace tocas as que sejam infurcades. KANT, Immanuel. Cita da razio pure. Trad de Manuela Fo dos Santos e Alexandre Frackue Mono, Usboe: FundagoCaouste Gulbenian, 1997. AX BO | weiecnes Immanuel Kant: “O maior filosofo dos tempos modernos” {Ao se propor o desaflo da critica, Kant fez, antes de mals nada, um exercicio de reflexdo, ou seja, a volta do pensamento para Assim, para 0 flésofo, antes de a pessoa colocar-se a conhecer 0 mundo, ela deveria dedicar-se a olhar para dentro de si mesma € verificar suas possiblidades e limites de conhecer Em sau livre Légica, Kant define a Fllosofia como “a ciéncla da relacSo de todo o conhecimento @ de todo uso da razio com © fim Gitimo da razao humana’. Assim, para ofl6sofo, a Filosofia tem como objetivo responder a quatro questées essenciais, que dizem respeito & vida humana e ao seu modo de conhecer, correspondendo, cada uma, 2 uma parte da Filosofia. AS QUATRO QUESTOES ESSENCIAIS DA FILOSOFIA ete ty Eilers een conan ees ee (ornare chamada por ele de Metafsica, Para’ Ka eee Sete ee Si ee eae ise qual et cree or eee serrate Kant busca responder a essa dtima pergunte em seu ce Sr eet foto freee ‘As quatro questBes essencials da flosona para Kant. Critica da razao pura Por uma critica assim, néo entendo uma critica de livros e de sistemas, mas da faculdade da razéo em geral, com respeito a todos os conhecimentos 2 que pode aspirar, Independentemente de toda a experiéncia; portanto, a solucso do problema da possiblidade ou Impossiblidade de uma metafisica em geral ea determinacio tanto das suas fontes como da sua extensio e limites; tudo ist, contudo, @ partir de principio. Assim, enveredei por este caminno,o Unico que me restava seguir e sinto-me lisonjeado por ter conseguld eliminar todos os erres que até agora tinham dividido a razo consigo mesma, no seu uso fora do experiéncia, KANT, I. Cicada raze pura. TaducSo de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradlave Morus, LUsboa: Fundaco Calouste Gulbenkian, 2001. p. 27 28 A Critica da razlo pura, obra fundamental de Kant, apresenta sua Teoria do Conhecimento ou Epistemologia. Nessa obra, © fildsofo elabora a filosofia transcendental, que consiste na teoria sobre as condigées de possibilidade do ser humano canhecer @ mundo, livrando 0 entendimento das conceps6es incorretas acerca da verdade e levando a pessoa ao conhecimento verdadelro e confidvel, o qual ndo é simples especulacio, mas, ao contrério, alcanga a verdade por meio da Ciéncia. aio Benoa | By pt z S ry 3 a BEEN 5.11005 Juizos analiticos e juizos sintéticos 7u20S S50 julgamentos ou anrmacées sobre 2 realidede, “Julzos analiticos ow exp mp . aus ts Ios, os quis esti esos rte tamana¢ : 2 W jie as NCRHEECm alguna canetraica pin ie c i a poster Juco ot oditindo sean continent Hoes ies i = ulzo 80 a priori, ow sei, precedem, qualquer experiéne: a agile es endo anand, rege erSe assim a alferenclacdo entre julzos analiticas @ sintétices. Enquanto os juizos analiticos s80 universais © jo ou on 0%,M88 N80 produzem conheciments NOVO, 08 julzos sintéticos ampliam ¢ Serhecimento, mas criam contestagées; 4H due s8o si frutos de generalzagsec ae SxPerléncias e, por isso, podem muday senas contingentes, rare Kant @Ciéneia baseia-se em um desses ois juizos, sen, oF eaeto sobre o mundo, Por essa razio, ca Cafonhecimento, correspondam 3 real u {Ar clentincoe hlostic, sendo indubitdver, rr aparai assim, as condigbes de possibly, = denperenen 2M aDlicados, Para que essen ufc sejam alcancad ° e*Periénca, © raconalismo ao empinismes § remseaa Immanuel Kant: “O maior fildsofo dos tempos modernos” A Nova Revolucao Copernicana do Pensamento Para que fosse possivel alcancar os julzos sintéticos 2 priori, Kant propds uma Nova Revolucéo Copernicana do Pensamento. Para o fildsofo, era necessério que 2 Filosofia, antes de buscar conhecer 0 mundo, procurasse conhecer o ser humano, buscando descobrir quais so os. seus atributos, caracteristicas e condigées como sujeito conhecedor do mundo (sujeito cognoscente), ou seja, quais. ‘05 aspectos que permitem ao individuo conhecer aquilo que std 3 sua volta, Dessa forma, Kant ressalta que a razio, antes de se colocar a conhecer o mundo, precisa pensar‘em si prépria, verificando seus limites, instrumentos e possibilidades de Conhecer: Com isso, 0filbsofo propée uma mudanca radical de perspectiva, segundo a qual o individuo deixaria de olhar para fora de si, para os objetos do mundo, voltando-se para dentro de si, para sua propria razBo, tentando compreender Guais as condigBes que ele tem para conhecer, como & ossivel conhecer e como se dé o seu conhecimento sobre © mundo. Para exemplifcar suas ideias, Kant utllzou-se da imagem {da Revolucao Copernicana, dizendo que, da mesma maneira ue 0 modelo tradicional de cosmos considerava que o Sol girava ao redor da Terra, e Copérnico sugeriu que 0 movimento era inverso, sendo que a Terra é que gira 20 Fedor do Sol, no é o individuo que deveria se adaptar 20 objeto a ser conhecido, mas sim 0 objeto a ser conhecldo € que deveria se adaptar 8s condigSes que o individuo tem de conhecé-lo. Segundo Kant, sujeito cognoscente e objeto ‘onhecido se relacionam entre si. Nao hé, portanto, uma Predominancia do sujeito sobre o objeto, como defende o racionalismo, nem do objeto sabre o sujelto, como defende ‘empirismo, mas é na relagéo entre os dois que se alcanca © conhecimento, Para Kent, as condigBes das quais o Individuo langa mao Para conhecer 0 mundo so capacidades ou faculdades inerentes & natureza humana e que ihe permite experimentar 0 objeto e pensar aquilo que experimentou, chegande, portanto, ao conhecimento verdadeiro. Essas faculdades néo so subjetivas, no estando, portanto, em lum individuo particular, mas fazendo parte da natureza, humana. Buscando definir quais as condicdes universais ue permitem ao ser humano obter o conhecimento, Kant estabelece, entio, 0 concelto de sujeito transcendental, © qual, segundo o flésofo, consiste na propria condicao humana, comum a todos, @ qual fornece as ferramentas ue so as condicdes de possiblidade para a experiéncia e © pensamento. A essas condiges Kant denomina formas da sensibilidade e formas do entendimento. As formas da sensibilidade e do entendimento Pare Kant, o conhecimento nasce do trabalho conjunto entre © entendimento ~ a razdo ~ e a sensibilidade - os sentidos. Formas a priorida sensibilidade ‘As formas a prior’ da sensibilidade chamadas pelo flésofo também de intuigées puras, s3o 0 tempo e o espaco. Essas formas néo existem como realidades em si mesmas, nao sendo possivel dizer que o espaco eo tempo tém realidades fora do prépria ser humano, assim como outros objetos do mundo fisico. Tals formas existem como ferramentas que tomnam possiveis as experiéncias dos seres humanos. Quando percebemos um objeto, por exemplo uma mesa, € pensamos em determinadas situagées ~ em cima do mesa, embaixo, a0 lado, antes, depois -, s8 & possivel fazer tals afirmagées porque temos as condigBes do tempo edo espaco que nos permite experimentarmos tal objeto, Outro exemplo: quando observamos uma mags, s6 podemos faz6-lo porque a mac& se “encaixa’ nas condicoes que temos de experimenté-la. Sé podemos dizer que a maci ‘esté longe de mim, é grande ou pequena, é maior que uma luv e menor do que um abacaxi porque temos 0 tempo © 0 espaco como formas que nos permitem percebé-a, Os objetos adaptam-se nessas formas - tempo e espace €€86 assim posso experimenté-los. Lago, sem tempo e especo, ‘© ser humano no poderia experimentar absolutamente nada Formas a priorido entendimento As formas a priori do entendimento, © qual consiste na capacidade do intelecto humano de julgar, so também chamadas por Kant de categorias. Estas séo ferramentas das quais 0 ser humano dispe para pensar aquilo que fol lexperimentado, ou seja, s80 as diversas formas que o ser humano tem para alcangar o conhecimento sobre o mundo, ‘As categorias, juntamente com 0 tempo e com 0 espaco, constituem o sujeito transcendental. kant apresenta 12 categorias © Quanto a quantidade: unidade, pluralidade e totalidade © Quanto & qualidade: realidade, negagio e limitacéo. Quanto a retagiio: ineréncia eacidente (substincia e ‘acidente), causalidade e dependéncia (causa e efeito), ‘eciprocidade (aco reciproca entre agente e paciente) © Quanto a modalidade: possibiidade eimpossibiidade, existéncia e inexisténcia, necessidade e contingéncia As categorias sto as lels do intelecto as quais as. colsas que foram experimentadas devem se submeter, © ser humano ordena as coisas e as determina de acordo ‘com as categotias, que funcionam como ferramentas com 'as quais o ser humano pensa aqullo que a sensibilidade (com suas formas a prior! - tempo e espaco) trazem como informagées sensitivas. Assim, por mela das categorias, possivel criar relacdes entre tals informacées, chegando, enti, ao conhecimento (Juizo). ‘Ao definir as formas a priori da sensibilidade e as formas 2 priori do entencimento, Kant buscou tomar possivel @ Formulacéo de julzos sintéticos a prior. Para o flésofo, se 0 ser humano tem em si as faculdades de tempo e de espaco ‘que Ihe permitem obter os dados da experiéncia, dados estes que so pensados pelas categorias, é possivel, entéo, slcancar verdades que ampliem o conhecimento humano ¢ 20 mesmo tempo sejam unlversals e necessérias, Bente [5G

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