You are on page 1of 6
sme seguir? Sua quando o filme recomegar! (Passa por bag “ta corda de veludo,sobe correndo 0s degraus e desaparecg ‘te vista, Fora do campo de visio ela 0 chama num sussurry sstridente,) Suba quando o filme recomesart (0 garoto concorda com a cabeca num espasmo, Depois de jum momento ele vai rapidamente até os degraus € recoloca 1s corda de veludo no lugar Entao se recoloca répido em sug posigio formal. Ele permanece muito eretoe rigido, ea misicg ido final do filme vai crescendo para um climax spiritual. Com ‘ens olbos azus e brilhantes 0 rapaz olha para frente encants do, Com um movimento brusco ele limpa o suor da testa) ALGUEM ACIMA: Sssssssssst Sssssss! (Ele morde os labios.) ALGUEM ACIMA: $ssssss558! Ssssss! (Ele fecha os olhos por um momento. A luz comega a dimi- iui, Mas permanece mais tempo na ninfa dowrada.) CORTINA S6-msten PARADISE E OUTRAS Pugas EM US Mister Parapise Tradugio Kadi Moreno ‘Mister Paradise foi encenada pela primeira vez no Festiva Literirio Tennessee Williams de Nova Orleans em 17 de margo de 2005. Foi dirigida por Perry Martin; cenério de Chad Talkington; figurinos de Trish McLain; iluminagio de David Guidry. O elenc, em ordem de aparigio, arora Leah Loftin Dane Rhodes CENARIO Uma residéncia degradada no Bairro Francés (French Quar- ter) de Nova Orleans. GAROTA: Mr Paradise? (Pausa. Ele a encara e permanece calado.) GAROTA: Mr. Anthony Paradise? (Mr. Paradise afirma com a cabeca lentamente como se con- firmasse alguma verdade terrivel. sorriso dela vai desapa- recendo gradualmente. Ela parece estar com medo e bastan- te insegura: abre entdo sua pasta e apresenta um pequeno livro de versos.) GAROTA: Este livro é seu? MR. PARADISE: Vocé o comprou? GAROTA: Compre. MR. PARADISE: Entdo pertence a vocé. GAROTA: Nao. (Com uma conviegao jovial.) Uma obra de arte ‘do € uma mercadoria, Mr. Paradise. Nunca € comprada ou Vendida. Ela permanece sempre em posse da pessoa que @ roduziu. Posso entrar? MR. PARADISE: Pode. suisten rawaDse 99 30 para o lado para que ela entre, Ele, devagar, dé wm pas: tu sbe a desordem dos aposentos de Ela finge que nao percel Mr, Paradise.) GAROTA: O senhor recebeu minhas cartas? MR. PARADISE: Reeebi. GAROTA: As trés cartas? MR. PARADISE: As trés. GAROTA: Por que no respondeu minhas cartas, Mr. Paradise? (Ele se vira devagar, anda até a jancla e abre as persianas) MR, PARADISE: Eu ainda nao ouvi a trombeta do anjo Gabriel GAROTA: Como assim? MR. PARADISE: Ainda ndo €a hora certa para minha ressurreigio, Como achou esse livrinho? GAROTA: Mamie ¢ eu estévamos garimpando anti Bairro Francés. Fomos a uma lojinha na Rua Bourbon, H- via uma mesinha de ché chinesa com uma perna um povce mais curta que as outras. O vendedor do antiquirio tinks colocado 0 livro para calgar a mesa, Mamie comprou + mesa. O chofer a levou para 0 carro. © livrinho ficou Is jogado no chio, ¢ 0 vendedor dew um pontapé para tit Jo do caminho sem ao menos olhar. Eu acho absurdo des ‘cartar um livro, Sabe, eu também escrevo, Prineipalmentt 1 sei o que é colocar a alma no papel. E esse PE usado como calgo d& poemas. pel ser perdido, ou esquecido, ou. 90 -t6187E8 PARADISE £ OUTAAS PECAS EM UM ATO ' Bryn Mawr € uma renomada f ‘este de Filadélfia, na Pensilvinsa.(N-T) mesa. Me abaixei para ver o livro, O titulo estava apaga- do € as letras douradas tinham se esvaido. Mas seu nome ainda estava la: Anthony Paradise. Isso me fascinou, entio peguei 0 livro para folheé-lo. “Nossa, é um livro de poe- mast”, eu disse a0 vendedor. “E?*, ele disse. “Como voc 0 ‘conseguiu? De onde veio? Desde quando estava jogado ali? Quem é Anthony Paradise?” O vendedor riu: “S6 Deus sabe! Provavelmente veio num lote que comprei hi muito, muito tempo. £ possivel que tenha ficado numa papeleica compra- da de alguém, Nao é vendével. Eu costumo usar pra acender a larcira”. “Eu queria compré-lo”, eu disse. “Quanto quer pelo livro?”. Ele abriu bem os bragos ¢ com a mais profun- da gencrosidade respondeu: “Pode levar, é seu, de graga”. © chofer voltou para me lembrar que mamae estava espe- rando no carro, ent3o sai com pressa colocando 0 livrinho de versos na bolsa. E zarpamos para mais um coquetel. Es- tou em casa por conta das férias da faculdade e vivo ocu- pada com essas coisas. Esta tarde estava mais entediante do que nunca. Nao acredito em tédio. Acredito em animagio, surpresa, paixo. Acredito em quem tem a alma atormen- tada por uma tormenta tio forte que varre todas as banali dades como se fossem farrapos de fitas ou folhas secas! Pela vigésima vez me perguntaram se eu gostava da Bryn Maws, dé para acreditar? De repente, eu me lembrei do livro € subi para dar uma folheada. Para minha grande surpresa encontrei aquilo que andava procurando. Uma enorme € dade para mogas localizada dee mlhas a feroe tormenta que varrew todas as banalidades como fs, rapes de fcas ¢ flhas secast O que acha disso? uum PARADISE (loetamente): Esti se referindo a esse livro de versog GAROTA: EG (MR. PARADISE: Hum, Mocinha, ss lio foi publicado ha quinze ou vinte anos. Ninguém mais se lembra dele. Esta completa. mente esquevido. GAROTA: EU lembro, Figuei li em cima no toucador do toale te, Deus sabe por quanto tempo. outra, ¢ mais outra. Foi como se sinos tocassem dentro de ‘mim, Sinos enormes e solenes de uma catedral que me aba- lavam completamente. Mamie subiu. “Nossa”, ela disse, “todos pensam que vocé fugiu da festa! Que diabo acon- teceu?”, “Mie”, eu disse: “Quem € Mr. Anthony Paradise? ‘Vocé ji ouviu falar num homem chamado Paradise?”. Nio, znem ela nem nit i 0 livro todo uma ver, Saf por af enlouquecida per res que conhego. Nada. Completamente desconhecido. Entio, por fim, escrevi uma carta para a editora e logo me man-

You might also like