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A mensuração da logística reversa através da contabilidade ambiental:

Estudo de caso de uma indústria alimentícia de grande porte


estabelecida na região dos Campos Gerais
Patrícia Guarnieri (UEPG) pgguarnieri@yahoo.com.br
Leandro Duarte (UEPG) leandro.duarte@sadia.com.br
Carlos Eduardo Benck (UEPG) carlosedubenck@hotmail.com
Resumo:
A preocupação com questões ambientais é atualmente uma constante na sociedade e impele as
empresas a buscar políticas mais responsáveis no que tange a destinação final dos seus
resíduos. Este trabalho teve como objetivo principal verificar como a logística reversa auxilia
na operacionalização da destinação dos resíduos industriais de empresa do gênero alimentício
de grande porte estabelecida em Ponta Grossa-PR e como a contabilidade ambiental pode ser
utilizada para mensurar estes custos, gastos, receitas e ganhos Para atingir tal objetivo foi
realizada uma pesquisa aplicada, exploratória, descritiva, qualitativa com caráter
interpretativo. O procedimento técnico utilizado foi o estudo de caso e a coleta de dados foi
realizada através de observação direta e para sanar eventuais dúvidas que surgiram no
decorrer da observação foi realizada entrevista com os responsáveis pelas áreas envolvidas. A
Logística Reversa operacionaliza de maneira ambientalmente correta e segura toda a geração
de resíduos e sucatas para a empresa, evitando que a mesma venha a sofrer qualquer tipo de
penalização por parte de órgãos ambientais, ainda obtém ganhos econômicos com esse
processo através da comercialização e principalmente ganhos de imagem corporativa. Já a
Contabilidade Ambiental pode utilizar todos esses dados gerados pela Logística Reversa e
contabilizá-los, de maneira a demonstrar contabilmente todos os gastos e ganhos que a
empresa terá através da implementação dessas ferramentas, utilizando estas informações
gerencialmente na tomada de decisões concernentes às questões ambientais.
Palavras-chave: Logística reversa, contabilidade ambiental, retorno econômico, retorno legal
e retorno ambiental.
Introdução
O ciclo normal de vida dos produtos não se finda, quando ocorre sua utilização. Há algum
tempo percebe-se uma preocupação crescente com a reciclagem e reaproveitamento dos
materiais utilizados, isto não é apenas preocupação da sociedade, mas também do meio
empresarial por fatores cada vez mais destacados, estimulando a responsabilidade da empresa
sobre o fim da vida de seu produto.
Com vistas ao meio-ambiente, a empresa se vê obrigada, em respeito a seus clientes, a
proporcionar a destinação correta aos resíduos que gera, sendo estes visto como uma agressão
à natureza. Desta maneira acaba desenvolvendo-se uma Logística Verde baseada nos
conceitos de logística reversa e utilizando- se da contabilidade ambiental que facilita a
mensuração dos valores provenientes da logística reversa. O objetivodeste artigo foi verificar
como a logística reversa auxilia na operacionalização da destinação dos resíduos industriais e
como a contabilidade ambiental pode ser utilizada para mensurar estes custos, gastos, receitas
e ganhos em uma indústria alimentícia da região dos Campos Gerais. Para atingir este
objetivo foi realizada uma pesquisa exploratória, descritiva, qualitativa, de natureza
interpretativa, quanto ao procedimento técnico, foi utilizado o estudo de caso. A coleta de
dados foi realizada através da observação direta e entrevistas com os responsáveis pelos
setores de Logística, Controladoria e Gestão Ambiental.
Numa visão estratégica, adotando-se a logística reversa e contabilidade ambiental poderá
obter-se retorno também, perante os clientes, pois existirá um conceito de empresa
comprometida com o meio ambiente, fazendo com que estes clientes aumentem o consumo de
produtos e ainda reduzindo custos com a compra de matérias-primas, pelo reaproveitamento
de resíduos gerados no processo produtivo ou venda destes resíduos no mercado secundário,
além da minimização e de produtos reciclados após retornados a empresa.
2. Metodologia
De acordo com o objetivo, a elaboração deste trabalho foi realizado através da pesquisa
exploratória, com caráter interpretativo e de natureza qualitativa, pelo método indutivo. O
procedimento técnico utilizado foi o estudo de caso, que visa aprofundar algumas questões de
ordem prática, permitindo maior conhecimento do tema pesquisado (SILVA E MENEZES,
2001). Para a elaboração do referencial teórico foram utilizadas fontes primárias e
secundárias, como livros, periódicos, artigos de anais de eventos e material da Internet. Para
coletar os dados pertinentes ao estudo de caso, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas
com os responsáveis pelos setores de Logística, Controladoria e Gestão Ambiental da
empresa. Foi realizada também a observação direta dos processos da empresa no que se refere
ao tema pesquisado, no período compreendido entre maio a agosto de 2007.
3. Referencial teórico
3.1. Importância e conceito da Logística Reversa
O ambiente de negócios extremamente acirrado, proveniente da globalização dos mercados,
gerou uma crescente descartabilidade de produtos, tornando os meios de disposição final
escassos. Estes fatores ocasionaram uma maior visibilidade dos crimes ambientais e uma
maior sensibilidade ecológica na sociedade que exige das empresas maior responsabilidade no
descarte dos resíduos que gera. Portanto, surge a necessidade de ferramentas gerenciais que
possibilitem às empresas gerirem o seu passivo ambiental, evitando penalizações legais.
Para Oliveira; Maravieski e Hatakeyama (2006), muitos problemas influenciam no
desempenho destas organizações, um deles, e cada vez mais, é a forma com que esta lida com
a questão ambiental, principalmente porque representa um impacto direto no aspecto
econômico da mesma, bem como atrelado aos fatores relacionados à decisão de compra dos
consumidores que estão com uma crescente preocupação com meio ambiente, e estes muito
influenciados pela mídia que tem tratado esta questão com bastante ênfase.
Neste sentido, Guarnieri (2005) destaca que atualmente existe uma forte pressão por parte de
órgãos governamentais e não governamentais sobre as empresas, fazendo com que estas sejam
forçadas a buscarem alternativas de soluções para esses problemas, no que se refere à geração
de resíduos e outros meios poluentes, numa forma de minimizar os impactos ambientais e
financeiros gerados por eles. Partindo da análise dessa questão, a logística reversa, ainda
segundo Guarnieri (2006), tornou-se um assunto que influencia e ganha cada vez mais espaço
nas discussões e decisões dentro das empresas, por estar se tornando um diferencial em
relação à concorrência, diante também dos curtos ciclos de vida dos produtos e a busca
constante do desenvolvimento sustentável. Isso proporcionou questionamentos no sentido de
encontrar meios com que esta operação, não somente gere e aumente os custos das empresas,
mas que consiga, além de influenciar positivamente no relacionamento com a sociedade e
clientes, também agregue valor operacional à empresa.
Isso é demonstrado no que observou Leite (2003) como uma visão moderna de marketing
social, ambiental e principalmente de responsabilidade ética empresarial, se adotada por
empresas dos diversos elos da cadeia produtiva de bens em geral, por entidades
governamentais e pelos demais envolvidos, de alguma maneira, na geração de problemas
ecológicos, mesmo que involuntária, permitirá observar que suas imagens corporativas
estarão cada vez mais comprometidas com questões de preservação ambiental.
Segundo Adlmaier, Patzlaff e Castro (2004) o enfoque dado à logística reversa é bastante
difundido na Europa, apoiado por diretrizes legais para transporte e descarte de embalagens.
Mas no Brasil a legislação apenas exige o retorno de produtos considerados perigosos após o
término de sua vida útil, tais como pilhas e baterias contendo metais pesados, produtos
pneumáticos devido às poucas opções de tratamento e grande volume gerado e também das
embalagens de agrotóxicos, onde a responsabilidade pela logística e tratamento é do
fabricante. Alerta-se, então, para a consciência acerca dos impactos ambientais gerados ao
longo do ciclo de vida do produto, pois somente é feita a destinação correta dos itens acima
quando o consumidor final retorna os mesmos após a utilização. A figura 1 demonstra o
fluxo do processo logístico reverso:

C Materiais Processo Logístico Direto


C
L Novos L
I I
E E
N Suprimentos Distribuição
N
Produção
T T
E E
Materiais
Reaproveitados
Processo Logístico Reverso
Materiais de
pós-consumo
e pós-venda

Fonte: Adaptado de Roggers & Tibben-Lembke (1999:5) apud Guarnieri 2005


Figura 1 - Fluxo do Processo Logístico Reverso
Outra definição, citada por Adlmaier, Patzlaff e Castro (2004) é a do RLEC (Reverse
Logistics Executive Council) que define logística reversa como sendo o processo de
movimentação de mercadorias do seu destino final típico para outro ponto, com o objetivo de
obter valor de outra maneira indisponível, ou com o objetivo de efetuar a disposição final dos
produtos. As atividades da logística reversa incluem:
I - O processamento do retorno de mercadorias por danos, sazonalidade, reestocagem,
salvados e excesso do estoque;
II - Reciclagem dos materiais das embalagens ou reutilização de embalagens,
recondicionamento ou manufatura dos produtos;
III - Descarte de equipamentos obsoletos ou materiais perigosos;
IV - Recuperação do patrimônio.
Com relação à reciclagem, um dos itens mais importantes ligados à logística reversa Leite
(2003), afirma que há produtos que apresentam alta porcentagem de fluxos reversos em
relação aos seus fluxos diretos correspondentes, bem como alta organização. Por outro lado,
há também produtos com baixa porcentagem de fluxo reverso e baixa organização. O autor
explica que alguns segmentos no Brasil, como plásticos e alumínios, já possuem uma
estrutura mais organizada, possuindo desde coletadores, recicladores, distribuidores de
materiais reciclados e assim por diante. Por ser uma área ainda recente, o processo logístico
reverso ganha espaço, representando retornos consideráveis na economia das empresas.
Para Anastácio (2004) os principais elementos que fazem parte da cadeia logística reversa são
o consumidor, o coletor, o classificador e o reprocessador. Sendo assim neste processo existe
um fluxo de produtos e serviços vindo do consumidor em direção ao reprocessador e um
fluxo de informações partindo do reprocessador na direção do consumidor.
3.2. Contabilidade ambiental
Ferreira (1998), explica que o mercado, ente disciplinador de relações sócio-econômicas,
impõe a contabilidade, na atualidade, uma visão maior, uma visão social e humana, que
mostre as ações quanto à integração da responsabilidade social, da administração empresarial
e do sistema de gestão ambiental. Surge assim, a necessidade de identificar as alternativas que
a contabilidade possui para evidenciar para a sociedade o desempenho ambiental, firmado
pelo interesse social das empresas.
Tinoco; Kraemer (2004), relatam que a contabilidade ambiental teve sua primeira
manifestação a partir da conscientização da humanidade de que as questões ambientais já não
se restringiam a áreas geográficas isoladas ou determinados grupos de pessoas, levando à
preocupação a diferentes tipos de profissões para com o meio ambiente. A discussão cada vez
mais acirrada sobre o meio ambiente trouxe implicações econômicas e estruturais de longo
alcance, tanto por parte dos movimentos ambientalistas, como dos organismos reguladores.
Estas determinações dão destaque da colaboração da contabilidade para as demais ciências na
proteção e preservação do meio ambiente, possibilitando a emissão de relatórios contábeis que
demonstram os resultados das atividades desenvolvidas pela empresa. De acordo com
Almeida (2000), estes relatórios utilizam-se de dados quantitativos que podem diminuir ou
eliminar interpretações duvidosas, buscando refletir os investimentos, despesas, custos e
receitas relativas ao desempenho ambiental da empresa; promovem a avaliação patrimonial
com informações importantes ao processo de tomada de decisão, quanto à natureza
econômico-financeira e física dos recursos alocados e das atividades desenvolvidas.
Desta forma, a contabilidade contribui para a identificação, mensuração, registro e
comunicação das atividades de uma empresa, levando as informações ao nível de tomada de
decisão, de maneira a auxiliar na avaliação dos recursos e resultados obtidos pela preocupação
com o meio ambiente. Segundo Tinoco; Kraemer (2004), a contabilidade ao fornecer
informações de caráter social veiculadas com as peças contábeis da empresa abriu caminho
para tornar-se uma ciência que reporta informação para os mais diferentes usuários através do
Balanço Social.
Os autores destacam que a obtenção de lucros das empresas não pode ser dissociada da
responsabilidade social, o que significa que em seus objetivos deve ser incorporada a
preocupação com a degradação ambiental. Consideram que a responsabilidade social deve
abranger o bem estar da população em sua integridade, ou seja, é obrigação da empresa
emprenhar-se em proporcionar condições saudáveis de trabalho contendo ou eliminando
níveis de resíduos tóxicos, decorrentes do processo produtivo ou do uso e consumo de seus
produtos, de forma a não agredir o ambiente. Sob estes contextos, a contabilidade ambiental
apresenta-se como elo de comunicação entre empresas e sociedade, concentrando seus
esforços para melhorar o sistema de informação contábil existente, no sentido de informar as
ações ocorridas na gestão ambiental.
4. Apresentação dos dados e análise dos resultados
4.1. Caracterização da empresa
A empresa, objeto desta pesquisa, foi fundada à 63 anos é uma das maiores empresas do ramo
alimentício da América Latina, onde tem um portfólio de cerca de 680 itens, que são
distribuídos em aproximadamente 300.000 pontos de vendas. É líder nacional em todas as
atividades que opera e uma das maiores exportadoras do Brasil, onde exporta para mais de
100 países. Tem um parque fabril com 13 unidades industriais, espalhadas por 7 estados
brasileiros, além de outras unidade agropecuárias, centros de distribuição e unidades
administrativas e comerciais que apresentam um quadro de aproximadamente 49.000
funcionários. O seu faturamento bruto em 2006 foi de 7,9 bilhões, sendo que composto por
4,5 bilhões (57 %) obtidos no mercado interno e de 3,4 bilhões (43 %) no mercado externo. A
unidade industrial em que o estudo de caso foi desenvolvido esta localizada na região dos
Campos Gerais no Paraná tem aproximadamente 1000 funcionários, onde é responsável pela
produção de itens com maior valor agregado destinados tanto para o mercado interno quanto
externo, a mesma conquistou a certificação ambiental ISO 14001 em 2005. É composta por
duas fábricas de produtos acabados, uma central de classificação, conserto e distribuição de
pallets e um centro logístico de exportação.
4.2. Resíduos gerados pela empresa
Os principais resíduos gerados pelos processos da empresa que se relacionam com a logística
reversa são: as embalagens de acondicionamento e transporte das matérias primas, pallets de
madeira ou plástico utilizados no transportes dos produtos que não atendem mais os padrões
de qualidade e segurança, resíduos que são gerados durante o processo produtivo como restos
de matérias primas e elaborados que são descartados.
Além disso, existem outros resíduos que são gerados principalmente em áreas administrativas
e de apoio, que são os papéis, plásticos, metais, resíduos orgânicos, não recicláveis (carbono,
isopor), pilhas, baterias, óleos combustíveis, pneumáticos e outros. A tabela 1 apresenta os
resíduos e sucatas gerados pela empresa, bem como, suas respectivas quantidades em
toneladas e os valores gerados pela sua comercialização.

TIPO Produção Plástico Papelão Ferro Inox Pallet Óleos Outros


Toneladas 894* 423 733 170 3,5 581 10 23*
R$ (mil) 0 115 163 35 10 75 3,5 0
Fonte: base de dados da empresa** (2006).
(*) Resíduos sem valor comercial.
(**) Foi utilizado um multiplicador para a exposição dos dados, por solicitação da empresa.
Tabela 1 – Resíduos gerados pela empresa X
A análise foi efetuada de maneira a identificar todo o processo e os procedimentos
relacionados à separação, tratamento, armazenagem e destinação de todos estas embalagens,
sucatas, resíduos de produção e também dos resíduos gerados pelas de áreas administrativas e
apoio.
4.3 Descrição do processo de geração de resíduos e aplicação da logística reversa
As embalagens utilizadas no transporte e acondicionamento de matérias primas, podem ser
classificadas de duas formas, as descartáveis e as reutilizáveis. As descartáveis são aquelas
que normalmente no momento da utilização das matérias primas, são descartadas, e em sua
maioria são compostas por plásticos, papelão e metais. Já as reutilizáveis acondicionam a
matéria prima até sua utilização, mas após isso são devolvidas aos fornecedores ou parceiros
para serem novamente utilizadas para o transporte da determinada matéria prima, são
conhecidos como contêineres, galões, bombonas e outros.
Os pallets são utilizados para efetuar o transporte das matérias primas e produtos acabados,
existem dois tipos de pallets, os de madeira e os de plástico e eles podem ser descartáveis ou
reutilizáveis. Os descartáveis são normalmente recebidos de fornecedores e descartados como
sucata de plástico ou madeira, enquanto que os reutilizáveis, que tem especificações
padronizadas de transporte, são reutilizados até que suas condições não atendam mais as
especificações de segurança e qualidade, então estes são destinados para conserto ou então
descartados como sucata.
Os descartes gerados durante o processo produtivo, são as sobras de matérias primas e
elaborados de produção, descartes de itens fora do padrão, produtos gravosos (data de
validade já avançada) e outros. Estes resíduos, que são gerados a partir produtos comestíveis,
classificam-se como orgânicos, onde após armazenados adequadamente em containeres, são
destinados, para um parceiro da empresa, na forma de doação, que utiliza os mesmos para à
fabricação de ração animal.
Os resíduos que têm a sua origem nas áreas administrativas e de apoio, que são os papéis,
plásticos, metais e outros resíduos sólidos recicláveis são classificados e descartados como
sucata. Os resíduos orgânicos ou não recicláveis (carbono, isopor), são destinados
adequadamente, para a empresa de coleta urbana. Pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes,
óleos combustíveis, pneumáticos e outros, classificados como produtos perigosos, são
destinados a empresas especializadas em descontaminação, reciclagem ou destinação segura
deste tipo de material. No caso de descontaminação a empresa paga para que este trabalho
seja efetuado, enquanto que os que podem ser reciclados são vendidos e contabilizados como
receita não-operacional.
Os materiais descartados como sucatas são classificados e armazenados através da coleta
seletiva, que tem o envolvimento de todas as áreas da empresa e classificam-se em papel,
plásticos, metais (ferro, cobre, alumínio) e vidro. Estes resíduos são comercializados, através
de contrato, para uma empresa especializada em reciclagem e são contabilizados como receita
não operacional. Os resíduos de madeira, que tem a sua origem principalmente nos pallets
considerados sucatas, são destinados para a geração de energia, através do consumo na
caldeira do sitio fabril. As quantidades excedentes são comercializadas para empresas que
trabalham com a recuperação de pallets.
4.4 investimentos em estrutura para a aplicação da logística reversa
A constante busca para a minimização de geração de resíduos é o que buscam todas as
empresas, o que não é diferente nesta. Mas em todos os processos produtivos é impossível
que não haja algum tipo de geração de resíduos, sucatas ou subprodutos, sendo necessária
então a destinação de recursos para investimentos na implementação de um processo logístico
reverso que atenda as necessidades da empresa.
Neste caso analisado a aplicação de recursos foram destinados para construção de locais para
armazenagem de resíduos de produção, aquisição de equipamentos específicos necessários
para a coleta seletiva de sucatas destinadas à reciclagem, aquisição de equipamentos para
manuseio, conserto e locais para armazenagem de pallets, adequação de locais para o
acondicionamento de materiais perigosos e treinamentos de equipe.
Apesar da aplicação de diversos processos com o conceito de logística reversa na empresa,
não é conhecido com este nome, e são controlados separadamente com investimentos, custos
e ganhos individualizados. O atendimento as legislações ambientais, aos conceitos e
exigências da ISO 14001, a proteção e conservação ao meio ambiente são premissas de
extrema importância dentro da corporação.
4.5 Empresas parceiras na implementação da logística reversa
As empresas parceiras são fundamentais para que a logística reversa seja desenvolvida de
maneira efetiva e consiga alcançar resultados que tenham reflexos positivos para a corporação
em que o processo está sendo implementado, pois as mesmas deverão estar comprometidas
com as legislações ambientais e a busca contínua de proteção ao meio ambiente.
No caso estudado, as empresas parceiras que participam, além de fornecedores e clientes onde
acordos de cooperação para remessa e devolução de pallets ou vasilhames criam um fluxo
logístico específico, existe uma empresa especializada em reciclagem de sucatas, uma
agrícola com produção de suínos e um grupo de empresas que são especializadas na
recuperação de pallets.
4.6 Análise do estudo de caso
Como verificado a empresa relacionada no estudo de caso, faz a destinação correta de seus
resíduos, através da aplicação de conceitos de logística reversa de pós-consumo, mesmo que
não identificada assim em seus processos. Apesar da aplicação desses conceitos a empresa
tem somente controles individualizados para cada tipo de resíduo, não tendo um sistema
integrado de todos os fluxos e processos que envolvem a geração de resíduos, sucatas e
subprodutos. Não elabora relatórios contábeis para tomada de decisão, como por exemplo,
DRE e BP. Ela gera dados (registros contábeis) e não informações úteis e direcionadas
especificamente à tomada de decisões ambientais.
A empresa gera resíduos, efetua procedimentos de logística reversa, registra contabilmente
estas ocorrências, tem retorno econômico, deixa de efetuar compras de materiais novos, deixa
de ser penalizada com legislações ambientais, efetua a conscientização dos colaboradores e
inclusive terceiros que manipulam materiais da empresa fazendo o treinamento
ambientalmente correto para tal, possui certificação em normas ambientais, porém não gera
relatórios contábeis específicos para a tomada de decisões no que tange a aspectos ambientais.
Quando a empresa iniciou as atividades ligadas à gestão ambiental (construção da planta de
resíduos, compra de equipamentos para coleta seletiva, treinamentos) os investimentos feitos
não foram mensurados separadamente, o que hoje dificulta a identificação ou o rateio destes
investimentos que se relacionam com a logística reversa, o que dificultou imensamente a
coleta de dados para a presente pesquisa.
5. Considerações finais
A incorporação de um sistema específico de Contabilidade Ambiental adequado à necessidade
da empresa é de suma importância, pois visa à melhoria do seu desempenho relacionado ao
meio ambiente e a mensuração correta dos atos e fatos contábeis, garantindo-lhes a
sobrevivência nos dias atuais. A sociedade não mais aceita o descaso das empresas com o
meio ambiente; os consumidores buscam produtos limpos; a legislação impõe duras penas
para as empresas que não cumprirem com suas obrigações ambientais, assim
responsabilizado-as por suas atitudes e fazendo-as com que busquem desenvolvimento de
estratégias operacionais sérias para com o meio ambiente.
Verificou-se que a empresa não utiliza os conceitos da contabilidade ambiental para mensurar
os gastos, receitas e ganhos envolvidos neste processo, e a contabilização é feito por um
sistema integrado de informações, não ambiental, este a nível corporativo. O
desenvolvimento e implantação de um sistema integrado de controle de resíduos, no qual a
empresa poderá demonstrar com maior facilidade e segurança, seus processos produtivos
relacionado à produção e destinação dos seus resíduos, poderia auxiliar na identificação dos
seus ganhos ambientais, legais, econômicos e ainda disponibilizar para seus clientes,
fornecedores, parceiros e sociedade para a obtenção de ganhos relacionados à imagem
corporativa. Esse sistema disponibilizaria todas as informações relacionadas à geração e
operacionalização dos resíduos como: investimentos, quantidades geradas, locais geradores,
destinação, itens comerciais e não comerciais, mão de obra, valores gerados pela
comercialização, parceiros, segurança legal e ambiental, e possíveis oportunidades de redução
de custos ou ganhos neste processo.
A partir da identificação por meio desse controle integrado seria possível gerar informações,
para o desenvolvimento de um sistema contábil ambiental, que possam ser utilizadas a nível
gerencial pela empresa, no sentido de disponibilizar outros investimentos para este setor de
gestão ambiental. Também essas informações poderiam ser disponibilizadas para todos os
envolvidos com a empresa, visando alcançar ganhos considerados de imagem corporativa e
demonstrando sua preocupação com o futuro do meio ambiente.
Desta forma conclui-se que a Logística Reversa relaciona-se diretamente com a
Contabilidade Ambiental, onde juntas são ferramentas existentes e diferenciadas para
melhorar a inter-relação das empresas com o meio ambiente e sociedade, pois quanto o maior
nível de detalhamento das informações, melhor serão as decisões tomadas. E para que isto
ocorra, pesquisas no campo desta ciência devem ser intensificadas, no sentido de fazer
entender cada vez mais sua real importância.
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