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Comércio Internacional Mód. III Prof.

Edem
4.1-Introdução: No mundo atual altamente interligado, o estudo do setor externo ganhou
dimensões nunca antes conhecidas. A globalização dos fluxos comerciais e financeiros
exigem do economista um conhecimento profundo do setor externo, enquanto o estudo dos
desequilíbrios do Balanço de Pagamento e seus mecanismos de correção concentram a
atenção de muitos especialistas.
Balanço de Pagamentos
Conceito: É o registro contábil de todas as transações de um país com o resto do mundo.
Envolve tanto transações com bens e serviços como transações com capitais físicos e
financeiros. Assim, o Balanço de Pagamentos registra tanto o comércio internacional
(importações e exportações), os serviços (pagamento de juros, royalties, remessa de lucros,
turismo, fretes, etc...), como o movimento de capitais (investimentos diretos estrangeiros,
empréstimos e financiamentos, capitais especulativos, etc...)
A contabilidade das transações internacionais segue as normas gerais de contabilidade,
utilizando o método das partidas dobradas.
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O Balanço de Pagamentos está dividido em quatro grupos:

Balança Comercial: Compreende o comércio de mercadorias. Se as exportações


FOB excedem as importações FOB, temos superávit e o inverso teremos déficit.

Balanço de Serviços: Registra-se todos os serviços pagos ou recebidos, tais como


frete, seguros, viagens internacionais. Os serviços que representam remuneração a fatores de
produção externos (juros, lucros, royalties, aluguéis) são chamados serviços fatores (é a
Renda Líquida Enviada ao Exterior) enquanto as demais são chamadas serviços não-fatores.

Transferências Unilaterais: Conhecida como conta de donativos, registram as


doações interpaíses. Os donativos podem ser em divisas (remessas de não-residentes) ou
mercadorias.
O somatório dos saldos da balança comercial, da balança de serviços e das
transferência unilaterais chama-se BALANÇO DE TRANSAÇÕES CORRENTES.

Movimento de Capitais ou Balanço de Capitais: É onde aparecem as transações


que produzem variações no ativo e no passivo externo do país, e portanto modificam sua
posição devedora e credora perante o resto do mundo. São registradas as transações
financeiras puras, como ações, títulos de outros países, empréstimos em moeda, etc...
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ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS
I ) Balança Comercial (mercadorias)
Importações FOB; Exportações FOB
II ) Balança de Serviços
Viagens Internacionais; Transportes; Seguros; Renda de Capitais (juros, dividendos
e lucros); Serviços Diversos (fretes, aluguéis)
III ) Transferências Unilaterais
Doações em geral, serviços governamentais (embaixadas, consulados, entre outras)
SALDO DE TRANSAÇÕES CORRENTES ( SOMA DE I + II + III )
IV ) Movimento de Capitais Autônomos
Investimentos Diretos; Reinvestimentos; Empréstimos e Financiamentos;
Amortizações de empréstimos e financiamentos; outros capitais (especulativos, de curto
prazo);
V ) Erros e Omissões
SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (Saldo em TC + IV + V)

VI ) Movimento de Capitais Compensatórios


Atrasados Comerciais; FMI; Outros Empréstimos de Curto Prazo; Variação nas
Reservas.
O SALDO DO MOVIMENTO DE CAPITAIS COMPENSATÓRIOS É IGUAL AO
SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS, COM SINAL INVERTIDO.
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DESEQUILÍBRIOS NO BALANÇO DE PAGAMENTOS
O comércio entre os países dá origem a lançamentos em seus respectivos balanços
de pagamentos. A exportação de um país é necessariamente a importação de outro e assim por
diante. Logo, a soma de todos os balanços de pagamentos de todos os países é zero. Porém,
cada país individualmente pode ter superávit ou déficit no BP. Ao mesmo tempo, déficits em
transações correntes devem ser financiados por capitais externos. Assim, partindo-se da
identidade macroeconômica, teremos:
C + S + T = C + I + G + (X-M), eliminando-se C e isolando-se os gastos e suas
fontes de financiamentos teremos:
(S - I) + (T - G) = (X - M) (considerando X - M o déficit em transações correntes)

Conclusão: Quando os gastos internos (I + G) forem superiores as fontes de


financiamento (S + T), o déficit terá de ser financiado pelo setor externo. Isso porque haverá
déficit em transações correntes que, por definição, devem ser financiados pela poupança
externa através de superávit na balança de capitais.
Caso a entrada de capitais seja insuficiente para financiar déficits em transações
correntes, o governo deverá utilizar os capitais compensatórios para fazê-lo.
Primeiramente, lançará mão das reservas internacionais. Caso ela seja insuficiente (ou esteja
em níveis muito baixos ), o país deverá conseguir empréstimos com o FMI ou com
outros organismos internacionais para evitar o descumprimento de suas obrigações.
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Mercados de Câmbio e Taxas de Câmbio
Mercado de câmbio é aquele em que indivíduos, empresas e bancos compram e
vendem moedas estrangeiras. O mercado de câmbio para qualquer moeda é composto por
todos os lugares onde essa moeda é comprada e vendida.
Funções dos Mercados de Câmbio
A principal função dos mercados cambiais é a transferência de recursos ou de poder
de compra de uma nação e moeda para outra. Pode-se identificar quatro níveis nos mercados
de câmbio.
1o. Nível - Usuários tradicionais como turistas, importadores e exportadores,
investidores e outros --> São os usuários e fornecedores imediatos de moeda estrangeira.
2o. Nível - Bancos Comerciais --> Atuam como câmaras de compensação entre
usuários e recebedores de câmbio.
3o. Nível - Corretores de Câmbio --> Agentes a através dos quais os bancos
nivelam suas entradas e saídas de câmbio entre si (chamado mercado interbancário ou
mercado de atacado).
4o. Nível - Banco Central do País --> Atuam como comprador e vendedor de última
instância quando os ganhos e despesas totais do país encontram-se em desequilíbrio, sacando
divisas de suas reservas ou acrescentando novas quantias.
MOEDA VEÍCULO: Serve como unidade contábil, meio de troca e reserva de valor não
apenas para transações domésticas mas para transações internacionais privadas e oficiais.
Atualmente, a moeda veículo é o dólar.
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Taxa de Câmbio
Conceito: Taxa de Câmbio é o preço de uma moeda em relação à outra. Outros
definem como o número de unidades de moeda nacional necessário para comprar uma
unidade de moeda estrangeira. A taxa de câmbio permite que preços expressos em moedas
nacionais diferentes possam ser expressos numa mesma unidade de conta.
Taxa de Câmbio à Vista: Taxa de câmbio à vista é aquela cujo valor é expresso para a troca
de divisas no ato.
Taxa de Câmbio à Termo: Taxa de câmbio à termo é aquele cujo preço é fixado para
entrega futura. Os participantes deste mercado o procuram para evitar riscos de variação na
taxa de câmbio. É nesse mercado que agem os especuladores, cujo principal objetivo é obter
lucro com a operação cambial mediante risco.

Tipos de Taxa de Câmbio


Taxa de Câmbio Nominal: O próprio conceito de taxa de câmbio define taxa de
câmbio nominal. Assim taxa de câmbio nominal é a relação que expressa o preço de uma
unidade de moeda nacional em relação à moeda estrangeira ou vice-versa.
Taxa de Câmbio Real: A taxa de câmbio real é definida como a relação de preços
entre o produto nacional e o produto estrangeiro. É expressa por:
∅= EP*
P Onde ∅ é a taxa de câmbio real; EP* é o preço do bem
estrangeiro em moeda nacional; P é o preço do produto nacional.
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Taxa de Câmbio Real Efetiva: A taxa de câmbio real efetiva é utilizada para um
melhor entendimento da competitividade externa, utilizando-se um índice de preços. Esse
índice é composto pela média ponderada dos preços dos principais países que compõe a pauta
de comércio exterior da nação. A equação do cálculo da taxa de câmbio é a mesma
utilizada para no cálculo da taxa de câmbio real, porém o preço dos bens estrangeiros
em moeda nacional leva em conta essa média de preços.
A principal função da taxa de câmbio real e da taxa real efetiva é verificar o grau de
competitividade externa de uma economia, comparando-se a variação no preço interno e
externo e a variação da taxa de câmbio.
Determinação da Taxa de Câmbio no Longo Prazo: Uma pergunta recorrente
nesses atuais dias de instabilidade cambial é: Qual é o valor correto da taxa de câmbio? Para
tentar responder a essa pergunta, devemos separar o valor do câmbio no longo prazo e no
curto prazo.
CÂMBIO NO LONGO PRAZO – PARIDADE PODER DE COMPRA
Paridade Poder de Compra (PPC) é o modelo que explica o comportamento da taxa
de câmbio no longo prazo. Esse modelo tem como base a proposição conhecida como:
Lei do Preço Único: Estabelece que mercados concorrentes em uma economia aberta, com
custos de transações desprezíveis e onde não existam barreiras tarifárias, bens homogêneos
vendidos em diferentes países devem ter o mesmo preço quando expressos na mesma moeda.
i
PBra = ( ER $ / US $ )x( PUS
i
$)
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Determinação da Taxa de Câmbio no Curto Prazo: A estrutura fundamental dos
modelos que explicam o comportamento do câmbio no curto prazo é denominada paridade
das taxas de juros internacionais. Supondo que exista perfeita mobilidade de capital,
qualquer investidor (tanto doméstico quanto estrangeiro) pode comprar ativos
domésticos ou estrangeiros facilmente. Dada essa condição, o investidor irá investir no
ativo que oferecer maior retorno. Existe a Paridade da Taxa de Juros Descoberta e a Paridade
da Taxa de juros Coberta. A taxa de câmbio flutua no sentido de igualar as taxas de retorno
entre a economia.
Mesmo considerando a desvalorização cambial, pode-se observar que a taxa de juros nacional
não iguala a taxa de juros internacional. Isto pois existe o risco de não pagamento da dívida.
Este risco é conhecido como “cupom cambial” e geralmente é medido através das agências
internacionais de risco. Assim,
i = i* + Prêmio de Risco + Expectativa Desvalorização Moeda.
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Risco de Câmbio: Proteção e Especulação
Ao longo tempo, as curvas de oferta e demanda de câmbio, fazendo com que a
taxa à vista(e a termo) varie com frequência. As curvas de oferta e demanda por câmbio se
deslocam em virtude de uma série de fatores, dentre os quais mudanças nas
preferências relativas a produtos domésticos e importados da nação e no exterior,
crescimento e taxas de inflação diferentes em diferentes nações, mudanças nas taxas
de juros relativas, nas expectativas e assim por diante.
Essas variações impões riscos cambiais a todos os indivíduos, empresas e bancos
que necessitam efetuar ou receber pagamentos futuros estipulados em moeda estrangeira.
Suponha um importador brasileiro que compre US$ 100.000 em produtos da Suécia e tenha
de efetuar o pagamento em três meses. Caso a taxa de câmbio à vista no momento da
internação do produto seja R$ 3,00/US$, o valor da dívida em moeda nacional será de R$
300.000. Como o importador já tem problemas demais no seu ramo de negócio para
ainda ter que se preocupar com os riscos do câmbio, ele procurará assegurar-se contra um
aumento no preço do dólar. Da mesma forma age o exportador que aguarda pagamentos para
o futuro.
Isso acontece pois sempre que um pagamento ou recebimento futuro tem de ser
efetuado existe o chamado risco de câmbio, pois as taxas de câmbio à vista variam de acordo
com o tempo. Em geral, administradores de empresas são avessos ao risco e procuram evitar
riscos de câmbio, enquanto o especulador aceita e até mesmo busca o risco. Existem,
pois, basicamente dois modos dos agentes agirem em relação à esse risco, quais sejam:
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Hedging
O hedging se refere à operação de evitar o risco de câmbio, ou à cobertura de
uma posição em aberto. No exemplo anterior, o importador poderia tomar emprestado U$
100.000 e colocar em um banco nos EUA (em US$ portanto) rendendo juros. Assim,
mesmo que a taxa de câmbio à vista varie consideravelmente, ele estaria “coberto”, pois
ele teria o valor equivalente ao pagamento em dólares depositado na mesma moeda. Nesse
caso, o custo do “seguro” seria a diferença entre a taxa a ser paga pelo empréstimo e a taxa a
ser recebida pela aplicação.Como isso implicaria em recursos ociosos, o hedging
geralmente ocorre no mercado à termo que não requer empréstimos ou qualquer
outro tipo de recursos. O importador poderia comprar dólares no mercado futuro, no valor
de US$ 100.000 para a data de pagamento da importação.
Em um ambiente de incertezas, a habilidade dos administradores em praticar o
hedging facilita em muito o fluxo internacional do comércio. Sem o hedging, o fluxo
internacional de comércio e a especialização seriam inferiores e mais reduzidos os benefícios
obtidos com o comércio.
Especulação
A especulação é o oposto do hedging. Enquanto o operador de hedging tenta
cobrir os riscos de câmbio o especulador se expõe à ele. Como no caso do hedging, a
especulação pode acontecer tanto no mercado à vista quanto à termo, embora ocorra com
maior frequência no mercado à termo. Suponha que a taxa à termo seja de R$ 3,50/US$
e o especulador acredite que a taxa de câmbio à vista daqui à três meses será de R$
3,20/US$. Nesse caso, o
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especulador venderia dólares no mercado a termo por R$ 3,50/US$ e aguardaria a data de
liquidação do contrato. Nesse dia ele compraria dólares a R$ 3,20 e entregaria para o
comprador. Por exemplo, o especulador vendeu US$ 100.000 no mercado a termo (e recebeu,
portanto R$ 350.000) e na data do vencimento entregou US$ 100.000 (e pagou R$ 320.000, a
taxa à vista na liquidação), obtendo um lucro de R$ 30.000 na operação.
No exemplo acima, o especulador vendeu dólares que não possuía no mercado
futuro. Diz-se que ele assumiu uma posição à descoberto. Mais especificamente, ele
assumiu a chamada posição vendida, caso em que o especulador ganha se o preço (do
alvo da especulação) cair. Caso ele tivesse assumido uma posição de ganho no caso do
preço da moeda subir (por exemplo, tomado um empréstimo em R$ e investido em US$ no
exterior) sua posição seria denominada posição comprada.
A especulação pode ser estabilizadora ou desestabilizadora. Ela será estabilizadora
quando a compra de moeda estrangeira ocorrer quando seu preço estiver caindo (encerrando a
queda) e será desestabilizadora quando ocorrer a venda da moeda no momento em que os
preços estiverem caindo (acentuando a queda).
Qualquer um que tenha que efetuar um pagamento futuro especula, na medida que
pode acelerar ou retardar o pagamento (em alguns casos).
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Políticas Cambiais ou Regimes Cambiais
Os formuladores de política econômica devem escolher o regime cambial adequado
para a realização dos objetivos de suas políticas. Esse regime pode ser:
Regime Cambial Flexível ou Flutuante: Num regime cambial de taxa flexível ou
flutuante, os bancos centrais permitem que a taxa de câmbio se ajuste de forma a equacionar a
oferta e a demanda por moeda estrangeira através das forças de mercado. Dentre do regime de
câmbio flexível, pode-se ter dois tipos de flutuação: livres ou limpas e dirigidas ou sujas.
Flutuação Livre: Quando o Banco Central se omite completamente e não intervém
de modo algum no mercado cambial, permitindo que a taxa de câmbio seja determinada
livremente pelo mercado de divisas.
Flutuação Dirigida: É o tipo característico de flutuação. Nela o BC tenta influenciar
o valor da moeda realizando operações no mercado de câmbio. Os bancos centrais realizam
essas operações com o objetivo de estabilizar as flutuações no curto prazo
Regime Cambial Fixo: No sistema de câmbio fixo, o BC estabelece o preço da
moeda estrangeira, comprometendo-se a vender (ou comprar) estas divisas ao nível de
preços previamente estabelecidos. A taxa de câmbio fixa opera como qualquer outro
sistema de sustentação de preços, ou seja, o BC deve suprir o excesso de demanda e
absorver o excesso de oferta. O sistema de bandas cambiais é uma variante do sistema,
em que a autoridade permite que a taxa cambial flutue dentro de limites máximos e
mínimos previamente estabelecidos. A idéia por trás do câmbio fixo é evitar grandes
oscilações na taxa de câmbio, o que geralmente traz incertezas aos agentes econômicos.

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