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06 11:46 Page 1
EÇÃ
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O
C
Cadernos de
Qualidade de vida,
Consumo e Trabalho
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Apresentação
A o longo de sua história, o Brasil tem enfrentado o problema da exclusão social que
gerou grande impacto nos sistemas educacionais. Hoje, milhões de brasileiros ainda
não se beneficiam do ingresso e da permanência na escola, ou seja, não têm acesso a um
sistema de educação que os acolha.
Educação de qualidade é um direito de todos os cidadãos e dever do Estado; garantir o
exercício desse direito é um desafio que impõe decisões inovadoras.
Para enfrentar esse desafio, o Ministério da Educação criou a Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização e Diversidade – Secad, cuja tarefa é criar as estruturas necessárias
para formular, implementar, fomentar e avaliar as políticas públicas voltadas para os grupos
tradicionalmente excluídos de seus direitos, como as pessoas com 15 anos ou mais que não
completaram o Ensino Fundamental.
Efetivar o direito à educação dos jovens e dos adultos ultrapassa a ampliação da oferta
de vagas nos sistemas públicos de ensino. É necessário que o ensino seja adequado aos que
ingressam na escola ou retornam a ela fora do tempo regular: que ele prime pela qualidade,
valorizando e respeitando as experiências e os conhecimentos dos alunos.
Com esse intuito, a Secad apresenta os Cadernos de EJA: materiais pedagógicos para o
1.º e o 2.º segmentos do ensino fundamental de jovens e adultos. “Trabalho” será o tema da
abordagem dos cadernos, pela importância que tem no cotidiano dos alunos.
A coleção é composta de 27 cadernos: 13 para o aluno, 13 para o professor e um com
a concepção metodológica e pedagógica do material. O caderno do aluno é uma coletânea
de textos de diferentes gêneros e diversas fontes; o do professor é um catálogo de ativi-
dades, com sugestões para o trabalho com esses textos.
A Secad não espera que este material seja o único utilizado nas salas de aula. Ao con-
trário, com ele busca ampliar o rol do que pode ser selecionado pelo educador, incentivan-
do a articulação e a integração das diversas áreas do conhecimento.
Bom trabalho!
Sumário
TEXTO Subtema
Consumo responsável
TEXTO 1
N
a hora de pegar este ou aquele pro- as que adotaram um ideal conhecido como
duto na gôndola do supermercado, “responsabilidade social”, que fundamenta
o que pesa em sua decisão? Preço práticas cujo fim não é apenas o lucro.
mais baixo, melhor qualidade, tradição da
marca, preferência familiar? Em geral, são Empresas conscientes
esses os fatores que costumam ser levados “O consumidor mais atento e informado
em conta no instante da compra. Mas há já percebe as relações de seu nível de consu-
um fenômeno novo que desafia esse pa- mo e os efeitos disso no plano social, econô-
drão: são os consumidores preocupados mico e ambiental. Isso torna as empresas
com o comportamento da empresa que mais conscientes e preocupadas com os valo-
produziu determinado produto. res que ela propaga com seus produtos e
Já não são poucos os que fazem suas marketing”, afirma Marilena Lazzarini, coor-
escolhas se perguntando se aquela com- denadora institucional do Instituto Brasileiro
panhia respeitou direitos humanos e traba- de Defesa do Consumidor (Idec), com 17
lhistas; se sua cadeia de produção segue anos de trabalho e militância na área.
normas de preservação ambiental e boas Foi pensando em estimular esse “con-
práticas empresariais. Se é ética quando faz sumo engajado” que o Idec acaba de lançar
publicidade. Ou até se está comprometida o Guia de Responsabilidade Social para o
com a geração de empregos. Consumidor, um livreto de 22 páginas com
Essa mudança nos padrões de consu- um painel sobre o movimento mundial de
mo, que ganhou força na segunda metade consumidores e sua articulação do Brasil.
do século 20, quando os consumidores
passaram a se organizar em grupos inde-
pendentes para defender seus direitos, já
gerou efeitos nas empresas. Não são poucas Extraítdo do site Repórter Brasil: www.reporterbrasil.org.br
O consumidor
mais atento já
percebe as relações
de seu nível de
consumo e os
efeitos no
ambiente e na
sociedade.
Luludi / AE
Transgênicos
TEXTO 2
TRANSGÊNICOS
A sociedade civil ainda não foi esclarecida sobre o problema
A
polêmica em torno dos organismos não-governamentais. Desde então, o núme-
geneticamente modificados (OGMs), ro de entidades envolvidas e as ações em-
popularmente conhecidos como trans- preendidas se ampliaram. No Brasil, a
gênicos, já fez história. Começou nos anos mobilização civil começou com a campanha
1990, quando ocorreram as primeiras Por um Brasil Livre de Transgênicos, que
colheitas de grãos alterados geneticamente. publicou cartilhas impressas e boletins ele-
O movimento de resistência surgiu em trônicos, promoveu eventos e manifestações
torno da Campanha por Segurança Ali- públicas, e divulgou resultados de testes
mentar e agregou diversas organizações realizados em alimentos.
O plantio e a
comercialização
de soja transgênica
já são permitidos
no país, mas ainda
geram polêmicas.
Te x t o 2 / Transgênicos
O algodão Bollyard Evento 531, tam- que produtos como bolachas, bolos, massas,
bém da Monsanto, é outro capítulo. Seu chocolates, óleos, margarinas e seus deriva-
cultivo foi liberado pela Comissão Técnica dos, que sofrem processamento térmico
Nacional de Biossegurança (CTNBio), vincu- mais agressivo, têm suas proteínas destruí-
lada ao Ministério da Ciência e Tecnologia das, o que impede a detecção de organis-
(MCT), também com algumas exigências. mos geneticamente modificados.
Uma delas: 20% de algodão convencional “Nos supermercados não há produtos
deve ser cultivado em áreas cercadas e isola- que tragam o símbolo indicando a existên-
das para evitar contaminação. cia de OGMs, não porque eles não existam,
mas porque a informação desaparece quan-
Níveis de tolerância do entra em fabricação, e não existe fisca-
Desde 2003, vigora no Brasil o Decre- lização”, afirma Gabriela Vuolo, coordena-
to-Lei nº. 4.680, que exige a informação, no dora da área de consumidores da campanha
rótulo, de alimentos e ingredientes que de transgênicos do Greenpeace. Na União
contenham mais de 1% de componentes Européia, desde 2004 o limite para não
transgênicos. Anteriormente era a partir de rotular um produto como geneticamente
4%. Para o Instituto Brasileiro de Defesa do modificado é 0,9%. Na Suíça, 0,1%. Na
Consumidor (Idec), entretanto, a alteração Rússia e no Japão, 5%.
ainda não é satisfatória e tem duas recla-
mações nessa área. A primeira é que muitos
alimentos contêm menos de 1% de ingre-
dientes geneticamente modificados – e o Trechos da matéria “Quanto custa o rótulo”, revista Desafios do
consumidor ignora a informação. A outra é Desenvolvimento.
Falsificações
TEXTO 3
PIRATA MUSICAL
COM CARA
DE MAU
Andréa Wolffenbüttel
No Brasil, o mercado
O
Relatório da Pirataria Comercial de
2005, da Federação Internacional da ilegal já supera o que
Indústria Fonográfica, alerta que, a paga imposto
cada três discos musicais vendidos no
mundo, um é pirata. No mercado brasileiro,
Os efeitos no setor musical
essa proporção é muito maior: o comércio
pirata supera ligeiramente o de discos ven- Comparação 1997 a 2005
didos dentro da lei. As ações de combate à
pirataria musical têm surtido efeito e as 50% a menos de postos de trabalho direto
vendas ilegais, no mundo todo, cresceram 50% a menos de artistas contratados
apenas 2% em 2004, o menor nível em
cinco anos. Entretanto, há dez países onde 3.500 pontos de vendas foram fechados
se considera urgente aumentar a repressão 44% a menos de produtos nacionais
à pirataria e o Brasil é um deles. As atenções deixaram de ser lançados
se voltaram para cá porque as vendas totais
de DVD musicais aumentaram 100% em
R$ 500 milhões anuais é o que
o governo deixa de arrecadar em impostos
2004, o que levou o país a ser o 7º maior (considerados ICMS, PIS e Cofins)
mercado no mundo de DVD musical – um
mercado atraente para quem tem ou não 80 mil empregos
deixaram de existir no setor (gravadoras,
cara de mau. fabricantes, comércio varejista, etc)
Hábitos alimentares
TEXTO 4
FAST-FOOD
AQUECE O GLOBO
Vinte por cento do combustível fóssil do planeta
é queimado pela indústria de alimentos
S
e, como diz o ditado, “somos o que terço da emissão de todos os carros, motos
comemos”, um estudo feito nos Esta- e caminhões do país. Os transportes são
dos Unidos comprova que nossos apontados como os principais causadores
hábitos alimentares têm relação direta do superaquecimento do planeta.
também com a “saúde” do planeta. De
acordo com a pesquisa, adotar uma dieta Dieta agressiva
vegetariana é uma forma simples de con- Os autores do estudo comparam as
sumir sem agredir o meio ambiente, en- diferenças entre uma dieta vegetariana e
quanto hábitos alimentares com predom- outra composta por produtos industrializa-
inância de comida industrializada e rica dos – em relação à poluição gerada na sua
em proteína animal contribuem direta- produção – às mesmas existentes entre um
mente para um dos problemas ambientais carro de passeio e um jipe utilitário. Eles
que mais ameaçam o mundo: o aqueci- alertam que a capacidade de destruição do
mento global. meio ambiente de uma dieta como a dos
A pesquisa mostra que a produção, a norte-americanos é tão grande quanto a
estocagem e a conservação de alimentos do setor dos transportes. Mas ressaltam
enlatados, embutidos e de fast-food – que pequenas mudanças nos hábitos
todos com processamento industrial – é alimentares das pessoas podem ter um
responsável por cerca de 20% da queima impacto positivo muito grande. “Se cada
de combustíveis fósseis (derivados do pessoa que come dois hambúrgueres por
petróleo) nos EUA. Assim, a dieta típica semana cortasse essa quantidade pela
dos norte-americanos emite gases de efeito metade, a diferença já seria substancial”,
estufa em quantidade equivalente a um disse um dos autores do estudo.
As conclusões do estudo incluem a clas- último na lista é explicada pelo fato de que,
sificação de alguns tipos de dieta conforme em geral, a pesca e o congelamento de algu-
a quantidade de gases de efeito estufa mas espécies envolvem muita utilização de
emitidos em todas as etapas da produção. combustíveis derivados de petróleo.
Os resultados são algumas vezes surpreen- Dessa forma, o consumidor consciente,
dentes: em primeiro lugar, como a que por meio de sua escolha alimentar, pode
menos impactos traz para o equilíbrio contribuir para não aprofundar o proble-
climático da Terra, ficou a alimentação ve- ma de aquecimento da Terra e mudanças
getariana (inclui ovos e derivados de leite), climáticas decorrentes.
especialmente a composta de alimentos
orgânicos. Em seguida, vem a dieta com
base em carne de aves. Em terceiro lugar,
vem a alimentação industrializada típica
dos norte-americanos. Empatados na últi-
ma colocação, ficaram a carne de peixe e a
carne vermelha. A colocação dos peixes em Extraído do site www.institutoakatu.org.br
Hábitos alimentares
TEXTO 5
MESA BRASIL
O desperdício é
combatido pelo Culinária
Inteligente, um programa
que une criativade
NÃO TEM DESPERDÍCIO e economia na cozinha
A
limentação é um assunto muito O combate ao desperdício é um dos
mais importante do que simples- principais temas tratados. É como desco-
mente levar comida à boca. Come- brir um mundo novo, um outro olhar
ça com a escolha dos alimentos na hora sobre os alimentos. Por exemplo: sabe
da compra – os vegetais da safra, por exem- aquele talo que costuma ir direto para o
plo, são sempre mais baratos e melhores lixo? Ou o caroço da jaca ao qual ninguém
do que os que estão na entressafra –, passa repara? E a folha do brócolis? A casca da
pelo jeito com que são transportados, banana? Enfim, o destino final disso tudo
guardados, manipulados, preparados e só pode deixar de ser o lixo para transfor-
termina na forma pela qual são ingeridos, mar-se em um cardápio com iguarias nun-
tirando o máximo proveito de seu poten- ca imaginadas.
cial nutritivo. O não-desperdício foi a primeira
Assim, o ato de comer é o último pas- etapa para a formação do conceito Culi-
so de uma caminhada que começa muito nária Inteligente, que nada mais é que
distante da nossa cozinha. No Sesc, levar em consideração todos os aspectos
Serviço Social do Comércio, esse jeito de da alimentação: economia, higiene, capa-
tratar os hábitos alimentares dos brasilei- cidade nutricional, preparo, aproveita-
ros tem o nome de Culinária Inteligente, mento de tudo que os vegetais podem
um programa de alimentação que planeja oferecer e, claro, muito sabor.
a composição dos cardápios dos restau-
rantes e lanchonetes de suas unidades, Mesa Brasil
ensina a preparar os alimentos e orienta A semente para o aproveitamento
sobre como consumi-los de forma nutri- integral dos alimentos foi plantada há dez
cionalmente adequada. anos em função de um dos maiores flage-
Te x t o 5 / Hábitos alimentares
indica que o produto foi descongelado deve estar protegido. Assim ele não
e congelado novamente, o que o torna perde os nutrientes e não absorve o
impróprio ao consumo. cheiro e as bactérias de produtos estra-
P Frutas e legumes da estação são mais gados.
nutritivos e baratos. P Alimentos já lavados não devem ser
P O feijão pode ficar ainda mais saboroso timento alimentos preparados com os
se ficar de molho por 6 horas. A diges- que ainda vão ser.
Direitos civis
TEXTO 6
Alimentação e saúde
TEXTO 7
OS ALTOS
LUCROS DOS
Ilustração: Alcy
MAUS HÁBITOS
Culpamos os pacientes
pelos maus hábitos,
mas esquecemos que
nada é casual
A
revista Veja de 17/6/2003 abordou a cada vez maior, para que o lucro se faça pre-
estatina, nova esperança no combate sente nos negócios de alimentação.
às doenças cardíacas por sua eficácia
na queda do colesterol. Já é a droga mais Bom para a indústria
vendida no mundo. Está também sendo A comida perde suas principais quali-
usada contra diabetes, angina, osteoporose, dades e funções para ser vendida por seus
inflamações, Alzheimer, câncer de mama e atrativos visuais, gustativos, táteis, para que
próstata. Sem entrar no mérito da estatina se consuma mesmo sem necessitar. As
como arma terapêutica, certamente não é a gorduras utilizadas são de má qualidade,
solução para a má alimentação e a inversão visando aumentar o lucro com produtos de
de valores da sociedade de consumo. Vive- preços mais baixos. Não são alimentos
se para comer, não se come para viver me- balanceados para uma alimentação saudá-
lhor. A alimentação passou a ser um produ- vel. Visam, principalmente, a quebra da
to comercial, que foge de sua função resistência do consumidor, induzido à inges-
natural. Seu consumo é estimulado a toda tão maior. E como a concorrência existe, a
hora pela mídia para quem tem poder aqui- briga é para cada vez se comer mais.
sitivo e, portanto, já está alimentado. Então,
inventam-se guloseimas para um consumo
Te x t o 7 / Alimentação e saúde
Hábitos alimentares
TEXTO 8
A CORRENTE BRANCA
O leite é muito mais do que o produto de fêmeas mamíferas
A
o tomar um copo de leite, a gente dá dor, funcionário do dono do estabelecimen-
pouca atenção ao significado dessa to. Pode ser um empregado com registro na
ação. O gostoso líquido foi produzi- Carteira de Trabalho conforme manda a lei,
do, embalado, transportado e vendido até ou fazer parte do contingente de trabalha-
chegar ao copo para ser consumido. Aliás, dores que vivem relações de trabalho consi-
o copo também foi produzido, embalado, deradas precárias.
transportado e vendido, envolvendo um No momento da compra do produto,
grande número de trabalhadores de diver- foi necessário escolher entre marcas, ti-
sas esferas da produção, distribuição e pos e embalagens de leite com preços dife-
comercialização, esferas que, por sua vez, renciados, assim como tomar algumas
consumiram quantidades de energia e precauções: olhar a data de validade do
matéria-prima. leite, como estava armazenado (com boas
Como então esse leite chegou até o condições de refrigeração), se a emba-
momento de poder ser consumido? Nas ci- lagem estava intacta etc. Foi preciso confe-
dades, provavelmente alguém foi até a rir o troco e guardar o comprovante da
padaria comprar um litro de leite. Segura- operação de compra e venda do produto,
mente pediu a um balconista aquilo que pois, com ele, o consumidor, caso lesado,
precisava. O balconista teve como primeira pode recorrer ao serviço de atendimento
tarefa do seu dia de trabalho guardar o lote ao consumidor da empresa fornecedora do
de leite, que chegou de madrugada, na leite, às associações de defesa de
geladeira, para que não estragas- consumidores civis e governa-
se. Ele é um trabalha- mentais.
Te x t o 8 / Hábitos alimentares
No preço pago pelo produto, há tam- ro, reúne uma variedade de trabalhadores
bém impostos embutidos, que geram nu- com diferentes qualificações, remunerações
merário para que o governo forneça servi- e direitos, sindicatos e associações profissio-
ços, contrate obras e fiscalize, por meio de nais. Enquanto o depositante mantém seu
uma série de órgãos da administração dinheiro no banco, a instituição financeira o
pública, a produção, a distribuição e a utiliza, juntamente com o depósito de milha-
comercialização, por exemplo, daquele lei- res de outros clientes, em operações finan-
te, para garantir suas condições de higiene ceiras e de crédito, sujeitas a taxas de juros
e qualidade, assim como verificar o cum- cobradas de outras pessoas, empresas ou
primento das leis que regulam as relações organizações que solicitam dinheiro para
de trabalho e consumo. Essas leis, conquis- financiar sua produção, seus projetos e até
tadas ao longo da história pelos cidadãos as suas dívidas.
organizados, partem do reconhecimento É, parece que um copo de leite “escon-
da desigualdade de forças existente nas de” muito leite mesmo!
relações de trabalho e consumo e visam Para esse leite poder ser consumido,
proteger os cidadãos contra abusos e dis- precisou ser transportado do laticínio até
criminações. a padaria. Uma série de trabalhadores, os
A renda auferida pelo proprietário da motoristas, proprietários de seus cami-
padaria na venda do leite e de outros produ- nhões ou funcionários de empresas trans-
tos pode ser depositada ou aplicada num portadoras, sujeitos a determinadas condi-
banco. O banco, parte do sistema financei- ções de salário e trabalho com seus direi-
1 Produção 2 O transporte
tos e sindicatos, fazem esse serviço pela embalado. Máquinas e outros instrumentos
madrugada afora. Para transportar o leite são necessários para a realização do proces-
são necessários caminhões com refrigera- so, produzidas, também, por fábricas, com
ção, projetados e produzidos em grandes o trabalho dos engenheiros, projetistas e
fábricas nacionais ou multinacionais que operários. A indústria do leite desenvolveu,
con- somem energia e matéria-prima e que, além dos leites tipos A, B, C (diferenciados
novamente, empregam um grande número pelo seu teor de gordura entre outros
de trabalhadores com diferentes especia- aspectos), outros tipos de leite: o leite
lizações, sujeitos a diferentes formas de longa vida, o leite condensado, o leite em
organização do trabalho, salários e direi- pó, o leite desnatado, assim como uma
tos, possivelmente também organizados em série de produtos lácteos, como bebidas
seus sindicatos ou associações profissio- com gosto de frutas, os mais variados iogur-
nais. Esses caminhões foram, por sua vez, tes (tradicionais, com polpas de frutas,
vendidos por concessionárias que, também, diets e lights), atingindo, dessa forma,
reúnem trabalhadores do comércio, com públicos diferenciados por idade e poder
sua respectiva organização. aquisitivo.
O laticínio, formado no Brasil inicial- Uma parte da produção do leite não
mente por cooperativas e com a presença, chega ao consumidor diretamente. Pães,
atualmente, de empresas multinacionais no bolos da indústria de panificação e outros
setor, é a indústria do produto. É aí que o produtos o utilizam como ingrediente. Para
leite será pasteurizado, homogeneizado e que a população compre (e não só uma vez,
3 O processamento 4 A distribuição
Te x t o 8 / Hábitos alimentares
mas, se possível, sempre) um novo produto a diferentes relações de trabalho, para que se
lácteo desenvolvido pela indústria do laticí- produza esse importante e complexo líquido.
nio, é necessário que ela tome conhecimen- Portanto, para que tudo isso possa apare-
to da existência da mercadoria e sinta a neces- cer nas prateleiras, trabalhadores com habilida-
sidade de consumi-la. A propaganda, nas des e conhecimentos diferenciados e adequa-
sociedades modernas, utilizando os meios dos produzem e controlam a produção. Todos
de comunicação de massa, tem o papel de eles trabalham para obter remuneração que lhes
informar e “convencer” a pessoa de que ela permita comprar o leite e outros produtos que
“deve” comprar determinadas marcas e pro- consideram necessários para si e para os seus.
dutos. Este é outro setor que emprega o Pelo que se viu, o leite é muito mais que
trabalho de uma série de profissionais que um “líquido branco, opaco, segregado pelas
se dedicam ao estudo do perfil dos possíveis glândulas mamárias das fêmeas dos animais
consumidores do produto, para encontrar os mamíferos” (...)
caminhos de seu sucesso de vendas.
Mas para que o laticínio possa dar início
a todo esse processo é necessária a matéria-
prima: o leite. Para tanto, ainda é necessária a
propriedade da terra (grandes propriedades,
pequenas propriedades cooperadas etc.), a
plantação e manutenção do pasto, o cuidado
Trecho extraído dos Parâmetros Curriculares Nacionais – Caderno
dos animais, a cargo de trabalhadores, sujeitos Trabalho e Consumo – MEC.
Consumismo
TEXTO 9
Os perigos do fumo
TEXTO 10
TABACO
Y ECONOMÍA PERSONAL
Feliciano Robles Blanco
El razonamiento es el siguiente:
Actualmente una cajetilla de tabaco
H
ola amigas y amigos: Este aporte va
especialmente dedicado a aquellas vale 2,60 euros y un fumador habitual con-
personas que por causas familiares o sume más o menos una cajetilla diaria, así
profesionales estéis en contacto con jóvenes que si decide no fumar dispone de 2,60
adolescentes que se estén iniciando en el euros diários para gastarlo en otras cosas
consumo de tabaco o ya sean fumadores que le plazca más que fumar.
habituales, porque quizás sea un argumen- Si es un poco ahorrativo y no fuma al
to que les incite a no fumar en el futuro o cabo de una semana dispondrá de un aho-
dejar de fumar si ya son fumadores habi- rro de 18,20 euros para gastar en algunas
tuales. cosas de cierto valor.
Yo nunca he fumado precisamente Si en vez de gastarlo en una semana
porque un día un profesor que yo tuve de decide guardarlo un mes, podrá disponer
matemáticas me hizo el razonamiento que de un ahorro de 72,80 euros, que ya le per-
voy a exponerles. Así se lo he contado mitirá gastarlo en algo significativo.
muchas veces a mis alumnos y a mis hijos Pero si decide seguir ahorrando du-
y algunos me han hecho caso y no han rante un año, ya juntará un montante de
fumado para preservar su economía per- 873,60 euros con lo que podrá darse algún
sonal. gusto interesante e inolvidable.
Defesa do consumidor
TEXTO 11
CONSUMIDOR Cordel
bem-humorado
fala sobre
CONSCIENTE
direitos civis
Ilustrações: Alcy
Sendo de fabricação Não são de todo mal À humilhação o expor
Trinta dias é o prazo Vindo a se arrepender Ou agir com ignorância
Para a sua correção Sete dias pra devolver
Não foi corrigido? De volta o valor total
Pode ser exigido
A troca ou restituição O colégio não pode
Documentos reter
Também são trinta dias Se pai de aluno
Pra exercer o direito Prestação dever
Se produto não durável Deve sim, negociar
Vier já com defeito Só pode desligar
Se durável, aumenta Ao ano letivo vencer
Neste caso, pra noventa
Da Lei tire proveito Outro caso abusivo
Caso alguém envie É oferta condicionada
Sem a sua solicitação Sendo muito conhecida
Te x t o 1 1 / Defesa do consumidor
Consumismo
TEXTO 12
Transgênicos
TEXTO 13
UMA
VISÃO DO
FUTURO IIUma projeção bem humorada da
trajetória atual da humanidade
Alberto Ororubá
Experiência em
Foto: AFP PHOTO
laboratório testa
nova técnica
de reconstituição
de tecidos.
O
s alimentos geneticamente modifica- Um dos exemplos práticos da modifica-
dos (os transgênicos) foram substituí- ção genética dos alimentos foi a inclusão do
dos pelos geneticamente constituídos. gene do inhame nos grãos de arroz. Resul-
Quer dizer, nada mais é natural. E tem mais, tado, grãos de arroz com até 5 quilos cada.
é possível escolher o sabor entre 250 opções, Um único pé de arroz dos pequenos produz
para qualquer tipo de alimento. agora 1 tonelada de alimento.
Muitos alimentos já vêm com remédios Os animais e insetos também foram
embutidos contra a maioria das doenças. Vaci- modificados geneticamente, não pelo ho-
na não existe mais. Antes da concepção, o pai mem, mas pelos alimentos transgênicos.
da criança toma uma vacina múltipla, contra Também o foram os vírus e as bactérias,
1.600 tipos de enfermidades, e pronto! mas isso é outro assunto.
Além dos alimentos super-light, sem As pessoas podem escolher a aparência
calorias e sem sabor, chega uma novidade; e sexo dos seus filhos antes do nascimento.
o ultra-light. Este último, em forma de com- Então é comum, em algumas cidades, en-
primidos, além de não alimentar, é ideal contrarmos centenas de pessoas iguais em
para quem quer perder peso. Funciona homenagem a alguém famoso.
assim: a pessoa chega na farmácia e pede Sei de um caso em que a personalidade
“Me dá um comprimido de 1 mês de exercí- mais importante e admirada do lugar era um
cios!”. Isso é a mesma coisa que correr por 3 personagem de um desenho animado japo-
horas, 5 dias por semana, durante um mês. nês chamada BarataMon. Assim se originou
Tudo isso sem cansar e de efeito quase a primeira geração de baratas humanas.
imediato. É incrível! Tinham uma nítida vantagem sobre os de-
Te x t o 1 3 / Transgênicos
mais humanos; comiam de tudo e com isso altura que segurava na mão uma mamadei-
não havia fome na comunidade. Mas, na ra decorada com a fotografia de uma crian-
cidade, os chinelos estavam proibidos. ça. Conclusão: O fóssil era de uma rata, que
A polícia local bem que tentou, mas dera à luz uma criança humana e a estava
nunca conseguiu deter o avanço do tráfico alimentando quando aconteceu a catástrofe:
de drogas naquele lugar. Resultado: o índi- um cometa recheado de Racumin colidiu
ce de pessoas viciadas em detefon crescia a com a Terra e exterminou 90% da popula-
cada ano. ção de ratos, até então os dominantes do
Alguns ratos geneticamente modifica- planeta.
dos, que foram treinados em laboratórios Daí a expressão de dúvida ainda muito
secretos de pesquisa para aprenderem a ler comum hoje em dia: “Você é um homem ou
(a idéia era usar esses animais inteligentes um rato?”
em espionagem industrial e na guerra),
finalmente se rebelaram e fugiram para as
montanhas de lixo. Nasceu assim uma nova
raça – a dos ratos falantes. Com o tempo,
O autor é desenhista e pensador e nas horas livres tenta escrever
aprenderam a andar com duas pernas ape- alguma coisa sobre o futuro do planeta. Sua fonte de inspiração são
nas e passaram a conviver normalmente as pessoas e como elas vivem atualmente.
Direitos do consumidor
TEXTO 14
SACO SEM
FUNDO
O consumidor consciente
sabe quanto pode gastar sem
comprometer o seu orçamento.
Não foi isso que aconteceu em janeiro de 2006,
quando o volume de cheques sem fundos cresceu quase 25%.
C
omparando com o mês de janeiro de Antes de contrair dívidas, é recomenda-
2005, quando 15 cheques a cada mil do ao consumidor avaliar os riscos de com-
foram devolvidos, o índice de 19 prometer uma grande parte do orçamento
cheques devolvidos em janeiro de 2006 com o pagamento de juros – no Brasil prati-
revela que o consumidor brasileiro está gas- ca-se uma das maiores taxas do mundo. Na
tando mais do que pode pagar. medida do possível, deve-se comprar à vista.
Esse alto índice reflete uma má admi- Mas o consumidor não é o único “cul-
nistração das finanças pessoais. Muito disso pado” pela alta taxa de inadimplência. Os
é reflexo das compras de Natal, feitas na comerciantes que não fazem os procedi-
base do crediário, quando a dívida contraí- mentos de análise de crédito para auto-
da no ano anterior precisa ser paga no rizar a compra também têm sua parcela de
início do ano seguinte. Isso engessa o orça- responsabilidade.
mento e compromete o pagamento de
outras despesas comuns nessa época do
Extraído do site www.akatu.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?
ano, como IPTU, IPVA e despesas escolares. infoid=1334&sid=10&tpl=view%5Ftipo4%2Ehtm
Comércio ilegal
TEXTO 15
“F
aixa de Gaza” (em referência à
conflituosa região do Oriente Mé-
dio, onde se enfrentam judeus e
palestinos) é como os cariocas chamam um
determinado trecho da avenida Rio Branco
– uma referência bem-humorada e um
tanto mórbida – aos constantes enfrenta-
mentos entre o comércio ambulante ilegal
e a Guarda Municipal.
A PIRATARIA ATACA
No Rio, comércio ilegal Pelo local, passam diariamente mais de
transforma centro da 500 mil pessoas, potenciais consumidores
cidade em zona de guerra dos produtos oferecidos. A área é o local
de maior concentração de camelôs por
metro quadrado do Rio. Ali, vendem-se
livremente produtos pirateados como CDs,
DVDs, relógios, camisas, cigarros, tênis e
sapatos.
Segundo dados da Secretaria de Gover-
no do município, cerca de mil camelôs
ilegais atuam no centro da cidade e o
número aumenta para até 1,3 mil pouco
antes do Natal. Além desses, existe ainda o
chamado comércio ambulante legal, auto-
rizado pela prefeitura, formado por mais
de dois mil camelôs cadastrados pela Secre-
taria de Governo. Eles são proibidos de
vender mercadorias falsificadas ou contra-
bandeadas, mas, apesar da formalidade, é
fácil achar produtos pirateados entre os
Pirataria de CD's
na avenida Rio
Branco, centro
da cidade do
Rio de Janeiro.
ambulantes legalizados. Os camelôs que “Rolex” por R$ 9,99 a uma camisa “Lacos-
vendem produtos piratas transformaram o te” por R$ 15. Nas lonas montadas pelos
centro do Rio num território demarcado, ambulantes, também podem ser encontra-
com uma estrutura parecida com a do tráfi- dos um pacote de quatro CDs de sucessos
co de drogas. Eles são arredios e violentos. atuais por R$ 10, DVDs de filmes por R$ 5
A maioria é jovem, entre 19 e 25 anos de e tênis da “Nike” por R$ 25. A poucos quilô-
idade, e reside na Baixada Fluminense. metros dali, no Maracanã, uma barraca
Cada ambulante tem o seu ponto de venda, instalada no principal portão de entrada do
que não pode ser ocupado por outro, sob Estádio Mário Filho vende camisas de
pena de gerar uma guerra entre eles. Um clubes de futebol, todas pirateadas. A cami-
dos camelôs diz ter plena consciência de sa da seleção brasileira, a mais procurada
que vende camisas pirateadas de marcas pelos turistas que visitam o estádio, custa,
famosas, mas alega precisar da “camelo- em média, R$ 40.
tagem” para sobreviver. “Não tenho estudo O comércio formal do centro da cida-
(primeiro grau incompleto), e ninguém me de é o mais prejudicado com ação dos
dá emprego”, justifica. camelôs, pois é obrigado a fechar suas lojas
nos momentos de conflito com a polícia; a
Abordagem esportiva concorrência desleal dos produtos falsifica-
As mercadorias pirateadas são vendi- dos causa perdas ao setor de mais de 1
das abertamente, bem à frente dos olhos bilhão de reais por ano.
dos policiais militares que fazem a seguran-
ça do centro da cidade. Nesse comércio
ilegal, é possível comprar desde um relógio Extraído de www.radiobras.gov.br/especiais/Piratariapirataria_mat5.htm
Televisão
TEXTO 16
RESPEITO PELA
(TENRA) IDADE
Debate sobre publicidade dirigida a crianças constata que vulnerabilidade
infantil parte da idéia de que o consumismo traz a felicidade. Vários
países restringem esse tipo de anúncios, o que não ocorre no Brasil.
A
s crianças brasileiras estão entre as
que mais assistem à televisão no financia baixaria é contra a cidadania”,
mundo todo. Enquanto elas perma- organizada pela Comissão de Direitos Hu-
necem em média três horas e meia por dia manos da Câmara em parceria com organi-
diante da televisão, as alemãs não ficam zações da sociedade civil, colocou essa ques-
mais do que uma hora e meia. Conside- tão como prioritária e realizou, em 2005,
rando que esse meio de comunicação chega audiências públicas com o objetivo de cons-
a 98% dos lares brasileiros, pode-se ter truir coletivamente uma proposta, a partir
idéia do papel da televisão na formação das do projeto de lei.
crianças. A publicidade televisiva, por meio
de comerciais e merchandising, as influên- Regulamentação
cia no comportamento e no modo de pen- Após amplo debate com a sociedade
sar, resultando no crescente consumismo civil, a deputada federal Maria do Carmo
apresentado nos últimos tempos. Este foi o Lara (PT-MG), relatora da proposta na
principal assunto discutido durante o I Comissão de Defesa do Consumidor, con-
Fórum Internacional Criança e Consumo, clui que a grande maioria é favorável à
no qual especialistas defenderam que a regulamentação desse tipo de propaganda
propaganda destinada a crianças seja regu- e não à proibição total. O coordenador da
lamentada no Brasil, a exemplo de outros campanha, o deputado federal Orlando
países. Fantazzini (PSOL-SP) considera que a medi-
da provocaria uma pressão imensa das em-
Longa tramitação presas anunciantes e de marketing. Por isso,
Desde 2001, está em tramitação na o grupo optou por, em vez de apresentar um
Câmara dos Deputados, um projeto de lei projeto proibindo, dar o primeiro passo que
de autoria do deputado Luiz Carlos Hauly é a regulamentação.
Te x t o 1 6 / Televisão
A propaganda
intensiva na televisão
voltada para o
público infantil
influencia a lista
de compras
da família.
Os perigos do álcool
TEXTO 17
Desenvolvimento sustentável
TEXTO 18
FEITO EM CASA
Foto: Jarbas de Oliveira /AE
Os combustíveis
renováveis podem
gerar um novo país
B
iodiesel é um combustível biodegra-
dável derivado de fontes renováveis,
que pode ser obtido por diferentes
processos tais como o craqueamento, a
esterificação ou pela transesterificação.
Esta última, mais utilizada, consiste numa
reação química de óleos vegetais ou de
gorduras animais com o álcool comum
(etanol) ou o metanol, estimulada por um
catalisador. Desse processo também se
Funcionário mostra mamona seca, na extrai a glicerina, empregada para fabrica-
usina de beneficiamento de óleo da
Fazenda Normal, no distrito de
ção de sabonetes e diversos outros cosmé-
Uruque, em Quixeramobim, CE. ticos. Há dezenas de espécies vegetais no
Brasil das quais se pode produzir o biodie-
sel, tais como mamona, dendê (palma),
girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso
e soja, entre outras.
Te x t o 1 8 / Desenvolvimento sustentável
Aparelho biodigestor
que filtra o óleo da
mamona antes
de trasformá-lo em
biodiesel na empresa
em Campinas,
interior de São Paulo
Te x t o 1 8 / Desenvolvimento sustentável
Cultura social
TEXTO 19
C O W PA R A D E
Esculturas de vacas de R$ 35 mil são alvo de pichações
M
al foi aberta a exposição de escultura para batizá-la como um
rua da Cow Parade, conse- produto de propriedade registrado.
qüência de protestos ocorri- Outras duas vacas, a Vaca Ouro, do
dos no ano passado que reivindica- Grupo Poro, patrocinada pela Belgo
vam recursos para artistas da cidade, Bekaert Arames e a Vaca Mazoca, de
e três vacas já foram alvos de picha- um aluno da FUMEC, receberam res-
ções em BH. O evento continua a pectivamente as pichações de “Com-
receber críticas pela for- pre minha dor” e “Coma
ma de condução da ex- Carne Fetish”.
posição que depende de Outro ponto crucial
35 mil reais para produ- é o fato de que os
ca Bueno
Consumo consciente
TEXTO 20
Foto: Sérgio Castro / AE
OLHOS Alunos do
colégio Santo
Inácio, no Rio
de Janeiro,
GRANDES
jogam garrafas
plásticas no
saco de coleta
de reciclagem.
Se toda a humanidade
consumisse com a avidez
americana, a Terra teria
de ser duas vezes maior
A
humanidade caminha para um beco sumo sustentáveis. Para os países ricos, isso
sem saída. Se o atual ritmo de explo- significa, por exemplo, procurar fontes de
ração do planeta continuar, em um energia menos poluidoras, diminuir a pro-
século não haverá fontes de água ou de dução de lixo e reciclar o máximo possível,
energia, reservas de ar puro nem terras para além de repensar sobre quais produtos e
agricultura em quantidade suficiente para a bens são realmente necessários para alcan-
preservação da vida. çar o bem-estar. Aos países em desenvolvi-
Hoje, mesmo com metade da huma- mento, que têm todo o direito a crescer
nidade situada abaixo da linha de pobreza, economicamente, cabe o desafio de não
já se consome 20% a mais do que a Terra repetir o modelo predatório e buscar alter-
consegue renovar. Se a população do mun- nativas para gerar riquezas sem destruir
do passasse a consumir como os america- florestas ou contaminar fontes de água.
nos, seriam necessários mais três planetas Nesse processo, o consumidor cons-
iguais a este para garantir produtos e servi- ciente tem um papel fundamental. Nas suas
ços básicos como água, energia e alimen- escolhas cotidianas, seja na forma como
tos para todo mundo. consome recursos naturais, produtos e ser-
Como, evidentemente, é impossível ar- viços, seja pela escolha das empresas das
ranjar mais três Terras, nem os americanos quais vai comprar em função de sua res-
poderão continuar com o mesmo modelo ponsabilidade social, pode ajudar a cons-
de consumo, nem a população mundial truir uma sociedade mais sustentável e justa.
poderá adotá-lo. A única saída é todos
adotarmos padrões de produção e de con- Extraído do site www.akatu.org.br
Organização da produção
TEXTO 21
O MUNDO DO TRABALHO:
CONTEXTO E SENTIDO
Uma visão sobre o que fez e o que faz o trabalhador brasileiro
Te x t o 2 1 / Organização da produção
ta, representado pelo capataz ou feitor. É o Pouco a pouco se separam dois grupos
longo processo da Revolução Industrial, de pobres: de um lado, aqueles sem víncu-
iniciada na Inglaterra no século XVII los com o mundo do trabalho ou com
Ao surgimento da fábrica, corresponde vínculos esporádicos e intermitentes; fica-
o aparecimento dos sindicatos em defesa vam à mercê da assistência social ou da
dos interesses da classe trabalhadora e em caridade; de outro, os pobres trabalhado-
busca pela justiça na produção capitalista. res regulares que podiam encontrar-se
temporariamente sem trabalho. Identifica-
Trabalho e emprego dos como desempregados, nesse caso, terão
Para que os trabalhadores vendessem acesso aos direitos sociais – indenização,
seu trabalho em troca de salário, foi preci- seguro-desemprego, assistência médica etc.
so destruir formas autônomas de sobrevi- – garantidos pelo Estado.
vência, criar leis que obrigassem pessoas
livres a trabalhar, reprimir todos aqueles Produção e consumo
vistos pela elite dominante como vagabun- Se parte dos trabalhadores foi forçada
dos e indignos. Desse modo, o trabalho no a entrar na relação de trabalho assalariada,
mundo capitalista ganhou cada vez mais a não foi sem resistência que os trabalhado-
forma de emprego assalariado e sua ausên- res nela permaneceram. Assim, empresas e
cia recebeu o nome de desemprego. estados precisaram construir estratégias
As palavras emprego e desemprego só para controlar os trabalhadores e assegu-
passam a ter existência no vocabulário euro- rar a produção e o consumo das mercado-
peu a partir do final do século XIX. Até então, rias. De nada adiantaria produzir se não
aqueles que conseguiam prover a própria fosse possível vender, e nas primeiras déca-
existência eram identificados como trabalha- das do século XX, constrói-se um modelo
dores (no sentido genérico), ou como profis- de organização do trabalho conhecido
sionais pertencentes a alguma “corporação” como taylorismo-fordismo.
de ofício (com sua estrutura de mestres, ofici- Em primeiro lugar emerge o tayloris-
ais e respectivos liceus de artes e ofícios). Já mo: cada movimento do trabalhador será
os que não alcançavam tal intento, necessi- rigorosamente controlado por uma gerên-
tando de algum tipo de assistência ou peram- cia que o vigia permanentemente. O fordis-
bulando pelas ruas em busca de alimento, mo acentua essas mudanças por meio da
eram rigorosamente identificados e tratados linha de montagem: a cada trabalhador
pelas leis da época como pobres, vagabun- caberia apenas uma tarefa, a ser executada
dos, incapazes, inválidos ou vadios. em seu posto de trabalho, em um tempo
Te x t o 2 1 / Organização da produção
determinado, por exemplo, enquanto a es- torno da diversão e do consumo, com esti-
teira rolante passa. Não sem razão, o movi- los próprios de vestuário e comportamento,
mento operário vai posicionar-se fortemen- e também para manifestações juvenis
te contrário a essa intensa disciplina. contrárias à própria sociedade de consumo.
O fordismo está associado a uma nova
dinâmica do modo capitalista: produção em Crise no Trabalho
quantidade, custos baixos, grandes fábricas Parte considerável das mudanças no
que produzem tudo. Começam os tempos mundo do trabalho toma corpo a partir da
da produção e do consumo em massa. Tal segunda metade dos anos 1960. Elas estão
dinâmica predominará no século XX, parti- relacionadas com a crise financeira norte-
cularmente entre a Segunda Guerra Mun- americana do período; a relativa saturação
dial e meados dos anos 1970, nos países do mercado consumidor nos países cen-
desenvolvidos. trais; a elevação dos preços do petróleo nos
Grande parte desses países viverá um anos 1970; as lutas operárias contra o
período marcado pelo crescimento econô- trabalho repetitivo das fábricas; o sucesso
mico: emprego e direitos sociais garanti- crescente da indústria japonesa na compe-
dos aos trabalhadores, aumentando a tição internacional.
renda e o consumo nas diversas classes Ao aprofundar-se a crítica ao padrão
sociais. Adolescentes e jovens pobres taylorista-fordista, novos modelos ganham
conseguem utilizar parte de sua renda para espaço: por um lado, os grupos semi-autô-
consumo próprio, contribuindo para a nomos adotados principalmente por fábri-
construção de mercado e cultura juvenis. cas suecas como a Volvo, daí o nome “volvo-
Alguns fatores – ampliação da escolari- ísmo”, por outro, o modelo da indústria
dade obrigatória para oito anos e novos japonesa, particularmente nas fábricas da
padrões de comportamento, incluindo Toyota (“modelo japonês” e “toyotismo”):
menor autoridade e controle paternos, além equipes flexíveis e polivalentes.
de maior disponibilidade de renda para Para quem está inserido no mundo do
consumo – foram fundamentais para que a trabalho, algo mudou: a rotina das fábricas
categoria juventude ganhasse força, expan- não é tão rígida; a chefia por vezes deixa a
dindo-se para além dos jovens estudantes opressão ostensiva; o trabalho daqueles que
das classes média e alta, bem como dos lidam com a produção industrial é menos
considerados “delinqüentes”. Vários pesqui- mecânico; o objeto e a ferramenta distan-
sadores chamam atenção para o apareci- ciam-se das mãos do trabalhador, que lida
mento dos grupos juvenis reunidos em agora com o monitoramento de símbolos e
Te x t o 2 1 / Organização da produção
Serviços públicos
TEXTO 22
DO POVO
PARA
O POVO Serviço Público é aquele
que é instituído, mantido e
executado pelo Estado, com
o objetivo de atender aos seus
próprios interesses e de satisfazer
às necessidades coletivas
A
Concessão Pública é contrato bila- modelo correto da distribuição da renda,
teral onde os contratantes assumem pois os nivelamentos não são em relação
obrigações recíprocas e que não po- aos consumidores, pobres ou ricos, mas em
dem as partes, impunemente, deixar de razão da renda regional, que não exclui a
cumprir. A Concessão quase sempre é ou- existência de consumidores muito pobres
torgada com privilégio de exploração de em comunidades ricas e consumidores
monopólio e nesta hipótese, principalmen- ricos em comunidades pobres.
te, deve ser examinado com cuidado o E mais, nas relações de consumo, o
cumprimento das obrigações e o respeito correto é que se pague o justo valor pelo
às tarifas. produto que consome e não o valor ideal
mensurado por interesses políticos, pela
Água estatística ou pelos números da economia.
Os investimentos e a cobertura do défi-
No caso da água, o poder concedente
cit regional não são obrigações do consu-
é o município, mas as tarifas são fixadas
midor de serviços públicos essenciais, e sim
pelo concessionário, que se submete ape- responsabilidade governamental ampara-
nas ao poder público estadual, que é o seu da pelas dotações orçamentárias.
acionista majoritário. As tarifas de esgotos são cobradas do
A tarifa de água não é fixada em razão consumidor sem que efetivamente sejam
do seu custo em cada um dos municípios, prestadas. É que a concessionária apenas
mas, diferentemente, é fixada em razão dos coleta o esgoto, sem efetivamente tratá-lo
interesses políticos regionais ou simples- para manter o equilíbrio do meio ambien-
mente com base na capacidade econômico te. Entretanto, a tarifa de esgotos chega a
financeira de determinadas regiões. custar ao consumidor um valor equivalen-
É notório que em algumas comunida- te a 100% do valor da água consumida.
des as tarifas não remuneram o verdadei- Ainda assim, em muitos casos o esgoto
ro custo da água, mas é também notório coletado em um determinado local é cana-
que em algumas comunidades a tarifa é lizado para os rios, já mortos, poluindo e
extraordinariamente elevada para com- levando doenças a milhares de pessoas
pensar o déficit de algumas regiões. esquecidas de que pagaram caro para o trata-
Poderíamos até imaginar que seria mento do esgoto, mas têm de suportá-lo
justo que alguns consumidores mais ricos como castigo por ter sua cidadania ignorada.
pagassem mais para que outros, mais po- Ora, o certo é que o consumidor de
bres, pagassem menos. Mas não é este serviços públicos no Brasil ainda tem muito
Te x t o 2 2 / Serviços públicos
que aprender e exigir; somente depois des- minados momentos de alta demanda, mas
se avanço e da consciência cidadã é que se calam quando o aumento de consumo
poderemos avaliar a perfeição e eficiência se projeta para a maioria do tempo quan-
dos concessionários e a responsabilidade e do há abundância de energia.
capacidade dos dirigentes dos poderes
concedentes. Telecomunicações
Consumo responsável
TEXTO 23
S
abendo que a Usina Santa Cruz, em A decisão foi tomada depois que a
Campos dos Goytacazes, no litoral Santa Cruz começou a ser investigada pelo
norte do Rio de Janeiro, um dos seus Ministério Público e pela Polícia Federal por
fornecedores de álcool, foi autuada por remunerar seus empregados com valores
manter trabalhadores em situação de traba- abaixo do salário mínimo e “presos” a dívi-
lho escravo, a Petrobras decidiu suspender das com aluguel e alimentação.
a compra do combustível.
A iniciativa da Petrobras, de usar sua balanços com parte das informações solici-
influência para dar um sinal de alerta a tadas. A Nestlé não enviou nada, a assesso-
toda cadeia produtiva do álcool, integra as ria da Vigor disse que a companhia não par-
práticas de boa gestão alinhadas com o ticiparia, a Bunge nem sequer respondeu ao
ideal da responsabilidade social. O racio- contato, e a Pepsico, que produz o achocola-
cínio é simples: o combustível produzido tado Toddy, fez uma ameaça: responsabili-
pela usina Santa Cruz pode até ser mais zaria o Idec por quaisquer danos à imagem
barato, mas deve ser recusado, pois a da empresa.
empresa não respeita direitos humanos e Quanto às respostas da Unilever, os
trabalhistas. técnicos do Idec chegaram à nota 69,27
(entre 0 e 100) para as iniciativas da empre-
Análise de cadeias produtivas sa. Constaram que ela trabalha bem na
Não se deve confundir, porém, iniciati- comunicação e na elaboração de políticas
vas como a da Petrobras com ações filantró- responsáveis, mas o resultado prático pode-
picas e patrocínios oriundos de departa- ria ser melhor.
mentos de marketing, cujo único objetivo é Um dos projetos considerados como
valorizar a imagem da companhia. “O que bem-sucedidos foi o combate ao trabalho
não faltam são empresas fazendo marketing infantil nos municípios goianos de Silvânia
social e, ao mesmo tempo, reprimindo seus e Itaberaí. Sabendo que os fornecedores de
trabalhadores quando eles pedem aumento tomate estavam usando crianças na mão-
de salários”, diz Juan Trimboli, diretor da de-obra, funcionários da empresa se arti-
Consumers International, uma das maiores cularam com as prefeituras desse município
organizações internacionais de defesa dos e com os conselhos tutelares e descobriram
direitos dos consumidores. que havia muitas crianças sem escola. A
O Instituto de Defesa do Consumidor, solução foi construir uma escola e uma
Idec, quis, em 2006, fazer um trabalho com creche, financiadas com recursos de incen-
a cadeia produtiva de achocolatados e tivo fiscal.
margarinas com as empresas Unilever,
Nestlé, Pepsico e Novartis, Bunger, Sadia e
Vigor e inicialmente mandaram um questio-
nário e pediram relatórios.
De todas essas empresas, apenas a Uni-
lever entregou as respostas no prazo. Sadia
e Novartis apenas enviaram relatórios e Extraído do site www.reporterbrasil.org.br
Expediente
Comitê Gestor do Projeto
Timothy Denis Ireland (Secad – Diretor do Departamento da EJA)
Cláudia Veloso Torres Guimarães (Secad – Coordenadora Geral da EJA)
Francisco José Carvalho Mazzeu (Unitrabalho) – UNESP/Unitrabalho
Diogo Joel Demarco (Unitrabalho)
Coordenação do Projeto
Francisco José Carvalho Mazzeu (Coordenador Geral)
Diogo Joel Demarco (Coordenador Executivo)
Luna Kalil (Coordenadora de Produção)
Equipe Pedagógica
Cleide Lourdes da Silva Araújo
Douglas Aparecido de Campos
Eunice Rittmeister
Francisco José Carvalho Mazzeu
Maria Aparecida Mello
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Equipe de Consultores (Câmara Brasileira do Livro. SP, Brasil)
Ana Maria Roman – SP Qualidade de vida, consumo e trabalho /
Antonia Terra de Calazans Fernandes – PUC-SP [coordenação do projeto Francisco José Carvalho Mazzeu,
Armando Lírio de Souza – UFPA – PA Diogo Joel Demarco, Luna Kalil]. -- São Paulo : Unitrabalho-
Fundação Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre o
Célia Regina Pereira do Nascimento – Unicamp – SP Trabalho ; Brasília, DF : Ministério da Educação. SECAD-
Eloisa Helena Santos – UFMG – MG Secretraria de Educação Continuada, Alfabetização e
Eugenio Maria de França Ramos – UNESP Rio Claro – SP Diversidade, 2007, -- (Coleção Cadernos de EJA)
Equipe editorial
Preparação, edição e adaptação de texto: Pesquisa iconográfica e direitos autorais:
Editora Página Viva Companhia da Memória