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Fl.______
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO E AUDITORIA
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Coordenadoria de Acompanhamento e Orientação à Gestão
Seção de Acompanhamento e Orientação às Gestões Administrativas e de Recursos Humanos
Relatado, manifesto-me.
“Do que se extrai dos autos, não resta dúvida, como consignam os pareceres, de
que a permuta de servidores entre os TRTs da Paraíba e de Pernambuco não
encontra guarida no art. 37 da Lei nº 8.112/90, que trata do instituto da
redistribuição.
Aliás, como consta expressamente no referido dispositivo, „redistribuição é o
deslocamento de cargo de provimento efetivo (...) para ajustamento de lotação e
da força de trabalho às necessidades dos serviços‟.
Ao promoverem, os TRTs, redistribuições recíprocas, o efeito da redistribuição
de fato foi, em conseqüência, nulo, uma vez que ambos os órgãos continuaram
com sua lotação absolutamente inalterada. Ao final, o que restou foi apenas
aquilo que em realidade se buscou desde o princípio, ou seja, a permuta de
servidores entre os Tribunais.
A chamada „redistribuição por reciprocidade‟, pois, nada mais é do que uma
dissimulação do antigo instituto da transferência, declarado inconstitucional
pelo Supremo Tribunal Federal em 19/12/95 (Mandado de Segurança nº
22.148-8/DF, "in" D.O.U. de 07/02/96 e „in‟ D.J. de 08/03/96) e definitivamente
banido de nosso ordenamento jurídico pela Lei nº 9.527, de 10/12/97. Logo, não
há como admitir sua subsistência no âmbito da Administração Pública.
Esta Corte, em nome da segurança jurídica e da presunção de
constitucionalidade das normas legais, tem admitido a manutenção das
transferências efetivadas até 23/05/97, data da Resolução nº 46 do Senado
Federal que suspendeu a eficácia dos dispositivos da Lei nº 8.112/90 que
tratavam daquele instituto (Decisão nº 112/99 - 2ª Câmara). Após essa data, o
Tribunal tem determinado a anulação de todos atos irregularmente praticados,
com o conseqüente retorno dos servidores envolvidos aos seus órgãos de
origem. Nos casos em exame, ressalto, as transferências se deram no segundo
semestre de 1998, ou seja, após, inclusive, a edição da Lei nº 9.527/97.
Por fim, não posso deixar de anotar que a permuta aqui tratada, nada obstante
ser de iniciativa dos próprios servidores interessados, foi efetuada ex officio,
numa tentativa de conformá-la à figura da redistribuição (art. 37, § 1º, da Lei nº
8.112/90). Contudo, inexistindo, na espécie, interesse da Administração e
demonstrada a inconstitucionalidade da prática, há que se buscar a reparação
dos valores indevidamente despendidos pelos Tribunais com ajudas de custo e
transporte.”
“Note-se que o art. 37, §1.º, da Lei 8.112/90, com a redação dada pela Lei
9.527/97, limita a redistribuição às hipóteses de ajustamento de lotação ou de
força de trabalho às necessidades do serviço, incluindo expressamente os casos
de reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade. Resta claro que a
redistribuição aplica-se exclusivamente no interesse da Administração e não no
interesse particular dos servidores, aliás esse requisito está estabelecido no
inciso I do referido artigo.
Assim, tal instituto, a nosso ver, não ampara a permuta de servidores entre
órgãos, salvo se eventualmente demonstrado o inequívoco interesse da
Administração, voltado especificamente para ajustamento da lotação ou força
de trabalho às necessidades do serviço.”
“9.3. com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, assinar o
prazo de 15 (quinze) dias, a partir da ciência desta decisão, para que os
Tribunais Regionais Federais da 5ª e da 1ª Regiões adotem as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, consistente na anulação da permuta
de lotação, impropriamente efetuada a título de redistribuição por
reciprocidade, envolvendo o servidor Eduardo Matos Biermann e o cargo vago
de Analista Judiciário, Especialidade Execução de Mandados, anteriormente
ocupado, na Seção Judiciária do Ceará, por Sérgio Fiúza Tahin; [Acórdão n.
774/2004 – Plenário; Processo n. 010.382/2003-0]”
“14. No presente caso, observa-se que o pedido do TRE-MA tem por escopo o
ajustamento de lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços de
sua competência, na forma prevista no § 1º do artigo 37 da lei n.º 8.112/90.
15. Ressalte-se que tal pleito decorre especialmente do fato de o servidor
Ricardo Régis Rodrigues da Silva, pertencente ao quadro permanente da
Secretaria daquele Regional, encontrar-se lotado provisoriamente neste TRE,
desde 03/02/99, com esteio no artigo 84, § 2º, da Lei nº 8.112/90(licença para
acompanhar cônjuge ou companheiro), consequentemente continua o dito
servidor ocupando o cargo de Analista Judiciário – Área Judiciária, apesar de
não estar exercendo suas atribuições no seu órgão de origem.
16. Por ser pertinente à matéria em alusão, impende destacar que o Tribunal
Superior Eleitoral – TSE, ao apreciar pedidos de redistribuição formulados por
outros Tribunais Regionais Eleitorais, tem se manifestado pelo indeferimento,
conforme se infere das Resoluções n.ºs 21.881, de 12/08/04, e 20.691, de
03/08/00, cópias em anexo.
17. Por outro lado, dada a autonomia dos Tribunais Regionais, submete-se o
presente pleito à consideração superior para apreciação acerca do interesse da
administração quanto à prefalada redistribuição, solicitada pelo Tribunal
Regional Eleitoral do Maranhão, de um cargo público de Analista Judiciário –
Área Judiciária deste TRE-CE para aquele Regional.
18. Passo a examinar o segundo pedido, formulado pelo servidor Ricardo Régis
Rodrigues da Silva, o qual solicita ao TRE-CE o que se segue:
a)anuência em receber o cargo de Analista Judiciário pertencente ao quadro de
pessoal do TRE-MA para fazer parte do quadro deste Tribunal;
b)redistribuir, em contrapartida, um cargo do mesmo nível para o TRE-MA,
ressaltado que, na hipótese de sua imediata impossibilidade(da redistribuição),
poderá o TRE-CE, com o advento da Lei que regulamentará e atualizará o
Plano de Cargos e Salários dos Servidores do Poder Judiciário, em comum
acordo com o TRE-MA, remover-lhe um cargo semelhante, uma vez que nesta
Lei se permitirá o instituto da remoção fato que não impedirá que a
Redistribuição, ora em comento, se proceda de imediato.
19. A princípio, convém assinalar que a Procuradoria Regional Eleitoral do
Ceará, através de requerimento datado de 15 de outubro de 2001, protocolizado
sob o n.º 5.740/2001, pleiteou a redistribuição do aludido servidor, nos termos
do artigo 37 da Lei nº 8.112/90, tendo esta Corte Eleitoral, após formular
consulta ao órgão de origem do referido servidor, indeferido o pedido,
porquanto o TRE-MA não anuiu com a redistribuição do cargo, alegando a
inexistência de cargos em excesso naquela Corte.
20. Ora, o servidor em comento solicita anuência do TRE-CE em receber o
cargo de Analista Judiciário pertencente ao quadro de pessoal do TRE-MA.. É
de se notar, do teor do ofício n.º 3.418/05, que o Presidente do TRE-MA, salvo
melhor juízo, em nenhum momento sinaliza viabilizar a redistribuição de um
cargo de Analista Judiciário do seu quadro de pessoal para o do TRE-CE. Pelo
contrário, externa o interesse na redistribuição, em favor daquele órgão, de um
cargo público de Analista Judiciário – Área Judiciária, pertencente ao quadro
de pessoal deste TRE-CE. Assim, não há, pois, como o TRE-CE anuir com o
TRE-MA, na forma pretendida pelo servidor interessado, ou seja, aquiescer com
a redistribuição de um cargo daquele órgão para este Regional, visto não existir
proposta do TRE-MA nesse sentido.
21. Pleiteia, outrossim, o prefalado servidor a redistribuição por reciprocidade,
ou seja, o TRE-CE recebe um cargo do TRE-MA e desloca outro cargo idêntico
do seu quadro de pessoal para aquele Regional.
22. Convém destacar que estando o instituto da redistribuição condicionado aos
preceitos do art. 37 da lei n.º 8.112/90, com a redação dada pela Lei n.º
9.527/97, por imposição do princípio da legalidade a que se subordinam os atos
públicos, é imperioso que, quando de sua utilização, o ato respectivo tenha
como motivação o ajustamento de lotação e da força de trabalho às
necessidades dos serviços, conforme preceitua o § 1º do citado dispositivo legal,
e, ainda, que seja devidamente demonstrado o interesse da administração, nos
termos do inciso I do mesmo artigo, in verbis:
“Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo,
ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou
entidade do mesmo Poder (...), observados os seguintes preceitos:
I - interesse da administração;
(....)
§ 1o A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de lotação e da força
de trabalho às necessidades dos serviços, inclusive nos casos de reorganização,
extinção ou criação de órgão ou entidade.
23. No caso vertente, o que o servidor tenciona, na verdade, nada mais é do que
a permuta de dois cargos de igual categoria e especialidade, entre o TRE-MA e
este TRE-CE, com espeque no instituto da redistribuição, o que, em nosso
sentir, descaracteriza, em última análise, a destinação de ajustamento de
lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, bem com o
interesse da administração; ademais, a prática de redistribuição por
reciprocidade aventada pelo servidor, vale dizer, nada mais é, pois, a aplicação
latente do antigo instituto da transferência, declarado inconstitucional pelo
Supremo Tribunal Federal, em 19.12.1995, ao julgar o Mandado de Segurança
n.º 22.148-8/DF, publicado no D.O.U. de 07.12.1996, e definitivamente banido
do ordenamento jurídico em 10.12.1997, com o advento da Lei n.º 9.527/97.
(...)
27. Ante o exposto, e tendo em vista a legislação vigente, bem como a
remansosa jurisprudência predominante no âmbito do Tribunal de Contas da
União, ora acostada aos autos, acerca da matéria em alusão, não se vislumbra,
salvo melhor juízo, o deferimento do pedido formulado pelo servidor Ricardo
Régis Rodrigues da Silva; de outra sorte, no tocante ao pleito do Presidente do
TRE-MA, encaminho-o à consideração superior, dada a autonomia dos
Tribunais Regionais, para apreciação acerca do interesse da administração
quanto à redistribuição de um cargo público de Analista Judiciário – Área
Judiciária deste TRE-CE para o Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão.”
[Parecer COCIN n. 124/2006 – Processo n. 21814/2005 – MA 11315]
12. No que concerne aos processos citados, vale mencionar que o Processo n.
5740/2001, originado no pedido formulado pela Procuradoria Regional Eleitoral, foi
indeferido, por unanimidade, pelo pleno deste Tribunal, com base no voto do relator,
13. Com efeito, a despeito dos julgados acima terem convergido para decisões
opostas, cumpre deixar assente que o teor do voto-vencido do Desembargador Rômulo
Moreira de Deus, na MA 11315, se coaduna, em síntese, com o entendimento desta
Unidade Técnica sobre a matéria, razão pela qual peço a devida vênia para transcrever
excerto do citado voto:
17. Nesse contexto, faço menção a observação suscitada pela SENOP às fls. 48,
onde se vê ressaltado o recente posicionamento adotado pela Desembargadora Gizela
Nunes da Costa, então na Presidência desta Corte Eleitoral, quando, diante de pedido
similar a este, manifestou-se pelo seu indeferimento nos seguintes termos: “... importa-nos
lembrar que este Tribunal publicou um edital de concurso, com previsão específica de
vagas ociosas, certame que, em razão de decisão da Justiça Federal, foi suspenso em sua
totalidade, motivo pelo qual não nos parece conveniente e oportuno, no presente momento,
prover um dos cargos ociosos com a consecução do que pretendido pelo solicitante”.
Ademais, cumpre registrar que o pedido formulado pela Presidência do TRE/AP não
demonstra, em nosso sentir, a necessidade clara de ajustamento da sua força de trabalho,
pois apenas justifica o pedido como sendo decorrente “do grande volume de serviços
acumulados, principalmente em razão dos pleitos eleitorais junto às Zonas da Capital,
bem como ausência de servidores com experiência processual, para manejo das ações
eleitorais”, sem, no entanto, apresentar estudos que demonstrem a carência do seu
quantitativo de cargos, para fins de comprovação do ajustamento ora pretendido.
Fernando Luiz Ximenes Rocha; (2) De outra sorte, a utilização da chamada “redistribuição
por reciprocidade” é passível de condenação por parte do Tribunal de Contas da União
(TCU), que a considera irregular face a ausência de amparo legal, vez que a mesma não se
encontra albergada na Lei n. 8.112/90, sujeitando, inclusive, os responsáveis pela sua
utilização às sanções previstas na Lei n. 8.443/92; (3) Noutro sentido, ainda que o
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em posição oposta ao TCU, permita o uso da
“redistribuição por reciprocidade”, faz-se necessário que a Administração avalie o caso
concreto e observe, com cautela, as condições legais de sua aplicação, sob pena de tal ato
vir a ser posteriormente condenado pelo TCU; (4) No caso vertente, contudo, não se
vislumbram presentes nos autos as condições motivadoras da redistribuição, porquanto não
se encontram demonstradas, com clareza, a real necessidade de ajustamento da lotação,
com estudos que mostrem a carência de cargos no TRE/AP.